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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECONCAVO BAIANO – UFRB

Centro de Artes Humanidades e Letras – CAHL


Departamento de Artes Visuais.

Trabalho apresentado ao
professor Alex Souza da disciplina
de Oficina de Textos para obtenção
de nota final do semestre.

O sorriso de Monalisa
Questionamentos sobre o mundo artístico na perspectiva de uma produção de Hollywood.

Lucas Cordeiro

Cachoeira, março de 2018.


O sorriso de Monalisa
Questionamentos sobre o mundo artístico na perspectiva de uma produção de
Hollywood.

Lucas Cordeiro

Resumo:

O seguinte artigo apresenta uma análise comparativa da obra cinematográfica


“O sorriso de Monalisa” tanto na sua perspectiva fílmica quanto em seu
contexto socio-cultural. A pesquisa se desenvolve sob um recorte específico
em três cenas da obra, de acordo com uma abordagem que traz a tona
temáticas constantemente debatidas pelo sendo comum e pelos intelectuais
artísticos. Estes temas enfatizados nas cenas que utilizei como foco, se
referem a questões sobre a influência exercida por um consenso social a partir
da criação dos gostos, da valorização de uma estética canônica, que
posteriormente determina a valorização e a desvalorização de determinadas
obras de arte paralelo á um período de transformações e inovações artísticas
que foi a década de 50. Mesmo após diversas mudanças e evoluções na arte,
ainda atualmente permanecem concepções voltadas para um padrão que
impõe um olhar e consequentemente limita a maneira de enxergar a amplitude
da arte. Portanto, a finalidade deste estudo é discorrer quanto à conexão entre
as ideias contidas no objeto estudado e que ainda se refletem no momento
atual ao qual nos encontramos, a partir de teorias existentes nos textos de
Pierre Bourdieu, Luigi Pareyson e Jorge Coli no intuito de obter possíveis
compatibilidades conceituais.
1. Introdução

Uma das principais motivações para a utilização do presente objeto de


estudo na realização desta pesquisa, foi identificar a presença de
diversas críticas ao campo das artes especialmente no que se refere ao
momento que se apresentava a arte na década de 50. Pode-se notar
que neste período apesar dos olhares ainda muitos voltados para as
obras de arte com aspectos do romantismo³, o movimento abstrato e
expressionista ganha espaço no cenário artístico e cada vez mais
adeptos. Apesar da obra ser um produto carregado de clichês, aponta
indagações referentes á influência dos gostos de acordo com o
pensamento Europeu que enaltece uma estética padronizada por uma
visão canônica. Percebe-se essa observação durante a cena em que as
alunas desconhecem um quadro fora dos padrões clássicos e que não
se encontra no planejamento de estudo, a partir disso, vale salientar
uma imposição de um grupo de pessoas para limitar o gosto daquelas
estudantes e fazerem com que elas pensem que aquele tipo de obra de
arte possui a estética absoluta e apropriada para ser apreciada, de
acordo com a ideia de Pierre Bourdieu, pensador francês os gostos
compõem-se da seguinte maneira;

Chega-se assim a uma definição provisória: os gostos, entendidos como


conjunto de práticas e de propriedades de uma pessoa ou de um grupo
são produto de um encontro (de uma harmonia pré-estabelecida) entre
bens e um gosto (quando digo "minha casa é do meu gosto", estou
dizendo que encontrei a casa conveniente para o meu gosto, onde meu
gosto se reconhece, se reencontra). (BOURDIEU, 1980, p.02).

Na concepção de Bourdieu a formação do gosto é fruto de uma prática


frequente do indivíduo, se ele tiver condições de para que se perceba
uma classificação do que é ao ponto de vista particular “bom” e “ruim”.
Todavia, o que ocorre quando esses indivíduos estão inseridos num
contexto ao qual lhe são impostas preferências as quais devem seguir?
Não há um processo de desenvolvimento desses gostos sendo eles
desenvolvidos a partir de uma visão pré-estabelecida por um consenso
social feito por críticos de arte, curadores, intelectuais e etc. E a partir
dessa idéia inicial irão se definir no longa metragem discussões a partir
de três momentos específicos de acordo com as leis da estética que
consequentemente abrem margem para a idéia de que arte deve ser
associada a beleza e especialmente uma beleza clássica, romântica, um
pensamento difundido durante o século IXX inicialmente às obras
literárias e posteriormente às artes plásticas e música, pois anterior a
este período não haviam questionamentos sobre feio e belo. Esse
pensamento que se originou do romantismo reformulou o estudo
filosófico de “asthesis” (estética) e a partir disso, se institui uma
concepção que associa arte a beleza.

