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mandavam os índios de volta às missões, nem

AS MISSÕES RELIGIOSAS NA AMAZÓNIA tampouco pagavam-lhes o devido por seu


trabalho, escravizando-os mesmo que
Levando em consideração o caráter ilegalmente. As outras formas de escravização
geopolítico, religioso e econômico da conquista e dos índios, seriam através das chamadas Guerras
colonização portuguesa no vale amazônico, fica Justos e Tropas de resgate, sendo as mesmas
claro que a mesma baseava-se no tripé: formas consideradas legais de obtenção do
COMERCIO - ALDEAMENTOS -FORTALEZAS. Cabia trabalhador indígena como escravo, porque eram
justamente aos dois últimos elementos a garantia previstas na legislação colonial, satisfazendo os
das condições necessárias ao funcionamento do anseios dos colonos por trabalhadores. Claro que
sistema colonial português na região, assentado muitas vezes forjavam-se motivos para se fazer
em práticas mercantilistas que possuíam na guerras contra os índios, classificando-as como
exploração e venda das drogas do sertão a sua Guerras Justas, bem como mascaravam-se vários
principal base econômica, sendo esta importante índios escravizados como se fossem índios
atividade produtiva realizada essencialmente resgatados. Na verdade, a escravização dos
pela mão-de-obra indígena, destribalizada e índios constituiu-se a forma mais comum de
aldeada sob a direção e cuidados das ordens, obtenção e exploração dos trabalhadores
religiosas. indígenas a serviço da colonização portuguesa.
Neste contexto, as ordens religiosas, por Não é à toa, portanto, o processo de verdadeiro
meio da catequização e expansão do catolicismo, extermínio das populações indígenas, a partir do
estavam à frente do processo de destribalização contato com os invasores europeus, não sendo
dos índios descidos para os aldeamentos, ou seja, exagero dizer que a sociedade colonial
os missionários dirigiam o processo de construída na Amazônia nas margens dos seus
desestruturação das sociedades indígenas, nos, não fora apenas banhada pelas águas dos
aculturando-os e modificando-lhes suas formas mesmos, banhou-se também em verdadeiro mar
tradicionais de vida, transformando-os em de tormentos e sofrimentos, para as populações
cristãos a serviço da colonização portuguesa, indígenas que tudo pareciam perder com a
enquanto trabalhadores que desenvolviam conquista portuguesa, dizemos que pareciam
diversas atividades, tais como: remeiros, perder porque ainda existem lutando pela defesa
carregadores, guerreiros, guias e interpretes das de suas formas de viver e pelo seu imemorável
expedições portuguesas; empregados direito à terra, da qual foram os primeiros donos.
domésticos; artistas; operários; e,
particularmente, coletores das drogas do sertão. O TRABALHO COMPULSÓRIO NA AMAZÓNIA
Esclarecida a importância das missões ou COLONIAL
aldeamentos, quais foram as ordens religiosas Armando Alves Filho
presentes na Amazônia Colonial? Foram quatro: Organizar a força de trabalho na Amazônia
Jesuítas, Mercedários, Franciscanos, e Carmelitas. foi uma das mais difíceis tarefas do processo de
Entre estas, destacou-se em seu trabalho colonização. A região, ocupada por razões
missionário junto aos indígenas a ordem dos estratégicas, não era rica em imigrantes,
Jesuítas. Inclusive, os conflitos entre estes e os tampouco em capital. Contando com enorme
colonos sempre ávidos pela mão-de-obra dos população nativa, é entendível que esta tenha
índios, levara ainda no século XVII à expulsão dos sido o alvo do colonizador, ansioso por mão-de-
jesuítas do Pará, por duas vezes, apôs o que obra barata ou menos onerosa.
retomavam, até que foram definitivamente O predomínio da economia extrativista e
expulsos no século XVIII, por conta das reformas as condições geográficas e ambientais também
pombalinas e o choque do Marquês de Pombal contribuíram para que a região reproduzisse,
com os soldados de Cristo. É verdade que, ainda endogenamente, sua força de trabalho'-Dessa
no XVIII, as demais ordens' religiosas também forma, apesar da metrópole portuguesa haver
acabariam mais cedo ou mais tarde sendo tentado introduzir o escravo negro na Amazônia,
expulsa pelo governo metropolitano português, os fatores citados, aliados.ao preço elevado pelo
ficando a direção dos aldeamentos sob qual o escravo negro era vendido no mercado,
responsabilidade do estado português. A base do fizeram com que, durante o período colonial, o
conflito entre os missionários e os colonos estava trabalho compulsório do índio tenha superado,
na apropriação dos indígenas enquanto em muito, o do escravo africano na região. A
trabalhadores, haja vista que cabia aos religiosos criação da Companhia Geral do Grão - Pará e
de certa forma a organização do trabalho Maranhão (meados do século XVIII) e a
indígena a partir do aldeamento e a decisão introdução por esta Companhia de escravos
sobre a legitimidade ou não da escravização vindos da África fizeram com que houvesse,
deste ou daquele índio, por parte dos colonos. Os localizadamente, um curto período de
índios descidos para as missões, ficavam sob a preponderância de escravos negros em relação
direção e proteção das ordens religiosas que ao indígena.
