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Fichamento 1 – Por um novo enfoque teórico da pesquisa sobre habitação - (Ermínia

Maricato) – Disciplina AUP5914/2017

Aluno: Gustavo Soares Pires de Campos

N°USP: 7178655

Curso: Mestrado em Planejamento Urbano e Regional - FAUUSP

O que?

O objetivo principal deste texto é mostrar de que maneira as pesquisas sobre habitação
- principalmente sua produção acadêmica - nas últimas décadas tem sidos centradas em
abordagens do consumo e da política habitacional governamental, ou seja, aquelas
praticadas pelas esferas de governo, sejam elas municipais, estaduais ou federais. Desta
maneira, pretende-se mostrar como o estudo e a compreensão da esfera da produção,
o distanciamento entre discurso e prática são necessários para reorientar o enfoque da
pesquisa sobre habitação.

Apesar do necessário reconhecimento da importância dessas pesquisas, a


ausência de determinações gerais, de uma leitura ampla sobre produção de habitação
e a estrutura que resultado não sua provisão, ou na falta da mesma, e dos agentes
envolvidos na questão resultam na ausência de abordagens histórico-estruturais,
fazendo com que sejam limitadas as conclusões e restritos os resultados.

A produção, ou o que Maricato denomina no texto como “provisão de


habitação”, ocupa lugar central na crítica aqui feita, pois segundo a autora haveria um
desconhecimento do quadro geral, onde a compreensão sobre os arranjos entre o
financiamento, a construção, a promoção, a comercialização, a participação da força de
trabalho e o lugar ocupado pela propriedade da terra no contexto da regulação
instituída [...] pela legislação de uso e ocupação do solo (página 36) é essencial para uma
efetiva discussão do quadro atual e das perspectivas da habitação no Brasil.
A necessidade de morar, seja sob qual circunstância for, é dado presente ao
longo de todo o texto, bem como o entendimento de que estas diferentes formas de
morar são gestadas na intersecção e nas relações entre o mercado privado, a produção
informal e a produção pública de morarias. Essa visão integrada, estrutural, permite
observar o processo histórica de produção de habitação nas cidades brasileiras.

Apenas essa abordagem ampla, que toma a moradia como um produto social
e histórico, pode explicar o desaparecimento de certas formas de provisão
em algumas cidades. É o caso das vilas populares ou carreiras de pequenos
sobrados resultantes da ação de um pequeno promotor, nas primeiras
décadas do século XX, nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, que
desapareceriam na segunda metade do século. – página 36

O componente “terra” desempenha assim um papel extremamente importante,


pois a condição jurídica distinta de cada ocupação é um elemento de extrema
importância na compreensão do quadro geral já citado anteriormente. Apesar das
variantes entre os extremos, a “terra legal” coloca seu proprietário numa condição de
cidade legal, cidade existente, cidade real, completamente diferente das “terras
informais”, aquelas que se encontram na cidade inexistente, longe dos olhos e dos
serviços do poder público e do interesse direto do mercado privado, dando origem
assim à falta de infraestrutura, à produção precária de habitação e, em seu extremo,
ao crime organizado e a violência urbana.

[...] se o mercado é muito restrito às camadas de mais altas rendas, como


acontece no Brasil, e o investimento público é escasso, a produção informal
fatalmente se amplia, pois, como já foi destacado, todos moram em algum
lugar. – página 36

Na esteira da necessidade de se morar, seja onde for e em quais condições forem


possíveis, a autora aponta a crença amplamente difundida de que o desenvolvimento
de materiais novos ou com novas possibilidades plásticas será a verdadeira redenção da
questão habitacional, quando na verdade as pesquisas ainda ignoram pontos tão
centrais da questão produtiva como a organização do trabalho no canteiro e as
peculiaridades inerentes da construção civil em relação à produção de outras objetos
no capitalismo, abstraindo as relações entre capital e processo de trabalho.

