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RESUMO
A instalação da corte portuguesa no Rio de Janeiro em 1808, e a transformação da
capital da colônia em sede do Império Português, propiciou uma série de
transformações tanto no aspecto físico da cidade quanto no comportamento de seus
habitantes. Se, por um lado, partir de então o Rio de Janeiro deveria ser a expressão do
poder real e do grau de civilização do Império Português; por outro lado, a construção
dessa Europa possível nos trópicos apresentava limites. O presente artigo aborda esse
momento crucial da história urbana do Rio de Janeiro, chamando a atenção para a
coexistência de duas formas distintas de sociabilidade como expressões de duas cidades
que, apesar de divergentes e mesmo antagônicas, apresentavam necessários pontos de
contato e de circularidade cultural por dividirem o mesmo espaço.
PALAVRAS-CHAVE:
Rio de Janeiro; Império Português; Século XIX; Sociedade de Corte; História Urbana
1 INTRODUÇÃO
Há pelo menos cinco anos, os moradores do Rio de Janeiro têm convivido com
um grande volume de obras levadas a cabo pelos governos municipal e estadual sob o
pretexto de preparar a cidade para receber os “megaeventos” que já começaram a
acontecer. Os principais dos quais, a Copa do Mundo de Futebol da FIFA, realizada no
ano passado, e que teve o Rio de Janeiro como uma das suas cidades-sede; e as
Olimpíadas, a serem realizadas exclusivamente na cidade em 2016. No meio dos quais,
a comemoração dos 450 anos da cidade, neste ano, se tornou um mero detalhe. Esta
preparação da cidade tem transformado e, como não podia deixar de ser, transtornado o
cotidiano dos moradores, com medidas tais como uma reorganização geral das linhas de
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Doutor em História Social da Cultura pela PUC-Rio. Professor do Departamento de História da PUC-
Rio. email: sergio_barra@puc-rio.br
Sessão temática Cidade - 791
ônibus e a abertura de novas avenidas rasgando bairros tradicionais e levando embora,
junto com o casario antigo, parte da própria memória da cidade e de seus habitantes.
Com a promessa de que o legado que essas obras deixarão para os moradores
compensará todo o transtorno presente. Em outros momentos da história da cidade,
outros “megaeventos” também exigiram intervenções que sacudiram o cotidiano dos
moradores. Muitas vezes, sacudindo-os de suas próprias casas. O mais lembrado dos
quais, as reformas urbanas do prefeito Pereira Passos, no começo do século XX. O
“bota-abaixo”, que deu origem ao período da história da cidade que ficou conhecido
como belle époque.
Mas aquele que pode ser considerado o primeiro “megaevento” realizado no Rio
de Janeiro aconteceu ainda no início do século XIX. A instalação da corte portuguesa no
Rio de Janeiro em 1808 desencadeou uma série de mudanças na capital da colônia
portuguesa da América que visavam adequar a cidade à sua nova função: a de sede do
novo Império Português recriado na América de acordo com projetos longamente
acalentados por letrados e estadistas portugueses. Nesse período a cidade viu um
aumento significativo no seu número de habitantes que, segundo alguns autores,
praticamente dobrou entre 1808 e 1821, incrementado pelos incontáveis emigrados
portugueses, por europeus de diversos outros países e por habitantes de outras capitanias
que não cessaram de chegar ao longo dos treze anos de permanência da corte portuguesa
no Rio de Janeiro. Assim como também não cessaram de chegar novas levas de
escravos vindos da África e, também, de outras capitanias. No que diz respeito ao
aspecto físico da cidade, o aumento no número de habitantes impulsionou a expansão
dos limites geográficos do núcleo urbano; demandou um grande investimento em obras
de melhoria da precária infraestrutura da cidade; suscitou a preocupação com a
aparência na construção dos imóveis; e determinou a refuncionalização de diversos
espaços tradicionais da cidade no intuito de abrigarem os serviços do Paço e órgãos da
administração do Império Português.
Mas, adequar a cidade à sua nova condição de corte não significava apenas
atender a essas necessidades de caráter pragmático. Como nova corte real o Rio de
Janeiro deveria ser a expressão do poder da monarquia e do grau de civilização do
Império Português, segundo a representação que seus habitantes faziam da cidade a
partir de então. Transformá-la em corte significava estabelecer aí uma sociedade de
corte, com seus espaços e formas de sociabilidade próprios, copiados das cortes
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europeias, condenando hábitos e costumes oriundos do período colonial como
inadequados à nova condição alcançada pela cidade, ao mesmo tempo em que se
buscava difundir na nova capital do Império os elementos daquilo que era considerado
um ideal europeu de civilização.
