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Geografia da exclusão e da intolerância:

dos guetos aos campos de extermínio.

Silvia Rosa Nossek Lerner

INTRODUÇÃO:
A diferença entre o antissemitismo tradicional e o antissemitismo moderno consiste
em que o tradicional(aquele) tinha notas religiosas e econômicas, pois os judeus eram mais
ou menos tolerados em função do papel que desempenhavam no jogo histórico: da religião-
como testemunhas teológicas da verdade do cristianismo e da economia - como agentes de
um embrião monetário numa economia tradicional. Viviam porém excluídos do resto da
sociedade, constituindo uma comunidade à parte, dotada de perfil particular e submetida `a
sua própria lei. Em outras palavras, e “ como dizia um jurista alemão do século XVIII,
estavam „in civitate‟, mas não pertenciam à „civitas‟, pois não eram „de civitate‟” 31. O
antissemitismo moderno, ao contrário, resulta das transformações ocorridas na Europa, a
partir do fim do século XVIII. Entre os importantes fatores deste processo de
transformação cabe mencionar a extensão da cidadania a novos grupos- entre eles os
judeus- que antes não participavam como sujeitos da vida política e social mais ampla. Este
processo de inclusão e assimilação dos judeus e dos outros grupos "civitas" gerou, em
relação aos judeus,
manifestações de intolerância que fizeram do antissemitismo um instrumento
de poder que o prefigura, em suas características, como uma pré-história
do totalitarismo. Neste sentido, o antissemitismo moderno constitui um
elemento de ruptura com a tradição ocidental, como outras tantas rupturas que
no seu conjunto assinalam as tendências históricas do mundo contemporâneo.
ORIGEM DO TERMO GUETO:
O Antissemitismo se apresentou através da História sob várias formas: desde
violentas perseguições e massacres até restrições geográficas. As manifestações geo
restritivas perduraram desde o século XII até a Modernidade na forma clássica de

3
1 Hannah Arendt - Anti-Semitismo, Instrumento do Poder, Ed. Documentário, pág. 13

30
segregação, através da formação de espaços cerrados, amuralhados que se denominavam
GUETO.

Há várias explicações para o termo “GUETO”. Uma delas diz que borgheto, em
italiano, significa um pequeno burgo. Um pequeno burgo quer dizer, um burgo à parte,
periférico.Assim, julga-se que deste diminutivo italiano derivou-se a palavra gueto
significando burgo pequeno, à parte, atrás dos muros, separados, de onde surge o gueto dos
judeus. O termo passa a significar, popularmente o muro, o limite, a barreira que circunda o
bairro judaico, separando-o do resto da cidade.

Em 10 de abril de 1516, os conselheiros da cidade de Veneza decidiram “mandarli


tutti hebrei a star in Geto Nuovo”(mandar todos os judeus para o Gueto Novo), nascendo
assim o termo genérico do bairro judaico separado: GUETO. A palavra veneziana 'ghetto'
era o nome de uma região onde existia uma fundição que fabricava peças para a artilharia
da cidade. Mais tarde, quando os judeus de Veneza foram obrigados a viver nesta região,
fugindo de perseguições, o local passou a designar uma zona isolada onde vivia um povo
confinado. Em 1555, Papa Paulo IV criou o Ghetto Roman através da bula Cum o
absurdum dos nimis, forçando os judeus a viver em uma área especificada. A área de
Roma escolhida para o ghetto era o pedaço mais indesejável da cidade, devido às
constantes inundações causadas pelo Rio Tiber. A área foi designada para conter
aproximadamente 2.000 habitantes. Entretanto, com o passar dos anos a comunidade
judaica cresceu, causando uma superpopulação. Desde que a área não poderia se expandir
horizontalmente (o ghetto era cercado por paredes elevadas), os judeus construíram
adições verticais a suas casas, obstruindo a entrada do sol, tornando as ruas escuras e
estreitas. A vida no Ghetto de Roma era de extrema pobreza, devido às limitações
severas impostas às profissões que foram permitidas aos judeus de executá-las. Este foi
também o último gueto a ser abolido na Europa Ocidental, em 1883.

Em 1602, o Papa Pio IV em sua bula de 27 de fevereiro , usou a palavra gueto


quando autorizou os judeus romanos a abrirem suas lojas “extra ghectum septum
hebraicum” (separados do resto da população).

O Papa Pio V recomendou que todos os estados fronteiriços introduzissem guetos e


no início do século XVII todas as principais cidades tinham um (com as exceções em Itália

31
de Livorno e Pisa). Na Europa Central, guetos existiam em Praga, Frankfurt am Main,
Mainz, entre outros.

Ao separar os judeus dos cristãos, a Igreja visava proteger estes últimos do contato
com a heresia judaica e dos supostos malefícios que a propaganda lhes impunha:o Libelo de
sangue, a profanação da hóstia, o deicidio.

Os judeus do gueto eram obrigados a viver em condições de superpopulação e


sujeira, com suas casas muito próximas umas das outras e sujeitas ao risco de incêndio. A
vida nos guetos teve, no entanto, a vantagem de estimular o auto governo entre os judeus, e
ajudou a evitar a assimilação.

