Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
TITULO DA RESENHA
Nome do autor
Gênero da obra A obra científica, “Comunidade e Democracia”. É uma síntese de 20 anos dedicados a
pesquisa empírica da vida política na península italiana. O estudo de caso parte de um fato
que marcou a história política da Itália: em 1970 o Parlamento italiano atribuiu autonomia
política às províncias, e – no mesmo gesto – outorgou as instituições políticas, que acabara
de surgir, a regência dos governos regionais que então se constituíam. O resultado foi que
não obstante as instituições idênticas, os governos da Região Norte tiveram um
desempenho institucional melhor do que os da Região Sul.
O foco da obra é o desempenho institucional dos governos democráticos. Essa preocupação
Resumo
é exposta, pelo autor, na seguinte pergunta: Por que alguns governos democráticos têm
bom desempenho e outros não? Na verdade, ele tenta responder por que as instituições
políticas das diversas províncias do Norte e do Sul da Itália podem exibir desempenhos tão
dispares de umas províncias para outras, já que todos os governos regionais dispõem de
instituições políticas rigorosamente idênticas. O autor refuta a correlação do desempenho
das instituições com o crescimento econômico, pois se o Norte é hoje economicamente
mais desenvolvido, outrora não o era. Ele constatou que o estoque de capital social -
expresso pelo sentimento de confiança advinda das regras de reciprocidade e da
participação cívica – gerou uma espécie de círculo virtuoso que explica o bom desempenho
do Norte. Em contrapartida, a Região Sul não possuía esse estoque, já que sua história é
marcada por um tipo de reciprocidade assimétrica expressa pelo clientelismo e pela
dependência, gerando um círculo vicioso que atrapalha o desempenho institucional.
Putnam conclui que o contexto social e a história condicionaram profundamente o
desempenho das instituições italianas.
Na primeira parte do capítulo, em questão, Putnam se detêm à análise de seu objeto a partir
dos dilemas da ação coletiva. Ele levanta o questionamento do porquê das Regiões menos
cívicas da Itália ter a vida coletiva atrofiada, e afirma: “decerto não será porque os
habitantes preferiram viver solitária e resignadamente na pobreza. Nem pela opressão
estrangeira” (p. 173). Então ele pergunta: “será que as pessoas que vivem nessas regiões
problemáticas não aprenderam absolutamente nada com sua triste experiência? ’ E
insinua, ‘certamente elas devem perceber que sua situação seria melhor se todos
cooperassem para o bem comum” (p. 173). Com esses questionamentos o autor de
“comunidade e Democracia” levanta a problemática do interesse individual e da
cooperação. Putnam afirma que a incapacidade de cooperar para o mútuo proveito não é
ignorância ou irracionalidade. O arranjo elaborado por Putnam é surpreendente para os
mais habituados a contraposições diretas entre explicações “culturalistas” e outras
“individualistas”. Muito resumidamente, Putnam aponta duas dinâmicas para o problema
do desempenho institucional a partir da superação dos dilemas da ação coletiva: uma que
ele chama o “círculo vicioso autoritário” e a outra, em contraste, o “círculo virtuoso
democrático”.
Desta forma, Putnam resolve a questão feita nas primeiras linhas de “Comunidade e
Democracia”: o que provoca o bom desempenho institucional dos governos democráticos
é justamente os altos níveis de participação cívica fruto do bom estoque de capital social
comunitário. Da conclusão de sua pesquisa ele retira três lições: primeira, o contexto social
e a história condicionam profundamente o desempenho das instituições; segunda,
mudando-se as instituições formais pode-se mudar a pratica política; por fim a terceira, a
história institucional evolui lentamente.