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FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS DE CRUZEIRO


PÂMELA CRISTINA SANTOS LIMA DA SILVA

A PRÁTICA DE LEITURA NA ESCOLA: A LEITURA E A


FORMAÇÃO DO ALUNO

CRUZEIRO-SP
2018
1

PÂMELA CRISTINA SANTOS LIMA DA SILVA

A PRÁTICA DE LEITURA NA ESCOLA: A LEITURA E A


FORMAÇÃO DO ALUNO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Pedagogia
Avançada da Faculdade de Ciências
Humanas de Cruzeiro, em cumprimento à
exigência parcial para obtenção do título de
Licenciada em Pedagogia, sob orientação do
Profª. Esp. Érica Andréia Cortez Monteiro.

CRUZEIRO-SP
2018
2

PÂMELA CRISTINA SANTOS LIMA DA SILVA

A PRÁTICA DE LEITURA NA ESCOLA: LEITURA E A


FORMAÇÃO DO ALUNO

Trabalho de Conclusão de Curso aprovado em _____ de ______________ de 2018,


como requisito parcial para a obtenção do título de Licenciada em Pedagogia da
Faculdade de Ciências Humanas de Cruzeiro, pelos professores:

Banca Examinadora:

___________________________________________

___________________________________________

___________________________________________

___________________________________________
Orientadora: Profª Esp. Érica Andréia Cortez Monteiro

CRUZEIRO – SP
2018
3

À minha família e em especial minha mãe,


pelo apoio e carinho, aos meus amigos, pelo
companheirismo e a meus mestres, pela
paciência e sabedoria.
4

AGRADECIMENTOS

À Deus, por me permitir concluir meu sonho e me dar a certeza de que tudo já havia
sido planejado por ele, por me permitir saúde nesse tempo de curso e pelos
constantes desafios, que me possibilitou realizar este trabalho com determinação e
por se mostrar sempre presente em minha vida.

À minha orientadora Prof.ª Esp. Érica Andréia Cortez Monteiro pela: atenção,
carinho, paciência, orientação e apoio que me ajudaram a concluir este trabalho.

À Faculdade de Ciências Humanas de Cruzeiro e à Diretora Prof.ª Patrícia


Baptistella, pelas inúmeras oportunidades concedidas, sem as quais eu não
chegaria até aqui.

Aos demais professores, pela amizade, conselhos, abraços e conhecimentos


compartilhados, cada um com sua maneira e compreensão, me senti motivada e
capaz durante todo o curso e feliz pelos laços que levarei ao longo da minha vida.

Agradeço aos meus familiares e todos que me auxiliaram sempre que eu necessitei,
em especial a minha mãe minha companheira da vida e da faculdade, que só me
motivou a concluir meu sonho.

Aos meus colegas do curso de Pedagogia que acompanharam o meu desempenho


e formação, com companheirismo, respeito e solidariedade.
5

“A leitura é a transformação da representação sensorial de uma mensagem escrita


na representação do seu sentido e da sua pronuncia, o que permite compreender a
mensagem e dizê-la em voz alta (MORAIS, 2014, p. 38). ”
6

RESUMO

A prática de leitura na escola, propõe-se a uma nova proposta pedagógica, cujo


aprender lendo inspirado numa concepção de educação para além do codificação e
decodificação. Assim, a pesquisa tem como tema a pratica de leitura na escola: a
escola e a formação do aluno, que esta também associada à aprendizagem como
fator relevante no desenvolvimento dos alunos. O presente trabalho tem como
objetivo mostrar a contribuição da leitura em sala de aula para a formação do aluno
e qual o papel do professor. Pretende-se para tanto descrever a prática de leitura em
sala de aula, além de Identificar os benefícios da leitura em sala de aula como meio
de construção e reconstrução do conhecimento, a fim de que esses dados sirvam de
apoio às propostas metodológicas de exploração das práticas de leitura na escola
como recursos didáticos a ser utilizados para o processo de aprendizagem,
sugeridos no contexto do presente trabalho. Para tanto adotou-se a pesquisa
bibliográfica como a leitura representa extração de sentidos, transformação no modo
de pensar, ver e agir, ela é a liberdade para se expressar, ela é independência. As
práticas de leitura possibilitam que as crianças sejam criativas, participativas,
comunicativas, compreensivas e edifiquem novas possibilidades de interpretação e
de representação do real, de acordo com suas necessidades, seus desejos e seus
conhecimentos. As práticas de leitura permitem, com que às crianças interajam no
mundo significativamente.

Palavras-chave: Ler. Escola. Leitura. Práticas. Desenvolvimento.


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ABSTRACT

The practice of reading in school, proposes a new pedagogical proposal, whose


learning reading inspired by a conception of education in addition to encoding and
decoding. Thus, the research has as its theme the practice of reading in school: the
school and the student's training, which is also associated with learning as relevant
factor in the development of the students. The present work aims to show the
contribution of reading in the classroom for student training and the role of the
teacher. It is intended for both describe the practice of reading in the classroom, in
addition to identifying the benefits of reading in the classroom as a means of
construction and reconstruction of knowledge, so that this data serve to support the
methodological proposals of exploration of reading practices in school as teaching
resources to be used for learning process suggested, in the context of this study. For
both adopted the bibliographical research as reading represents extraction of senses,
transforming our thinking, see and Act, it is the freedom to express themselves, it is
independence. Reading practices allow children to be creative, participatory
communication, understanding, and build new opportunities for interpretation and
representation of reality, according to your needs, your desires and your knowledge.
Reading practices allow, with which the children to interact in the world significantly.

Key words: Read. School. Reading. Practices. Development.


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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 09

1 CULTURA DA LEITURA ....................................................................................... 12


1.1 CONCEPÇÃO DE LEITURA ............................................................................... 12
1.2 A LEITURA COMO MEIO DE CONSTRUÇÃO E RECONSTRUÇÃO DO
CONHECIMENTO ..................................................................................................... 16
1.3 A IMPORTÂNCIA DA LEITURA .......................................................................... 19

2 PRÁTICAS DE LEITURA....................................................................................... 23
2.1 INCENTIVANDO A LEITURA .............................................................................. 23
2.2 TIPOS DE LEITURA ........................................................................................... 30
2.3 BENEFICIOS DA LEITURA................................................................................. 33

3 A LEITURA E A ESCOLA ..................................................................................... 36


3.1 CONTRIBUIÇAO DA LEITURA EM SALA DE AULA .......................................... 36
3.2 FORMAÇÃO DO LEITOR ................................................................................... 39
3.3 O PAPEL DO PROFESSOR ............................................................................... 46

CONCLUSÃO ........................................................................................................... 47

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 48
9

INTRODUÇÃO

A leitura é algo essencial a vida, nos proporciona prazer e sabedoria. A leitura


é um meio transformador das formas de pensar e agir que a criança constrói à
medida em que lê, compreende e guarda para si. É algo importante para a inserção
significativa em uma sociedade, com ela se adquire a liberdade de se questionar,
opinar, criticar, construir e reconstruir. A leitura é necessidade de qualquer pessoa,
pois ela faz parte da vida. Todos os seus atos, pensamentos e conhecimentos estão
relacionados a leitura. A leitura faz parte do dia-a-dia, é uma ferramenta essencial e
de extrema importância ao processo de desenvolvimento humano.
Trata-se de uma fonte de conhecimentos que gera prazer e aprendizado e
também é essencial para um bom desenvolvimento cognitivo, social e emocional da
criança. Ler constrói conhecimentos de forma significativa, interessante e prazerosa,
garantindo nas crianças a motivação e o interesse necessário para uma boa
aprendizagem, até convertê-las em adultos maduros, desenvolvendo sua forma de
pensar, sua autoconfiança e sua independência.
A leitura representa extração de sentidos, transformação no modo de pensar,
ver e agir, ela é a liberdade para se expressar, ela é independência. As práticas de
leitura possibilitam que as crianças sejam criativas, participativas, comunicativas,
compreensivas e edifiquem novas possibilidades de interpretação e de
representação do real, de acordo com suas necessidades, seus desejos e seus
conhecimentos. As práticas de leitura permitem, com que às crianças interajam no
mundo significativamente.
Conforme Costa (2009, p. 50):

Ler as linguagens da realidade, especialmente, ler os livros, implica o


resgate da cidadania, uma vez que conscientizam o leitor do poder de - ele
também - criar sentidos para os textos que se apresentam, a cada passo do
cotidiano.

À luz da constatação entre a leitura e a formação do aluno, o presente


trabalho tem como tema a prática de leitura na escola: a leitura e a formação do
aluno.
A presente investigação, portanto, parte do seguinte problema de pesquisa:
De que forma a leitura em sala de aula contribui para a formação do aluno e qual o
10

papel do professor?
Aventa-se a hipótese de que através da leitura o aprendizando torna-se capaz
de compreender e extrair sentidos, adquire consciência fonológica, obtém
identificação das relações fonema - grafema e habilidades de codificação e
decodificação.
Defende-se, também, a hipótese de que a leitura impulsiona o aprendizando a
ampliar seus conhecimentos já existentes, seus pensamentos, suas decisões, suas
ações e relações com a sociedade da qual pertence, mas também com o diferente e
o desconhecido.
O objetivo geral do trabalho é mostrar a contribuição da leitura em sala de
aula para formação do aluno e qual o papel do professor. Pretende-se para tanto
descrever a prática de leitura em sala de aula, além de identificar os benefícios da
leitura em sala de aula como meio de construção e reconstrução do conhecimento, a
fim de que esses dados sirvam de apoio às propostas metodológicas de exploração
das práticas de leitura na escola como recursos didáticos a ser utilizados para o
processo de aprendizagem, sugeridos no contexto do presente trabalho.
A relevância da pesquisa possui tripla dimensão: científica, social e pessoal.
No que concerne ao conhecimento científico, qualquer estudo que se
preocupe em estudar e mostrar os benefícios da leitura como meio de aquisição de
conhecimentos ou que ampliem as abordagens já existentes, é pertinente, pois é
através da prática da leitura em sala de aula, que estaremos apostando em uma
nova postura das escolas, dos professores e na transformação existencial dos
alunos que estarão a todo o momento praticando a leitura significativamente.
Em razão das lacunas ainda existentes, em um amplo processo da utilização
da leitura como meio para construção e reconstrução do saber, a presente pesquisa
objetiva contribuir com métodos para a melhor exploração da leitura em sala de aula,
sendo atrativa, facilitando a compreensão da importância da leitura para o
conhecimento, e que somente por ela todo indivíduo torna-se sociável, livre, critico,
participativo e conhecedor de seus direitos e deveres dentro da sociedade da qual
pertence.
Como aluna de pedagogia e por amar leitura, a pesquisa contribuirá com
informações úteis à educação, sobre leitura e seus benefícios do qual é algo
transformador e continuo para o desenvolvimento da aprendizagem. Tal convicção
deve-se ao fato de a pesquisadora ter a leitura como a base para a obtenção de
11

