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ATUALIZADO EM 06/05/2017
DIREITO DO CONSUMIDOR1
INTRODUÇÃO
*#OUSESABER:
1
Essa FUC tem como base o material produzido pelo site Foca no Resumo (https://focanoresumo.com/).
2
*A banca FCC, em 2016, na prova da DPE-BA, propôs o seguinte enunciado: “Sebastião juntou dinheiro
que arrecadou ao longo de 20 anos trabalhando como caminhoneiro para adquirir um caminhão, zero
quilômetros, que passou a utilizar em seu trabalho, realizando fretes no interior do Estado da Bahia. Ainda no
prazo de garantia, o veículo apresentou problemas e ficou imobilizado. Sua esposa, Raimunda,
microempresária do ramo da costura, adquiriu uma máquina bordadeira de valor elevado de uma grande
produtora mundial, que depois de poucas semanas de funcionamento, também apresentou parou de
funcionar.” E considerou correta a seguinte alternativa: “ambos podem ser considerados consumidores,
ainda que não se configurem como usuários finais dos produtos adquiridos, uma vez que, embora o Código
de Defesa do Consumidor adote a teoria finalista, em casos semelhantes, o Superior Tribunal de Justiça já
admitiu a mitigação desta teoria diante da prova da hipossuficiência e do desequilíbrio na relação,
caracterizando hipótese de consumo intermediário.”
*#OUSESABER: Em regra, os contratos do Sistema Financeiro de Habitação, SFH
devem obediência ao CDC. Contudo, se nos contratos de financiamento imobiliário
integrantes do SFH estiver presente cláusula que vincule os contratos ao Fundo de
Compensação de Variação Salarial, FCVS, não haverá relação consumerista,
conforme decidido no REsp 489701 / SP.
*Em 1999, João aposentou-se pelo INSS. Em 2000, voltou a trabalhar para uma empresa e
passou a usufruir do plano de saúde coletivo empresarial no qual a empregadora pagava
metade e ele a outra metade das mensalidades. Em 2009, João foi demitido sem justa
causa, mas continuou no plano, assumindo o pagamento integral das mensalidades. Em
2015, João faleceu e Maria continuou no plano, não mais na condição de dependente, mas
sim na de beneficiária principal. Em 2017, contudo, o plano enviou uma carta para Maria
comunicando que havia cessado a sua condição de segurada no plano de saúde coletivo.
O argumento utilizado pelo plano de saúde para cessar a condição de segurada de Maria
foi o de que a sua situação se enquadrava no art. 30 da Lei nº 9.656/98. Maria não
concordou e afirmou que, quando João faleceu, ele estava aposentado, de forma que
deveria incidir a regra do art. 31 da Lei nº 9.656/98. A manutenção de Maria no plano
ocorreu com base no art. 30 ou no art. 31 da Lei nº 9.656/98? Aplica-se o disposto no art.
31 da Lei nº 9.656/98 ao aposentado – e ao grupo familiar inscrito, na hipótese de seu
falecimento – que é contratado por empresa e, posteriormente, demitido sem justa causa.