Independente da origem etmológica ou geográfica do termo “gueto”, o fato é que a


instituição nasceu para separar os judeus do resto da população, temendo-se que pudessem
influenciar as populações cristãs , católicas, Uma das primeiras citações do termo "gueto"
pode ser encontrada no preâmbulo do Código das Leis Canônicas esboçado pelo Concílio
da Igreja, realizado em Wroclaw (cidade da Polônia), sob a orientação do Vigário Guido,
em 1266. Neste documento estava expresso o temor da Igreja de que, como o povo polonês
tinha sido recentemente convertido ao cristianismo, pudesse ser influenciado pelos judeus,
pois achavam que os judeus possuíam ensinamentos supersticiosos aliados a uma moral
depravada , sendo preciso defender os cristãos dessa população.Para tanto, foi imposto aos
judeus retirarem-se dos bairros que compartilhavam com os cristãos, isolando-os numa só
“parte da cidade a ser separada das habitações cristãs pelos muros ou fossa”32. Na
realidade, o sínodo evocava as decisões muito anteriores do Concílio de Latrão de 1179,
que proibia aos cristãos morarem junto aos judeus.
Nos primeiros documentos da Igreja não há menção ao nome de "gueto" e sim à
antiga designação descritiva bizantina de "Vicus Judaeoran" - que significa, em latim,
bairro judeu.
O temor que introduziu a Igreja a separar os judeus dos cristãos foi causado,
indiscutivelmente, também pela função social e econômica adquirida pelos judeus na Idade
Média, já que eram proibidos de possuir terras.

32
Marcos Margulies , Gueto de Varsóvia – Ed. Documentário, 1974, pág. 47.

32
No gueto, o judeu estava ainda sujeito à legislação que lhe impunha a maneira de trajar,
para ser facilmente identificável: boné triangular , estrela amarela colocada no seu traje,
sendo rejeitado e reconhecido como o “outro”, profissional e religiosamente diferentes ou
estranhos o que facilitou a concentração de antipatias e preconceitos que a homogeneidade
grupal e sua separação geográfica causava no meio da população cristã.
No século XIX, os guetos foram lentamente abolidos e seus muros derrubados, seguindo os
ideais do Iluminismo e da Revolução Francesa.
Porém, a História tem memória e sem a memória não conheceríamos a História. E
esta ultrapassou o tempo fazendo com que velhas idéias retornassem ao século XX.
E os muros subiram novamente.
1 - Velhas idéias, novas roupagens
O que ocorreu aos judeus, às milhares de família judias, em uma realidade na qual as
estruturas políticas, legais e sociais não eram aplicáveis à população judaica, ao mesmo
tempo em que se despojava seus direitos básicos de existência?
Com o advento do nazismo ao poder na Alemanha, em 1933, teve início a política
anti judaica, e que para lograr estes objetivos, os nazistas colocaram em prática três
recursos básicos: a legislação, o terror e a propaganda. Essa política pode ser dividida nos
seguintes períodos:
* de 1933 a 1939:
Processo de exclusão sócio-econômica e cultural, expropriação de bens judaicos
(“arianização” da economia), opressão econômica e incentivo para a emigração do país.
No ano de 1933 foram promulgadas cerca de 40 leis antijudaicas, dentre as quais:
- Boicote contra judeus (01.04): primeira ação antijudaica organizada no âmbito
nacional
- Demissão de serviços públicos (07. 04);
- Queima pública de livros (10.05);
- Exclusão das áreas de literatura, arte, imprensa, música, radiofonia, teatro (22.09).

33
A Queima de Livros em Berlim : início da destruição cultural (10.05.1933)
“Onde se queimam livros, um dia
se queimará home dia se queimará Homens”
Heinrich Heine , poeta alemão
(1797- 1856)

* de 1935 a 1938:
Isolamento e degradação, quando em março de 35 os judeus são excluídos do serviço
militar alemão e se edita as Leis de Nüremberg, também denominada de Lei para a
Proteção do Sangue e da Honra Alemães, em 15 de setembro de 1935 baseadas em
princípios raciais que despojavam os judeus de seus direitos como cidadãos e proibia
casamentos entre “arianos” e judeus. A desobediência a essa lei era punida com a morte.
Também passa a definir quem é Judeu : “a pessoa que descende, pelo menos, de três avós
judeus é racialmente judeu completo”(independente de conversões posteriores). A partir de
então surge um novo conceito: judeu fracionário definido como:
• Judeu ½ = dois avós judeus e que professe a religião judaica
• Judeu ¼ = um(a) avô(ó) judeu ou ser “ariano” casado com um judeu.

* de 1938 a 1941:
Com a Kristallnacht33 tem início a violência massiva contra os judeus, a expulsão, o
recrudescimento da perseguição e expropriação, a privação completa de todos direitos e a
expansão dessa política para os países ocupados e a “guetoização”34.

