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1, 57-77

PRAZER E SOFRIMENTO DOS PROFISSIONAIS DE UM CENTRO DE SAÚDE DE


BRASÍLIA1

PLEASURE AND SUFFERING OF PROFESSIONALS OF A PRIMARY ASSISTANCE


CENTER IN BRASÍLIA

Caroline de Queiroz Fonseca2, Vânia Lúcia Pereira de Andrade


Instituição de Educação Superior de Brasília

Resumo

O presente estudo foi realizado num Centro de Saúde de Brasília e teve como
objetivo pesquisar o processo de saúde-adoecimento dos funcionários conforme a
abordagem Psicodinâmica do Trabalho, de forma a descrever os indicadores do
contexto de trabalho e identificar as vivências de prazer-sofrimento, os danos físicos
e psicossociais. Participaram 17 trabalhadores desta pesquisa e utilizou-se o
instrumento ITRA para coleta de dados. Constatou-se que quatro fatores foram
avaliados como satisfatórios, dois como suportáveis, quatro como críticos. Os
resultados mostraram que os dois fatores, “Organização e Contexto de Trabalho”,
sinalizam estado de alerta e que existem mais indicadores de prazer em relação ao de
sofrimento no ambiente laboral. Sugerem-se mais pesquisas sobre o tema para
confirmarem ou ampliarem estes resultados.

Palavras-chave: Psicodinâmica do Trabalho, saúde e adoecimento, ITRA.

Abstract

The present article was accomplish at the Brasília Primary Assistance Center and the
article’s objective was to research the process of health and illness of employees
through the approach Psychodynamics of Work, describing the indicators of work
context and identifying experiences of pleasure-pain, as well as physical and
psychosocial damages. The survey included 17 health professional participants and
the instrument ITRA was used for collecting data. The results indicated that four
factors were assessed as satisfactory, two were assessed as supportable and four
were assessed as critical. The results showed that the factors Work Organization and

1
Trabalho de Conclusão do Curso de Psicologia da primeira autora, que foi orientada pela segunda. A
apresentação do trabalho foi realizada em Junho de 2010. Contato: nine_cqf@hotmail.com
2
A primeira autora agradece a cuidadosa revisão e dedicação deste manuscrito realizadas pela
Professora Vânia, segunda autora. Agradece também ao Psicólogo Rodrigo Monteiro de Castro Souza
pelo auxílio na elaboração de tabelas e figuras, além do carinho e apoio da família e do namorado.
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Work Context indicated state of alert and the results showed that there are more
indicators of pleasure than the indicators of pain in the work. More research about
this subject should be performed to confirm or to extend these results.

Keywords: Psychodymamics of Work, health and illness, ITRA.


O cenário atual do mundo do trabalho é preocupante, pois muitas pessoas sofreram e
sofrem de males associados ao trabalho. O ambiente laboral é um dos principais
agentes causadores das doenças dos funcionários. Entre as enfermidades, encontram-
se, por exemplo, a depressão, ansiedade, síndrome do pânico, lesão por esforço
repetitivo (LER), dor de cabeça e no corpo, alteração no sono e no apetite, distúrbios
digestivos e doenças crônicas devido a diversos fatores como baixo salário, ausência
de oportunidade de crescimento profissional, grandes responsabilidades, cobrança
excessiva de tarefa e condições de trabalho precárias.

Essas consequências podem acontecer em decorrência das mudanças ocorridas no


mundo do trabalho como a globalização e evolução tecnológica, por exemplo, que
provocam alterações nas configurações industriais, nos padrões tecnológicos e no
perfil das organizações (Abrahão & Pinho, 2002).

Ainda convém lembrar que as modificações do trabalho têm, nos últimos tempos,
afetado a saúde dos indivíduos e do coletivo de trabalhadores, pois as inovações
tecnológicas e organizacionais modificaram as organizações, as condições e as
relações de trabalho, de forma a causar um consumo excessivo das energias físicas
dos funcionários. As pessoas submetem-se a trabalhos insalubres e com salários
precários devido à insegurança gerada pela possibilidade de perder o emprego (Elias
& Navarro, 2006). Segundo Epelman, Fontana e Neffa (1991) (conforme citado por
Oliveira, 1997), esse cenário de constante mudança no mundo do trabalho afeta a
sociedade como um todo, com repercussões sobre a vida e a saúde dos trabalhadores,
especialmente sobre a vida psíquico-social, afetando não só a saúde e a vida
individual, mas também a vida familiar e social.

O desenvolvimento industrial e a acentuação da divisão do trabalho trouxeram


graves prejuízos à saúde física e mental dos trabalhadores em consequência de
prolongadas jornadas de trabalho, ritmo acelerado da produção e fadiga física
(Mendes, 1995). De acordo com Codo, Soratto e Menezes (2004), diante desse
panorama, houve a necessidade de entender a relação do homem com o trabalho, a
saúde e bem estar no ambiente laboral e o adoecimento do homem.

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Para o melhor entendimento sobre esse cenário, convém mencionar que os estudos
mais aprofundados sobre a relação do trabalho com os processos psíquicos tiveram
origem no começo do século XX (Mendes, 1995). Além do mais, no que se refere ao
trabalho e à doença mental, o resumo produzido por Codo e cols. (2004) comenta
sobre a importância do trabalho na vida do homem, atuando tanto na forma
prazerosa quanto algo que traz sofrimento. Segundo os mesmos autores, as
investigações sobre a área começaram a ser mais aprofundadas a partir da década de
1980, com a finalidade de descobrir os efeitos do espaço laboral sobre o trabalhador.
Em relação a esse assunto, existem três abordagens que estudam o sofrimento
psicológico no trabalho: abordagem do Estresse, abordagem da Psicodinâmica do
Trabalho e a abordagem Epidemiológica do Trabalho.
A psicologia tem desenvolvido muitos estudos, como o processo de motivação e
desempenho, e examinando que papel o trabalho tem, de fato, assumido na vida das
pessoas (Borges & Yamamoto, 2004). De acordo com Spector (2004), esses
profissionais se preocupam em entender o comportamento individual e a saúde dos
trabalhadores, bem como aumentar o bem-estar, o desempenho e a motivação dos
funcionários, auxiliando o funcionamento das organizações de forma mais efetiva.

