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URGÊNCIAS OFTALMOLÓGICAS E
SÍNDROME DO OLHO VERMELHO
AULA 5 – 23/03/2016
Na anamnese e exame físico dos paciente com conjuntivite, deve ser avaliado: 1) Tempo de
início; 2) Manifestações sistêmicas associadas; 3) Alergias; 4) Uso de lentes de contato; 5) Uso de
medicação tópica; 6) Apresentação de doenças reumatológicas e/ou dermatológicas; 7) Se tem
Uretrite e/ou Artrite (Tríade: Conjutivite + Uretrite + Artrite = Síndrome de Reiter – espongiloartropatia
associada ao HLA);
A aguda pode ser subdividida em viral (onde o principal agente etiológico é o adenovírus),
bacteriana (S. aureus, de forma geral e, no caso de crianças também são prevalentes o H. influenzae
e o S. pneumonie).
A crônica pode ter causa tóxica (contato com produtos químicos), alérgica ou por
anormalidades da pálpebra.
Conduta: 1) Orientações gerais: Orientar o paciente à evitar aglomerações, não tomar banho
de piscina, evitar coçar o olho, lavar bem as mãos e não usar lentes de contato ou maquiagem;
2) Tratamento: Lubrificantes e compressas frias (Virais); Antibióticos (Bacterianas) e controle
ambiental e anti-histamínico (alérgicos).
E. Glaucoma Agudo Primário – Tem evolução rápida, podendo levar à edema de córnea e
perda da visão.
Exame: Teste da palpação – observa-se o olho bem duro devido ao aumento da pressão.
Tratamento: O tratamento efetivo do glaucoma primário dever ser feito exclusivamente pelo
oftalmologista, entretanto o clínico pode de imediato indicar o uso de Acetazolamida, caso não
haja vômitos e a partir daí dar o seguimento para tratamento oftalmológico.
F. Hordéolo
O hordéolo pode ser interno ou externo. No hordéolo interno ocorre infecção das glândulas
meibonianas, ocorrendo desta forma na pálpebra inferior. O tratamento neste caso é a exérese e
drenagem. O hordéolo externo é geralmente causado por infecção estafilocócica, ocorrendo no pelo
da pálpebra. No caso do hordéolo externo o tratamento é o uso de compressas mornas e a retirada
do pelo se necessário.
2. TRAUMA OCULAR
A. Classificação
B. Trauma das pálpebras
B.1 Hematoma – É uma lesão relativamente comum e resulta de lesão contusa da pálpebra
ou do fronte, sendo em si benigno, não trazendo outros tipos de lesão. Porém, é de grande
importância excluir outras lesões associadas mais sérias como lesão do globo ocular (ou
seja, mesmo que a pálpebra esteja muito edemaciada, é necessário que sejam abertas e
que seja feita exploração), fratura do teto da órbita (suspeitada principalmente quando
ocorre hemorragia subconjuntival cujo limite posterior não é visível) e fratura de base de
crânio (quando há hematoma palpebral bilateral – Sinal do guaxinim).
B.2 Laceração – esta pode ser apenas laceração
superficial, laceração da margem palpebral,
perda de tecido ou até laceração canalicular. O
tratamento padrão é feito com sutura, existindo
uma técnica específica (1. Aproximação das
margens; 2. Sutura da placa tarsal; 3. Sutura da
pele;). No caso de lesão canalicular, é necessário fazer implantação de sistema lacrimal.
C. Fratura orbital
C.1 Fratura do soalho da órbita – É o tipo mais comum de fratura orbital. É causada por um
mecanismo que aumenta a pressão ocular, como por exemplo a causada quando um objeto
impacta diretamente com o olho. O impacto causa um deslocamento posterior e inferior do
globo ocular.
Sinais da fratura:
Equimose;
Edema;
Enfisema subcutâneo;
Anestesia do nervo infraorbitário (anestesia da parte lateral do nariz, da parte
infraorbitária, região malar ou superior do lábio);
Diplopia (por encarceramento dos mm. Obliquo inferior e Reto inferior para dentro
da fratura ou por encarceramento, edema e hemorragia dos tecidos conectivos
que envolvem os músculos) – Na TC – sinal da gota pendente;
Enoftalmia (afundamento do globo ocular);
Dano ocular – sendo por isso importante um exame cuidadoso com a lâmpada de
fenda e o exame de fundo de olho;
D.2 Hemorragia subconjuntival – também pode ser causada por trauma, geralmente é
benigna e, desde que não esteja associada a nenhuma outra alteração, costuma ter
resolução espontânea. Também pode ser causada por manobras que aumentem a pressão,
como a manobra de Vasalva, tossir, vomitar, etc. Alguns médicos podem associar à algum
quadro hipertensivo, porém, na maioria das vezes não está de fato associada. Deve ser um
alerta para uma investigação mais detalhada, história de episódios recorrentes dessa
anomalia.