conhecimentos concretos, para enriquecer o vocabulário, para a reconstrução de


saberes, pensamentos e ações diante de uma sociedade, e, sobretudo no trabalho
docente por ser transmissora de informações válidas e significativas para o
desenvolvimento e concretização do aprendizado.
Como metodologia adotou-se a pesquisa bibliográfica. Será realizada a leitura
crítica, a redação de resumos e paráfrases e a elaboração de fichamentos das obras
pertinentes ao enfrentamento do tema e à comprovação das hipóteses além da
leitura de livros pertinentes ao objeto de pesquisa (aprendizagem e leitura na escola:
formação do aluno), serão consultados documentos disponíveis online, devidamente
consignados nas referências.
Fundamentou- se a pesquisa em: Carlino (2017); Carvalho, Juhas e Schwartz
(2015); Costa (2009); Maia (2007); Morais (2014); Piccoli e Camini (2012);
Estruturalmente, o trabalho está dividido em três capítulos. No primeiro
capítulo, abordam-se as considerações teóricas que fundamentam a análise da
concepção de leitura. Destacam-se os estudos sobre a compreensão da leitura e
sua importância, desde suas raízes que serve de base para compreender também
os sucessivos progressos da criança nessa fase de vida.
No segundo capítulo abordaremos as práticas de leitura usadas na escola e
seus benefícios.
No terceiro capítulo discutiremos sobre a contribuição da leitura em sala de
aula, a formação do aluno leitor e o papel do pedagogo.
Finalmente, segue a conclusão e as referências.
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1 CULTURA DA LEITURA

Neste primeiro capitulo veremos o conceito de leitura, suas funções nos


aspectos de construção e reconstrução do conhecimento e sua importância dentro
do contexto de formação do ser humano.
Para isso utilizaremos obras de Martins (1994), Freire (1982;1998), Koch
(2009), PCNs (1997), Kleiman (2011), Solé (1998), Bacha (1975), Lajolo (1982),
Jolibert (1994) e Brasil (2001).

1.1 CONCEPÇÃO DE LEITURA

Quando falamos em leitura, o que nos vem à mente é a decodificação das


palavras e dos signos, é o ato de ler, de atribuir sentido ao texto e a capacidade de
interpretação. Sabemos que a leitura nos acompanha desde os primeiros anos de
vida, quando começamos a soletrar as primeiras palavras e tentamos decifrar o que
está escrito. Tentamos compreender o mundo e tudo que está à nossa volta, desde
a leitura de um livro a um simples passar de olhos em uma figura ou imagem, uma
propaganda, um noticiário etc.
De acordo com Martins (1994, p. 23), a leitura se realiza a partir do diálogo do
leitor com o objeto lido – seja escrito, sonoro, seja um gesto, uma imagem, um
acontecimento‖.
Dessa forma:

Seria preciso, então considerar a leitura como um processo de


compreensão de expressões formais e simbólicas, não importando por
meio de que linguagem. Assim, o ato de ler se refere tanto a algo escrito
quanto a outros tipos de expressão do fazer humano, caracterizando-se
também como acontecimento histórico e estabelecendo uma relação
igualmente histórica entre leitor e o que é lido (MARTINS, 1994, p. 30).

A leitura é um ato que depende de estímulo e de motivação contínua. Sua


prática é uma tarefa essencial para a construção do conhecimento e a formação do
indivíduo, além de ser geradora de sentimento e de opinião crítica, exercendo sobre
o indivíduo o poder de expandir seus horizontes.
É uma atividade que em cada leitor produz um significado de acordo com a
experiência e o conhecimento que cada um tenha. Segundo Paulo Freire (1998), ler
13

não é apenas um processo de decodificação de palavras escritas.


Assim:

Não se esgota na decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem


escrita, mas que se antecipa e se alonga na inteligência do mundo. A
leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura
desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele.
Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do
texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das
relações entre texto e contexto (FREIRE, 1998, p.11).

Para Koch (2009, p.25), a leitura é um ato social entre dois sujeitos, leitor e
autor, que interagem entre si, obedecendo aos objetivos e as necessidades
socialmente determinados.
É uma atividade na qual se leva em conta os conhecimentos do leitor, exige
mais que o conhecimento do código linguístico, uma vez que o texto não é apenas
um produto de codificação e o leitor não é apenas um leitor passivo ou somente
aquele que decodifica os signos. Exige a intensa participação do leitor, pois ele
aplica ao texto seus conhecimentos armazenados e adquiridos, facilitando a
construção de sentidos.
É por meio da leitura, e de várias leituras, que o leitor passa a levantar
críticas, formular hipóteses e compreender melhor o que está escrito. Ler é muito
mais que passar os olhos sobre as letras, é uma prática criadora de sentidos.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs – (1997), o
trabalho com a leitura tem a finalidade de formar leitores competentes, capazes de
compreender o que leem e que identifiquem os elementos implícitos, estabelecendo,
assim, relações entre o texto que leem e outros que já foram lidos e que estejam
atentos à diversidade de sentidos que podem ser atribuídos ao texto.

A leitura é o processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de


construção e significado do texto, a partir dos seus objetivos, do seu
conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe sobre
a língua: características do gênero, do portador1 , do sistema de escrita,
etc. Não se trata simplesmente de extrair informação da escrita,
decodificando-a letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de uma
atividade que implica, necessariamente, compreensão na qual os
sentidos começam a ser constituídos antes da leitura propriamente dita
(PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS, 1997, p.53).

A atividade de leitura não corresponde a uma simples decodificação de


símbolos, mas significa interpretar e compreender o que se lê, segundo Kleiman
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(2011, p. 25) ―a compreensão de um texto é um processo que se caracteriza pela


utilização de conhecimento prévio‖, ou seja, o leitor utiliza na leitura todo
conhecimento adquirido ao longo de sua vida. Mediante a interação de diversos
níveis de conhecimento é que o leitor consegue construir o sentido do texto.
Desse modo, entende-se que é importante o conhecimento prévio do
indivíduo na prática da leitura, pois é esse conhecimento, como já foi mencionado,
que possibilita ao leitor fazer a inferência de significados e de construção de
sentidos, facilitando a melhor compreensão do texto lido.
Ainda segundo a autora, vários são os níveis de conhecimento que entram
em jogo durante a leitura e que são imprescindíveis para o processamento textual.

[...] o conhecimento linguístico, o conhecimento textual, os


conhecimentos de mundo devem ser ativados durante a leitura para
poder chegar ao momento de compreensão, momento esse que passa
desapercebido, em que as partes discretas se juntam para fazer um
significado. O mero passar de olhos não é leitura, pois a leitura implica
uma atividade de procura por parte do leitor, no seu passado, de
lembranças e conhecimentos, daqueles que são relevantes para a
compreensão de um texto que fornece pistas e sugere caminhos
(KLEIMAN, 2011, p. 25).

Segundo Kleiman (2011, p. 26), existem três espécies de conhecimentos,


destacados a seguir:

Conhecimento linguístico: é o conhecimento implícito não verbalizado e nem


verbalizável, abrange desde o conhecimento a respeito de como pronunciar
português, passando pelo conhecimento das regras da língua, chegando
até o conhecimento a respeito do uso da língua. Desempenha um papel
central no processamento do texto, permite a identificação de categorias
lexicais e das funções das frases, essa identificação é que permite que o
processo de leitura continue, até chegar à compreensão do texto. É um
componente do conhecimento prévio sem o qual a compreensão não é
possível.
Conhecimento textual: é o conjunto de noções e de conhecimentos a
respeito do texto, permitindo que o leitor identifique o tipo e a estrutura do
texto no momento da leitura.
Conhecimento de mundo ou enciclopédico: é a bagagem de informações do
leitor, tudo que ele traz na memória, tudo que foi adquirido tanto
formalmente como informalmente. Quando um leitor tem em mão um texto
para ler, sua primeira expectativa é que compreenda o texto e que sua
leitura alcance o sentido proposto.

Kleiman (2011, p. 25) afirma que quanto mais conhecimento textual o leitor
obter, quanto maior a sua exposição a todo tipo de texto, será mais fácil a sua com-
15

preensão. E que para uma leitura satisfatória esses conhecimentos que formam
parte do conhecimento prévio devem ser utilizados durante a leitura.

A ativação do conhecimento prévio é, então, essencial à compreensão,


pois é o conhecimento que o leitor tem sobre o assunto que lhe permite
fazer inferências necessárias para relacionar diferentes partes discretas
do texto num todo coerente. Este tipo de inferência, que se dá como
decorrência do conhecimento de mundo e que é motivado pelos itens
lexicais no texto é um processo inconsciente do leitor proficiente
(KLEIMAN, 2011, p. 25).

Nesta mesma linha de pensamento, Solé (1998, p. 39) afirma que a leitura é
um processo de interação entre o leitor e o texto. Esse processo conta com a
presença de um leitor ativo que processa e examina o texto com o objetivo de guiar
sua leitura, ou seja, sempre lemos com uma finalidade, a leitura é o processo com o
qual compreendemos a linguagem escrita.
Nesta compreensão intervêm tanto a forma e o conteúdo do texto, como o
leitor e seus conhecimentos prévios, conhecimentos estes, que possibilitam ao leitor
fazer inferências de significados que resultam em uma melhor compreensão do
texto.
É um processo interno, mas deve ser ensinado.
Conforme indica a mesma autora, a interpretação do texto envolve determinar
as ideias principais que ele contém e que, embora um autor elabore um texto para
comunicar determinados conteúdos, a ideia ou as ideias principais construídas pelo
leitor dependem dos seus objetivos de leitura e de seus conhecimentos prévios.
Além do que já foi mencionado, é importante destacar que para uma boa
leitura é imprescindível que o leitor esteja comprometido, que mantenha um
posicionamento crítico e reflexivo a respeito do que lê.
Desse modo, o leitor cria um processo de interação com o texto, permitindo-
se ultrapassar as barreiras dos códigos e dos símbolos, dando lugar a uma relação
da qual não pretende desprender-se.
Pois a leitura capacita ao leitor a ampliação de conhecimentos e possibilita a
evolução social do indivíduo, formando cidadãos críticos, uma condição
indispensável para o exercício da cidadania
Assim, pode-se dizer que o processo de leitura, compreensão e interpretação
de texto é uma atividade a ser praticada com o intuito de abrir o leque do
conhecimento do leitor.
16

1.2 A LEITURA COMO MEIO DE CONSTRUÇÃO E RECONSTRUÇÃO DO


CONHECIMENTO

O ato de ler proporciona a descoberta da leitura, um mundo totalmente novo e


fascinante. Entretanto, a sua apresentação à criança deve ser feita de forma atrativa,
estabelecendo uma visão prazerosa sobre a mesma, de modo que torne um hábito
contínuo. A leitura desenvolve a capacidade intelectual do indivíduo devendo fazer
parte de seu cotidiano e desenvolve a criatividade e a sua relação com o meio
externo.
A criança que faz parte do universo da leitura é ativa e está sempre pronta a
desenvolver novas habilidades, ao contrário daqueles que não possuem contato
com esse universo, pois esta se prende dentro de si mesma com "medo" de tudo
que a cerca. A leitura, como o andar, só pode ser denominada depois de um longo
processo de crescimento e aprendizado (BACHA, 1975, p. 39).
Na escola os textos são lidos apenas para responder questões previamente
elaboradas, que chamamos de compreensão textual, não há preocupação em levar
o aluno a refletir mais profundamente sobre o texto lido. Para Lajolo (1982).

