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AS PRINCIPAIS INOVAÇÕES TRAZIDAS PELA REFORMA DO CÓDIGO DE PROCESSO


PENAL, EM DUPLO LIMITE MATERIAL

Júlio Medeiros

Assentada em premissas de um processo penal mais ágil e no afã de se distribuir a justiça de forma mais
equânime, a reforma processual penal ocasionou as mais contrastantes impressões aos olhos dos exigentes
operadores do Direito.

Decerto pretendeu maior celeridade processual, a regular especificamente certas situações dantes não
expressamente previstas, a colocar em dupla compatibilidade vertical os preceitos dispostos no Código
Processual Penal, a simplificar o rito em relação ao acolhimento do sistema de perguntas diretas aos jurados,
a combater a procrastinação durante a instrução criminal, a disciplinar adequadamente certos princípios
atinentes ao Tribunal Popular e, principalmente, por extinguir o protesto por novo júri.

Entrementes, também há pesadas críticas a algumas alterações. Audiência única, a inclusão do quesito “O
jurado absolve o réu?” anseiam por possíveis inconstitucionalidades. Destarte, em breve o Supremo Tribunal
Federal deve conhecer uma Ação Direta de Inconstitucionalidade acerca de tais mudanças efetuadas
recentemente pela novel Lei 11.719, de 2008.

Ademais, seria de grande valia a tentativa de arquitetar as referidas inovações capitais sob uma visão
holística e tecendo brevíssimos comentários.

CONSOLIDAÇÃO DA NATUREZA JURÍDICA DO INTERROGATÓRIO

O interrogatório do réu, que era o primeiro ato de instrução realizado em plenário, agora, passa a ser o
último. Face a isso, sua natureza jurídica passou a ser entendida mais como ato de defesa, e não como
matéria probatória, muito embora o juiz possa eventualmente extrair desse ato processual elementos para a
sua convicção acerca dos fatos.

Consagra-se o princípio constitucional da ampla defesa já que, ciente de todas as vertentes trilhadas pelo
órgão acusatório, o réu possui todas as condições de se contrapor a cada uma delas.

De fato, o primeiro ato passou a ser a defesa prévia, que é escrita e deve ser apresentada logo após o
recebimento da peça inicial (denúncia ou queixa) e da citação do réu, no prazo de dez dias.

O PROTESTO POR NOVO JÚRI FOI EXTINTO

Foram revogados os artigos 607 e 608 que tratavam do protesto por novo júri, que era privativo da defesa
quando o réu fosse condenado a mais de 20 anos, só podendo ser pedido uma única vez.

Muito embora haja ensinamento no sentido de que o princípio da soberania do Júri não tenha caráter absoluto
(até pelo fato de ser expressamente prevista a revisão criminal, art.621 e §§ do CPP, bem como apelação
contra as decisões do Tribunal do Júri, art.593, inciso III do CPP), parece que pelo menos foi um pouco mais
respeitado.

Antigamente as penas eram muito cruéis, por isso havia um “protesto” por novo júri quando a condenação do
réu pulsava perto da pena máxima prevista pelo diploma repressivo, que é de 30 anos, nos termos do seu
art.75

Para a sociedade, o lado injusto desse instituto transpareceu no segundo julgamento do suposto mandante de
assassinar a missionária Dorothy Stang.
Condenado a 30 anos de reclusão no primeiro Júri, a defesa pleiteou o benefício e, no segundo julgamento, o
fazendeiro Vitalmiro Bastos Moura foi absolvido por seus próprios pares, sob revoltas das entidades de
direitos humanos presentes no salão do júri.
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O PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DO SIGILO NAS VOTAÇÕES

Para preservar o princípio do sigilo nas votações, não será mais necessário desvendar todos os votos. Em
outras palavras, não haverá necessidade de o réu ser absolvido ou condenado por unanimidade, tal disposição
emerge do artigo art.483, §§ 1º e 2º, do Código de Processo Penal.

POSSÍVEIS INCONSTITUCIONALIDADES QUANTO À QUESITAÇÃO

Os quesitos elaborados devem se restringir às questões de fato e se o acusado deve ser absolvido. (art.482)
Destarte, se mais de 3 jurados responderem negativamente aos quesitos mencionados nos incisos I e II
(materialidade do fato / autoria ou participação) do referido artigo, a votação será encerrada e o réu
absolvido.

Por outro lado, se mais de 3 jurados responderem afirmativamente aos mesmos quesitos anteriormente
citados será ainda formulado um terceiro quesito com a seguinte indagação: “O jurado absolve o acusado?”.

Eis um ponto passível de controvérsias. As teses de defesa atinentes às excludentes de ilicitude foram
suprimidas, haveria, então, um possível cerceamento de defesa?

As perguntas e reperguntas aos jurados passou a ser feita diretamente, em homenagem ao sistema anglo-
americano de votação dos jurados.