33
Noite dos Cristais – política de destruição, 8/9 de novembro de 1938, na Alemanha e Áustria

34
Designa o inicio do processo de enclausuramento dos judeus.

34
* de 1941 a 1945
Fase da “Solução Final da Questão Judaica”, ou seja, do extermínio planejado e executado
em escala industrial. A Reunião de Wannsee, em 20 de janeiro de 1942, oficializa a
existência e a construção dos Campos de Extermínio, parte fundamental da implementação
da “Solução Final”(Operação Reinhard), onde 1,7 milhões de judeus foram assassinados, a
maioria entre 1942-3.
OS INDESEJÁVEIS: Quem são as vítimas?
1) A partir de março de 1933: opositores políticos alemães (comunistas, social-
democratas e sindicalistas);
2) A partir de 1935: testemunhas de Jeová e “criminosos trabalhistas”, inseridos no
grupo de antissociais;
3) A partir de 1936: ciganos, homossexuais alemães e austríacos, demais “associais”;
4) A partir de 1938: judeus após a Kristallnacht.

E não sobrou ninguém.


"Quando os nazistas levaram os comunistas, eu calei-me,
porque, afinal, eu não era comunista.
Quando eles prenderam os sociais-democratas, eu calei-me,
porque, afinal, eu não era social-democrata.
Quando eles levaram os sindicalistas, eu não protestei,
porque, afinal, eu não era sindicalista.
Quando levaram os judeus, eu não protestei,
porque, afinal, eu não era judeu.
Quando eles me levaram, não havia mais quem protestasse"
Martin Niemoller

35
Martin Niemöller (1892- 1984), pastor
enviado por Adolf Hitler como seu
"prisioneiro pessoal" para o campo de
concentração de Sachsenhausen e depois
Dachau. Ficou preso quase 5 anos, até o
fim da guerra. Recebeu o Prêmio Lenin da
Paz, em 1966.

Quem foram os excluídos da sociedade alemã nazista?


1- Os Roma e Sinti (ciganos), Testemunhas de Jeová, homossexuais, os que possuíam
defeito hereditário ou debilidade mental congênita, não sendo um delito claramente
definido, mas tinham em comum não se encaixarem na sociedade alemã nacional-
socialista e não possuíam a perfeição ariana defendida pelos ideólogos nazistas.
* Testemunhas de Jeová: em novembro de 1933, os primeiros foram colocados em prisões
e em 1935, seu culto é proibido. Esse grupo segue a religião cristã e acreditam na segunda
vinda de Jesus; sua doutrina é contrária ao serviço militar e a símbolos nacionais. Por isso
recusavam-se em servir ao Exército e fazer a saudação "Heil Hitler". Muitos seguidores
passaram a ser internados em campos de reeducação e de concentração onde ficavam
separados dos demais grupos. Os nazistas lhes ofereciam a liberdade, se renunciassem às
suas crenças, mas nenhum deles o fez. Eles também se negaram a fugir e a realizar
resistência ativa.
* As estimativas de Roma e Sinti na Alemanha quando da ascensão de Hitler ao poder, em
1933, variava de 15 mil (0,03% da população total de 60 milhões) a 30 mil (0,045%). O
motivo central para o extermínio dos ciganos foi racial, eles não condiziam com o ideal da
“raça ariana”, sendo discriminados e excluídos da sociedade porque eles não se encaixavam
na sociedade preconizada por Hitler.

36
* Os homossexuais alemães e austríacos (e não da Europa inteira) também vítimas do
nazismo, pois o mesmo era considerado como uma "aberração" e contradizia com o
princípio fundamental da "raça ariana pura". Presos por denunciação eram levados a
campos para serem “reeducados”.
* O Programa de “Eutanásia” foi um dos programas de assassinato das vítimas da política
racista e nacionalista da Alemanha nazista. Era o programa de “eliminação da vida que não
merece ser viviva” visando os deficientes físicos e mentais, também denominado de
Programa T4, por sua administração estar localizada na Rua Tiergarten 4, em Berlim. Ele
teve início na passagem de 1939 a 1940 e foi realizado principalmente na Alemanha. A fim
de evitar a exposição pública deste programa de “purificação” e destruição de deficientes
físicos e mentais, foram erigidos, a partir de outubro de 1940, sete centros de “saúde”, que
eram sanatórios de extermínio: Grafeneck, Hadamar, Bernburg, Sonnenstein, Brandenburg-
Görden, Kaufbeuren e Hartheim. Até o final da guerra, 75 mil deficientes físicos e mentais
foram assassinados.
2- E finalmente, os judeus, pois segundo Hitler “não podem haver dois povos escolhidos,
sendo assim um terá que ser exterminado: os judeus, porque o único povo escolhido é o
alemão.”

O PROCESSO DE “GUETOIZAÇÃO”:
1- A IDENTIFICAÇÃO DO EXCLUÍDO
A obrigação do uso da estrela amarela foi o sinal que a Alemanha instituiu para que os
judeus fossem facilmente identificados. Porém, os primeiros a aplicar esse método foram os
muçulmanos, que no século VII obrigaram os não muçulmanos a distinguir-se por meio de
suas vestimentas. Na Europa, os cristãos impuseram o uso obrigatório desse distintivo a
partir de uma decisão da Igreja católica durante o século XIII: este consistia num chapéu
pontiagudo amarelo.
A Alemanha nazista reinstaurou a obrigação do uso de sinal identificatório a partir de
uma recomendação de Reinhard Reydrich, que se referiu a esses métodos após os eventos
da Kristallnacht. Efetivamente, após a invasão da Polônia, foram publicados os decretos
que obrigavam os judeus a carregar um sinal de identificação.É certo que no inicio não
havia nenhuma decisão acerca da forma ou cor desse sinal. Em decreto de 14 de novembro

37
de 1939 ordenou o uso do bracelete de cor “judaico amarelo”. Em dezembro,uma nova
decisão avisava que apesar do bracelete, deveriam colocar identificações semelhantes no
peito e nas costas. Em setembro de 1941,dois anos após a obrigação de seu uso por parte
dos judeus da Polônia, se publicou uma ordem que obrigava a todos os judeus que estavam
sob o domínio do Reich a usar uma “estrela judaica” sobre suas vestes. A partir de então,
esse sinal se tornou parte dos preparativos da “Solução Final”. A identificação dos judeus
foi adotada como um passo para o processo de sua deportação para o Leste e sua
consequente eliminação.