regulavam suas atividades de trabalho a serviço O aumento de escravos africanos após a
do governo ou dos particulares (no caso os metade do século XVIII, deveu-se aos incentivos
colonos), acordando o pagamento que os índios do governo através da Companhia Geral do Grão-
fariam jus por suas atividades a serviço daqueles, Pará e Maranhão e a redução da mão-de-obra
por um certo período de tempo. Acontece que indígena, em virtude de mais de dois séculos de
muitas vezes, os colonos simplesmente não colonização. Nas Capitanias do Grão-Pará e Rio
Negro, esse maior fluxo de escravos negros teve foram a principal fonte de abastecimento de
duração efêmera. No Maranhão, a continuidade índios para as missões e estas, no dizer de
do comércio negreiro, incentivado pela Cia. Ernesto Cruz, "(...) um excelente celeiro de
Geral, decorreu da produção algodoeiro que se braços para os moradores, suas Fazendas e
tomou capaz de custear a importação de Engenhos de fabricar açúcar"6.
africanos. Afora todos esses fatores, as doenças
Quando o governo de Portugal percebeu adquiridas do branco serviam, também como
que a Amazônia era um território de estímulo para os descimentos. Os missionários
características distintas das demais regiões tratavam de convencer os índios de que as
brasileiras, e que não tinha vocação para a mazelas eram produto do próprio local onde
"plantation", passou a incentivar o trabalho de estava situada a aldeia, induzindo-os a
catequese. Era necessário aliciar a população abandonar suas terras e seguir para as missões.
indígena e torná-la útil aos interesses mercantis A catequese, enquanto instrumento
metropolitanos. A presença e a autoridade do gerador de força de trabalho para sustentar a
missionário tornaram-se indispensáveis. Assim, colonização, significou uma forma de, através da
na colonização do Norte, a ideologia ganha sedução, atrair os silvícolas para as missões
destaque como instrumento de dominação da onde, longe de suas aldeias, eram submetidos a
terra e das gentes. No dizer de Maria Regina exercícios de "desculturação", e enquadramento
Celestino de Almeida, "foram as características aos padrões culturais do dominador. Segundo
da organização do processo de produção na Maria Valéria Rezende, "Os missionários,
Amazônia que permitiram que as estruturas chegando às aldeias dos índios, tratavam de
ideológicas assumissem aí, conforme convencê-los a abandonar suas aldeias e suas
acreditamos, um papel fundamental nas relações terras e acompanhar os padres, para livrar-se da
de produção"3. condenação e de todos os males, e viver, nas
Foi nesse quadro que a Igreja Católica aldeias cristãs, uma vida de salvação e
entrou como importante protagonista do projeto felicidade"7
colonizador. Existiam riquezas e um vasto Essa postura etnocêntrica fez com que os
potencial de mão-de-obra por explorar. As missionários vissem os índios como criaturas
missões acabaram exercendo a tarefa de vazias, destituídas de qualquer crença ou
preparar o índio para incorporá-lo aos parâmetros ideologia, nas quais eles poderiam facilmente
dos interesses e da ambição dos colonizadores. introduzir seus conceitos de cristãos. Nessa
Para isso, houve a necessidade de desarticular as perspectiva, exigiam que os índios cumprissem
bases produtivas, deixando aos índios, como obrigações religiosas diárias, além de submetê-
alternativas, o mercado de escravo ou as los ao ensino da doutrina cristã. A evangelização
"repartições", em ambos os casos, submetidos à nos aldeamentos se fazia especialmente em três
voraz exploração do colonizador. pontos: a doutrinação, a moralização e a
Os missionários promoviam os sacramentalização. A primeira, caracterizada
"descimentos" , expedições que subiam os rios pelo ensino da doutrina cristã e aprendizagem de
para convencer os índios a descerem de suas orações; a segunda, com o propósito de fazer o
aldeias no rumo das missões. A sedução era a índio viver à maneira dos portugueses e
forma usual para atraí-los. Segundo Maria Valéria conforme a moral cristã; a terceira, tendo como
Rezende, os "jesuítas que chegaram para objetivo a preparação do índio para o batismo c
evangelizar os índios nem pensavam em ir viver demais sacramentos (confissão, eucaristia...).
