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PRO MOVENDO O AUTO-C U I DA DO - TREINAMENTO E ASSISTÊNCIA

D E EN FERMAG E M A PACI E NT�S PORTADORES D E B EXIGA N E U ROG ÊNICA*

Maria Augusta Junqueira Azevedo* *


Maria Luiza d a Silveira Santa Maria** *
Luiza Maria Alonso Soler****

R ES U MO - Ne ste traba l h o , a s autoras fazem a l g u m as c o n s i d e rações s o b re a


e x e c u ção d a a s s i stên c i a d e e n f e r m a g e m e s pe ci f i c a m e n t e à p a c i ente s po rtad o re s
d e Bex i g a Ne u rogên i c a . A i n d i v id u a l id a d e d e ca d a p a c i ente é c o n s i d e rada para
que o s mesmos adquiram i n d e pe n d ên c i a n o auto-c u id a d o e c o n v i vam d a m e l h o r
m a n e i ra p o s s fv e l c o m a s s u a s l i m itações , fac i l i ta n d o , desta f o r m a , s u a r e i n t ro­
d u ção n a vida fam i l i a r e s o c i al. A p re s e n tam uma sonda d e vidro c o n fe c c i o n a d a no
H o s p ital d a s C l fn i c a s d a Fac u l d ad e d e M e d i c i n a d e R i be i rão Preto , u t i l i z a d a s o ­
m e nte para p a c i e n te s d o s e x o fem i n i n o , te nta n d o e stabe l e c e r e d e s e n vo l v e r u m
programa d e o r i e n ta çã o ao a u to-catete r i s m o i n te r m i te n t e .

ABSTRACT - T h e a u t h o r s m a k e s o m e c o n s i d e ration a b o u t a n u r s e a s s i st a n c e
p rog ram s p e c ialy d e s ig n e d fo r t h o s e pati e n t s with n e u ro g e n i c b la d d e r . Th e
i n d i v i d u a l ity of e a c h patients i s c o n s i d e red s o t h ey c a n b e c o m e i n d e p e n d e n t
reg a rd i n g t o t h e i r s e lf-carefu l n es s , g etti n g a l o n g a n d eve n o v e r c o m i n g c e rtain
l i m itation s , fac i l itatin g their r e i ntrod u ction in t h e s o c i a l a n d fam i l ia l e n v i ro u m e nt. A
new d e s i c e i s i ntrod u ce d . It i s a g la s s b u ilt probe f o r f e m a l e p ati e n t s . T h i s d e v i c e
w a s d e s ig ne d a n d a s s e m b l e d at t h e H o s p ital d a s C l fn ic a s d a F a c u l d a d e d e
M e d i c i n a d e R i b e i rão Preto . I t wi l l m a k e pos s i b l e t o s t a rt a n d d e ve l o p . a n
o r i en tati o n a l a n d s e lf- p ro b i n g p rog ram o

1 I NT RODUÇÃO

A expressão "Bexiga Neurogênica" é usada habi­ ' abaixo da medula sacra, não havendo reflexividade
tualmente para designar disfunção vesical decorrente , vesical.
de lesão do sistema nervoso. LEVY 1 o afmna que esta 3 - lesão do t ipo m isto, caracterizada por disso­
expressão é incorreta, pois significa que a bexiga se ciação de atividade entre o sistema autÔnomo e somá­
origina do sistema nervoso; o correto seria - disfunção tico - sendo esta "mais rara". São m61tiplas as causa­
vesical de origem neurológica. No entanto, a maioria das da Bexiga Neurogênica, que podem ser de origem
dos autores prefere o tenno bexiga neurogênica. adquirida ou congênita.
Segundo BORELLP "a micção nonnal está su­ BORS 2 salienta que qualquer lesão nervosa, que
jeita a mecanismos voluntários e involuntários, depen­ interfrra nos mecanismos pr6prios da bexiga, causará
dentes de centros nervosos que se escalonam desde modificações no seu funcionamento, independente da
o córtex cerebral até o plexo-intrÚlseco da pàrte vesi­ causa que levou ao problema nervoso.
cal. Assim, qualquer lesão nervosa que interfrra nesses SHAPIRO et alii 1 3 afmnam que entre inúmeras
mecanismos causará modificação no funcionamento da anomalias congênitas destacam-se as do desenvolvi­
bexiga. Teretnos então uma disfunção vesical de ori­ mento raquimedular. Faz parte deste grupo a espina
gem neurológica, ou uma "bexiga neurogênica". bffica (meningoceles, mielomeningocele) que muitas
De acordo com BORS2 vezes está associada à hidrocefalia.
"As lesões do sistema nervoso que interferem na Das causas adquiridas pode-se citar as de origem
micção podem ser de três tipos: orgânica como: tumores, acidente vascular cerebral,
1 - neur�nio m otor superior, quando estão lo­ acidente vascular medular, infecções (meningites, mie­
calizadas acima da medula sacra, conservando portan­ lites, encefalites e outras). As de origem mecânica são
to a atividade reflexa vesical. todos os tipos de traumatismos, ocasionados por aci­
2 - neur�nio m o tor inferior, quando a lesão é dentes automobilísticos, mergulhos em piscinas, rios