2 – A SEPARAÇÃO
“Eles visavam reduzir o universo judaico:
A cidade virava bairro,
O bairro se transformava em rua,
A rua em casa,
A casa em quarto,
O quarto em celeiro,
O celeiro em vagão,
O vagão em câmara de gás.”
Elie Wiesel (sobrevivente e Prêmio Nobel da Paz)35

Durante a Segunda Guerra Mundial, os guetos eram regiões urbanas, em geral


cercadas, onde os alemães concentravam a população judaica local, muitas vezes de outras
regiões, e a forçava a viver sob condições miseráveis. Os guetos isolavam os judeus,
separando-os não só das comunidades envolventes mas também de outros grupos judaicos.
Os alemães estabeleceram pelo menos 1.000 guetos incluindo-se a Polônia, Europa Central
e Oriental. As autoridades alemãs de ocupação estabeleceram o primeiro gueto na Polônia
em Piotrków Trybunalski, no mês de outubro de 1939.

O estabelecimento dos guetos permitiu as autoridades alemãs alcançar determinados


objetivos: os nazistas concentraram os judeus em condições de racionamento e severo

35
Proferido na 1ª. Conferência Mundial de Filhos de Sobreviventes, em Nova York, em 1994

38
controle, expropriação de seus bens, exploração de sua mão de obra, isolamento do mundo
exterior, os converteram em seres desprovidos de força e vontade e incitava a população
local a ter medo de se aproximar da população do gueto. Os alemães também erigiram
guetos nas zonas de ocupação da União Soviética, dos Estados Bálticos e România, entre
1939 e 1942. Em março de 44 quando a Hungria foi conquistada os alemães declararam que
seria estabelecido um gueto em Budapeste. No total, os alemães estabeleceram mais de
1000 guetos na Europa Central e Oriental.
Essa medida excluía o judeu da sua vida cotidiana, de suas atividades profissionais, do seu
círculo social , além de isolá- lo de qualquer contato com a política local e mundial.

Cartaz de entrada do gueto de Lodz: “Moradia dos


judeus: entrada proibida.”

O gueto de Lodz foi o de maior duração: de


fevereiro de 1940 até 19 de janeiro de 1945.

3- O ISOLAMENTO
Embora as ordens e diretrizes viessem geralmente de Berlim, o confinamento
dos judeus em guetos efetivou-se pela iniciativa de cidades e líderes locais. Numa discussão
em novembro de 1939, com Hans Frank e dirigentes de Cracóvia, declarou-se que em
Varsóvia "um gueto separado para judeus deve ser instituído e sua Excelência, o
Governador geral, endossa essa medida". Assim, um gueto oficial foi estabelecido em
Varsóvia, 3 dias depois. Um mapa desse plano foi apresentado ao Judenrat e teve início a
execução da obra. Em agosto de 1940, os alemães anunciaram oficialmente que a cidade

39
seria dividida em 3 setores: alemão, polonês e judaico.
Depois do gueto de Piotrkow Trybunalski, em outubro de 1939 foram paulatinamente
sendo estabelecidos outros guetos na Polônia. Ao todo, foram erigidos mais de 1000 guetos
na Europa Central e Oriental.
O GUETO DE VARSÓVIA
O maior gueto da Polônia foi o de Varsóvia estabelecido formalmente em 2 de
Outubro de 1940. Seis semanas mais tarde, em 15 de Novembro, foi cercado por muros.
No gueto, os direitos dos judeus eram limitados, as suas condições de vida eram
deploráveis e estavam restritos a uma pequena área, facilitando a deportação para os
campos de extermínio. Apesar de que um terço da população era judia, o gueto foi estabelecido
ocupando apenas 2,4% da área municipal., cerca de 2 km quadrados.. A população do gueto
chegou a 450 mil pessoas. Rodeado por muros que foram construídos pelos próprios judeus
e vigiados por guardas de extrema violência, os judeus foram desconectados do mundo
exterior. Porém, dentro do gueto , suas vidas oscilavam entre a desesperada luta para
sobreviver e a morte provocada pela fome e as enfermidades. O gueto excessivamente
povoado se transformou num foco de epidemias e mortalidade que as instituições como o
judenrat e as associações de assistência não conseguiam combater. Ao longo de sua
existência, mais de 80.000 judeus morreram no gueto. Quando as primeiras ordens de
deportação foram recebidas, Adam Czerniakow, chefe do Judenrat 36, se negou a preparar as
listas de deportados, suicidando-se em 23 de julho de 1942.