com eles em suas tribos. Pelo contrário, seu Nas missões, geralmente distantes das
primeiro trabalho era o de ir a procura dos índios aldeias de origem, os índios eram, num primeiro
e convencê-los, pela pregação, a deixarem suas momento, bem tratados. A distância e o bom
aldeias indígenas, nas matas, e virem para o tratamento inicial constituíam-se maneiras
litoral viver nas missões ou aldeamentos destinadas a desestimulá-los às fugas. Outro
cristãos."4.0 convencimento não se dava de meio utilizado, com o mesmo propósito, era
maneira tão simples.Para essa tarefa, os enviar seus filhos para as cidades.
missionários contavam com a ajuda de índios da As missões eram focos de epidemias. As mais
própria tribo abordada Esses índios que já haviam diferentes doenças eurasianas como gripe,
sido "trabalhados" nas missões, funcionavam sarampo, cachumba, tuberculose ou varíola,
como propagandistas das vantagens da vida nos atingiam os vulneráveis índios gerando grande
aldeamentos missionários. A música e o teatro mortandade tribal. Tudo isso, no entanto, não
eram estratégias pedagógicas adotadas no impediu a continuidade do projeto.
intuito do convencimento.. Muitas vezes, os É imaginável que todas essas práticas não
índios migravam para as missões como forma de deixaram de produzir resistência. As fugas e os
se proteger do ataque dos colonos. Neste caso, confrontos diretos com o elemento colonizador
as missões eram uma questão de sobrevivência. foram entre outras, formas de reação indígena na
Ainda, de acordo com Maria Valéria Rezende, defesa de sua identidade, de seu território e de
"Quando os índios aceitavam partir de suas sua liberdade. Além disso, o conflito entre os
terras para perto do mar, os missionários lhes religiosos e os colonos, provocado pela disputa
davam roupas para que se vestissem e do índio, tomou-se um agente de complicação na
mandavam que queimassem as casas e roças de arregimentação dessa mão-de-obra indígena.
sua aldeia para que eles não tivessem a tentação Todos esses fatores podem explicar o porquê de,
de desistir e voltar para lá"5 Os descimentos numa região de tão' grande contingente humano,
tivesse havido dificuldades em colocar esse O PROJETO POMBALINO PARA A AMAZÓNIA
potencial a serviço da 'exploração metropolitana. E A "DOUTRINA DO ÍNDIO-CIDADÃO"
A eficiência das missões religiosas na José Alves de Souza Júnior
arregimentação do índio, - se comparada com as
práticas adotadas pêlos demais colonos. - pode A Amazônia Colonial sempre se constituiu
ser atribuída à utilização da ideologia como forma num grande problema para a Metrópole
de adaptação cultural e integração das Portuguesa, no que dizia respeito à sua ocupação
populações nativas aos moldes estabelecidos efetiva. O constante assédio de estrangeiros,
pêlos interesses da sociedade dominadora e pelo tomava imperiosa a sua conquista e ocupação.
fato deles (os missionários) haverem construído As dificuldades para deslocar colonos para a
um projeto estável para a região. È interessante Amazônia tomaram-a celeiro de degredados, que,
lembrar que a coerção física e a econômica com a justificativa de virem cumprir suas penas,
também foram usadas pêlos religiosos. Sobre eram enviados para as Capitanias do Grão-Pará e
isso, nos afirma o Padre João Daniel: "(...) tudo Rio Negro, onde assumiam a condição de
isso depende da direção temporal, e vis coactiva colonos.
(força coatora) com que são respeitados e A escassa população branca sempre
obedecidos os missionários"* presente nas referidas capitanias tomava quase
A exploração do índio sempre foi uma impossível a organização da sua defesa, coisa
constante no Período Colonial, facilitada por uma que só seria conseguida com a sua efetiva
legislação confusa que ora proibia, ora ocupação. Nesse sentido, a política pombalina
autorizava, ou simplesmente omitia. Não é de se traçada para a Amazônia procurava superar os
espantar que em determinados momentos desse obstáculos colocados à sua colonização, através
Período Colonial, avolumaram-se as práticas da da execução de um projeto que visava
"guerra justa" e do "resgate".'A primeira era transformar o índio em colono. Assim, Pombal
permitida quando autorizada pela Coroa formulou uma política indigenísta que objetivava
Portuguesa ou pêlos governadores locais, em emancipar os índios, retirando-os da tutela das
caso de legítima defesa, ou ainda em situações ordens missionários e procurava integrá-los à
em que os índios se recusassem à evangelização. população branca. Nesse esforço de fazer do
O resgate era realizado por expedições com a índio colono, a estratégia-chave foi a implantação
finalidade de negociar com a^s tribos, os do Regime do Diretório.