* Prêmio Zaira Cintra Vidal - 2� Lugar - 41 � Congresso Brasileiro de Enfermagem - Florian6polis-SC


** Diretora do Serviço de Enfermagem de Atendimento Integrado e Especializado - DE.4 - da Divisão de Enfermagem do
Hospital das Clfnicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo .
* * * Enfermagem da Seção de Atendimento IV -Ambulaldrio de Cintrgia do Hospital das Clfnicas da Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo
* * * * Enfermeira da Seção de Atendimento IV - Ambulaldrio de Endoscopia do Hospital das arnicas da Faculdade de Medicina
de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo

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ou lagos, annas de fogo, ánna branca e outros. mitente pela técnica limpa, não estéril, que consiste na
CAS S, S PENCE5, citam que as principais introdução de uma sonda limpa, previamente lavada
conseqüências da disfunção vesical são representadas com água e Sabão.
por hidronefrose, refluxo vésico-uretral e grau varia­ Existe uma tendência maior da aceitação deste ti­
do de incontinência ou retenção urinária. Ressalta ain­ po de procedimento pela facilidade de sua utilização
da, que a infecção urinária está presente em todos os fora 'de casa e por condizer com a realidade s6cio­
casos de disfunção vesical, como conseqüência do es­ econômica da maior parte dos pacientes portadores de
vaziamento incompleto da bexiga. bexiga neurogênica.
Atualmente a bexiga neurogênica é classificada K UGA 8 , recomenda que o volume drenado é o
pela resposta ou ação vesical e não pelo tipo ou locali­ que determina a periodicidade do cateterismo, isto é,
zação da lesão neurol6gica. Esta classificação é ini­ caso a drenagem seja maior que 250 ml, faz-se catete­
cialmente proposta por Mc LELLAN 1 1 e popularizada rismo a cada 4 horas, se menor a cada 6 horas. , É re­
por NES BIT et alii 1 2 • comendado por LAPIDES" que o volume nunca ul­
Diferentes problemas neurol6gicos podem, então, trapasse a quantidade de 400 mI.
resultar em uma "resposta"' semelhante da bexiga, isto Diante do número de pacientes portadores de Be­
é, bexiga neurogênica do tipo não Inibida, Reflexa, xiga Neurogênica que chegavam ao ambulat6rio de
Paralítico-motora, Paralítico-sensitiva e autÔnoma. Urologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de
Para melhor classificação do tipo de bexiga neu­ Medicina de Ribeirão Preto, observando que a equipe
rogênica, é importante considerar alguns componentes
' médica orientava esses pacientes de diferentes formas,
funcionais da bexiga normal, tais como: surgiu a preocupação por parte das enfermeiras, de
- a micção pode ser iniciada ou interrompida vo­ sistematizar o acompanhamento e as orientações a es­
luntariamente; ses pacientes.
- a sensação vesical para "quente" ou "frio", as­
sim como a distensão está intacta; 2 OB J E T I VO
- a primeira solicitação para esvaziamento da be­
xiga ocorre, normalmente, com 1 50 m1 de urina; Estabelecer e desenvolver um programa de orien­
- a capacidade vesical varia entre 350 a 500 mil; tação ao auto-cateterumo intermitente em pacientes
- a pressão endovesical permanece baixa durante portadores de Bexiga Neurogênica, visando a reedu­
o enchimento gradual da bexiga, até que a capacidade cação da função vesical, facilitando sua reintrodução
total esteja preenchido (o músculo liso tem a proprie­ na vida familiar e social.
dade de "acomodação");
- contrações não inibidas não devem ocorrer; 3 M E TODOLOG I A
- o reflexo bulbocavernoso está presente;
- a sensibilidade perineal permanece. Este estudo foi desenvolvido no ambulat6rio de
Podem ser usadas algumas modalidades diagn6s­ Bexiga Neurogênica do Hospital das Clínicas da Fa­
ticas como o teste de água gelada, eletromiografia e culdade de Medicina de Riberão Preto em um con-
exames urodinâmicos para esclarecimento de difllcul­ sult6rio disponível. ,
dades relacionadas do tipo de bexiga neurogênica. Es­ Os 29 pacientes incluídos no programa incialmen­
