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Plano

Municipal
de Habitação
de São Paulo
Projeto de Lei
nº 619/16
SUMÁRIO

EXPOSIÇÃO Moradia............................................................................... 19 aos Serviços e Controle Urbanos................... 29


DE MOTIVOS............................................4 Subseção V  Da Aquisição de Moradia Seção III  Da Gestão do Patrimônio
Pronta.................................................................................20 Fundiário e Imobiliário Público para
Seção II  Da Locação Social................................20 Habitação........................................................................ 29
TÍTULO I
Subseção I  Da Locação Social de Seção IV  Da Parametrização e
Da abrangência, princípios,
Promoção Pública.......................................................21 Normatização para Habitação de
diretrizes e objetivos......................... 13
Subseção II  Da Locação Social por Interesse Social e Qualificação dos
Autogestão........................................................................21 Projetos Arquitetônicos e Urbanísticos.... 30
TÍTULO II Seção III  Da Locação Social de Mercado..21 Seção V  Da Gestão de Risco............................ 30
Do Plano Municipal
CAPÍTULO VIII
de Habitação......................................... 15
CAPÍTULO IV Dos Planos de Ação Quadrienais de
CAPÍTULO I Da Intervenção Integrada em Habitação.............................................................31
Das necessidades habitacionais.............15 Assentamentos Precários..........................22
Seção I  Da Urbanização de TÍTULO III
CAPÍTULO II
Assentamentos Precários.....................................23 Da articulação do Plano
Do Serviço de Moradia Social...................16
Seção II  Da Regularização Fundiária de Municipal de Habitação com
Seção I  Do Acolhimento Institucional Interesse Social.............................................................24 os instrumentos urbanísticos.......32
Intensivo..............................................................................17 Seção III  Das Melhorias Habitacionais em
Seção II  Do Abrigamento Transitório em Assentamentos Precários.....................................25 CAPÍTULO I
Imóveis Alugados........................................................17 Seção IV  Da Intervenção em Cortiços.......25 Dos Planos Regionais das
Seção III  Do Abrigamento Transitório em Subprefeituras.................................................. 32
Imóveis Públicos...........................................................17
CAPÍTULO V
Da Assistência Técnica, Jurídica e CAPÍTULO II
Seção IV  Da Bolsa Aluguel..................................17
Social......................................................................27 Das Operações Urbanas Consorciadas
CAPÍTULO III e Áreas de Intervenção Urbana.............. 32
Da Provisão de Moradia...............................18 CAPÍTULO VI
Da Atuação Integrada CAPÍTULO III
Seção I  Da Provisão de Moradia para
em Áreas Ambientalmente Da Cota de Solidariedade.......................... 33
Aquisição........................................................................... 18
Subseção I  Da Promoção Pública de
Sensíveis e Frágeis..........................................28
CAPÍTULO IV
Moradia............................................................................... 18 CAPÍTULO VII Dos Instrumentos Indutores da Função
Subseção II  Da Promoção Pública de Das Ações Transversais................................28 Social da Propriedade Urbana............... 33
Moradia em Assentamentos Precários...... 19
Seção I  Da Prevenção e Mediação CAPÍTULO V
Subseção III  Da Promoção de Moradia
de Conflitos Fundiários e Imobiliários Dos Eixos de Estruturação da
por Autogestão............................................................. 19
Urbanos............................................................................. 28 Transformação Urbana................................ 33
Subseção IV  Da Promoção Privada de
Seção II  Da Pós-Intervenção e Integração
CAPÍTULO VI CAPÍTULO II CAPÍTULO I
Das Áreas de Estruturação Local........... 33 DO Sistema de Gestão da Demanda Das diretrizes de reestruturação da
e Atendimento Habitacional................... 37 Secretaria Municipal de Habitação......41
CAPÍTULO VII
Do Consórcio Imobiliário...........................34 CAPÍTULO III
ANEXO 1
DO Monitoramento da Política
Definições.............................................. 42
TÍTULO IV Habitacional...................................................... 37
Da gestão participativa e controle
social na política municipal de TÍTULO VI ANEXO 2
habitação................................................34 Das diretrizes, instrumentos Quadro das necessidades
e fontes de financiamento habitacionais e das demandas
CAPÍTULO I habitacional..........................................37 por tipo de intervenção................... 44
Da Conferência Municipal
de Habitação.....................................................34 CAPÍTULO I ANEXO 3
Das diretrizes e instrumentos Diretrizes para
CAPÍTULO II
de financiamento habitacional............. 37 caracterização e classificação
Do Conselho Municipal
de Habitação..................................................... 35 CAPÍTULO II dos assentamentos precários...... 45
Das fontes de recursos financeiros para
CAPÍTULO III
Habitação de Interesse Social.................38 ANEXO 4
Dos Conselhos Gestores vinculados aos
Seção I  Do Fundo Municipal Grupos de atendimento
Instrumentos Urbanísticos....................... 35
de Habitação..................................................................38 conforme renda familiar................. 47
CAPÍTULO IV Seção II  Do Fundo Municipal
Do Fórum de Conselhos Gestores de de Saneamento e Infraestrutura....................39 ANEXO 5
ZEIS......................................................................... 35 Seção III  Do Fundo Municipal Custos unitários adotados
de Desenvolvimento Urbano............................39 para o plano municipal
TÍTULO V de habitaçãO........................................ 48
Do Sistema de Informações, TÍTULO VII
Sistema de Gestão da Demanda Das metas e diretrizes para
ANEXO 6
e Monitoramento da Política distribuição dos recursos
Quadro das metas
habitacional..........................................36 financeiros.............................................39
mínimas para 16 anos...................... 49
CAPÍTULO I
TÍTULO VIII
DO Sistema Municipal
Das disposições finais
de Informações Habitacionais................36
e transitórias......................................... 41

Sumário 3
EXPOSIÇÃO PROJETO DE LEI QUE ESTABELECE A cidade de São Paulo, por seu tamanho e sua im-
DE MOTIVOS O PLANO MUNICIPAL DE portância econômica, potencializa a problemática
HABITAÇÃO (PMH). habitacional. Estima-se, de acordo com os dados
extraídos do Sistema de Informações para Habi-
tação Social na Cidade de São Paulo (Habisp/abril
INTRODUÇÃO 2016), que 445.112 domicílios estejam em favelas
e 385.080 em loteamentos irregulares. Por isso, o
Este texto acompanha o Projeto de Lei que revisa enfrentamento da precariedade habitacional, em
o Plano Municipal de Habitação (PMH), em confor- todas as suas facetas, deve ser, pela urgência, a
midade com o artigo 293 do Plano Diretor Estra- prioridade da política habitacional do município.
tégico, Lei n° 16.050, de 31 de julho de 2014, que
determina a revisão do Plano Municipal de Habita- Para enfrentar este desafio, é fundamental es-
ção como ação prioritária da Política de Habitação truturar uma política que, no âmbito do governo
Social da cidade. municipal, seja consolidada de modo integrado ao
planejamento das políticas setoriais no território,
A revisão do PMH se insere no ciclo de revisão de seja por meio do desenvolvimento dos Planos Re-
todo o marco regulatório da política urbana muni- gionais das subprefeituras, seja pela adoção dos
cipal, iniciada com a revisão do PDE, já no primeiro instrumentos urbanísticos, como as Operações
semestre de 2013, seguida pela revisão da Lei de Urbanas Consorciadas (OUC), os Projetos de Inter-
Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo (Lei Muni- venção Urbana (PIU) e os Planos de Urbanização
cipal n° 16.402, de 22 de março de 2016), do Código de ZEIS (Zonas Especiais de Interesse Social), vol-
de Obras e Edificações e das leis específicas de Ope- tados ao desenvolvimento de projetos de interven-
rações Urbanas Consorciadas e outros planos seto- ção integrados, constantes do PDE.
riais. Além disto, a legislação federal, Lei Federal n.
11.124 de 16 de junho de 2005, também determina Mas, para além do município, a política habitacio-
a necessidade da existência de um Plano Local de nal na cidade deve estar alinhada com as políticas
Habitação de Interesse Social (PLHIS) para que o nacional e estadual, e apontar para uma articula-
município possa participar do Sistema Nacional de ção com os diversos municípios da Região Metro-
Habitação de Interesse Social (SNHIS). politana de São Paulo (RMSP). Uma boa governança
metropolitana deve articular as cinco sub-regiões
No contexto municipal, essa revisão não se justi- da RMSP, por meio dos consórcios existentes e do
fica somente por causa de exigências legais, mas, novo Conselho Consultivo, para se estabelecer com
sobretudo pela necessidade de se consolidar uma as subprefeituras e a Sehab/Cohab-SP uma gestão
política municipal de habitação mais abrangente e comum das demandas habitacionais, das perspec-
atualizada, pois a lei que rege a política habitacio- tivas de atendimento, das intervenções em áreas
nal vigente (Lei n° 11.632, de 22 de julho de 1994) de divisa (geralmente córregos com margens ocu-
foi aprovada há mais de 20 anos, e traz diretrizes padas por assentamentos precários), e atuar con-
muito genéricas, com poucas respostas às diferen- juntamente na mitigação dos impactos e na urba-
tes demandas habitacionais existentes no municí- nização necessária ao redor de Empreendimentos
pio atualmente. Houve momentos posteriores de de Habitação de Interesse Social (EHIS) em áreas de
debate sobre a política habitacional da cidade, em influência das sub-regiões.
2003 e 2009, consolidados em diferentes propos-
tas de plano municipal de habitação que, no entan- A criação de Zonas Especiais de Interesse Social
to, não chegaram a ser aprovadas em lei. A atua- (ZEIS) de interesse metropolitano, por exemplo,
lização permanente da política habitacional é, de pode ser uma das ações a ser tomada nesse sentido,
qualquer forma, necessária, seja pelas dimensões com o estudo de contrapartidas entre municípios
da cidade, seja pela velocidade com que os cenários pelo adensamento habitacional, ampliação da ofer-
habitacionais e urbanos se modificam. Há de ser ta de serviços públicos intermunicipais, evitando
recordado também que o direito à moradia digna a criação de novas cidades dormitório. Por isso, é
faz parte dos direitos sociais do cidadão, consolida- desejável a elaboração de convênios entre muni-
dos na Constituição Federal de 1988. cípios da RMSP, e o Plano Municipal de Habitação

4 Plano Municipal de Habitação de São Paulo | Projeto de Lei nº 619/16 | Dezembro de 2016
pretende deixar preparado o caminho institucio- • Dinâmicas econômicas e de crescimento de- lítica habitacional.
nal e jurídico para isso, além, é claro, de fortalecer mográfico
a articulação da política habitacional com o Plano Complementarmente, este Plano Municipal de
de Desenvolvimento Urbano Integrado da RMSP A precariedade habitacional e urbana é identifica- Habitação propõe a revisão da classificação dos as-
(PDUI). A gestão conjunta precisa também aconte- da por um conjunto de situações de fragilidades re- sentamentos precários, para além da denominação
cer de maneira articulada com o Governo Estadual presentadas pela condição socioeconômica dos mo- histórica (favelas, loteamentos irregulares, entre
e as ações da Companhia de Desenvolvimento Ha- radores – como renda média do responsável, anos outros), de modo a alinhá-la ao Plano Nacional
bitacional e Urbano (CDHU), para atuar de forma médios de escolaridade e taxa de alfabetização; pela de Habitação (Planhab). A classificação proposta
associada em áreas de divisa intermunicipais, en- qualidade das moradias em si – como tipo da cons- permitirá identificar tipos de assentamentos e as
frentando a questão de atendimento de demandas trução (alvenaria ou madeira), número de cômodos intervenções necessárias, deverá basear a priori-
oriundas de outros municípios. Interessa, também, e a presença ou não de sanitários); pela garantia da zação dos atendimentos, bem como servirá para
o fortalecimento de programas em parceria com as posse ou não da moradia e do terreno; e pela situa- dimensionar os recursos necessários para o en-
entidades – como por exemplo o PMCMV Entida- ção urbanística de sua inserção – como a presença frentamento da precariedade. Partindo-se do pres-
des -, que ajudam na gestão de demandas que mui- ou não de redes de infraestrutura (abastecimento suposto que a caracterização dos assentamentos
tas vezes não se limitam ao território municipal. de água, esgotamento sanitário, fornecimento de precários deve ter correspondência com as catego-
energia elétrica, coleta de lixo, iluminação públi- rias de intervenção propostas, define-se a classifi-
Se o enfrentamento da precariedade habitacional ca, pavimentação das vias e sistema de drenagem), cação dos assentamentos precários em consolida-
e urbana pelo município se vale de formas de cap- presença de risco ambiental (alagamentos, desliza- dos, consolidáveis e não consolidáveis.
tação de recursos próprias, ainda é importante a mentos ou outros tipos de risco), presença ou não
participação de recursos federais e estaduais, tor- de equipamentos e serviços públicos, assim como de
nando-se necessário reequilibrar o orçamento ha- áreas livres e de uso comum. Essas situações, soma- OBJETIVO DO PROJETO DE LEI
bitacional e criar alternativas para a provisão de das ou não, se expressam territorialmente na forma
moradia e para a melhoria habitacional mais autô- de assentamentos precários, que podem apresentar Um dos aspectos mais importantes da política ha-
nomas e sustentáveis. um ou mais tipos de precariedade, quais sejam: fun- bitacional é sua diversidade. Os desafios a serem
diária, urbanística e da moradia. O anexo 2 deste enfrentados são variados e pressupõem ações es-
O Plano Municipal de Habitação tem um horizonte projeto de Lei quantifica, qualifica e categoriza as pecíficas para cada caso. Não se pode oferecer para
de duração de 16 anos, com previsão de atualiza- necessidades habitacionais. uma favela consolidada há décadas a mesma po-
ções nas metas e projeções quantitativas no terri- lítica que se ofereceria para outra em situação de
tório a cada quatro anos, por meio dos Planos de Além das necessidades habitacionais relacionadas risco iminente, assim como não são problemáticas
Ação Quadrienais de Habitação, articulados com os diretamente à precariedade habitacional e urbana, semelhantes, por exemplo, a da população em si-
Programas de Metas e os Planos Plurianuais, o que existem mais quatro componentes das necessida- tuação de rua, de moradores de cortiços, ou de fa-
permitirá atualizações conforme as diversas con- des habitacionais: a coabitação familiar; o ônus ex- mílias que residem em loteamentos distantes, na
junturas econômicas e a disponibilidade de recur- cessivo com aluguel; o adensamento excessivo em periferia. Cada realidade enseja uma ação diferen-
sos e de financiamentos habitacionais, ao mesmo domicílios alugados e a demanda habitacional fu- te do Poder Público, uma integração específica com
tempo em que assegurará perenidade e coerência tura, decorrente do crescimento demográfico que as políticas urbanas, uma parceria própria com ou-
na condução da política habitacional do município ocorrerá durante a vigência deste Plano Municipal tras secretarias ou subprefeituras, etc. Por isso, a
ao longo das próximas quatro gestões. de Habitação. política habitacional deve oferecer uma variedade
de alternativas de ação, visando responder à pre-
Com o objetivo de atualizar e aprimorar metodo- cariedade habitacional em todas as suas formas.
ESTIMATIVA DAS NECESSIDADES logicamente o levantamento das necessidades ha-
HABITACIONAIS bitacionais do município de São Paulo, o Centro de O Plano Municipal de Habitação proposto estrutu-
Estudos da Metrópole (CEM) foi contratado para ra-se em torno de três grandes linhas de atuação,
No sentido de aprimorar o entendimento e orga- quantificar e qualificar os dados de domicílios em chamadas “Linhas Programáticas”: o Serviço de
nizar o levantamento de dados acerca da precarie- assentamentos precários, o déficit habitacional e a Moradia Social, para atendimento à demanda por
dade e das necessidades habitacionais da cidade, o demanda habitacional futura devido ao crescimen- moradia transitória, oriunda de frentes de obras
Plano Municipal de Habitação propõe a constitui- to demográfico. Esse levantamento também previu públicas e situações emergenciais e de vulnera-
ção de duas tipologias de necessidades habitacio- a criação de uma metodologia de análise dos dados bilidade; e o atendimento definitivo, por meio da
nais, relacionadas a: dos Censos, compatibilizados com os dados carto- Provisão de Moradia e da Intervenção Integrada
gráficos de assentamentos precários da Secretaria em Assentamentos Precários, que define os terri-
• Precariedade habitacional e urbana Municipal de Habitação - Sehab, possibilitando o tórios marcados pela precariedade habitacional e
desenvolvimento de uma série histórica, que per- urbana na cidade como áreas prioritárias para a
mitirá avaliar e monitorar a implementação da po- política habitacional. A estas três linhas programá-

Exposição de Motivos 5
ticas, soma-se um conjunto de ações transversais, • alinhar-se às políticas habitacionais metro- e no Plano Diretor Estratégico aprovado em 2014.
que dão apoio a todos os programas acima elen- politana, estadual e federal, participando e Trata-se de princípios consagrados no ordenamen-
cados. São elas: a Assistência Técnica, Jurídica e influindo na construção desses instrumentos; to jurídico-urbanístico nacional que expressam o
Social; a Atuação Integrada em Áreas Ambiental- projeto de cidade e a política habitacional decor-
mente Sensíveis e Frágeis; a Prevenção e Mediação • articular-se com as demais políticas setoriais rente dessa visão, priorizando a efetivação dos
de Conflitos Fundiários e Imobiliários Urbanos; a de desenvolvimento econômico, social e am- direitos sociais e a melhoria da qualidade de vida
Pós-Intervenção e Integração aos Serviços e Con- biental, urbano e rural do Município e das de- da população, buscando a articulação com instru-
trole Urbanos; a Gestão de Patrimônio Fundiário mais esferas de Governo, especialmente com mentos de planejamento existentes. O título apre-
e Imobiliário Público para Habitação; Parâmetros e as da região metropolitana de São Paulo. senta o objetivo central que orienta a Lei: O Plano
Normas para Habitação de Interesse Social e Qua- Municipal de Habitação tem como objetivo estru-
lidade dos projetos Arquitetônicos e Urbanísticos e turar programas, ações e estratégias para o enfren-
Gestão do Risco. ESTRUTURA DO PROJETO DE LEI tamento da precariedade habitacional e urbana,
em conjunto com estratégias de financiamento e
Além de estruturar de uma política habitacional A estrutura do Projeto de Lei do PMH é composta de gestão participativa, a fim de atingir as metas
com programas e estratégias diversificados e ade- por 8 (oito) Títulos nos quais se organizam capítu- aqui estabelecidas, que serão territorializadas nos
quados para o enfrentamento dos diferentes pro- los, seções e subseções cujos conteúdos tratam de Planos de Ação Quadrienais de Habitação, a serem
blemas e necessidades habitacionais identificados aspectos programáticos da política municipal de realizados a cada 4 (quatro) anos, em articulação
no município, a revisão do Plano Municipal de Ha- habitação e de diretrizes de alteração legislativa com o Programa de Metas, Planos Plurianuais e
bitação orientou-se pelas diretrizes de: necessária para estruturação de sua gestão e finan- Planos Regionais de Subprefeituras.
ciamento. Esses títulos foram denominados nos se-
• promover uma política habitacional que prio- guintes termos: TÍTULO II – DO PLANO MUNICIPAL DE
rize o enfrentamento da precariedade habita- HABITAÇÃO
cional e urbana e o atendimento à população Título I – Da abrangência, princípios, diretrizes e
de baixa renda; objetivos O Título II constitui-se nos aspectos programáticos
da Lei. Em primeiro lugar apresenta dois temas
• articular os programas e ações habitacionais a Título II – Do Plano Municipal de Habitação estruturantes do desenho da política municipal
estratégias de financiamento e de gestão; habitação, quais sejam: as diretrizes para levanta-
Título III – Da Articulação do Plano Municipal de mento das necessidades habitacionais e os crité-
• aprimorar os mecanismos de transparência, Habitação com os instrumentos urbanísticos rios e procedimentos de atendimento da demanda
participação e controle social na efetivação da habitacional identificada no município. Em segui-
política habitacional; Título IV – Da Gestão Participativa e controle so- da apresenta a estrutura das linhas programáticas,
cial na Política Municipal de Habitação programas e modalidades, apoiadas por programas
• aperfeiçoar os mecanismos de monitoramento e ações transversais. A cada capítulo são porme-
e avaliação da política habitacional e urbana; Título V – Do Sistema de Informações e Monito- norizadas as três linhas programáticas: o Serviço
ramento de Moradia Social; a Provisão de Moradia e a In-
• estabelecer diretrizes para a definição de prio- tervenção Integrada em Assentamentos Precários;
ridades e para a articulação das ações e inves- Título VI – Diretrizes, Instrumentos e Fontes de os dois programas transversais de destaque: Assis-
timentos públicos no território; Financiamento Habitacional tência Técnica, Jurídica e Social e Atuação Integra-
da em Áreas Ambientalmente Sensíveis e Frágeis
• promover uma estrutura institucional ade- Título VII – Das Metas e Diretrizes para Distribui- e as demais Ações Transversais.
quada aos programas e ações previstos neste ção dos Recursos Financeiros
Plano Municipal de Habitação; 1ª LINHA PROGRAMÁTICA:
Título VIII – Das Disposições Finais e Transitórias SERVIÇO DE MORADIA SOCIAL
• integrar-se ao planejamento das políticas se-
toriais no território, por meio do desenvolvi- TÍTULO I – DA ABRANGÊNCIA, DOS Modalidades:
mento dos Planos Regionais das Subprefeitu- PRINCÍPIOS, DIRETRIZES E OBJETIVOS Acolhimento Institucional Intensivo;
ras, pela adoção dos instrumentos urbanísticos Abrigamento Transitório em Imóveis Alugados;
previstos no Plano Diretor Estratégico, Lei No Título I apresentam-se os princípios e diretrizes Abrigamento Transitório em Imóveis Públicos;
Municipal nº 16.050, de 31 de julho de 2014 ou que orientam a política habitacional nacional e no Bolsa Aluguel
outras formas que se mostrarem eficazes no Município de São Paulo, previstos na Constituição
atendimento aos objetivos da Política Munici- Federal, no Estatuto da Cidade, na Lei do Sistema A demanda habitacional emergencial consome
pal de Habitação; Nacional de Habitação de Interesse Social - SNHIS grande parte dos esforços da Secretaria Municipal