prisioneiros condenados á morte. Às vezes, as A ascensão de Sebastião José de Carvalho
leis restringiam o tempo em que o índio ficava na e Melo, Marques de Pombal, ao governo de
condição de escravo. Em outros momentos, as Portugal, na condição de Ministro do rei D. José I.
leis permitiam a escravização do índio por toda a representou uma modificação da concepção do
vida. governo metropolitano acerca das relações
Às tropas de resgate e às guerras justas, Metrópole-Colônia, embora permanecessem os
acrescentou-se a "repartição" , modelo que princípios norteadores de tais relações. A
assegurava a exploração dos índios aldeados experiência de Pombal em Londres e Viena, como
livres, ou seja, os índios reunidos nas missões representante português, permitiu-lhe avaliar de
eram obrigados a trabalhar para os colonos, perto os motivos da supremacia inglesa e
recebendo em troca parcos salários. (...) "as constatar a situação de atraso em que Portugal
aldeias deveriam ter pelo menos 150 índios e se se encontrava em relação aos seus concorrentes.
estabelecerem locais próximos dos núcleos A idéia de que o Reino Português encontrava-se,
coloniais.Cada missionário tinha direito a 25 ainda no século XVIII, em situação de atraso
índios trabalhando em tempo integral para o seu frente aos outros países da Europa Ocidental,
serviço pessoal..."9 De acordo com Maria Regina, principalmente a Inglaterra e a França, faz parte
os índios com idade de 13 a 50 anos teriam de do imaginário social construído no período, tendo
trabalhar para os colonos pelo "período de seis sido exteriorizada cm inúmeros trabalhos
meses, estabelecendo-se um rodízio entre uma apresentados à Academia Real de Ciências de
parte que ficava nas aldeias e outra que iria Lisboa, por personalidades portuguesas e
trabalhar para os particulares." 10. Essa prática, brasileiras.
no entanto, não funcionou em consonância com o A imagem de atraso econômico e político
que prescrevia a legislação. Os índios na maioria presente na memória da sociedade do período
das vezes não recebiam os salários, eram acabaram por ser apropriada, por um
exaustivamente explorados ou ainda acabavam significativo numero de historiadores
na condição de escravos. portugueses e brasileiros, que a transformaram
Se em outras regiões do Brasil, o escravo em história, cristalizando uma linha de
negro foi responsável, sobremaneira, pela interpretação que considera a experiência
geração das riquezas, durante o Período Colonial, histórica portuguesa como uma anomalia em
na Amazônia, sem que neguemos a participação relação à outras experiências européias,
do africano, essa relevância coube ao indígena principalmente no que dizia respeito a Inglaterra,
que, arrancado de seu habitat, agredido na sua vista como experiência modelar. O atraso
cultura, interceptado na sua caminhada histórica econômico do Reino Português era justificativa
de povo livre, foi coisificado a serviço do capital para a permanência na sociedade lusitana de
mercantil metropolitano. uma estrutura agrária e semifeudal, responsável
pela preservação do domínio social c político da
nobreza fundiária.
esse tratado foi retificado, mas nem franceses e
FUNDAÇÃO DE MACAPÁ portugueses não respeitavam esse tratado.

Apesar dos tratados serem aceitos TRATADO ULTRECHT (11 de abril 1713)
reciprocamente (Tratado Provisional e Ultrecht), o Determinava que o rio Oiapoque seria o limite
período trouxe sempre uma questão preocupante entre o Brasil e a Guiana Francesa.
aos governos (Brasil e França). É nesse contexto
que as ações administrativas são concentradas AGRAVAMENTO DA QUESTÃO FRONTEIRIÇA
no sentido de fortificar a região, garantindo a A França, em 10 de agosto de 1797, voltou
vida dos povoados e a contenção de uma a reclamar a posse de parte das terras situadas
possível invasão estrangeira. entre os rios Araguari e Oiapoque. O imperador
Ouvindo o conselho ultramarino, baseado Napoleão Bonaparte, sustentado pelo poderio
nos relatos do Governador-Geral do Pará, Dom militar francês, determinou o limite entre o Brasil
João V emitiu carta régia para que fosse instalado e a Guiana, pelo rio Calçoene. A ambição
um forte à margem esquerda do rio Amazonas, imperialista francesa não parou por aí. Anulou os
para vigiar o movimento dos franceses e garantir tratados anteriores e impôs outros,
a posse da terra. Coube a Francisco Xavier de estabelecendo, em 1801, o rio Araguari como o
Mendonça Furtado, governador do estado do limite entre as duas nações.