Não raramente, o canteiro de obras, com todos os desencontros e as tensões


decorrentes das relações de trabalho (cujo paradigma está na parceria metre
de obras e engenheiro), é pouco conhecido por pesquisadores que escrevem
sobre tecnologia da construção habitacional. – página 38

[...] Para resumir, é realmente surpreendente que um setor que absorve


historicamente 6% da PEA e que é responsável por 13,5% do PIB nacional
(relativo ao setor de construbusiness, sendo *% da construção propriamente
dita) esteja ausente da maior parte dos trabalhos sobre o urbano e a
habitação. Em particular, é notável a ausência do tema do trabalho, nos
estudos sobre tecnologia, como já foi mencionado – página 39

Com o peso que a construção civil representou (e ainda representa) na economia


brasileira, como visto na citação acima, a pressão das construtoras e do capital
internacional para a entrada dos mesmo na produção pública de habitação,
principalmente durante os anos do “milagre econômico”, era poderosa e resultou na
política do BNH que promovia moradias majoritariamente em áreas de periferia, sem
infraestrutura básica e isoladas das regiões centrais. Isto somado às pesquisas de Vargas
sobre a especificidade do processo de produção da indústria da construção desvela a falta
de interesse na efetiva produção de habitação de qualidade dentro de prazos mínimos e
de sua localização precária servindo à população de baixa renda, levando a autora a
afirmar:

Na medida em que os lucros não provem apenas das atividades produtivas,


mas também de atividades fortemente especulativas, a produtividade no
processo de produção passa a não ser central para ampliar os ganhos. –
página 40
Em seguida, Maricato resume as teses anteriores em alguns pontos.

 Características próprias e especificidades da indústria da construção


 Cada empreendimento é único (lembrar aqui do conceito de Terra Localização de
Villaça)
 Dificuldade de capacitação do trabalhador / rotatividade alta
 Dependência das condições do clima para a produção na construção civil
 Ganhos não provem apenas da atividade produtiva, não existindo apelo a
racionalidade industrial
 Moradia como uma mercadoria especial
 Proprietários possuem uma espécie de monopólio sobre a terra
 O acesso à terra urbana é excludente a grande parte da sociedade e constitui freio
ao aumento da produção

A partir do que a autora denomina Modernização Conservadora os conflitos ao


redor da questão habitacional foram esvaziados a partir de uma “legalização informal”
da ocupação de terras ilegais, como áreas de preservação ambiental. Não é possível -
sequer desejável nos termos em que a questão é tratada – o impedimento das
ocupações ilegais, visto que o estado e o mercado não são capazes de prover habitação
para o grande contingente populacional que não possui moradia digna. Cria-se assim
uma polaridade, onde a cidade real, a cidade hegemônica continua a se reproduzir sob
as regras do urbanismo e do mercado moderno, enquanto a cidade informal se reproduz
sem controle algum, produzindo as condições precárias encontradas nas favelas e
demais ocupações de caráter ilegal sob o olhar da legislação, fazendo com que o Estado
passe a deixar um vácuo nessas áreas, o qual é ocupado imediatamente por poderes
locais paralelos.

Essas terras ilegalmente ocupadas o são por conta da falta de um título de


propriedade da terra, ou seja, terra não regularizada para o uso habitacional. A questão
da propriedade, em nossa sociedade patrimonialista, se coloca como questão
importante na discussão das políticas de provimento habitacional, pois o latifúndio e a
exclusão dos menos aptos economicamente continua sendo uma realidade que teima
em mudar, mesmo com leis favoráveis ao provimento de moradia.

Pode-se dizer que o direito à moradia é absoluto, já que previsto na


Constituição Federal, e o direito à propriedade não o é. No entanto, a
implementação da lei está enfrentando muita dificuldade, reafirmando uma
característica da sociedade brasileira: de que a lei se aplica de acordo com as
circunstancias. – página 44

Desta maneira, é possível nota, em análise empírica, estrutural e histórica as


transformações da sociedade brasileira – com vistas à questão habitacional – ao longo
das últimas décadas, onde a divisão entre cidade formal e cidade informal possui um
papel central nas cidades e nos grandes centros urbanos, onde nem mesmo a lei possui
constância em sua aplicação, estando ao jugo dos interesses das forças do capital.