6 Plano Municipal de Habitação de São Paulo | Projeto de Lei nº 619/16 | Dezembro de 2016
de Habitação. O quadro permanente de demandas Assim, propõe-se a estruturação do programa Ser- Promoção Privada de Moradia
de atendimento é composto por famílias retiradas viço de Moradia Social, previsto no artigo 295 do Aquisição de Moradia Pronta
de áreas de risco, atingidas por incêndios, enchen- Plano Diretor Estratégico do município. O Serviço
tes, deslizamentos; os moradores forçados a sair de Moradia Social cria opções de atendimento que Programa:
de suas casas em razão de frentes de obras de in- incluem como beneficiários tanto a população em Locação Social
fraestrutura conduzidas pela prefeitura; a popu- situação de vulnerabilidade social, como aquela
lação em situação de rua em extrema fragilidade; removida por frentes de obras públicas ou de áre- Modalidades:
as famílias em situação de vulnerabilidade, como as de risco. Estas famílias compõem, atualmente, Locação Social de Promoção Pública
idosos, deficientes, doentes crônicos; as mulheres a lista prioritária de atendimento da Sehab, sendo Locação Social por Autogestão
vítimas de violência doméstica. beneficiadas pelo Auxílio Aluguel no âmbito da Programa: Locação Social de Mercado
Portaria n. 131/2015/Sehab.
Face à dificuldade de oferecer rapidamente uma Para além do Serviço de Moradia Social, destinado
alternativa de moradia a essas situações, criou-se, A linha programática Serviço de Moradia Social es- à demanda por atendimento emergencial e tran-
em 2007, o Programa Parceria Social (Resolução do trutura-se em quatro modalidades, sendo que para sitório, a política habitacional do município deve
CMH n. 31/2007), com o oferecimento de quanti- aquelas situações de demanda mais vulnerável, o oferecer uma solução habitacional de longo prazo,
dade em dinheiro que permitisse, de forma rápida atendimento deve-se dar por uma ação integrada para o acesso definitivo à moradia. Essa é a segun-
e sem compromisso obrigatório com a disponibi- de gestão entre a Secretaria de Habitação e as de- da linha programática da política habitacional pro-
lidade imediata de moradia, remediar a situação mais secretarias de atendimento social. Os crité- posta, denominada de Provisão de Moradia.
dessa população, permitindo-lhe o complemen- rios para a proposição das diferentes modalidades
to de renda necessário para acesso ao aluguel no levou em consideração a situação de vulnerabilida- Tradicionalmente, no Brasil, a política habitacional
mercado formal. Tendo variado em suas formas ao de da demanda e o tipo de atendimento almejado sempre foi entendida como uma política de acesso
longo do tempo, hoje tal modelo de atendimento é por essas famílias. As modalidades propostas para à casa própria. Propõe-se que a política de habita-
denominado “Auxílio Aluguel”, e atende cerca de o SMS são: Acolhimento Institucional Intensivo; ção para acesso à moradia definitiva se baseie em
30 mil famílias na cidade (dados de abril de 2016), a Abrigamento Transitório em Imóveis Alugados; dois programas: o tradicional acesso à propriedade,
um custo anual de cerca de R$ 140 milhões. Abrigamento Transitório em Imóveis Públicos e mas também a estruturação de um amplo progra-
Bolsa Aluguel. ma de locação social. Dessa forma, a política habi-
Essa estrutura de atendimento, entretanto, não é tacional do município amplia consideravelmente
plenamente eficiente na atenção a essas situações Assim, com o Serviço de Moradia Social, o municí- o leque de possibilidades oferecidas aos que mais
emergenciais. A limitação financeira para conces- pio de São Paulo passa a ter uma política estrutura- precisam: partindo de um atendimento emergen-
são de auxílios em dinheiro, a dificuldade em criar da e consistente de atendimento à demanda mais cial e transitório (o Serviço de Moradia Social), será
um fluxo de espera para o atendimento definitivo e urgente, diminuindo um gargalo importante hoje possível estabelecer um fluxo para o acesso defini-
a quantidade de determinações judiciais para con- existente. É proposto um fluxo de atendimento da tivo à moradia, seja pelo financiamento à produção
cessão do auxílio, fazem com que o Poder Público política pública que permite, em médio prazo, a e acesso à casa própria, seja pela oferta de moradia
tenha dificuldades em substituir o atendimento paulatina substituição do Auxílio Aluguel por uma em aluguel de imóvel público. A existência e a ma-
financeiro por uma oferta habitacional imediata. oferta de alternativas que encaminhem efetiva- nutenção de um parque público de unidades habi-
A consolidação do Auxílio Aluguel como principal mente a população para uma solução de moradia tacionais permitirá ao município maior autonomia
alternativa de atendimento emergencial e transi- adequada à sua situação, ora temporária, ora mais em relação às políticas externas de financiamento
tório criou desvirtuamentos incompatíveis com perene, e em todos os casos vinculada à possibili- para o atendimento habitacional e, indiretamente,
uma boa política habitacional, pois este passou a dade de acesso ao atendimento habitacional defi- contribuirá para a regulação do mercado privado
ser entendido como um benefício-fim, uma com- nitivo. de aluguéis.
pensação a ser exigida quase que automaticamen-
te, inclusive em situações de ocupação de imóveis 2ª LINHA PROGRAMÁTICA: No Plano Municipal de Habitação proposto, a pro-
privados, processo jurídico do qual a prefeitura PROVISÃO DE MORADIA dução para o acesso à casa própria se organiza em
não é parte e em que o ônus do descumprimento consonância com os programas habitacionais liga-
da função social deveria recair sobre o proprietá- Programa: dos às linhas de financiamento federais, estaduais
rio. Com os recursos financeiros a ele destinado Provisão de Moradia para Aquisição ou mesmo internacionais em andamento ou que
atualmente, seria possível produzir cerca de mil venham a ser disponibilizadas. Considerando um
unidades habitacionais por ano. Tal fato se agra- Modalidades: cenário de continuidade da política habitacional
va quando as políticas de urbanização de favelas Promoção Pública de Moradia nacional vigente, o município de São Paulo talvez
removem famílias sem produzir o mesmo número Promoção Pública de Moradia em Assentamentos seja um dos mais bem preparados para responder
de unidades, oferecendo aos não contemplados o Precários aos financiamentos do Programa Minha Casa Mi-
Auxílio Aluguel. Promoção de Moradia por Autogestão nha Vida. Mas, mesmo com uma eventual e indese-

Exposição de Motivos 7
jada paralisação do programa federal, a política de va consistente de moradia na cidade. O programa terrenos passíveis de consolidação, e ainda a pre-
provisão de moradia para aquisição do município Locação Social se apresenta em duas modalidades: sença de cortiços, faz com que esta deva ser uma
buscará manter a modalidade de grande produção Locação Social de Promoção Pública e Locação So- prioridade de atuação da política habitacional. Por
alavancada pelas empresas do setor da construção cial por Autogestão. isso, propõe-se a linha programática Intervenção
civil,, assegurando a qualidade arquitetônica e ur- Integrada em Assentamentos Precários, cujas in-
banística dos grandes conjuntos produzidos. E, por Por fim, o último Programa da linha programática tervenções em áreas precárias se valem de todas as
outro lado, a produção habitacional por autogestão da Provisão de Moradia é o Locação Social de Mer- linhas programáticas propostas para o atendimen-
será fomentada e fortalecida, no âmbito municipal, cado que busca promover uma ação direta para a to habitacional, podendo encaminhar a população
em moldes semelhantes ao praticado no âmbito do regulação do mercado de aluguéis, alavancando ao Serviço de Moradia Social, quando for necessá-
PMCMV Entidades. Mais do que na quantidade de uma oferta condizente com as faixas de renda mais rio o atendimento em decorrência da remoção de
unidades produzidas, essa modalidade se destaca baixas. Para aumentar o interesse do setor privado famílias em situação de risco ou de vulnerabilidade
pela qualidade apresentada no âmbito arquitetôni- em direcionar seu imóvel e/ou produzir unidades social, ou à Locação Social ou à Provisão de Mora-
co e urbanístico, além de seu importante papel na habitacionais para o Locação Social de Mercado, dia para Aquisição, quando necessária a remoção
solidificação do tecido social. São Paulo tem longa propõe-se oferecer incentivos tributários e urba- das moradias e sua substituição por novas unida-
tradição nesse sentido, tendo sido uma das cida- nísticos aos proprietários ou agentes promotores des, conforme a situação. A peculiaridade desta
des pioneiras a incorporar, no Brasil, os mutirões que aceitem disponibilizar para aluguel unidades linha programática é que ela atua em áreas bem
autogeridos como parte da política habitacional da habitacionais a valores determinados pela prefei- delimitadas no território. E, sobretudo, que ela pro-
cidade, ainda na década de 1980. tura, dentro de patamares de aluguel social defini- põe para estas áreas uma intervenção integrada,
dos, variáveis por região. O benefício se estenderá intersetorial e intersecretarial, que se articula nes-
O programa Provisão de Moradia para Aquisição enquanto o proprietário mantiver a oferta nessas te território. Dessa forma, são propostos eixos de
se subdivide em quatro modalidades, com vistas a condições. Espera-se que, com a ampliação da ofer- ação distintos conforme a característica dos assen-
diversificar os agentes promotores envolvidos, as ta de unidades para aluguel social, haverá diminui- tamentos e das precariedades que visam enfrentar,
fontes de recursos mobilizados, bem como a forma ção da pressão da demanda por moradia, uma vez quais sejam: o eixo Favelas e Loteamentos Irregu-
de viabilização dos imóveis, quais sejam: Promoção que parte dela conseguirá obter soluções adequa- lares, o eixo Conjuntos Habitacionais Irregulares e
Pública de Moradia; Promoção Pública de Moradia das no âmbito do mercado privado de aluguéis. o eixo Cortiços.
em Assentamentos Precários; Promoção de Mora-
dia por Autogestão; Promoção Privada de Moradia; 3ª LINHA PROGRAMÁTICA: A linha programática Intervenção integrada em
Aquisição de Moradia Pronta. INTERVENÇÃO INTEGRADA EM assentamentos precários visa articular ações vol-
ASSENTAMENTOS PRECÁRIOS tadas para a eliminação da precariedade e à inte-
O Programa Locação Social, parte da linha progra- gração desses assentamentos à cidade formal, o
mática Provisão de Moradia, consiste na oferta de Programa: que abrange a integração de intervenções físicas,
unidades habitacionais para aluguel, em imóveis Urbanização de Assentamentos Precários às ações de regularização fundiária e do trabalho
públicos, com valores de aluguel total ou parcial- social, com diferentes graus de complexidade, e en-
mente subsidiados, e mesmo que sem subsídio, Modalidades: volvendo setores diversos da administração públi-
acessíveis à população de baixa renda. A solução do Urbanização Complexa ca. Ou seja, trata-se de uma abordagem interseto-
Locação Social garante a permanência de população Pequenas Intervenções de Urbanização rial de intervenção no território às quais se somam
de baixa renda em áreas em processo de valorização outras ações na escala da estruturação urbana lo-
ou já valorizadas e, ainda, evita que recursos públi- Programa: cal, comprometidas com a adequada acessibilidade,
cos investidos na aquisição fundiária e na produção Regularização Fundiária de Interesse Social a qualificação dos espaços públicos, a implantação
dessas unidades sejam drenados, a mais longo pra- de áreas livres e parques lineares, de equipamen-
zo, para o mercado imobiliário privado. Programa: tos de saúde, educação, cultura, assistência social,
Melhorias Habitacionais em Assentamentos trabalho e geração de renda, bem como o reconhe-
O programa de locação tem como objetivo ofere- Precários cimento e regularização das atividades comerciais
cer uma alternativa de moradia perene, mas que Modalidades: Melhorias Habitacionais Integradas e de serviço existentes nos locais, de modo que se
não implique obrigatoriamente a aquisição da casa Melhorias de Conjuntos Habitacionais Irregulares possa enfrentar a dimensão de exclusão socioterri-
própria. Porém, ele deve ser faseado no tempo, já torial de forma mais abrangente.
que, em um primeiro momento, sua oferta será, Programa:
evidentemente, absorvida totalmente pela deman- Intervenção em Cortiços Os eixos de ação são compostos por programas ha-
da por atendimento advinda do Auxílio Aluguel e bitacionais, como o Programa Urbanização de As-
do Serviço de Moradia Social. Em alguns anos, uma A ainda alta incidência no território de assenta- sentamentos Precários, o Programa Regularização
vez que tal oferta seja pouco a pouco equaciona- mentos marcados pela precariedade, muitos irre- Fundiária de Interesse Social, o Programa Melho-
da, o Locação Social passará a ser uma alternati- gulares, outros em áreas impróprias, alguns em rias Habitacionais em Assentamentos Precários e

8 Plano Municipal de Habitação de São Paulo | Projeto de Lei nº 619/16 | Dezembro de 2016
o Programa Provisão de Moradia em Assentamen- O Programa Melhorias Habitacionais em Assenta- 8 de janeiro de 1991), que regulamenta os parâme-
tos Precários, que devem ser acionados e combina- mentos Precários visa promover melhores condi- tros mínimos de habitabilidade em cortiços; e, por
dos de acordo com as necessidades habitacionais e ções de habitabilidade em moradias consolidadas fim, o incremento da oferta habitacional para a
as características dos assentamentos precários. ou passíveis de consolidação, atuando de maneira população de cortiços em regiões dotadas de infra-
integrada com o programa Regularização Fundi- estrutura urbana, pelas diversas modalidades de
O Programa Urbanização de Assentamentos Pre- ária e o programa Urbanização, por meio da rea- provisão de moradia propostas neste Plano Muni-
cários reúne ações de urbanização e intervenções lização de reformas e ampliações das casas, com cipal de Habitação.
físicas, com provisão de infraestrutura, equipa- apoio de assistência técnica pública e gratuita para
mentos e serviços públicos, e a recuperação am- famílias de baixa renda. Mais especificamente, visa PROGRAMAS TRANSVERSAIS: ASSISTÊNCIA
biental dos assentamentos de modo a eliminar as garantir padrões construtivos satisfatórios para as TÉCNICA, JURÍDICA E SOCIAL;
situações de risco e de insalubridade, bem como moradias, considerando aspectos de segurança e
a inadequação urbanística dos assentamentos, e salubridade, desde a estrutura das edificações até Atuação Integrada em Áreas Ambientalmente
possibilitar a consolidação das moradias e a per- as boas condições de conforto ambiental, atuando Sensíveis e Frágeis
manência de quem ali reside. Ele está organizado em duas frentes: nos assentamentos precários e
em duas modalidades: Urbanização Complexa e nos conjuntos habitacionais irregulares, promovi- O Programa Transversal Assistência Técnica, Jurí-
Pequenas Intervenções de Urbanização. dos pelo Poder Público. O programa Melhorias Ha- dica e Social, em consonância com a Lei Federal n.
bitacionais abrange duas modalidades: Melhorias 11.888, de 24 de dezembro de 2008, e com o Plano
O Programa Regularização Fundiária de Interesse Habitacionais Integradas e Melhorias de Conjun- Diretor Estratégico, Lei Municipal n. 16.050, de 31
Social, com base nos instrumentos jurídicos e ur- tos Habitacionais Irregulares. de julho de 2014, é proposto com o objetivo de estru-
banísticos da política urbana, presentes no Plano turar um programa que assegure assistência técnica
Diretor Estratégico, propõe que a partir do reco- O Programa Intervenção em Cortiços estabelece pública e gratuita à população de baixa renda para
nhecimento da realidade socioterritorial de cada um conjunto de ações exclusivas, voltado para o o enfrentamento de condições diversas de precarie-
assentamento seja promovido o direito à posse e enfrentamento de uma forma específica de pre- dade habitacional e urbana. Esse apoio técnico visa
à permanência dos moradores de áreas ocupadas cariedade presente na cidade.. A intervenção em contribuir na garantia de condições adequadas de
informalmente e a ampliação do acesso à terra ur- cortiços se divide entre ações diretamente vol- habitabilidade, do acesso à moradia digna e da segu-
banizada, por meio da titulação de seus ocupantes, tadas à melhoria física dos imóveis, visando sua rança da posse. A depender do grau e da natureza
com prioridade para as famílias de baixa renda. adaptabilidade para oferta de moradias em alu- da precariedade encontrada, são necessárias solu-
São várias as formas de irregularidade presentes guel social privado em condições dignas, e as ações ções variadas a partir de uma abordagem multidis-
no território da cidade, a depender das caracterís- voltadas ao atendimento à população moradora ciplinar. Desse modo, propõe-se a estruturação do
ticas dos assentamentos em relação à propriedade dos mesmos. Alinhando-se com o Plano Diretor programa por meio de equipes multidisciplinares,
da terra (se estão em áreas públicas ou privadas), à Estratégico, que prevê os Projetos de Intervenção envolvendo arquitetos, urbanistas, engenheiros, so-
origem e forma da ocupação (se espontâneas, como para ZEIS 3, em áreas com grande concentração ciólogos, assistentes sociais, advogados, entre outros
as favelas; induzidas, como nos loteamentos clan- de cortiços, propõe-se a modalidade Ação Integra- profissionais. Esse corpo técnico, habilitado junto à
destinos ou irregulares; ou ainda, promovidas pelo da em Cortiços Agrupados. Como nem sempre os Prefeitura, assumirá a responsabilidade de formu-
Poder Público, como os conjuntos habitacionais cortiços estão localizados de forma concentrada, o lar e implementar as ações propostas. Por meio da
irregulares), à ocorrência ou não de intervenções que potencializa as alternativas de intervenção, é atuação desses profissionais, busca-se otimizar o
públicas anteriores, entre outros aspectos. proposta também uma segunda modalidade, Ação uso de recursos humanos e financeiros, aprimorar
em Cortiços Isolados, para intervenção em cortiços as técnicas construtivas, as soluções arquitetônicas
Assim, este programa visa atender o conjunto de distribuídos esparsamente no território. e urbanísticas em consonância com a realidade de
assentamentos precários, operando com maior ou cada localidade, qualificar as respostas às diversas
menor grau de integração em relação às demais O programa propõe três estratégias de enfrenta- precariedades encontradas, bem como contribuir
ações que compõem a linha programática Interven- mento da precariedade habitacional: o atendimen- para a efetivação dos direitos sociais e para o pleno
ção Integrada em Assentamentos Precários, desde to à população moradora em cortiço, promovendo exercício da cidadania. O Programa estrutura-se a
que enquadrados em pelo menos um dos critérios, a melhoria do cortiço e a segurança contratual das partir de duas modalidades: Assistência Técnica à
que configuram a Regularização de Interesse Social, famílias de baixa renda, ou oferecendo atendimen- Comunidade e Escritório Local de Assistência Téc-
de acordo com a Lei Federal 11.977 de 2009: (I) área to habitacional pelos programas Locação Social ou nica ao Munícipe.
esteja ocupada, de forma mansa e pacífica, há, pelo Provisão de Moradia para Aquisição; a adequação
menos, 5 (cinco) anos; (II) assentamentos localizados das condições de habitabilidade de cortiços, para O Programa Transversal Atuação Integrada em
em ZEIS; ou (III) em áreas declaradas de interesse qualificação habitacional, regulando também con- Áreas Ambientalmente Sensíveis e Frágeis tem
social para implantação de projetos de regularização tratos e valores de aluguel praticados, de acordo como objetivo elaborar e articular estratégias e
fundiária de interesse social. com instrumentos legais vigentes, e prevendo a diretrizes de atuação em áreas ambientalmente
revisão da Lei Moura (Lei Municipal n. 10.928, de sensíveis e protegidas, orientando a formulação