O Padre Luís Gonçalves dos Santos, um dos principais cronistas do reinado de D.
João na América, nas suas Memórias para Servir à História do Reino do Brasil faz um
elogio daqueles que ele considera os principais atos administrativos do monarca
português durante a sua permanência no Rio de Janeiro. Na sua interpretação, tais
medidas teriam o intuito de tirar a colônia da situação de barbárie em que até então
jazia, como se aquele estado de coisas não tivesse sido obra da própria Coroa
portuguesa:
Tudo isto vemos hoje, senão com admiração, porque estas coisas
insensivelmente se fazem diante dos nossos olhos, certamente com gratidão à
augusta presença do senhor D. João VI, com a qual este país de rude, e
agreste vai aos poucos povoando-se, civilizando-se, e embelecendo-se, bem
como depois de um rigoroso inverno se anima, reverdece e floresce a
natureza com a chegada da risonha primavera. (...) Mas, apenas chegou Sua
Majestade, quando logo franqueou o comércio, permitiu a indústria, facultou
as artes, e ciências, admitiu os estrangeiros, mandou abrir estradas, facilitou a
comunicação dos povos e, entre outros bens, que nos concedeu, promoveu a
civilização. Ora todos sabem quanto poder tem ela sobre os homens, e sobre
o terreno, que eles habitam, por mais rudes e bárbaros que tivessem sido.
(SANTOS, 1981, p. 122)
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Assim, o “megaevento” de 1808 estabeleceu uma divisão da cidade em duas.
Duas cidades que se expressavam em duas diferentes formas de sociabilidade. Por um
lado, a sociabilidade da Corte, com a criação de novos espaços-símbolo de civilização
(como o teatro de corte e as cerimônias de corte) e a adoção de comportamentos
civilizados à maneira das cortes europeias, que chegam pelo porto da cidade embutidos
em mercadorias inglesas e francesas; e por outro, a sociabilidade da Cidade, que se
expressava, principalmente, nos hábitos da grande massa de negros e mestiços, homens
livres e pobres que povoavam as ruas do Rio de Janeiro. Não uma cidade partida, mas
duas cidades que, sobrepostas, passam a coabitar o mesmo espaço, sem limites
geográficos entre uma e outra. Duas cidades que, apesar de divergentes em muitos
pontos, não existiam isoladamente, que por dividir o mesmo espaço, apresentavam
necessários pontos de contato, trânsito e trocas culturais (BARRA, 2008).
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estandarte os cidadãos (...) duas compridas alas por um e outro lado; vinha
depois a cruz do cabido entre dois cereais, e logo todo o clero da cidade
também em duas alas (...); e finalmente o cabido com pluviais; então vinha o
pálio, e debaixo dele o Príncipe Regente Nosso Senhor com a sua real
família. (SANTOS, 1981, p. 177/178)
Afirma ainda o padre cronista que as ruas por onde havia de passar o cortejo real
estavam cobertas de areia, folhas, flores e ervas odoríferas, além de “imenso povo”, que
ocupava as portas e janelas “e mesmo estava sobre os telhados”; e que as portas e
janelas das casas estavam enfeitadas com tapeçarias e cortinados, de acordo com o
bando que a Câmara passou para a ocasião (SANTOS, 1981, p. 179). Terminada a
solenidade na Igreja do Rosário, o Príncipe Regente e a família real voltaram em coches
ao Paço onde
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cerimônias e os espetáculos do Estado são o próprio Estado, e que toda política é ação
simbólica. Cunhando, por isso, o conceito de Estado-Teatro (GEERTZ, 1991).
Algumas características conferiam eficácia política a essas representações rituais.
Como, por exemplo, a rigidez do cerimonial, que fixava o lugar de cada ator social no
cortejo real, de modo a garantir a fiel representação visual da hierarquia social. Ou a
preocupação de exibir uma ligação entre os poderes laicos e religioso, exemplificada
tanto na presença destacada das autoridades religiosas durante todo o cerimonial, quanto
no local mesmo escolhido para a realização da cerimônia. A principal igreja da cidade:
A Sé. D. João não fez da ida à Sé o seu primeiro ato político/simbólico/teatral no Rio de
Janeiro apenas por uma extremada devoção, mas também para ressaltar o caráter
sagrado da monarquia portuguesa e do poder a ele conferido.