Dessa forma, os fenômenos complexos que envolvem as dimensões humanas


implicadas no trabalho e a temática da saúde exigem dos pesquisadores maiores
esforços para compreender os assuntos mencionados (Assunção, 2003). Isso significa
considerar a importância do trabalho e sua influência em todos os âmbitos da vida
do sujeito, sendo social, afetivo, amoroso ou profissional e apontar para a construção
de um novo modelo de intervenção na área direcionado à abordagem que considere
os aspectos subjetivos do trabalho e a sua centralidade enquanto elemento de
construção da identidade do sujeito (Uchida, 2003).

Percebe-se, entretanto, uma conexão entre atividade laboral e o impacto que este tem
sobre a formação da identidade de qualquer ser humano. Sendo assim, Kantorski
(1997) faz algumas reflexões sobre os diversos modos que o homem vem se
constituindo objetivamente e subjetivamente na vida. De acordo com suas
ponderações, necessita-se levar em consideração o trabalho como uma categoria
central na vida do sujeito, pois tem um papel fundamental na existência humana, e
não se pode falar em ser humano desvinculando-o de sua atividade laboral. O
trabalho é, inclusive, fundamental para a criação da identidade do homem, pois ao
trabalhar, o indivíduo deixa sua face na natureza, reconhece a si mesmo e produz sua
identidade social. Por último, ela menciona que a atividade laboral é vinculada à
cultura e que o trabalho expressa o desenvolvimento do saber humano sobre a
realidade que se modifica ao longo do espaço e do tempo.

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Com relação a esse tema, Mendes e Abraão (1996) (conforme citado por Morais,
2006), falam a respeito da interação entre o indivíduo e o outro, sendo que essa
junção propicia a construção da identidade, sendo proveniente de dinâmica que
implica troca com o meio, com o contexto histórico, pessoal e social no qual o
trabalhador está inserido. Esse processo de troca permite a ocorrência de
ressignificação do sofrimento.

Um dos grandes pesquisadores sobre a saúde do trabalhador é Christophe Dejours,


precursor da abordagem Psicodinâmica do Trabalho. Segundo Mendes (1995),
estudos sobre saúde e adoecimento desenvolvidos na França por Dejours indicam
que a organização do trabalho é responsável pelas consequências penosas ou
favoráveis ao funcionamento psíquico do trabalhador.

Aprofundando-se sobre as informações expostas, a Psicodinâmica do Trabalho se


insere no campo da Psicologia do Trabalho. A Psicodinâmica do Trabalho é uma
abordagem científica, com bases conceituais constituídas ao longo do tempo pela
filosofia, psicanálise, sociologia e ergonomia, desenvolvida nos anos de 1990 na
França por Christophe Dejours (Mendes, 2007). Segundo os estudos de Codo e cols.
(2004), essa abordagem que se desenvolveu por meio da disciplina Psicopatologia do
Trabalho estuda o sofrimento psicológico no trabalho a partir do referencial teórico
psicanalítico, tenta compreender como o indivíduo trabalhador alcança certo
equilíbrio psíquico e evita o adoecimento, quais estratégias usadas por ele para se
manter saudável e transformar o ambiente laboral em fonte de prazer, mesmo
estando submetido às condições de trabalho patogênicas e desestruturantes.

Sendo assim, segundo Mendes (2007), o objetivo dessa abordagem científica é o


estudo das relações dinâmicas entre a organização do trabalho e processos de
subjetivação que se manifestam nas vivências de prazer-sofrimento, na saúde e
adoecimento. Segundo a mesma autora, o processo de subjetivação é um processo de
atribuição de sentido, expresso em modos de pensar, sentir e agir individuais ou
coletivos e é construído com base na relação do trabalhador com sua realidade de
trabalho.

Como forma de compreensão do processo de adoecimento e do efeito do ambiente


laboral sobre a saúde dos trabalhadores, necessita-se saber o significado de
sofrimento para a visão da Psicodinâmica do Trabalho. Verificando os achados de
Codo e cols. (2004), estes mencionam que o termo sofrimento é considerado inerente
ao processo de trabalho e impossível de ser eliminado diante da visão desta

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abordagem. Segundo os autores, o sofrimento torna-se patogênico quando todas as


possibilidades de adaptação ao espaço de trabalho não são suficientes para o sujeito e
quando as expectativas dele sobre o trabalho não são atendidas, bloqueando a
realização de seus sonhos e objetivos, de forma que ocorra o adoecimento do sujeito.
Por outro lado, os mesmos autores comentam que o sofrimento pode ser
transformado em criatividade e beneficiar a identidade. Sendo assim, o desafio dessa
abordagem é definir as ações capazes de mudar a direção do sofrimento e favorecer
sua transformação em criatividade, beneficiando a identidade. Dejours (1992)
comenta que o sofrimento acontece quando o sujeito não se adapta a realidade
imposta pela organização do trabalho, ou quando o indivíduo não tem espaço para
expor sua criatividade.

Segundo Dejours (2009), quando a relação do trabalhador com a organização do


trabalho é bloqueada, o sofrimento começa. A energia pulsional se acumula no
aparelho psíquico, pois não acha descarga no exercício de trabalho, gerando tensão.
Sendo assim, o trabalho é visto como fonte de sofrimento e indicador de adoecimento
quando está relacionado à precarização do trabalho, a sua rigidez e à falta de espaço
inexistente para a mudança dessa realidade.

Vale ressaltar que o prazer-sofrimento é estudado como constructo dialético para a


Psicodinâmica do Trabalho, uma vez que o trabalho pode ser compreendido como
um campo de encontro dos dois conceitos mencionados, além de ser definido como
vivência de sentimento de valorização, reconhecimento e desgaste no trabalho. Esse
tema vem sendo estudado por alguns pesquisadores, como Antloga e Mendes (2009),
Dejours (1992, 2009), Ferreira e Mendes (2001), Mendes (1995, 2007), Mendes e
Tamayo (2001), que inscrevem o sofrimento numa relação subjetiva do trabalhador
com seu trabalho. Lembrando que as pesquisas desses autores são ancoradas nos
pensamento de Dejours.

As vivências de prazer-sofrimento são definidas por Antloga e Mendes (2009) como


sendo o primeiro termo referente às vivências de realização profissional e liberdade
de expressão, e o segundo termo referente às vivências de esgotamento emocional e à
falta de reconhecimento. O sofrimento é vivenciado quando existe um desgaste em
relação ao espaço laboral, de forma a apresentar cansaço, desânimo e
descontentamento com o trabalho como conseqüência (Mendes & Tamayo, 2001).
Segundo estes autores, quando é experimentado o sentimento de valorização e
reconhecimento no ambiente laboral, o trabalhador vivencia o prazer. O conceito de
valorização, de acordo com os autores, é o sentimento que o trabalhado tem sentido e
valor por si mesmo, além de ser significativo para a sociedade e organização.