Exposição de Motivos 9
de Planos de Intervenção Integrada e projetos de TÍTULO III - DA ARTICULAÇÃO DO PLANO nísticos. Cria ainda o Fórum de Conselhos Gestores
urbanização de assentamentos precários situados MUNICIPAL DE HABITAÇÃO COM OS de ZEIS visando potencializar a atuação dessas ins-
nesses territórios, que compreendem, principal- INSTRUMENTOS URBANÍSTICOS tâncias mais descentralizadas e com participação
mente, áreas de proteção, recuperação e preserva- mais próxima do cidadão por meio da articulação de
ção ambiental. Propõe-se que, associada à qualifi- O Título III estabelece diretrizes para a articulação esforços, troca de conhecimento e participação na
cação dos assentamentos precários e à eliminação do Plano Municipal de Habitação proposto com tomada de decisão, com a inclusão desses represen-
dos riscos ambientais, os Planos de Intervenção instrumentos urbanísticos previstos no Plano Di- tantes no Conselho Municipal de Habitação – CMH.
Integrada e projetos de urbanização de assenta- retor Estratégico, quais sejam: Planos Regionais
mentos precários situados nesses territórios pro- das Subprefeituras, Operações Urbanas Consor- TÍTULO V – DO SISTEMA DE INFORMAÇÕES
movam, a recuperação ambiental, fazendo uso de ciadas e Áreas de Intervenção Urbana, Cota de So- E MONITORAMENTO
soluções inovadoras e sustentáveis de urbanização lidariedade, Instrumentos Indutores da Função So-
e discutindo os padrões urbanístico e ambiental cial da Propriedade Urbana, Eixos de Estruturação O Título V apresenta o Sistema Municipal de In-
das obras a se realizar, considerando o conjunto da da Transformação Urbana, Áreas de Estruturação formações Habitacionais – SMIH, que compreende
bacia e a condição social dos moradores. Local e Consórcio Imobiliário, de modo a otimizar também o Sistema de Gestão da Demanda e Atendi-
recursos e potencializar os resultados. Os recursos mento Habitacional e o Sistema de Monitoramento
Cumpre observar que este programa transver- disponibilizados por meio desses instrumentos de- da Política Habitacional, institucionalizando o sis-
sal tem origem na experiência do Programa Ma- vem ser prioritariamente voltados para a aquisi- tema de informações já implantado e estabelecen-
nanciais, que por décadas desenvolveu projetos e ção de terras e produção de unidades habitacionais do a obrigatoriedade de atualização sistemática e
obras de urbanização e de Habitação de Interesse para constituição de um parque público para o pro- contínua dos dados, de modo a permitir a melhoria
Social (HIS) nas APRM das bacias Billings e Guara- grama Locação Social, além de prever investimen- da gestão da política habitacional e a ampliação do
piranga. No entanto, o que está sendo proposto é a tos para a eliminação da precariedade habitacional controle social sobre sua implementação.
ampliação dessa abordagem ambiental nas ações e urbana, em consonância com as diretrizes deste
da política habitacional para além dos manan- Plano, para consolidação e qualificação dos assen- TÍTULO VI – DIRETRIZES, INSTRUMENTOS
ciais, englobando outras áreas ambientalmente tamentos precários e minimização das remoções E FONTES DE FINANCIAMENTO
sensíveis e protegidas do município, tais como a nas intervenções realizadas com este fim. Outra HABITACIONAL
Área de Proteção Ambiental (APA) Parque e Fa- diretriz trata da participação social na gestão e no
zenda do Carmo, a Área de Proteção e Recupera- controle desses instrumentos, pela possibilidade O Título VI estabelece as diretrizes para a estru-
ção de Mananciais (APRM) das bacias Billings e de indicação de membros do Conselho Municipal turação financeira da política habitacional, bem
Guarapiranga, a Serra da Cantareira, a Várzea do de Habitação (CMH) para compor grupos e instân- como os critérios para a aplicação dos recursos
Tietê, entre outras. cias de gestão vinculados a eles. financeiros mobilizados, promovendo a transpa-
rência, controle e contabilidade adequados, dos
As linhas programáticas apresentadas represen- TÍTULO IV – DA GESTÃO PARTICIPATIVA processos, custos e resultados, inclusive em termos
tam a estrutura principal da política habitacional E CONTROLE SOCIAL NA POLÍTICA de envolvimento das instâncias de participação e
proposta para a cidade e atuam diretamente no en- MUNICIPAL DE HABITAÇÃO empoderamento das comunidades na tomada de
frentamento das necessidades habitacionais iden- decisão sobre questões orçamentárias e sobre os
tificadas. Ainda assim, uma série de ações de apoio O Título IV trata dos componentes básicos neces- órgãos gestores das fontes de recursos existentes,
a estes programas se faz necessária, ações estas sários para a gestão democrática dos processos de como o Fundo Municipal de Desenvolvimento Ur-
que incidem transversalmente em todas as linhas implementação do planejamento habitacional do bano – Fundurb, Fundo Municipal de Saneamento
programáticas, e por isso são tratadas em conjun- Município de São Paulo com a implementação dos Ambiental e Infraestrurura – FMSAI, entre outras.
to, com o intuito de reunir atividades que já fazem instrumentos urbanísticos e desse Plano Municipal Prevê ainda formas de articulação entre este Pla-
parte da rotina da Sehab. São as seguintes Ações de Habitação. Esse título descreve os componentes no Municipal de Habitação e os instrumentos de
Transversais: Prevenção e Mediação de Conflitos institucionais responsáveis pelos processos de pla- planejamento orçamentário do Município como o
Fundiários e Imobiliários Urbanos; Pós-Interven- nejamento e gestão habitacional e coloca diretrizes Plano Plurianual e as Leis de Diretrizes Orçamen-
ção e Integração aos Serviços e Controles Urbanos; para sua relação com outras instâncias de tomada tárias e Orçamentárias Anuais.
Gestão do Patrimônio Fundiário e Imobiliário Pú- de decisão existentes, buscando melhorar a articu-
blico para Habitação; Parametrização e Normati- lação entre esses órgãos na Prefeitura Municipal, TÍTULO VII – DAS METAS E DIRETRIZES
zação para Habitação de Interesse Social e Quali- garantir o bom funcionamento dos canais insti- PARA DISTRIBUIÇÃO DOS RECURSOS
ficação dos Projetos Arquitetônicos e Urbanísticos; tucionais de participação social que devem operar FINANCEIROS
Gestão de Risco. nesses processos como, por exemplo, o Conselho
Municipal de Habitação – CMH e a Conferência O Título VII estabelece metas mínimas por pro-
Municipal de Habitação, além da articulação com grama e modalidade a serem cumpridas durante
Conselhos Gestores de outros instrumentos urba- a vigência deste Plano Municipal de Habitação e

10 Plano Municipal de Habitação de São Paulo | Projeto de Lei nº 619/16 | Dezembro de 2016
diretrizes para a distribuição dos recursos disponí- Para que a revisão deste instrumento da política contribuições online e, paralelamente, foram re-
veis para investimento entre os programas e mo- habitacional fosse de fato participativa, com o com- alizadas Audiências Públicas ao longo do mês de
dalidades propostos por quadriênio. partilhamento e a pactuação das propostas, consi- novembro de 2016.
derou-se fundamental o envolvimento sinérgico
TÍTULO VIII – DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E de todos os segmentos da sociedade: movimentos Com o intuito de registrar as atividades que compu-
TRANSITÓRIAS sociais, trabalhadores, empresários, organizações seram as distintas etapas desse processo participa-
da sociedade civil, universidades, associações pro- tivo, a Secretaria Municipal de Habitação elaborou
O Título VIII traz diretrizes para a reestruturação fissionais e o próprio poder público, nas suas três e disponibilizou na plataforma digital HabitaSam-
da Secretaria Municipal de Habitação tendo em esferas de governo. pa um relatório sobre o processo participativo de
vista a necessidade de adequação de sua estrutura revisão do Plano Municipal de Habitação. Nele, são
administrativa em consonância com os objetivos, Adotou-se a estratégia de diversificação das fren- apresentados os materiais que foram disponibiliza-
diretrizes e ações previstas neste Plano Municipal tes de mobilização e dos espaços de discussão, com dos à sociedade com vistas a fomentar e ampliar a
de Habitação. vistas a ampliar e diversificar a participação no discussão pública, a metodologia adotada em cada
processo. Seguindo esta orientação, o processo par- atividade participativa realizada, o instrumental
ticipativo estruturou-se a partir das atividades de utilizado para comunicação e divulgação de cada
O PROCESSO PARTICIPATIVO DE apresentação e discussão apontadas a seguir: etapa e a sistematização das contribuições coleta-
REVISÃO DO PLANO MUNICIPAL das ao longo de todo o processo participativo.
DE HABITAÇÃO DE SÃO PAULO • Reuniões Ordinárias do Conselho Municipal
de Habitação - CMH O processo participativo de revisão do Plano Mu-
Desde meados de 2014, a Secretaria Municipal de nicipal de Habitação estruturou-se em 4 etapas,
Habitação – Sehab – vem desenvolvendo ações • Reuniões Periódicas do Grupo de Trabalho conforme apresentado a seguir:
voltadas à revisão do Plano Municipal de Habi- Planejamento Habitacional do Conselho Mu-
tação - PMH por meio de Grupo de Trabalho do nicipal Habitação Etapa 1
Conselho Municipal de Habitação constituído es- Formulação do Caderno para Discussão Pública
pecificamente para tratar da temática – o GT Pla- • Oficinas Internas com representantes da Se- do Plano Municipal de Habitação
nejamento Habitacional. cretaria Municipal de Habitação e da Compa-
nhia Metropolitana de Habitação de São Paulo A primeira medida participativa adotada, no início
O Plano Diretor Estratégico – Lei Municipal n° de 2016, com vistas a fortalecer o envolvimento do
16.050, de 31 de julho de 2014 -, em seu artigo 293 • Oficinas Intersecretariais Conselho Municipal de Habitação no processo de
traz a exigência da revisão do Plano Municipal de revisão do Plano Municipal de Habitação foi a reto-
Habitação e estabelece diretrizes para orientá-la, • Oficinas Participativas Regionais mada do Grupo de Trabalho Planejamento Habita-
exigindo que esta seja construída por meio de um cional, constituído especificamente para tratar do
amplo processo participativo, além de estipular • Reuniões de Apresentação e Debate tema. Configurada esta estrutura participativa de
prazo para que ela aconteça. Porém, somente após formulação das propostas, foi consolidado e apre-
a aprovação da Lei de Parcelamento, Uso e Ocupa- • Audiências Públicas sentado à sociedade, em 30 de junho de 2016, o ca-
ção do Solo (Lei Municipal n. 16.402, de 22 de mar- derno de propostas para discussão pública.
ço de 2016), foi possível avançar na formulação Dessa forma, buscou-se fomentar um debate
de diretrizes e propostas para a revisão do PMH, abrangente sobre a problemática habitacional e Etapa 2
apoiadas em um marco regulatório consolidado. suas possíveis soluções, por meio de um amplo pro- Consulta pública sobre o Caderno para Discussão
cesso de discussão pública. Pública do Plano Municipal de Habitação
Diante do curto prazo para a realização da revisão
do Plano Municipal de Habitação e ainda com as Após o período de consulta pública e findado o pro- A segunda etapa teve como objetivo debater, apri-
restrições colocadas pelo calendário eleitoral, a cesso eleitoral, foi consolidada uma primeira minu- morar e pactuar as propostas apresentadas no Ca-
Secretaria Municipal de Habitação, em conjunto ta de Projeto de Lei, com as diretrizes, programas e derno para Discussão Pública do Plano Municipal
com o GT Planejamento Habitacional, optou por ações estratégicas da política habitacional do mu- de Habitação. Entre agosto e outubro de 2016, fo-
apresentar à cidade, num primeiro momento, um nicípio para os próximos 16 anos, em consonância ram realizadas diversas atividades participativas,
caderno para discussão pública que apresenta um com o estabelecido pelo Plano Diretor Estratégico como oficinas regionais, oficinas internas com
conjunto de diretrizes para a política habitacional da cidade, que foi apresentada à sociedade pela representantes da Sehab e da Cohab-SP, oficinas
e também linhas programáticas e ações estratégi- Secretaria Municipal de Habitação em 30 de outu- intersecretariais, envolvendo diversas secretarias
cas para o enfrentamento das precariedades habi- bro de 2016 e disponibilizado na plataforma digital municipais, e também reuniões de apresentação
tacional e urbana do município. HabitaSampa. Na sequência, a minuta do Projeto e debate nos Conselhos Gestores de ZEIS, junto a
de Lei tornou-se disponível para recebimento de segmentos sociais envolvidos com o tema, nas uni-

Exposição de Motivos 11
versidades, bem como na 6ª. Conferência Munici-
pal das Cidades. Além disto, o Caderno de propos-
tas foi disponibilizado para coleta de contribuições
online na plataforma digital HabitaSampa.

Etapa 3
Sistematização das contribuições

Na terceira etapa, desenvolvida concomitante-


mente à etapa 2, foram registradas, sistematizadas
e analisadas as contribuições coletadas nas ativi-
dades participativas realizadas e na plataforma di-
gital HabitaSampa entre agosto e outubro de 2016.

Etapa 4
Consolidação da minuta do Projeto de Lei do Pla-
no Municipal de Habitação e Consulta Pública

A partir do registro, sistematização e análise das


contribuições recebidas, foi consolidada a primeira
minuta do Projeto de Lei de revisão do Plano Mu-
nicipal de Habitação. Esta minuta foi apresentada
à sociedade para consulta pública em 30 de outu-
bro de 2016 e disponibilizada para coleta de contri-
buições online na plataforma digital HabitaSampa.
Ao longo do mês de novembro, foram realizadas
audiências públicas para discussão da minuta do
Projeto de Lei. Após a realização das audiências
públicas e a finalização do prazo para recebimento
de contribuições online, foram feitos os registros,
a sistematização e a análise das contribuições re-
cebidas, que se somaram a outras contribuições
advindas de outras secretarias municipais envol-
vidas nas atividades participativas desenvolvidas
ao longo do processo de revisão do Plano.

Desse consistente processo participativo de revi-


são do Plano Municipal de Habitação, resultou o
presente Projeto de Lei.

12 Plano Municipal de Habitação de São Paulo | Projeto de Lei nº 619/16 | Dezembro de 2016
TÍTULO I Art. 1º Esta lei dispõe sobre o Plano Municipal de
Habitação de São Paulo – PMH e cria o Sistema
DA ABRANGÊNCIA, PRINCÍPIOS, Municipal de Informações Habitacionais, aplican-
DIRETRIZES E OBJETIVOS do-se à totalidade do território do Município.

§ 1º O Plano Municipal de Habitação estabelece o


conjunto de programas e estratégias de ação dian-
te das necessidades habitacionais identificadas,
aprimora a estrutura de gestão e participação so-
cial, cria a dinâmica de planejamento financeiro da
Política Municipal de Habitação, cria regras para
os Planos de Ação Quadrienais de Habitação – PA-
QHs, que estabelecerão metas para a política no
território, de forma a assegurar a universalização
do acesso à moradia digna em todo o Município.

§ 2º Fica definido o Sistema Municipal de Infor-


mações Habitacionais como ferramenta de inte-
gração e atualização sistemática de informações e
dados sobre a política habitacional do Município,
possibilitando o aprimoramento dos processos de
trabalho, da formulação e da implementação dos
programas e ações, além do monitoramento e con-
trole social da política habitacional.

Art. 2º Os princípios e diretrizes que regem a Polí-


tica Municipal de Habitação são aqueles previstos
nos artigos 2º e 4º da Lei Federal nº 11.124, de 16
de junho de 2005, que institui o Sistema Nacional
de Habitação de Interesse Social – SNHIS, e artigos
291 e 292 do Plano Diretor Estratégico – Lei Mu-
nicipal nº 16.050, de 31 de julho de 2014, devendo
ainda a Política:

I - estruturar uma política habitacional com pro-


gramas e estratégias diversificados e adequados
para o enfrentamento dos diferentes problemas e
necessidades habitacionais identificados;

II - promover uma política habitacional que priori-


ze o enfrentamento da precariedade habitacional
e urbana e o atendimento à população de baixa
renda, principalmente a parcela que se enquadre
no perfil de demanda por Habitação de Interesse
PROJETO DE LEI Nº 619/16 Social 1;

Aprova o Plano Municipal de Habitação, confor- III - articular os programas habitacionais a estraté-
me previsto no artigo 293 do Plano Diretor Estra- gias de financiamento e de gestão;
tégico do Município de São Paulo, de acordo com o
Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social
– SNHIS.

Título I | Da abrangência, princípios, diretrizes e objetivos 13


IV - aprimorar os mecanismos de transparência, Municipal de Habitação ao término de sua vigência, sua plena execução, respeitadas as restrições le-
participação e controle social na efetivação da po- elaborada de forma participativa, contando no mí- gais, técnicas e orçamentário-financeiras.
lítica habitacional; nimo com duas atividades participativas, em cada
Subprefeitura ou grupo de Subprefeituras, com uma Art. 6º O Conselho Municipal Habitação poderá su-
V - aprimorar os mecanismos de monitoramento e oficina de discussão das propostas apresentadas gerir ao Executivo a complementação ou suplemen-
avaliação da política habitacional e urbana; pelo Executivo e uma audiência pública devolutiva. tação de dotações orçamentárias para a execução de
ações ou programas constantes da relação de metas
VI - estabelecer diretrizes para a definição de prio- § 3º Todas as atividades de participação menciona- e ações prioritárias, bem como solicitar esclareci-
ridades e para a articulação das ações e investi- das nesta lei devem ser convocadas com no mínimo mentos acerca da execução orçamentária referente
mentos públicos no território; 10 (dez) dias de antecedência, com disponibilização à implementação de tais ações e programas.
de informações e materiais de esclarecimento, em
VII - promover uma estrutura institucional ade- locais e horários adequados, e seu registro deve ser Art. 7º A Secretaria Municipal de Habitação –
quada aos programas e ações previstos neste Plano; disponibilizado ao público. Sehab, em conjunto com o Conselho Municipal de
Habitação – CMH, realizará uma reunião anual
VIII - integrar o Plano Municipal de Habitação ao § 4º Os conceitos e definições mencionados nesta visando à avaliação e acompanhamento da im-
planejamento das políticas setoriais no território, lei encontram-se relacionados em seu Anexo 1. plantação do PMH e dos PAQHs em vigência, sem
por meio do desenvolvimento dos Planos Regionais prejuízo da realização de outras reuniões, além da
das Subprefeituras, pela adoção dos instrumentos Art. 4º O Plano Municipal de Habitação deve ser anual, caso o CMH entenda pertinente.
urbanísticos previstos no Plano Diretor Estratégi- pactuado por meio de processos de participação
co – Lei Municipal nº 16.050, de 2014, ou outras social, contribuindo e se articulando aos seguintes
formas que se mostrarem eficazes no atendimento instrumentos de planejamento:
aos objetivos da Política Municipal de Habitação;
I - Plano Plurianual, Lei de Diretrizes Orçamentá-
X - alinhar a Política Municipal de Habitação às rias e Lei Orçamentária Anual;
políticas habitacionais metropolitana, estadual e
federal, participando e influindo na construção II - Programa de Metas, constante na Lei Orgânica
desses instrumentos; do Município;

XI - articular a política habitacional com as demais III - Plano Diretor Estratégico;


políticas setoriais de desenvolvimento econômico,
social e ambiental, urbano e rural do Município e IV - Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo;
das demais esferas de Governo, especialmente com
as da região metropolitana de São Paulo. V - Planos Regionais das Subprefeituras e respecti-
vos planos de ação quadrienais;
Art. 3º O Plano Municipal de Habitação tem como
objetivo estruturar programas, ações e estratégias VI - planos setoriais de políticas urbano-ambien-
para o enfrentamento da precariedade habitacio- tais;
nal e urbana, articuladas com estratégias de finan-
ciamento e de gestão participativa, a fim de atingir VII - Planos de Ação Quadrienais de Habitação –
as metas aqui estabelecidas, que serão territoriali- PAQHs;
zadas nos Planos de Ação Quadrienais de Habita-
ção – PAQHs. VIII - Planos de Urbanização de ZEIS – Zona Espe-
cial de Interesse Social.
§ 1º O prazo de validade do Plano Municipal de
Habitação é de 16 (dezesseis) anos a partir da data Art. 5º As leis do Plano Plurianual, das Diretrizes
da publicação da presente lei, com atualização das Orçamentárias, do Orçamento Anual e do Progra-
metas e projeções quantitativas a cada 4 (quatro) ma de Metas do Município deverão ser formuladas
anos, por meio dos PAQHs, articulados aos Progra- de modo a assegurar a consignação de dotações or-
mas de Metas e aos Planos Plurianuais; çamentárias compatíveis com as diretrizes, metas
e estratégias do PMH, incorporando as suas ações
§ 2º O Executivo deverá encaminhar à Câmara Mu- prioritárias aos seus termos, a fim de viabilizar a
nicipal de São Paulo proposta de revisão do Plano

14 Plano Municipal de Habitação de São Paulo | Projeto de Lei nº 619/16 | Dezembro de 2016
§ 1º As linhas programáticas reúnem um conjunto

TÍTULO II Art. 8º O Plano Municipal de Habitação contem-


plará ações que garantam o direito à moradia
de programas diretamente voltados para o enfren-
tamento das necessidades habitacionais identifica-
DO PLANO MUNICIPAL digna, promovendo o atendimento habitacional das, sendo:
DE HABITAÇÃO adequado e definitivo a famílias de baixa renda e
prevendo o atendimento habitacional emergencial I - o Serviço de Moradia Social;
e transitório nos casos em que são necessárias res-
postas imediatas, quando a solução definitiva não II - a Provisão de Moradia;
estiver disponível.
III - a Intervenção Integrada em Assentamentos
§ 1º A Secretaria Municipal de Habitação deve Precários.
regulamentar critérios e procedimentos de aten-
dimento da demanda, que contenham a definição § 2º Os programas e suas respectivas modalidades
dos direitos e do público elegível, a partir da aná- organizam ações da política habitacional com obje-
lise do diagnóstico das condições da ocupação em tivos e formas de operação específicos, em conso-
termos fundiários, socioeconômicos e das soluções nância à linha programática da qual fazem parte.
e medidas aplicáveis para a população afetada, a
partir dos seguintes critérios: § 3º As ações transversais constituem ações de
apoio às linhas programáticas, incidindo transver-
I - para as famílias removidas por ações públicas salmente a elas e operando de modo articulado e
para a realização de obras, deve ser previsto aten- integrado às distintas modalidades dos programas,
dimento habitacional definitivo, quando o imóvel tendo como objetivos:
a ser removido cumprir os requisitos para a regu-
larização fundiária, estabelecidos por legislação I - potencializar e qualificar as ações da política ha-
específica; bitacional em seus diversos níveis de atuação e de
articulação com as demais políticas públicas;
II - para as famílias em situação de vulnerabilida-
de social, moradoras de áreas de risco ou vítimas II - diversificar os meios, procedimentos, métodos
de desastres ambientais, deve ser assegurado o e agentes envolvidos, considerados a natureza e o
atendimento emergencial e transitório, seguido de grau de precariedade habitacional e urbana iden-
ingresso no cadastro habitacional, com indicação tificados, bem como as especificidades de cada ter-
de origem e motivo do atendimento, prevendo-se a ritório.
possibilidade de atendimento prioritário, a depen-
der de regulamentação específica.
CAPÍTULO I
§ 2º O atendimento habitacional definitivo é aque- DAS NECESSIDADES
le que garante direito à moradia digna, o que não HABITACIONAIS
implica direito à propriedade.
Art. 11. A Política Habitacional deve ser orientada
Art. 9º Fica estabelecido o cadastro habitacional, para o enfrentamento das necessidades habitacio-
com critérios de atendimento e de priorização dife- nais, que devem ser identificadas considerando os
renciados a depender dos grupos de necessidades seguintes fatores:
habitacionais identificados de acordo com as dire-
trizes apresentadas no Anexo 3 desta Lei, definido I - as diversas dimensões implicadas no direito à
em regulamentação específica, consultado o Con- moradia digna, entre as quais a segurança da posse,
selho Municipal de Habitação. a disponibilidade de infraestrutura, equipamentos
e serviços públicos, o custo acessível, a habitabili-
Art. 10. O Plano Municipal de Habitação se estrutura dade e a localização adequada;
em linhas programáticas, programas e modalidades
para assegurar o atendimento habitacional emer- II - as tipologias de precariedades habitacional e
gencial e transitório e o atendimento habitacional urbana presentes no território, tais como favelas,
definitivo, apoiados, ainda, por ações transversais. loteamentos e conjuntos habitacionais irregulares