Ler não é decifrar, como num jogo de adivinhações, o sentido de um


texto. É a partir do texto, ser capaz de atribuir-lhe significado, conseguir
relacioná-lo a todos os outros textos significativos para cada um,
reconhecer nele o tipo de leitura que seu autor pretendia e, dono da
própria vontade, entregar- se a esta leitura, ou rebelar-se contra ela,
propondo outra não prevista (LAJOLO,1982, p.59).

Para minimizar o problema da falta de leitores conscientes da importância da


leitura e não apenas da codificação desta, muitos educadores apregoam a
necessidade da constituição do “hábito de ler”. A leitura seria a ponte para o
processo educacional eficiente, proporcionando a formação integral do indivíduo.
Mas sabemos que as escolas principalmente as públicas, passam pelo que se
chamam de “crise de leitura”, isto significa a ausência de leitura de textos escritos
principalmente livros.
O ser humano, sem que perceba, está rodeado pelo mundo da leitura. A
criança, desde cedo, faz a leitura do mundo que rodeia, sem ao menos conhecer
palavras, frases ou expressões, pois é próprio do ser humano desejar o conhece
decifrar a curiosidade, de modo a refletir novos conhecimentos. Assim, o processo
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de leitura e escrita inicia-se antes da escolarização. A criança o adquire no âmbito


familiar e em seu convívio no meio social o interesse pelo ato de ler e de escrever.
Para tanto as crianças são inseridas no meio escolar, na verdade sem ao
menos saber o porquê de ter que frequentá-lo ou, seja para elas é uma relação
obrigatória, a qual a escolha é feita pelos adultos que os mandam passar grande
parte de seu dia em um ambiente até então desconhecido, onde tudo é planejado e
organizado pelos adultos. Quando, inicia a leitura todas as instruções e referência
ministradas pelo professor e ao aluno cabe se adaptar cumprindo as exigências e os
processos de trabalho que lhe são impostos. Isto causa desmotivação, pois os
discentes não possuem opções para construir uma leitura criativa que tende inseri-
los no fantástico mundo da leitura, consequentemente no mundo da escrita.

É lendo que nos tornamos leitores e não aprendendo primeiro para poder
ler depois. Não é legítima instaurar uma defasagem nem no tempo, nem
na natureza da atividade entre aprender a, “ler é ler"... Não se ensina a
ler com a nossa ajuda... A ajuda lhe vem do confronto com as
proporções dos colegas com quem está trabalhando, porém é ela quem
desempenha a parte inicial de seu aprendizado (JOLIBERT, 1994, p 14).

Entretanto, os primeiros contatos das crianças com a leitura é de fundamental


importância para suas percepções futuras, pois interferem na formação do ser
humano crítico, capaz de encontrar as possíveis resoluções para os problemas
sofridos pela sociedade, a qual se pertence.
Segundo Freire (1982, p. 112) uma vez que a leitura é apresentada a criança
ela deve ser minuciosamente decifrada, trabalhada, pois na maioria das vezes as
crianças têm um contato imediato com a palavra, mas a compreensão da mesma
não existiu. Para tanto se faz necessário apresentar o que esse que foi descrito por
tal palavra, de forma que esse objeto proporcione sentido á ela, pois dessa maneira
a busca e o gosto pelo mundo das palavras, isto é, da leitura e da escrita se
intensifica. Logo a leitura ganha vida e a criança adquire o hábito de sua prática.
O contato com a realidade é fielmente de extrema relevância para dar
significado á importância do ato de ler, já que este se faz necessário no cotidiano de
cada indivíduo, pois através dele adquire-se meios de combater as imposições
decretadas pela classe dominante, onde dominados se encontram atados, perante
tanta brutalidade intelectual, pois para a mesma é conveniente que assim
continuem. Contudo, a prática cotidiana da leitura significativa é uma das armas que
18

o cidadão possui para lutar tantas injustiças por ele sofridas. Enfim, eis a importância
do ato de ler.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais da Língua Portuguesa
(BRASIL, 2001, p.11) O trabalho com leitura tem como finalidade a formação de
leitores competentes e consequentemente, a formação de escritores, pois a
possibilidade de produzir textos eficazes tem sua origem na prática de leitura,
espaço de construção da intertextualidade e fonte de referências modalizadoras. A
leitura, por um lado, nos fornece a matéria-prima para a escrita: O que escrever por
outro, contribui para a constituição de modelos: Como escrever.
A leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de
construção do significado do texto, a partir dos seus objetivos do seu conhecimento
sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a língua: características do
gênero, do portador, de sistema de escrita, etc. Não se trata simplesmente de extrair
informação da escrita, decodificando-a letra por letra, palavra por palavra. Trata-se
de uma atividade que implica, necessariamente, compreensão na qual os sentidos
começam a ser constituídos antes da leitura dita.
Nos dias atuais, a leitura fluente envolve uma série de outras estratégias
como seleção, antecipação, interferência e verificação sem as quais não é possível
rapidez e proficiência.
E o uso desses procedimentos que permite controlar o que vai sendo lido,
tomar decisões diante de dificuldades de compreensão arriscar-se diante do
desconhecido, buscar no texto a comprovação das suposições feitas.
Um leitor competente é alguém que, por iniciativa própria, é capaz de
selecionar, dentre os trechos que circulam socialmente aquele que podem atender a
uma necessidade sua, formar alguém que compreenda o que lê; que possa
aprender a ler também o que não está escrito, identificando elementos implícitos;
que estabeleça relações entre o texto que lê e outros textos já lidos.
A leitura na escola tem sido fundamentalmente, um objeto de ensino. Para
que possa constituir também objeto de aprendizagem, é necessário que faça sentido
para o aluno. Se a escola pretende converter a leitura em objeto de aprendizagem
deve preservar sua natureza e sua complexidade, sem descaracterizá-la.
Se o objetivo é formar cidadãos capazes de compreender os diferentes textos
com os quais se defrontam, é preciso organizar o trabalho educativo para que
experimentem e aprendam isso na escola. É preciso, portanto, oferecer-lhes os
19

textos do mundo: não se formam bons leitores solicitando aos alunos que leiam
apenas durante as atividades na sala de aula, apenas no livro didático, apenas
porque o professor pede. O trabalho com a diversidade textual, sem ela pode-se
ensinar a ler, mas certamente não se formarão leitores competentes.

1.3 A IMPORTÂNCIA DA LEITURA

O ato de ler proporciona a descoberta da leitura, um mundo totalmente novo e


fascinante. Entretanto, a sua apresentação à criança deve ser feita de forma atrativa,
estabelecendo uma visão prazerosa sobre a mesma, de modo que torne um hábito
contínuo. A leitura desenvolve a capacidade intelectual do indivíduo devendo fazer
parte de seu cotidiano e desenvolve a criatividade e a sua relação com o meio
externo.
A criança que faz parte do universo da leitura é ativa e está sempre
pronta a desenvolver novas habilidades, ao contrário daqueles que não
possuem contato com esse universo, pois esta se prende dentro de si
mesma com "medo" de tudo que a cerca. A leitura, como o andar, só
pode ser denominada depois de um longo processo de crescimento e
aprendizado (BACHA, 1975, p. 39).

Na escola os textos são lidos apenas para responder questões previamente


elaboradas, que chamamos de compreensão textual, não há preocupação em levar
o aluno a refletir mais profundamente sobre o texto lido. Para Lajolo (1982).

Ler não é decifrar, como num jogo de adivinhações, o sentido de um


texto. É a partir do texto, ser capaz de atribuir-lhe significado, conseguir
relacioná-lo a todos os outros textos significativos para cada um,
reconhecer nele o tipo de leitura que seu autor pretendia e, dono da
própria vontade, entregar- se a esta leitura, ou rebelar-se contra ela,
propondo outra não prevista (LAJOLO,1982, p.59).

Para minimizar o problema da falta de leitores conscientes da importância da


leitura e não apenas da codificação desta, muitos educadores apregoam a
necessidade da constituição do “hábito de ler”. A leitura seria a ponte para o
processo educacional eficiente, proporcionando a formação integral do indivíduo.
Mas sabemos que as escolas principalmente as públicas, passam pelo que se
chamam de “crise de leitura”, isto significa a ausência de leitura de textos escritos
principalmente livros.
O ser humano, sem que perceba, está rodeado pelo mundo da leitura. A
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criança, desde cedo, faz a leitura do mundo que rodeia, sem ao menos conhecer
palavras, frases ou expressões, pois é próprio do ser humano desejar o conhece
decifrar a curiosidade, de modo a refletir novos conhecimentos. Assim, o processo
de leitura e escrita inicia-se antes da escolarização. A criança o adquire no âmbito
familiar e em seu convívio no meio social o interesse pelo ato de ler e de escrever.1
Para tanto as crianças são inseridas no meio escolar, na verdade sem ao
menos saber o porquê de ter que frequentá-lo ou, seja para elas é uma relação
obrigatória, a qual a escolha é feita pelos adultos que os mandam passar grande
parte de seu dia em um ambiente até então desconhecido, onde tudo é planejado e
organizado pelos adultos. Quando, inicia a leitura todas as instruções e referência
ministradas pelo professor e ao aluno cabe se adaptar cumprindo as exigências e os
processos de trabalho que lhe são impostos. Isto causa desmotivação, pois os
discentes não possuem opções para construir uma leitura criativa que tende inseri-
los no fantástico mundo da leitura, consequentemente no mundo da escrita.

É lendo que nos tornamos leitores e não aprendendo primeiro para poder
ler depois. Não é legítima instaurar uma defasagem nem no tempo, nem
na natureza da atividade entre aprender a, “ler é ler"... Não se ensina a
ler com a nossa ajuda... A ajuda lhe vem do confronto com as
proporções dos colegas com quem está trabalhando, porém é ela quem
desempenha a parte inicial de seu aprendizado (JOLIBERT, 1994, p 14).