Grão-Pará e Maranhão, a missão de elevar o Entre Portugal e Inglaterra havia uma forte
povoamento de Macapá à categoria de vila, e aliança, o que levou a nação ibérica, em 1807, a
assim, no dia 04 de fevereiro de 1758, no ser invadida por tropas napoleônicas. A Família
transcurso de uma solenidade, Mendonça Furtado Real fugiu para o Brasil, e como represália em
elevou-a a condição de vila de São José de outubro de 1809, Caiena foi ocupada por tropas
Macapá. luso-brasileiras, com apoio naval inglês.
A organização da expedição repressiva foi
FORTIFICAÇÃO DA FOZ DO AMAZONAS em Belém, às ordens do governador José Narciso
de Magalhães e Menezes, que armou uma tropa
Em 1761, o projeto de fortificar Macapá foi de aproximadamente 600 homens, entre os
adiado pelo então governador, porque era quais, muitos macapaenses e mazaganenses, sob
preciso poupar os recursos da colônia. o comando dual do tenente-coronel Manoel
Foi em 1764, em visita a vila de São José de Marques e do capitão James Lucas Yeo, que em
Macapá, que o governador Capitão-General apenas duas horas, conquistou a cidade de
Fernando da Costa Ataíde Teive, em companhia Caiena, e estendeu, por sete anos o domínio
do engenheiro Henrique Antônio Galúcio, deu português sobre a Guiana Francesa.
início à construção da Fortaleza. Após a deposição de Napoleão Bonaparte
A Fortaleza só foi inaugurada em 19 de foram iniciados entendimentos diplomáticos
março (dia do padroeiro) de 1782, porém a entre Portugal e França, para devolução da
grandiosa obra de galúcio ficou incompleta, pois Guiana Francesa, ficando estabelecido, em 1815,
após a morte de D. José I (1777), sua filha D. no Congresso de Viena, no rio Oiapoque como o
Maria I herdeira do trono determina a suspensão limite para essa restituição. Todavia, essa
de recursos, o que paralisa a obra. providência somente foi concretizada em 28 de
Foram na realidade, 18 anos de trabalho em agosto de 1817, através da Convenção de Paris,
algo que se constituía em uma necessidade que estabeleceu, ainda, que essas duas nações
premente para época, assim 18 anos após a deveriam tomar providências para fixação
colocação da pedra fundamental, a fortaleza de definitiva desse limite. Os Portugueses se
São José era solenemente declarada inaugurada, mobilizaram para cumprir o acordo, enquanto os
sem que se tivesse concluído diversas obras franceses, pouco caso fizeram do mesmo e a
externas. questão retornou ao impasse.

OS PRIMEIROS TRATADOS DE LIMITE ENTRE ÁREA DE RIQUEZAS MINERAIS


FRANÇA E PORTUGAL A ocorrência de ouro na região do
Contestado Franco-Brasileiro, na área
TRATADO PROVISIONAL (4 de março 1700)
compreendida entre os rios Cassiporé e Amapá
Determinava a neutralidade, proibia que colonos,
Pequeno, começou em meados do século XIX,
franceses e portugueses se estabelecessem na
mas em quantidade que ainda não despertava
terra dos Tucujus. No dia 18 de julho de 1701
maior interesse dos governos do Brasil e da
França ou de aventureiros. Mas, a partir de 1893, Na Vila do Espírito Santo do Amapá, no dia
com a descoberta de mais locais com ouro em 10 de dezembro de 1894, um grupo de
abundância pelos irmãos Germano e Firmino brasileiros, liderados pelo comerciante Francisco
Ribeiro, recomeçaram as disputas pela posse da Xavier da Veiga Cabral, conhecido por
região entre as duas nações; e aumentou Cabralzinho; o engenheiro e geólogo Antonio
substancialmente a densidade demográfica, com Gonçalves Tocantins e Desidério Antonio Coelho,
a imigração de, aproximadamente, 6000 representante brasileiro na região, suprimiram as
aventureiros constituídos, principalmente, de prerrogativas de Eugéne Voissien, tornando sem
brasileiros. efeito as resoluções por este tomada e o cargo
Vários povoados foram fundados na região. exercido por Trajano.