Título II | Do Plano Municipal de Habitação 15


e cortiços; nos artigos 29 e 55 desta lei, respectivamente. II - definição das atribuições e responsabilidades de
cada uma das secretarias municipais envolvidas,
III - a população em situação de rua como parte da Art. 14. O Serviço de Moradia Social tem como ob- inclusive em relação à gestão patrimonial, condo-
demanda da política habitacional; jetivo proporcionar: minial e social dos equipamentos vinculados ao
SMS;
IV - as demandas relacionadas às dinâmicas eco- I - atendimento habitacional provisório continua-
nômicas, que comprometem o acesso à moradia do a famílias de baixa renda removidas para a re- III - definição dos critérios de atendimento e de
digna ao exigir que famílias de baixa renda sejam alização de obras públicas, até que seja realizado o priorização da demanda do SMS;
obrigadas a compartilhar uma mesma moradia, atendimento habitacional definitivo;
muitas vezes em condição de adensamento exces- IV - planejamento compartilhado das formas de
sivo, ou que essas comprometam grande parte de II - atendimento habitacional emergencial e tem- operacionalização e dos recursos financeiros e or-
sua renda com o pagamento do aluguel; porário a famílias em situação de vulnerabilidade çamentários necessários para a implementação do
e risco social, como população em situação de rua, SMS;
V - o crescimento demográfico da população de bai- idosos de baixa renda, mulheres vítimas de vio-
xa renda durante o prazo de validade desse Plano. lência doméstica, imigrantes e refugiados de baixa V - acompanhamento, monitoramento e avaliação
renda, pessoas com deficiências de baixa renda, da implementação do SMS.
Parágrafo único. O diagnóstico base das necessida- entre outros grupos sociais;
des habitacionais consta do Anexo 2 desta lei. § 1º A regulamentação do SMS deve assegurar às
III - atendimento emergencial e temporário a fa- secretarias municipais envolvidas autonomia na
Art. 12. Os assentamentos precários devem ser mílias removidas em caráter preventivo, por risco indicação e gestão das demandas a serem atendi-
identificados, caracterizados e classificados de for- ambiental, e a famílias vítimas de desastres am- das, bem como sua participação na composição dos
ma a orientar o planejamento das ações públicas e bientais. recursos financeiros necessários para a implemen-
seu cadastro constará do Sistema de Informações tação do atendimento.
Habitacionais, devendo ser revisto periodicamen- § 1º A seleção da demanda do SMS oriunda de situ-
te. ações de vulnerabilidade ou risco social, bem como § 2º O Conselho Municipal de Habitação deve ser
sua gestão, é realizada pelas secretarias municipais consultado sobre a regulamentação do SMS.
Parágrafo único. As diretrizes para a identificação, parceiras, responsáveis pelo atendimento social
caracterização e classificação dos assentamentos dessa população, respeitados os critérios de atendi- Art. 16. O Serviço de Moradia Social deve ser orien-
precários constam do Anexo 3 desta lei. mento e priorização definidos por regulamentação tado pelas seguintes diretrizes:
específica do programa.
I - implementação por gestão compartilhada, tanto
CAPÍTULO II § 2º A regulamentação do SMS deve observar as entre as secretarias municipais envolvidas, quanto
DO SERVIÇO DE MORADIA SOCIAL legislações específicas que tratam da garantia de por meio de parcerias entre Poder Público e socie-
direitos dos grupos sociais em situação de vulnera- dade civil;
Art. 13. O Serviço de Moradia Social – SMS, em bilidade e risco social, como população em situação
consonância ao estabelecido no artigo 295 do Pla- de rua, idosos de baixa renda, mulheres vítimas II - constituição de parque imobiliário público, vin-
no Diretor Estratégico, Lei Municipal nº 16.050, de violência doméstica, imigrantes e refugiados culado ao Programa Locação Social, previsto no ar-
de 2014, constitui-se em política específica e inte- de baixa renda, pessoas com deficiências de baixa tigo 42 desta lei;
grada de atendimento habitacional emergencial e renda, entre outros grupos sociais.
transitório, estruturado como um serviço público III - adoção de medidas para ampliação da oferta
de moradia de caráter intersecretarial, para famí- Art. 15. O Serviço de Moradia Social será estrutura- de imóveis privados para a viabilização do atendi-
lias de baixa renda removidas de seu local de mo- do por meio de grupo de trabalho intersecretarial mento;
radia por obras públicas ou por risco ambiental e permanente, instituído e coordenado pela Secre-
famílias em situação de vulnerabilidade ou risco taria Municipal de Habitação, com a participação IV - garantia de trabalho social na implementação
social, conforme definições do Anexo 1 desta lei, das secretarias municipais que tratam das políticas e efetivação do atendimento;
integrado a outras políticas e programas sociais e públicas de saúde, assistência e desenvolvimento
de geração de renda e trabalho. social, direitos humanos e geração de trabalho e V - estímulo a participação e controle popular so-
renda, com as seguintes atribuições: bre a implementação do atendimento, inclusive
Parágrafo único. O Serviço de Moradia Social deve em nível local.
atuar de modo integrado e complementar às linhas I - formulação e regulamentação das modalidades
programáticas Provisão de Moradia e Intervenção do SMS, ao menos daquelas indicadas no artigo 17 Art. 17. O Serviço de Moradia Social está estrutu-
Integrada em Assentamentos Precários, previstas desta lei; rado nas seguintes modalidades:

16 Plano Municipal de Habitação de São Paulo | Projeto de Lei nº 619/16 | Dezembro de 2016
I - Acolhimento Institucional Intensivo; I - demanda a ser atendida; SEÇÃO III
DO ABRIGAMENTO TRANSITÓRIO EM
II - Abrigamento Transitório em Imóveis Alugados; II - agentes envolvidos e suas respectivas atribui- IMÓVEIS PÚBLICOS
ções;
III - Abrigamento Transitório em Imóveis Públicos; Art. 24. O Abrigamento Transitório em Imóveis
III - estimativa de custos implicados, entre outros Públicos é a modalidade de atendimento do Ser-
IV - Bolsa Aluguel. aspectos que se fizerem necessários para a imple- viço de Moradia Social que está diretamente rela-
mentação e gestão do atendimento. cionada ao Programa Locação Social, pois oferece
§ 1º As modalidades do SMS dialogam com os di- atendimento em imóveis públicos, voltado à de-
ferentes níveis de autonomia dos beneficiários a Art. 20. O Acolhimento Institucional Intensivo manda por atendimento emergencial e transitório
serem atendidos, respeitadas as variações de in- será oferecido em todo o Município, com priorida- que possui certo grau de autonomia e não neces-
tensidade e de complexidade dos procedimentos de de inicial na região central. sita de acompanhamento institucional intensivo.
acompanhamento e de gestão requeridos, que im-
plicam patamares de despesas e subsídios distintos. SEÇÃO II Art. 25. Para cada empreendimento de Abriga-
DO ABRIGAMENTO TRANSITÓRIO EM mento Transitório em Imóveis Públicos deve ser
§ 2º As modalidades do Serviço de Moradia Social IMÓVEIS ALUGADOS desenvolvido um plano de trabalho com a defini-
podem ser combinadas em um mesmo empreendi- ção de:
mento, de acordo com regulamentação específica. Art. 21. O Abrigamento Transitório em Imóveis
Alugados é a modalidade de atendimento do Ser- I - demanda a ser atendida;
SEÇÃO I viço de Moradia Social que se estrutura por meio
DO ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL da locação de imóveis pelo Poder Público, voltado II - agentes envolvidos e suas respectivas atribui-
INTENSIVO à demanda por atendimento emergencial e tran- ções;
sitório que possui certo grau de autonomia e não
Art. 18. O Acolhimento Institucional Intensivo é a necessita de acompanhamento institucional inten- III - estimativa de custos implicados, entre outros
modalidade do Serviço de Moradia Social que ofe- sivo. aspectos que se fizerem necessários para a imple-
rece atendimento assistido a famílias em situação mentação e gestão do atendimento.
de alta vulnerabilidade e risco social, constituído Parágrafo único. Os procedimentos para viabili-
por meio da integração de políticas de atendimento zação dos imóveis devem ser operados de modo Art. 26. O Abrigamento Transitório em Imóveis
social e do acompanhamento institucional perma- articulado com a aplicação dos instrumentos in- Públicos será oferecido em todo o território do
nente até que o beneficiário adquira grau de auto- dutores da função social da propriedade, previs- Município, prioritariamente nas Macroáreas de
nomia que permita seu encaminhamento a outra tos no Plano Diretor Estratégico – Lei Municipal Estruturação Metropolitana e de Urbanização
modalidade do Serviço de Moradia Social, a critério nº 16.050, de 2014. Consolidada, e em especial nas Operações Urbanas
da secretaria responsável pelo atendimento social. Consorciadas, nas Áreas de Intervenção Urbana e
Art. 22. Para cada empreendimento de Abriga- nos Perímetros de Intervenção Urbana, vigentes e
§ 1º O Acolhimento Institucional Intensivo deve mento Transitório em Imóveis Alugados deve ser previstos.
ser efetivado prioritariamente em imóveis priva- desenvolvido um plano de trabalho com a defini-
dos e, eventualmente, em imóveis públicos cons- ção de: SEÇÃO IV
truídos ou reabilitados no âmbito do Programa DA BOLSA ALUGUEL
Locação Social. I - demanda a ser atendida;
Art. 27. A Bolsa Aluguel é a modalidade de aten-
§ 2º O Acolhimento Institucional Intensivo pode II - agentes envolvidos e suas respectivas atribui- dimento habitacional que viabiliza, por meio de
ser implementado em imóveis com unidades habi- ções; apoio financeiro, acesso a unidades habitacionais
tacionais incompletas, ou seja, naquelas que pos- ofertadas no mercado privado de locação, voltado
suem banheiro, cozinha ou área de serviço com- III - estimativa de custos implicados, entre outros à demanda por atendimento emergencial e transi-
partilhados, respeitados os parâmetros mínimos aspectos que se fizerem necessários para a imple- tório que não necessita de acompanhamento insti-
de habitabilidade exigidos por regulamentação mentação e gestão do atendimento. tucional intensivo.
específica.
Art. 23. O Abrigamento Transitório em Imóveis Parágrafo único. A Bolsa Aluguel poderá ser ope-
Art. 19. Para cada empreendimento do Acolhimen- Alugados será oferecido em todo o território do rada como uma complementação financeira para o
to Institucional Intensivo deve ser desenvolvido Município. acesso aos imóveis ofertados no âmbito do Progra-
um plano de trabalho com a definição de: ma Locação Social de Mercado, conforme previsto
no artigo 52 desta lei.

Título II | Do Plano Municipal de Habitação 17


Art. 28. O grupo de trabalho intersecretarial insti- a programas de geração de trabalho e renda, de no mesmo local ou em áreas próximas ao assenta-
tuído pela Secretaria Municipal de Habitação, além modo a promover tanto a geração de renda aos mento de origem, quando adequado do ponto de
do estabelecido no artigo 15 desta lei, definirá os seus moradores de baixa renda, quanto recursos vista urbanístico e ambiental e de concordância
procedimentos a serem adotados para que sejam financeiros para suporte das despesas de manu- dos afetados.
garantidas as condições adequadas de habitabili- tenção dos próprios empreendimentos;
dade dos imóveis a serem alugados e estabelecerá § 2º A demanda prioritária a ser atendida pelo
os procedimentos de acompanhamento, monitora- IV - incentivar o desenvolvimento de novas tipo- Programa é aquela oriunda do Serviço de Moradia
mento e controle social do atendimento, além da logias de empreendimentos habitacionais de in- Social, quando houver previsão de atendimento
gestão dos benefícios concedidos, por meio de re- teresse social, que otimizem o uso do solo urbano, habitacional definitivo.
gulamentação específica. considerando a possibilidade de verticalização e
instalação de elevadores; § 3º A viabilização do Programa Provisão de Mora-
dia para Aquisição pode ser fortalecida por meio da
CAPÍTULO III V - fomentar a participação social em todas as articulação do Município com os governos estadu-
DA PROVISÃO DE MORADIA etapas de formulação e implementação da linha al e federal, bem como com instituições nacionais e
programática Provisão de Moradia, desde a fase de internacionais parceiras, para que estas financiem
Art. 29. A linha programática Provisão de Moradia elaboração dos projetos até a fase de pós-ocupação direta ou indiretamente a produção de moradias,
tem o objetivo de oferecer atendimento habitacio- dos empreendimentos habitacionais de interesse em consonância às diretrizes da política habitacio-
nal definitivo a famílias de baixa renda, em áreas social; nal do Município.
dotadas de infraestrutura, equipamentos e servi-
ços públicos e articuladas ao sistema de transporte VI - desenvolver trabalho social, em consonância Art. 33. O Programa Provisão de Moradia para
público coletivo, por meio da oferta de unidades às diretrizes estabelecidas nesta lei, em todas as Aquisição pode ser viabilizado por meio das se-
habitacionais, sejam elas novas ou do estoque exis- etapas do processo, desde a definição da demanda guintes modalidades:
tente. até a fase de pós-ocupação dos empreendimentos
habitacionais de interesse social. I - Promoção Pública de Moradia;
Parágrafo único. A Provisão de Moradia deve
atender preferencialmente a demanda oriunda do Art. 31. A linha programática Provisão de Moradia II - Promoção Pública de Moradia em Assentamen-
Serviço de Moradia Social, quando houver previ- deve ser estruturada por meio dos seguintes pro- tos Precários;
são para isso, e famílias de baixa renda cadastra- gramas:
das, conforme critérios de atendimento e de prio- III - Promoção de Moradia por Autogestão;
rização definidos por regulamentações, programas I - Provisão de Moradia para Aquisição;
ou linhas de financiamento específicas. IV - Promoção Privada de Moradia;
II - Locação Social;
Art. 30. A linha programática Provisão de Moradia V - Aquisição de Moradia Pronta.
se orienta pelas seguintes diretrizes: III - Locação Social de Mercado.
Parágrafo único. As modalidades de atendimento
I - estimular a produção de empreendimentos de SEÇÃO I do Programa visam diversificar os agentes promo-
interesse social bem localizados e inseridos no te- DA PROVISÃO DE MORADIA PARA tores envolvidos, as fontes de recursos mobiliza-
cido urbano, de modo a evitar a promoção de gran- AQUISIÇÃO dos, bem como a forma de viabilização dos imóveis,
des bolsões de Habitação de Interesse Social; podendo ser por meio da produção de novas uni-
Art. 32. O Programa Provisão de Moradia para dades, da requalificação do estoque existente ou da
II - atuar de modo articulado com os instrumentos Aquisição visa ofertar unidades habitacionais em aquisição de unidades prontas.
indutores da função social da propriedade, asso- empreendimentos novos ou em imóveis reabilita-
ciando o enfrentamento da ociosidade imobiliária dos, promovidos pelo Poder Público, pela iniciativa SUBSEÇÃO I
e fundiária, sobretudo nas áreas mais centrais, do- privada ou em parceria com entidades, associações DA PROMOÇÃO PÚBLICA DE MORADIA
tadas de infraestrutura, serviços e equipamentos ou movimentos sociais, para atendimento em ca-
públicos e com grande oferta de emprego, à provi- ráter definitivo a famílias de baixa renda, por meio Art. 34. A Promoção Pública de Moradia é a mo-
são habitacional para famílias de baixa renda; da transferência da posse ou da propriedade imo- dalidade de atendimento do Programa Provisão
biliária. de Moradia para Aquisição em que o promotor é
III - incentivar a promoção de empreendimentos o próprio Município, que desenvolve ou contrata
habitacionais de interesse social articulada a ou- § 1º O Programa Provisão de Moradia para Aquisi- projetos e obras, organiza a demanda e administra
tros usos complementares, como comércio, servi- ção deve seguir a diretriz de assegurar o reassen- os recursos financeiros, visando atender em ca-
ços ou institucional, podendo inclusive integrar-se tamento das famílias removidas por obras públicas ráter definitivo à demanda por acesso à posse ou

18 Plano Municipal de Habitação de São Paulo | Projeto de Lei nº 619/16 | Dezembro de 2016
propriedade. § 3º A seleção da demanda a ser atendida na Pro- renos e imóveis públicos no âmbito da Promoção
moção Pública de Moradia em Assentamentos Pre- de Moradia por Autogestão, devem ser reservadas
§ 1º A demanda a ser atendida pela Promoção Pú- cários é realizada segundo critérios de atendimen- ao menos 80% (oitenta por cento) para atendimen-
blica de Moradia deverá ser selecionada segundo to e priorização definidos no Plano de Intervenção to aos beneficiários que se enquadrarem no perfil
critérios de atendimento e priorização definidos Integrada, ouvidos os Conselhos Gestores das Zo- de demanda por Habitação de Interesse Social 1,
pela Secretaria Municipal de Habitação, consul- nas Especiais de Interesse Social – ZEIS. conforme definida pelo Plano Diretor Estratégico
tado o Conselho Municipal de Habitação, e pelas – Lei Municipal nº 16.050, de 2014.
normas específicas das linhas de financiamento Art. 36. A Promoção Pública de Moradia em As-
acessadas. sentamentos Precários deve se orientar pelas dire- § 4º A Promoção de Moradia por Autogestão
trizes estabelecidas nos Planos de Intervenção In- pode ocorrer também em articulação à Interven-
§ 2º A aquisição de terrenos ou imóveis para esta tegrada para os assentamentos precários, previstos ção Integrada em Assentamentos Precários, para
modalidade de atendimento poderá ser viabilizada no artigo 59 desta lei. a produção de moradias nos assentamentos que
com recursos reservados do Fundo Municipal de estiverem passando por intervenção pública, em
Desenvolvimento Urbano – Fundurb, bem como SUBSEÇÃO III parceria com entidades sem fins lucrativos.
pela articulação da aplicação do Parcelamento, DA PROMOÇÃO DE MORADIA POR
Edificação e Utilização Compulsórios – PEUC com AUTOGESTÃO § 5º Os critérios para habilitação de entidades nes-
o Consórcio Imobiliário, sem prejuízo de outras ta modalidade, quando se tratar de recursos mu-
fontes de recursos ou estratégias de aquisição de Art. 37. A Promoção de Moradia por Autogestão é nicipais, serão definidos pela Secretaria Municipal
terrenos e imóveis. a modalidade de atendimento do Programa Provi- de Habitação, consultado o Conselho Municipal de
são de Moradia para Aquisição em que o principal Habitação.
SUBSEÇÃO II agente promotor são entidades sem fins lucrativos
DA PROMOÇÃO PÚBLICA DE MORADIA EM como associações, movimentos organizados, coo- § 6º A seleção da demanda a ser atendida na Pro-
ASSENTAMENTOS PRECÁRIOS perativas habitacionais, entre outros, que desen- moção de Moradia por Autogestão será realizada
volvem ou contratam projetos e obras, organizam segundo critérios de atendimento e de priorização
Art. 35. A Promoção Pública de Moradia em Assen- a demanda e administram os recursos financeiros, definidos pela entidade selecionada para o desen-
tamentos Precários é a modalidade de atendimen- em articulação com agentes de assistência técnica volvimento de cada empreendimento, respeitadas
to do Programa Provisão de Moradia para Aquisi- e com a Prefeitura. as exigências estabelecidas por regulamentação es-
ção em que o agente promotor é o Município, que pecífica da modalidade.
desenvolve ou contrata projetos e obras, organiza § 1º A Promoção de Moradia por Autogestão tem
a demanda e administra os recursos financeiros, o objetivo de incentivar e apoiar a oferta de uni- SUBSEÇÃO IV
porém com a especificidade de a provisão de mora- dades habitacionais por meio da autogestão, vi- DA PROMOÇÃO PRIVADA DE MORADIA
dia ocorrer nos assentamentos precários. sando o fortalecimento da organização social na
implementação da política habitacional no Muni- Art. 38. A Promoção Privada de Moradia é a mo-
§ 1º A Promoção Pública de Moradia em Assenta- cípio, por meio da participação dos beneficiários na dalidade de atendimento do Programa Provisão de
mentos Precários tem como objetivo a produção de viabilização do empreendimento em todas as suas Moradia por Aquisição em que o principal agente
unidades habitacionais novas, no âmbito da linha etapas, seja na busca por imóveis, terrenos ou edi- promotor é da iniciativa privada, que desenvolve e
programática Intervenção Integrada em Assenta- fícios, no desenvolvimento do projeto, na produ- contrata projetos e obras e administra os recursos
mentos Precários, para atendimento definitivo a ção direta ou na gestão da produção e dos recursos financeiros.
famílias removidas por obras, risco ou em decor- financeiros, na indicação da demanda, na gestão
rência da necessidade de desadensamento dos as- social e até na manutenção e gestão dos empreen- § 1º A Promoção Privada de Moradia tem como
sentamentos que estão passando por intervenções dimentos habitacionais, que podem ser de posse ou objetivo diversificar formas e agentes de promo-
públicas, visando manter seus vínculos territo- propriedade coletiva. ção de Habitação de Interesse Social no Município,
riais, econômicos e sociais. mobilizando mecanismos e instrumentos específi-
§ 2º A Promoção de Moradia por Autogestão pode cos, tais como incentivos tributários e urbanísticos,
§ 2º A provisão de moradia nesta modalidade de ocorrer tanto em terrenos e imóveis adquiridos para fomentar o interesse dos empreendedores
atendimento deve se apoiar na diversificação das pelas entidades sociais quanto em terrenos mu- privados, de modo a ampliar a oferta de moradia
tipologias e do porte dos empreendimentos, procu- nicipais disponibilizados, por meio de construção, social no mercado residencial formal.
rando utilizar as áreas remanescentes das inter- reforma ou reabilitação, com contrapartida ou não,
venções de urbanização em projetos articulados por meio de chamamentos públicos, de acordo com § 2º Essa modalidade deverá ser operacionalizada
com ações de melhorias habitacionais, previstas regulamentação específica. por meio de Termo de Cooperação estabelecido
nesta lei. entre o agente promotor privado e o Município,
§ 3º Das unidades habitacionais produzidas em ter- conforme previsto em regulamentação específica

Título II | Do Plano Municipal de Habitação 19


para Empreendimentos de Habitação de Interesse tuição da população originária por grupos sociais valores de aluguel total ou parcialmente subsidia-
Social. de maior renda. dos para a população de baixa renda.