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O estudo desenvolvido por Mendes e Tamayo (2001) menciona que o trabalhador, ao


sentir-se valorizado, julga-se útil e produtivo e considera importante o trabalho para
si mesmo, empresa e a sociedade, valorizando a auto-imagem, que está ligada ao
orgulho pelo trabalho realizado e à realização profissional. Em contrapartida, em
relação ao sofrimento, aqueles trabalhadores que exercem atividades cansativas,
desagradáveis, repetitivas e sobrecarregadas apresentam sintomas de frustração,
desânimo e insatisfação. Em relação ao mesmo estudo, a valorização é vivenciada
pelos empregados quando a organização enfatiza a liberdade deles para
desenvolverem a autonomia intelectual, de forma a buscar a criatividade,
curiosidade, inovação, realização, estimulação e liberdade para executarem as
tarefas.

Outro estudo, realizado por Antloga e Mendes (2009), que investigou o prazer e
sofrimento dos vendedores de uma empresa de material de construção, apresenta
como discussão da pesquisa a satisfação e o prazer que os trabalhadores percebem
quando sentem que seu trabalho é importante e tem sentido. Fatores como medo,
ressentimento, cansaço desconfiança, pressão do trabalho, inexistência de
reconhecimento profissional, ausência de vínculo social, falta de possibilidade de
expressão de sentimento e ideias levam os sujeitos ao desgaste e ao desgosto pelo
que fazem. Mediante esse cenário, a produtividade da empresa tende a ser
prejudicada, inclusive pode ocorrer o aumento do número de funcionários que saem
da empresa ou a ausência destes no processo de trabalho.

Para Ferreira e Mendes (2001), as vivências de sofrimento estão associadas à divisão e


à padronização de tarefas em substituição do potencial técnico e da criatividade, à
presença de rigidez e ao excesso de procedimentos burocráticos, a pouca perspectiva
de crescimento, à falta de participação nas decisões e à ausência do reconhecimento.

Ainda convém lembrar que para a Psicodinâmica do Trabalho, conforme os achados


de Mendes (2007), é possível vivenciar o prazer, mesmo trabalhando em locais
precários, porém isso é possível quando a organização do trabalho oferece ao
trabalhador as condições para ele se desenvolver como a mobilização da inteligência
prática, o espaço público da fala e a cooperação.

Para compressão e melhor entendimento dos assuntos levantados, nota-se a


importância de observar a relação entre o sofrimento e trabalho. Este é visto como
um lugar de descarga psíquica da energia do trabalhador. Todo trabalho pressupõe
uma energia psíquica, que é o resultado da confrontação do desejo do trabalhador

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com a realidade da organização do trabalho e a pressão deste sobre o sujeito. Torna-


se fonte de prazer quando o contexto laboral permite a redução da carga psíquica e
um funcionamento livre do psiquismo. Quando o contexto não oferece espaço para
articulação entre os desejos do empregado e a realidade, resulta em acúmulo ou
bloqueio da energia psíquica, gerando tensão e sofrimento consequentemente
(Antloga & Mendes, 2009).

De acordo com as mesmas autoras, em relação ao sofrimento no trabalho, os


trabalhadores podem desenvolver formas de enfrentamento, que são responsáveis
para evitar o adoecimento e minimizar a percepção de uma realidade de sofrimento,
podendo ser de mobilização subjetiva e de estratégias de defesa individual ou
coletiva.

Segundo Mendes (2007), as estratégias defensivas são muito pesquisadas pela


abordagem Psicodinâmica do Trabalho, além de serem utilizadas para manter a
saúde psíquica e para lidarem com a fragilidade dos funcionários no trabalho,
funcionando como um modo de proteção; entretanto, as defesas podem servir como
obstáculos para os trabalhadores não pensarem sobre os seus trabalhos, agirem e
lutarem contra o sofrimento vivenciado, preservando o equilíbrio psíquico e
minimizando a percepção do sofrimento. As defesas podem ser de proteção,
adaptação e de exploração. As de proteção são os modos de pensar, agir e sentir
compensatórios, utilizados pelos trabalhadores para suportar o sofrimento e
racionalizá-los. As de adaptação e de exploração têm na sua base a negação do
sofrimento e a submissão ao desejo da produção.

Outra forma de evitar o adoecimento no trabalho é por meio da mobilização


subjetiva que é o processo que permite a transformação do sofrimento em prazer por
meio do resgate do sentido do trabalho (Antloga & Mendes, 2009). Conforme Dejours
(1993, 2004), citado por Mendes (2007), esse termo diferencia das estratégias
individuais e coletivas de defesa, uma vez que aquela implica a ressignificação do
sofrimento e não a sua negação ou minimização, além de tornar viável a dinâmica do
reconhecimento, que é o processo de valorização do esforço e do sofrimento
investido para realização do trabalho, ajudando na construção da identidade do
sujeito.

Mendes (2007), diante dessa perspectiva de evitar o adoecimento no trabalho,


comenta que é necessário o reconhecimento do trabalhador e do seu esforço e como
ele investe aquilo em que trabalha para que o trabalho seja fonte de saúde, uma vez

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que neste reconhecimento ocorre a possibilidade de dar sentido ao sofrimento


vivenciado.

Dentro da perspectiva teórica da Psicodinâmica do trabalho, fala-se também do


termo saúde. Segundo Mendes (2007), a saúde psíquica dos trabalhadores é
caracterizada por um equilíbrio psíquico marcado pela vivência de prazer e
sofrimento no local de trabalho, pela utilização de mecanismos capazes de mobilizar
os empregados em busca de uma relação mais agradável com o que fazem no
trabalho. Segundo a autora, o comportamento saudável não é a ausência do
sofrimento, mas as possibilidades internas e externas de o indivíduo transformar o
sofrimento mediante a tomada de consciência de suas causas, dos conflitos e
frustrações que o geraram.