Nas sociedades de Antigo Regime, a Corte tinha um lugar central não só como
centro político, lugar da crescente influência do poder régio e de fabricação da
representação da unidade do reino e de sua história; mas também como espaço de
relações interpessoais que se hierarquizavam em torno, e a partir, do rei. Como explica
Norbert Elias, a circulação social na Corte tinha duas faces: se, por um lado, equivalia à
nossa vida particular, proporcionando descanso, prazer e diversão; por outro, equivalia
também à nossa vida profissional, sendo um instrumento imediato para a carreira e a
autoafirmação, um meio de ascensão social (e também de queda). Afirma Elias que na
Corte “todas as engrenagens da sociedade acabavam se juntando; nela se decidiam ainda
a possibilidade, a reputação e, até certo ponto, os rendimentos dos cortesãos.” (2001, p.
97)
As cerimônias de corte eram ocasiões para uma farta distribuição de títulos de
nobreza e outras mercês por parte de D. João. Assim, os representantes da nobreza da
terra tinham que aprender a se comportar na Corte, em presença das pessoas reais, de
duques e marqueses e de dignitários estrangeiros, de acordo com as suas rígidas regras
de etiqueta e hierarquia se quisessem usufruir das vantagens que a proximidade da Corte
propiciava. A prática da etiqueta consistia em uma auto-representação da sociedade de
Corte, através da qual cada indivíduo, inclusive o rei, tinham o seu prestígio e sua
posição social confirmados pelos outros. A rigidez das regras de etiqueta levava a
comparação do comportamento cortesão a um teatro, pela sua artificialidade. Dessa
forma, o controle das emoções pessoais era fundamental para a sobrevivência dentro da
sociedade de corte. Mas esse foi um duro aprendizado para a elite do Rio de Janeiro.
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Nas festas da corte, o espetáculo das ruas se completava invariavelmente com uma
representação no teatro. A eventual presença do soberano nas representações teatrais
transformou-o em mais um espaço de sociabilidade cortesã. Os espetáculos teatrais não
esgotavam as possibilidades de divertimento que se ofereciam à sociedade do Rio de
Janeiro, tendo os divertimentos públicos se diversificado muito durante o período
joanino. Mas, como ressalta Vanda Freire, a ida à “ópera” (termo que servia para
designar qualquer representação teatral) era um divertimento ligado às elites e ao poder,
pelo signo de civilização que carregava (FREIRE, 2000, p. 230). O decreto de 28 de
maio de 1810, onde se justificava a criação do Real Teatro São João, expressava o
simbolismo que o teatro tinha para a criação de uma sociedade de corte:
Rosa Fiorine, primeira dama bufa do Real Teatro de São João, (...) na noite
de 2 do corrente foi, no mesmo teatro, insultada com um lenço que se lhe
atirou à cara cheio de pedras e moedas de cobre. Deve V.M., quanto antes,
examinar este caso até por um sumário de testemunhas, e averiguar quem fez
semelhante insulto, para me dar uma circunstanciada parte de tudo quanto
puder alcançar a este respeito. (Arquivo Nacional, Fundo Polícia da Corte,
códice 329, vol. 2, f. 207v.)
Na cadeia do Aljube está preso Manoel do Rosário pelo furto que fez de
várias peças pertencentes ao Ex.mo Ministro de Estado dos Negócios do
Reino, José Bonifácio de Andrada e Silva. E consta também que é costumado
a gatunices dentro do Teatro de São João. V.M. proceda contra ele a um
sumário de polícia para averiguar a vida e costumes deste homem, qual é o
seu emprego e, ao mesmo tempo, onde existem as peças furtadas, para se
arrecadarem. (Arquivo Nacional, Fundo Polícia da Corte, códice 330, vol. 1,
sem numeração de páginas)
Antes das dez da manhã, quando o sol começava a subir alto e as sombras das
casas se encurtavam, os homens brancos se faziam raros pelas ruas e viam-se
então os escravos madraceando à vontade, ou sentados à soleira das portas,
fiando, fazendo meias ou tecendo uma espécie de erva, com que fabricavam
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cestos e chapéus. Outros, entre os quais provavelmente havia alguns pretos
forros, prosseguiam nos seus trabalhos de entregadores, saíam a recados ou
levavam à venda, sobre pequenos taboleiros, frutas, doces, armarinhos,
algodõezinhos estampados e uns poucos outros gêneros. Todos eles eram
pretos, tanto homens como mulheres, e um estrangeiro que acontecesse de
atravessar a cidade pelo meio do dia quase que poderia supor-se
transplantado para o coração da África. (LUCCOCK, 1975, p. 74-75)
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intermediários entre o grupo que representavam e a sociedade senhorial, amortecendo
atritos tanto internos quanto externos à comunidade que representavam (SOUZA, 2002,
p. 155).