§ 3º Caberá ao Município, por meio de grupo téc- § 2º Para a estruturação da modalidade Aquisição Art. 43. O Programa Locação Social tem como ob-
nico intersecretarial, articulado às ações de Pa- de Moradia Pronta no âmbito do Programa Provi- jetivos:
rametrização e Normatização para Habitação de são de Moradia para Aquisição, a Secretaria Muni-
Interesse Social e Qualificação dos Projetos Arqui- cipal de Habitação, consultado o Conselho Munici- I - garantir a permanência das famílias de baixa
tetônicos e Urbanísticos, conforme artigo 90 desta pal de Habitação, deve: renda em áreas em processo de valorização ou já
lei, o acompanhamento do desenvolvimento dos valorizadas;
projetos para assegurar qualidade arquitetônica e I - definir os critérios para o acesso à carta de cré-
urbanística dos Empreendimentos Habitacionais dito assistida; II - evitar que recursos públicos investidos na aqui-
de Interesse Social, em especial aqueles de grande sição fundiária e na produção de unidades habita-
porte e de forte impacto urbanístico e ambiental, II - definir os valores das cartas de crédito a serem cionais de interesse social sejam transferidos indi-
definidos em regulamentação específica. concedidas, quando se tratar de recursos munici- retamente para o mercado imobiliário;
pais, em função dos valores das transações imo-
Art. 39. A demanda a ser atendida pela Promoção biliárias levantadas por equipes regionalizadas da III - incidir na contenção de processos de gentrifi-
Privada de Moradia será indicada pelo Município, própria Secretaria Municipal de Habitação ou de cação em áreas centrais e valorizadas;
segundo critérios de atendimento e de priorização órgão municipal competente e em consonância ao
definidos pela Secretaria Municipal de Habitação estabelecido no Anexo 4 desta lei; IV – incidir na regulação dos valores praticados no
com consulta ao Conselho Municipal de Habitação, mercado de locação, na medida em que a promoção
e pelas normativas específicas das linhas de finan- III - estabelecer mecanismos de garantia aos agen- pública de habitação para locação social amplie sua
ciamento acessadas. tes financeiros responsáveis pela concessão das escala.
cartas de crédito, quando se tratar de recursos ex-
Art. 40. Poderão ser concedidos incentivos tributá- ternos ou oriundos de agentes financeiros priva- § 1º As unidades habitacionais de interesse social
rios e urbanísticos aos promotores privados, a de- dos; promovidas em terrenos ou imóveis municipais,
pender de regulamentação em lei específica, desde localizadas nas Macroáreas de Estruturação Me-
que atendida a demanda habitacional prioritária IV - estabelecer mecanismos de busca supervisio- tropolitana e de Urbanização Consolidada, nos
do Município, aquela enquadrada nos grupos de nada de moradias a serem adquiridas, para garan- perímetros de Operações Urbanas Consorciadas
atendimento de Habitação de Interesse Social 1, tir condições adequadas de habitabilidade, respei- e nas Áreas de Intervenção Urbana ou na região
conforme definição do Plano Diretor Estratégico – tadas as regulamentações específicas; central do Município serão destinadas, prioritaria-
Lei Municipal nº 16.050, de 2014. mente, à composição do parque imobiliário público
V - estabelecer mecanismos de formalização do do Programa Locação Social.
SUBSEÇÃO V acesso à carta de crédito, contendo regras e con-
DA AQUISIÇÃO DE MORADIA PRONTA dições de utilização do recurso, valores das presta- § 2º Poderão também constituir parte do parque
ções, juros e reajustes incidentes e tempo de amor- imobiliário público do Programa Locação Social
Art. 41. A Aquisição de Moradia Pronta é a moda- tização da dívida; unidades habitacionais localizadas em áreas pe-
lidade de atendimento do Programa Provisão de riféricas consolidadas e regularizadas, de modo a
Moradia para Aquisição que tem por objetivo via- VI - definir instrumento de formalização de con- viabilizar a oferta de moradia em imóveis públicos
bilizar o acesso a unidades habitacionais regulari- trato de compra e venda da moradia por meio da a valores de aluguel acessíveis a famílias de baixa
zadas a famílias de baixa renda, por meio da oferta utilização da carta de crédito; renda nestas localidades, caso haja interesse dos
de carta de crédito para aquisição, possibilitando o beneficiários de receber o atendimento próximo ao
acesso ao estoque existente no mercado formal de VII - realizar monitoramento e avaliação a partir seu assentamento de origem, mantendo seus vín-
moradia. de procedimentos e indicadores desenvolvidos culos territoriais, econômicos e sociais.
para o acompanhamento da implementação da
§ 1º As transações imobiliárias decorrentes da uti- modalidade. Art. 44. O Programa Locação Social será imple-
lização das cartas de crédito concedidas no âmbito mentado em duas fases:
dessa modalidade devem ser acompanhadas e mo- SEÇÃO II
nitoradas pela Secretária Municipal de Habitação, DA LOCAÇÃO SOCIAL I - a primeira fase tem como objetivo oferecer alter-
de modo a evitar que a oferta de cartas de crédito nativas ao passivo atual do atendimento emergen-
em assentamentos regularizados de baixa renda Art. 42. O Programa Locação Social consiste na cial e transitório, e se dará por meio da destinação
promova valorização imobiliária nestes territórios oferta de unidades habitacionais para aluguel, em das unidades viabilizadas pelo Programa Locação
e se configure como mecanismo indutor de substi- imóveis públicos, em áreas bem localizadas, com Social ao atendimento da modalidade Abrigamen-

20 Plano Municipal de Habitação de São Paulo | Projeto de Lei nº 619/16 | Dezembro de 2016
to Transitório em Imóveis Públicos do Serviço de § 1º A Locação Social de Promoção Pública poderá nicipais envolvidas na gestão do empreendimento,
Moradia Social, conforme artigo 24 desta lei; assegurar a permanência das famílias atendidas consultados o Conselho Municipal de Habitação e
nos imóveis públicos locados por longo prazo, des- demais instâncias de participação social relaciona-
II - a segunda fase tem como objetivo oferecer uni- de que enquadradas nos critérios de atendimento das aos grupos sociais atendidos, prevendo a atua-
dades habitacionais em imóveis públicos, em cará- estabelecidos pela regulamentação específica do ção e responsabilidade de cada uma delas, quanto à
ter definitivo, a famílias de baixa renda, mediante Programa, permitindo que as famílias atendidas gestão patrimonial, condominial e social.
cadastro específico. estabeleçam vínculos comunitários e participem
da gestão condominial dos empreendimentos. Art. 50. A indicação da demanda da modalidade
Art. 45. A Secretaria Municipal de Habitação, em Locação Social por Autogestão será realizada pela
conjunto com o Conselho Municipal de Habitação § 2º Na modalidade Locação Social de Promoção entidade organizadora selecionada e deverá seguir
e consultadas as demais secretarias envolvidas e as Pública, a gestão dos empreendimentos deverá os critérios de atendimento e de priorização defini-
instâncias de participação social relacionadas aos ser definida em plano de trabalho a ser elaborado dos por regulamentação específica.
grupos sociais atendidos, deverá definir em regula- pelas secretarias municipais envolvidas, consulta-
mentação específica, o que segue: dos o Conselho Municipal de Habitação e demais Art. 51. O monitoramento e a avaliação da gestão
instâncias de participação social relacionadas aos realizada pelas entidades organizadoras serão rea-
I - os critérios de atendimento e priorização da de- grupos sociais atendidos, prevendo a atuação e res- lizados mediante procedimentos e indicadores pre-
manda; ponsabilidade de cada uma delas, quanto à gestão vistos em regulamentação específica.
patrimonial, condominial e social.
II - os valores dos aluguéis e dos subsídios impli- SEÇÃO III
cados; SUBSEÇÃO II DA LOCAÇÃO SOCIAL DE MERCADO
DA LOCAÇÃO SOCIAL POR AUTOGESTÃO
III - a estrutura de financiamento e de gestão do Art. 52. O Programa Locação Social de Mercado
Programa; Art. 48. A Locação Social por Autogestão é a moda- tem como objetivo ampliar a oferta de unidades
lidade do Programa Locação Social em que unida- habitacionais, em condições adequadas de uso, no
IV - as atribuições dos agentes envolvidos na ges- des habitacionais em imóveis públicos são alugadas mercado privado de aluguel a famílias de baixa
tão patrimonial, condominial e social; a valores acessíveis por famílias de baixa renda, renda, por meio de oferta de incentivos tributários
em caráter definitivo, indicadas por entidades or- e urbanísticos a proprietários e agentes promoto-
V - a participação, por meio de parcerias, de orga- ganizadoras, que são mobilizadas por chamamento res imobiliários, promovendo uma ação direta para
nizações sociais sem fins lucrativos. público, segundo critérios de atendimento e priori- a regulação do mercado de aluguéis.
zação estabelecidos por regulamentação específica
Art. 46. O Programa Locação Social, visando diver- desta modalidade. § 1º O Programa poderá operar de modo articulado
sificar as formas de gestão condominial e social dos com o Serviço de Moradia Social, na modalidade
empreendimentos de seu parque imobiliário públi- Parágrafo único. A Locação Social por Autoges- Bolsa Aluguel, prevista no artigo 27 desta lei, de
co, poderá ser viabilizado por meio das seguintes tão poderá assegurar a permanência das famílias modo a viabilizar o aluguel de imóveis privados
modalidades: atendidas nos imóveis públicos locados por lon- ofertados no Programa.
go prazo, desde que enquadradas nos critérios de
I - Locação Social de Promoção Pública; atendimento estabelecidos pela regulamentação Art. 53. Para a implementação do Programa Loca-
específica do Programa, permitindo que as famí- ção Social de Mercado serão realizados chamamen-
II - Locação Social por Autogestão. lias atendidas estabeleçam vínculos comunitários tos públicos a proprietários ou agentes promotores
e participem da gestão condominial e social. imobiliários interessados em aderir ao Programa,
SUBSEÇÃO I e formalizados termos de adesão apenas quando
DA LOCAÇÃO SOCIAL DE PROMOÇÃO Art. 49. Serão realizados chamamentos públicos, forem ofertadas unidades habitacionais em condi-
PÚBLICA conforme regulamento, para a habilitação e o ca- ções adequadas de uso, respeitados os parâmetros
dastramento de entidades interessadas em parti- de habitabilidade exigidos pelas regulamentações
Art. 47. A Locação Social de Promoção Pública é cipar desta modalidade, que, além de atender aos competentes.
modalidade do Programa Locação Social que ofere- critérios de enquadramento definidos em termo
ce unidades habitacionais para aluguel em imóveis de referência, deverão apresentar planos de gestão Art. 54. O Programa Locação Social de Mercado
públicos, para atendimento em caráter definitivo, condominial e social para os empreendimentos. poderá oferecer incentivos tributários e urbanísti-
com valores de aluguel acessíveis às famílias de cos, a depender de lei específica, aos proprietários
baixa renda oriundas do Serviço de Moradia Social Parágrafo único. O plano de gestão elaborado pela ou agentes promotores que aceitarem disponibili-
e de cadastro específico do Programa. entidade selecionada deverá se articular com o pla- zar para aluguel unidades habitacionais a valores
no de trabalho desenvolvido pelas secretarias mu- determinados pelo Município, dentro de patama-

Título II | Do Plano Municipal de Habitação 21


res de aluguel social definidos por região, com base I - eixo Favelas e Loteamentos irregulares, que reú- mente frágeis e sensíveis, prevendo, quando hou-
nas seguintes diretrizes: ne ações de urbanização, regularização fundiária, ver necessidade de remoções, o atendimento habi-
melhorias e provisão habitacionais; tacional, preferencialmente no mesmo local.
I - a definição dos incentivos tributários e urbanís-
ticos a serem concedidos no âmbito do Programa II - eixo Conjuntos habitacionais irregulares, que Art. 58. As intervenções devem ser realizadas com
deverá ser precedida de estudos de viabilidade reúne ações de regularização fundiária e melhorias a participação dos moradores da área de interven-
e modelagens financeiras, de modo a evitar que habitacionais e eventualmente de complementa- ção e prever o fortalecimento das instâncias de
o Programa se configure como um dispositivo de ção de infraestrutura e atendimento habitacional; participação, desde a concepção até a implemen-
transferência de recursos públicos para a esfera tação das ações, e nas atividades de pós-ocupação,
privada; III - eixo Cortiços, que reúne ações de melhorias e com apoio de equipe de trabalho social qualificado,
atendimento habitacionais específicas. em consonância ao que estabelece o artigo 48 do
II - a definição dos patamares máximos de valo- Plano Diretor Estratégico – Lei nº 16.050, de 2014.
res de aluguel para enquadramento do imóvel no § 2º A cada eixo de ação corresponde um cadastro
Programa deverá ser realizada por equipes regio- habitacional específico dos assentamentos precá- Art. 59. Para a consecução dos objetivos estabele-
nalizadas vinculadas ao órgão responsável pelo rios, que deve abarcar a caracterização e a classi- cidos para a Intervenção Integrada em Assenta-
levantamento dos valores praticados e análise do ficação de cada assentamento, em consonância ao mentos Precários devem ser realizados Planos de
comportamento do mercado de aluguéis no Muni- estabelecido pelo Anexo 3 desta lei. Intervenção Integrada, elaborados pelo Poder Pú-
cípio; blico, que constituem instrumento de gestão, para
§ 3º Os eixos de ação mencionados no § 1º deste diagnóstico e articulação dos diversos programas
III - os benefícios concedidos por meio de incenti- artigo são compostos por programas habitacionais, da política habitacional, entre si e com as demais
vos tributários aos agentes privados terão duração que devem ser acionados e combinados de acordo políticas públicas, por meio da delimitação de um
compatível com o atendimento às exigências esta- com as necessidades habitacionais e as caracterís- perímetro de intervenção que possibilite a integra-
belecidas no Termo de Adesão firmado; ticas dos assentamentos precários, relacionados a ção das ações em um mesmo território.
seguir:
IV - definição dos procedimentos para acompa- § 1º Para a elaboração dos Planos de Intervenção
nhamento periódico e controle dos requisitos de I - Programa Urbanização de Assentamentos Pre- Integrada devem ser constituídos grupos de traba-
enquadramento no Programa. cários; lho intersecretariais, com a participação das secre-
tarias municipais envolvidas, a depender do foco
II - Programa Regularização Fundiária de Interesse da intervenção.
CAPÍTULO IV Social;
DA INTERVENÇÃO INTEGRADA EM § 2º Quando se tratar de assentamentos localiza-
ASSENTAMENTOS PRECÁRIOS III - Programa Melhorias Habitacionais em Assen- dos em ZEIS 1 ou ZEIS 3, o Plano de Intervenção
tamentos Precários; Integrada corresponde ao Plano de Urbanização
Art. 55. A Intervenção Integrada em Assentamen- de ZEIS 1 ou Projeto de Intervenção em ZEIS 3,
tos Precários é voltada ao enfrentamento da preca- IV - Programa Provisão de Moradia em Assenta- previstos no PDE, e devem ser elaborados em con-
riedade habitacional e urbana presente nas favelas, mentos Precários; formidade à Lei Federal nº 11.977, de 7 de julho de
loteamentos e conjuntos habitacionais irregulares 2009.
de baixa renda e nos cortiços, que visa a qualifi- V - Programa Intervenção em Cortiços.
car o ambiente urbano e melhorar a qualidade de § 3º Os Planos de Intervenção Integrada, elabora-
vida dos moradores dos assentamentos precários, Art. 56. A Intervenção Integrada em Assenta- dos a partir de um diagnóstico físico e social inte-
por meio de ações de regularização urbanística e mentos Precários deve estar articulada às demais grado da área, têm como objetivo orientar o desen-
fundiária e de melhorias habitacionais, e da pro- intervenções de provisão de infraestrutura e de volvimento das intervenções e devem definir, ao
moção do saneamento ambiental, da mobilidade e recuperação ambiental no território e ainda às po- menos:
acessibilidade locais, da provisão de equipamentos líticas de promoção da cidadania, de saúde, educa-
e qualificação dos espaços públicos, da implantação ção, cultura, assistência social, trabalho e geração I - o perímetro de intervenção, a depender de:
de rede de espaços livres, áreas verdes e de par- de renda, de modo que a dimensão de exclusão so-
ques lineares. cioterritorial possa ser enfrentada de forma mais a) leituras do território e das ações previstas para
abrangente. o local;
§ 1º A Intervenção Integrada em Assentamentos
Precários estrutura-se em três eixos de ação, de Art. 57. A demanda prioritária a ser atendida é a b) identificação das demandas sociais;
acordo com as características dos assentamentos população de baixa renda que vive em imóveis ou
precários, conforme segue: áreas insalubres, áreas de risco e áreas ambiental- c) possibilidade de articulação de políticas setoriais;

22 Plano Municipal de Habitação de São Paulo | Projeto de Lei nº 619/16 | Dezembro de 2016
d) incidência ou possibilidade de aplicação dos ins- e) existência de projetos públicos na área de inter- rem removidas;
trumentos urbanísticos estabelecidos pelo PDE. venção ou de ações de outras políticas setoriais no
mesmo território; III - indicação das alternativas de atendimento ha-
II - a demanda a ser atendida, a partir da identifica- bitacional transitório e definitivo para o conjunto
ção das necessidades habitacionais e da precarie- f) a pertinência da adoção de bacias hidrográficas, das famílias a serem removidas;
dade dos assentamentos; principalmente quando as ações envolverem o sa-
neamento ambiental. IV - indicação das alternativas de atendimento
III - as formas de financiamento e possíveis fontes para as famílias a serem removidas que tenham
de recurso, organizadas em um cronograma físico- Art. 60. Respeitadas as diretrizes da política ha- sua fonte de renda prejudicada pelas intervenções;
-financeiro; bitacional estabelecidas por esta lei, a remoção de
famílias que estejam residindo ou desenvolvendo V - estabelecimento de prazos e medidas para ini-
IV - formas de articulação entre os órgãos parti- atividades econômicas nas áreas de intervenção bir a entrada de novos moradores na área de in-
cipantes das intervenções, definindo seu arranjo em assentamentos precários somente deve ser re- tervenção;
institucional e suas atribuições; alizada quando imprescindível para:
VI - definição da estrutura institucional com clara
V - os instrumentos urbanísticos de integração das I - execução ou complementação de execução de atribuição de responsabilidades para concepção,
ações e desenvolvimento do Plano de Intervenção obras voltadas à implantação de infraestrutura e implementação e monitoramento do Plano;
Integrada mais adequados para a consecução dos urbanização dos assentamentos precários;
objetivos do projeto, dentre os previstos no PDE, VII - orçamento para implementação do Plano,
e nas leis federais e estaduais que incidem sobre II - implantação de intervenções que garantam so- com indicação de suas fontes de custeio, incluindo
áreas de proteção e preservação ambiental e de luções habitacionais adequadas; documentação que demonstre seu amparo orça-
proteção aos mananciais. mentário e financeiro;
III - eliminação de fatores de risco ambiental ou de
§ 4º A definição dos perímetros objeto do Plano de insalubridade a que estejam submetidas as famílias, VIII - cronograma geral de execução do Plano,
Intervenção Integrada é parte da primeira etapa do tais como inundação, desabamento, deslizamento, compatível com o da intervenção que originou o
diagnóstico integrado e deve considerar os seguin- tremor de terra, proximidade à rede de energia de deslocamento e com o do trabalho social, explici-
tes elementos: alta tensão, contaminação do solo, somente quan- tando os prazos de referência para o cumprimento
do a mitigação desses fatores não se constituir em das etapas de implementação das intervenções;
I - identificação, caracterização e classificação dos alternativa econômica ou socialmente viável;
assentamentos precários, conforme diretrizes es- IX - aprovação das famílias atingidas pelo Plano de
tabelecidas no Anexo 3 desta lei; IV - recuperação de áreas de preservação e prote- Reassentamento, ou de seus representantes.
ção ambiental e zonas de amortecimento, em que
II - caracterização das intervenções da política ha- não seja possível a consolidação sustentável das § 2º Os recursos necessários para a implementação
bitacional necessárias, relacionadas a cada tipo de ocupações existentes. dos Planos de Reassentamento mencionados no §
assentamento precário, conforme estabelecidas no 1º deste artigo devem ser previstos no orçamento
Anexo 2 desta lei; § 1º Nos casos em que seja necessária a remoção das intervenções e são de responsabilidade do ór-
de famílias, que não tenham caráter emergencial, gão promotor das mesmas.
III - a possibilidade de agregar em um mesmo pe- conforme definições do Plano Municipal de Redu-
rímetro diversos assentamentos, com graus de ção de Riscos, esta ação deve ser precedida da ela- § 3º O Executivo deve regulamentar os procedi-
precariedade diferentes ou não, e de integrar as boração, com participação dos moradores atingi- mentos e formas de operacionalização das ações de
intervenções com outras políticas setoriais, consi- dos, de um Plano de Reassentamento que assegure que trata o “caput” deste artigo, a serem aplicados
derando: às famílias afetadas o acesso a soluções adequadas em todo o Município.
para o deslocamento e para as perdas ocasionadas
a) proximidade ou contiguidade dos assentamen- pela intervenção, contendo no mínimo: SEÇÃO I
tos precários; DA URBANIZAÇÃO DE ASSENTAMENTOS
I - síntese do Plano de Intervenção Integrada ou PRECÁRIOS
b) ganhos urbanísticos e ambientais; do projeto de intervenção, em consonância ao que
estabelece o PDE, com justificativa e definição dos Art. 61. O Programa Urbanização de Assentamen-
c) disponibilidade de recursos financeiros; critérios que orientaram a escolha das famílias a tos Precários reúne as ações necessárias para a re-
serem removidas; gularização urbanística dos assentamentos precá-
d) prioridade de acordo com as diretrizes da políti- rios por meio de intervenções físicas com objetivo
ca habitacional; II - quantificação e caracterização das famílias a se- de sanar as precariedades relacionadas à inade-