Emmanuel Ringelblum, autor do livro Cronica do Ghetto de Varsóvia observou


não ser possível comparar este gueto com o da Idade Média. Naquele tempo, o gueto era
fechado, se tanto, à noite, e embora instituído por decreto hostil, ajudava a manter um modo
de vida judaico e contribuía para a segurança dos judeus. Dentro do gueto, os judeus
estavam protegidos e seguros. O Gueto de Varsóvia, ao contrário, era uma jaula, isolando
mais de 400 mil pessoas como se fossem leprosos. Exceto uns poucos que recebiam
permissão por tempo limitado, de algumas horas ou dias, nenhum judeu jamais saiu para o
outro lado. A única maneira que havia para sair da área do gueto era em vagões de gado
fechados a caminho de campos de concentração ou extermínio.
36
Conselho Judaico que servia de intermediário entre a população encarcerada e os nazistas responsáveis
pelo gueto.

40
Apesar de todas as proibições, dezenas de escolas clandestinas funcionavam dentro
do gueto. Organizações clandestinas conduziam a vida cultural promovendo a cultura
Yidish37 através de leitura de escritores judeus, emprestando livros, estudando o idioma e a
cultura hebraica, organizando apresentações de Orquestra Sinfônica(com 80 membros),
apresentações teatrais e musicais, além de encontros onde se discutia a política local e
mundial (pois se conseguia jornais). Essas atividades serviam para esquecer a realidade
que viviam dentro do gueto, com a morte e a fome permeando o dia-a-dia dos encarcerados
e proporcionar um pouco de dignidade, apesar da vida indigna que lhes era imposta pelo
domínio nazista.

“No gueto não há crianças, há pequenos judeus...não importa a idade, já trabalham. Esta
criança não tem uma refeição antes de partir para o trabalho...E trabalha durante horas antes
de receber uma sopa aguada...” Yossef Zelkkowicz38.
O gueto de Varsóvia foi o maior, mas não o único. O gueto de Lodz foi estabelecido
em maio de 1940, por ser a segunda maior comunidade judaica da Polônia de entreguerras.
“É óbvio que a criação do gueto não é só uma medida conjuntural... Seu objetivo final será
a eliminação total dessa praga” (Instruções de Friederich Ubelhor referindo-se ao
estabelecimento do Gueto de Lodz).

Ainda outros guetos importantes foram estabelecidos nas cidades de Cracóvia,


Bialystok, Lvov, Lublin, Vilna, Kovno, Czestochowas, Minsk e outros mais.. Dezenas de
milhares de judeus da Europa Ocidental também foram deportados para guetos no leste
europeu.

Dos 223 mil judeus que viviam em Lodz em 1939, só sobreviveram 7 mil judeus no
final da Segunda Guerra Mundial, em 1945. Ou seja, aproximadamente, de cada 100 judeus
da cidade de Lodz, somente 3 sobreviveram.
CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO:
Logo após a subida dos nazistas ao poder, foi desenvolvida uma nova forma de
perseguição política: os campos de concentração. Na realidade o termo Campo de
Concentração era usado para definir todos os campos que faziam parte do sistema nazi.

37
Dialeto falado pelos judeus originários da Europa Central e Oriental.

38
Janusz Korczak, Diário de Gueto-

41
Porém, havia diferentes tipos de campos onde a concentração era de uma só forma. Havia
os campos de trabalho, campos de trabalhos forçados, campos de trânsito, campos de
prisioneiros de guerra. A medida que a guerra avançava as condições de vida nos Campos
se tornava cada vez mais intolerável tendo que lidar com as pragas constantes: fome, morte,
doenças, isolamento e racionamento.
O primeiro desses campos , Dachau, foi aberto em março de 1933, perto de
Munich, onde foram aprisionados os oponentes políticos e ideológicos do regime. Os
primeiros prisioneiros eram os comunistas, os Social-Democratas e outros inimigos
políticos do nazismo que necessitavam de reeducação política.
Quando os SS se tornaram a força dominante dentro dos campos de concentração
em lugar da polícia regular, os centros de reeducação foram separados das prisões. Em
1934, Heinrich Himmler, chefe das SS, passou a controlar esses campos estabelecendo um
sistema regular de admissão e supervisão dos prisioneiros. Himmler era a suprema
autoridade e podia se utilizar de qualquer meio de punição inclusive da pena de morte.
Entre 1936 e 1941 um nova categoria de prisioneiros aumentou o número de encarcerados
em Dachau. No inicio de 1937, havia 7.000 prisioneiros, no início de 1939 havia 25.000 e
em meados de 1941 havia 75.000. Todos os aprisionados durante a Kristllnacht foram
enviado para Dachau. Quando os campos, que até então recebiam os antissociais e os
criminosos políticos, passaram a receber uma nova categoria de prisioneiros, os
considerados racialmente inferiores(judeus), o campo passou a ter uma nova função e as
condições de vida passaram a se tornar subumanas. Uma mudança na orientação do campo
ocorreu quando se levou em consideração a situação econômica de época de guerra, a
mão-de-obra dos prisioneiros passou a se integrar com o setor privado da economia. Um
grande número de prisioneiros que possuíam qualificação profissional passaram a integrar
um setor especial de trabalho, sendo enviados para trabalhar em determinadas indústrias.
Porém, com a expulsão dos judeus do Reich, muitos dos prisioneiros que se encontravam
nos campos de concentração na Alemanha, principalmente os que não serviam mais como
mão-de-obra foram removidos para campos na Polônia, que podiam ser de concentração,
de trabalhos forçados ou de extermínio. Até o final da guerra havia campos por todo Reich
e todos territórios dominados.