A função principal do rei congo e sua corte eletiva era a coleta de donativos para a
realização da festa do orago, momento máximo da vida da irmandade. Com esta
finalidade, a folia podia sair à rua várias vezes por ano, de acordo com os recursos, a
vontade dos reis e a permissão da Câmara. As congadas compunham-se de cortejos de
rua acompanhados de danças e cânticos, e de dramatizações nas quais eram
apresentados enredos tematizando a conversão ao cristianismo. Afirma Mariza Soares
que algumas vezes as folias eram proibidas de sair às ruas devido aos “excessos” que
ocorriam. Apesar dos compromissos das irmandades recomendarem frequentemente que
ao fim dos cortejos fúnebres e festivos os irmãos retornassem em ordem para a igreja, “a
volta, tanto dos enterros quanto das procissões, parece ser o momento da subversão da
ordem” (SOARES, 2000, p. 155). Marina de Mello e Souza, por sua vez, ressalta que
“festa e desordem aparecem lado a lado” e por isso sempre houve uma divisão, entre as
autoridades coloniais, entre reprimir ou permitir tais manifestações culturais. (2002, p.
228) Segundo alguns autores, as congadas teriam sido proibidas a partir da instalação da
Família Real no Rio de Janeiro, e em nome da transformação da cidade em Corte Real.
Com explica Marina de Mello Souza:
Illmo Senhor, julgo necessário participar a V.S. que não tenho concedido
nenhuma licença para danças de nenhuma qualidade na presente festividade
do Rosário, nem mesmo para as Guerras e Brinquedos que por esta ocasião
costumam fazer os pretos das nações. E por isso, se alguns aparecerem, as
suas patrulhas, que devem continuamente girar tanto de dia como de noite
nestes três domingos, com prudência os façam recolher. E se houver
reincidência ou teima, sejam presos, pois o luto em que ainda tão justamente
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estamos pede que se evitem divertimentos pelas ruas (Arquivo Nacional.
Códice 327, f. 69).
Dessa forma, a relação entre a corte dos brancos e a corte dos negros não era
baseada apenas na repressão. Afinal, a Corte e seu projeto civilizacional de matriz
europeia não podia ignorar a sociabilidade da Cidade, com suas formas e espaços
próprios, já anteriormente existentes nesse espaço onde ela veio instalar-se. Mesmo que
de forma subordinada, essa parcela da população da cidade encontrava um espaço na
série de megaeventos que marcou o cotidiano do Rio de Janeiro nesse período. Porém,
tal como acontece ainda hoje, essa parcela da população da cidade era também obrigada
a pagar a conta dos megaeventos realizados pela Corte. Uma vez que a maioria absoluta
dos melhoramentos urbanos empreendidos na cidade nesse período foi feita com a
indispensável mão-de-obra escrava. Já que aqueles que eram presos pela Guarda de
Polícia frequentemente acabavam sendo utilizados como mão-de-obra nas obras
públicas empreendidas pela Intendência de Polícia. Dessa forma, ironicamente, aqueles
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que representavam a maior ameaça à implantação do projeto civilizacional da corte
eram os mesmos que realizavam o trabalho duro da transformação da cidade. Em uma
de suas muitas contradições, a sociedade de corte condenava a presença do negro no
espaço urbano, mas não condenava o hábito do escravismo.
Considerações Finais
Procurei mostrar nesse artigo como os “megaeventos” realizados no Rio de
Janeiro a partir da instalação da corte portuguesa em 1808, não apenas alteravam
radicalmente o cotidiano dos moradores da cidade, mas também desempenhavam um
papel fundamental para a detonação de um processo civilizador na América portuguesa,
aos moldes do que explica Norbert Elias. Processo esse expresso nas modificações
implementadas não apenas no tecido urbano da cidade, mas também em novas formas e
espaços de sociabilidade que tentavam banir do espaço urbano do Rio de Janeiro muito
daquilo que se poderia considerar tipicamente colonial. A permanência, todavia, durante
todo o período de reinado de D. João no Rio de Janeiro, e mesmo depois, de outras
formas de sociabilidade que não aquela decalcada das cortes europeias apontavam para
os limites e contradições daquela tentativa de fundação de uma “Europa possível” nos
trópicos, recuperando mais uma vez a expressão de Afonso Carlos Marques dos Santos.
Porém, como procurei mostrar, não basta apontar apenas as diferenças entre essas duas
formas de sociabilidade, mas também a necessária interação existente entre a cidade
imaginada, representada como corte real à moda europeia, e a materialidade histórica do
Rio de Janeiro do início do século XIX, que gestara ao longo de três séculos de
colonização uma formação cultural original, com forte influência indígena, africana e,
mesmo, oriental. Chamando assim a atenção para a maneira como se construiu aquele
espaço ao longo do tempo, com suas especificidades, contradições e conflitos.
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