Título II | Do Plano Municipal de Habitação 23


quação ou ausência de infraestrutura, equipamen- ZEIS, conforme estabelecido pela Subseção II – Das do acesso à terra urbanizada.
tos e serviços públicos, promover a recuperação Regras Aplicáveis às ZEIS, artigo 48 e subsequen-
ambiental e eliminar ou mitigar as áreas de risco, tes do PDE. § 1º As ações do Programa Regularização Fundiá-
de forma a possibilitar a consolidação e a perma- ria de Interesse Social devem estar de acordo com
nência de seus moradores e promover a qualifica- § 2º A modalidade Pequenas Intervenções de Ur- o estabelecido pelos artigos 164 e subsequentes
ção do ambiente onde vivem. banização é voltada ao enfrentamento de situa- do PDE, assim como com a legislação federal per-
ções de menor complexidade com o objetivo de tinente e demais leis específicas, e compreende
Art. 62. O Programa Urbanização de Assentamen- melhorar as condições urbanas em assentamentos ações de:
tos Precários tem como diretrizes específicas de in- precários consolidáveis, que podem ser equaciona-
tervenção nos assentamentos: das por meio de obras de menor porte, eliminando I - regularização da base fundiária, considerada a
ou minimizando de forma ágil situações de preca- conformidade entre o parcelamento do solo atu-
I - evitar ou minimizar a necessidade de remoções riedade e insalubridade, a serem promovidas pelo al ou decorrente das intervenções urbanísticas e
de moradores e identificar melhores soluções eco- Poder Público, aplicando-se a duas situações: aquele constante do registro no Cartório de Regis-
nômicas, técnicas, ambientalmente e socialmente tro de Imóveis;
sustentáveis e efetivas, de forma a consolidar e I - realização de urbanização gradual nos assenta-
melhorar as moradias e diminuir a necessidade de mentos consolidáveis, em consonância com o Pla- II - regularização da posse ou da propriedade, con-
atendimento transitório; no de Intervenção Integrada e seu projeto de ur- siderado o conjunto de ações e instrumentos que
banização e regularização fundiária, enfrentando visam o registro em nome do possuidor de um imó-
II - promover o reassentamento das famílias remo- as situações urgentes que podem ser equacionadas vel na sua respectiva matrícula de registro no Car-
vidas de preferência no próprio local de interven- com pequenos investimentos de recursos; tório de Registro de Imóveis;
ção ou em local próximo;
II - em assentamentos precários consolidáveis III - regularização administrativa, considerado o
III - eliminar situações de precariedade e de insa- que requerem ações de urbanização simples, sem conjunto de ações e instrumentos que visam à in-
lubridade; necessidade de remoção de famílias, podendo ser serção do assentamento na rotina administrativa
promovidas por Secretarias Municipais e Subpre- da cidade, mediante a oficialização do sistema vi-
IV - considerar soluções de acesso aos meios de feituras que desenvolvem ações de melhoria nos ário, a atualização cadastral e o lançamento fiscal.
reprodução econômicos, culturais e sociais, de for- bairros.
ma a restaurar ou melhorar as condições sociais, § 2º O Programa Regularização Fundiária de Inte-
de vida e de renda das famílias afetadas, com o re- § 3º Nos casos previstos no inciso II do § 2º deste resse Social será promovido em conjunto com os
conhecimento e regularização de suas moradias e artigo, fica dispensada a elaboração de Plano de demais programas da política habitacional, confor-
das atividades comerciais e de serviços desenvolvi- Urbanização de ZEIS 1 e a constituição de Conse- me as diretrizes estabelecidas nesta lei, a depender
das pelas famílias nos assentamentos. lho Gestor, a critério da Administração. das necessidades habitacionais e das característi-
cas dos assentamentos precários a serem regula-
Art. 63. O Programa Urbanização de Assentamen- § 4º Nos casos de assentamentos precários não rizados.
tos Precários pode se dar em duas modalidades, a consolidáveis, deve ser realizado Plano de Reas-
depender da escala de intervenção, graus distintos sentamento, com a participação da população a ser § 3º O Executivo poderá declarar, por meio de de-
de complexidade dos projetos e das obras, a dispo- atingida, que preveja o atendimento das famílias creto, zonas de interesse para implantação de pro-
nibilidade de recursos e a necessidade ou possibi- na própria área do assentamento ou em outro lo- jetos de regularização fundiária de interesse social,
lidade de integração com outras ações, conforme cal, de preferência próximo ao perímetro da inter- respeitados os critérios estabelecidos por legislação
segue: venção, conforme disposto no artigo 60 desta lei. específica, em especial a Lei Federal nº 11.977, de
2009, e a Lei Municipal nº 14.665, de 8 de janeiro
I - Urbanização Complexa; SEÇÃO II de 2008.
DA REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA DE
II - Pequenas Intervenções de Urbanização. INTERESSE SOCIAL Art. 65. A Secretaria Municipal de Habitação de-
verá instruir processos administrativos visando
§ 1º A modalidade Urbanização Complexa é vol- Art. 64. O Programa Regularização Fundiária de à atribuição de número de contribuinte individu-
tada ao enfrentamento de situações de maior Interesse Social engloba especificamente as ações alizado para lotes ou unidades habitacionais de
complexidade, seja pelo grau de precariedade dos voltadas à promoção da regularização jurídica da conjuntos habitacionais de interesse social de pro-
assentamentos consolidáveis, seja pela necessi- posse ou da propriedade aos moradores de assen- moção pública, após a manifestação de irreversi-
dade de integração com outras ações públicas, e é tamentos irregulares consolidados ou consolidá- bilidade, independentemente da regularidade dos
promovida pelo Município a partir de um Plano de veis, ocupados predominantemente por população mesmos.
Intervenção Integrada ou Plano de Urbanização de de baixa renda, de forma a promover a ampliação

24 Plano Municipal de Habitação de São Paulo | Projeto de Lei nº 619/16 | Dezembro de 2016
§ 1º O desdobro fiscal será implementado pela Se- do pelo Anexo 4 desta lei e em combinação com ção pública devem seguir as seguintes diretrizes:
cretaria de Finanças, de acordo com a legislação o Programa Assistência Técnica, Jurídica e Social,
pertinente. descrito no artigo 75 desta lei, de forma a garan- I - estar articuladas com as ações de regularização
tir assistência técnica pública e gratuita às famí- fundiária e prever ações de trabalho social;
§ 2º A existência de débitos anteriores não impedi- lias de baixa renda, conforme o PDE e Lei Federal
rá o desdobro fiscal, devendo esse ser cobrado, pe- nº 11.888, de 24 de dezembro de 2008. II - prever atendimento habitacional transitório ou
las vias ordinárias, do loteador ou do proprietário definitivo de famílias que ocupam áreas internas
da gleba. Art. 67. O Programa Melhorias Habitacionais em ou lindeiras aos condomínios de forma irregular,
Assentamentos Precários pode se dar em duas caso seja necessária sua remoção;
SEÇÃO III modalidades, a depender do tipo de assentamento
DAS MELHORIAS HABITACIONAIS EM precário a que se destina, conforme segue: III - prever formas de regularização de unidades
ASSENTAMENTOS PRECÁRIOS comerciais que eventualmente configurem a úni-
I - Melhorias Habitacionais Integradas, voltadas ca fonte de renda de moradores dos conjuntos, de
Art. 66. O Programa Melhorias Habitacionais em para favelas e loteamentos irregulares; forma a promover o uso misto dos empreendimen-
Assentamentos Precários agrupa ações para a pro- tos em articulação com ações de geração de renda,
moção da melhoria das condições de habitabilida- II - Melhoria de Conjuntos Habitacionais Irregula- desde que não prejudiquem as ações de regulariza-
de em moradias consolidadas ou passíveis de con- res, voltadas para conjuntos habitacionais de inte- ção fundiária dos empreendimentos;
solidação, visando garantir padrões construtivos resse social de promoção pública.
adequados, de forma a minimizar a necessidade de IV - prever a participação dos moradores dos con-
reassentamentos, por meio da realização de refor- Art. 68. As melhorias habitacionais promovidas juntos habitacionais em todas as etapas da inter-
mas ou ampliações das casas, com apoio de assis- pelo Poder Público em assentamentos irregulares venção.
tência técnica pública e gratuita para famílias de consolidáveis, em processo de urbanização e regu-
baixa renda. larização fundiária, inseridas nas Intervenções In- § 2º As melhorias habitacionais realizadas em con-
tegradas de Assentamentos Precários, devem ser juntos habitacionais de interesse social de promo-
§ 1º As ações do Programa Melhorias Habitacionais realizadas, em conjunto com os moradores e com ção pública são orientadas pelas seguintes etapas:
em Assentamentos Precários devem considerar os o Conselho Gestor de ZEIS, nas seguintes etapas:
seguintes aspectos das edificações: I - caracterização dos conjuntos habitacionais irre-
I - elaboração de diagnóstico com caracterização gulares de forma a orientar as ações e a priorização
I - estabilidade estrutural; das necessidades habitacionais; das intervenções;

II - boas condições de conforto ambiental; II - definição de critérios de atendimento e de prio- II - elaboração de diagnóstico fundiário, físico e so-
rização; cial do empreendimento;
III - soluções para a ventilação e iluminação natu-
rais; III - elaboração de projetos e realização das obras; III - elaboração de projeto e realização das obras,
quando necessário;
IV - adequação das instalações sanitárias e elétri- IV - ações de pós-obra, incluindo a elaboração de
cas; regras de uso e ocupação do solo e de convivência; IV - regularização fundiária e edilícia junto aos ór-
gãos competentes;
V - adequação às necessidades de seus moradores, V - ações voltadas à regularização edilícia.
inclusive sobre o adensamento domiciliar excessi- V - realização de ações de pós-obra, prevendo
vo. Art. 69. As melhorias habitacionais realizadas em orientações para manutenção e ocupação das áre-
conjuntos habitacionais de interesse social de pro- as comuns.
§ 2º As condicionantes estabelecidas no § 1º deste moção pública têm como objetivo a realização de
artigo devem ser atestadas por profissional habi- obras de reforma e adequação edilícia das áreas SEÇÃO IV
litado, desde que as intervenções realizadas re- condominiais dos conjuntos habitacionais, a fim de DA INTERVENÇÃO EM CORTIÇOS
sultem na melhoria das condições anteriormente possibilitar sua regularização fundiária e edilícia,
existentes. com o registro da posse ou da propriedade, e a co- Art. 70. O Programa Intervenção em Cortiços re-
mercialização das unidades habitacionais, quando úne as ações necessárias para o enfrentamento da
§ 3º O Executivo regulamentará as formas de fi- for o caso. precariedade habitacional presente nos cortiços
nanciamento e de acesso a microcrédito ou a carta nas dimensões urbanísticas, habitacionais, socioe-
de crédito subsidiados para a realização das melho- § 1º As melhorias habitacionais realizadas em con- conômicas, financeiras e jurídicas, e tem por obje-
rias habitacionais, em consonância ao estabeleci- juntos habitacionais de interesse social de promo- tivo ampliar a oferta de habitação em boas condi-

Título II | Do Plano Municipal de Habitação 25


ções à população de baixa renda em áreas dotadas III - orientação aos proprietários para a melhoria III - reconhecimento de grupos de organização po-
de infraestrutura urbana. dos imóveis, a serem realizadas com recursos pri- pular que atuam nas áreas de intervenção;
vados e públicos, prevendo o retorno dos recursos
§ 1º O Programa Intervenção em Cortiços deve se- públicos e a permanência das famílias moradoras IV - possibilidade de associação e integração a polí-
guir os seguintes objetivos específicos: por prazo determinado, a depender de regulamen- ticas e projetos públicos intersecretariais.
tação específica;
I - prover atendimento habitacional à população Art. 72. O planejamento das ações no âmbito do
moradora de cortiços por meio de ações de quali- IV - melhoria dos imóveis, a serem realizadas pela Programa Intervenção em Cortiços deve ser prece-
ficação dos imóveis e da promoção da segurança Municipalidade, para os casos em que estes forem dido de levantamento dos imóveis, com caracteri-
contratual ou pelo atendimento nos programas de de domínio público, passando a constituir parte do zação e classificação das situações de precariedade
provisão de moradia estabelecidos por esta lei; parque público para locação social; habitacional existentes, nas suas dimensões física,
socioeconômica, financeira e jurídica, consolidados
II - promover a qualificação dos imóveis encorti- V - constituição de mecanismos e formas de aquisi- em cadastro conforme as diretrizes estabelecidas
çados existentes, de forma que passem a compor ção de imóveis pelas famílias moradoras organiza- no Anexo 3 desta lei.
parte da oferta do mercado de aluguéis para popu- das, cadastradas conforme regulamentação especí-
lação de baixa renda, em condições adequadas de fica, com previsão de linhas de financiamento para Art. 73. O Executivo deve instituir grupo de traba-
habitabilidade e acessíveis do ponto de vista eco- aquisição e melhoria dos imóveis. lho intersecretarial permanente para atuação jun-
nômico e contratual; to aos cortiços, formado por integrantes do Poder
Art. 71. As intervenções em cortiços podem ocor- Público, contando no mínimo com representantes
III – promover o incremento da oferta habitacional rer isoladamente ou abranger áreas com concen- das Secretarias responsáveis pelas políticas de Ha-
para a população que reside em cortiços e, eventu- tração de cortiços, para as quais devem ser formu- bitação, Assistência e Desenvolvimento Social, Li-
almente, para a população de baixa renda em ge- lados Planos de Intervenção Integrada, conforme cenciamento e Subprefeituras, ou as que vierem a
ral, nas regiões dotadas de infraestrutura urbana, critérios e parâmetros definidos nesta lei e em con- substituí-las, e proprietários e moradores das áreas
pelas diversas modalidades de provisão de mora- sonância ao que estabelece o PDE, no que se refere de maior concentração de cortiços, com as seguin-
dia propostas, estabelecendo outros patamares de aos Projetos de Intervenção para ZEIS 3. tes atribuições:
qualidade para unidades habitacionais e para as
relações de locação, posse ou propriedade; § 1º As intervenções isoladas em cortiços desti- I - formulação e regulamentação do Programa In-
nam-se a cortiços distribuídos de maneira esparsa tervenção em Cortiços, com a definição dos crité-
IV - contribuir para a ampliação do parque de imó- no território, podendo se desdobrar em imóveis si- rios de atendimento e de priorização das ações;
veis públicos, disponibilizados no âmbito do Pro- tuados na mesma quadra ou em seu entorno ime-
grama Locação Social; diato. II - desenvolvimento de estudos para levantamen-
to dos imóveis encortiçados e caracterização das
V - contribuir para a ampliação do acesso à casa § 2º As intervenções integradas em cortiços desti- situações de precariedade encontradas;
própria, com a oferta de crédito para aquisição e nam-se a áreas onde há concentração de cortiços,
qualificação do imóvel a grupos organizados de especialmente aquelas demarcadas como ZEIS 3 II - revisão da Lei Municipal nº 10.928, de 8 de ja-
moradores dos cortiços, apoiados por ações de As- pela Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo, neiro de 1991;
sistência Técnica, Jurídica e Social previstas nesta Lei Municipal nº 16.402, de 22 de março de 2016,
lei. para as quais devem ser realizados Projetos de In- III - elaboração de estratégias de implementação do
tervenção para ZEIS 3, em conformidade ao PDE, Programa e de sua integração com outras políticas
§ 2º O Programa Intervenção em Cortiços deve ser ou Planos de Intervenção Integrada, quando a área públicas;
regulamentado com a previsão das seguintes es- de intervenção não estiver situada em ZEIS 3, con-
tratégias: siderando ainda as seguintes diretrizes: IV - planejamento orçamentário e levantamento
de fontes de recursos para o Programa;
I - fiscalização dos imóveis para verificação do cum- I - identificação de precariedades urbanísticas, re-
primento das exigências legais quanto à habitabili- lacionadas a infraestrutura, equipamentos e espa- V - acompanhamento e avaliação do Programa,
dade, relações contratuais e valores dos aluguéis; ços públicos, presença de riscos ambientais e de considerando seu constante aprimoramento.
áreas com presença de conflitos sociais;
II - orientação aos proprietários para a melhoria Art. 74. A Lei Municipal nº 10.928, de 1991, deve
dos imóveis, a serem realizadas com financiamen- II - reconhecimento de interferências com ações ser revista a partir das seguintes diretrizes:
to privado a cargo dos proprietários, a depender de públicas ou privadas, tais como projetos de melho-
regulamentação específica; ramentos viários ou empreendimentos imobiliá- I - estabelecer critérios e definir parâmetros de ha-
rios; bitabilidade tendo em vista a qualificação de uni-

26 Plano Municipal de Habitação de São Paulo | Projeto de Lei nº 619/16 | Dezembro de 2016
dades habitacionais multifamiliares coletivas, que I - buscar soluções arquitetônicas, urbanísticas e diados, para a realização das melhorias habitacio-
considere aspectos e condicionantes físicas e socio- jurídicas em diálogo com a população e em conso- nais em assentamentos precários, em consonância
econômicas; nância à realidade de cada local; ao estabelecido pelo Anexo 4 desta lei;

II - propor as formas contratuais para instrumen- II - qualificar as respostas às diversas necessidades VII - prever as fontes e os recursos financeiros or-
tos complementares de locação social ou de aluguel habitacionais; çamentários necessários para a garantia da gratui-
de habitações multifamiliares coletivas, que garan- dade da assistência técnica às famílias com renda
tam o acesso à moradia e a segurança contratual às III - aprimorar as técnicas construtivas e discutir os mensal de até 3 (três) salários mínimos, bem como
famílias de baixa renda; padrões de habitabilidade e de segurança; faixas de subsídio para o acesso à assistência téc-
nica às famílias com renda mensal de até 6 (seis)
III - prever mecanismos de regulação dos valores IV - desenvolver processos participativos e auto- salários mínimos;
de aluguel, que devem ser condizentes com a ca- gestionários.
pacidade de pagamento de famílias de baixa renda; VIII - prever ao menos duas modalidades de pres-
Art. 76. Para o enfrentamento das diversas condi- tação de assistência técnica:
IV - definição das sanções legais aos proprietários ções de precariedade habitacional e urbana e a fim
pelo não cumprimento das exigências mínimas de de garantir condições adequadas de habitabilidade, a) Assistência Técnica à Comunidade;
habitabilidade e dos valores de aluguel estipulados. o acesso à moradia digna e a segurança da posse,
o Programa Assistência Técnica, Jurídica e Social b) Escritório Local de Assistência Técnica ao Mu-
deve ser regulamentado com base nas seguintes nícipe.
CAPÍTULO V diretrizes:
DA ASSISTÊNCIA TÉCNICA, Art. 77. A modalidade Assistência Técnica à Co-
JURÍDICA E SOCIAL I - a assistência deve ser prestada por equipes mul- munidade tem como objetivo oferecer assistência
tidisciplinares envolvendo arquitetos, urbanistas, técnica, jurídica e social às entidades, associações
Art. 75. O Programa Assistência Técnica, Jurídica engenheiros, geógrafos, sociólogos, assistentes de moradores, cooperativas, grupos sociais organi-
e Social, em consonância à Lei Federal nº 11.888, sociais, advogados, entre outros profissionais, di- zados e movimentos na área de Habitação de Inte-
de 2008, e com o PDE, reúne ações voltadas a pro- retamente pela Municipalidade ou por meio do resse Social, para edificação, reforma, ampliação ou
mover o direito das famílias de baixa renda à as- estabelecimento de parcerias com profissionais, regularização urbanística, fundiária e edilícia dos
sistência técnica pública e gratuita para o processo entidades de classe, universidades, associações, assentamentos precários e da habitação.
de projeto, construção e regularização fundiária e empresas, entre outros;
edilícia de Habitação de Interesse Social, como par- § 1º A demanda a ser atendida será selecionada a
te integrante do direito social à moradia e à cidade. II - prever a formação e participação de agentes partir da priorização territorial do atendimento,
locais de habitação, moradores das áreas de inter- estabelecida por meio de termo de referência espe-
§ 1º Este Programa atua de forma transversal à venção, que possam apoiar a implementação das cífico, conforme caracterização dos assentamentos
política habitacional e deve estar articulado, ao ações; precários, e mediante a disponibilidade de recur-
menos, com os seguintes programas, estabelecidos sos.
por esta lei: III - prever formas de remuneração e de habilitação
dos profissionais ou das entidades prestadoras da § 2º As entidades, associações de moradores, coo-
I - Provisão de Moradia para Aquisição, nas mo- assistência técnica, pessoas físicas ou jurídicas; perativas, grupos sociais organizados e movimen-
dalidades Promoção de Moradia por Autogestão e tos na área de Habitação de Interesse Social uma
Provisão de Moradia em Assentamentos Precários; IV - prever formas de habilitação das entidades, vez habilitadas e selecionadas poderão contratar
associações de moradores, cooperativas, grupos so- a prestação do serviço de assistência técnica, por
II - Urbanização de Assentamentos Precários; ciais organizados e movimentos na área de Habita- profissionais autônomos ou pessoa jurídica com ou
ção de Interesse Social, a fim de orientar a seleção e sem fins lucrativos, entre profissionais previamen-
III - Regularização Fundiária de Interesse Social; priorização do atendimento; te habilitados pela administração municipal, con-
forme regulamentação específica.
IV - Melhorias Habitacionais em Assentamentos V - estabelecer critérios de atendimento e de prio-
Precários; rização para seleção da população a ser atendida, Art. 78. O Executivo deve estabelecer Escritórios
conforme a condição de moradia e de atendimento Locais de Assistência Técnica ao Munícipe, que
V - Intervenção em Cortiços. pela política habitacional; serão formados por corpo técnico de servidores
municipais, profissionais e entidades habilitadas,
§ 2º São objetivos específicos do Programa Assis- VI - regulamentar formas de financiamento e de profissionais inscritos em programas de residência
tência Técnica, Jurídica e Social: acesso a microcrédito ou a carta de crédito subsi- e de extensão universitária, entre outros, a depen-