42
CAMPOS DE EXTERMÍNIO:
Todos esse Campos ficavam situados na Polônia, pois na Alemanha não se faria
“trabalho sujo”. Sua finalidade era exterminar todos os prisioneiros enviados para lá, que
eram os idosos, os improdutivos para o trabalho, doentes e crianças. Cerca de 3.500.000
judeus foram exterminados nos Campos de Extermínio como parte da “Solução Final.”.Os
nazistas iniciaram o assassinato sistemático dos judeus quando invadiram a União
Soviética, em junho de 1941. Inicialmente esse extermínio começou com o fuzilamento,
mas esse método se mostrou pouco eficaz, pois os soldados se queixavam de estar
emocionalmente cansados de tantos fuzilamentos e por outro lado a munição se tornava
cara. Pouco tempo depois, começou a experiência com o gás Zyklon-B, primeiro em
Auschwitz e depois nos outros Campos de Extermínio. Assim que essa experiência se
mostrou eficaz, a hierarquia nazista ordenou que se estudasse a melhor forma para sua
utilização. Desse estudo chegou-se à Câmara de gás. Dentro dessa classificação foram
construídos seis Campos de Extermínio. O primeiro Campo de Extermínio foi Chelmno,
perto de Lodz, operando até o verão de 1944, fazendo uso de “furgões de gás” ,
assassinando cerca de 320.000 vítimas. Maidanek e Auschwitz foi ao mesmo tempo
Campo de Concentração e Extermínio. A seção de Extermínio de Auschwitz foi
estabelecida em Birkenau (daí o nome Auschwitz-Birkenau), em março de 1942
terminando suas atividades em novembro de 1944. Belzec, Sobibor e Treblinka foram
montados em 1942 como resultado da Reunião de Wannseee (Operação Reinhard).
Leve-se em conta que todas essas construções fizeram uso de muitos kms. de extensão ,
para um uso exclusivamente assassino, fruto da técnica e do conhecimento de
engenheiros, arquitetos, químicos, biólogos, diplomados nas Universidades que lançaram
mão da tecnologia e da modernidade.

E PARA ONDE FUGIR?

“Nesta parte do mundo (Europa Central e Oriental), há 11 milhões de judeus... para os


quais o mundo se dividiu em dois: lugares onde não podem viver e lugares para onde não
podem ingressar.” Chaim Weizmann, presidente da Organização Sionista Mundial, 1939

43
RESISTÊNCIA:
“Quando eu vivia num dos campos de concentração da Alemanha Nazista, pude
observar que alguns dos prisioneiros andavam de barraca em barraca, consolando outros,
distribuindo sua últimas fatias de pão. Podem ter sido poucos, mas me ensinaram uma lição
que jamais esqueci: tudo pode ser tirado de um homem, menos a última de suas liberdades:
escolher sua própria atitude, seu próprio caminho, de que maneira vai agir diante das
circunstâncias de seu destino: jejuar no Dia de Yom Kipur ou cantar o Hatikva enquanto
tira suas roupas ante as câmaras de gás, só prova que contrariamente a doutrina Nazista, os
judeus seguiram sendo humanos , mesmo em frente a Auschwitz, mostrando que os valores
judaicos eram importantes até o final e que os judeus queriam declarar sua humanidade
diante de um mundo totalmente desumano.” Viktor E. Frankl (1905-1997)39
Para Haim Guri y Monia Avrahami 40
Resistir era:
Contrabandear um pão
Ensinar em segredo
Recolher informação e distribuir de forma clandestina
Gritar para advertir
Salvar um rolo de Torá
Falsificar documentos
Passar pessoas através das fronteiras
Registrar fatos e ocultar registros
Estender a mão de ajuda aos necessitados
Ter coragem d e dizer o que pensa, mesmo correndo risco de perder a vida
Enfrentar os criminosos sem armas nas mãos
Fazer contato com o outro lado e contrabandear armas
Lutar com armas, nas ruas, montanhas e bosques

39
De 1933 a 1936, V. Frankl foi diretor do pavilhão das mulheres suicidas do hospital psiquiátrico de Viena. Quando os nazistas tomam
o poder na Áustria, Frankl, correndo risco de vida, sabota as ordens que recebera de proceder à eutanásia de doentes mentais sob seus
cuidados. Em setembro de 1942, Viktor, mulher grávida e família foram deportados para Auschwitz, tendo ele recebido a tatuagem de
prisioneiro nº 119.104. Somente Viktor sobreviveu.