Carnot, Saint Lorentz e Cunani, pelos A reação brasileira criou um problema.
franceses; e Daniel, Firmino e Espírito Santo Desidério Antonio Coelho, que havia sido elevado
do Amapá, pelos brasileiros, com destaque para à condição de maior autoridade no Contestado,
o último povoado mencionado que funcionava não aceitou exercer o cargo sozinho. O impasse
como entreposto comercial da região. alongou-se até o dia 26 de dezembro, quando a
O ouro fluía abundantemente, mas pouco população da vida de Espírito Santo do Amapá,
beneficiando os brasileiros estabelecidos na reunida em assembléia, aceitou a renúncia e,
região e o Brasil. A quase totalidade da produção acolhendo sua sugestão criou uma junta
escoava para Caiena, a Capital da Guiana governativa, denominada de Triunvirato, tendo
Francesa, enriquecendo seus dirigentes que, como integrantes o cônego Domingos Maltêz,
particularmente, investiam na garimpagem e Francisco Xavier da Veiga Cabral e o próprio
usavam as prerrogativas que tinham sobre a idealizador dessa forma de governo.
área, em benefício próprio e de seus O representante francês no Contestado,
concidadãos. Eugéne Voissien, também, participou dessa
A cobiça dos governantes da Guiana reunião, reconhecendo como legal o governo do
Francesa levou-os a desrespeitarem o acordo de Triunvirato e, em retribuição, foi agraciado com o
neutralização, firmado em 1841, entre o Brasil e título honorífico de “Capitão Honorário do
a França, que estabeleceu um governo dual para Exercito Amapaense”. A decisão havia sido em
a região, enquanto a questão fronteiriça não causa própria e prudente. Sendo também, como
fosse resolvida. Indevidamente, nomearam mais os integrantes do Triunvirato (exceção do
um representante com jurisdição sobre a região sacerdote), comerciante e negociante de ouro,
dos garimpos, o ex-escravo brasileiro conhecido temia pelos destinos de seus negócios.
por Trajano, que, estabelecido em Cunani e O governo do Triunvirato elaborou e aplicou
agindo de acordo com os interesses de seus uma legislação, envolvendo assuntos
proponentes, cometia arbitrariedades, econômicos, políticos e sociais da região,
espalhando o pânico e colocando em fuga muitos inclusive, proibindo os franceses de garimparem
garimpeiros nacionais. em Calçoene. Os poderes dessa junta
Os abusos dos franceses não pararam por governativa eram amplos e abrangentes, e para
aí. Disparate maior estava por vir. Em dezembro motivar o seu cumprimento e reprimir os
de 1894, o representante legal da França no infratores, criaram em 27 de dezembro de 1894,
Contestado, Eugéne Voissien, proibiu o acesso uma milícia com a denominação de Exército
de brasileiros, aos garimpeiros, e determinou, Defensor do Amapá.
ainda, a saída imediata dos que nessas áreas se
encontravam. Somente os franceses poderiam
garimpar e comerciar a produção aurífera.

A REAÇÃO BRASILEIRA
A proibição do acesso de brasileiros aos
garimpos da região do Contestado, imposta pelo
representante francês e a atuação arbitrária de
Trajano eram resoluções e atitudes
premeditadas, visando criar condições políticas
favoráveis à França para anexa-la à Guiana.
Todavia, a tramóia foi de imediata percebida e
tomada providências para anula-la.
Na vila de Cunani, enquanto isso, Trajano, represália, assassinaram velhos, mulheres e
desconhecendo a autoridade do crianças num total de 38 pessoas e feriram
Triunvirato, continuava cometendo outras 22 algumas com gravidade. Ainda
abusos: extorquia, torturava e insultava
brasileiros, apoiado por uma milícia de 30 atearam fogo em várias casas e saquearam
guianenses. Chegou a rasgar e pisar a estabelecimentos comerciais.
Bandeira Nacional e a içar o pavilhão As tropas invasoras retiraram-se lavando
francês. Trajano, e como prisioneiros Marcílio Beviláqua,
João da Luz, João Lopes Pereira (1º vice-
Cabralzinho que, em fevereiro de 1895, substituiu
presidente do Triunvirato) e o comerciante
o cônego Domingos Maltêz na presidência
do Triunvirato, no dia 25 de abril ordenou português, Manoel Gomes Branco. Os dois
a prisão de Trajano. Para cumprimento da últimos, a bordo da canhoneira Bengali, foram
ordem, foram escolhidos o major Félix assassinados e seus corpos atirados ao mar.
Antonio de Sousa, o capitão Luis Barreto O comerciante Manoel Gomes Branco foi
Bentes e o tenente Sabino Leite, os quais
aprisionado antes de começar os combates.