O município de São Paulo tinha apenas 1,2% da população morando em


favelas em 1970. Em 2005, São Paulo registra 11% da população em favelas,
ambos dados da Prefeitura Municipal. - página 45

Como?

A questão estrutural, necessária para mudar o paradigma presente nas pesquisas


habitacionais baseadas no consumo, é abordado como essencial para a compreensão
da questão habitacional. Desta maneira é apresentada bibliografia específica quanto à
vários temas ao longo do texto, sendo os principais: a maneira como a Primeira
República tratou a questão habitacional, ligada majoritariamente à escravidão, e o
deslocamento das populações de baixa renda nas reformas urbanas; os cortiços como
forma de provimento habitacional para a massa do proletariado durante o século XX;
reprodução da classe operária e formação da periferia através da autoconstrução,
loteamentos ilegais, etc.; o Estado como agente do processo de segregação territorial.

Assim, a autora percorre o texto insistindo na necessidade de se compreender


as forças produção e os agentes que as operam de modo não permitir apenas a
concentração dos esforços de pesquisa na descoberta de novos materiais ou nos
números de consumo, mesmo entendo a importância e o lugar destas pesquisas.

Para tanto, ela se apropria das pesquisas desenvolvidas por Gabriel Bolaff, Nilton
Vargas e Sérgio Ferro para a compreensão do canteiro, da produção e da provisão
habitacional brasileira, para em seguida se apropriar de conceitos e pesquisas de
Michael Ball e de David Harvey, inserindo a produção brasileira no panorama mundial e
se apropriando dessas pesquisas para demonstrar a necessidade de desenvolvermos
aqui produtos semelhantes para entender melhor a realidade e não sermos mais
deficitários desse conhecimento que se faz necessário para políticas públicas de
habitação capazes de responder à demanda e aos problemas dos centros urbanos
brasileiros verdadeiramente.

Se insistimos em fazer essa abordagem teórica e metodológica, é para


incentivar os pesquisadores brasileiros a esse desafio. E, apesar departe da
reflexão aqui feita ter se inspirado em autores que pensaram o capitalismo
central, nossa convicção é de que as assimetrias entre os países centrais e
periféricos são essenciais, acentuaram-se com a globalização e não podem
ser ignoradas quando se buscam alternativas de solução para nossa
realidade. – página 46

Por que?

O texto visa realizar uma crítica não exatamente às políticas habitacionais ou suas
formas de provimento, mas sim às pesquisas – majoritariamente às de caráter
acadêmico – que versam sobre a questão habitacional brasileira. A crítica se coloca
basicamente sobre a necessidade de que a pesquisa não gire ao redor apenas dos dados
de consumo concernentes às morarias, bem como deixem de versar apenas sobre os
meios de provisão de habitação com origem no poder público.

A abordagem da promoção pública ou das políticas públicas, isoladamente,


como é tradição em nosso meio acadêmico, impede a compreensão sobre sua
inserção nessa estrutura geral de provisão de moradias. – página 37

Desta maneira, a autora entende que a produção, o canteiro, o trabalho e as


outras formas de provisão (mercado privado, produção informal) devem ser levadas em
conta num mosaico, num quadro muito mais amplo do que aquele que normalmente se
vê, para daí então obter-se uma melhor compreensão do real estado da arte em que se
encontra a questão habitacional brasileira.

A autora se utiliza de exemplos do capitalismo central, como Europa e Estados


Unidos para ilustrar a questão, porém, sem perder o referencial de que numa economia
como a nossa, no capitalismo periférico é necessário uma análise diferenciada, mesmo
que utilizando-se em parte de instrumental estrangeiro aplicado à outra realidade.

Esse exemplo [o estudo de Ball (1988) para Europa e Estados Unidos] mostra
como a orientação adequada da pesquisa acadêmica pode nos conduzir para
uma compreensão mais ampla e cientifica da realidade. Não dispomos de
conhecimento que permita caracterizar as mudanças na estrutura de
provisão da moradia, sua evolução e adaptação à nova (des)ordem
internacional. Esse desconhecimento fragiliza o esforço na definição de
políticas para o enfrentamento de problemas tão graves como, por exemplo,
os que as nossas metrópoles apresentam. – página 46

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