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ABSTRACT: The regional approach reflects the society-nature inter-relation in different nuances going
from the onstruction of the geographical space. The focus of the research was defined from the
objectives proposed for the regional analysis, once the same embodies the human aspects and
the relations that mantain between each other in the production and reproduction of the space.
Having as central focus the southern regional matter (in Rio Grande do Sul), it was proposed
the regionalization of the state, considering its geoeconomical aspects. Such proposition of
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study divided seven geoeconomic regions and sub-regions, in which the main productive
activities of the state were developed, based, mainly, in farming. Considering the transfor-
mations imposed here by capital, as reorganizer agent of the spacial standards, and responsible
for its flexibility, front to the requirements imposed by the globalization process, it was tried to
classify the geoeconomic regions according to its dynamics and according the new economic
agents that are inserted in this space. It was possible to observe that, therefore, the similarities
and singularities materialized in the state territory throught the accumulation of practices
turned to the economical production, strictly linked to the question of cultural identity because
of the expression of regionalism in the Rio Grande do Sul state.
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fundiária, ou seja, a pequena e a grande propriedade; maçã, banana, pêssego, laranja, tangerina. Já, na
áreas com potencial industrial representativo; áreas pecuária, as variáveis de maior destaque foram:
com disponibilidade e outras com falta de mão-de- bovinos, suínos e aves (incluindo galos, galinhas e
obra; áreas com potencial turístico; áreas privilegiadas pintos), considerando o número de cabeças por
pela presença da malha viária, áreas com escoamento município.
da produção e áreas com presença de novas cadeias
produtivas como a da fruticultura e do florestamento Além disso, procurou-se demonstrar, em
que buscam dinamizar, principalmente a Metade Sul cada região geoeconômica, as áreas com maiores e
do Rio Grande do Sul. menores rendimentos médios para cada produto
dominante. Isto permitiu verificar que as unidades
O laboratório de estudo desta pesquisa territoriais mais produtivas são aquelas que aliam as
constitui-se nos 496 municípios que compõem atual- potencialidades físico-naturais aos investimentos
mente o território gaúcho. Para cada unidade terri- tecnológicos.
torial foram coletadas informações referentes às
variáveis que se faziam presentes na mesma, sendo Salienta-se que as informações referentes ao
este o critério determinante para subsidiar o agrupa- florestamento basearam-se no eucalipto, pinus e
mento dos municípios e posterior formação da região acácia e foram coletadas em sites específicos sobre
geoeconômica que o mesmo viria compor. É impor- a temática, reportagens em jornais de circulação local
tante salientar que, na escolha das variáveis que e estadual, além de informações junto as prefeituras
caracterizaram o município, o critério estabelecido dos municípios em que esta cadeia produtiva está se
foi o de maior área plantada, sendo este, portanto, o inserindo.
elemento que levou a individualizar os recortes
espaciais. Definidas as variáveis, delineou-se a parte
prática da pesquisa. A investigação baseou-se em
Embasado na fundamentação teórica, sele- fontes primárias realizadas através de trabalho de
cionou-se os critérios que nortearam a regionalização campo (entrevistas) junto aos municípios, aferindo
geoeconômica proposta, bem como as variáveis e os as variáveis referentes à temática em estudo. Para-
atributos que foram selecionados para esta regiona- lelamente, utilizou-se de fontes secundárias através
lização. As variáveis utilizadas foram a área plantada de dados estatísticos fornecidos pela Fundação de
dos produtos selecionados, a produtividade e o Economia e Estatística (FEE); Fundação Instituto
rendimento médio da produção. Além disso, se con- Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referente
siderou, para análise, o PIB, a inserção do muni- ao período de 2003/2004/2005; Secretaria de Plane-
cípio na economia do Estado, entre outros fatores. jamento dos Municípios; Secretaria de Agricultura
dos Municípios, Conselhos Regionais de Desen-
Para esta fase, primeiramente, realizou-se a volvimento (COREDES); Assembléia Legislativa do
coleta de dados no site do IBGE (www.ibge.gov.br/ Rio Grande do Sul e demais órgãos estaduais e
@cidades), referente às variáveis selecionadas. Na municipais.
