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O propósito conservador de uma educação liberal

Russell kirk1

Nosso termo “educação liberal” é bem mais antigo do que o uso da palavra
“liberal” no sentido político. O que agora chamamos de “estudos liberais” remonta aos
tempos clássicos, enquanto o liberalismo político surge apenas na primeira década do
século XIX. “Educação liberal” significa ordenação e integração do conhecimento para
o benefício do indivíduo livre – em contraste com a educação técnica ou
profissionalizante, atualmente chamada, presunçosamente, “career education” –
educação para a carreira.

A educação liberal é conservadora no seguinte sentido: defende a ordem contra a


desordem. Em termos práticos, trabalha pela ordem na alma, e pela ordem na república.
O ensino liberal habilita os que se beneficiam de sua disciplina atingir certo nível de
harmonia interior. No dizer de John Henry Newman, no Discurso V de sua “Idea of a
University”, através de uma disciplina intelectual liberal, “forma-se um hábito mental
que dura por toda a vida, cujos atributos são liberdade, equanimidade, serenidade,
moderação e sabedoria; o que… eu me arrisco a chamar de um hábito mental
filosófico”.

O objetivo primário de uma educação liberal, então, é o cultivo do intelecto e da


imaginação do próprio indivíduo, para o bem do próprio indivíduo. Não deve ser
esquecido, nesta era massificada em que o Estado aspira a ser tudo em tudo, que a
educação genuína é algo além de mero instrumento de política pública. A verdadeira
educação deve desenvolver o indivíduo humano, a pessoa, antes de servir ao Estado.
Tendemos a esquecer que o ensino não foi originado pelo moderno estado-nação. O
ensino formal começou, de fato, como uma tentativa de tornar o conhecimento religioso
– o senso do transcendente e as verdades morais – familiar à geração nascente. Seu
propósito não era doutrinar os jovens em civismo, mas sim ensinar o que é ser um
homem genuíno, que vive dentro de uma ordem moral. Na educação liberal, a pessoa
tem primazia.

1
Russell Kirk foi um dos principais intelectuais do século XX. Seu livro, “The Conservative Mind”, é
considerado um dos mais influentes livros de ideias políticas e sociais de sua época. Sua esposa, Annette,
dá continuidade ao seu trabalho, no Russell Kirk Center (www.kirkcenter.org).
Contudo, um sistema de educação liberal também possui um propósito social, ou
ao menos um resultado social. Ajuda a prover um corpo de indivíduos que se tornam
líderes em muitos níveis da sociedade, em grande ou pequena escala. Os fundadores das
primeiras faculdades americanas esperavam que, nestas instituições, se formassem
jovens solidamente educados nas antigas disciplinas intelectuais, que nutririam o Novo
Mundo com o patrimônio moral e intelectual recebido do Velho Mundo.

E, geração após geração, as faculdades americanas de educação liberal


(específicas da América do Norte), e posteriormente as escolas e os programas de artes
liberais das universidades, realmente formaram jovens homens e mulheres que, tendo
adquirido em algum grau uma mente filosófica, fermentaram a massa da nação, que se
expandia com vigor.

Se todas as escolas, faculdades e universidades fossem abolidas amanhã, ainda


assim, a maior parte dos jovens encontraria ocupações lucrativas; existiriam outros
meios, ou seriam desenvolvidos, para treiná-los para cada tipo específico de trabalho.
Por outro lado, um efeito altamente benéfico da educação liberal – mais uma vez,
conservador – é que dá à sociedade um conjunto de jovens iniciados, em algum nível,
na sabedoria e na virtude, que poderão se tornar líderes honestos em várias áreas da
sociedade.

Nosso aparato educacional tem criado não uma classe de jovens liberalmente
educados, com uma perspectiva humana, mas, ao invés, uma série de elites diplomadas,
uma suposta meritocracia, de perspectivas limitadas e credenciais intelectuais e morais
duvidosas, inchadas por aquele pequeno conhecimento acuradamente descrito por
aquele mordaz Tory, Alexander Pope, como uma coisa perigosa.