Do ponto de vista de pesquisa tanto da saúde quanto do sofrimento, ou das


estratégias defensivas, necessita-se ter fontes de coleta para maiores
aprofundamentos sobre a relação homem-organização. Mendes (2007) considera
importante e fundamental a fala e a escuta dos trabalhadores como ferramentas
fundamentais para a compreensão do sofrimento e prazer vivenciados na ambiente
de trabalho, uma vez que falar do sofrimento permite que o empregado mobilize,
pense, age e crie estratégias para reconstruir a capacidade de pensar e desenvolver
estratégias de ação coletivas e individuais para confrontar as situações provocadoras
de sofrimento, buscar o prazer e a saúde.

Para fazer pesquisa, a Psicodinâmica do Trabalho utiliza a clínica do trabalho que


privilegia a fala dos trabalhadores. Essa forma de coleta de dado prioriza a escuta e a
fala livre dos pesquisados, pois é por meio da fala que se tem acesso aos processos de
subjetivação, às vivencias de prazer-sofrimento, às mediações e ao processo de
saúde-adoecimento. Além disso, a fala provoca reflexão e debate acerca do trabalho e
do sofrimento (Mendes, 2007).

Outra maneira de coleta de dados é através do Inventário sobre Trabalho e Risco de


Adoecimento - ITRA que foi construído por Ferreira e Mendes, tendo sido adaptado
e revalidado em 2004. O instrumento tem como objetivo investigar o trabalho e os
riscos de adoecimento por ele provocado em termos de: representação do contexto de
trabalho; exigências físicas, cognitivas e afetivas; vivências de prazer e sofrimento;
danos físicos, psicológicos e sociais Esse instrumento complementa a análise clínica
do trabalhado (Mendes & Ferreira, 2007).

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Diante dos assuntos levantados, o presente artigo tem o interesse em estudar o tema
Saúde Mental e Trabalho, utilizando como base a abordagem Psicodinâmica do
Trabalho. O presente estudo tem por objetivo investigar o processo de saúde e
adoecimento dos profissionais que trabalham em um Centro de Saúde de Brasília, de
forma a descrever os indicadores do contexto de trabalho, a identificar as vivências
de prazer-sofrimento, bem como os danos físicos e psicossociais.

Vale ressaltar que os profissionais da área de saúde estão, cada vez mais, adoecendo
no seu espaço profissional. Segundo estimativas da Organização Internacional do
Trabalho (OIT) - dados retirados do site oficial da OIT – Lisboa
(http://www.ilo.org/public/potuguese/region/eurpro/lisbon/html/portugal_dia_segur
anca_04_pt.htm) - todos os dias morrem, em média, 5.000 pessoas devido a acidentes
ou doenças relacionados com o trabalho. As categorias mais afetadas são as dos
bancários, professores, profissionais de telemarketing e do comércio, motoristas de
ônibus, controladores de vôos e trabalhadores da saúde.

Para atingir o objetivo proposto, realizou-se uma pesquisa quantitativa, como


descrita a seguir.

Método

Local e participantes

O presente estudo foi realizado em um Centro de Saúde, situado no Distrito Federal.


O Centro mencionado conta com uma equipe de profissionais que atende a
população local e as áreas vizinhas. Há atendimento nas clínicas básicas de Pediatria,
Ginecologia e Clínica Médica, e conta com serviços de Fonoaudiologia, Nutrição,
Fisioterapia, Terapia Ocupacional e Odontologia.

A instituição pesquisada conta com uma equipe multiprofissional composta por 57


servidores; destes, apenas participaram 17 profissionais, todos da área da saúde,
representando essa quantidade um percentual de 29,82% do total de funcionários do
Centro de Saúde. A amostra analisada possui idades que variam de 22 a 41 anos de
idade, sendo uma equipe composta por médicos, terapeutas ocupacionais, assistentes
sociais, dentistas, técnicos em higiene dental, enfermeiras e técnicos em enfermagem.
Da amostra, 82,35% representam o sexo feminino, 58,82% são casados e 41,17% são
solteiros e divorciados, 70,58% dos profissionais têm o nível superior completo, dos
quais 58,33% fazem ou concluíram a pós-graduação, 82,35% dos trabalhadores não
tiveram nenhum afastamento do serviço por problemas de saúde relacionados ao

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trabalho neste ano e 100% dos respondentes tem mais de seis meses de tempo de
serviço na instituição.

Os participantes desta pesquisa foram selecionados de acordo com dois critérios: 1º)
pertencer à área biológica, ou seja, aquela que lida com ciências relacionadas à saúde
do ser humano; 2º) estar empregado na instituição mencionada por um período
superior a seis meses.

Instrumento

Os dados foram coletados por meio de um instrumento composto por três escalas
que compõem o ITRA e por informações complementares dos participantes. As
categorias utilizadas foram a Escala de Avaliação do Contexto de trabalho (EACT), a
Escala de Indicadores de Prazer e Sofrimento no Trabalho (EIPST) e a Escala de
Avaliação dos Danos Relacionados ao Trabalho (EADRT). O questionário utilizado
para extrair os dados complementares dos participantes foi composto por: idade,
gênero, escolaridade, estado civil, cargo atual, tempo de serviço na instituição, além
de verificar se houve participação do último exame médico e se houve afastamento
do trabalho por problemas de saúde relacionados ao trabalho no ano.

Das escalas do ITRA, a EACT é do tipo Likert que varia de 1 a 5 pontos, onde 1
corresponde (=) a nunca e 5(=)sempre. A EACT é composta pelos fatores:
Organização do Trabalho que possui 11 itens, com confiabilidade de 0,72; Condição
de Trabalho que é composta por 10 itens, com confiabilidade de 0,89; Relações
Socioprofissionais que tem 10 itens, com confiabilidade de 0,87. A EIPST e EADRT
são escalas de sete pontos, variando de 0 a 6, sendo 0(=)nenhuma vez e 6(=)seis ou
mais vezes. A EIPST é composta por quatro fatores que são: Realização Profissional
que é composta por 9 itens, com confiabilidade de 0,93; Liberdade de Expressão que
é composto por 8 itens, com confiabilidade de 0,80; Esgotamento Profissional que
tem 7 itens, com confiabilidade de 0,89; Falta de Reconhecimento que possui o
número de 8 itens, com confiabilidade de 0,87. A EADRT é composta de três fatores
que são: Danos Físicos, este contendo 12 itens, com confiabilidade de 0,88; Danos
Psicológicos, composto por 10 itens, com confiabilidade de 0,93; Danos Sociais,
contendo 7 itens, com confiabilidade de 0,89. As informações mais detalhadas sobre o
inventário encontram-se no livro organizado pela Ana Magnólia Mendes que se
denomina “Psicodinâmica do Trabalho: teoria, métodos e pesquisa” (pp. 113-125).