Entretanto, os primeiros contatos das crianças com a leitura é de fundamental


importância para suas percepções futuras, pois interferem na formação do ser
humano crítico, capaz de encontrar as possíveis resoluções para os problemas
sofridos pela sociedade, a qual se pertence.
Segundo Freire (1982) uma vez que a leitura é apresentada a criança ela
deve ser minuciosamente decifrada, trabalhada, pois na maioria das vezes as
crianças têm um contato imediato com a palavra, mas a compreensão da mesma
não existiu. Para tanto se faz necessário apresentar o que esse que foi descrito por
tal palavra, de forma que esse objeto proporcione sentido á ela, pois dessa maneira
a busca e o gosto pelo mundo das palavras, isto é, da leitura e da escrita se
intensifica. Logo a leitura ganha vida e a criança adquire o hábito de sua prática.
O contato com a realidade é fielmente de extrema relevância para dar
significado á importância do ato de ler, já que este se faz necessário no cotidiano de
cada indivíduo, pois através dele adquire-se meios de combater as imposições
21

decretadas pela classe dominante, onde dominados se encontram atados, perante


tanta brutalidade intelectual, pois para a mesma é conveniente que assim
continuem. Contudo, a prática cotidiana da leitura significativa é uma das armas que
o cidadão possui para lutar tantas injustiças por ele sofridas. Enfim, eis a importância
do ato de ler.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais da Língua Portuguesa
(BRASIL, 2001, p.12) O trabalho com leitura tem como finalidade a formação de
leitores competentes e consequentemente, a formação de escritores, pois a
possibilidade de produzir textos eficazes tem sua origem na prática de leitura,
espaço de construção da intertextualidade e fonte de referências modalizadoras. A
leitura, por um lado, nos fornece a matéria-prima para a escrita: O que escrever por
outro, contribui para a constituição de modelos: Como escrever.
A leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de
construção do significado do texto, a partir dos seus objetivos do seu conhecimento
sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a língua: características do
gênero, do portador, de sistema de escrita, etc. Não se trata simplesmente de extrair
informação da escrita, decodificando-a letra por letra, palavra por palavra. Trata-se
de uma atividade que implica, necessariamente, compreensão na qual os sentidos
começam a ser constituídos antes da leitura dita.
22

2 PRÁTICAS DE LEITURA

Este capítulo aborda a leitura como pratica cotidiana de construção do ser e


do intelecto passando por métodos de incentivo à leitura, analisando os diferentes
tipos de leitura e mostrando os benefícios da leitura para a formação do aluno.
A prática da leitura se faz presente em nossas vidas desde o momento em
que começamos a compreender e entender o mundo à nossa volta.
Para tanto utilizaremos as obras de Fronckowiak (2010), Kleiman (2001),
Bettelheim (1980; 2008), Abramovich (1991), Zilberman (2003), Coelho (2000),
Saraiva (2001), Oliveira (1997), Ometto (2006), Naspoline (1996), Jolibert (1994),
Brasil (1997), Soares (2003), Fregonezi (1999) e Rojo (2002)

2.1 INCENTIVANDO A LEITURA

Fazer a criança e o jovem tomar gosto pela leitura é um dos grandes desafios
dos educadores e pais do século XXI.
Uma das vantagens do incentivo à leitura, é que poderemos fazer das
crianças pessoas livres para escolherem a que tipo de leitura vão dedicar-se, em
que momento lerão.
Apesar que o hábito de ler não é uma realidade para boa parte dos
brasileiros.
Segundo Fronckowiak (2010, p. 4), a literatura deve ser apresentada às
crianças de forma agradável, com um tom de descoberta de diversão, precisa ser
atrativa, dinâmica, confundir-se com brincadeira para primeiro conquistar o leitor,
depois, através da própria leitura a criança vai percebendo seus benefícios, viagens
e as descobertas possíveis através da leitura.
Toda essa dimensão tão rica da literatura voltada para as crianças não pode
ser simplificada como mero artigo de alfabetização, pois isso mataria o leitor,
evidenciaria a leitura como atividade escolar e não como atividade lúdica, prazerosa
e para a vida.
Segundo a autora, quando o trabalho com a literatura desde o princípio é
voltado para alfabetização, há uma confusão entre o dever e o prazer, confusão esta
que acaba por afastar as crianças da literatura, pois muitas delas associam a leitura
ao dever escolar somente, criando uma barreira em relação à leitura, pois esta
23

passa a ser considerada apenas como algo escolar, que não é para ser levado além
dos muros da escola.

No espaço da educação infantil, as crianças não alfabetizadas não


encontram textos para aprender, aprendem com eles; não buscam textos
para estudar ou se alfabetizar, mas, nesse convívio, aprendem sobre si,
sobre os outros e sobre o modo de viver no coletivo. (...). Escrever assim
como ler, é exercício de coragem que exige tempo, treino e uma
compreensão sensorial da linguagem. (FRONCKOWIAK, 2010, p. 5).

Pesquisas mostram que o período da educação infantil é muito propício para


o desenvolvimento da aprendizagem, nessa fase que deve haver muito investimento
no estímulo intelectual, o que vem gerando novos desafios à educação, requerendo
maior responsabilidade e reforçando a necessidade de um novo olhar para
educação infantil.
Segundo Kleiman (2011, p.15), o ato de ler se dá de uma maneira muito
particular, pois trata-se de algo que envolve a subjetividade de cada sujeito, que
traduzirá a cada diferente sensação diante do ato e da vivência da leitura. “[...] ler
muitas vezes é trancar-se (no sentido próprio e figurado), ler é também sair
transformado de uma experiência de vida, é esperar alguma coisa [...]”.
(BELLLENGER, 1978 apud KLEIMAN, 2011, p. 15).
A escola como agente do conhecimento tem e deve ter compromisso e a
obrigação de criar situações nas quais os alunos de educação infantil, que agora
estão mais em evidência possam ter acesso ao desenvolvimento, à aprendizagem e
à cultura, também por meio da leitura e da escrita, que juntamente com o letramento
irão possibilitar que a criança possa ir além do conhecimento mecânico,
interpretando o mundo em que ela vive.
Para leitura a criança precisa interpretar símbolos, imagens, gestos,
desenhos, etc., promovendo predições, inferências e a comunicação de várias
formas de textos entre si.
A criança precisa ser chamada a participar, a interpretar, a criar suposições,
resolver problemas e para isso a leitura é um material muito rico, tanto quanto os
jogos e brincadeiras, pois ajudam a criança a compreender e perceber a
possibilidade de criar hipóteses variadas diversas, diante das mais distintas
situações, durante as quais ela poderá experimentar o mundo, acertando, errando,
24

descobrindo, aprendendo e se percebendo num mundo onde a escrita está em todo


lugar e em constante movimento, dentre outros valorizá-la.
Nas palavras de Bettelheim (1980):

Para que uma estória realmente prenda a atenção da criança, deve


entretê-la e despertar sua curiosidade. Mas para enriquecer sua vida
deve estimular-lhe a imaginação: ajudá-la a desenvolver seu intelecto e a
tornar claras suas emoções; estar harmonizada com suas ansiedades e
aspirações: reconhecer plenamente suas dificuldades e, ao mesmo
tempo, sugerir soluções para os problemas que a perturbam.
(BETTELHEIM, 1980, p. 13).

O educador precisa criar situações em que os educandos desenvolvam o


hábito de “trabalhar” a história, através da fala, de desenhos, das brincadeiras, de
escritas e ou garatujas.
Tudo isso envolve planejamento e estratégia, o docente precisa direcionar o
trabalho pedagógico tendo em vista o objetivo de desenvolver em seus alunos o
gosto e o prazer de ler, para tanto, há necessidade de se trabalhar a leitura de forma
dinâmica, buscando envolver seus alunos de acordo com suas necessidades e
sempre respeitando seus conhecimentos prévios, desvinculando um pouco tal
atividade do compromisso com aprendizagem da leitura e da escrita, passando a
focar principalmente no cultivo de uma leitura rotineira.

Ler histórias para crianças, sempre, sempre.... É poder sorrir, rir,


gargalhar com as situações vividas pelas personagens, com a ideia do
conto ou com o jeito de escrever dum autor e, então, poder ser um pouco
cúmplice desse momento de humor, de brincadeira, de divertimento.... É
também suscitar o imaginário, é ter a curiosidade respondida em relação
a tantas perguntas, é encontrar outras ideias para solucionar questões
(como as personagens fizeram...). É uma possibilidade de descobrir o
mundo imenso dos conflitos, dos impasses, das soluções que todos
vivemos e atravessamos – dum jeito ou de outro - através dos problemas
que vão sendo defrontados, enfrentados (ou não), resolvidos (ou não)
pelas personagens de cada história (cada uma a seu modo)... É a cada
vez ir se identificando com outra personagem (cada qual no momento
que corresponde àquele que está sendo vivido pela criança)... e, assim
esclarecer melhor as próprias dificuldades ou encontrar um caminho
para resolução delas... (ABRAMOVICH, 1991, p. 17).

Esse “auxílio” para enfrentar os dilemas da infância, que os pequenos leitores


ouvintes encontram nas histórias, vão sendo por eles assimilados e adotados, daí
vai surgindo o apego à história, depois pela leitura em si.
Esse prazer proporcionado pela experimentação de uma realidade que ainda
25

não é própria vai se transformando em busca por mais e diferentes experiências,


tornando-se uma busca curiosa, uma busca pelo conhecimento e pela satisfação
através das várias sensações possibilitadas pela leitura.
A literatura infantil, segundo Zilberman (2003), pode ser vista por dois
ângulos, o pedagógico, voltado para a impressão de regras sociais e culturais e o
trabalho com a decodificação dos códigos, ou seja, o ensinamento e a apreensão da
leitura e da escrita Bettelheim (2008, p.10), apresenta o campo subjetivo, que
considera as mensagens implícitas, que serão absorvidas e interpretadas pela
criança a seu modo, de maneira coerente às suas experiências e necessidades.

Em razão disso, explicita-se a duplicidade própria da natureza da


literatura infantil: de um lado percebida da óptica do adulto, desvela-se
sua participação no processo de dominação do jovem, assumindo um
caráter pedagógico, por transmitir normas e envolver-se com sua
formação moral; de outro, quando se compromete com o interesse da
criança, transforma-se num meio de acesso ao real, na medida em que
facilita a ordenação de experiências existenciais, pelo conhecimento de
histórias, e a expansão de seu domínio linguístico. Essa duplicidade
assinala sua limitação gerando o desprestígio perante o público adulto, já
que este não admite o legado doutrinário que lhe transfere.
(ZILBERMAN, 2003, p. 46).