40
Haim Guri y Monia Avrahami, Pnei hamered ,La cara de la rebellion, Buenos Aires, 1985.

44
Rebelar-se nos campos de morte
Sublevar-se nos guetos entre paredes destruídas.

Os judeus reagiram às restrições da vida nos guetos com uma série de tentativas de
resistência. Os resistentes freqüentemente se engajavam nas chamadas “atividades ilegais”,
tais como contrabando de alimentos, medicamentos, armas ou informações obtidas do outro
lado dos muros que os isolavam. Normalmente sem o conhecimento ou aprovação dos
conselhos judaicos, embora alguns deles tolerassem ou encorajassem o comércio ilegal pois
sabiam que aqueles bens eram necessários para a sobrevivência dos moradores dos guetos.
A despeito do fato de que os alemães parecessem dar pouca importância à realização de
cultos religiosos, eventos culturais e reuniões de movimentos juvenis que ocorressem
dentro dos guetos, ao menor sinal de "ameaça à segurança", em quaisquer destas ocasiões,
eles imediatamente encarceravam ou matavam os líderes e participantes das mesmas. Eles
proibiam, sem exceção, qualquer forma de ensino formal ou informal. Porém, estas
continuaram a existir.
O símbolo da Resistência que ficará, para sempre na História:
O LEVANTE DO GUETO DE VARSÓVIA.
Foi o movimento mais importante, comandados por Mordechai Anilevitch, os
judeus de todos os movimentos e organizações sionistas, reuniram-se para lutar.
Segundo Israel Gutman no livro Resistência “somente quando não havia mais nenhuma
esperança de sobrevivência foi que começou a resistência armada” . A partir do momento
em que se oficializou a expulsão dos judeus do Gueto de Varsóvia, os integrantes dos
movimentos juvenis se viram diante de dois desafios...contraditórios: garantir a segurança
de seus membros e preparar-se para a luta armada.
Mordechaj (ou Mordechai) Anielewicz (Wyszkow, Polônia, 1920 - 1943), era um
ativista sionista, comandante da Liga Combatente Judaica e líder da Revolta do Gueto de
Varsóvia. Em dezembro de 1942, Anielewicz passou a organizar células armadas de
combate aos alemães, reunindo todas as tendências políticas judaicas. Nesta mesma época,
começaram as deportações em massa de judeus para os campos de extermínio de Treblinka.
Em 1943 foi eleito comandante-em-chefe da Liga Combatente Judaica e estabeleceu
contatos com o governo polonês no exílio, sediado em Londres.

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Durante os três meses seguintes, todos os habitantes do gueto prepararam-se para aquilo
que eles pensavam poder ser a luta final. Foram cavados túneis por baixo das casas, a
maioria ligadas pelo sistema de esgotos e de abastecimento de água, dando acesso a zonas
mais seguras de Varsóvia.

No dia 9 de janeiro de 1943, Himmler, chefe supremo da Gestapo, chegou, de


surpresa, a Varsóvia, indo até o gueto. Ali se decidiu a ordem de destruí-lo e exterminar
todos os seus habitantes., iniciando a segunda onda de transportes para Treblinka. Cerca de
300.000 das 380.000 pessoas no gueto tinham sido levadas para o campo de extermínio de
Treblinka, onde foram assassinadas imediatamente após a sua chegada, no final do verão de
1942. Assim, no dia 18 de janeiro de 1943, vários batalhões da SS marcharam rumo ao
gueto, mas, pela primeira vez, os alemães foram recebidos ao som de granadas e
metralhadoras. Após sofrerem muitas baixas, as tropas da SS foram obrigadas a retirar. E os
combatentes judeus tiveram algum sucesso: os transportes pararam após 4 dias.

Os líderes da sublevação, encabeçados por Anilevitch, então com 24 anos, fizeram um


apelo ao mundo exterior. Palavras carregadas de emoção foram transmitidas por uma rádio
clandestina: "Declaramos guerra à Alemanha, a declaração de guerra mais desesperada que
já foi feita. Organizamos a defesa do gueto, não para que o gueto possa defender-se, mas
para que o mundo veja a nossa luta desesperada como uma advertência e uma crítica"41.
Depois de uma trégua de três meses, em 19 de Abril de 1943, A batalha final começou na
noite de Pessach ( Páscoa judaica) a 19 de abril de 1943. Forças alemãs e colaboracionistas
polacos, ucranianos e lituanos cercaram o gueto. 28 dias durou a luta no gueto.Os
resistentes dispararam e atiraram granadas contra patrulhas alemãs a partir de becos,
esgotos e janelas. Os nazis responderam detonando as casas, bloco por bloco e cercando e
matando todos os judeus que podiam capturar.

A resistência terminou em 16 de Maio de 1943. A revolta foi esmagada pelo


Gruppenführer da SS (então apenas Brigadeführer) Jürgen Stroop. Lutaram não por si, pois
não tinham nenhuma possibilidade de vencer ou escapar. Sabiam, disso. Mas lutaram para
preservar a sua dignidade, resguardar a moral do povo judeu e “não se deixar levar como
cordeirinhos para o matadouro” como dizia Aba Kovner, líder do Gueto de Vilna. Uma

41
Resistência, de Israel Gutman., Ed. Imago, pág. 137

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centena de judeus escapou pelos esgotos e formou, nas florestas, grupos de guerrilheiros
que continuaram lutando. Alguns tombaram, mas outros se salvaram e puderam contar,
relatar a luta heróica, a luta solitária, desesperada, magnífica, de um punhado de rapazes e
moças, autênticos de um povo, que nunca sonharam em ser heróis, mas tornaram-se heróis.
Mordechai Anielewicz morreu em ação na Rua Mila 18 em abril de 1943, onde se
localizava o bunker e se concentrava todo o comando geral da ZOB42 e mais 120
combatentes. Nesse local, encontra-se uma pedra gravada com os seguintes dizeres:
"Aqui, no dia 8 de maio de 1943, Mordechai Anielewicz, o Comandante do Levante do
Gueto de Varsóvia, tombou com o Estado Maior de sua organização, ao lado de dezenas de
combatentes, na campanha contra o inimigo nazista".