tes testes ou procedimentos são realizados pela equipe te eram avaliados pelo médico urologista, após exame
médica no momento da avaliação do paciente. físico, exames laboratoriais de uréia, creatinina, urina
Os pacientes com essa disfunção de modo geral tipo I, urocultura, urografia excretora, uretrocistogra­
utilizam -se da sondagem vesical de demora para que fia miccional e urodinâmica. Constatada a indicação
haja eliminação do volume de urina residual a qual do auto cateterismo o paciente era encaminhado à en­
freqüentemente pode acarretar infecção urinária. fermeira.
Sabe-se porém que a sondagem vesical de demora
pode trazer algumas conseqüências, tais como: ffstu­ Etapas do P rograma de R eeducáção vesical
las, infecções, bem como podem tornar a bexiga
inelástica dificultando a reeducação da função vesical. A enfermeira solicitava ao paciente informações
Baseado nisto o cateterismo intermitente tem sido relativas ao funcionamento da bexiga antes da insta­
recomendado como o método de escolha para promo­ lação da lesão medular, avaliação da sensibilidade, se
ver o esvaziamento e a reeducação vesical. há sensação de bexiga cheia e conseqüentemente von­
GUTTMA N e FRANKEU foram os precursores tade de urinar.
desse método. Em 1 966 realizaram um estudo durante O aspecto psicol6gico foi considerado à medida
10 anos com 476 pacientes com lesão medular, utiliza­ que não iniciávamos a orientaç�o e treinamento da
ram o cateterismo intermitente com técnica rigorosa­ técnica propriamente dita quando o paciente referia
mente asséptica. "medo" , "insegurança" etc.
COMARR 6 em 1 972 introduziu o cateterismo Após esta fase iniciava-se a orientação através de
vesical intermitente realizado por técnicos ou pelos um diálogo com o paciente e a fanúlia, onde eram
próprios pacientes utilizando uma técnica asséptica transmitidas noções de anatomia e fisiologia do apare­
menos rigorosa. lho urinário, noções de assepsia, a necessidade e im­
LAPIDES et alii " , baseados na teoria de que os portância da bexiga ser esvaziada em intervalos
fatores de resistência do hospedeiro e o mecanismo freqüentes através de uma sonda vesical. Neste mo­
vesical são mais importantes na prevenção de infecção mento era apresentado o material a ser utilizado; a
urinária do que a introdução da bactéria no trato sonda vesical de "vidro" para pacientes do sexo femi­
urinário de pacientes com bexiga neurogênica , intro­ nino e sonda vesical nelaton para o sexo masculino . .
duziram o método do auto-cateterismo vesical inter- Eram enfatizados os. beneficios advindos desta

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técnica e as dóvidas apresentadas, repondidas, apro­ no e feininino, descritas nos anexos I e 11.
veitando para enfocar a necessidade de grande quanti­ A orientação era feita para que a sondagem vesi­
dade de líquidos para a manutenção de um bom fun­ cal fosse realizada a cada 3 horas, observando se havia
cionamento renal. perda de urina nos intervalos, quantidade de urina
Proporcionava- se ao paciente o reconhecimento drenada, características das mesmas , higiene fotima,
de seu 6rgão genito - urinário, de maneira que a enfer­ lavagem das mãos, manutenção e conservação da son­
meira pudesse iniciar o desenvolvimento da técnica do da. Solicitávamos a observação de todas as inter­
cateterismo intermitente limpa. corrências e dificuldades existentes a fun de que
Inicialmente a técnica era demonstrada passo a pudéssemos alterar o programa conforme a necessida­
passo pela enfermeira com a devolução da mesma pelo de; marcava- se retorno com a enfermeira 'em uma se­
paciente ou familiar que o acompanhava; coIbia- se mana para avaliação e alterações necessárias .
urocultura antes de iniciar o auto - cateterismo, escla­ Mensalmente o paciente era avaliado pela enfer­
recendo que a técnica é distinta para os sexos masculi- meira e pelo médico com controle de uroculturas.

