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O GUIA VICE PARA SAÚDE MENTAL

Saúde Mental LGBTT – Estamos Fazendo o Suficiente?


Um estudo de cinco anos encomendado por uma instituição filantrópica de
saúde mental, descobriu que 34% da população jovem LGB pesquisada tinha
tentado suicídio pelo menos uma vez na vida. O índice entre jovens trans chega
a 48%.

Dan tinha 14 anos quando pegou algumas facas para se matar. Crescendo em uma família
judia ortodoxa, onde ser gay era uma abominação, ele estava tão deprimido que sentia como
se estivesse em uma caverna. Sozinho na casa, ele olhou para as lâminas afiadas sem saber
como começar.
De repente, uma voz ecoou: "Tem alguém em casa?" Era uma amiga da mãe dele. O momento
passou. Hoje, ele quase nunca pensa naquela noite. "Era muito doloroso ser gay na infância",
afirma Dan. "A ponto de eu enterrar num lugar muito profundo da mente, porque era horrível
psicologicamente. Nunca falei sobre muitas coisas e tenho muita sorte de ter conseguido
sobreviver a isso."
"A saúde mental [lésbica, gay, bissexual e trans] é um problema real e considerável", afirma
Matthew Todd, editor da revista Attitude, que aborda o assunto em seu próximo
livro, Straight Jacket (um trocadilho com "camisa de força" – "straitjacket" em inglês – e
"hétero" – "straight"). "Desde o nascimento, a sociedade trata todo mundo como
heterossexual. Se você não for heterossexual e/ou cisgênero [quando o seu gênero é o mesmo
que o sexo designado ao nascer], existe uma pressão imensa para reprimir essa parte de você.
"O momento mais importante é durante o crescimento. Recebemos isso dos pais, da escola,
das religiões, do governo historicamente, da mídia, em todo filme que você assiste e todo livro
que lê. O mundo não é tão seguro para a população LGBT quanto para a população hétero."
Essa heterossexualidade presumida em todo mundo também é conhecida como
"heteronormatividade". Veja na publicidade, por exemplo. "Tive muita sorte de morar um
tempinho em Berlim", conta Dan, hoje um homem confiante de 31 anos. "No metrô, você vê
muito mais anúncios retratando casais gays. É um sentimento diário de pertencimento e
afirmação."
Recentemente, quando a agência de viagens Expedia lançou uma propaganda com um casal
gay em Londres, a resposta nas redes sociais foi variada, entre positiva e sem repercussão,
até usuários que alegaram que era "nojento" e tinha provocado "vômito intenso" neles.
Também apareceu bastante do sempre original "odeio viado".
O relatório RaRE, estudo conduzido ao longo de cinco anos encomendado pela instituição
filantrópica de saúde mental LGBT Pace, descobriu que 34% da população jovem LGB
pesquisada (com menos de 26 anos) tinha tentado suicídio pelo menos uma vez na vida. O
índice entre jovens trans chega a 48%. Isso contrasta com 18% entre heterossexuais e 26%
entre a população jovem cisgênero. As maiores causas identificadas foram homofobia ou
transfobia e "dificuldade de ser LGB ou trans na família [e] na escola".
Em 1988, um trecho da legislação britânica chamado Artigo 28 foi introduzido nas escolas,
implantado por Margaret Thatcher. Ao mesmo tempo vago e abrangente, o texto proibia a
"promoção da homossexualidade". Professores de todo o país morriam de medo de sequer
dizer a palavra "gay" ou abordar o bullying homofóbico por temerem perder o emprego.
Embora o Artigo 28 tenha sido revogado em 2003 pelo governo do Partido Trabalhista, essa
fumaça ainda rodeia as tubulações do nosso antiquado sistema educacional, espessa o
suficiente para asfixiar a maior parte do sentimento de pertencimento da população LGBT.
"Precisamos falar mais sobre diversidade sexual. Mais normalidade", afirma Callum Berry, 18,
que saiu da escola dez meses atrás. "Com certeza encontrei homofobia entre os 11 e 15 anos
de idade, antes de aceitar completamente que era gay. Sofri com períodos de intenso TOC e
fiquei obcecado com a ideia de ter uma vida "hétero" normal, então passei por um período
em que me machucava e tinha ansiedade, e ficava muito nervoso toda vez que via um homem
pelo qual sentia atração".
O relatório RaRE, estudo de cinco anos encomendado pela instituição filantrópica de saúde
mental LGBT Pace, descobriu que 34% da população jovem LGB (com menos de 26 anos)
pesquisada tinha tentado suicídio pelo menos uma vez na vida. O índice entre jovens trans
chega a 48%.
O relatório RaRE aponta que 57,1% da população LGB e 85,2% das pessoas trans já se
automutilaram pelo menos uma vez. Callum diz que a aceitação que ele teve da família foi
essencial para conseguir sobreviver a esse período, além de "ver e conhecer amigos deles que
eram felizes sendo gays".
A Mind é a maior instituição filantrópica de saúde mental do Reino Unido e reconhece que as
cicatrizes deixadas pelo isolamento da juventude LGBT podem continuar doendo na vida
adulta. "Ainda faltam serviços locais que atendam as necessidades da população LGBT",
afirma Geoff Heyes, Gerente de Políticas e Campanhas. "A Mind quer que o acesso e a
disponibilidade dos serviços de saúde mental sejam realmente focados na pessoa e que os
conselheiros de saúde compreendam a importância de oferecer uma assistência afirmativa e
inclusiva de verdade para as pessoas LGBT."
Lydia Cawson, mulher lésbica de 29 anos, atualmente estuda para se tornar profissional de
saúde mental. Parte disso é porque ela acredita que não há ajuda acessível suficiente para as
pessoas da comunidade LGBT.
"Sofri muito com a minha saúde mental", conta. "Nunca recebi nenhuma ajuda para discutir
a minha sexualidade, gênero e identidade pessoal, porque esses fatores eram mascarados por
outras preocupações com a saúde. Tive anorexia entre os 16 e 21 anos e muitas vezes ouvi
que isso era a minha rejeição à feminilidade e à condição de mulher. Eu era provocada a
encontrar essa ligação e 'melhorar'. Não havia nenhuma consideração de que isso era parte
do problema."
O relatório RaRE aponta quantas mulheres lésbicas e bissexuais usam o álcool para "controlar
sentimentos desconfortáveis ou indesejáveis... Em relação a preocupações ligadas à atração
pelo mesmo sexo": 37,1% das mulheres LGB do estudo consomem bebidas alcoólicas em
níveis prejudiciais à saúde. As causas envolvidas, mais uma vez, são experiências na
adolescência e a ligação feita entre sexualidade e o medo das reações ao se assumir, além do
consumo de álcool como uma muleta para lidar com expectativas familiares
heteronormativas.
Esse argumento pode explicar, em parte, o recente aumento do "chemsex" – o sexo químico
– entre homens gays, em que mefedrona, GHB (ácido gama-hidroxibutírico) e metanfetamina
são usados na prática sexual. Monty Moncrieff é diretor executivo da London Friend, que
oferece o serviço de apoio ao dependente químico LGBT Antidote. "Sem dúvida parece haver
uma ligação entre o consumo de drogas se tornar um problema e as pessoas terem dificuldade
com a sua identidade e autoestima [LGBT]", avalia. "Uma coisa que muitas pessoas dizem para
nós é que o que elas realmente querem é mais intimidade emocional nos relacionamentos
sexuais." Como afirma o especialista em chemsex David Stuart, se você bloqueia a intimidade
na adolescência, escondendo o seu sexo por vergonha, pode ser difícil encontrar intimidade
mais tarde na vida na prática sexual de fato.
Além disso, a ideia do sexo gay ainda é tabu para muitos. Atitudes preconceituosas de alguns
homens (supostamente héteros) condenando o sexo gay ficaram claras recentemente quando
a VICE publicou Fotos da Maior Premiação do Pornô Gay do Reino Unidono Facebook. Nos
comentários, cerca de 50 caras marcaram os amigos como se eles tivessem ganhado algum
prêmio. Perguntei ao doutor Qazi Rahman, do Instituto de Psiquiatria da King's College de
Londres, se ele tinha alguma ideia do porquê desse humor, que pode facilmente ser rotulado
de "gay shaming".
"É uma forma de estimular o status social entre redes de amizade de homens heterossexuais
e a autoestima, exaltando o grupo de iguais (heterossexuais) mantendo certos tipos de
preconceito", avalia o especialista. "A tendência humana de formar grupos de iguais e de
diferentes faz parte da nossa psicologia de coalizão, mas também é maleável e pode mudar.
É por isso que alianças entre gays e héteros nas escolas são uma boa ideia, porque promovem
um novo grupo de "coalizão" entre alunos LGBT e héteros."
Alianças entre gays e héteros são bastante incomuns na cultura de massa. Na TV, pelo menos,
parece que não superamos o eterno template que fica julgando a roupa alheia e carregando
as sacolas de compras para a Carrie em Sex and the City. É raro ver um cara hétero com um
melhor amigo gay na tela. Socialmente, também, a "cena" LGBT é – com algumas exceções
importantes – em grande parte segregada. Há quem goste assim, mas a coisa do nós-e-eles
produz mentalidades próprias nada saudáveis.
A cena gay, como eu mesmo já senti na pele, está cheia de visões bastante irreais de perfeição
do corpo masculino. "É o controle", diz Damien Killeen, ator de 25 anos e barman no Soho.
"Você tem controle sobre o seu corpo, apesar de não conseguir controlar mais nada. Então se
as pessoas vão te olhar e pensar que você é nojento pelo que faz sexualmente, pelo menos
podem ficar com um pouquinho de inveja do fato de que você é bonito pra caralho... É difícil
ver uma forma de romper com isso como sociedade e mais como comunidade – somos muito
obcecados com isso."
59,2% dos homens gays e bissexuais estão infelizes com o próprio corpo, segundo o relatório
RaRE, em contraste com 40% dos homens heterossexuais. Sentimentos de baixa autoestima
projetados na idolatria ao ideal masculino da sociedade, combinados a homofobia na escola
ligada à aparência física, foram identificados como causas comuns.
Mas baixa autoestima tem uma implicação para a saúde física também: infecções transmitidas
sexualmente. Pois, se você não se valoriza como pessoa, por que se protegeria contra o HIV?
Adrian Hyyrylainen-Trett está concorrendo ao parlamento pelo Partido Liberal Democrata na
região de Vauxhall. Recentemente, ele se revelou soropositivo em uma entrevista franca a
Patrick Strudwick. "Estou 100% convencido de que a homofobia que sofri na adolescência me
levou a um comportamento muito autodestrutivo e acabei querendo deliberadamente me
aniquilar", contou.
Um diagnóstico positivo para HIV, em muitos casos, leva a ainda mais problemas psiquiátricos
entre a população LGBT. "Doenças mentais e o HIV estão muitas vezes ligados", afirma Eleanor
Briggs, Diretora Assistente de Políticas e Campanhas da National AIDS Trust. "As pesquisas
sugerem que a depressão é duas vezes mais comum entre pessoas que vivem com HIV do que
na população em geral. Às vezes, o estigma contra si próprio e o sentimento de culpa fazem
com que as pessoas sintam que não têm valor – o que pode piorar muito com a homofobia
internalizada." E aí você tem as fontes gêmeas da sabedoria, Nigel Farage e Richard
Littlejohn,vociferando sobre o assunto feito dois vilões cômicos de meia tigela, expelindo
despropósitos de ignorância um no outro em um pesadelo do qual ninguém consegue fugir.
Estou 100% convencido de que a homofobia que sofri na adolescência me levou a um
comportamento muito autodestrutivo e acabei querendo deliberadamente me aniquilar –
Adrian Hyyrylainen-Trett, Pré-candidato ao Parlamento pelo Partido Liberal Democrata na
região de Vauxhall
Tudo isso é apenas a ponta do iceberg da saúde mental LGBT, mas podemos tentar contribuir.
Como aponta o relatório RaRE, é essencial promover o treinamento completo e a
conscientização LGBT entre profissionais de saúde. Eu, pessoalmente, ouvi um homem gay de
21 anos sob internação compulsória afirmar que sofre discriminação de uma equipe de
enfermeiros extremamente religiosa.
Hyyrylainen-Trett é bem taxativo ao falar sobre como começamos a desenrolar esse
emaranhado no âmago do problema: educação sexual sobre relacionamentos entre pessoas
do mesmo sexo.
"Se houvesse uma educação adequada e aberta sobre sexo e relacionamentos em todas as
escolas, a discussão sobre diferentes famílias e modelos LGBT na Grã-Bretanha do século 21,
tenho certeza de que as crianças teriam mais consciência sobre as diferenças e as pessoas não
ficariam de lado permitindo o bullying", avalia. Essa visão se alinha com a campanha para
introduzir a educação sexual e de relacionamentos com o enfoque nas relações entre pessoas
do mesmo sexo, que ganhou mais um reforço há pouco tempo em uma convocação da União
Nacional de Professores do Reino Unido para discutir sexualidade e gênero.
Recentemente, o Partido Trabalhista anunciou o manifesto LGBT "Um Futuro Melhor para a
Comunidade LGBT Britânica", em que promete "transformar o acesso aos serviços de saúde
mental para a próxima geração LGBT". Na mesma semana, um inquérito apurou que a mulher
transgênero Mikki Nicholsoncometeu suicídio em novembro depois de sofrer intimidação na
rua. O enfermeiro psiquiátrico comunitário dela, Clive Guyo, afirmou: "Ela descrevia Carlisle
como um lugar hostil para pessoas que são diferentes".
Se o ódio se origina do medo da diferença, então a compreensão é o nosso primeiro passo
para erradicar o medo. James Taylor, Chefe de Políticas da Stonewall, diz: "Nossa ambição é
por um mundo onde cada pessoa LGBT possa ser aceita sem exceção". O desenvolvimento
moral ainda não atingiu seu clímax com a era moderna. No futuro, os historiadores poderão
olhar para a nossa cultura e avaliar que tivemos coragem de fazer com que todos os seus
membros tenham sentimento de pertencimento, dentro de nossas escolas e na família.
Dan (Glass,o homem que liderou o protesto Cabaré da Diversidade no bar de Nigel Farage)
é grato por nunca ter usado as facas naquela noite. Não foi o caso de Ayden Keenan-Olson,
que teve uma overdose com a mesma idade em que Glass considerou o suicídio, 14, depois
de sofrer bullying por ser gay. Isso não acontece com a "juventude LGBT" – acontece com a
nossa juventude, ponto final. Se permitirmos que as coisas fiquem como estão, se não
discutirmos os estigmas que ainda existem na sociedade no nível da formação, nenhum de
nós – gay ou hétero – poderá sequer chegar perto da noção de orgulho.
Se você tem algum familiar ou passa por uma situação delicada não fique em silêncio. Peça
ajuda, fale com alguém, procure um profissional. Aqui temos algumas possibilidades:
Centro de Valorização da Vida (CVV)
A instituição é uma das mais sérias do país. Começou em 1962 na cidade de São Paulo e hoje
tem 70 postos de atendimento em todo país. Os voluntários se colocam à disposição para ouvir
sem julgar ou dar sermão.
Acesse o site: cvv.org.br ou disque 141.
Algumas universidades mantém institutos de pesquisa sobre o tema:
Laboratório de Estudos Sobre a Morte (LEM)
O grupo de pesquisa é relacionado ao Instituto de Psicologia da USP e, além de estudos sobre
o tema, presta assistência à comunidade.
Acesse o site: www.ip.usp.br/laboratorios/lem/lem.htm ou ligue (11) 3818-4185, ramais 31
e 33.
Instituto Sedes Sapientiae
Criado em 1978, a entidade tem um trabalho sério de formação de profissionais ligados à
saúde mental. Entre os cursos e palestras há também atendimento à pacientes.
Acesse o site:sedes.org.br ou ligue para (11) 3866-2730.
Clínica Psicológica Ana Maria Poppovic
O instituto ligado a PUC de Sâo Paulo faz atendimentos, avaliações e orientações.
Acesso o site:pucsp.br/clinica ou ligue (11) 3862-6070.
@paddycash
Tradução: Aline Scátola

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