De acordo com Zilberman (2003) e Bettelhein (2008), a linguagem atua como


mediadora entre a criança e o mundo, uma vez que a interação ocorre através desta
e de propiciar a organização de suas vivências, “a criança precisa desenvolver
recursos íntimos, de modo que emoções, imaginação e intelecto se ajudem e se
enriqueçam mutuamente” (BETTELHEIM, 2008, p.10), desenvolvendo a
racionalidade e significando a vida. Ainda que estas vivências sejam frutos de suas
experiências imaginárias e subjetivas as crianças necessitam de conceitos para que
esses sentimentos sejam compreendidos e organizados, passando a fazer sentido e
podendo ser resgatado quando a realidade da criança assim exigir “[...] o ler
relaciona-se com o desenvolvimento linguístico da criança, com a formação da
compreensão do fictício, com a função específica da fantasia infantil, com a
credulidade na história e a aquisição de saber”. (ZILBERMAN, 2003, p.46).
Embora a literatura desde seu princípio tenha por propósito ensinar algo,
passar algum conhecimento, informação ou alerta, ainda que inconscientemente,
para formar leitores efetivamente há a necessidade de ir além, desprender-se dessa
obrigação de transmissão, até mesmo porque isso já está implícito em qualquer
leitura, precisa-se valorizar o prazer da leitura sem a obrigatoriedade de se tirar algo
26

dela, uma leitura ao desejo do aluno, na qual ele tenha autonomia para buscar,
escolher o assunto e a obra, tenha acesso à elas, tenha o direito de parar de ler se
julgar que não está interessante e poder ter à mão opções com variedades de
assuntos, gêneros, autores, enfim que o aluno tenha a possibilidade de ler por
prazer.
Ainda que a leitura não seja dirigida, em nenhum aspecto, o leitor sempre vai
se beneficiar dela, pois o contato com as palavras, com os assuntos, com as figuras,
com os diferentes gêneros, com toda riqueza que uma obra literária pode
proporcionar vai além da mera transmissão de informação.
Para Coelho (2000), o “maravilhoso”, sempre foi o centro atrativo da literatura
infantil, atuando como encantamento para as crianças, porém ressalta que os
estudos dirigidos pela psicologia e psicanálise, atribuem mais que isso ao
maravilhoso contido nos contos e na literatura infantil de uma maneira geral, essa
corrente acrescenta aos benefícios da literatura para crianças, o fato de a criança
com o auxílio da leitura se preparar para a passagem do egocentrismo, o eu
absoluto, para o sociocentrismo, quando a criança já é capaz de tirar o foco somente
de si e dividi-lo com os outros, “é quando, inconscientemente, a criança tenta
construir sua própria imagem ou identidade e se depara com os muitos estímulos ou
interdições aos seus impulsos, etc., etc.” (COELHO, 2000, p. 54)

Lembra a psicanálise que a criança é levada a se identificar com o herói


bom e belo, não devido à sua bondade ou beleza, mas por sentir nele a
própria personificação de seus problemas infantis: seu inconsciente
desejo de bondade e beleza, principalmente sua necessidade de
segurança e proteção. Identificada com os heróis e as heroínas do
mundo maravilhoso, a criança é levada, inconscientemente, a resolver
sua própria situação – superando o medo que a inibe e ajudando a
enfrentar os perigos e ameaças que sente a sua volta e assim,
gradativamente, poder alcançar o equilíbrio adulto. (COELHO, 2000, p.
54).

Essa divisão entre boas e más, belas ou feias, poderosas ou fracas, delimita
para as crianças os opostos, exemplificando como as coisas funcionam na vivência
diária e de certa maneira levando-as a optar por um lado, fazer uma escolha, como
se estivessem vivendo a situação, se identificando ou não com determinados
personagens, atuando assim na formação da criança e de sua formulação em
relação a si mesma e ao mundo.
Ler amplia a compreensão de mundo da criança, auxilia-a nas transições e
27

angústias, de uma forma bem ampla a leitura ajuda a criança a experimentar e se


preparar para o mundo, de certa forma indiferente ao conteúdo escrito, pois ler é
subjetivo, é pessoal, então a maior riqueza em relação a leitura com crianças deve
ser a formação de crianças leitoras e autônomas.

Vista como “atividade essencial a qualquer área do conhecimento” (Silva,


1987, p. 43), a leitura está relacionada com o sucesso, não apenas
acadêmico, mas também social e econômico, pois se lhe atribuiu a
capacidade de promover os indivíduos. É reconhecida igualmente, a
importância da arte literária por ser capaz de situar o indivíduo diante de
si mesmo e de seu contexto; por possibilitar-lhe a percepção de variados
pontos de vista e por estimular sua criatividade. (SARAIVA, 2001, p.24).

De acordo com Oliveira (1997, p. 77), as palavras são mediadoras das


relações humanas, sejam elas intrapessoais ou interpessoais, servindo para
representar coisas e/ou situações, atribuindo a elas valor e peso, significando-as, e
dessa forma possibilitando reflexões acerca dos acontecimentos, decisões,
posturas, enfim, permitindo que organizem suas ações em seu pensamento para
depois atuarem de fato, uma vez que já internalizaram a palavra.

A rotulação por meio da linguagem e a relação com um conhecimento


anteriormente possuído dirigem sua atenção e sua memória de forma
deliberada, orientando sua percepção e facilitando a realização da tarefa.
(...), o indivíduo não se apoia em signos externos, em representações
mentais, conceitos, imagens, etc., realizando uma atividade complexa,
na qual é capaz de controlar, deliberadamente, sua própria ação
psicológica através de recursos internalizados. (OLIVEIRA, 1997, p. 78).

O conhecimento e o desenvolvimento da criança passam a ser permeados e


até dirigidos por signos internalizados, “[...] as representações mentais da realidade
exterior são na verdade, os principais mediadores a serem considerados na relação
do homem com o mundo” (OLIVEIRA, 1997, p. 35), signos esses transmitidos
através de processos sócios históricos os quais são transmitidos através das
palavras, evidenciando o que já sabem e apresentando novas possibilidades de
atuação. Nas palavras de Ometto (2006):

Nossa relação com o mundo é sempre mediada pelo outro. São


experiências acumuladas social e culturalmente que propiciam aos
sujeitos a oportunidade de articulação do que já sabem
(desenvolvimento real) com o que estão aprendendo (desenvolvimento
proximal). É nessa articulação que os alunos já sabem com o que
queremos que eles aprendam que encontramos (...) a zona de
desenvolvimento proximal. (OMETTO, 2006, p.3).
28

Assim também ocorre com a literatura infantil, ela atua nessa mediação
através das palavras, apresentando experiências com as quais as crianças ainda
não tiveram contato, deixando-as livres para ir além de acordo com suas
possibilidades e necessidades. A criança vai se apropriando das formas de
perceber, organizar e estruturar seu mundo, sua realidade também através das
histórias que ouve, assim como das relações sociais a que forem sendo expostas,
“[...] a interação com membros mais maduros da cultura que já dispõem de uma
linguagem estruturada, é que vai provocar esse salto qualitativo para o pensamento
verbal. ” (OLIVEIRA, 1997, p. 47), essas interações se mantém ativas através de
seus relatos orais que se transformaram na literatura infantil.

O desenvolvimento da espécie humana e o do indivíduo dessa espécie


está, pois, baseado no aprendizado que, para Vygotsky, sempre envolve
a interferência, direta ou indireta, de outros indivíduos e a reconstrução
pessoal da experiência e dos significados. (OLIVEIRA, 1997, p. 79).

A literatura infantil vem ao encontro dessa concepção, pois expõe e propicia


experienciar desde situações reais a situações mágicas, carregadas de relatos de
vivências e possibilidades, juízos de valor e concepções acerca de como estruturar e
organizar o mundo, permitindo uma releitura desses acontecimentos por parte da
criança sem uma responsabilidade maior, sem temores, porém que evidenciará e
ajudará a direcionar sua atuação no mundo.

2.2 TIPOS DE LEITURA

É importante ler textos, mas não só textos que transmitem através das
palavras mensagens, como também ler os símbolos por exemplo, ler uma figura,
desenho o que aquela gravura está transmitindo, o leitor que realmente ler poderá
ser capaz de emitir mensagens através de um texto representado por figuras entre
outras.
Sabemos que existe vários tipos de textos, que nós nos deparamos no nosso
dia a dia, textos longos e breves, mas sempre com o objetivo de transmitir uma
mensagem, uma ideia, para tanto existe textos que nós muita das vezes sentimos
desestimulados pelo conteúdo por ser um pouco extenso, principalmente quando
tem um contexto distante da realidade do leitor.
29

Em relação aos tipos de textos para fins didáticos podemos classificar os


textos em práticos, informativos ou literários e extraverbais, sendo que
os três primeiros grupos foram introduzidos, por Landsmann. Essa
classificação segundo ela tem o objetivo de facilitar o trabalho que teve o
aluno a produzir e sistematizar conhecimentos. (NASPOLINE, 1996, p.
39)

O objetivo é não somente levar o aluno a reconhece as diversas modalidades


de texto, mas leva-lo a escrever cada uma delas. O contato da criança com textos
variados facilita a descoberta das regras que regem a linguagem escrita.
Para fins didáticos, podemos classificar os textos em práticos,
informativos, literários e extraverbais.
Segundo Naspoline (1996, p.39) “Práticos” são os textos com os quais nos
deparamos em nosso dia-a-dia. Por exemplo contas de água, luz e telefone,
cheques, embalagens de todos os tipos, manuais, listagens, itinerários, ingressos,
passagens, carnês, bulas de remédio, cardápios, receitas culinárias, notas fiscais,
cartas, bilhetes, telegramas.
Para exemplificar, vejamos como atividades de aprendizagem sobre a carta
podem ser desenvolvidas em ensino fundamental II, baseando-se na teoria de
(JOLIBERT, 1994, p. 17).
Cada criança deverá construir a noção de destinatário; apropriar-se da
estrutura específica da carta com sua silhueta; ser capaz de argumentar, quando
necessário; empregar corretamente a pontuação e a letra maiúscula; e adquirir
vocabulário adquirido a situação.
Uma discussão pertinente diz respeito a funcionalidade desse tipo de texto.
Questionar o porquê escrever uma carta quando se poderia usar o telefone ou
conversar pessoalmente. Aqui vários motivos podem ser levados: segurança,
praticidade e economia por exemplo.
Quando se telefona, a pessoa pode não estar naquele exato momento; se
deixarmos recado, ela pode não receber. E ás vezes mesmo que a pessoa more
perto não tem tempo de ir até ela. Além disso há coisa que gostamos de dizer por
escrito para organizar melhor as ideias ou para que possam ficar guardadas. Outra
questão é o preço: na maior parte dos casos os telefonemas são mais caros que as
cartas. (NASPOLINE, 1996, p.40).
Em relação aos “Textos Informativos ou Científicos” existem função específica
que é manter o leitor informada e oferecer conhecimentos, para constatarmos esta
30

versão vejamos o que diz a seguinte citação:


“São os textos ou já a função é trazer ao leitor conhecimentos, descobertas e
novidades em geral. Exemplo disso são as notícias de jornal, enciclopédias,
dicionários, gramáticas, revistas, entrevistas, os textos científicos, históricos e
geográficos, tabelas e gráficos”. (NASPOLINE 1996, p. 44).
É interessante destacar que cada texto tem sua atividade especial, no caso
dos textos acima citados, cada um exerce de forma especial sua atividade a
exemplo disso temos o jornal cuja sua função é informar das notícias, sobre os
acontecimentos ocorridos no mundo no nosso dia a dia.
Como trabalhar textos informativos em sala de aula com alunos do ensino
fundamental II por exemplo.

