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Objetivo: apresentar a percepção do espiritismo sobre a arte, a luz da obra “O Espiritismo na arte”, de Léon
Denis, e seu potencial como um auxílio para o progresso moral dos espíritos.
Ressaltar que a arte é uma ferramenta neutra, assim como a inteligência e a mediunidade. O modo como
essa potencialidade será usada é que irá qualificá-la como boa ou má. Em outras palavras: a arte não é boa
em si, nem má.
1- O que é arte?
Definição acadêmica: “No pensamento ocidental, a Arte é a tradução material da beleza”.
2- O que é beleza?
I- A visão atual dos acadêmicos: “[...] o belo designa tudo o que, cotidianamente, é captado pela nossa
subjetividade e nos provoca emoção, levando-nos a um estado diferente da normalidade. Mas essa noção de
belo varia de acordo com o tempo, o espaço e a cultura, ou seja, o belo é relativo: o que é belo para nós, não
é para um indivíduo de outra cultura.” (SILVA, 2009, p.27)
Questão: Mas o que é belo para um, pode não ser para o outro? — A questão do belo ser “relativo”.
II- A visão de Platão: “[...] para Platão a Arte é o caminho para o mundo das ideias, tendo uma função
prática e mística de integração do Homem ao Divino.” (SILVA, 2009, p.27)
“[...] Platão estabelece a famosa diferença entre o mundo sensível (o mundo concreto no qual vivemos) e o
mundo das ideias — eidos, em grego. Segundo sua descrição, no início dos tempos, havia apenas as ideias —
o Bem, a Verdade, o Humano, etc — até que um ser supremo, chamado Demiurgo, decidiu criar coisas a partir
das mesmas. Essa teria sido a origem do mundo e de tudo que há nele (as pessoas [corpo], as sociedades, os
costumes, e assim por diante). Para Platão, as obras do Demiurgo foram ricas, porém imperfeitas: baseavam-se
em ideias perfeitas, mas eram apenas cópias. A partir daí, segundo o filósofo, qualquer compreensão adequada
sobre as coisas do mundo sensível deveria abstrair as suas imperfeições e chegar até a sua essência, chegar até
o seu ideal [espírito]”. FRANCISCO, Luciano Vieira. "Platão e o mundo das idéias"; Brasil Escola. Disponível em
<http://brasilescola.uol.com.br/filosofia/platao.htm>. Acesso em 24 de maio de 2017.
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[Evangelho Segundo o Espiritismo, Introdução — Resumo da doutrina de Sócrates e Platão.]
“O homem é uma alma encarnada. Antes de sua encarnação, ela existia junto aos modelos primordiais, às idéias do
verdadeiro, do bem e do belo. Separou-se delas ao encarnar-se, e lembrando seu passado, sente-se mais ou menos atormentada
pelo desejo de a elas voltar.
Não se pode enunciar mais claramente a distinção e a independência dos dois princípios, o inteligente e o material. Além
disso, temos aí a doutrina da preexistência da alma; da vaga intuição que ela conserva, da existência de outro mundo, ao qual
aspira; de sua sobrevivência à morte do corpo; de sua saída do mundo espiritual, para encarnar-se; e da sua volta a esse mundo,
após a morte. É, enfim, o germe da doutrina dos anjos decaídos.”
“13. Quando dizemos que Deus é eterno, infinito, imutável, imaterial, único, todo-poderoso, soberanamente justo e bom,
não temos uma idéia completa de seus atributos?
— Do vosso ponto de vista, sim, porque acreditais abranger tudo, mas ficai sabendo que há coisas acima da inteligência
do homem mais inteligente, e para as quais a vossa linguagem, limitada às vossas idéias e às vossas sensações, não
dispõe de expressões. A razão vos diz que Deus deve ter essas perfeições em grau supremo, pois, se tivesse uma de
menos, ou que não fosse em grau infinito, não seria superior a tudo, e, por conseguinte, não seria Deus. Para estar acima
de todas as coisas, Deus não deve estar sujeito a vicissitudes e não pode ter nenhuma das imperfeições que a imaginação
é capaz de conceber.”
“A arte é a busca, o estudo, a manifestação dessa beleza eterna da qual percebemos, aqui na Terra, apenas um reflexo”.
(DENIS, p.21)
Questão: A arte pode ser uma forma de comunicar uma parte dos atributos de Deus?
4- O caso do “Médium Vidente” [Livro dos Médiuns – Cap. XIV – item 169]
169. Assistimos certa noite à representação da ópera Obéron ao lado de um excelente médium vidente. Havia no salão
grande número de lugares vazios, mas muitos estavam ocupados por Espíritos que pareciam acompanhar o espetáculo.
Alguns se aproximavam de certos espectadores e pareciam escutar as suas conversas. No palco se passava outra cena:
por trás dos atores muitos Espíritos joviais se divertiam em contracená-los, imitando-lhes os gestos de maneira
grotesca. Outros, mais sérios, pareciam inspirar os cantores, esforçando-se por lhes dar mais energia. Um desses
mantinha-se junto a uma das principais cantoras. Julgamos as suas intenções um tanto levianas e o evocamos após o
baixar da cortina. Atendeu-nos e reprovou com severidade o nosso julgamento temerário. “Não sou o que pensas, —
disse, — sou o seu guia, o seu Espírito protetor, cabe-me dirigi-la”. Após alguns minutos de conversação bastante
séria, deixou-nos dizendo: “Adeus. Ela está no seu camarim e preciso velar por ela”.
Evocamos depois o Espírito de Weber, autor da ópera, e lhe perguntamos o que achava da representação. “Não
foi muito má, — respondeu, — mas fraca. Os atores cantam, eis tudo. Faltou inspiração. Espera, — acrescentou, —
vou tentar insuflar-lhes um pouco do fogo sagrado”! Vimo-lo então sobre o palco, pairando acima dos atores. Um
eflúvio parecia se derramar dele para os intérpretes, espalhando-se sobre eles. Nesse momento verificou-se entre eles
uma visível recrudescência da energia.
A missão do artista (elevar o pensamento e o sentimento do homem): A arte ajuda a alterar as vibrações dos
sentimentos e pensamentos.
O Espiritismo como caminho de regeneração moral das artes (belo e o bem): contato com os atributos divinos,
ou seja, as formas/características de como podemos perceber Deus. (L.E. item 13)
Leitura: 56-57
“Quando começaste o clown, alguns drogaditos se achegaram à casa. No começo ficavam no canto do salão,
zombando. Foram se chegando, participando dos jogos de aquecimento, se organizando para enfim atenderem ao
pedido de nossa querida Sheyla para participarem e inspirarem os jovens do GEAF. [...] Através da arte evangelizas,
ensinas a amar e ao jovem conquistar a auto-estima; dás alegria aos velhos, aos cansados do caminho. [...] Levanta-te!
Tem uma ribalta te esperando. Outros trabalhadores virão. A arte espírita é uma realidade.”
(Palhaço Carrapeta - 06 out. 2014)