4 R E SULTADOS E COM E N TÁR IOS

TABELA I - Distribuição dos pacientes portadores de Bexiga Neurogênica, segundo as causas que o levaram
a uma disfunção vesical e sexo, atendidos no Ambulatório de Urologia, outubro de 1986 a maio
de 1989 - Hospital das Clfoicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de
São Paulo.

* causas que levaram


disfunção vesical
� Masc. Fem. Total
Mielomenin2occle 2 8 10
Acidente de carro 1 5 6
Mielite transversa - 2 2
ina bffida
Ese.., - 2 2
ACldente de moto 1 - 1
Ferimento p/arma de fogo 1 - 1
MlelOradecuIopatía - 1 1
Tumor medular - 1 1
Neurofibromatose - 1 1
Outras - 4 4.
Total 5 24 29

Conforme mostra a Tabela I, as causas que po­ rismo. Das 22 pacientes do sexo feminino apenas duas .

dem levar a uma disfunção vesical são variadas. Evi­ fizeram uso da sonda nelaton, pois as mães não se sen­
denciou - se ainda que não há predominância do sexo tiram seguras para usar a sonda de vidro.
feminino nos casos estudados, conforme preconiza a . A sonda de vidro é confeccionada no proprio
literatura consultada. Hospital das Clfoicas e fornecida às pacientes que rea­
Os 7 pacientes do sexo masculino utilizaram a lizam o auto- cateterismo.
sonda vesical nelaton para a realização do auto Catete-

TABELA lI - DistribUição dos pacientes portadores de Bexiga Neurogênica atendidos no ambulatório de


Urologia, segundo intervalo de tempo de cateterização · e sexo, de outubro de 1986 a maio de
1989 no Hospital das Clfoicas da Faculdade de Medicina de I.Ubeirão Preto da Universidade de
São Paulo.

'
intervalo de tempo �.
M asc. Fem. Total
1 2 em 12 horas 1 � 3
8 em 8 horas 2 1 3
6 em 6 horas 1 6 7
4 em 4 horas - 1 1
3 em 3 horas - 1:) 15
Total 4 25 29

• CaUSlis da diafimçAo

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Na Tabela II o paciente que utilizou o auto cate­ au�o-�a�terismo apresentaram episódios de infecção
terismo a cada 1 2 horas apresentou vontade de urinar, �rinária mtercaladas com contaminação por E.coli; ul­
usando o coletor de urina nos intervalos; apreSentou timamente as culturas estão negativas.
um alto fndice de infecção urinária em vista do volume Do total de 29 pacientes podemos afirnIar que 20
residual existente. O cateterismo intermitente era rea­ d�les ating� o objetivo proposto por n6s, eviden­
lizado pela esposa. _ da técnica correta de auto-catete­
CIadO pela aplicaçao
As pacientes de sexo feminino que utilizaram o rismo e conseqüente diminuição de infecções urinárias
auto-cateterismo a cada 12 horas eram crianças e per­ e contaminações.
diam urina nos intervalor. Os resultados das urocultu­ Duas pacientes que apresentaram resistência ao
ras foram n�gativos e as -mães é que realizaram as desenvolvimento do auto-cuidado, talvez necessitas­
sondagens. sem de um outro tipo de abordagem.
Três pacientes realizaram a sondagem a cada 8 Quanto às sete pacientes que abandonaram o pro­
horas; no primeiro deles a sondagem era feita pela es­ grama, no momento estamos procurando chamá-las de
posa, sendo que a cultura apresentou contaminação volta ao programa através de cartas. Caso isto não ob­
por E. coli, necessitando o paciente de quimioprofIla­ tenha resultado, tentaremos através do Serviço de En­
xia; o segundo paciente era sondado pelo pai e as cul­ fermagem de Satíde Ptíblica realizar uma visita domi­
turas foram negativas. A terceira paciente, do sexo c � e verificar em que condições se encontram estas
feminino, permaneceu um período longo com sonda pacIentes.
vesical de demora com infecções urinárias repetidas.
Ap6s o início do auto-cateterismo apresentou três re­
sultados de cultura com contaminação, recebeu trata­
mento e até o momento as culturas estão negativas.
Das sondagens realizadas a cada 6 horas uma pa­ 5 CO N S I D E R AÇÕES F I N A I S
ciente apresenta bastante resistência ao tratamento,
não fazendo controle de urocultura e apresentando in­ É necessária a conscientização do paciente de sua
fecções urinárias freqüentes, necessitando alterar a limitação na eliminação vesical; portanto devemos es­
sondagem para 4 horas. Mesmo apresentando cultura timular para que ele se torne responsável pela manu­
negativ�, a paciente continua fazendo uso de quimio­ tenção das condições ideais de esvaziamento da bexi­
profIlático, fato este, talvez decorrente das próprias ga; essa conscientização deve ser extensiva aos fami­
dificuld�des e re�istência que a paciente apresentou liares que cuidam dos mesmos.
para aceItar as onentações e realizar o cateterismo em É muito importante a participação ativa do pa­
intervalos menores. ciente para que possa se tornar independente.
Um paciente apresentou culturas positivas com As dificuldades são enormes, a persistência da
perda de urina nos intervalos, alterou-se a sondagem enfermeira, nas orientações junto ao paciente e sua
para o intervalo de 3 em 3 horas e as culturas torna­ família são de extrema importância, sendo este um
ram-se negativas. processo demorado pode levá-los, enfermeira e pa­
Uma paciente foi orientada na enfermaria a usar ciente, ao desânimo e a vontade de desistir, pois no
sonda de vidro e as infecções urinárias persistiram até decorrer do programa depara-se com frustações e de­
novembro de 1988. Não mais compareceu para ava- cepções.
. Nosso trabalho encontra-se em processo de con­
liação.
As quatro pacientes restantes apresentaram no tinuidade, cabendo salientar que as condições encon­
período de dois anos uma média de quatro epis6dios tradas para o desenvolvimento da técnica do auto-ca­
de contaminação por E. coli, foram tratadas e atual­ teterismo não são adequadas pois não se dispõe de um
mente as culturas permanecem negativas. local próprio, utilizando-se de um consult6rio disponí­
A paciente que realizava a sondagem a cada 4 ho­ vel para a orientação e treinamento do paciente.
ras é menor de idade, iniciou o cateterismo com nela­ A utilização correta da técnica pode permitir ao
ton em junho de 1 988, necessitou' colher urocultura a indivíduo recuperar a função dentro de um período de
cad� 1 5 dias em vista das contaminações e infecções tempo mais curto. _