Que os mesmos levam as notícias dos jornais


Recorte aquela que mais lhe chama atenção
Cole e fale o que entendem sobre a informação
Já em relação a texto literário
Identificar que é o autor do texto
Qual é a ideia central
Quais são os personagens (NASPOLINE 1996, p. 44).

Outro modo didático os textos extraverbais que são baseando-se em leituras


de textos de autores que escreveram sobre leitura e escrita constatou-se que na
visão de um autor, o código linguístico não é o único a permitir a leitura, pois existe
outras formas de textos, que são: ilustrações, figuras entre outras.

A partir do momento em que entendemos por texto, tudo que


conseguimos compreender e interpretar. Desta visão, o código linguístico
não é o único a permitir a leitura. “Existem “os textos” que não são
escritos com palavras, mas empregam outros códigos não linguísticos ou
além dos linguísticos- os textos extravertais. Exemplos: figuras,
ilustrações, arquitetura, história em quadrinhos, charque, quadro de arte,
música, gastos entre outros. ” (NASPOLINE,1996, p. 46).

Como vimos, o código linguístico, não é exclusivo a leitura, se a partir daí


conseguirmos compreender por que na realidade “os textos” que não são escritos
através das palavras, porém fazem uso de outros códigos linguísticos – que são os
textos extravertais. Exemplos: história em quadrinhos, quadro de arte entre outros.
Ser alfabetizado é antes de tudo experiênciar-se ao dia a dia. Esse aspecto
destaca os chamados “usos práticos ou funcionais da linguagem”. Além do mais,
uma pessoa alfabetizada possui certos privilégios que os demais não têm. E por fim,
31

quem lê e escreve tem facilidade de expressar-se.


Os textos literários São os textos que aparecem em forma de história
contadas por autores para despertar o interesse pela leitura do mesmo.
Vejamos um trecho do seguinte texto
Um Homem de Consciência

Clamava-se João Teodoro, só. O mais pacato e modesto dos homens.


Honestíssimo e Lealissímo, com um defeito apenas: não dá o mínimo
valor a si próprio. Para João Teodoro, a coisa de menos importância no
mundo era João Teodoro. (NASPOLINE, 1996, p. 45)

O texto citado fala de um homem que na realidade não valorizava a si


mesmo.

2.3 BENEFICIOS DA LEITURA

Atualmente, com vista a superar o ensino baseado na decodificação e


codificação de palavras, os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), enfatizam
que o ensino da língua portuguesa deve favorecer as práticas linguísticas, bem
como a leitura, a fala e a escrita, em prol de formar cidadãos críticos, capazes de ler
e entender o contexto em que estão inseridos, ou seja, tal documento afirma que:

É preciso que a escola seja um espaço que promova, por meio de uma
gama de textos com diferentes funções sociais, o letramento do aluno,
para que ele se envolva nas práticas de uso da língua – sejam de leitura,
oralidade e escrita (BRASIL, PCN, 1997. v.1, p.50).

Diante dessas acepções, é fundamental que a leitura trabalhada na escola


não se restrinja a um instrumento de aquisição do código, mas sim, um meio pelo
qual o indivíduo possa tê-lo como uma ferramenta que o capacite a analisar as
questões implícitas e explícitas de seu cotidiano de forma consciente. Tal objetivo no
ensino de Língua Portuguesa, tem como propósito, superar os chamados,
analfabetos funcionais, ou seja, pessoas que foram alfabetizadas, mas que, no
entanto, não sabem ler e escrever de fato.
Diante disso, Soares (2003) expõe que no atual contexto é necessário formar
indivíduos letrados, ou seja, alunos que não apenas saibam ler e escrever, mas que
sejam capazes de cultivar e exercer as práticas sociais em seu cotidiano que usam
32

leitura e a escrita.
Sobre isso, menciona que “aprender a ler e escrever e, além disso, fazer uso
da leitura e da escrita transforma o indivíduo a outro estado ou condição sob vários
aspectos: social, cultural, cognitivo, linguístico, entre outros” (SOARES, 2003, p.38).
Fregonezi (1999) relata que as novas tendências para o ensino de Língua
Portuguesa ainda não chegaram às salas de aula, pois o ensino predominante de
leitura parte da utilização de textos chatos e desestimulantes aos alunos, com isso, o
aluno não adquiri a capacidade de refletir, e ainda, não se sente envolvido e
motivado a ler. O autor cita que o ensino de Língua Portuguesa deve buscar uma
nova perspectiva, a qual “o objeto linguagem passa a ser visto não como mais um
produto a ser dissecado, a ser analisado e sim um processo” (Fregonezi, 1999,
p.35), ou seja, o estudo de linguagem procura o homem que esta na linguagem, pois
segundo o autor “ler é mais que decodificar, é mais que reconhecer sinais, para ler
bem é preciso não ler só palavras, mas as entrelinhas e o próprio mundo que as
contém” (FREGONEZI,1999, p.69-70).
Diante dessas acepções, Rojo (2002, p.7) menciona que:

[...] A escola e a educação básica são lugares sociais de


ensino/aprendizagem de conhecimento acumulado pela humanidade –
informações, indicações, regras, modelos -, mas também, e
fundamentalmente, de formação do sujeito social, de construção da ética
e da moral, de circulação das ideologias. Falar na formação do leitor
cidadão é justamente não olhar só uma desta moeda; é permitir a nossos
alunos confiança na possibilidade e as capacidades necessárias ao
exercício pleno da compreensão [...].

Deste modo, é fundamental que a instituição escolar busque ter a leitura


como objeto de aprendizagem, no qual é necessário que a escola trabalhe com
diferentes textos que responda a objetivos imediatos de realização do aluno, isto
significa trabalhar com a diversidade de objetivos e modalidades que caracterizam a
leitura, visando assim, formar um leitor competente.
Para tal, é essencial aumentar o conhecimento textual dos alunos, pois para
Fregonezi, (1999, p.84) “não se formam bons leitores oferecendo materiais
empobrecidos, justamente no momento em que as crianças são iniciadas no mundo
da escrita”, ou seja, é indispensável que a leitura de textos de alguma forma
contribua para a sua melhor qualidade de vida, pois muitos dos alunos por diversos
fatores, só terão um maior contato com a leitura de forma sistematizada na escola.
33

Assim, é de extrema importância que tal instituição contribua para a sua formação
referente à competência leitora, para que eles não sejam marginalizados
socialmente, e deste modo, consigam posteriormente agir ativamente em meio ao
seu contexto histórico social.
34

3 A LEITURA E A ESCOLA

Neste capitulo veremos como a leitura pode ser aplicada dentro da sala de
aula, sua relação com a formação de novos leitores em ambiente escolar e o papel
do docente nesse processo.
Para isso utilizaremos obras de Martins (2003), Lucyk (2003), Piletti (2000),
Geraldi (2003), Kleiman (1996; 2005), Lajolo (2004), Yunes (1985), Vygotsky (1984),
Brasil (1997), Mantencio (2000) , Jolibert (1994), Freire (1999), Lerner (2002),
Antunes (2001) e Silva (1998).

3.1 CONTRIBUIÇAO DA LEITURA EM SALA DE AULA

A educação é um meio eficaz no desenvolvimento da cidadania, desperta o


indivíduo para as reflexões sobre o seu meio, criando um sujeito ativo e participativo
dentre todas as relações por ele vivenciadas. A leitura, por sua vez, é o eixo central
no desenvolvimento desse indivíduo, pois com sua prática adquirem-se novos
conhecimentos e percebe-se o mundo ao seu redor.
Para tanto é necessário que as práticas pedagógicas satisfaçam as reais
necessidades das crianças. Assim, a escola deve dar prioridade à atividade e
projetos relacionados à leitura de forma em todas as áreas de conhecimento.
Segundo Martins (2003, p.17), se o conceito está geralmente restrito a
decifração da escrita, sua aprendizagem, no entanto liga-se por tradição ao
processo de formação global do indivíduo, á sua capacitação para o convívio e
situação social, política, econômica e cultural.
Desde a época grega e romana, o saber ler era algo exclusivo dos que tinham
poder e dos homens livres, portanto era privilégio de poucos.
O aprendizado se dava de maneira muita rígida e ocorria sempre, com base
na codificação dos símbolos, primeiro decorava-se o alfabeto, depois se soletrava e
por fim decoravam-se as palavras isoladas.
Atualmente as coisas não são tão diferentes, infelizmente, muitos educadores
ainda utilizam este método tradicional para alfabetizar seus educandos.
Prevalece o "aprender" em saber o porquê ou para quê impossibilitando o
aluno a compreender o verdadeiro significado da leitura, sua função e seu papel na
sociedade.
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Martins (2003) para diminuir o problema de falta de leitura, muitos professores


