mesmo no campo, encontramos prédios que podem ser facilmente identificados: são igrejas. As igrejas cristãs estão em toda a parte. Existem os mais variados tipos. A respeito de muitas delas, não dá para saber quem foi seu fundador, que tipo de doutrina segue, ou quem são seus líderes. Outras são mais fáceis de identificar. Quando se estuda a história de muitas igrejas se percebe que surgiram de divisões, cismas, renovações, avivamentos, etc. Mas se existem igrejas hoje é porque um dia existiu a primeira. A primeira foi a igreja de Jerusalém. Sua fundação está registrada em Atos 2.1 Naquele dia o Espírito Santo foi enviado por Deus, como Jesus prometera a seus discípulos (Lc 24.49; At 1.4), a fim de capacitados para a obra tremenda de lesar a mensagem da salvação pelo precioso sangue de Cristo a todas as gentes. Encontramos no relato de Lucas, que logo após a descida do Espírito Santo, quando uma grande multidão foi atraída pelos sinais At 2.1-13), Pedro, cheio do Espírito, levantou-se e pregou um sermão poderoso. Naquele momento, cerca de três mil pessoas re- ceberam a salvação, e se tornaram membros da Igreja Cristã. Aqui começou a Igreja primitiva. I. QUANTIDADE E QUALIDADE No final do capítulo 2, Lucas nos descreve a situação daquela igreja logo depois da descida do Espírito Santo. Ele diz: “... perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. Em cada alma havia temor; e muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos apóstolos. Todos os que creram estavam juntos, e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e bens, à medida que alguém tinha necessidade. Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa, e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus, e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos” (At 2.42-47). Imagine uma igreja de cerca de 120 pessoas. E pequena, todos se conhecem, não dá muito trabalho pastoreá-la. Agora imagine que essa igreja tenha um acréscimo, num único dia, de três mil pessoas. Como ficariam as coisas? Foi exatamente isso o que aconteceu no dia do Pentecostes. Os discípulos que se reuniam depois da ressurreição e ascensão de Jesus eram cerca de 120 pessoas (Cf. At 1.15). Com o sermão de Pedro, no dia da descida do Espírito, três mil se converteram (Cf. At2.41). Apesar de que muitos talvez não fossem de Jerusalém, pois havia muita gente de fora na festa de Pentecostes, é de se supor que muitos fossem. Até porque logo depois, com mais pregação do evangelho, o número subiu a cinco mil (Cf. At 4.4). Como manter uma multi- dão dessas unida e fiel? Somente o Espírito Santo podia fazer isso. E fez. Cheios do Espírito, os crentes começaram a perseverar na doutrina dos apóstolos. Isso significa que aquela igreja não era superficial, e não vivia só de emoção. Ela desejava ensino substancial. Além disso, era uma igreja que vivia realmente em comunhão. Não havia necessitados entre eles porque os irmãos estavam dispostos até a sacrificar seus bens para que todos pudessem ter o sustento (At 4.34). Além disso, era uma igreja de oração e adoração. O culto não era uma mera formalidade dominical, mas um momento de real entusiasmo e fervor na adoração ao Soberano Criador e Redentor. Todo esse testemunho público impulsionava ainda mais o crescimento, pois o Senhor acrescentava, dia- a- dia, os que iam sendo salvos. Não havia apenas quantidade, mas acima de tudo qualidade. A igreja estava cheia de crentes verdadeiros e comprometidos com o Senhor. Mas ainda precisava cumprir sua missão de testemunhar do Senhor Jesus em todo o mundo (A t 1 .8 ). E parece que estava se demorando um pouco a fazer isso. II. PERSEGUIÇÕES E EVANGELIZAÇÃO A perseguição foi uma característica marcante da igreja primitiva. Mas o que mais impressiona é a forma como ela soube lidar com a perseguição e como, afinal, Deus reverteu a perseguição em bênção para a própria