A TÔNICA DO PRINCÍPIO DA IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ NO PROCESSO PENAL

Sempre foi lição comezinha em Direito a constatação de que o princípio da identidade física do julgador
constitui uma tônica apenas em Processo Civil, não merecendo ser acolhido no campo processual penal, já
que, em regra, o juiz que toma conhecimento do fato não é o mesmo a prolatar a decisão final.

Hoje, no entanto, com a disposição do §2º do art.339 o referido princípio passa também a encontrar maior
guarida na seara do processo penal.

Nesse ínterim, de acordo com a novíssima reforma processual penal, o interrogatório por videoconferência
além de implicar evidente cerceamento de defesa faz tábula rasa da própria remissão legal supracitada e de
um princípio informador do direito processual penal.

Adotando-se uma interpretação sistemática da Lei 11.719/2008, chega-se à conclusão de que ficou vedado o
interrogatório do Réu Preso por meio de Carta Precatória, vez que o mesmo deve ser requisitado para
comparecer ao juízo de origem para oitiva.

Há de se ressaltar que o Superior Tribunal de Justiça, antes da reforma do processo penal, no julgamento do
pedido de habeas corpus 88.225/RJ entendeu pela inaplicabilidade do princípio da identidade física do juiz
no processo penal pela ausência específica de previsão legal no diploma processual penal, autorizando o
interrogatório de réu residido e domiciliado na Itália por Carta Rogatória. Deveria ser aplicado o art.132 do
Código de Processo Civil, subsidiariamente.
Destarte, com as atuais mudanças na legislação processual penal, a tendência é de que o STJ e o STF
modifiquem o entendimento dantes pacificado, passando a incorporar o axioma também ao processo
criminal.

AMPLIAÇÃO DAS POSSIBILIDADES QUANTO AO JULGAMENTO DE RÉU REVEL

Antes, na ausência do réu, o julgamento somente ocorreria se o crime fosse afiançável, por exemplo,
infanticídio. Com a reforma, poderá ocorrer o julgamento na ausência do réu mesmo em se tratando de
crimes inafiançáveis. No entanto, recomenda-se à defesa que o réu apenas não compareça na hipótese de
perturbação psicológica ou força maior.
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Relativamente à ausência do réu que foi regularmente intimado, a nova lei previu que, estando solto, não
haverá adiamento do julgamento, independentemente do crime ser afiançável ou inafiançável.

Se o réu não comparecer à sessão, será decretada a sua revelia e o julgamento será realizado normalmente,
com a presença do defensor. Observa-se, portanto, que não há mais a possibilidade, nos casos de crimes
inafiançáveis, de adiamento do julgamento diante da ausência do réu.

Cumpre ressaltar que mesmo antes da maquinação da referida reforma processual já existia a possibilidade
de o réu ser julgado à revelia. Entretanto, eram hipóteses excepcionalíssimas, tais como no caso de auto-
aborto ou infanticídio, mas essa possibilidade não existia quando se tratava de homicídio.

COMPOSIÇÃO DO TRIBUNAL POPULAR

A idade exigida para ser jurado passou a ser de 18 anos, antes era de 21 anos. Ainda assim, foi modificada a
composição do Tribunal do Júri, visto que o número de jurados foi aumentado de 21 para 25.

Ademais, sempre é bom lembrar o caráter heterogêneo dessa instituição democrática que constitui direito e
garantia individual do cidadão conforme preceitos exarados da nossa Carta Magna e visa dar aos acusados o
direito de serem julgados pelos seus pares, juízes leigos.

Evitou-se, ainda, a “profissionalização” dos jurados, já que o Código inovou ao estabelecer a exclusão, da
lista geral, do jurado que tiver integrado o Conselho de Sentença nos 12 meses anteriores à publicação.

A separação dos julgamentos somente ocorrerá se, em razão das recusas, não for obtido o número mínimo de
sete jurados para comporem o Conselho (art.469). O sistema anterior de desmembramento, baseado na
coincidência de recusas, foi revogado.

EXTINÇÃO DA POSSIBILIDADE DE PRISÃO AUTOMÁTICA DECORRENTE DA SENTENÇA


DE PRONÚNCIA

Importantíssima alteração acarretada pela novel Lei 11.689/08 foi a revogação dos parágrafos do art.408 do
CPP e, ao mesmo tempo, alterando substancialmente a redação do §3° do art.413 do Diploma processual
penal.

Em suma, o legislador extinguiu a expressão “bons antecedentes” visando maior adequação entre a prisão
decorrente de pronúncia e o princípio constitucional da presunção de inocência.

Assim, tendo-se em vista que as prisões processuais não se cumulam, mas se sucedem, cumpre ao
magistrado, em respeito ao art.413, §3° do CPP, fundamentar uma possível custódia do acusado nos termos
do art.312 do CPP, já que a prisão preventiva é a “pedra de toque” de qualquer prisão processual.