têm buscado incutir no seu aluno o "habito de leitura". A leitura seria então, um fator
importante para a formação do indivíduo. Mas mesmo com todo interesse dos
professores em desenvolver no educando "a prática de leitura", vê-se que escolas
passam pelo que denominaram de "crise de leitura". Esta "crise” se dá pelo fato do
alunado não ler textos escritos, principalmente livros, no seu dia a dia.
Quando pensamos em leitura não podemos restringir-nos apenas a livros, ou
quando muito, a textos escritos em geral. Precisamos levar em consideração
também a leitura de mundo, já que contamos com milhões de letrados que não
costumam ter a escrita como referência do cotidiano e que necessitam fazer parte
dessa sociedade cheia de conflitos e preconceitos, precisamos valorizar estas
pessoas para que se sintam parte deste contexto.
Portanto sabemos que o tempo, que cada leitor leva para fazer uma leitura
depende de cada um, de acordo com seus desejos e anseios. Cada leitor, mesmo
fazendo a mesma leitura por várias vezes, terá sempre uma forma para entender o
que leu (MARTINS, 2003, p.19).
A leitura se realiza a partir do diálogo do leitor com o objeto lido, seja escrito,
sonoro, seja um gesto, uma imagem, um acontecimento. Esse diálogo é
referenciado por um tempo e um espaço, uma situação, desenvolvido de acordo
com os desafios e as respostas que o objeto apresenta.
Segundo Lucyk (2003, p.23) A leitura faz parte do cotidiano lê-se para ampliar
os limites do próprio conhecimento, para obter informações simples e complexas,
para buscar diversão e descontração, que começa fora da escola e continua dentro
dela. É necessário ler. Ler é transformar a escrita em fala ler é decodificar
mensagens. Ler é interagir, ler é compreender e interpretar. Ler, sobre tudo, para
aprender a arte de escrever.
É necessário mostrar os discentes e de um modo geral que, devemos ler não
apenas para cumprir metas pré-determinadas pela escola, mas, como um ato
prazeroso é importante para seu desenvolvimento educacional e social.
Para Piletti (2000, p. 27), o ato de ler é um processo dinâmico e ativo, pois ler
um texto implica não só aprender o seu significado, mas também trazer para esse
texto nossa experiência e nossa visão de mundo como leitor. Ao conceber o ato de
ler, como um processo dinâmico, está se priorizando a formação de um leitor crítico
e criativo.
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Para o autor o mesmo coloca como responsável direta pela formação de bons
leitores, e isto é fundamental para que nós professores procurarmos dinamizar esta
busca de novos conhecimentos de nossos alunos, através do ato de ler.
A prática de leitura em sala de aula está longe do que deveríamos ter,
preocupa-se apenas em fazer o aluno ler textos que não têm qualquer significado,
pois estão distantes de sua realidade comportamento a que os alunos respondem
mecanicamente, reproduzindo apenas as questões propostas pelos livros didáticos.
Segundo Geraldi (2003, p.28), nos textos colocados á disposição dos
estudantes por grande parte dos livros didáticos pode-se constatar que tais textos
não respondem a qualquer "para quê". Consequentemente o único para que lê-lo
que o estudante descobre de imediato é responder as questões formuladas a título
de interpretação. As leituras realizadas em outras disciplinas são menos artificiais do
que as realizadas nas aulas de língua portuguesa, pois está um pouco mais claro
para o aluno ou "para quê" extrair informações do texto, ainda que a resposta tenha
sido autoritária e artificialmente imposta pelo processo escolar.
Entretanto para estimular a participação ativa do aluno na leitura de textos
cabe a nós professores a responsabilidade de estabelecer em sala de aula,
situações abertas e flexíveis que além de possibilitarem a interação professor/classe
abram caminhos para a interação aluno/texto.
Para Piletti (2000, p.26), o diálogo do professor com a classe é importante,
porque vai estabelecer um caminho de mão dupla, isto é a troca de experiência
entre professor aluno, fazendo com que cresçam juntos.
Kleiman (2005, p.33) a compreensão de um texto é um processo que se
caracteriza pela utilização de conhecimento prévio, o leitor utiliza na leitura o que ele
sabe o conhecimento adquirido ao longo de sua vida.
É mediante a interação de diversos níveis de conhecimento com o linguístico,
o textual o conhecimento de mundo, que o leitor consegue construir o sentido do
texto.
Podemos dizer que sem conhecimento prévio não haverá entendimento da
leitura.
O aluno poderá torna-se ciente da necessidade de fazer da leitura uma
atividade caracterizada pelo engajamento e uso do conhecimento, em vez de uma
mera recepção passiva.
Sabendo como o conhecimento adquirido determina, durante a leitura, as
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inferências que o leitor fará com base em marcas formais do texto.


Se algumas metodologias e estratégias propostas o desenvolvimento da
leitura parecem enganosas por trilharem caminhos equivocados, o
engano instaurou-se no começo do caminho, a partir do diagnóstico do
declínio ou da inexistência do hábito de leitura entre os discentes
(LAJOLO, 2004, p.107).

Se a escola não estiver atendendo a essa proposta, caberá à mesma criação


e ampliação de seu espaço físico e dos subsídios que auxiliam tais práticas, sendo
assim, se faz necessário que a escola dispõe de bons livros literários de diversos
gêneros capazes de atender a todos os seguimentos de ensino da instituição.
Segundo Yunes (1985, p.21) Além das técnicas didáticas dos professores
com prática de leitura, é importante ressaltar que um aspecto muito relevante na
formação de um leitor é a importância da família nesse processamos fazer uma boa
leitura, sabendo que quando de lê sem um objetivo pré-determinado, temos a dar
pouca ênfase ao que se está lendo, passando os olhos por cima, para cumprir
meramente o papel leitor.
Segundo Kleiman, (2005, p.32) a leitura que não surge de uma necessidade
para chegar a um propósito não é propriamente uma leitura; quando lemos porque
outra pessoa nos manda ler, como acontece frequentemente na escola, estamos
apenas exercendo atividades mecânicas que pouco têm a ver com significado e
sentido. Aliás, essa leitura desmotivada não conduz a aprendizagem.

3.2 FORMAÇÃO DO LEITOR

Desde muito cedo, os olhos curiosos das crianças exploram o mundo na


tentativa de compreender o que está sua volta. Nesse cenário, o adulto desempenha
papel fundamental é pela sua mão e mediação que a criança se aproximará do
desconhecido e desenvolverá novas hipóteses sobre a compreensão de algo ainda
inominado. Sem preocupação pedagógica de aprendizagem.
A definição de aprendizagem encontrada nos dicionários remede á aquisição
de conhecimento através de estudos, observações e experiência. A teoria de
Vygotsky (1984) acrescenta a essa definição a importância da interação entre os
sujeitos na direção de um objetivo comum. Interagir é comunicar. No aprendizado da
leitura também está em jogo a interação, seja entre duas ou mais crianças, ou entre
o adulto e a criança. O objetivo comum, nesse caso, é compreender o texto escrito e
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tirar conclusões sobre ele.


Inicialmente, a linguagem chega à vida da criança através da oralidade para
todo gesto há uma palavra que precede a fim de que a criança se aproprie do
mundo dos objetos, se organize dentro dele e comece a perceber as funções da
linguagem.

Ao lermos um texto qualquer, colocamos em ação todo nosso sistema de


valores, crenças e atitudes que refletem o grupo social em que se deu
nossa socialização primária, isto é o grupo social em que fomos criados
(KLEIMAN, 1996, p, 10).

Reconhecer a interferência da cultura na aprendizagem da leitura e admitir o


sujeito letrado. É afirmar a existência do leitor antes do texto, é não banalizar sua
história e a história cultural da qual faz parte.
Ninguém se envolve com aquilo que não compreende. E não adianta
estabelecer regras pré-fixadas sobre quais os textos deverão ser utilizados no
aprendizado da leitura, porque os percursos para a descoberta do mundo da escrita
são tantos quantos são os estudantes que existem numa sala de aula o potencial de
aprendizagem, assim como os desejos, variam de acordo com a história de cada
um.
A homogeneidade na forma de aprender, desejada pelo professor para
facilitar a caminhada do grupo, não existe. E, se existisse, geraria uma criação
tediosa e monocromática.
Muito se tem escrito sobre o ensino da leitura, já que um dos múltiplos
desafios a serem enfrentados pela escola é o de fazer com que os alunos sejam
leitores críticos, reflexivos e possam agir com autonomia nas sociedades letradas.
Os trabalhos desenvolvidos em sala de aula estão longe de promover uma
verdadeira prática de leitura, os professores, principalmente de língua portuguesa,
pouco ou quase nada fazem desenvolver no aluno esta consciência de ler para seu
desenvolvimento psicológico, preocupando-se muito mais com gramática, também
dissociado de textos ortografia e questionários onde o aluno já tem as respostas
direcionadas. Não se deve ensinar gramática sem relação direta com o texto, pois
não falamos de modo fragmentado. Desde a mais tenra idade começamos a falar
pequenas frases e em seguida conseguirmos formular textos. Então porque ensinar
gramática ao aluno dissociado do texto, se este convive diariamente com textos
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orais, visuais ou escritos? Deve-se envolver o educando no mundo da leitura, para


que o mesmo ao estar constantemente voltado para uma leitura prazerosa, não sinta
dificuldade em interagir com o professor quando este estiver ministrando aulas de
gramáticas.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, PCN, 1997. v.1, p.50)
reforçam essa questão, ao não negar a importância dos textos que respondem
exigências das situações escolares de ensino de língua portuguesa priorizem os
textos que caracterizem os usos públicos da linguagem.
Para estimular no aluno o gosto pela leitura, cabe ao professor oferecer
oportunidades de estes conviverem com textos de fácil entendimento levando-os a
refletir cada vez mais sobre as situações propostas no texto, relacionando-o ao
ambiente em que está inserido. O diálogo do professor com classe é importante,
porque vai estabelecer um caminho de mão dupla, isto é, a troca de experiências
entre professor e alunos, fazendo com que cresçam juntos (PILETTI, 2000, p.28).
Mantencio (2000) esclarece que a leitura não é apenas um simples processo
de decodificação, como praticam ainda muitas escolas brasileiras, mas ela vai além
desse conceito. Para ela.

A leitura, assim como a escrita, é uma atividade individual, realizada de


forma visual, por movimentos dos globos oculares. Ao longo desse
processo, os olhos não se fixam em cada palavra, como fariam
pressupor as atividades de leitura nas escolas, mas identificam um
conjunto de palavras. Por outro lado, o professor que o oriente nessa
conduta (MATENCIO, 2000 p.400).

É preciso facilitar e promover a vontade de ler. Só se aprende a ler, lendo; por


isso o professor é o principal mediador dessa leitura. Sua responsabilidade em
escolher bem os textos a serem lidos é de fundamental importância para que o ato
de ler seja algo verdadeiramente na vida do educando. A leitura não pode ser vista
como algo obrigatório, mas algo que possibilite criar um laço de interação entre leitor
e texto, para que ele possa ler o mundo em que vive ativa e criticamente.
A criança quando apresenta ao mundo da leitura necessita receber apoio para
que tal prática se concretize, uma vez que, participação dos adultos durante esta
fase de compreensão é conhecimento da leitura é extremamente importante, pois é
a partir das expressões e hábitos cotidianos que a criança realiza o entendimento
desse universo desconhecido.
40

Entretanto, cabe aos pais contribuírem para o desenvolvimento desse


processo, mas na maioria das vezes as crianças não recebem o auxílio dos
mesmos, pois estes também não o receberam no passado, e não detém
conhecimento e até mesmo habilidades de contribuírem para com a formação de
seus filhos: assim pais que leem formam crianças leitoras.

É importante dizer também quanto pode ser significativo que os pais


leiam histórias para seus ou folheiem com eles um álbum de literatura
infantil, levando-os a dizerem o que imaginam que irá acontecer na
página seguinte depois da virada (JOLIBERT,1994, p.129).