2. Apresentação do objeto fílmico

A obra cinematográfica “O sorriso de Monalisa” do diretor norte


americano Mike Newell, de certa forma transmite em alguns aspectos a
junção entre arte e sociedade como instrumentos influenciadores de
transformação social a partir do posicionamento do artista e do que ele
expressa a partir da sua obra.
O longa metragem ocorre no ano de 1953, e retrata o cotidiano da
“Wellesley College” uma escola tradicional para mulheres. A trama é
protagonizada por Julia Roberts, que dá vida à Katherine Watson, uma
professora progressista de artes que decide lecionar nesta escola que é
muito diferente dos ambientes aos quais ela está habituada.
Durante suas primeiras aulas ela percebe o controle exercido pelo
colégio, tanto para com discentes como docentes através de um plano
de ensino no qual são definidas quais obras de arte devem ser
estudadas dentro dos parâmetros canônicos estéticos do que deva ser
visto como arte. Sendo assim, a experiência artística limitada das
discentes consequentemente influi em suas preferências, num local que
teoricamente deveria ser desenvolvido para expandir o intelecto
podendo também efetivar-se através de contatos diversificados com
outros saberes e outras culturas.

Diante dessas condições, Katherine se vê numa posição difícil, estando


num lugar que confronta suas próprias ideologias de liberdade
intelectual e profissional, entretanto, isso torna-se uma motivação a mais
para que ela promova uma mudança na escola. A professora então,
planeja realizar uma revolução a partir da sua forma de transmitir o
conteúdo sobre história da arte, e provoca as alunas a se questionarem
a respeito das suas concepções da arte e do que ela representa.
3.1 Análise do objeto fílmico.

Pretende-se por meio da análise de três cenas em especial, elucidar os


questionamentos e problematizações mais percebíveis na obra sobre o
campo das artes, que posteriormente irão tornar-se o ponto de conexão
com as idéias presentes nos textos dos autores anteriormente citados.

O primeiro momento em que essa crítica se faz presente ocorre na cena


em que Katerine se reúne com o conselho da escola para que assim
possam discutir a respeito da sua trajetória de ensino, suas ambições na
escola e a impressão que causou em sua primeira aula. Durante esta
reunião, o diretor da escola indaga Katherine a respeito do tema
escolhido para desenvolver sua tese que se trata do seguinte título:
“Picasso fará pelo século XX o que Michelangelo fez pelo renascimento”.

Perante a isso, o conselho da Wellesley College não compreende como


um conjunto de desenhos que para eles não possuem uma estética
adequada e são definidos como “borrões de tinta”, podem comparar-se
ao marco artístico da capela sistina que foi uma obra de arte consagrada
pela estética representada por ela. O conselho mostra-se bastante
preocupado com a postura subversiva da professora e sabem que isso
pode refletir na sua metodologia. Em continuidade ao raciocínio
anteriormente iniciado, diante da tese de Katherine e o ponto de vista do
conselho sobre o que foi dito, por qual motivo Picasso e suas obras não
seriam capazes de ter a mesma significância e destaque que as
Michelangelo? As obras de Picasso não se encaixam nos padrões de
beleza necessários para serem consideradas arte? Os borrões e
rabiscos não poderiam também ser belos? Segundo Pareyson a lei da
arte liga-se não somente à mas a algo que está além disso;

Qualquer que fosse, pois, o modo concreto de entender a beleza, ou


como harmonia e proporção, ou como perfeição interna, ou como
unidade variada de um múltiplo, ou qualquer que fosse o lugar
designado à beleza com relação à arte, ou como objeto de imitação, ou
como cânone, ou como finalidade, este foi um modo de conferir à arte
uma lei geral, sobre um plano estético, para além das mudanças das
poéticas, dos programas, dos gostos. (PAREYSON, 1985, p.9).

Para que de fato possa se organizar um conceito por trás das obras de
arte há a necessidade de um parâmetro de análise a ser seguido, do
contrário qualquer coisa poderia ser considerada arte. De acordo com o
pensamento de Luigi Pareyson o modo de compreender a beleza das
obras artísticas vai muito além dessas regras, pois a beleza está no
resultado da obra de arte e não somente na forma como se apresenta;
[...] Além de um conflito de poéticas e de gostos, que é a contraposição
do programa de figurar objetos feios àqueles de representar objetos
belos, isto é, o princípio de que a beleza não é lei, mas resultado da
arte: não seu objeto ou fim, mas seu efeito e êxito. Não que a obra de
arte seja artística porque bela, mas é bela porque é artística: o artista
deve preocupar-se não com seguir a beleza, mas com fazer a obra, e se
esta lhe sai com êxito, então terá conseguido o belo. (PAREYSON,
1985, p.9).

Portanto, norteados por esta visão do belo apresentada por Pareyson a


lei da arte não se limita á beleza, mas á uma antinomia que visa
estabelecer um rigor quanto á invenção, originalidade, liberdade,
unicidade, legalidade e coerência da obra de arte. O que torna a obra
bela é o seu teor artístico, sendo assim o objetivo de almejar a beleza
será alcançado. Há alguns anos atrás, a arte era vista como forma
artificial de expressão cultural, sendo assim, havia uma “cartilha” e
conjunto de regras a partir do conceito ocidental de “programa de arte” e
leis da estética, a partir de uma representação que basicamente é
tornar-se presente a respeito do que absorvemos e representamos a
nível de seres humanos, que ocupam um espaço, de acordo com a
filosofia a representação não condiz com o que é real estar dentro do
contexto: ser pertinente a algo.

A principal diferença entre Michelangelo e Picasso se dá nitidamente de


acordo com os estilos de ambos, Michelangelo (falar das obras de
Michelangelo) e Picasso (falar das obras de Picasso) A existente nas
obras de Picasso que se encaixam numa adequação canônica
analisando a capela Sistina por exemplo é valorizada por atender algo
que está acima da própria estética, julga-se pois de acordo com as
preferências de um determinado grupo que dita tendências e gostos que
consequentemente serão passados adiante como absolutos e serão
difundidos dessa maneira. Picasso e suas obras possuíam bastante
admiradores não apenas a nível de intelectuais artísticos, mas também
de pessoas comuns que não se encontravam ligadas á este espaço e
apreciavam suas obras. Desse modo o maior conflito existente em torno
destes dois artistas ocorre apenas por questões de preferências
artísticas, cada um em sua particularidade possui seu valor dentro desta
perspectiva a antinomia se faz presente acima dos gostos.

3.2 Análise do objeto fílmico

A segunda cena da obra fílmica inicia-se com uma polêmica acerca do


que é arte, e do que pode se encaixar nesse significado artístico. A
professora Katherine depois de conversar com os membros do conselho
da escola sente que sua permanência ali encontra-se ameaçada e
resolve a partir disso desenvolver uma maneira diferente que propõe
exigir das alunas um esforço intelectual mais apreciativo e filosófico do
que essencialmente teórico.
Katherine inicia a exibição dos slides com uma obra de arte
expressionista que é a “Carcaça” de Soutini (1925) que retrata a carcaça
de um animal exposta em seus detalhes. No momento em que
visualizam a imagem as alunas procuram aquela obra no programa de
estudos estabelecido pelo colégio, e nada encontram, curiosas elas se
questionam umas às outras e logo após à professora sobre o que se
trata “aquilo”. Katherine então, devolve com um questionamento, que as
educandas possam dizer a ela o que elas vêem, que não há nenhum
livro dizendo a elas como deveriam pensar no que diz respeito ao
contato com uma obra de arte, elas começam a analisar a pintura a
partir dos seus aprendizados tradicionais, alguns acham feio, grotesco,
outras acham erótico, outras nem acham que a obra poderia ser
intitulada como arte.
Em seguida uma das alunas levanta a indagação: “A arte não pode ser
grotesca? ” Seguindo esta lógica de raciocínio por qual motivo a arte não
pode também ser grotesca? Além da questão da antinomia que analisa
um padrão de análise a ser seguido, se esta arte possui as técnicas
artísticas adequadas para sua produção, na sua composição, nas
harmonias das cores utilizadas e etc, o que poderia impedir a mesma de
ser uma obra de arte? Tudo depende dos padrões tradicionais estéticos
que delimitam a aceitação de uma obra como esta, para Jorge Coli
(1997) a concepção artística se têm através de;

Para decidir o que é ou não arte, nossa cultura possui instrumentos


específicos. Um deles, essencial, é o discurso sobre o objeto artístico,
ao qual reconhecemos competência e autoridade. Esse discurso é o que
proferem o crítico, o historiador da arte, o perito, o conservador de
museu. São eles que conferem o estatuto de arte a um objeto. (COLI,
1997, p.10).

Dados os conhecimentos pertinentes a este estatuto da arte, como


afirma Coli, pode-se afirmar que determinado objeto artístico só é arte
até alguém dizer que é arte? Sabemos que existe um grupo seleto de
pessoas que estudaram para ocuparem esses cargos, essas pessoas
que detém esta competência e porque não dizer “poder” de definir a arte
através de determinados instrumentos e são as pessoas certas para
fazê-lo (críticos, historiadores, peritos e curadores de museu) talvez se
um pedaço de carne apodrecendo fosse tão famosa e consagrada
quanto “Davi” de Michelangelo (ano) seria também avaliada?

Na maioria das vezes existe muito rigor em avaliar a obra e talvez se


passa despercebida a reflexão por trás da obra, talvez falte mais
apreciação e empatia ao estabelecer o valor artístico e material de uma
obra de arte.
3.3 Análise do objeto fílmico

Numa das últimas cenas do filme a professora Katherine leva até a sala
alguns quadros do pintor Vincent Van Gogh (ano) e conta um pouco da
história dele. Van Gogh pintou durante grande parte da sua vida,
entretanto a sua maneira de pintar não agradava, taxavam suas obras
como toscas e infantis, porém ele pintava o que sentia e não o que via, e
sendo assim o artista foi reconhecido apenas após a sua morte.

Van Gogh tornou-se tão famoso que suas obras foram reproduzidas de
diversas formas, cartões postais, calendários, entre outros instrumentos
de divulgação que além de auxiliarem a difundir as obras de Van Gogh
permitiram o acesso massivo à estas pinturas que se encontravam
presentes apenas em museus ou eram vendidas por valores altíssimos
os quais a maioria da população não dispunha de condições para obter.

Katherine também havia levado algumas caixas com dizeres “Van Gogh
numa caixa, a nova forma de arte para as massas” este conteúdo
permitia, portanto que qualquer pessoa que adquirisse o material
pudesse se sentir como um artista ao reproduzir o clássico quadro dos
girassóis de Van Gogh.

Podemos perceber por meio desse momento do filme uma discussão


relevante principalmente referente ao livro de Walter Benjamin “A obra
de arte na era da sua reprodutibilidade técnica” na qual o autor traz
claramente a como se apresenta a idéia da reprodução das obras de
arte, que posteriormente abrem margem para a quebra da aura daquela
obra, e o grau de autenticidade, todavia, as obras de arte mais
valorizadas e consumidas encontra-se centralizada no eixo Europa e
América do Norte, esta via de acesso às obras de arte trariam uma outra
significância à criação daquele artista.
4. Considerações finais

Convém ressaltar que paralelo ás análises realizadas em relação a esta


obra cinematográfica utilizando o apoio das idéias dos autores aqui
citados, podemos perceber que a arte encontra-se em constante
transformação apesar dos impedimentos existentes e dificuldades de
alguns artistas em se encaixarem nestes padrões é necessária uma
ação de descolonização da arte, para que diversas expressões artísticas
que não são consideradas arte possam ter não somente um título de
valorização apesar de ser importante para a visibilidade do artista, mas
principalmente por saber que seu esforço foi recompensado e sua obra
reconhecida. A arte é o principal elemento de mudança, além de haver a
fantasia por trás do mundo das artes é um elemento de extrema
importância para a expressão, seja ela em forma de crítica, de protesto,
de admiração, o tempo em que a arte reproduzia apenas o que existia
passou, vivemos numa época em que há uma necessidade gritante da
arte se fazer presente como forma de posicionamento com relação aos
problemas pertinentes à nossa sociedade, principalmente quando se
trata de descolonizar a forma como a arte é vista. Artes são
componentes de um sistema técnico que faz parte da sociedade
humana, expressa a necessidade da sociedade socializado na aceitação
de uma intervenção, a arte é essa intervenção necessária o instrumento
principal de mudança social.
Referências

COLI, Jorge “O que é arte” Brasiliense, São Paulo, 1995, p.115


PAREYSON, Luigi “Os problemas da estética” Martin Fontes, São Paulo,
2005, p.264 BOURDIEU, Pierre, “A metamorfose dos gostos” extraído
de BOURDIEU, Pierre. 1983. Questões de sociologia. Rio de Janeiro:
Marco Zero. p. 127-135.
BENJAMIN, Walter “A obra de arte na era da sua reprodutibilidade
técnica” 1955

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