DA CELERIDADE NO TRÂMITE PROCESSUAL EM PLENÁRIO

Na esteira do art. 8º da Convenção Americana de Direitos Humanos e da EC nº 45/ 04 (que incluiu o inciso
LXXVII ao rol do art.5º da CF) está o direito processual penal a respaldar o princípio da brevidade
processual em respeito ao princípio maior da unicidade em Direito.

Nesse sentido, depois de prestado o compromisso dos jurados, em plenário, a lei não mais exige que o juiz
faça o relatório do processo, expondo o fato, as provas e as conclusões das partes, de acordo com o que
dispunha o artigo 466, caput, do CPP, antes da reforma. Da mesma forma, não é mais exigível a leitura de
peças do processo pelo escrivão, conforme previa o artigo 466, § 1º.
Para que o processo seja realmente célere, o legislador estabeleceu que os atos processuais não podem ser
adiados, exceto quando o ato for imprescindível à prova, caso em que o juiz determinará a condução
coercitiva daqueles que não compareceram.
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A citação também foi alterada visando à maior celeridade de tramitação processual. Agora, quando o oficial
de justiça constatar que o réu oculta-se para não ser citado será admitida a citação por hora certa, conforme já
ocorria no processo civil.

As perguntas serão formuladas pelas partes de forma direta, isto é, sem a intermediação do juiz (sistema do
exame direto). Prevê a lei, no § 2º do art.466, que também os jurados podem formular perguntas ao ofendido
e às testemunhas, porém, sempre por intermédio do juiz presidente (sistema presidencialista), de sorte tal
procedimento visa resguardar os jurados no sentido de não manifestarem sua opinião durante as perguntas.

O PROCESSO PENAL ACUSATÓRIO

Encerrada a instrução, será concedida a palavra ao Ministério Público, que fará a acusação, nos limites da
pronúncia ou das decisões posteriores que julgaram admissível a acusação, sustentando, se for o caso, a
existência de circunstância agravante.

Malgrado o art.476 fazer menção à acusação, como fiscal da lei, o membro do parquet certamente poderá
pedir a absolvição ou manifestar-se favoravelmente ao réu.

Em outras palavras, muito embora a promotoria cumpra a função acusatória, há de se ressaltar que a própria
nomenclatura do cargo designa a função primordial daquela instituição histórica.

USO DE ALGEMAS EM PLENÁRIO E NULIDADES

A lei disciplinou o uso de algemas no acusado durante o período em que estiver em plenário. Consoante
remissão legal disposta no artigo 478 do Código Processual Penal, a regra é que não será admitido o uso de
algemas, salvo quando absolutamente necessário à ordem dos trabalhos, à segurança das testemunhas ou à
garantia da integridade física dos presentes.
Fundamentando, as regras mínimas da ONU para tratamento de prisioneiros, na parte que versa sobre
instrumentos de coação, estabelecem que o emprego de algema jamais poderá dar-se como medida de
punição (n.33).
Ademais, cumpre ressaltar a natureza de jus cogens internacional dos comandos emergidos daquela
organização supranacional.
Ao final, o uso das algemas acabou sendo disciplinado pela Súmula Vinculante n° 11 do STF, que dispõe:
“Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade
física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob
pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do
ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do estado”.
Por outro lado, também em interessantíssima inovação, o legislador infraconstitucional estabeleceu no artigo
478 que, durante os debates, as partes não poderão fazer referências: à determinação do uso de algemas como
argumento que beneficie ou que prejudique o réu; ao silêncio do acusado em seu prejuízo; à ausência de
interrogatório, por falta de requerimento, em prejuízo do réu. Sendo que eventual referência das partes acerca
desses assuntos levarão à nulidade do julgamento.
As primeiras vedações decorrem da influência que uma decisão proferida por juiz togado pode ter no
convencimento do jurado, que é um juiz leigo. As últimas proibições decorrem das garantias constitucionais
de dignidade da pessoa humana e do direito ao silêncio.
A inovação sem dúvida merece ser engrandecida. Não há se cogitar de inconstitucionalidades no que tange à
limitação da liberdade de expressão nesse sentido. Além de estar plenamente de acordo com princípios
constitucionais e, por conseguinte, com o próprio sistema de nulidades adotado pela nossa legislação, está
plenamente em consonância com a Convenção Americana de Direitos Humanos, mais conhecida como
“Pacto de San José da Costa Rica”.

Em outras palavras, tomando-se o status no mínimo de supralegalidade dos Tratados de Direitos Humanos,
os preceitos do atual Código de Processo Penal estão em respeito nítido ao duplo limite material ou “dupla
compatibilidade vertical” a que necessariamente devem respeitar.

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