Ao ser inserida na escola, a criança passa a ser orientada pelo educador, que
através de suas práticas pedagógicas apresenta a ela o mundo das palavras,
portanto, cabe a ela criar situações e gerar incentivos para que a prática da leitura
seja efetivada, formulando projetos que insira a criança em sua própria realidade,
despertando interesse e a curiosidade por tal prática.
No entanto, as práticas metodológicas utilizadas pelos professores se
restringem a fase cognitiva apresentada pelas crianças, sem que favoreçam o seu
desenvolvimento. É necessário aplicar novos métodos que ultrapassem nível de
conhecimento de tais crianças (por exemplo: o silábico) apostando na construção
cooperativa do currículo educacional, o que contribui para uma aula mais interativa e
criativa.
Muitos pais apoiam à concepção tradicional não compreendido a liberdade
dada às crianças durante a construção da aprendizagem. Entretanto, essas novas
práticas pedagógicas aplicadas colocam a crianças em conflito, estimulando-as e
desinibindo o seu interesse em aprender.
Portanto, a leitura não é apenas um meio de decifrar, silabar e oralizar
palavras, mas deve sim ser uma forma de desenvolver seu hábito, transformando as
crianças em leitores assíduas, que gostam e saibam ler, pois o aprendizado não é
rígido através de imposições.
A concorrer para essa meta, é fundamental que se estabeleça objetivos as
práticas de leitura em todos os níveis escolares.
O professor, como mediador deve propiciar atividades práticas que se
fundamentem nessa lógica, criando diferentes momentos de leituras alicerçadas,
estratégias capazes de promover diferentes graus de letramento.
41

Além disso, todo momento, o professor deve deixar claro que ler é um
exercício muito amplo e pode tornar os indivíduos mais justos e solidários.

Na escola, além das técnicas didáticas dos professores com práticas


leitura, é importante ressaltar que um muito relevante na formação de um
bom leitor é a importância da família nesse processo (YUNES, 1985,
p.21).

Dessa forma, a leitura deve ser concebida com procedimento básico


indispensável ao ensino aprendizagem, de maneira integrada a todas as disciplinas,
sem restrições aos diferentes níveis de escolaridade.

3.3 O PAPEL DO PROFESSOR

O professor é antes de tudo promotor de leitura e formador de leitores. O


docente deve ser um profissional comprometido com o projeto de leitura e
apresentar estratégias para orientar seus alunos, tornando-se assim, um mediador
do processo, abrindo espaços, lançando desafios, valorizando a caminhada dos
alunos, desenvolvendo competências nas dimensões cognitivas, emocionais,
sensoriais e culturais. Segundo Freire (1999, p.29), “[...] percebe-se, assim, a
importância do papel do educador, o mérito da paz com que viva a certeza de que
faz de sua tarefa docente, não apenas ensinar conteúdos, mas também ensinar a
pensar certo”.
O professor deve assumir o papel de mediador, onde os alunos possam ler
através dele (LERNER, 2002, p.75).
O professor deve criar condições estimuladoras e desafiadoras para que os
alunos possam refletir e buscar alternativas para solucionar, de maneira criativa, os
problemas que surgem.

[...] caberia ao professor um papel radicalmente diferente do que


anteriormente exercia: de agente transformador de informações em
selecionador dessas informações, seu decodificador, mostrando como
descobri-las e selecioná-las e de que maneira transformá-las em
saberes. (ANTUNES, 2001, p.12).

Gostar de ler resulta da prática de leitura, pelo contato que se tem com os
livros e pelo estímulo que é oferecido aos alunos. A sala de aula deve ser o
42

ambiente estimulador e o professor seu colaborador, oferecendo aos alunos


oportunidade de serem bons leitores, fazendo interferências a partir do
conhecimento prévio e explorando a heterogeneidade do grupo. Antunes (2001,
p.24) afirma: “O grande professor será aquele que se preocupa em ensinar o aluno a
ler e compreender um texto e a se expressar com lucidez. ‟
Para Silva (1998, p. 31) em termos de realidade podem-se explicar as
funções da leitura da seguinte forma:

1. A leitura é essencial para qualquer área do conhecimento. 2. A leitura


está relacionada ao sucesso acadêmico do indivíduo e diretamente
ligada a não evasão escolar. 3. A leitura é um dos principais
instrumentos para aproximar o ser humano e diminuir o preconceito. 4.
Facilita a aprendizagem e diminui a massificação executada pela
televisão. 5. A leitura possibilita diferentes pontos de vista e alarga as
experiências das pessoas que aprendem.

O docente deve trabalhar com textos do contexto real dos alunos, para daí
sim, iniciar a leitura de forma prazerosa e criativa, contando juntamente com os
demais professores, pois a leitura está presente em todas as matérias.
Há estudos sobre as dificuldades que envolvem a leitura, desde os problemas
sobre não leitores, até as dificuldades dos que só decifram os códigos e não
desenvolvem a compreensão.
Para a real compreensão do que é lido, ou seja, o entendimento do
significado, da mensagem passada, pode-se seguir os princípios sugeridos por
Silva, quando explica alguns identificadores considerados importantes para a língua:
conhecimento das palavras, raciocínio na leitura (inclusive capacidade para interagir
e fazer relações e ainda arriscar proposições), capaz de identificar a mensagem
principal do texto.
Silva (1998, p. 36) “enfatiza a importância da reflexão durante o ato de ler,
considerando este um fenômeno ou uma experiência ligada ao inconsciente. ”
Portanto, pode-se sintetizar a ideia do autor que a reflexão através da leitura
dará origem a uma tomada de posição do leitor, levando-o a refletir sobre seu ato de
existir, ajudando-o na busca da verdade e fazendo-o participar da renovação cultural
que é fator inerente ao desenvolvimento do ser humano.
É de grande importância fazer da escola um ambiente que incentive os alunos
à prática da leitura, de métodos que auxiliem o objetivo de se fazer alunos/leitores e
críticos, contando com a participação dos professores das diversas disciplinas, já
43

que a leitura está presente em todas as áreas. Fazendo a escola como ambiente de
leitores e também de seres pesquisadores, segundo Lerner:

O necessário é fazer da escola uma comunidade de leitores que


recorrem aos textos buscando respostas para os problemas que
necessitam resolver, tratando de encontrar informação para
compreender melhor algum aspecto do mundo que é objeto de suas
preocupações [...] (LERNER, 2002, p.17).

Confirma Freire (apud INFANTE, 1998, p. 46) “a leitura do mundo precede a


leitura da palavra”, ou seja, a criança ao entrar para a vida escolar já tem
conhecimento da leitura de mundo, da realidade presente no mundo que a rodeia.
Portanto O professor é o grande mediador, é o ser que seleciona e
disponibiliza textos inteligentes e interessantes, ele é o promotor da leitura e
formador de leitores, é ele que criará situações estimuladoras e desafiadoras.
Juntamente com o professor está a escola, o ambiente que deve ser propício para o
hábito da leitura, trabalhar com métodos, nos quais a sala de aula deve ser
estimulador e o professor o colaborador.
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CONCLUSÂO

Diante da relevância social, econômica e cultural que assume a leitura no


processo de alfabetização em um mundo marcado pelo letramento; em que as
comunicações assentam-se nos fundamentos da velocidade das relações virtuais e
na divulgação e compartilhamento de todas as ocorrências existentes em uma
ordem mundial globalizada; todos os meios que possam ser utilizados pelas escolas
e, sobretudo, pelos docentes, no combate ao analfabetismo e na luta para uma
alfabetização de qualidade, são bem-vindos.
Em nosso trabalho, procuramos estabelecer quais as vantagens de se
adotarem a prática da leitura no ambiente escolar como ferramenta de formação
cultural e alfabetização do aluno, segundo uma concepção sócio interacionista para
o processo de alfabetização.
Por acessar no aluno, principalmente de faixa etária menor, o universo
imaginário, a leitura cria uma ponte para a inserção do conhecimento.
Confirmamos, pois, diante dos estudos realizados acerca da formação de
leitores, que esta prática, por ser munida de aspectos culturais, sociais e pessoais,
torna-se um método muito eficiente para se trabalhar com crianças de séries iniciais
de alfabetização.
Além do mais, o caráter lúdico de algumas literaturas faz com que a introjeção
de conteúdos, tanto atitudinais quanto cognoscitivos, torne-se uma atividade não
caracterizada pela imposição unilateral dos adultos que, aos olhos da criança,
afigura-se arbitrária e desprovida de sentido, causando sentimentos de medo,
frustração e fracasso.
De fácil localização, podendo ser encontradas em sites, livros didáticos e
mesmo evocadas pela memória ou ainda criadas pelos próprios professores e
alunos, as leituras, em face do exposto, transformam-se em poderosos auxiliares
didáticos ao alcance de todo docente que se interesse em trabalhar
sistematicamente com esse padrão de ensino.
No entanto, enfatizamos a necessidade de o educador conhecer a fundo o
método com que irá trabalhar, a fim de não subaproveitá-lo com práticas docentes
estereotipadas, mecanicistas e limitadoras. Por fim, todo trabalho com gêneros
literários deve levar em consideração o contexto sociocultural em que este ou aquele
gênero é produzido.
45

A partir do recorte temático adotado, a leitura como ferramenta na formação


do aluno, outras pesquisas podem ser realizadas, apenas substituindo-se a variável
leitura por outro meio de acesso ao conhecimento que se afine com as
características inerentes ao ensino da aquisição da linguagem escrita e falada nas
séries iniciais. Como exemplo, podem-se desenvolver pesquisas que relacionem a
alfabetização com os jogos virtuais ou de tabuleiro, com as cantigas de roda, em
séries iniciais de alfabetização, ou, também, que partam do folclore literário
narrativo, para séries mais avançadas, trabalhando-se com mitos, lendas e contos
populares.
Em reforço a essas considerações, vale frisar que nossa pesquisa não esgota
o assunto, pois ele pode desdobrar-se em pesquisas de maior fôlego, que exijam
maior tempo de consulta teórica sobre a relação entre gêneros literários e
alfabetização e outros métodos, além da pesquisa meramente bibliográfica, tais
como pesquisas de campo e pesquisa-ação, a fim de se confrontarem os
pressupostos teóricos com os dados empíricos coletados na vivência em sala de
aula.
Todavia, em que pesem as limitações de nosso trabalho, ele tem a virtude de
apontar caminhos para futuros pesquisadores, além servir de referencial teórico
inicial para quem já trabalha com parlendas em sala de aula, sem, no entanto, ter
tido ainda a oportunidade de conhecer as ricas e amplas possibilidades pedagógicas
pertinentes a este encantador legado da leitura.
46

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