Procedimento

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O interesse em acessar um dos Centros de Saúde no DF e em realizar um estudo com


profissionais da saúde aconteceu mediante demandas apresentadas por um médico
da instituição pesquisada sobre seu ambiente ocupacional. Estas demandas giraram
em torno das queixas relacionadas ao trabalho e do número elevado de pacientes
para atender diariamente.

Contatou-se por meio telefônico a coordenadora do Centro e explicou-se o objetivo


de pesquisa, com o intuito de obter a sua autorização para a realização do estudo.
Após esta confirmação, foi acordado o dia e o horário para a aplicação dos
questionários. Os inventários foram aplicados em um único dia, entre 10h e 16h.
Após o preenchimento dos questionários, os profissionais foram informados que
deveriam depositá-los nos lugares previamente especificados.

A pesquisadora conversou com cada profissional individualmente. Os sujeitos que


aceitaram participar voluntariamente foram informados sobre a pesquisa em
questão, recebendo a explicação geral do objetivo e do procedimento da pesquisa,
com a finalidade de esclarecer possíveis dúvidas. Ressaltou-se que aquele que
aceitasse responder o questionário teria a garantia da confiabilidade de suas
respostas e estas seriam analisadas em conjunto com as respostas fornecidas pelos
colegas de trabalho. Além disso, foram informados que as informações obtidas
seriam utilizadas exclusivamente para fins de pesquisa.

Análise de dados

Para a análise dos dados, primeiramente foram considerados os questionários que


estiveram de acordo com os critérios propostos para a seleção. Posteriormente, os
dados foram tabulados e submetidos à análise descritiva mediante utilização do
programa Statistical Package for the Social Sciences - SPSS, versão 11.5. Antes da análise
descritiva, a base dos dados passou por uma análise exploratória relacionada aos
casos extremos (outlier) e aos casos faltosos (missing).

Quanto aos casos extremos multivariados, não foi identificado nenhum. No entanto,
encontraram-se casos extremos univariados. Tendo em vista o número baixo de
participantes, os questionários que apresentaram outliers univariados não foram
retirados para a realização da análise dos dados. Sendo assim, apenas um
questionário foi descartado para a análise por apresentar casos faltosos, sendo
analisado, portanto, 16 questionários.

Resultados

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A primeira escala a ser avaliada foi EACT que apresenta três fatores, sendo que cada
um foi avaliado da seguinte maneira: grave (média acima de 3,7), crítico (média entre
2,3 e 3,69) e satisfatório (média abaixo de 2,29) (Mendes & Ferreira, 2007).

O primeiro fator, denominado Organização do Trabalho, é definido como a divisão


do trabalho, normas, controles e ritmo de trabalho (Mendes & Ferreira, 2007). Este
fator foi avaliado como crítico, com a média de 3,31 e o desvio padrão de 0,75 (M=
3,31; s= 0,75). Metade dos respondentes avaliou o contexto de trabalho como grave,
37,5% como crítico e 12,5% como satisfatório. O detalhamento deste fator apresentou
a média crítica para os 11 itens e aqueles mais relevantes foram: “existe forte
cobrança por resultado” (M=3,44; s=1,26), “existe a fiscalização do desempenho”
(M=3,88; s=1,31), “as tarefas são repetitivas (M=4,31; s=0,79)”. Os demais itens
avaliados como críticos foram: “o ritmo de trabalho é excessivo”, “as tarefas são
cumpridas com pressão de prazos”, “as normas para execução das tarefas são
rígidas”, “o número de pessoas é insuficientes para a realização de tarefas” e “falta
tempo para realizar pausas de descanso no trabalho”.

O segundo fator, denominado Condições de Trabalho, é definido como a qualidade


do ambiente físico, posto de trabalho, equipamentos e materiais disponibilizados
para a execução do serviço (Mendes & Ferreira, 2007). O fator Condições de Trabalho
obteve a média de 2,67 e desvio padrão de 0,52 (M= 2,67; s= 0,52) e se situa em estado
de alerta. Os 6,25% dos respondentes avaliaram este fator como grave, mais da
metade dos participantes, 81,30%, avaliou como crítico e 12,50% avaliaram como
satisfatório. Os itens que obtiveram as maiores médias e foram avaliados como mais
críticos foram “os instrumentos de trabalho são insuficientes para realizar as tarefas”
(M= 2,88; s= 0,80), “existe muito barulho no ambiente de trabalho” (M= 3,31; s= 1,25),
“o material de consumo é insuficiente” (M= 3,44; s= 0,62). Além disso, os demais itens
“as condições de trabalho são precárias”, “o mobiliário existente no local de trabalho
é inadequado” e “o espaço físico para realizar o trabalho é inadequado” obtiveram a
mesma avaliação. No entanto, três itens adquiriram a média baixa e foram avaliados
como satisfatórios, podendo deduzir que o posto de trabalho aparenta ser adequado
para a realização das tarefas dos profissionais da saúde (M= 2,13; S= 0,9), que o
ambiente físico do Centro parece ser confortável (M= 2,19; S= 0,9) e os equipamentos
para a realização das tarefas não parecem ser precários (M= 2,25, S= 0,9).

O terceiro fator, denominado Relações Socioprofissionais, é caracterizado pelos


modos de gestão de trabalho, comunicação e interação profissional (Mendes &
Ferreira, 2007). Quanto a esse fator, a média foi de 2,20 e o desvio padrão de 0,72

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(M=2,20; s= 0,72), obtendo uma avaliação satisfatória. Os 6,25% dos profissionais


avaliaram este fator como grave, 31,30% como crítico e 62,50% como satisfatório. Os
itens que obtiveram a média mais baixa e que foram avaliados como positivos foram:
“existe dificuldade na comunicação entre chefia e subordinados” (M= 1,63; s= 1,02),
“falta apoio das chefias para o meu desenvolvimento profissional” (M= 2; s= 1,03) e
“os funcionários são excluídos das decisões” (M=2; s=1,09). Quanto às médias dos
demais itens deste fator, os resultados tendem a mostrar que os itens “as tarefas não
estão claramente definidas”, “a distribuição das tarefas é injusta” e “existem disputas
profissionais no local de trabalho” são também percebidos pelos respondentes como
satisfatórios. Infere-se, portanto, que possivelmente não exista dificuldade na
comunicação entre a coordenadora do Centro e os profissionais da saúde, haja apoio
da coordenadora do Centro quanto ao desenvolvimento profissional dos
trabalhadores, que a distribuição das tarefas seja justa, que não haja exclusão dos
funcionários nas decisões e que não haja disputas no ambiente de trabalho.