Título II | Do Plano Municipal de Habitação 27


der de regulamentação específica, e devem estar guintes ações, além do requerido nos planos e pro- CAPÍTULO VII
distribuídos regionalmente no território munici- jetos de urbanização específica, conforme artigo DAS AÇÕES TRANSVERSAIS
pal, priorizando as Subprefeituras onde há maior 59:
incidência de precariedade habitacional e urbana. Art. 81. As ações transversais são linhas de atua-
I - orientar a elaboração dos Planos de Intervenção ção que se relacionam com os diversos programas
§ 1º Os serviços prestados pelos Escritórios Locais Integrada em Assentamentos Precários, com base da política habitacional e visam qualificar e dar
de Assistência Técnica ao Munícipe são voltados em estudos técnicos, estabelecendo diretrizes es- efetividade às ações, por meio de uma atuação in-
prioritariamente à população de baixa renda mo- pecíficas para cada condição ambiental, em conso- tegrada e multidisciplinar.
radora de áreas regularizadas do ponto de vista nância com os objetivos traçados no PDE e nas le-
fundiário, onde são necessárias respostas qualifi- gislações específicas incidentes nos assentamentos SEÇÃO I
cadas para o enfrentamento da inadequação e da precários situados na Macrozona de Preservação e DA PREVENÇÃO E MEDIAÇÃO DE
precariedade das moradias. Recuperação Ambiental; CONFLITOS FUNDIÁRIOS E IMOBILIÁRIOS
URBANOS
§ 2º Os Escritórios Locais de Assistência Técnica ao II – articular-se ao grupo de gestão de risco para o
Munícipe serão estabelecidos junto às Subprefei- planejamento das intervenções previstas no terri- Art. 82. A ação de Prevenção de Conflitos Fundi-
turas, ou outros órgãos de gestão descentralizada, tório, contribuindo para o estabelecimento de me- ários e Imobiliários Urbanos tem como objetivo a
com acompanhamento das Unidades Regionais da didas estruturais, orientadas para a preservação da construção de soluções pacíficas e negociadas em
Secretaria Municipal de Habitação. vida humana e para a remediação do risco; casos de disputa pela posse ou pela propriedade de
imóveis públicos ou privados, por meio de proces-
Art. 79. O Executivo poderá firmar convênios e III - estabelecer diretrizes para atuação em áreas sos de mediação, orientados pelas seguintes pre-
termos de parceria com: contaminadas já ocupadas por famílias de baixa missas:
renda ou passíveis de ocupação por habitações de
I - os profissionais e entidades habilitados pelo Pro- interesse social, incluindo a investigação, o moni- I - garantia da segurança da posse para famílias de
grama Assistência Técnica, Jurídica e Social para a toramento e a remediação dessas áreas; baixa renda e população em situação de vulnerabi-
execução dos serviços previstos nesta lei; lidade social;
IV - estabelecer procedimentos de integração entre
II - as entidades promotoras de programas de ca- as ações da política habitacional e intervenções de II - garantia dos direitos humanos fundamentais;
pacitação profissional, residência ou extensão uni- outros setores da administração municipal, esta-
versitária nas áreas de arquitetura, urbanismo ou dual e federal que articulam questões ambientais III - prevalência da paz e de soluções pacíficas;
engenharia e demais áreas afins aos objetivos do e habitacionais;
Programa. IV - equidade na interlocução entre as partes;
V - atender as diretrizes para conservação e recu-
Parágrafo único. Poderão ser concedidas subven- peração dos remanescentes de mata atlântica esta- V - garantia do acesso à informação.
ções para profissionais inscritos em programas de belecidas no Plano Municipal da Mata Atlântica de
residência e de extensão universitária para a con- São Paulo - PMMA. Art. 83. A ação de Prevenção e Mediação de Confli-
secução dos objetivos desta lei. tos Fundiários e Imobiliários Urbanos deve ocorrer
§ 2º Em Áreas de Preservação e Recuperação de a partir das seguintes diretrizes:
Mananciais – APRM definidas em lei estadual es-
CAPÍTULO VI pecífica, os Planos de Intervenção Integrada de que I - fomento à articulação entre as partes envolvi-
DA ATUAÇÃO INTEGRADA EM trata o “caput” deste artigo atenderão aos requisi- das no conflito, Prefeitura Municipal, demais en-
ÁREAS AMBIENTALMENTE tos estabelecidos para os Programas de Recupera- tes federados e poderes Legislativo e Judiciário,
SENSÍVEIS E FRÁGEIS ção de Interesse Social – PRIS, nos termos da Lei membros do Ministério Público e das Defensorias
Estadual nº 9866, de 28 de novembro de 1997, e da Públicas;
Art. 80. A Atuação Integrada em Áreas Ambien- lei específica da Bacia Hidrográfica na qual se inse-
talmente Sensíveis e Frágeis tem como objetivo rir a área objeto da intervenção. II - cumprimento da função social da propriedade
elaborar e articular estratégias e diretrizes de ação e da cidade, por meio da implementação dos Pla-
nessas áreas, orientando a formulação de Planos § 3º Os Planos de Intervenção Integrada de áreas nos Diretores e demais instrumentos da Lei Fede-
de Intervenção Integrada e projetos de urbaniza- contidas total ou parcialmente em unidades de ral nº 10.257, de 10 de julho de 2001 – Estatuto da
ção situados nesses territórios. conservação que prevejam a regularização de áre- Cidade;
as ocupadas levarão em conta, no que couber, o es-
§ 1º A Atuação Integrada em Áreas Ambiental- tabelecido na respectiva legislação específica e nos III - ampliação do acesso à terra urbanizada e bem
mente Sensíveis e Frágeis deve contemplar as se- planos de manejo destas áreas. localizada para a população de baixa renda e gru-

28 Plano Municipal de Habitação de São Paulo | Projeto de Lei nº 619/16 | Dezembro de 2016
pos sociais vulneráveis; SEÇÃO II plementada com a estruturação de um Sistema de
DA PÓS-INTERVENÇÃO E INTEGRAÇÃO AOS Gestão do Patrimônio Imobiliário e Fundiário para
IV - implementação de ações de regularização fun- SERVIÇOS E CONTROLE URBANOS fins Habitacionais, a partir das seguintes diretrizes:
diária de acordo com o Estatuto da Cidade, com o
PDE e demais normas relacionadas, contemplando Art. 85. A ação de Pós-Intervenção e Integração I - articulação entre os órgãos responsáveis pela
as dimensões jurídica, urbanística, ambiental e so- aos Serviços e Controle Urbanos tem como objetivo fiscalização, aquisição, utilização e gestão dos imó-
ciocultural; garantir a permanência do acesso à moradia digna veis e terrenos na Prefeitura;
nos assentamentos urbanizados, regularizados e
V - adoção de soluções pacíficas com a participação nos empreendimentos habitacionais de interesse II - articulação entre os órgãos públicos e cartórios
das partes envolvidas; social, de modo a preservar a qualidade de vida e de registro de imóveis;
de habitabilidade, evitar processos de degradação
VI - respeito aos tratados internacionais dos quais ambiental, urbanística e adensamento excessivo. III - padronização das nomenclaturas, procedimen-
o Brasil é signatário. tos e critérios de registro, controle e avaliação imo-
Art. 86. A ação de Pós-Intervenção e Integração biliária entre os órgãos municipais;
Art. 84. A ação de Prevenção e Mediação de Con- aos Serviços e Controle Urbanos deve ser imple-
flitos Fundiários e Imobiliários Urbanos reúne as mentada por meio da estruturação e instituciona- IV - simplificação dos procedimentos de desapro-
seguintes estratégias: lização de procedimentos e mecanismos de gestão priação e alienação, bem como do exercício do di-
territorial, patrimonial, condominial e social, base- reito de preempção, dos cálculos de contrapartidas
I - criar fórum municipal de apoio e monitoramen- ados nas seguintes diretrizes: nos casos de concessões e permissões de uso one-
to das situações de conflitos fundiários urbanos; rosas, permutas e aluguéis;
I - monitoramento da aplicação das regras de uso e
II - criar canais de interlocução entre os grupos so- ocupação do solo dos assentamentos urbanizados V - efetivação de processos amigáveis de desapro-
ciais em conflito, envolvendo representantes dos e regularizados, estabelecidos em seu Plano de Ur- priação;
poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, do Mi- banização de ZEIS, a partir de processo participati-
nistério Público, da Defensoria Pública, entidades vo com a população envolvida; VI - destinação de imóveis públicos prioritaria-
da sociedade civil vinculadas ao tema, entre outras; mente para a produção de HIS 1, conforme estabe-
II - priorização do uso habitacional, com previsão do lecido no PDE.
III - recepcionar, cadastrar e acompanhar as de- estabelecimento de atividades não residenciais com-
núncias de conflitos que envolvam risco ou ocor- patíveis, em especial nas Zonas Mistas de Interesse Art. 89. A ação de Gestão do Patrimônio Fundiário
rência de violação aos direitos humanos e ao direi- Social, definidas na Lei de Parcelamento, Uso e Ocu- e Imobiliário Público para Habitação reúne as se-
to à moradia, identificando os agentes envolvidos e pação do Solo – Lei Municipal nº 16.402, de 2016; guintes estratégias:
direcionando-os para os processos de negociação;
III - garantia da manutenção das edificações dos I - dimensionamento da quantidade de terras urba-
IV - desenvolver sistema com mapeamento e des- empreendimentos habitacionais em boas condi- nas adequadas e bem localizadas necessárias para
crição das ocorrências; ções de habitabilidade, com monitoramento e con- a eliminação do déficit habitacional, com produção
trole da utilização dos imóveis e construção de re- de novas habitações de interesse social em terre-
V - articular as medidas de prevenção e mediação gras para práticas cotidianas e de convivência. nos e imóveis a serem reformados;
de conflitos fundiários àquelas de indução da fun-
ção social da propriedade urbana, com monitora- SEÇÃO III II - prospecção de imóveis que sejam adequados
mento das dívidas fiscais dos imóveis ociosos; DA GESTÃO DO PATRIMÔNIO FUNDIÁRIO E para a promoção de Habitação de Interesse Social;
IMOBILIÁRIO PÚBLICO PARA HABITAÇÃO
V - capacitar mediadores de conflitos fundiários III - levantamento, quantificação e caracterização
urbanos entre servidores públicos e interessados; Art. 87. A ação de Gestão do Patrimônio Fundiá- do patrimônio imobiliário administrado pela Se-
rio e Imobiliário Público para Habitação tem como cretaria Municipal de Habitação e pela Companhia
VI - implementar campanhas públicas de preven- objetivo a constituição de uma reserva de terras Metropolitana de Habitação de São Paulo – Coha-
ção de conflitos fundiários urbanos, fomentando a e imóveis públicos bem localizados para a imple- b-SP, e monitoramento dos terrenos e imóveis em
cultura de negociação; mentação da política habitacional de interesse so- processo de desapropriação;
cial do Município, por meio de aprimoramento dos
VII - construir metodologias de mediação de con- mecanismos de aquisição e gestão. IV - desenvolvimento de estratégias para redução
flito a partir da constituição de um banco de casos. de custos e agilização nos processos de aquisição
Art. 88. A ação de Gestão do Patrimônio Fundiário de terrenos e imóveis, contando com instrumen-
e Imobiliário Público para Habitação deve ser im-

Título II | Do Plano Municipal de Habitação 29


tos urbanísticos existentes e otimização do uso dos pular para garantir melhor qualidade e amenizar I - articular as informações sobre áreas de riscos
terrenos públicos municipais; impactos negativos dos empreendimentos; em assentamentos precários com os sistemas de
informação sobre risco existentes no Município,
V - interlocução com órgãos da administração mu- III - propor a adoção de novos sistemas construti- utilizando as informações disponíveis nesses siste-
nicipal responsáveis pela gestão das terras públicas vos, de novas tipologias habitacionais e de infraes- mas e alimentando-os com os estudos produzidos
do Município; trutura urbana, que otimizem o uso do solo urbano no planejamento, projeto e gestão das interven-
e articulem o uso habitacional com outros usos; ções habitacionais;
VI - levantamento, monitoramento e controle das
transferências de Concessão de Uso Especial para IV - estabelecer diretrizes para a definição de parâ- II - articular as intervenções habitacionais às ações
fins de Moradia – CUEM, Concessão de Direito metros técnicos para ações de melhorias habitacio- definidas no Plano Municipal de Redução de Ris-
Real de Uso – CDRU, Termos de Permissão de Uso nais em assentamentos precários, buscando novas cos;
– TPU ou quaisquer outros instrumentos utiliza- tecnologias e metodologias de redução de impacto
dos administrativamente para promover a regula- social e ambiental. III - considerar, no planejamento dos programas
rização da posse ou da propriedade. da política habitacional, a demanda gerada pelas
SEÇÃO V ações de reassentamento de famílias em áreas de
SEÇÃO IV DA GESTÃO DE RISCO risco definidas no Plano Municipal de Redução de
DA PARAMETRIZAÇÃO E NORMATIZAÇÃO Riscos e as demandas resultantes de sentença judi-
PARA HABITAÇÃO DE INTERESSE Art. 92. A ação de Gestão de Risco, em consonância cial com trânsito em julgado;
SOCIAL E QUALIFICAÇÃO DOS PROJETOS com os artigos 297 a 300 do PDE, é o conjunto de
ARQUITETÔNICOS E URBANÍSTICOS medidas que objetivam: IV - incorporar a caracterização de risco dos assen-
tamentos precários à sistemática de priorização
Art. 90. A ação de Parametrização e Normatização I - a redução dos riscos geológicos e hidrológicos; das intervenções;
para Habitação de Interesse Social e Qualificação
dos Projetos Arquitetônicos e Urbanísticos tem II - a promoção da segurança e a proteção perma- V - incorporar a caracterização de famílias em áre-
como objetivo aprimorar as normativas e parâ- nente da população e do patrimônio, frente à ocor- as de risco à sistemática de priorização no atendi-
metros técnicos que incidem sobre a promoção rência de diferentes tipos de desastres; mento habitacional provisório e definitivo;
habitacional de interesse social, além de orientar,
acompanhar e qualificar os projetos arquitetônicos III - a minimização de danos decorrentes de even- VI - implementar sistemática de gestão de riscos
e urbanísticos. tos geológicos e hidrológicos adversos, para garan- durante as intervenções, sejam aqueles pré-exis-
tia do direito à moradia digna. tentes, sejam os resultantes da coexistência entre
Parágrafo único. A ação mencionada no “caput” as frentes de obras e população moradora;
abrange projetos de urbanização, regularização Art. 93. A política habitacional do Município con-
fundiária, produção e requalificação de empreen- templará estratégias de articulação com o Plano VII - prevenir a reocupação de áreas desocupadas
dimentos habitacionais, em especial os de grande Municipal de Redução de Riscos, devendo ser con- por risco, mediante guarda e destinação a uso sus-
porte e forte impacto urbanístico e ambiental, defi- sideradas: tentável.
nidos em regulamentação específica.
I - as interfaces relativas à regularização urbanísti- VIII - regulamentar normas de controle do uso e
Art. 91. A ação de Parametrização e Normatização ca, jurídica, fundiária e ambiental de assentamen- ocupação do solo em áreas de risco situadas em ZEIS,
para Habitação de Interesse Social e Qualificação tos precários e irregulares; por meio dos Planos de Urbanização de ZEIS, pre-
dos Projetos Arquitetônicos e Urbanísticos tem as vendo instrumentos para impedir sua reocupação.
seguintes atribuições: II - as necessidades de reassentamento previstas
no Plano. Art. 95. Em articulação com o Plano Municipal de
I - estudar, propor e aprimorar normativas e pa- Redução de Riscos e com outras intervenções per-
râmetros técnicos que incidem sobre a promoção Art. 94. O planejamento, o projeto e a execução de tinentes à gestão de riscos, a política habitacional
habitacional de interesse social, em articulação intervenções habitacionais do Município em áreas do Município contempla, dentre outras, as seguin-
com outros órgãos públicos, com as universidades, previamente caracterizadas como de risco ambien- tes ações:
instituições de pesquisa, entidades, representantes tal, bem como as ações que envolvam gestão de ris-
de classe, entre outros, de acordo com o artigo 370 cos preexistentes ou induzidos pelas intervenções I - inserir as informações do planejamento e mo-
do PDE; habitacionais, obedecerão às diretrizes definidas nitoramento das intervenções habitacionais nos
no Plano Diretor Estratégico e no Plano Municipal sistemas de informação sobre áreas de risco do
II - acompanhar o desenvolvimento de projetos de Redução de Riscos, bem como às seguintes dire- Município;
habitacionais de interesse social e de mercado po- trizes complementares:

30 Plano Municipal de Habitação de São Paulo | Projeto de Lei nº 619/16 | Dezembro de 2016
II - identificar as situações de risco existentes, com IV - definição das ações e intervenções necessárias QHs deve contar ao menos com uma oficina de dis-
o grau de risco envolvido, no cadastro de famílias para a implantação de obras estruturais de redução cussão das propostas apresentadas pelo Executivo
beneficiadas por intervenções habitacionais; de riscos e adoção de medidas de segurança e pro- e uma audiência pública devolutiva por Subprefei-
teção, com fixação de prioridades, prazos e estima- tura ou grupos de Subprefeituras.
III - incluir as intervenções realizadas no âmbito tivas de custos e recursos necessários;
dos programas municipais no cadastro de inter- § 2º As atividades de participação mencionadas no
venções em áreas de risco do município; V - definição de estratégias para realização de re- parágrafo anterior devem ser convocadas com no
alocações preventivas de moradores de áreas de mínimo 10 (dez) dias de antecedência, com dispo-
IV - implantar sistemática de guarda das áreas em risco, quando esta for a única alternativa ou mais nibilização de informações e materiais de esclare-
obras ou sob administração da Secretaria Munici- eficaz para a garantia das condições de segurança cimento, em locais e horários adequados e seu re-
pal de Habitação – Sehab e articular as desocupa- dos moradores. gistro deve ser disponibilizado ao público.
ções de áreas com a ação fiscalizatória das Subpre-
feituras, de modo a prevenir reocupação de áreas; § 3º As Subprefeituras e os núcleos regionais de pla-
CAPÍTULO VIII nejamento, estabelecidos no artigo 324, § 1o, do PDE,
V - garantir, no projeto e na execução das inter- DOS PLANOS DE AÇÃO devem participar ativamente do processo de elabo-
venções, que as áreas desocupadas recebam uso QUADRIENAIS DE HABITAÇÃO ração dos PAQHs e supervisionar a execução das
e apropriação adequados, de modo a prevenir sua disposições do PMH e dos seus respectivos PAQHs.
reocupação; Art. 97. Os Planos de Ação Quadrienais de Habi-
tação – PAQHs são o instrumento de planejamen- Art. 100. Os PAQHs devem conter um diagnóstico
VI - articular a gestão de riscos durante o processo to quadrienal das ações da política habitacional territorializado das necessidades habitacionais por
de implantação das intervenções com o monito- previstas no Plano Municipal de Habitação, cons- Subprefeitura, em consonância ao artigo 11 desta
ramento participativo das áreas de riscos, com os truído a partir de processo participativo em nível lei, e devem estabelecer prioridades de interven-
Núcleos de Defesa Civil – NUDEC, com o trabalho local, a ser estabelecido por Decreto Municipal no ções e de investimentos e metas por programa ha-
das Coordenadorias Distritais de Defesa Civil das primeiro ano de cada gestão, e será incorporado no bitacional.
Subprefeituras, com o monitoramento das condi- Programa de Metas, Plano Plurianual e Planos de
ções meteorológicas desenvolvido no âmbito do Subprefeituras. § 1º O diagnóstico das necessidades habitacionais
Centro de Gerenciamento de Emergências – CGE e por Subprefeitura deve conter os seguintes dados:
com ações de educação ambiental focadas na pre- Art. 98. Os PAQHs devem estabelecer metas terri-
venção de desastres; torializadas para cada um dos programas e ações I - quadro das necessidades habitacionais atualiza-
da política habitacional previstos no PMH. do, conforme Anexo 2 desta lei, considerada a pro-
VII - implantar, nas frentes de obra, os protocolos jeção de crescimento demográfico para o período
de prevenção e alerta e ações emergenciais em cir- Art. 99. Os PAQHs devem ser elaborados sob coor- do PAQH, detalhado por grupos sociais definidos a
cunstâncias de desastres definidos no planejamen- denação da Secretaria Municipal de Habitação de partir dos seus rendimentos familiares, conforme
to municipal relativo à redução de riscos. forma participativa e regionalizada, no nível das estabelecido no Anexo 4 desta lei;
Subprefeituras ou de grupos de Subprefeituras, com
Art. 96. O planejamento de intervenções habita- a participação, ao menos, dos seguintes conselhos: II - projeção das fontes e do montante de recursos
cionais que envolva ações de gestão de risco deve- financeiros necessários para a implementação das
rá conter, no mínimo: I - no nível local, na primeira etapa de elabora- metas propostas para o PAQH, a partir da atuali-
ção dos PAQHs, quando serão definidas as metas zação dos custos unitários de implementação de
I - mapeamento, caracterização e dimensionamen- para cada Subprefeitura, deve haver participação cada programa, conforme apresentado no Anexo
to das áreas de risco de inundação, deslizamento dos Conselhos Gestores de ZEIS e dos Conselhos 5 desta lei;
e solapamento, classificadas segundo tipo e graus Participativos das Subprefeituras, ou o que vier a
de risco; substituí-los; III - previsão do montante de recursos financeiros
disponíveis, sejam orçamentários ou de outras fon-
II - análise, quantificação e caracterização das famí- II - no nível municipal, na etapa de consolidação do tes, para o período do PAQH em elaboração;
lias moradoras das áreas de risco mencionadas no PAQH do período, devem ser consultados o Conse-
inciso anterior, segundo perfis demográficos, socio- lho Municipal de Habitação, o Fórum de Conselhos IV - dimensionamento da quantidade de terras ur-
econômicos e habitacionais, entre outros aspectos; Gestores de ZEIS e o Conselho de Planejamento e banas adequadas e bem localizadas para a produção
Orçamento Participativos, ou o que vier a substi- de novas habitações de interesse social, bem como
III - estratégias de articulação com a implementação tuí-los. definição de estratégias para aquisição dos recursos
do Plano Municipal de Redução de Riscos e com o fundiários para implementação das metas.
Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos; § 1º O processo participativo de elaboração dos PA-

Título II | Do Plano Municipal de Habitação 31


§ 2º O estabelecimento das metas por programa
habitacional, citadas no “caput”, devem ainda con-
siderar: TÍTULO III
DA ARTICULAÇÃO DO PLANO
CAPÍTULO I
DOS PLANOS REGIONAIS DAS
SUBPREFEITURAS
I - as diretrizes para a política habitacional, apon- MUNICIPAL DE HABITAÇÃO
tadas no artigo 2º desta lei, especialmente aquelas COM OS INSTRUMENTOS Art. 103. O Plano Municipal de Habitação deve
que tratam da priorização das ações e dos investi- URBANÍSTICOS integrar-se às políticas públicas setoriais no terri-
mentos; tório, por meio dos Planos Regionais das Subpre-
feituras e de seus respectivos Planos de Ação,
II - a continuidade das ações da política habitacio- desenvolvidos a cada 4 (quatro) anos, conforme ar-
nal já em andamento; tigo 346 do PDE, compatibilizando, quando perti-
nente, os Perímetros de Ação dos Planos Regionais
III - a articulação com a Política Municipal de Re- e os Planos de Intervenção Integrada, de modo a
dução de Risco; otimizar recursos e potencializar os resultados.