No caso concreto, Maria terá direito de continuar no plano por tempo indeterminado (regra
do caput do art. 31) ou por prazo determinado (regra do § 1º do art. 31)? Por prazo
determinado. A lei somente assegura ao aposentado a sua manutenção como beneficiário,
sem qualquer restrição temporal, quando houver contribuído para os planos de assistência
à saúde pelo prazo mínimo de 10 anos (regra do caput do art. 31). A vigência do contrato
de seguro saúde iniciou-se em 2000, quando João foi contratado pela empresa X. Em
2009 João foi demitido sem justa causa e continuou como beneficiário do plano de saúde,
assumindo o ônus integral do pagamento das mensalidades, o que fez até a data de seu
óbito, em 2015. Desta feita, tem-se que o tempo de filiação original ao plano foi de 9 anos
(2000 a 2009), mostrando-se, impossível, portanto, a aplicação do art. 31, caput, da Lei,
que exige tempo de contribuição mínimo de 10 anos. Maria alegou que, com a morte de
João, ela o teria sucedido no plano de saúde, devendo, portanto, somar o tempo que João
contribuiu (9 anos) com o tempo que ela também pagou o plano (2 anos, ou seja, de 2015
a 2017). Logo, somando esses dois períodos, haveria mais que 10 anos de contribuição ao
plano. Essa tese foi aceita pelo STJ? NÃO. O art. 31 da Lei expressamente exige que o
APOSENTADO tenha contribuído por prazo mínimo de 10 anos, não prevendo a
possibilidade de haver a soma do período de contribuição do aposentado com seus
eventuais sucessores. João contribuiu por 9 anos para o plano coletivo de assistência à
saúde. Logo, a manutenção do contrato em favor de Maria deve se dar por 9 anos. O
termo inicial para a contagem desses 9 anos de manutenção do contrato não pode ser
considerado a data do óbito de João (2015) mas sim a data em que ocorreu a cessação do
vínculo empregatício (2009), considerando que foi neste momento que nasceu o direito à
manutenção do titular, bem como de sua dependente no plano de saúde. STJ. 3ª Turma.
REsp 1.371.271-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 2/2/2017 (Info 597).
MODIFICAÇÃO REVISÃO
PRESTAÇÕES FATOS SUPERVENIENTES EXCESSIVAMENTE
DESPROPORCIONAIS ONEROSOS.
(não há o elemento subjetivo do TEORIA DA BASE OBJETIVA DO NEGÓCIO
CC "necessidade" ou JURÍDICO
"inexperiência"). (não exige a imprevisibilidade do fato superveniente
nem extrema vantagem para o credor).
- Restitutio in integrum o consumidor deve ser ressarcido integralmente.
- Dano moral in re ipsa provada a ofensa, o dano moral presume-se. Responsabilidade
do agente por força do simples fato da violação. Em regra, o simples inadimplemento
contratual não gera dano moral, salvo quando ocasionar transtornos consideráveis, com
repercussão na esfera íntima da vítima (dor, vexame, sofrimento, humilhação que, de
forma anormal, interfira no comportamento psicológico do indivíduo).
Importante!!! Não configura dano moral in re ipsa a simples remessa de fatura de cartão de
crédito para a residência do consumidor com cobrança indevida. Para configurar a existência do
dano extrapatrimonial, é necessário que se demonstre que a operadora de cartão de crédito,
além de ter incluído a cobrança na fatura, praticou outras condutas que configurem dano moral,
como por exemplo: a) reiteração da cobrança indevida mesmo após o consumidor ter
reclamado; b) inscrição do cliente em cadastro de inadimplentes; c) protesto da dívida; d)
publicidade negativa do nome do suposto devedor; ou e) cobrança que exponha o consumidor,
o submeta à ameaça, coação ou constrangimento. STJ. 4ª Turma. REsp 1.550.509-RJ, Rel. Min.
Maria Isabel Gallotti, julgado em 3/3/2016 (Info 579).
- Esse entendimento é mais compatível com a dinâmica atual das formas de pagamento por
meio de cartões e internet, os quais facilitam a circulação de bens, mas, por outro lado, ensejam
fraudes, as quais, quando ocorrem, devem ser coibidas, propiciando-se o ressarcimento do
lesado na exata medida do prejuízo. A banalização do dano moral, em caso de mera cobrança
indevida, sem repercussão em direito da personalidade, aumentaria o custo da atividade
econômica, o qual oneraria, em última análise, o próprio consumidor.
SÚMULAS DO STJ
420INCABÍVEL, EM EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA, DISCUTIR O VALOR DE
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.