A segunda escala a ser avaliada foi a EIPST que apresenta quatro fatores: dois para
avaliar o prazer – Liberdade de Expressão e Realização Profissional – e dois para
avaliar o sofrimento no trabalho – Esgotamento Profissional e Falta de
Reconhecimento. Consideraram-se como resultados para vivência de prazer:
satisfatório (média acima de 4,0), crítico (média entre 2,1 e 3,9), grave (média abaixo
de 2,0). Para a vivência de sofrimento: grave (média acima de 4,0), crítico (média
entre 2,1 e 3,9), satisfatório (média abaixo de 2,0) (Mendes & Ferreira, 2007).

O fator Liberdade de Expressão é caracterizado por vivência de liberdade para


pensar, organizar e falar sobre o trabalho (Mendes & Ferreira, 2007). A média
encontrada para esse fator foi de 4,96 e o desvio padrão de 0,76 (M= 4,96; s=0,76), ou
seja, significa que esse fator foi avaliado como satisfatório pelos participantes.
Referente aos resultados encontrados, percebeu-se que 12,50% dos respondentes
avaliaram este fator como crítico e mais da metade dos participantes avaliou de
forma positiva, 87,5%. Os oito itens deste fator obtiveram a média acima de 4,0 e
foram avaliados positivamente. Os itens “liberdade para falar sobre o meu trabalho
com as chefias” (M= 5,19, s=0,98), “liberdade para falar sobre o meu trabalho com os
colegas” (M= 5,31, s= 0,94), “liberdade com a chefia para negociar o que precisa” (M=
5, 38, s= 1,20) obtiveram as maiores médias. Vale ressaltar que os resultados da
análise das médias dos demais itens, como “solidariedade entre os colegas”,
“confiança entre os colegas”, “liberdade para expressar a minha opinião no local de
trabalho, “liberdade para usar a criatividade” e “cooperação entre os colegas”, foram
avaliados também como satisfatórios.

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O fator Realização Profissional é conceituado como a vivência de gratificação


profissional, orgulho e identificação com o trabalho que faz (Mendes & Ferreira,
2007). A média deste fator foi de 4,81 e o desvio padrão de 0,79 (M= 4,81; s= 0,79),
obtendo uma avaliação positiva. Referente aos achados encontrados, aparentemente
observou-se a grande satisfação dos profissionais da saúde, 87,50%, pelo trabalho
exercido, uma vez que o restante dos respondentes, 12,5%, avaliou como crítico. Os
itens que adquiriram as maiores médias foram: “realização profissional” (M= 4,94; s=
1,23), “identificação com as minhas tarefas” (M= 5,25; s= 1,12), “orgulho pelo que
faço” (M= 5,63; s= 0,80). Os demais itens que compõe este fator obtiveram a média
acima de 4,0, o que significa dizer que, aparentemente, os profissionais possuem
satisfação, motivação, valorização e reconhecimento pelo trabalho que realizam.

Quanto aos fatores Esgotamento Profissional e Falta de Reconhecimento, o primeiro


se refere à vivência de frustração, insegurança, inutilidade, desgaste e o segundo ao
estresse no trabalho, vivência de injustiça, desvalorização e falta de reconhecimento
pelo trabalho produzido, respectivamente (Mendes & Ferreira, 2007). Referente aos
fatores que avaliam o sofrimento, observou-se que o fator Esgotamento Profissional
foi avaliado como crítico, obtendo a média de 2,08 e o desvio padrão de 1,49 (M=
2,08; s= 1,49), haja vista que a metade dos respondentes avaliou este fator
satisfatoriamente e a outra metade avaliou de forma ou crítico ou grave. Os três itens
avaliados como mais críticos foram “sobrecarga” (M= 2,19; s= 1,97), “esgotamento
emocional” (M= 2,88; s= 1,85) e estresse (M= 3,06; s= 2,04). Parece que existe
insatisfação e frustração quanto ao trabalho exercido pelos funcionários, pois estes
itens foram avaliados como críticos. Entretanto os itens “medo” e “insegurança”
tiveram a média abaixo de 2,0, ou seja, obtendo uma avaliação satisfatória.

O fator Falta de Reconhecimento obteve um resultado satisfatório (M= 1,18; s= 1,45).


Grande porcentagem dos participantes (87,5%) respondeu positivamente, apenas
6,30% dos respondentes avaliaram como crítico e a outra parcela de 6,30% como
grave. Todos os itens obtiveram a média abaixo de 2,0, ou seja, foram avaliados
satisfatoriamente, o que indica a aparente existência de reconhecimento do esforço
ou desempenho e valorização dos profissionais, bem como a ausência de indignação,
inutilidade, desqualificação, injustiça e discriminação no ambiente laboral, conforme
os resultados obtidos pelos itens deste fator.

A última escala EADRT é dividida em três fatores, os quais estão relacionados com
dores no corpo, distúrbio biológico, sentimentos negativos em relação a si mesmo e a
vida, isolamento e dificuldades nas relações familiares e sociais. Os resultados das
médias foram classificados em quatro níveis: avaliação negativa (média acima de

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4,1), grave (entre 3,1 e 4,0), crítico (entre 2,0 e 3,0), suportável (abaixo de 1,9) (Mendes
& Ferreira, 2007).

Os resultados da escala de danos relacionados ao trabalho evidenciaram as seguintes


médias e as respectivas avaliações: o fator Danos Físicos obteve a média de 2,43 (s=
1,59) e foi avaliado como crítico; o fator Danos Sociais obteve a média de 1,65 (s=
1,38) e o fator Danos Psicológicos adquiriu a média 1,35 (s= 1,29), sendo ambos
avaliados como suportáveis.

No fator Danos Físicos, apenas 37,5% dos respondentes encontraram-se no nível


suportável, enquanto o restante dos participantes, 62,5%, estiveram no nível ou
crítico, ou grave ou negativo. Este resultado é preocupante, pois os itens avaliados
como graves foram: dores no corpo, dor de cabeça, dores nas costas, alteração no
sono e dores nas pernas. Para os itens avaliados como críticos foram: dores nos
braços, problemas de distúrbio digestivo e alterações de apetite.