à frente de numerosos milicianos,
seguiram à vila de Cunani. À aproximação Havia também hasteado uma Bandeira Nacional
das tropas do Exército Defensor do Amapá em frente a sua casa que, após a derrota sofrida
os capangas de Trajano o abandonaram. pelos franceses, foi invadida e assassinados sua
Reagiu, mas foi aprisionado e conduzido à mulher, Ana Vieira Branco e quatro filhos
Vila do Espírito Santo. Foram apreendidas
menores, inclusive uma criança de dois meses,
armas e uma bandeira da França.
traspassada à baioneta, no colo da mãe.
MASSACRE E HEROÍSMO
O FIM DO LITÍGIO
A criação do Triunvirato e as resoluções
A invasão francesa à vila do Espírito Santo
tomadas por essa junta governativa foram
do Amapá e o massacre de civis causaram
consideradas afrontosas pelo governador da
comoção nacional. As relações diplomáticas entre
Guiana Francesa, M. Charvein, que planejou
o Brasil e a França ficaram estremecidas. Mas,
represália. Sob o comando do capitão Lunier,
em 10 de abril de 1897 decidiram solucionar o
enviou uma expedição militar, constituída de 80
centenário litígio pelo arbitramento, escolhendo o
legionários à Vila do Espírito Santo do Amapá
Governo da Suíça para analisar os argumentos
para libertar Trajano, aprisionar Cabralzinho, e
das partes e pronunciar sentença.
conduzi-los à Caiena.
O diplomata José da Silva Paranhos Junior, o
Os invasores franceses, no alvorecer do dia
Barão do Rio Branco, em 22 de novembro de
15 de maio de 1895, transportados pela
1898 foi nomeado para defender os direitos do
canhoneira Bengali e navegando pelo rio Amapá
Brasil nessa disputa. Elaborou sua defesa,
Pequeno, aproximaram-se da Vila, furtivos e
preparando-se para a mediação e a arbitragem,
silenciosos. No local denominado de Encruzo,
embora tivesse preferência pela última, porque
ancoraram e se fizeram transportar por escales.
havia a possibilidade de interpretação rigorosa do
Somente foram notados quando começavam a
Tratado de Ultrecht, assinado em 1713, no qual
desembarcar no cais do povoado.
fundamentava seus argumentos.
Cabralzinho foi alertado da invasão e
A defesa brasileira elaborada por Rio-
preparou-se para resistir. Hasteou a Bandeira
Branco, no dia 5 de abril de 1899, foi entregue ao
Nacional em frente a sua casa, enquanto
Governo Suíço, constando ainda de
milicianos do Exército Defensor do Amapá, num
documentações cartográficas, títulos e de dois
total de 13 brasileiros e 1 norte-americano
volumes do livro “L’Oiapoc et L’Amazone” de
posicionavam-se para repelir a invasão.
autoria de Joaquim Caetano da Silva. O diplomata
O capitão Lunier, à frente das tropas
brasileiro sustentava que Brasil e França agiram
invasoras, caminhou para a casa de Cabralzinho,
corretamente quando em 1713, definiram suas
que foi ao seu encontro. Travaram áspera
fronteiras na América do Sul pelo rio Oiapoque ou
discussão. O oficial tentou agredi-lo, mas foi
Vicente Pinzon, porque sabiam serem dois nomes
dominado, desarmado e morto. Teve início um
para um mesmo rio.
intenso tiroteio e, após algum tempo de combate,
A chancelaria francesa, por sua vez, insistiu
os milicianos brasileiros, sem munição, mas
na suposição de que o rio Oiapoque não era o
ilesos retiraram-se para a orla da mata, deixando
mesmo Vicente Pinzon, mas defendia esse
6 invasores mortos e 22 feridos.
posicionamento sem provas substanciais e
A baixa sofrida pelos invasores deixou
irrefutáveis. Deteve-se, sobremaneira, em sugerir
enfurecida a soldadesca sobrevivente. Em
ao Governo Suíço que pronunciasse sentença – Guaporé (hoje Rondônia),
conciliatória, dividindo a região do Contestado desmembrado dos Estados do
pelo rio Calçoene, solução essa que já havia sido Amazonas e Mato Grosso;
– Ponta-Porã (extinto em 1946),
sugerida pelo Brasil, mas rejeitado por Napoleão desmembrado do Estado do Mato
III, em 1856. Grosso;
Rio-Branco parte para a réplica. Reuniu – Iguaçu (extinto em 1946),
novas provas dos arquivos europeus, desmembrado dos Estados de
principalmente do português, e, oito meses Santa Catarina e Paraná; e
– Amapá, desmembrado do Estado
depois apresentou uma segunda defesa, do Pará, constituído das terras dos
fundamentando ainda mais o ponto de vista que municípios de Macapá, Amapá e
sustentava. Ademais, reforma ao Governo da Mazagão.