Quanto mais pessoas humanamente educadas houver, melhor. Porém, quanto


mais tivermos pessoas meio educadas ou superficialmente educadas, pior para elas e
para a república. As que o são verdadeiramente, ao invés de formar elites presunçosas,
penetrarão a sociedade, fermentando a massa através de suas ocupações, seus
ensinamentos, suas pregações, sua participação no comércio e na indústria, na coisa
pública em todos os níveis da comunidade. E, sendo educadas, saberão que não sabem
tudo; que há outros objetivos na vida além de poder, dinheiro e gratificação sexual;
enxergarão longe; anteverão a posteridade e olharão para trás, não esquecendo os
antepassados. Para elas, a educação não terá fim no dia da formatura.
Se nos arrastamos com pretensão e apatia através de um mundo tombado,
deixando a imaginação e o intelecto em estado latente, caímos presa da servidão do
corpo e da mente. A alternativa à educação liberal é a instrução servil. E quando águas
de tempestade inundarem o mundo, como acontece hoje, se deixar levar pela correnteza
e cantar hinos ao deus rio não será o bastante.

Alguns anos atrás, o presidente Nixon, no decorrer de uma conversa de uma


hora, perguntou-me, “qual é o livro que devo ler?”. Contou-me que havia feito a mesma
pergunta, por mais de uma vez, a Daniel Patrick Moynihan e a Henry Kissinger – mas
que em resposta recebera listas com uma dúzia de livros; e o presidente, premido por
suas obrigações, só podia achar tempo para um livro essencial. Qual deveria ser?

“Leia as Notas para a Definição de Cultura, de T. S. Eliot”, eu disse a Nixon. Ele


quis saber por quê. “Porque Eliot discute as questões sociais fundamentais”, eu
respondi. “Lida com as relações que deveriam haver entre os homens de poder e os
homens de idéias. E distingue melhor que ninguém entre uma “classe” de pessoas
realmente educadas e uma “elite” de especialistas pretensiosos – observando o quão
perigosos estes últimos podem se tornar”. O presidente Nixon descobriu, não muito
depois, que a elite de sua administração era deficiente daquela sabedoria e daquela
virtude tão necessárias aos EUA. Um homem que teve uma educação liberal aprende de
Platão e de Burke que, num estadista, a mais alta virtude é a prudência. O tipo de
elevada prudência necessária nos grandes assuntos de estado não tem sido comumente
encontrada em Washington há várias décadas. Um motivo para tal deficiência foi a
negligência dos EUA para com a educação liberal, como foi definida por John Henry
Newman:

“O treinamento pelo qual o intelecto, ao invés de ser sacrificado a, ou formado


por, algum fim acidental ou particular – algum comércio específico, ou profissão, ou
estudo, ou ciência – é disciplinado para os próprios fins, para a percepção de seu objeto
próprio, e para sua cultura mais alta, é chamado Educação Liberal; e apesar de não
haver quem tenha levado este ideal aos máximos limites concebíveis, praticamente não
há quem não possa adquirir alguma noção do que é o treinamento autêntico, e ao menos
tender a ele, e tornar tal padrão de excelência, e não outra coisa, seu verdadeiro escopo.”

A genuína educação liberal, aquela regra de excelência, aquela conservadora da


civilização, é necessária não apenas em Washington, mas em toda a nossa sociedade. A
maioria dos detentores de uma educação liberal jamais chega a ocupar os tronos do
poder. Ainda assim, fermentam a massa da nação, a partir de muitas posições e
ocupações; não conhecemos os nomes da maioria deles, mas cumprem seu trabalho
conservador silenciosamente e bem.

Eu não sei em que os americanos poderíamos ter nos tornado, se não tivéssemos
tais homens e mulheres entre nós. Não sei o que faremos se desaparecerem de nosso
meio. Talvez sejamos deixados a celebrar “o sabá satânico de uma revolvente
maquinaria”, supervisionados por especialistas – uma elite desprovida de imaginação
moral, e deficiente no seu entendimento da ordem, da justiça e da liberdade. E, depois, o
caos.

Muito precisa ser conservado nestas décadas finais do século XX, quando parece
que o “Tumulto é rei, havendo deposto Zeus”. Um benefício de uma educação liberal é
o entendimento do que Aristófanes quis dizer com esta expressão – e de como
Aristófanes e Sócrates guardam grande importância para nós. Se você estudou
Tucídides e Plutarco, terá apreendido muito sobre nossa problemática época; e se o
estado não puder ser ordenado, ao menos uma educação liberal poderá ensinar como
ordenar sua própria alma, neste vigésimo século depois de Cristo, assim como era feito
no quinto século antes dele.

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