402O CONTRATO DE SEGURO POR DANOS PESSOAIS COMPREENDE DANOS
MORAIS, SALVO CLÁUSULA EXPRESSA DE EXCLUSÃO.
388A SIMPLES DEVOLUÇÃO INDEVIDA DE CHEQUE CARACTERIZA DANO
MORAL.
387É LÍCITA A CUMULAÇÃO DAS INDENIZAÇÕES DE DANO ESTÉTICO E DANO
MORAL.
385DA ANOTAÇÃO IRREGULAR EM CADASTRO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO,
NÃO CABE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL, QUANDO PREEXISTENTE LEGÍTIMA
INSCRIÇÃO, RESSALVADO O DIREITO AO CANCELAMENTO.
370CARACTERIZA DANO MORAL A APRESENTAÇÃO ANTECIPADA DE CHEQUE
PRÉ-DATADO.
362A CORREÇÃO MONETÁRIA DO VALOR DA INDENIZAÇÃO DO DANO MORAL
INCIDE DESDE A DATA DO ARBITRAMENTO.
326NA AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL, A CONDENAÇÃO EM
MONTANTE INFERIOR AO POSTULADO NA INICIAL NÃO IMPLICA SUCUMBÊNCIA
RECÍPROCA.
281A INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL NÃO ESTÁ SUJEITA À TARIFAÇÃO
PREVISTA NA LEI DE IMPRENSA.
227A PESSOA JURÍDICA PODE SOFRER DANO MORAL.
37SÃO CUMULÁVEIS AS INDENIZAÇÕES POR DANO MATERIAL E DANO MORAL
ORIUNDOS DO MESMO FATO.
532 Constitui prática comercial abusiva o envio de cartão de crédito sem prévia
e expressa solicitação do consumidor, configurando-se ato ilícito indenizável e
sujeito à aplicação de multa administrativa.
- O dano moral coletivo (não é pacífico) prescinde da prova da dor, sentimento ou abalo
psicológico sofridos pelos indivíduos. Como transindividual, manifesta-se no prejuízo à
imagem e moral coletivas e sua averiguação deve pautar-se nas características próprias as
interesses difusos e coletivos. Ex.: banco paga dano moral coletivo por manter caixa
preferencial em 2º andar de agência.
3
*Tal temática foi objeto de questionado na prova da DPE-BA, realizada pela FCC, em 2016, e foi
considerada correta a seguinte alternativa: “aplica-se o CDC às entidades abertas de previdência
complementar e aos serviços remunerados prestados uti singuli, mas não se aplica às entidades fechadas de
previdência complementar e nem aos serviços públicos uti universi.”
- TODO CONSUMIDOR É VULNERÁVEL, MAS NEM TODO CONSUMIDOR É
HIPOSSUFICIENTE.
*Determinada loja adota a seguinte prática: se o produto vendido apresentar algum vício
(popularmente conhecido como "defeito"), o consumidor poderá solicitar a troca da
mercadoria na própria loja, desde que faça isso no prazo de 3 dias corridos, contados da
data da emissão da nota fiscal. Por outro lado, se o consumidor detectar o vício somente
após esse prazo, ele deverá procurar a assistência técnica credenciada e lá irão verificar a
existência do vício e a possibilidade de ele ser reparado ("consertado"). Essa prática é
válida? Sim. É legal a conduta de fornecedor que concede apenas 3 (três) dias para troca
de produtos defeituosos, a contar da emissão da nota fiscal, e impõe ao consumidor, após
tal prazo, a procura de assistência técnica credenciada pelo fabricante para que realize a
análise quanto à existência do vício. A loja conferiu um "plus", ou seja, uma providência
extra que não é prevista no CDC, não sendo, contudo, vedada porque favorece o
consumidor. Vale ressaltar que a política de troca da loja (direito de troca direta do produto
em 3 dias) não exclui a possibilidade de o consumidor realizar a troca, na forma do art. 18,
§ 1º, I, do CDC, caso o vício não seja sanado no prazo de 30 dias. Em outras palavras, a
loja concede uma opção extra, além daquelas já previstas no art. 18, § 1º. STJ. 3ª Turma.