Suíça que havia sido escolhido para pronunciar
sentenças, proclamando o direito de um dos • Os Territórios Federais criados pelo
presidente Getúlio Vargas, também,
litigiantes.
visavam a formação de áreas que
O Conselho Federal Suíço, em 1º de protegessem as fronteiras brasileiras,
dezembro de 1900, pronunciou sentença arbitral, numa época que a Segunda Guerra
o Laudo Suíço, acolhendo os argumentos Mundial estava em seu ápice. Dentro
brasileiros, confirmando a atualidade jurídica do desse contexto, o Território do Amapá,
destacava-se dos demais por sua posição
Tratado de Ultrecht, no seu artigo 8º que
geográfica estratégica e por terem os
estabeleceu o rio Oiapoque como a fronteira norte-americanos, em 1941, construído na
entre o Brasil e a Guiana Francesa, e que esse rio área, uma imponente base militar aérea,
era o mesmo Vicente Pinzon, encerrando assim que servia de ponto estratégico para
com a disputa que perdurava por quase dois incursões até ao norte de África, durante o
conflito e proteção da Amazônia, onde
séculos.
novamente a exploração da borracha
ressurgia como principal produto, em
CRIAÇÃO DOS TERRITÓRIOS FEDERAIS decorrência das tropas japonesas
ameaçarem os seringais asiáticos, que
O Governo Federal, no início do século XX, abasteciam os mercados dos Estados
criou o Território do Acre. Em 1920, as Unidos e Europa.
populações dos municípios de Macapá e
Mazagão, conjuntamente, pleitearam essa • Os Territórios Federais criados pelo
condição jurídica. Mas, a criação de novos presidente Getúlio Vargas, também,
Territórios Federais somente começou a se visavam a formação de áreas que
configurar, quando da promulgação das protegessem as fronteiras brasileiras,
Constituições de 1934 e 1937. Através dessas numa época que a Segunda Guerra
Cartas Magnas, proclamou-se a criação de Mundial estava em seu ápice. Dentro
áreas territoriais administradas pelo Governo desse contexto, o Território do Amapá,
Federal, compostas de terras desmembradas destacava-se dos demais por sua posição
do Estado que revelasse incapacidade geográfica estratégica e por terem os
financeira para administra-las e promover- norte-americanos, em 1941, construído na
lhes o desenvolvimento. área, uma imponente base militar aérea,
que servia de ponto estratégico para
• Embora a redivisão de alguns Estados incursões até ao norte de África, durante o
fosse obrigatória, não se providenciava conflito e proteção da Amazônia, onde
sua execução na celeridade que a questão novamente a exploração da borracha
exigia. Somente em 10 de dezembro de ressurgia como principal produto, em
1940, iniciaram-se ações políticas para decorrência das tropas japonesas
criar essas unidades federadas, quando o ameaçarem os seringais asiáticos, que
presidente Getúlio Vargas, em Manaus, abasteciam os mercados dos Estados
afirmou que, a partir daquela data, a Unidos e Europa.
recuperação da Amazônia seria uma
prioridade de seu governo, inclusive com • A nomeação do primeiro governador do
a redivisão territorial da região. Território Federal do Amapá ocorreu no
• Essa redivisão, no entanto, viria a ocorrer dia 27 de dezembro de 1943, com a
quase três anos depois, ou seja, no dia 13 escolha recaindo sobre o capitão do
de setembro de 1943, com a edição do Exército, Janary Gentil Nunes, que
decreto-lei 5.812, que criou os seguintes contava com 31 anos.
Territórios Federais: • Tornava-se o primeiro governante dos
amapaenses devido a méritos militares,
– Rio Branco (hoje Roraima), associados a reivindicações do
desmembrado do Estado do amapaense, general João Álvares de
Amazonas; Azevedo Costa, quando também concorria
ao cargo, o capitão Emanoel de Almeida
Morais, que havia sido prefeito de Manaus
por duas vezes e governado
interinamente, o Estado do Amazonas.

• Janary Nunes governou o Território do


Amapá por mais de doze anos, exercendo
um governo autoritário e populista, mas
tomando muitas decisões, visando o bem-
estar do povo, como:
– integrou amapaenses ao serviço
público;
– dinamizou o sistema educacional,
construindo novas escolas e
reciclando os professores;
– implementou a agricultura e
pecuária criando pólos de
produção, como a Colônia Agrícola
de Matapi e Posto Agropecuário de
Fazendinha;
– iniciou o ordenamento urbanístico
de Macapá, saneando e
construindo conjuntos residenciais;
e
– construiu o Hospital Geral,
Maternidade e postos médicos na
zona rural.

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