agricultura, coletaram-se dados sobre área plantada
(ha), quantidade produzida (tons.) e rendimento Ressalta-se que os dados coletados foram
médio (kg/ha). Há que se destacar que as variáveis tabulados em planilhas previamente elaboradas no
referentes à agricultura se subdividiram em lavouras software Word, possibilitando, posteriormente, sua
temporárias e lavouras permanentes. Nas lavouras inserção no software ArcView GIS 3.2a. Este possi-
temporárias, as culturas mais significativas do Estado bilitou agregar os dados que foram a base para as
gaúcho foram: arroz, soja, trigo, milho, fumo, feijão, etapas de análise, interpretação e espacialização dos
batata-inglesa e mandioca. Com relação à lavoura mesmos. Paralelamente, foram sendo gerados os
permanente, as variáveis selecionadas foram: uva, recortes espaciais responsáveis pela formação das
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Porto Alegre, na qual se localiza um dos principais principalmente nos municípios localizados a noroeste
pólos industriais gaúchos. Portanto, a expressividade desta região constitui-se em outra transição, uma vez
do setor primário desta região é menor à medida que que a região 7 foi individualizada por esta cultura.
se aproxima da Região Metropolitana, pois a eco-
nomia dos municípios que a circunda está alicerçada Outro elemento que caracterizou este recorte
ao setor secundário (químico, metal-mecânico, espacial e, portanto, o difere dos demais é a presença
moveleiro, coureiro-calçadista, entre outros). No do florestamento, que é uma atividade importante,
entanto, como esta proposta de regionalização teve pois agrega valor na base econômica dos diversos
como critério o setor primário, foram considerados municípios que compõem esta região geoeconômica.
os principais produtos da agropecuária desta região.
Desta forma, fica evidente que o setor secundário se A pecuária tem expressão significativa nesta
sobressai ao primário, o que explica a baixa produção região através dos bovinos de corte. Ressalta-se que
agrícola dos municípios desta região. Entretanto, à esta região caracteriza-se por municípios de maiores
medida que se distancia da Região Metropolitana de dimensões territoriais resultantes da presença da
Porto Alegre, as unidades territoriais passam a ter pecuária, atividade característica de seu processo
maior expressão através do setor primário, consti- histórico de formação econômico-territorial.
tuindo-se numa área de transição para as regiões
circunvizinhas (regiões geoeconômicas 2, 4, 5 e 6). (f) Região Geoeconômica 6 – Foi gerada
pelo predomínio da cultura da banana, uma vez que
(d) Região Geoeconômica 4 – Foi gerada esta cultura individualizou-se como produto-chave
pelo predomínio da cadeia produtiva da uva e, na para originar esta região geoeconômica. Além da
pecuária, pela presença da avicultura. Em relação as banana, também é expressiva a cultura do abacaxi e
outras regiões geoeconômicas, a 4 apresentou uma do palmito. O turismo evidencia-se como uma ati-
singularidade, caracterizando-se por ser uma das vidade predominante na maior parte dos municípios
regiões que se individualizou espacialmente através que compõem esta região, uma vez que se carac-
da lavoura permanente, baseada na uva. Tal fato terizam como municípios litorâneos, tendo no período
justifica-se por ser uma cultura característica da de veraneio sua economia voltada para esta atividade.
colonização italiana que se apropriou economi-
camente deste espaço via processo colonizador, que Salienta-se que a atividade turística agrega
tinha estas áreas como prioritárias para as correntes valores para a economia destes municípios princi-
migratórias européias. Paralelamente à agricultura, a palmente nos períodos de férias (dezembro, janeiro,
atividade pecuária também se faz presente através fevereiro e, também em julho), mas a base econômica
das aves, criação típica das áreas coloniais do Estado da região está alicerçada nas culturas temporárias da
gaúcho. banana, do abacaxi e do palmito, que se constituem
na base do setor primário desta região.