D.6 Rotura do globo ocular – A ruptura geralmente é anterior com prolapso de estruturas
intraoculares.
Sinais de alerta: se algum destes for encontrado, torna-se necessário fazer uma proteção
da lesão, pois ela pode ser mais grave.
É um tipo de ferimento não acidental, devendo ser desconfiado quando a criança apresenta
manifestações oculares que não podem ser explicadas por outros mecanismos. Geralmente ocorre
em crianças menores de 2 anos. A criança pode se mostrar letárgica, irritada, com vômitos. Por
conta da violência em si ela pode apresentar outras manifestações sistêmicas, como Hemorragia
subdural e fratura de crânio. A manifestação ocular mais comum é a hemorragia retiniana.
F. Trauma não-perfurante
G. Trauma perfurante
Em traumas perfurantes é importante lembrar que ocorre uma quebra de barreira, podendo
ocorrer inoculação de bactériasm sendo, portanto, importante atentar para a possibilidade de
infecção. Sendo a enoftalmite e a panoftalmite complicações sérias que podem ocorrer.
Deve-se avaliar: 1) acuidade visual; 2) reflexos fotomotores; 3) tonicidade; 4) assimetria de
profundidade; 4) deformidade do globo; E na presença de alterações desses aspectos é necessário
fazer a proteção ocular com curativo oclusivo, porém não compressivo. E não deve-se utilizar
medicações tópicas ou fazer limpeza antes de uma avaliação oftalmológica;
3. QUEIMADURAS OCULARES
As queimaduras oculares devem sempre ser consideradas um caso grave. São classificadas
basicamente em lesões com temperatura (queimaduras termicas e fotoelétricas) e sem temperatura
(queimaduras químicas);
A. Lesões causadas por radiação e temperatura – esse tipo de lesão é raramente direta,
sendo as lesões palpebrais as mais comuns, principalmente em virtude do reflexo-palpebral.
Em caso de acidentes com explosão é importante a pesquisa da presença de corpo estranho
ou de lesão direta do globo ocular.
B. Lesões por refrigeração – são raras e podem causas edema temporário de córnea
expecificamente em pacientes que tem Doença de Raynayd. Não apresentam tratamento
específico.
C. Queimadura fotoelétrica – é o tipo mais frequente de queimadura ocular. Se dá
principalmente pela sensibilidade do epitélio da córnea à radiação UV. Apresenta sintomas
que se manifestão poucas horas após a exposição. É um quadro muito doloroso, porém
autolimitado e a reepitelização ocorre em até 24h.
Os principais mecanismos de queimadura são a exposição prolongada e sem proteção
à solda elétrica (acidente de trabalho) ou ao sol.
Conduta: lubrificação ou curativo oclusivo compressivo. IMPORTANTE: não aplicar
anestésico, pois o mesmo desepteliza ainda mais a área, retardando a cicatrização.
PROFILAXIA: em caso de deseptelização faz-se antibioticoterapia profilática.
D. Lesões químicas – são comuns e variam de acordo com a gravidade em: 1) Leve irritação;
2) Destruição do epitélio corneano; 3) Opacificação corneana; 4) Perda da visão; 5) Perda do
globo ocular;
No caso de lesões químicas, torna-se necessário definir o tipo de material causador da
lesão (detergente, amoníaco, solvente, fertilizante), o estado do material (se sólido, líquido ou
gasoso) e a quantidade que entrou em contato com a região.
São definidas em lesões por álcali ou lesões por ácido. As lesões por álcali são as mais
graves, pois levam à aumento do pH tecidual, o que causa a saponificação dos ácidos graxos
nas membranas celulares, causando dano as estruturas profundas e consequentemente ao
aparecimento de lesões graves. Embora as lesões por ácido sejam menos severas do que as
por bases, ainda assim são bastante graves, levando à desregulação e desnaturação das
proteínas nos tecidos, mas apresentam pouca penetração na câmara anterior.
O prognóstico depende da extensão das lesões nas células do limbo (local que contém
as células tronco do epitélio da córnea), do grau da opacificação da córnea e da lesão de
estruturas intraoculares.
As principais medidas a serem tomadas na emergência são: 1) Irrigação copiosa com
água corrente ou solução salina (de preferência Ringer Lactato, usando-se um equipo para
auxiliar à irrigação – pode ser feita irrigação com 3L de RL ou em caso de possibilidade de
aferição do pH do saco conjuntival, faz-se a irrigação até que se chegue ao pH normal); 2)
Abertura das pálpebras com o blefarostato; 3) Instilação de colírio anestésico; 4) Remoção de
quaisquer partículas ou resíduos (as partículas químicas devem ser removidas com cotonete
por todo o fórnice); Após esses procedimentos o paciente deve ser encaminhado para
atendimento especializado.
Tabela. Classificação de Gravidade das queimaduras químicas