igreja. Ao contrário do que muitos podem supor, aqueles dias não foram nada fáceis. Apesar de contar com a simpatia do povo, a igreja não contava com a simpatia das autoridades. Os capítulos seguintes de Atos deixam isso bem claro. A. Açoites e ameaças Pedro e João foram ao templo e curaram um homem coxo de nascença (At 3.1-10). Diante do assombro geral, Pedro passou a ensinar que tudo aquilo havia acontecido graças ao poder de Jesus, e convocou o povo ao arrependimento. Enquanto ainda estava pregando, os sacerdotes chegaram com os guardas e prenderam os dois apóstolos. Depois de muitas ameaças, os dois foram soltos, mas não por muito tempo (At 3.11-21). À medida que a Igreja crescia, dinamizada pelo poder de Deus, crescia também a inveja dos líderes religiosos (At 5.14- 17). O resultado foi que mandaram prender todos os apóstolos (At 5.18). Durante a noite, um anjo os soltou, e eles voltaram ao templo para ensinar as pessoas sobre Jesus. Isso serviu para que fossem novamente presos (At 5.19-26). Desta vez não escaparam sem receber alguns açoites e novas ameaças (At 5.40). Mas eles se regozijavam em sofrer pelo nome de Jesus (At 5.41). B. O primeiro mártir Se até então parecia que os inimigos não cumpririam as ameaças, os acontecimentos do capítulo 7 demonstram que eles não estavam para brincadeira. O primeiro mártir da igreja do Novo Testamento foi conhecido, seu nome era Estevão. Este homem de Deus foi apedrejado após demonstrar pelas Escritura s a centralidade de Cristo e a apostasia do povo judeu (At 7.1-60). O fato de Deus não livrar Estevão do martírio foi uma indicação de que as tribulações estavam na rota da igreja. C. Evangelização forçada A morte de Estevão desencadeou uma série de perseguições à igreja de Jerusalém. Lucas relata: “Naquele dia, levantou-se grande perseguição contra a igreja em Jerusalém; e todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judéia e Samaria” (At 8.1). Mas a perseguição promoveu o primeiro levante missionário da igreja cristã, pois, “... os que foram dispersos iam por toda parte pregando a palavra” (At 8.4). Foi assim que o evangelho chegou à Samaria pela pregação de Filipe (At 8.5-26). Talvez por causa da demora dos apóstolos em se dirigirem a Samaria e outros lugares para pregar a Palavra, como Jesus havia lhes ordenado, Deus teve que "sacudir” um pouco a igreja, a fim de que se movesse de seu lugar. A perseguição fez com que o evangelho saísse de Jerusalém e alcançasse Samaria e Antioquia. Deus sabe transformar o mal em bem. D. De perseguidor a perseguido Paulo é um capítulo à parte na história da igreja primitiva. Com ele a perseguição virou de lado. A princípio, ele foi um perseguidor da igreja. Ele já estava em atuação desde a morte de Estevão (At 8.1). Irado com a ousadia dos cristãos, Paulo decidiu aprisionar alguns na cidade de Damasco. Munido de cartas de autorização, cavalgou para lá com uma escolta. Mas no meio do caminho as coisas se inverteram para Paulo. O Senhor o con- verteu, e fez com que, de perseguidor, passasse a perseguido (At 9.1-16). Ele causou grande confusão entre os judeus quando começou a pregar nas sinagogas que Jesus era o Filho de Deus (At 9.20-22). Isso levou os judeus a arquitetarem um plano para tirar a sua vida. Para se livrar, teve que ser descido pela muralha da cidade dentro de um cesto (At 9.25). E. O segundo mártir Apesar de toda perseguição, a igreja continuava crescendo e se fortalecendo, desfrutando da paz de Deus. Lucas descreve: “A igreja, na verdade, tinha paz por toda a Judéia, Galiléia e Samaria, edificando-se e caminhando no temor do Senhor, e, no conforto do Espírito Santo, crescia em número” (At 9.31). Mas essa paz momentânea foi muito mais interna do que externa, pois as perseguições não haviam cessado. O capítulo 12 descreve uma nova onda de perseguição: “Por aquele tempo, mandou o rei Herodes prender alguns da