Quanto ao fator Danos Sociais, observa-se que 62,50% dos profissionais avaliaram
este fator como satisfatório, 18,80% como crítico e 18,80% como grave. Em relação ao
fator Danos Psicológicos, 75% dos respondentes avaliaram como satisfatório, 6,30%
como crítico e 18,80% como grave. Os itens do fator Danos Sociais avaliados como
críticos foram: “vontade de ficar sozinho”, “conflitos nas relações familiares” e
“impaciência com as pessoas em geral”. Não obstante, os itens referentes ao fator
Danos Psicológicos, como “amargura”, “sensação de vazio”, “sentimento de
desamparo”, “vontade de desistir de tudo”, “tristeza”, “irritação com tudo”,
“sensação de abandono” e “solidão”, foram pouco expressivos para os profissionais
do Centro pesquisado.

Os resultados apresentados até o momento podem ser vistos na Tabela 1, na Figura 1


e na Figura 2 de forma resumida. A Tabela 1 apresenta os fatores das escalas EACT,
EIPST e EADRT e suas respectivas avaliações, considerando a média que vem
acompanhada do desvio padrão. A Figura 1 informa as distribuições dos resultados
dos respondentes em porcentagem a respeito das avaliações das escalas EACT e
EADRT. A Figura 2 informa as distribuições dos resultados dos respondentes em
porcentagem a respeito da avaliação da escala EIPST.

Tabela 1. Apresentação da média e desvio padrão de cada fator e o respectivo


nível de avaliação do mesmo.
Fatores Média Desvio padrão Avaliação
Organização do trabalho 3,31 0,75 Crítico
Relações Socioprofissionais 2,20 0,72 Satisfatório

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Condições de trabalho 2,67 0,52 Crítico


Liberdade de expressão 4,96 0,76 Satisfatório
Realização Profissional 4,81 0,79 Satisfatório
Esgotamento profissional 2,08 1,49 Crítico
Falta de reconhecimento 1,18 1,45 Satisfatório
Danos físicos 2,43 1,59 Crítico
Danos sociais 1,65 1,38 Suportável
Danos psicológicos 1,35 1,29 Suportável

Figura 1. Total de participantes em Figura 2. Total de participantes em porcentagem


porcentagem que avaliaram cada fator das que avaliaram os indicam de prazer e sofrimento
escalas EACT e EADRT que compõem o no trabalho da escala EIPST que compõem o
instrumento ITRA. instrumento ITRA.

Discussão

A Psicodinâmica do Trabalho configura-se na tentativa de transformar situações


favoráveis, no movimento de transformar o sofrimento em busca de prazer (Mendes,
2007). O espaço laboral, segundo essa abordagem, é gerador tanto de vivência de
prazer quanto de sofrimento, além de fazer parte da construção da identidade do
sujeito. A condição e o ambiente de trabalho, bem como as relações socioprofissionais
contribuem para o processo de saúde e adoecimento dos trabalhadores.

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A realização deste estudo, fundamentado na abordagem mencionada, possibilitou


atingir o objetivo desta pesquisa que foi investigar o trabalho e os riscos de
adoecimento por ele provocado em termos de representação do contexto de trabalho,
vivências de prazer e sofrimento no ambiente laboral, bem como os danos físicos,
sociais e psicológicos provocados pelo mesmo. Os resultados obtidos na pesquisa e
apresentados nas páginas anteriores apontam algumas conclusões gerais.

Os achados demonstraram que os fatores avaliados como satisfatórios foram:


Relações Socioprofissionais, Liberdade de expressão, Realização Profissional e Falta
de Reconhecimento; como suportáveis foram: Danos sociais e Danos psicológicos;
como críticos foram: Organização do Trabalho, Condições do Trabalho, Esgotamento
Profissional e Danos Físicos. Nesse sentido, os fatores avaliados como satisfatórios e
suportáveis podem estar relacionados ao processo de saúde dos participantes desta
pesquisa, enquanto os fatores avaliados como críticos estão relacionados ao processo
de adoecimento.

A organização do trabalho foi avaliada como um fator crítico, podendo-se deduzir


que, segundo Mendes e Ferreira (2007), existe ritmo de trabalho excessivo, as tarefas
sejam cumpridas sob pressão, haja cobrança por resultado, as normas para execução
das tarefas são rígidas, exista fiscalização de desempenho, haja ausência de pessoas
para realização de tarefas, as tarefas são repetitivas e falta tempo para descansar no
trabalho.

Outro fator observado como crítico foi a Condição de Trabalho. Diante dos
resultados, parece que este fator não é satisfatório, talvez por não existir
instrumentos de trabalho suficientes para realização das atividades ou por ter
barulhos no ambiente laboral. Além disso, parece existir condições de trabalho
precárias, o mobiliário existente e o espaço físico aparentam ser inadequados.

Por outro lado, de acordo com a percepção dos respondentes, três itens foram
considerados satisfatórios. Sendo assim, de acordo com os resultados, o ambiente
físico parece não ser desconfortável, o Centro de Saúde pesquisado é adequado para
a realização das tarefas e, por último, os equipamentos para a realização das tarefas
não parecem ser precários.

Conforme as informações mencionadas, parece haver uma contradição- pois, por um


lado, os respondentes avaliam como crítico o fator Condição de Trabalho; por outro,
parecem considerar o local de trabalho como sendo adequado para a realização das
tarefas, bem como confortável. Pode-se inferir, a existência de mecanismo de defesa

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por parte destes trabalhadores – como, por exemplo, racionalizar as situações


geradores de sofrimento -, negando a existência dos indicadores negativos presentes
no Centro de Saúde, de forma a amenizar a percepção da realidade do trabalho e,
consequentemente, o sofrimento gerado por ele. Segundo Mendes (2007, o jogo de
evitar o sofrimento e buscar o prazer pode ser satisfatório; no entanto, quando usada
de forma exacerbada, as estratégias de defesa podem afetar a maneira de o
trabalhador lidar com a situação, ocasionando o sofrimento e o adoecimento. Devido
a esses dados, pode-se inferir que os trabalhadores possuem fraca vivência de
sofrimento em relação à de prazer. Segundo Ferreira e Mendes (2001) e Antloga e
Mendes (2009), para a Psicodinâmica do Trabalho, o sofrimento pode ser evitado por
meio das defesas para assegurar o bem-estar e manter a saúde psíquica, além de ser
visto como uma maneira de evitar o adoecimento do sujeito.