Após as revoltas, o gueto tornou-se o local onde os prisioneiros e reféns polacos


eram executados pelos alemães. Mais tarde, foi criado um campo de concentração na área
do gueto.

Carta escrita por Mordechai Anilevitch, em Varsóvia, 23 de abril de 1943, durante o


Levante do Gueto:
“Cumpriu-se minha última vontade. Sentimos agora que tudo que passou foi muito pior do
que imaginávamos, e apesar de termos tido idéia do nosso fim, a realidade superou a nossa
imaginação.
Na guerra contra os alemães esforçamo-nos até o máximo de nossas forças, no
entanto, estas se tornam cada vez mais débeis e por fim estão desaparecendo.
Estamos à beira da aniquilação.
Duas vezes obrigamos os alemães a retroceder, porém eles voltaram com
maiores forças. Um dos nossos grupos foi aniquilado após 40 minutos de luta,
outro lutou aproximadamente seis horas.
Nosso depósito de armas explodiu. Sinto que se sucedem acontecimentos
heróicos e que tudo isto, tudo o que fizemos tem um grande valor e uma grande
significação.
Não sou capaz de descrever para vocês a situação em que vivem agora os
judeus no Gueto.

42
Organização de Combatentes Judeus – fundado em Varsóvia em julho de 1942.

47
Pode suceder, talvez um milagre , e que algum dia nos tornemos a ver, mas
duvido, duvido muito que assim seja. O último desejo de minha vida cumpriu-se,
a defesa heróica que ofereceram os judeus teve um grande significado. A
auto-defesa e o desejo de vingança tornaram-se um fato. Sou testemunha das elevadas e
heróicas lutas dos insurretos judeus. Sinto-me feliz por achar-me entre os primeiros
guerrilheiros do Gueto.

Mordechai Anielevitch / Gueto, 23 de abril de 1943.

O levante do Gueto de Varsóvia não foi o único movimento de


resistência armada. Mas o mais importante. Os guetos de Bialistok, Vilna, Lodz, Cracóvia,
Czestechow e Bendzin, também foram palcos de levantes, apesar de que os referidos
guetos terem sido aniquilados. Nos campos de concentração e extermínio também houve
levantes: Treblinka ( 2 de agosto de 1943), Sobibor ( 14 de outubro de 1943), Auschwitz ( 7
de outubro de 1944) e Mathausen (20 de fevereiro de 1945).

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Sugestão de Filmes sobre o tema:

Insurreição - 159‟ – 2001 - Jon Avnet


No Gueto de Varsóvia, em 1942, com as "deportações diárias para o leste", trens levam por
dia seis mil judeus para os campos de concentração, onde eram executados em massa. Um
grupo de judeus, liderados por Mordechai Anielewicz , fizeram a única coisa que os
nazistas nunca esperaram: reagiram.
Fuga em Sobibor – 95‟ - 1987, Jack Gold
Sobibor, campo de Extermínio nazista, foi palco de uma revolta bem sucedida de
prisioneiros em 14 de outubro de 1943. Revoltosos conseguiram matar 11 guardas da SS.
As mortes foram descobertas e 600 prisioneiros fugiram desordenadamente.

* Silvia Rosa Nossek Lerner

Especialização em Estudos do Holocausto pela Escola Internacional De Estudos do


Holocausto – Museu Yad Vashem, Israel

Especialização em História do Século XX pela Universidade Cândido Mendes- RJ

Mestranda em Psicanálise e Arte – Universidade Veiga de Almeida

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BIBLIOGRAFIA:

ANTOLOGIA – Ghettos- Martirio Y Rebelion – Ensaios y Testemonios , AMIA , Buenos


Aires, 1969.
ARAD, Yitzhak, El Holocausto em Documentos- Yad Vashem, Jerusalém, 1996
ARENDT, Hannah, Origens do Totalitarismo – Anti-Semitismo, instrumento de poder,
Ed. Documentário, São Paulo, 1973.
BAUMAN, Zygmunt , Modernidade e Holocausto, Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro,
1989.
GUTMAN, Israel – Resistência -O Levante do Gueto de Varsóvia, Rio de Janeiro, Editora
Imago, 1994.
HILBERG, Raul, The Destruction of the European Jews - Holmes & Meier Publishers,
Inc., USA, 1985.
KORCZAK, Janusz, Diário do Gueto, Editora Perspectiva, São Paulo, 1986
LAQUEUR, Walter – The Holocaust Encyclopedia – Yale University Press, 2001.
MARGULIES, Marcos – Gueto de Varsóvia, Rio de Janeiro, Editora Documentário, 1973.
POLIAKOV, Léon – Do Anti-Semitismo ao Anti-Sionismo , São Paulo, Editora Perspectiva
S.A., 1988

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