REsp 1.459.555-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 14/2/2017 (Info 598).
- Embora não mencionadas no CDC, o STJ tem admitido a CULPA CONCORRENTE para
reduzir a indenização e o CASO FORTUITO E FORÇA MAIOR para excluir a
responsabilidade.
- Teoria do risco de desenvolvimento é o risco que não pode ser identificado quando da
colocação do produto no mercado, mas em função de avanços científicos e técnicos, é
descoberto posteriormente, geralmente depois de algum tempo de uso do produto.
Prevalece que NÃO EXCLUI A RESPONSABILIDADE, porque o fornecedor é sempre
responsável pelos efeitos nefastos de seu produto, ainda que este apresente inteira
conformidade com as exigências da tecnologia e da ciência da época da fabricação.
- Se o causador do dano foi um médico sem nenhum vínculo com o hospital, o médico
responde sozinho (subjetiva). Se o dano foi causado por um médico do corpo do hospital,
respondem solidariamente o hospital (objetiva) e o médico (subjetiva). Se o dano foi
causado por um serviço de atribuição do hospital (ex.: higienização), a responsabilidade é
objetiva do hospital.
- Súmula 465 do STJ: RESSALVADA A HIPÓTESE DE EFETIVO AGRAVAMENTO DO
RISCO, A SEGURADORA NÃO SE EXIME DO DEVER DE INDENIZAR EM RAZÃO DA
TRANSFERÊNCIA DO VEÍCULO SEM A SUA PRÉVIA COMUNICAÇÃO.
VÍCIOS DE QUALIDADE
O fornecedor dispõe de 30 O vício não foi sanado em 30 Não precisa esperar 30 dias:
DIAS para consertar o dias: - Comprometer a
vício. - SUBSTITUIÇÃO QUALIDADE
As partes podem - RESTITUIÇÃO - Comprometer as
convencionar - ABATIMENTO CARACTERÍSTICAS
(entre 7 E 180 DIAS). Obs.: em qualquer hipóteses, - Diminuir o VALOR
Contratos de pode caber PERDAS E - PRODUTO ESSENCIAL
adesãocláusula DANOS.
convencionado em
separado.
- PRODUTOS IN NATURAserá responsável perante o consumidor oFORNECEDOR
IMEDIATO, EXCETO QUANDO IDENTIFICADO CLARAMENTE SEU PRODUTOR.
Quando também conhecido o produtor, ambos serão responsáveis. A regra continua
sendo a responsabilidade solidária.Obviamente, o fornecedor não poderá se valer do
prazo de 30 dias para sanar o vício.
FATO VÍCIO
- Responsabilidade OBJETIVA - Responsabilidade OBJETIVA
- Inversão do ônus da prova ope - Perdas e danos
legis
- Vítimas equiparadas a PRODUTO
consumidores - Fornecedores
- Qualidade direito de consertar em 30 dias (ou 7
PRODUTO a 180).
- Fabricante, produtor, construtor e - Quantidaderesponsabilidade exclusiva do
importador fornecedor imediato ou comerciante quando
- RESPONSABILIDADE fizer a pesagem ou a medição do produto e o
DIFERENCIADA DO instrumento utilizado não estiver aferido
COMERCIANTE segundo os padrões. Não incide o prazo de 30
dias.
SERVIÇO
- Fornecedor SERVIÇO
- RESPONSABILIDADE - Não incide o prazo de 30 dias.
SUBJETIVA DOS - Só são citados os vícios de qualidade, mas
PROFISSIONAIS LIBERAIS quanto aos de quantidade, usa-se, por analogia, as
regras para os vícios de quantidade dos produtos.
PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA
ATO ILÍCITO
SUBJETIVO OBJETIVO OU ABUSO DO DIREITO
Art. 186: aquele que, por ação ou Art. 187: também comete ato ilícito o titular
omissão voluntária, negligência ou de um direito que, ao exercê-lo, excede
imprudência, violar direito e causar manifestamente os limites impostos pelo
dano a outrem, ainda que exclusivamente seuFIM ECONÔMICO OU SOCIAL,
moral, comete ato ilícito. pelaBOA-FÉou pelosBONS COSTUMES.
BASEADO NA CULPA. BASEADO NA CONFIANÇA(DISSOCIADO
- Ação ou omissão (conduta) DA CULPA).
- Culpa lato senso (dolo, negligência, É inicialmente lícito, mas torna-se ilícito
imprudência e imperícia) depois.
- Dano Subespécies:
- Violação culposa de direito alheio - Venire contra factum proprium
- Nexo de causalidade - Supressio (Verwirkung) e surrectio
Nem sempre gera responsabilidade civil. (erwirkung)
- Tu quoque
- Duty to mitigate the loss
- Substancial performance (adimplemento
substancial)
- Violação positiva do contrato(adimplemento
fraco)
- Venire contra factum propriumé abusivo contradizer seu próprio comportamento,
após ter produzido, em outra pessoa, uma legítima expectativa. Cada um dos
comportamentos individualmente considerados é válido, o ilícito está na conduta
considerada de modo global.
- Quando a conduta, a teor do art. 187 do CC, excede manifestamente os limites impostos
pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes, comete ato ilícito
objetivo.
- A fábrica de extrato de tomates Cica fornecia aos produtores rurais sementes
(factum proprium) para, posteriormente, adquirir a safra para industrialização,
porém, posteriormente, recusou-se a comprar a produção (venire). O TJRS condenou
a fábrica a indenizar os danos sofridos pelos agricultores em razão da ofensa à boa-fé
objetiva, mais especificamente pela quebra da confiança.
10)ELEVAÇÃO DE PREÇOS SEM JUSTA CAUSA é proibido elevar, sem justa causa, o
preço de produtos ou serviços. A mudança de valores, além de ser previamente
avisada, deve ser feita de forma amena e gradativa, não causando impacto
surpreendente no consumidor.
- Pode-se cobrar preços diferentes nas vendas com cartão de crédito em relação ao
pagamento a vista? Para a 1ª e a 2ª Turmas do STJ pode. Para a 3ª Turmaa prática é
abusiva: o custo pela disponibilização de pagamento por meio do cartão de crédito é
inerente à própria atividade econômica desenvolvida pelo empresário, destinada à
obtenção de lucro, em nada referindo-se ao preço de venda do produto final. Imputar
mais este custo ao consumidor equivaleria a atribuir a este a divisão de gastos
advindos do próprio risco do negócio (de responsabilidade exclusiva do
empresário), o que, além de refugir da razoabilidade, destoa dos ditames legais, em
especial do sistema protecionista do consumidor.
11)NECESSIDADE DE PRAZO PARA CUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO é proibido
deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou deixar a fixação de seu
termo inicial a seu exclusivo critério.
DA PROTEÇÃO CONTRATUAL
Caracteriza prática abusiva quando o fornecedor de bens e serviços prevê preços mais
favoráveis para o consumidor que paga em dinheiro ou cheque em detrimento daquele que
paga em cartão de crédito. STJ. 2ª Turma. REsp 1.479.039-MG, Rel. Min. Humberto
Martins, julgado em 6/10/2015 (Info 571)4.
O STJ, contudo, em recente julgado, entendeu não haver abusividade nessa prática.