Quando o fator é avaliado como crítico, isso indica que a condição de trabalho pode
ser vista como potencializadora de sofrimento. A partir dos resultados encontrados e
de acordo com os mesmos autores citados, a organização e o contexto de trabalho são
avaliados como “situações-limite”, sinalizando estado de alerta, requerendo
providências imediatas a curto e médio prazo (Mendes e Ferreira, 2007).

Outra evidência importante apontada pelos resultados diz respeito à relação


socioprofissionais que foi avaliada como satisfatória, significando um resultado
positivo e indicando a existência de prazer, segundo Mendes e Ferreira (2007).
Segundo os resultados encontrados, há a hipótese de que exista comunicação entre
coordenadora do Centro e os subordinados, de que haja apoio desta coordenadora
para o desenvolvimento profissional dos funcionários, de que os funcionários não
são totalmente excluídos das decisões, de que as tarefas são definidas, de que a
distribuição das tarefas parece ser justa e de que aparentemente haja poucas disputas
profissionais no local de trabalho.

As análises dos resultados obtidos da escala EIPST indicam o predomínio de


indicadores de vivência de prazer no trabalho em relação ao de sofrimento. Detectou-
se através dos itens que compõem a escala EIPST que a satisfação, motivação,
orgulho pelo que se faz, bem-estar, valorização, reconhecimento pelo trabalho que
realiza, realização profissional, liberdade para falar com a coordenadora do Centro
sobre o trabalho, solidariedade e cooperação entre os colegas, liberdade para
expressar opinião e usar a criatividade estão presentes no ambiente laboral. Além
disso, todos os itens foram avaliados como positivos. Segundo Mendes (2007), a
avaliação satisfatória representa um resultado produtor de prazer no trabalho,
aspecto que deve ser mantido no ambiente organizacional. Pode-se inferir diante dos

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resultados levantados que não parece existir, em grau elevado, a falta de


reconhecimento do esforço ou desempenho, a desvalorização, a indignação, a
inutilidade, a desqualificação, a injustiça e a discriminação no ambiente laboral. O
grupo pesquisado também apresenta fraca vivência de sofrimento. Isso parece
indicar pouca presença de sobrecarga, esgotamento profissional, estresse, frustração
e insatisfação do trabalho.

O trabalho torna-se fonte de prazer quando o contexto laboral permite a redução da


carga psíquica e um funcionamento livre do psiquismo. De acordo Dejours (1992) o
trabalho é visto como fonte de sofrimento e indicador de adoecimento quando está
relacionado à precarização do trabalho, a sua rigidez e à falta de espaço para a
mudança dessa realidade. Pelos resultados levantados, há mais indicadores de
prazer do que de adoecimento no Centro de Saúde pesquisado, o que pode inferir
que este local de trabalho oferece meios para o sujeito-trabalhador descarregar as
energias psíquicas, evitando o acúmulo de tensão e, consequentemente, o
adoecimento.

A predominância de prazer pode indicar que os colaboradores estabelecem de forma


satisfatória relações significativas com suas atividades e com os colegas e
coordenadora do centro, demonstrando que o trabalho oferece condições para ser
uma fonte de realização, liberdade e autonomia, evitando assim a predominância de
adoecimento. Além do mais, nota-se que o prazer e o sofrimento coexistem no
ambiente laboral e não são excludentes. Segundo Dejours (2009), devemos considerar
o prazer e o sofrimento como fatores inseparáveis, fazendo parte de um mesmo
constructo. Mesmo existindo uma fraca proporção, o sofrimento faz-se presente no
grupo pesquisado. De acordo com Mendes (2007), o prazer surge quando o trabalho
oferece condições para o trabalhador criar, inovar, desenvolver novas maneiras de
executar a tarefa e condições novas de interagir com o outro. Quando o trabalho
funciona como fonte de prazer (identidade, realização, reconhecimento, liberdade e
autonomia) permite o não adoecimento do trabalhador, além de se tornar sujeito de
ação, criando estratégias de defesa e com essas ele pode dominar seu trabalho e não
ser dominado por ele.

No que se refere aos danos relacionados ao trabalho, os danos físicos sinalizam


estado de alerta, enquanto o dano social e o dano psicológico são vistos como
suportáveis. Conforme os achados, há presença de dores no corpo, dor de cabeça,
dores nas costas, alteração no sono e dores nas pernas, indicando um resultado
preocupante. Pode-se deduzir que esses sintomas podem estar associados à
organização de trabalho e à condição de trabalho precária.

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O trabalho está vinculado ao significado da vida do ser humano e na formação da


identidade pessoal. Sendo o homem trabalhador, seu vínculo ao trabalho é
inevitável, pois ele o usa para se expressar e afirmar-se de forma psicossocial,
realizando seus sonhos e projetos. Além disso, o reconhecimento, o espaço físico,
liberdade de expressão, autonomia podem refletir na produtividade do trabalho,
satisfação e na qualidade de vida no trabalho. E a Psicologia nesse contexto
desempenha um papel fundamental no estudo desta relação homem-trabalho, da
saúde e bem-estar no ambiente laboral, bem como do adoecimento do homem.

Por fim, é importante salientar que houve algumas limitações do estudo que devem
ser consideradas. A primeira, diz respeito ao número escasso de artigos sobre os
funcionários atuantes em um Centro de Saúde com base na abordagem
Psicodinâmica do Trabalho. A segunda, diz respeito ao número de instituição
pesquisado, sendo necessário elaborar mais pesquisas sobre o tema em mais de um
Centro de Saúde localizado no DF. A terceira refere-se ao instrumento utilizado,
sendo necessário ampliar a utilização de outros meios de coleta de dados por meio
de observações do contexto de trabalho dos profissionais que trabalham na referida
instituição e do uso da entrevista semi-estruturada. A entrevista é um instrumento
que possibilita o pesquisador a entrar em contato com o processo de subjetivação dos
respondentes e as vivências de prazer e sofrimento, bem como as estratégias de
defesa utilizadas por estes trabalhadores para confrontarem o contexto de trabalho.

Acredita-se que este estudo possa ter contribuído para a compreensão da saúde
psíquica desses trabalhadores sob o prisma da Psicodinâmica do Trabalho.
Considera-se que, para melhor compreender a saúde desses profissionais, futuras
pesquisas deverão ser realizadas para confirmar e/ou ampliar os resultados
apresentados.

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Recebido em: 01/10/2010


Aceito em: 12/10/2012

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