perSIStentes. Em novembro a mãe concordou em utili­ Para que o acompanhamento do paciente seja
zar a sonda- de vidro e as culturas tornaram-se negati­ mais eficaz, solicitaremos uma visita domiciliária ao
vas. Serviço de Saúde Pública existente na Instituição e di­
Das pacientes que realizaram a sondagem li cada vulgaremos os resultados do trabalho à toda Divisão
3 horas, ape!1as uma é resistente ao tratamento; pa­ de Enfermagem para maior interação e uniformidade
ciente de difícil entendimento e realiza técnica incor­ nas orientações.
reta apresentando infecções urinárias freqüentes. Des­ Cientes da nossa função educativa e acreditando
te mesmo grupo de 15 pacientes, sete delas não mais no processo de reeducação vesical pretendemos conti­
compareceram para avaliação e, na época, apresenta­ nuar o programa buscando aprimorá-lo. E desta ma­
vam infecção urinária, recebendo tratamento quimio­ neira esperamos alcançar uma melhor assistência ao
profIlático. As sete pacientes restantes no início do paciente, promovendo seu auto-cuidado.

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A N EXO I

T ÉC N I C A DO AUTO-C A T E T E R I S MO I N T E R M I T E N T E P A R A PAC I E N T E S DO
S EXO F E M I N I NO

- lavagem das mãos


- decúbio dorsal, semi-sentada, pernas fletidas e joelhos separados
- coloca-se o espelho entre as pernas para melhor visualizaç�o do meato urinário
- exposição dos 6rgãos genitais
- higiene íntima com água corrente e sabão no sentido antero- posterior
- com a mão esquerda separa os pequenos lábios
- visualiza o meato urinário
- com a mão direita introduz a sonda vesical de vidro vagarosamente até a saída da urina
- deixar a urina escoar no recipiente pr6prio ou vaso sanitário
- aguardar toda a saída da urina
- puxar a sonda vagarosamente para garantir a saída de toda a urina
- fazer uma leve compressão sobre o abdomen para o completo esvaziamento da bexiga -
- retirar a sonda de vidro cuidadosamente
- medir o volume urinário
- observar cor, odor e características da urina
- lavar a sonda-com água corrente e sabão
- ferver durante 10 a 15 minutos
- secar e �uardar em um recipiente limpo ou envolvido em um pano limpo passado a ferro.
Observação: � É reforçada a importância de as serem curtas e limpas para evitar contaminação e traumatismo.
tlSmo.
• A posição utilizada pela paciente ficará a seu critério, desde que sejam obedecidos os princípios
de higiene

A N EXO 11

T ÉC N I C A DO AUTO-C A T E TE R I S MO I N T E R M IT E N T E P A R A PAC I E N T E S DO
S EXO MASCU L I NO

- lavagem das mãos


- decúbito: sentado .
- exposição dos genitais .

_ higiene íntima com água corrente e sabão, reforçando a limpeza da glande pelo menos uma vez ao dIa
_ colocar o pênis em posição perpendicular ao abdomen
- lubrificar a uretra cOm xylocaína gel
_ introduzir a sonda de nelaton n� 1 2 vagarosamente até a saída da urina
- voltar o pênis em posição paralela ao abdomen
- deixar a urina escoar no recipiente próprio
- aguardar a saída de toda a urina .
- puxar a sonda vagarosamente para garantir a saída de toda a urina . .

_ fazer uma leve cdmpressão sobre o abdomen para o compl!!to esvazIamen.to da beXIga
- retirar a sonda nelaton cuidadosamente
- medir o volume urinário
- observar cor, odor e características da urina
- lavar a sonda com água corrente e sabão
- ferver a sonda durante 10 a 1 5 minutos
_
secar e guardar num recipiente limpo ou envolvido em um pano limpo passado a ferro.

A N EXO 111

C R I A N Ç A S QU E U T I L I ZA M DO AUTO-C A T E TE R I S MO

- Em casos de crianças a técnica é orientada para pessoa responsável que irá executar o procedimento. Em
crianças do sexo feminino com menos de 6 meses de vida utilizamos as sondas nelaton n�s 6, 8 ou 10 para
depois introduzirmos a sonda de vidro.

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R E F E R Ê N C I A S B I B L IOG R Á F I CA S

1 BORELLI, M. Cirurgia do refluxo vesico-ureteral, tlssocia­ paraplegia and tetraplegia. Paraplegia, 4: 63-84, 1 966.
da ao treinamento vesical na bexiga neurogênica congê­
nita (neuronio motor inferior). Tese apresentada à Fa­ 8 KUGA, C .K. Assistência de Enfermagem a pacientes com
culdade de Medicina da Universidade de São Paulo - traumatismo da coluna vertebral darso-Iombar. 1 986
USP, para concurso de livre docência da disciplina de (mimeografado).
Urologia de Cl!nica Cin1rgica, São Paulo, 1 976.
9 LAPIDES , J. et alli. Clean, intemrittent self-catheterization
2 BORS , E., COMARR, A .E. Classification N.eurological in the treatment of urinary trart disease. J. Urol. 107:
Urology Baltimore: University Park Press, 1 97 1 . 458-46 1 , Mar., 1 972.

3 CAMPEDELLI, M.C. e t alli Processo de Enfermagem na


10 LEVY , J.A. Cistometria: seu valor no diagnóstico de
prdtica. 1 ed. São Paulo: Á tica, 198 9 . capo 4, p. 43-56.
alecções neurológicas. São Paulo: Faculdade de Medi­
cina da USP, 1 958, 257 p. Tese (Doutorado).
4 CARVALHO, E.R. et alli. Bexiga Neurogênica um pro­
blema de enfermagem. Revista Brasileira de Enferma­
1 1 MC LELLAN, F.C. The neurogenic bladder. Springfield.
gem 2 9: 40-44, 1 976. . Illinois: Charles C. Thomas, 1 939.
5 CAS S , A.S., SPENCE, A.R. Urinary incontinence in mye­
Iomeningocele. J. Urol. l 10: 1 36- 1 37, 1 973.
12 NESBIf, R.M., LAPIDES, J. and BAUM, W.C. Funda­
6 COMMAR, A.E. lntemrittent catheterization for the trau­ mentais of Urology. Ann Arbor Michigan J. Edwards, p.
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1 972.
13 SHAPIRO , R.M. et alii The incidence of congenital anoma­
7 GUT TMAN, L., FRANKEL, H . The value of intemrittent lies discovered in the neonatal period. Am. J. Surg. 96:
catheterization in the early management 01 traumatic 396-400, 1 958.

R. Bras. Enferm., B rasnia, 43 (1, 2, 3/4): 52-57,janJdez. 1 990 57

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