Nesse sentido: (...) São distintas as hipóteses de incidência da multa, que tem por
propósito punir o inadimplemento, e a do desconto de pontualidade, que, ao contrário, tem
por finalidade premiar o adimplemento, o que, por si só, afasta qualquer possibilidade de
bis in idem, seja em relação à vantagem, seja em relação à punição daí advinda. 3.2
Entendimento que se aplica ainda que o desconto seja dado até a data do
vencimento. Primeiro, não se pode olvidar que a estipulação contratual que concede o
desconto por pontualidade até a data de vencimento é indiscutivelmente mais favorável ao
consumidor do que aquela que estipula a concessão do desconto até a data
imediatamente anterior ao vencimento." (RESP 1424814)
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*Tal entendimento foi objeto de questionamento na prova da DPE-BA de 2016, sendo considerada correta:
“Caracteriza prática abusiva no mercado de consumo a diferenciação do preço do produto em função de o
pagamento ocorrer em dinheiro, cheque ou cartão de crédito.”
pagar com dinheiro? Os fornecedores de bens e serviços podem dar descontos para
quem paga no dinheiro?
ENCARGOS DA NORMALIDADE
JUROS Cartão de Súmula 283 do STJ: AS EMPRESAS
REMUNERATÓRIOS crédito ADMINISTRADORAS DE CARTÃO DE
CRÉDITO SÃO INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS
E, POR ISSO, OS JUROS
REMUNERATÓRIOS POR ELAS COBRADOS
NÃO SOFREM AS LIMITAÇÕES DA LEI DE
USURA.
Contratos Súmula 382 do STJ: A ESTIPULAÇÃO DE
bancários JUROS REMUNERATÓRIOS SUPERIORES A
12% AO ANO, POR SI SÓ, NÃO INDICA
ABUSIVIDADE.
SFH Súmula 422 do STJ: OS JUROS
REMUNERATÓRIOS NÃO ESTÃO LIMITADOS
NOS CONTRATOS VINCULADOS AO SFH.
CAPITALIZAÇÃO Contratos Capitalização anual: o STJ admite a
DE JUROS bancários e capitalização anual nos contratos com
cartão de instituições financeiras, desde que
crédito previamente pactuados.
SFH É permitida a pactuação de capitalização de
juros com periodicidade mensal nas
operações realizadas pelas entidades
integrantes do SFH.
ENCARGOS MORATÓRIOS
MULTA MORATÓRIA Súmula 285 do STJ: NOS CONTRATOS BANCÁRIOS
POSTERIORES AO CDC INCIDE A MULTA MORATÓRIA
NELE PREVISTA.
Obs.: a multa moratória no CDC não poderá ser superior a 2% do
valor da prestação.
JUROS Súmula 379 do STJ: NOS CONTRATOS BANCÁRIOS NÃO
MORATÓRIOS REGIDOS POR LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA, OS JUROS
MORATÓRIOS PODERÃO SER CONVENCIONADOS ATÉ O
LIMITE DE 1% AO MÊS.
COMISSÃO DE É VÁLIDA A CLÁUSULA QUE PREVÊ A COBRANÇA DA
PERMANÊNCIA COMISSÃO DE PERMANÊNCIA PARA O PERÍODO DE
INADIMPLÊNCIA, DESDE QUE NÃO CUMULADA COM
JUROS REMUNERATÓRIOS, JUROS MORATÓRIOS, MULTA
MORATÓRIA OU CORREÇÃO MONETÁRIA (súmulas 30 e 296
do STJ).
A comissão de permanência só é legal se calculada pela
TAXA MÉDIA DOS JUROS DE MERCADO APURADA PELO
BANCO CENTRAL (súmula 294 do STJ).
Súmula 472 do STJ: a cobrança de comissão de permanência
– cujo valor não pode ultrapassar a soma dos encargos
remuneratórios e moratórios previstos no contrato – exclui a
exigibilidade dos juros remuneratórios, moratórios e da
multa contratual.
INFORMATIVOS DE CONSUMIDOR
# INFO 554, STJ – 2015:
* INCORPORAÇÃO IMOBILIÁRIA: