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MIGUEL TORGA

ORFEU REBELDE

1. A ideia de rebeldia concretiza-se pelo uso de palavras conotadas com ações intensas, fortes e
revoltadas: “possesso” (v. 2); “fúria” (v. 4); “desafio” (v. 8); “gritos” (v. 11); “violências” (v. 12).
2. O “eu” poético estabelece o contraponto entre a sua poesia e a dos outros poetas – “felizes,
sejam rouxinóis” (v. 7) – de canto suave, descomprometidos da realidade.
3. As comparações reforçam a assunção da rebeldia do “eu” poético, que se aproxima de “um
possesso” (v. 2) e de “quem usa/Os versos em legítima defesa” (vv. 15-16).
4. O conceito de poesia aponta para a ação catártica dos versos: o sujeito poético canta para agir
sobre o (seu) tempo, assumindo uma posição interventiva.
5. 1.a estrofe: autocaracterização do sujeito poético. 2.a estrofe: Oposição eu/outros. 3.a estrofe:
Assunção da função interventiva da poesia.
6. Três sextilhas, com versos decassilábicos e dois hexassílabos (vv. 2 e 15). Rima cruzada em todas
as estrofes e emparelhada, na 3.ª estrofe. Rima rica e rima pobre.

DIES IRAE

1. O tempo representado no poema é o da ditadura e caracteriza-se pelo medo, pelo sofrimento e


pela falta de liberdade (“Um fantasma levanta/A mão do medo sobre a nossa hora.”, vv. 3-4; “Oh!
maldição do tempo em que vivemos,/Sepultura de grades cinzeladas”, vv. 13-14).
2. O paralelismo salienta, nos dois primeiros versos das três primeiras quadras, a oposição
existente entre aquilo que “Apetece” e o que efetivamente acontece e que é distinto, como sugere
a conjunção “mas”. Nos dois últimos versos dessas estrofes, o paralelismo apresenta a justificação
para as situações referidas, impostas pela opressão do “fantasma” que determina o medo e a
limitação da liberdade.
3. A última estrofe corresponde ao lamento conclusivo do sujeito poético sobre o seu presente,
uma “Sepultura de grades cinzeladas” (v. 14), uma prisão que deixa vislumbrar uma vida inexistente
(“a vida que não temos”, v. 15) e que não permite qualquer ação em relação à angústia sentida (“as
angústias paradas”, v. 16), por imposição do “fantasma” repetidamente mencionado.

EUGÉNIO DE ANDRADE
AGORA AS PALAVRAS

1.1. O sujeito poético refere um presente de relação difícil com as palavras, que lhe obedecem
muito menos (“Obedecem-me agora muito menos,/as palavras”, vv. 1-2), que resmungam e que
não demonstram respeito. No passado, as palavras terão gostado dele, a relação entre ambos terá
sido harmoniosa (“e elas durante muitos anos/também gostaram de mim: dançavam/à minha
roda quando as encontrava.”, vv. 11-13).
1.2. Através da personificação, as palavras são-nos apresentadas com características humanas
(“resmungam, não fazem/caso do que lhes digo”, vv. 3-4), o que lhes atribui, no processo de
criação artística, uma dimensão independente e dinâmica, longe de constituírem uma realidade
inerte. As palavras sentem, reagem e debatem-se com o sujeito poético.
2. Estes versos afirmam um processo de criação meticuloso e rigoroso do sujeito poético, que
procura as palavras certas, numa perspetiva intransigente do seu uso.
3. Os dois pontos marcam uma pausa que introduz uma explicação, uma especificação. Nela, o
sujeito poético explicita o tipo de relação existente entre ele e as palavras.
4. A interrogação parece apontar uma justificação alternativa para a desobediência das palavras,
assente na possibilidade de ter sido o poeta quem mudou, uma vez que passou a procurar as
palavras mais difíceis.
5. O título do poema remete exatamente para o presente da relação do sujeito poético com as
palavras, que descreve, depois, ao longo do texto.

RAPARIGA DESCALÇA

1. O sujeito poético recria poeticamente um instante real do quotidiano.

1. Um dia de chuva que é “um jogo inocente de luzes,/de crianças ou beijos, de fragatas” (vv. 7-8).
2. A rapariga tem pés “formosos” (v. 2) e “leves” (v. 3), que lhe conferem uma dimensão de leveza
quase angelical. Dos pés nasce um corpo que não se desprende deles, como se eles fossem a
origem e o fim da sua imagem.
3. Sensações visuais (vv. 1, 7-8, 9), tácteis (“leves”, v. 3), gustativas/tácteis (“sabor do sol”, v. 5) e
auditivas (“canta na folhagem”, v. 6).
4. No verso 9, o “eu” poético refere “Uma gaivota” que parece despertá-lo (“passa nos meus
olhos”) da deambulação poética anterior e o faz retomar a imagem da rapariga descalça,
transfigurando-a.
5.a. Sinestesia. Destaca a sensação agradável produzida pela chuva. b. Gradação. Cria uma
evolução crescente de poetização, na qual a rapariga perde progressivamente a sua fisicalidade e
passa a fundir-se com o ambiente sensorial.
6. As três quadras correspondem ao desenvolvimento tripartido do tema. Na 1. a, o “eu” poético,
num dia de chuva, fixa-se numa rapariga descalça. Transpõe depois a sua reflexão para a chuva e a
luminosidade do dia, na 2.a. Na última, retoma a imagem da rapariga em ambiente de
deslumbramento poético.

CANÇÃO

1. Um rapaz procura envolver-se amorosamente com uma donzela, que pede a opinião da mãe.
2. Nas duas primeiras estrofes, o sujeito poético feminino refere que tinha um “cravo” e um
“lenço de mão”, que um rapaz lhe pediu. Sem resposta expressa da mãe nas duas primeiras
estrofes, na terceira verifica-se que a rapariga acedeu ao pedido, dando-lhe o cravo e o lenço.
Pergunta, então, à mãe se deverá dar ao rapaz o seu coração, caso ele lho peça.
3. O título do poema, “Canção”, confirma-se na composição pela estrutura paralela e pela
presença de refrão (“– mãe, dou-lho ou não?”), fazendo lembrar a lírica trovadoresca no que diz
respeito ao ritmo e à construção.

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