(e) Região Geoeconômica 5 – Foi estrutu-
rada considerando-se o predomínio da cultura da (g) Região Geoeconômica 7 – Foi estrutu-
maçã. Esta região foi individualizada como um rada pelo predomínio das culturas de soja, trigo e
recorte espacial resultante da lavoura permanente. É milho e, na pecuária, pelos bovinos e aves. A cultura
importante salientar que a existência de outras culturas da soja foi o principal fator para individualizar esta
de menor expressividade, como é o caso da batata- região geoeconômica, pois predomina em área
inglesa, se fazem presentes, principalmente, nos plantada na maioria dos municípios que a compõe.
municípios de São Francisco de Paula, Cambará do Também se apresentam como culturas expressivas
Sul, entre outros, os quais fazem transição com a o trigo e o milho. O trigo, constituindo junto com a
região geoeconômica 3, na qual esta cultura apresenta- soja o binômio trigo-soja é responsável pelo início
se como produto característico. A presença da soja, do processo de modernização no Rio Grande do Sul,
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a partir da década de 70. Por outro lado, o milho, final, composta de 7 regiões geoeconômicas e suas
bastante significativo nesta área e em outras do Estado sub-regiões.
gaúcho, destaca-se por ser uma alternativa à cultura
da soja, proporcionando até três safras anuais. 5. Posteriormente, as sete regiões geoeco-
nômicas foram reorganizadas, adaptando-se à regio-
É uma cultura mais resistente que a soja, nalização de Bacelar (1999), em três regiões: regiões
suportando as estiagens que ocorreram no Estado dinâmicas e competitivas; regiões em processo de
na última década. Além disso, é uma cultura básica reorganização espacial e regiões com pouco potencial
para retroalimentar a cadeia produtiva da avicultura e utilizado.
da suinocultura, que tem se expandido de forma gra-
dativa na porção centro-norte do Rio Grande do Sul. Quanto a etapa de elaboração dos mapas,
utilizou-se o software ArcView GIS 3.2a, desde a
É importante ressaltar que a região geoeco- constituição do banco de dados até a elaboração dos
nômica 7 foi recortada em duas sub-regiões através layouts finais dos mesmos.
da pecuária bovina e das aves. A sub-região 7 A,
resultou em uma descontigüidade espacial através Assim, a primeira etapa consistiu-se na ela-
da pecuária bovina, e constitui-se numa área de boração do banco de dados, contendo as informações
transição da região geoeconômica 1 (pecuária, arroz, referentes aos municípios gaúchos no que tange à
soja), e da região geoeconômica 5 (maçã e pecuária). produção agropecuária.
Esta sub-região resgata o processo histórico de
ocupação territorial destas regiões e que teve na O banco de dados estruturado serviu de base
pecuária a sua base econômica, a qual foi, no decorrer para estabelecer os cruzamentos entre as variáveis
do tempo, via introdução do capital, atrelada à pré-selecionadas, gerando os mapas de acordo com
agricultura, a responsável pela presença das culturas as variáveis que melhor regionalizaram os distintos
temporárias da soja e do trigo. espaços econômicos gaúchos.
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Posteriormente, fez-se o cruzamento das que a mesma possa auxiliar a tomada de decisões
variáveis em estudo no software ArcView e, conco- consistentes para prever ações voltadas para o
mitantemente, analisou-se as mesmas com o intuito desenvolvimento do Rio Grande do Sul e, desta for-
de identificar a espacialização das que melhor apre- ma, integrá-lo no espaço nacional, auxiliando a
sentaram uma regionalização econômica e espacial inserção competitiva do Brasil no mundo em glo-
no Estado. balização.
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Em contrapartida, a porção leste da região cuária tradicional, o florestamento está sendo im-
geoeconômica 1, que abrange o litoral rio-grandense plantado em áreas próprias, adquiridas via desmem-
também compõe a matriz tradicional. No entanto, bramento das grandes propriedades. Há o rompi-
paralelamente a essas atividades, temporariamente mento das práticas tradicionais de exploração deste
desenvolve-se a atividade turística, bastante signi- recorte espacial, ou seja, as atividades pecuaristas e
ficativa para os municípios desta região geoeco- lavoureiras cedem espaço para a posterior produção
nômica. Salienta-se que a presença da agropecuária de madeira, via inserção do capital.
é expressiva, sendo uma atividade responsável pela
base de sua economia, cabendo ao turismo uma Nesse contexto, individualizou-se a região
atividade complementar, desenvolvida no período de geoeconômica 1, marcada pela matriz produtiva da
veraneio. pecuária de corte e do arroz, associada às lavouras
de soja, fumo e milho, as quais individualizaram três
A presença de novos arranjos econômicos, sub-regiões geoeconômicas, juntamente com outras
representados pelas cadeias produtivas da fruticultura atividades que vieram agregar valor a este espaço
e do florestamento, estão buscando dinamizar este produtivo, como a fruticultura e o florestamento. Esta
recorte espacial. A fruticultura surge como cadeia situação atesta que uma região não pode ter seus
produtiva em expansão, com destaque para os limites fixos, uma vez que, na atualidade, a descon-
cítricos, a uva, o pêssego e o figo. A presença desta tinuidade espacial também permite individualizar
atividade econômica foi incentivada por políticas regiões e/ou sub-regiões, pois as ações humanas
públicas de financiamento, fomentadas pelo governo tornam o espaço dinâmico, fazendo com que haja
estadual, através do Programa Estadual de Incentivo mudanças ao longo do tempo, mesmo em uma base
à Fruticultura (PROFRUTA). Ressalta-se que esta espacial com características semelhantes. Tal fato
iniciativa tem apoio dos pequenos produtores rurais reflete a dinâmica regional.
que apostam na fruticultura como uma alternativa
para dinamizar a Metade Sul do Estado. O segundo recorte espacial estabelecido para
o Rio Grande do Sul constituiu a região geoeco-
Desse modo, novos pólos produtores da nômica 2, que foi individualizada pelas culturas do
cadeia produtiva da fruticultura têm surgido no fumo e do milho. Possui uma peculiaridade em re-
Estado, localizando-se, principalmente, no extremo lação às demais, ou seja, caracterizou-se pela deli-
oeste e no centro-sul da região geoeconômica 1, mitação de duas áreas não contíguas no território
representados pelos cultivos da uva e dos cítricos, gaúcho, demonstrando a dinâmica que, na atualidade,
principalmente a laranja e tangerina. assumem a questão regional em decorrência da
assimilação distinta do capital e da técnica em
No que se refere ao florestamento, os inves- determinadas áreas. Portanto, cada vez mais, o
timentos têm se concentrado na porção oeste desta espaço caracteriza-se por uma heterogeneidade que
região geoeconômica, principalmente nos municípios o distingue dos demais, ou seja, uma região geoeco-
que compõem a sub-região 1A. Esta atividade nômica de outra. Assim, estabeleceram-se dois re-
econômica caracteriza-se pelo investimento de gran- cortes espaciais, um ao norte e o outro ao sul desta
des grupos ligados à produção de celulose, como o região geoeconômica.
Grupo Votorantin-Celulose e Papel (nacional), a Ara-
cruz Celulose (nacional), e a Stora-Enso (sueco- A característica essencial da região geoeco-
finlandeza), que alicerçam sua produção no plantio nômica 2 está assentada na produção fumageira,
de pinus e eucalipto em grandes áreas. Distintamente principal geradora de renda e tributos aos municípios
do que ocorre com suas culturas agrícolas (arroz, que a compõe, uma vez que a mesma se constitui
soja, fumo e milho) que se inseriram neste recorte em um produto altamente rentável. Esta produção
espacial, através do arrendamento das terras da pe- desenvolve-se em pequenas propriedades, com mão-
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desde as áreas mais declivosas até os vales inter- frota de transporte rodoviário para escoamento da
montanos da região geoeconômica 4. Os parreirais produção.
formam uma paisagem típica na qual estão localizadas
as vinícolas que fazem parte de uma rota turística, A configuração natural da paisagem, com-
denominada Rota do Vinho. posta pelas maiores altitudes do Estado, aliada à
estação de inverno e a probabilidade de ocorrência
Além da produção primária, outras atividades de neve, fenômeno raro no Brasil, viabiliza a ati-
se concretizam e contribuem para a sua dinâmica vidade turística nesse recorte espacial. Trata-se, por-
socioeconômica, como o turismo e a indústria. Sa- tanto, de uma atividade expressiva para a economia
lienta-se que os aspectos físico-naturais, formados dessa região geoeconômica, com destaque para o
pelo conjunto de vales e montanhas, aliados aos as- conjunto de canyons (Itaimbezinho, no Parque Na-
pectos históricos da colonização, preservam os traços cional dos Aparados da Serra), trilhas e cascatas, o
culturais das etnias que vieram compor o Rio Grande que garante atrações durante o ano todo, não de-
do Sul. Destacam-se, principalmente, os códigos pendendo unicamente da estação mais fria.
culturais da imigração italiana, formando uma paisa-
gem singular, bastante requisitada pelos turistas. Além No que se refere à região geoeconômica 6
como a relevância do parque industrial, segunda seu recorte espacial caracterizou-se em função da
maior concentração do Estado, formado em função produção da banana. A produção da banana é bas-
das cadeias produtivas da uva e do turismo. Paralela- tante significativa para os municípios que compõem
mente, instalaram-se, nessa região geoeconômica, as esta região geoeconômica, constituindo-se na base
indústrias têxteis, (que suprem as “famosas malharias da economia ao longo do ano e responsável pela sua
da Serra gaúcha”), de calçados, de bebidas (vinícolas) inserção e manutenção no mercado consumidor local
e moveleiras, além das indústrias metal-mecânicas. e regional. Além da banana, destacam-se as culturas
do abacaxi e do palmito, como uma alternativa para
A diversificação da produção confere a este diversificar a produção desta região geoeconômica,
recorte espacial inúmeras possibilidades de dinamizar o que possibilita agregar renda ao pequeno produtor
a economia dos municípios que a compõe, criando rural. Por se tratar de municípios litorâneos, durante
oportunidades e viabilizando o pleno desenvolvimento o período de veraneio, há um incremento na eco-
geoeconômico. nomia local via atividade turística. O turismo cons-
titui-se numa atividade geradora de renda para os
A produção agrícola da região geoeconômica habitantes desta região geoeconômica, dinamizando
5 caracteriza-se como um dos setores mais produtivos a economia e proporcionando novas perspectivas de
economicamente, com ênfase para o cultivo da maçã. desenvolvimento local/regional/nacional. No entanto,
Juntamente com as regiões 4 e 6, a região geoeco- tal atividade é mais significativa no verão, ou seja,
nômica 5 individualizou-se, tendo como base culturas ao longo do ano a produção primária é a principal
permanentes, situação que as distinguem dos demais responsável pela sua organização socioeconômica.
recortes espaciais estabelecidos via lavoura empre-
sarial. O maior produtor estadual de maçã é o muni- A região geoeconômica 7 foi originada,
cípio de Vacaria e, que no plano nacional, ocupa o tendo como base econômica as culturas da soja, do
segundo lugar. Além da maçã, se fazem presentes as trigo e do milho, que constituem a sua matriz pro-
lavouras de milho e, mais ao noroeste desta região, a dutiva tradicional. Distintamente do que ocorreram
soja, constituindo uma área de transição entre as nas demais regiões em que se fez necessário fazer
regiões geoeconômicas 5 e 7. Salienta-se também, a subdivisões, a região geoeconômica 7 individualizou
instalação de indústrias de beneficiamento em virtude duas sub-regiões. A sub-região 7A caracterizada pela
da produção primária, como fábricas de sucos para pecuária com a bovinocultura e a sub-região 7B pela
beneficiamento da maçã, além de uma significativa avicultura.
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Salienta-se que a porção sudoeste desta impostas pelos mercados nacional e internacional e,
região geoeconômica compõe a sub-região 7B, que principalmente, pelo capital.
faz divisa com a sub-região 1A (região geoeconômica
1), e é composta pelos maiores municípios em termos Então, procurou-se classificar as regiões
de extensão territorial, bastante ligados à atividade geoeconômicas do Rio Grande do Sul de acordo com
pecuarista. Em contrapartida, a porção norte detém a sua dinâmica, em função dos novos atores econô-
os menores municípios que compõem a sub-região micos que se inserem neste espaço produtivo. Assim,
7B, em geral, formada através do processo de adaptou-se a proposta de regionalização de Bacelar
colonização, via Novas Colônias. Salienta-se que o (1999), a qual individualiza três tipos de regiões: (a)
caráter minifundiário é mantido até a atualidade, bem as regiões dinâmicas ou competitivas; (b) as regiões
como a diversificação da produção primária, que, em processo de reorganização econômica e (c) as
além da matriz produtiva tradicional, alia a sua regiões com potencial pouco utilizado. Desta forma,
produção a fruticultura e a avicultura. as regiões dinâmicas ou competitivas do território
gaúcho são caracterizadas pelas regiões geoeconô-
Nesse contexto, recortou-se o Rio Grande micas 3 e 4. (Figura 3).
do Sul em sete regiões geoeconômicas e suas
respectivas sub-regiões, nas quais se desenvolvem A região geoeconômica 3 caracteriza-se por
as principais atividades produtivas do Estado, em ser uma região dinâmica e competitiva, pois apresenta
constante dinâmica, tendo em vista as transformações na sua estrutura regional os três setores produtivos:
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região geoeconômica e sua conseqüente divisão em ser uma área polarizadora de empregos,
sub-regiões geoeconômicas, fêz-se necessário principalmente nas indústrias fumageiras, e também
ressaltar algumas porções deste espaço produtivo rio- de serviços relativos a esta produção.
grandense, que permanece como áreas sub-utilizadas.
Tal fato é decorrente da sua utilização baseada na A região geoeconômica 7, subdividida em
matriz produtiva tradicional, pecuária de corte e arroz, sub-regiões 7A e 7B, caracterizou-se como uma
onde se convencionou denominá-las de áreas região em processo de reorganização espacial. Tal
tradicionais. Desse modo, individualizaram-se reestruturação espacial ocorre frente às novas
algumas áreas nesta região geoeconômica com estas dinâmicas econômicas viabilizadas para esta região
características, situando-se na porção oeste, centro- através da expansão da cadeia produtiva das aves e
norte e nos extremos leste e sul do Rio Grande do do milho, da presença recente da cadeia produtiva
Sul. da fruticultura e do revigoramento da cultura da soja,
via transgênicos. Por ser a maior região em número
É importante destacar também, que são de municípios, é explicável que a sua reestruturação
porções do espaço regional com as maiores seja bastante dinâmica, pois o capital e a tecnologia
dificuldades para se inserirem no mercado produtivo. são assimilados de formas distintas pelos recortes
Apresentando áreas com baixos potenciais produtivos, espaciais, criando e recriando arranjos econômicos.
decorrentes das condições limitantes dos aspectos
físico-naturais; da baixa densidade demográfica; dos A terceira classificação reagrupou as regiões
problemas estruturais de oferta de emprego; da geoeconômicas 5 e 6, e foram consideradas como
deficiente infra-estrutura da malha viária; da baixa regiões com potencial pouco utilizado. (Figura 5). A
inserção e uso de tecnologias, além da baixa região geoeconômica 5 é caracterizada pela pecuária
rentabilidade dos produtores rurais. de corte e pela maçã e constitui-se em uma região
com potencial pouco utilizado, em conseqüência das
Portanto, faz-se necessário a inserção de suas potencialidades físico-naturais sub-aproveitadas.
novas atividades que visem a dinamizar estas porções Desta forma, tem-se as pequenas propriedades, com
do espaço da região geoeconômica 1, ou mesmo, seu espaço produtivo bem utilizado, através do cultivo
incrementar as já existentes. Para tanto, deve-se da maçã. Por outro lado, a pecuária desenvolvida
viabilizar a utilização de tecnologia de ponta para a em médias e grandes propriedades necessita se
agropecuária existente, na busca de se obter maior modernizar para que possa buscar mercados mais
competitividade econômica, bem como a sua inserção dinâmicos, necessitando da incorporação de novas
no contexto regional como um todo, que passa na tecnologias para dinamizar sua produção. (Figura 5).
atualidade por um processo de reestruturação.