igreja para os maltratar, fazendo passar a fio de espada a Tiago, irmão de João” (At 12.1,2). Tiago, irmão de João, foi o primeiro dos apóstolos a ser martirizado. E Herodes continuou: “Vendo ser isto agradável aos judeus, prosseguiu, prendendo também a Pedro” (At 12.3). Mas ainda não era a hora de Pedro, e durante a noite) um anjo o libertou novamente (At 12.5-11). III. QUANTO MAIS PERSEGUIDA, MAIS FIEL O que se percebe é que a perseguição, no final das contas, estava ajudando a igreja. Foi com ela que aconteceu o primeiro levante missionário. E a perseguição ainda colaborava para outro benefício da igreja: pureza. Dificilmente algum hipócrita faria parte da igreja naqueles tempos. Não só porque Deus já havia demonstrado que não estava disposto a admitir hipocrisia, como o caso de Ananias e Safira havia demonstrado (At 5.1-11), como porque todo aquele que confessava Jesus estaria à mercê das perseguições. Qualquer um pensaria duas vezes antes de se dizer cristão. Não havia muitas vantagens da perspectiva humana. O risco era muito grande. Por essa razão, é presumível que os que faziam parte da igreja naqueles dias fossem genuinamente convertidos em sua maioria. Nos primeiros séculos de perse- guição, Tertuliano (160-225 d.C.) declarou: “O sangue dos mártires é a semente da igreja”. De fato, quanto mais a igreja era perseguida mais fiel se tornava e mais crescia. Talvez tenha sido essa a razão pela qual o inimigo resolveu mudar de tática ao longo do tempo. A partir do século 4o houve uma completa inversão. De clandestina e perseguida, a igreja passou a ser oficial e concorrida. Tornou-se dominadora. Os perseguidores agora se apressavam em adentrar as fileiras da igreja em busca de benefícios. O golpe foi duro. O número de cristãos aumentou astronomicamente, mas a pureza quase que desapareceu. Pequenas tentativas de fazer o Cristianismo retornar à sua pureza original foram brutalmente esmagadas pela própria igreja institucional. Só com a Reforma do século 16 houve o tão desejado retorno. A igreja primitiva, porém, viveu todos os seus dias na ilegalidade e na pobreza. E foi mais pura e poderosa do que nunca. Conta-se que um pontífice romano da Idade Média olhava as construções e a riqueza da igreja romana, quando um assistente lhe disse: “Já não podemos mais dizer como Pedro: não tenho prata nem ouro”. Ao que lhe respondeu o sumo pontífice: “E nem dizer: em nome de Jesus Cristo, anda” (Cf. At 3.6). Igrejas do Novo Testamento CONCLUSÃO Quantidade e qualidade, perseguição, evangelização e mais fidelidade. Aí está um modelo para as igreja em todos os tempos. Mas nada disso resultou de técnicas e estratégias de marketing . Foi o Espírito em ação que fez isso. E claro que se pode observar o meio usado pela igreja para cumprir a sua missão. Mas os apóstolos não creram que sua sabedoria era a resposta. Nestes dias tão complicados em que vivemos, o exemplo daquela igreja deve nos incentivar a recuperarmos as marcas de uma igreja cristã como aquela. Com certeza, o Cristianismo enfrenta sua pior crise, desde a sua fundação. Se por um lado o Cristianismo nunca foi tão nume- roso, por outro lado, nunca esteve tão dividido, enfraquecido e descaracterizado. O compromisso e a sinceridade dos crentes primitivos é o que precisa ser resgatado nos dias de hoje, para que a igreja volte a ser fiel e a cumprir seu papel no mundo. O poder do Espírito não mudou. APLICAÇÃO 1. Você tem seguido o ensino de Efésios 5.18-21 sobre o enchimento com o Espírito? 2. Como você pode crescer no conhecimento da Palavra de Deus? 3. Como pode desenvolver a comunhão cristã? 4. Como anda a sua vida de oração? Como melhorá-la? 5. Qual é a sua disposição para enfrentar oposição ao evangelho?
Análise de Dois Treinamentos Com Diferentes Durações de Pausa Entre Séries Baseadas em Normativas Previstas para A Hipertrofia Muscular em Indivíduos Treinados