A região geoeconômica 6, individualizada
A região geoeconômica 2 insere-se como pela presença da banana, caracterizou uma região
uma região em processo de reorganização espacial, com potencial pouco utilizado. Tal fato é
uma vez que foi individualizada pela cultura do fumo, conseqüência da sub-utilização do seu espaço
que tem apresentado, no decorrer do tempo, uma produtivo pela cultura da banana, além da presença
expansão significativa em área plantada e produção, do palmito e do abacaxi. Da mesma forma que a
sendo uma cultura que se utiliza de alto suporte região geoeconômica 5, o potencial turístico necessita
tecnológico. (Figura 4). ser melhor aproveitado, pois a porção litorânea tem
presença significativa de turistas apenas nos períodos
Além disso, o fumo é uma das culturas com de veraneio.
maior rentabilidade no mercado, com incentivo das
multinacionais que organizam esta cadeia produtiva, É importante salientar que as paisagens
via pacote tecnológico. Caracteriza-se, também, por apresentam singularidades que são expressas através
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das belezas naturais aliadas ao processo colonizador. transformador do espaço, procura minimizar as
Tal configuração do espaço evidencia um potencial diferenças sempre na busca de se obter o almejado
a ser melhor explorado, a exemplo das regiões desenvolvimento regional. Dessa forma, as particu-
geoeconômicas 3 e 4. Para tal, é necessário investir laridades culturais, que compõem cada grupo social,
em um amplo planejamento que priorize a infra- o torna singular em relação aos demais, bem como
estrutura básica para o desenvolvimento do turismo. as suas manifestações em relação a sua base espacial.
Nesse sentido, ao se analisar o espaço, deve-se con-
Nesse contexto, diante da atual configuração siderar os agentes que o transformam, em todos os
do espaço Rio-Grandense, procurou-se classificar as aspectos responsáveis por suas atitudes e que, con-
sete regiões geoeconômicas estabelecidas em três seqüentemente, se materializam no espaço.
categorias quanto as suas potencialidades para o de-
senvolvimento socioeconômico. Obviamente, a dinâ- Pode-se dizer, então, que o Rio Grande do
mica do espaço, aliada as particularidades locais, não Sul teve suas bases históricas atreladas aos distintos
permite que este desenvolvimento seja homogêneo processos de ocupação, povoamento e colonização,
e compreenda todo seu contexto regional, o que os quais são os responsáveis diretos pela organização
Santos (1994) denomina de rugosidades do espaço. do seu espaço produtivo e, em conseqüência, pelo
seu desenvolvimento econômico. Os níveis de desen-
No entanto, o homem, enquanto agente volvimento atuais nada mais são do que respostas
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ao processo de desenvolvimento pelo qual o Estado localiza o segundo pólo industrial em importância do
Gaúcho tem passado no decorrer do tempo e que Estado gaúcho, situado no entorno de Caxias do Sul,
resultaram nas sete regiões geoeconômicas indivi- com ênfase para a indústria moveleira, calçadista e
dualizadas nesta proposta de regionalização. do vestuário. Outra forma de organização espacial
desta região geoeconômica é representada pelo
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS turismo.
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singulares. Observa-se que as regiões geoeconômicas geral do espaço produtivo gaúcho quanto as suas
que se enquadram nesta classificação tem permitido principais atividades econômicas, com ênfase para
a inserção de novos atores econômicos, os quais são os produtos que caracterizam tais regiões e que cons-
responsáveis pela sua dinamização frente a matriz tituem as matrizes produtivas tradicionais.
tradicional que a compõe, proporcionando novas
alternativas para subsidiar o desenvolvimento local/ Assim, estruturadas as sete regiões geoeco-
regional. nômicas, fez-se uma releitura do espaço produtivo
gaúcho, acreditando-se que a mesma possa subsidiar
Como regiões com potencial pouco utilizado a tomada de decisões que promovam ações voltadas
tem-se as regiões geoeconômicas 5 e 6, localizadas, ao desenvolvimento local/regional do Rio Grande do
respectivamente, na porção nordeste e no leste do Sul, minimizando, desta forma, as desigualdades
Rio Grande do Sul (litoral). A região geoeconômica regionais.
5 tem seu espaço produtivo caracterizado pela
pecuária de corte e pela cultura da maçã e constitui- Embora o processo de regionalização pressu-
se em uma região com potencial pouco utilizado, em ponha uma generalização, pois se observa o espaço
conseqüência das suas potencialidades físico-naturais como um “todo”, no qual algumas particularidades
sub-aproveitadas. não se salientam, procurou-se minimizar tal situação
com o aprofundamento de algumas questões in-
No que se refere à região geoeconômica 6, trínsecas ao contexto regional. Para tanto, procurou-
individualizada pela cultura da banana e da presença se enfocar as particularidades regionais através das
do palmito e do abacaxi, sua inserção, nesta sub-regiões geoeconômicas, as quais foram indi-
classificação é conseqüência da sua sub-utilização vidualizadas em virtude da coexistência de alguns
em decorrência das potencialidades naturais. Da produtos que visam a dinamizar tais espaços.
mesma forma que a região geoeconômica 5, o
potencial turístico necessita ser dinamizado, pois a Assim, ao mesmo tempo em que se procurou
porção litorânea tem presença significativa de turistas demonstrar, de forma geral, como se estrutura o
apenas nos períodos de veraneio. É importante espaço produtivo gaúcho, também, salientou-se a
salientar que as paisagens apresentam singularidades atual inserção de algumas dinâmicas produtivas que
que são expressas através das belezas naturais aliadas tendem a promover o desenvolvimento local/regional
ao processo colonizador. (florestamento e fruticultura), pois apresentam possi-
bilidades de reestruturação de um espaço tradicional
Tal configuração do espaço evidencia um da pecuária no Rio Grande do Sul, como a Campanha
potencial a ser explorado mais significativamente, a gaúcha.
exemplo das regiões geoeconômicas 3 e 4, localizadas
na Serra gaúcha. Para tanto, é necessário investir Obviamente que um estudo mais detalhado
em um planejamento que priorize a infra-estrutura segue-se a este, objetivando, justamente, aprofun-
básica para o desenvolvimento do turismo e incentivar dar a visão geográfica das regiões geoeconômicas
a intensificação da produção (através do fomento gaúchas, salientando as semelhanças e diversidades
via políticas públicas), aliada a uma diversificação tecidas ao longo do processo evolutivo da sociedade
com produtos que proporcionem rentabilidade ao gaúcha em sua relação com a natureza.
produtor, permitindo ao mesmo agregar valor a sua
produção o ano todo. 4. REFERÊNCIAS
Neste contexto, infere-se que a proposta de BACELAR, T. Dinâmica regional brasileira nos anos
regionalização que recortou o Rio Grande do Sul em noventa: rumo à desintegração competitiva? In:
sete regiões geoeconômicas proporcionou uma visão CASTRO, Iná. E.; MIRANDA, Mariana; EGLER,
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Rio Grande do Sul: uma proposta de regionalização geoeconômica
Helena Brum Neto, Meri Lourdes Bezzi, Roberto Barboza Castanho
FUNDAÇÃO DE AMPARO AOS MUNICÍPIOS Fruticultura muda a paisagem da Metade Sul. Zero
DO RIO GRANDE DO SUL. Municípios. Hora, Porto Alegre, 22 out. 2004. Disponível em:
Disponível em: < http:// www. famurs.com.br/ http: // www. zerohora.com.br>. Acesso em: 20 out.
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