IV - a caracterização e classificação dos assenta- Art. 104. O PMH deve, ainda, articular-se às ins-
mentos precários por grau de precariedade, con- tâncias locais de participação e planejamento,
forme definido no Anexo 3 desta lei; como os Núcleos Regionais de Planejamento, pre-
vistos no artigo 324 do PDE, descentralizando os
V - a existência de intervenções urbanísticas es- processos de discussão e pactuação das interven-
truturadoras de mobilidade, macrodrenagem, ções no território.
sistema viário, de recuperação de fundos de vale,
entre outros, que exigem a remoção de famílias e a
intervenção em assentamentos precários; CAPÍTULO II
DAS OPERAÇÕES URBANAS
VI - a possibilidade de articulação com outras po- CONSORCIADAS E ÁREAS DE
líticas setoriais no território, em consonância com INTERVENÇÃO URBANA
os Planos Regionais das Subprefeituras;
Art. 105. Nas Operações Urbanas Consorciadas e
VII - a presença de organização comunitária nos Áreas de Intervenção Urbana, em que há a obri-
assentamentos, de forma a potencializar os efeitos gatoriedade da destinação de recursos arrecadados
das políticas em uma perspectiva emancipatória e para a promoção de Habitação de Interesse Social,
democrática; conforme previsto no artigo 142 do PDE, deverá
ser realizado um Plano de Intervenção Integrada,
VIII - a relação entre o tempo de execução da in- definido nesta lei, ou Projeto de Intervenção Ur-
tervenção e os custos implicados, ponderados pelo bana - PIU, definido no artigo 134 do PDE, tendo
grau de urgência que cada necessidade habitacio- como base um diagnóstico físico e social que orien-
nal envolve, a fim de estruturar as ações de forma te as ações, nos termos do artigo 59 desta lei.
combinada entre os diferentes programas elenca-
dos no Plano Municipal de Habitação. § 1º São diretrizes da política habitacional para a
priorização da destinação dos recursos disponibili-
Art.101. As metas dos PAQHs serão detalhadas zados por meio dos instrumentos mencionados no
ano a ano nas Leis de Diretrizes Orçamentárias e “caput” deste artigo:
nas Leis Orçamentárias Anuais e reajustadas ao fi-
nal de cada exercício fiscal. I - aquisição de terrenos e imóveis edificados, em
momento anterior às intervenções, de modo a
Art. 102. Os PAQHs devem estar articulados ao constituir um banco de terras para a política ha-
Sistema de Informações Habitacionais em sua fase bitacional;
de elaboração e monitoramento.
II - provisão de unidades habitacionais para consti-
tuição de um parque público para o Programa Lo-
cação Social;

32 Plano Municipal de Habitação de São Paulo | Projeto de Lei nº 619/16 | Dezembro de 2016
III - investimentos para a eliminação da precarie- CAPÍTULO III Art. 111. Os imóveis ocupados informalmente por
dade habitacional e urbana, em consonância às di- DA COTA DE SOLIDARIEDADE população de baixa renda para fins habitacionais
retrizes da política habitacional, estabelecida nesta são passíveis de notificação para o Parcelamento,
lei, para consolidação e qualificação dos assenta- Art. 107. Para o cumprimento da Cota de Solida- Edificação ou Utilização Compulsórios, quando se
mentos precários e minimização das remoções nas riedade, nos termos dos artigos 111 e 112 do PDE, puder demonstrar que estavam sujeitos à aplicação
intervenções realizadas com este fim; quando se tratar da produção de Habitação de In- deste instrumento no momento da ocupação, nos
teresse Social pelo próprio promotor, a Secretaria termos do PDE.
IV - atendimento de demandas habitacionais ex- Municipal de Licenciamento deverá enviar comu-
ternas aos perímetros de intervenção, a partir de nicação à Secretaria Municipal de Habitação para Parágrafo único. Os prazos para cumprimento das
cadastros específicos indicados pela Secretaria Mu- que seja indicada a demanda a ser atendida. obrigações estabelecidas ao proprietário notificado
nicipal de Habitação, no próprio perímetro ou no começarão a fluir de imediato quando da desocu-
perímetro expandido, definidos pelo instrumento. Art. 108. Caso o promotor do empreendimento pação do imóvel.
opte pela doação de terreno ou terrenos para a
§ 2º São diretrizes da política habitacional para a produção de Habitação de Interesse Social, confor-
participação social na gestão e no controle dos ins- me o inciso II do artigo 112 do PDE, sua avaliação CAPÍTULO V
trumentos urbanísticos citados no “caput” deste deverá ser aprovada pela Secretaria Municipal de DOS EIXOS DE ESTRUTURAÇÃO
artigo, na revisão ou proposição de suas leis especí- Habitação ou pela Companhia Metropolitana de DA TRANSFORMAÇÃO URBANA
ficas, mantendo-se a paridade entre representan- Habitação de São Paulo, após avaliação da localiza-
tes do Poder Público e da sociedade civil na compo- ção do terreno proposto, da existência de passivos Art. 112. Quando da formulação de projetos públi-
sição de seus grupos e instâncias de gestão: ambientais ou fundiários e da adequação do ter- cos, por meio de Projetos de Intervenção Urbana
reno em relação aos aspectos legais, urbanísticos e – PIU, para implementação dos Eixos de Estrutu-
I - prever a indicação de membros do Conselho edilícios, entre outros. ração da Transformação Urbana deve ser prevista
Municipal de Habitação, dos movimentos sociais, a desapropriação de áreas específicas destinadas à
conforme mencionado no artigo 119 desta lei; Art. 109. Caso o cumprimento da Cota de Solida- provisão de Habitação de Interesse Social.
riedade seja realizado com a doação de recursos
II - prever a eleição ou a indicação de represen- ao Município para fins de produção de Habitação Parágrafo único. As áreas destinadas à provisão
tantes de moradores ou movimentos sociais com de Interesse Social, deverá ser ouvido o Conselho habitacional mencionadas no “caput” deste artigo
atuação na área de intervenção, como membros da Municipal de Habitação na definição de sua desti- e as áreas remanescentes previstas no artigo 83, §
sociedade civil. nação, sem prejuízo das competências do Conselho 2º, do PDE deverão ser repassadas ao Fundo Muni-
Gestor do Fundurb. cipal de Habitação – FMH.
Art. 106. O adensamento construtivo e populacio-
nal a ser realizado nas áreas de Operações Urba-
nas Consorciadas e Áreas de Intervenção Urbana CAPÍTULO IV CAPÍTULO VI
deverá contemplar a produção de Habitação de DOS INSTRUMENTOS INDUTORES DAS ÁREAS DE ESTRUTURAÇÃO
Interesse Social para atendimento da demanda ha- DA FUNÇÃO SOCIAL DA LOCAL
bitacional prioritária, oriunda dos perímetros de PROPRIEDADE URBANA
intervenção ou de seus perímetros expandidos ou, Art. 113. Os Planos de Intervenção Integrada e as
ainda, de outras regiões da cidade, conforme regu- Art. 110. A Secretaria Municipal de Desenvolvi- demais ações da política habitacional podem se va-
lamentação e cadastro específicos. mento Urbano e a Secretaria Municipal de Habi- ler das Áreas de Estruturação Local – AEL, como
tação estabelecerão em conjunto perímetros e situ- meio de articulação das políticas setoriais no ter-
Parágrafo único. A Secretaria Municipal de Habi- ações prioritárias para aplicação do Parcelamento, ritório, principalmente quando estas envolverem
tação é responsável pela identificação da demanda Edificação e Utilização Compulsórios – PEUC, den- assentamentos precários.
a ser atendida, nos casos mencionados no “caput” tre os instrumentos previstos no PDE, quando esse
deste artigo, e pela elaboração dos cadastros espe- instrumento puder fomentar a produção privada Parágrafo único. A Secretaria Municipal de Habi-
cíficos. de Habitação de Interesse Social em imóveis não tação poderá propor e promover a implementação
edificados, subutilizados ou não utilizados, em ar- de Áreas de Estruturação Local e demais instru-
ticulação com os programas habitacionais estabe- mentos do PDE, por meio de Projetos de Interven-
lecidos nesta lei. ção Urbana, em consonância aos Planos Regionais
das Subprefeituras, nos casos em que a prioridade
Parágrafo único. Os imóveis localizados em ZEIS 2, da intervenção seja o equacionamento de situa-
3 e 5 são considerados prioritários para aplicação ções de precariedade habitacional e urbana.
do PEUC.

Título III | Da articulação do Plano Municipal de Habitação com os instrumentos urbanísticos 33


CAPÍTULO VII
DO CONSÓRCIO IMOBILIÁRIO

Art. 114. As Secretarias Municipais de Desenvol-


vimento Urbano e Habitação estabelecerão em
conjunto os critérios e procedimentos para o cha-
mamento público e a seleção de imóveis cujos pro-
prietários pretendam celebrar com o Poder Público
contrato de permuta na modalidade de consórcio
imobiliário, nos termos do PDE e da Lei Municipal
nº 16.377, de 1º de fevereiro de 2016.

TÍTULO IV
DA GESTÃO PARTICIPATIVA
Art. 115. A gestão participativa e o controle social
na Política Municipal de Habitação deverão estar
CAPÍTULO I
DA CONFERÊNCIA MUNICIPAL
em consonância aos princípios e objetivos da Polí- DE HABITAÇÃO
E CONTROLE SOCIAL NA tica Municipal de Participação Social e ocorrer, ao
POLÍTICA MUNICIPAL DE menos, por meio das seguintes instâncias institu- Art. 116. A Conferência Municipal de Habitação
HABITAÇÃO cionais, que fazem parte do Sistema Municipal de será convocada pelo Conselho Municipal de Habi-
Participação Social: tação, observado o calendário nacional de confe-
rências, e será articulada com o Sistema de Parti-
I - as Conferências Municipais de Habitação; cipação do Ministério das Cidades, representando
etapa preparatória para as conferências estadual e
II - o Conselho Municipal de Habitação; nacional das cidades.

III - os Conselhos Gestores, vinculados aos Instru- § 1º Alternativamente ao calendário nacional e à


mentos Urbanísticos; convocação pelo Conselho Municipal de Habita-
ção, o Prefeito pode convocar extraordinariamen-
IV - o Fórum dos Conselhos Gestores de ZEIS. te a Conferência Municipal de Habitação, determi-
nando seus objetivos e competências, atentando
§ 1º Poderão ser criadas instâncias regionalizadas para que possa ser realizada, no mínimo, a cada 3
de participação social no âmbito do Conselho Mu- (três) anos.
nicipal de Habitação, por meio dos Conselhos Re-
gionais de Habitação em cada Subprefeitura, ou no § 2º A composição e as atribuições da Comissão
âmbito dos Conselhos Participativos Municipais, Preparatória para a Conferência Municipal de Ha-
ou o que vier a substituí-los, por meio de grupo de bitação deverão atender as normas do Conselho
trabalho ou comitê temático específico. das Cidades, do Ministério das Cidades.

§ 2º Deverá ser assegurada pelo Executivo a reali- § 3º Caberá à Conferência Municipal de Habitação:
zação de processos de formação e capacitação dos
membros das instâncias participativas supracita- I - avaliar e propor diretrizes para a Política Muni-
das, os quais devem ocorrer no prazo máximo de cipal de Habitação;
90 (noventa) dias a partir da posse e ao menos uma
vez a cada ano de mandato. II - sugerir propostas de alteração do Plano Muni-
cipal de Habitação e de legislação complementar,
que devem ser consideradas no momento de sua
modificação ou revisão;

III - discutir as pautas nacionais, estaduais, me-


tropolitanas e municipais em relação às propostas

34 Plano Municipal de Habitação de São Paulo | Projeto de Lei nº 619/16 | Dezembro de 2016
para a Política Municipal de Habitação; volvimento urbano, assistência e desenvolvimen- tação deverá regulamentar, em 120 (cento e vinte)
to social, licenciamento urbano, direitos humanos, dias contados da publicação desta lei, por meio de
IV - eleger membros da sociedade civil para o Con- desenvolvimento e trabalho, verde e meio ambien- portaria, a constituição dos FCGZEIS e as orienta-
selho Municipal de Habitação, quando os calendá- te e coordenação de Subprefeituras ou estrutura ções para eleição de seus representantes que irão
rios forem compatíveis. descentralizada que venha a substituí-la. integrar o Conselho Municipal de Habitação.

III – alteração da composição da Comissão Execu- Art. 121. O FCGZEIS tem por objetivos:
CAPÍTULO II tiva e da Secretaria Executiva do Conselho Muni-
DO CONSELHO MUNICIPAL DE cipal de Habitação para reestruturá-las de forma I - ampliar os espaços de participação social e ar-
HABITAÇÃO a contemplar as alterações de nomenclatura da ticulação para o acompanhamento e discussão
Secretaria Municipal de Habitação e a extinção da da política habitacional do Município, sobretudo
Art. 117. O Conselho Municipal de Habitação, Superintendência de Habitação Popular; aquela referente a intervenções em assentamen-
além de suas atribuições e demais aspectos regu- tos precários;
lamentados pela Lei nº 13.425, de 2 de setembro de IV – simplificação do processo de nomeação dos
2002, deverá ser consultado sobre a formulação e membros do Conselho Municipal de Habitação e II - reunir integrantes dos Conselhos Gestores de
implementação do Plano Municipal de Habitação de sua Comissão Executiva, para que passe a ocor- ZEIS - CGZEIS instituídos, de forma a fortalecer sua
e dos Planos de Ação Quadrienais de Habitação – rer por meio de portaria do próprio Secretário Mu- representação nas demais esferas de participação
PAQHs. nicipal de Habitação. social e possibilitar a construção de pautas comuns,
no que tange à política habitacional e, em especial,
Art. 118. A Lei nº 13.425, de 2002, deve ser revisa- às intervenções em assentamentos precários;
da em até 90 (noventa dias) da publicação desta lei, CAPÍTULO III
com base nas seguintes diretrizes: DOS CONSELHOS GESTORES III - criar instância de comunicação entre o Conse-
VINCULADOS AOS lho Municipal de Habitação e os Conselhos Gesto-
I - inclusão entre as competências do Conselho INSTRUMENTOS URBANÍSTICOS res de ZEIS.
Municipal de Habitação de apreciação e discussão
dos planos de investimentos do Fundo Municipal Art. 119. Os conselhos gestores, grupos de gestão e Art. 122. São atribuições do FCGZEIS:
de Desenvolvimento Urbano - Fundurb, do Fundo demais instrumentos e mecanismos de participa-
Municipal de Saneamento e Infraestrutura - FM- ção e controle social que vierem a ser instituídos I - participar da elaboração e acompanhar a im-
SAI, das Operações Urbanas Consorciadas - OUCs com a finalidade de democratizar a gestão dos pro- plementação dos Planos de Urbanização de ZEIS e
e dos Projetos de Intervenção Urbana – PIUs, apre- cessos de elaboração e implementação dos Projetos demais programas da política habitacional, quando
sentados por seus conselhos e representantes le- de Intervenção Urbana, viabilizados por meio de couber;
gais, anualmente em reunião do CMH, buscando a Operações Urbanas Consorciadas ou Áreas de In-
transparência e ampla divulgação dos investimen- tervenção Urbana, nos termos do PDE, devem pre- II - estimular a participação e o controle popular
tos em habitação social no Município; ver, quando couber, a participação de um membro sobre a implementação das políticas públicas habi-
do Conselho Municipal de Habitação, representan- tacionais e de desenvolvimento urbano;
II - alteração da composição do Conselho Munici- te de entidades comunitárias e de organizações po-
pal de Habitação, mantendo-se a atual paridade pulares, em sua composição. III - articular-se com as demais instâncias de parti-
entre o setor público, entidades comunitárias e de cipação popular do Município;
organizações populares e setores sindicais e de re-
presentação de classe, de forma a: CAPÍTULO IV IV - elaborar, aprovar e emendar o seu Regimento
DO FÓRUM DE CONSELHOS Interno, que deverá prever os procedimentos de
a) incluir, pelo menos, 2 (dois) representantes do GESTORES DE ZEIS eleição de seus representantes no Conselho Muni-
Fórum dos Conselhos Gestores de ZEIS entre os cipal de Habitação;
representantes das entidades comunitárias e de Art. 120. Fica criado o Fórum de Conselhos Ges-
organizações populares ligados à habitação, eleitos tores de ZEIS – FCGZEIS, que constitui instância V - eleger representantes para integrar o Conselho
diretamente; de participação popular composta por integrantes Municipal de Habitação, de forma a possibilitar a
dos Conselhos Gestores de ZEIS instituídos, nos participação de integrantes dos Conselhos Gesto-
b) revisar os representantes do setor público muni- termos do PDE, com caráter consultivo sobre a res de ZEIS nas demais instâncias de participação e
cipal para incluir aqueles das secretarias que têm política habitacional do Município, especialmente controle social da política habitacional.
competência sobre políticas públicas relacionadas voltada aos assentamentos precários.
diretamente à habitacional, quais sejam, saúde, Art. 123. O Fórum de Conselhos Gestores de ZEIS
serviços urbanos, infraestrutura e obras, desen- Parágrafo único. A Secretaria Municipal de Habi- terá a seguinte composição:

Título IV | Da gestão participativa e controle social na política municipal de habitação 35


I - 1 (um) representante e 1 (um) suplente eleitos,
para cada Conselho Gestor de ZEIS vigente, com
poder de voto, sem prejuízo da participação e fala TÍTULO
DO SISTEMA DE
V CAPÍTULO I
DO SISTEMA MUNICIPAL DE
dos demais conselheiros interessados em partici- INFORMAÇÕES HABITACIONAIS
par; INFORMAÇÕES, SISTEMA
DE GESTÃO DA DEMANDA Art. 125. A Secretaria Municipal de Habitação de-
II - o Secretário Adjunto ou representante da Coor- E MONITORAMENTO DA verá manter o Sistema Municipal de Informações
denação dos departamentos de ações regionaliza- POLÍTICA HABITACIONAL Habitacionais – SMIH atualizado com informações
das da Secretaria Municipal de Habitação; disponibilizadas sobre os assentamentos precá-
rios, produção habitacional, cadastro habitacio-
III - 1 (um) representante e 1 (um) suplente eleitos nal, regularização fundiária, intervenções e obras,
de cada departamento de ações regionalizadas da atendimentos realizados e outras informações re-
Secretaria Municipal de Habitação, ou da estrutura ferentes à temática habitacional, produzidas pela
que vier a substituí-la. Administração Pública Municipal.

§  1º O Secretário Adjunto ou representante da § 1º O SMIH deve atender aos princípios da simpli-


Coordenação dos departamentos de ações regio- ficação, economicidade, eficácia, clareza, precisão
nalizadas da Secretaria Municipal de Habitação e segurança, evitando-se a duplicação de meios e
desempenhará o papel de Secretário Executivo do instrumentos para fins idênticos.
FCGZEIS.
§ 2º O SMIH buscará, progressivamente, permitir:
§ 2º Será escolhido dentre os membros represen-
tativos do Poder Público aquele que será nomeado I - acessar as informações sobre os assentamentos
suplente do Secretário Executivo, devendo atuar precários e a produção habitacional realizada com
nos casos de ausência justificada e casos de força recursos públicos e atendimento à demanda habi-
maior. tacional cadastrada na Sehab ou Cohab-SP;

§ 3º Caberá aos representantes eleitos de cada CG- II - mapear e monitorar as ações realizadas e plane-
ZEIS a comunicação com os demais conselheiros jadas pela Sehab e Cohab-SP;
de seu CGZEIS de origem, sobre os assuntos trata-
dos no FCGZEIS. III - gerar relatórios de famílias atendidas em pro-
gramas de atendimento habitacional provisório e
§ 4º Membros do FCGZEIS poderão postular suas definitivo;
representações no CMH.
VI - aperfeiçoar a metodologia de mapeamento dos
Art. 124. O FCGZEIS se reunirá em locais adequa- assentamentos precários e da produção habitacio-
dos e de fácil acesso, designados pela Secretaria nal que considere a base cartográfica oficial do Mu-
Municipal de Habitação ou pelos conselheiros, e nicípio de São Paulo e esteja em conformidade com
terá reuniões ordinárias a cada 2 (dois) meses. o Decreto Federal nº 5.334, de 6 de janeiro de 2005,
ou outro que vier a substituí-lo.
Parágrafo único. O Secretário Executivo do Fórum
de Conselhos Gestores de ZEIS poderá convocar § 3º O SMIH deve seguir as diretrizes e estar inte-
reuniões extraordinárias, comunicando seus mem- grado ao Sistema Municipal de Informações insti-
bros com antecedência mínima de 10 (dez) dias. tuído pelo artigo 352 do PDE.

§ 4º Deve ser assegurada ampla divulgação dos


dados e informações do SMIH, por intermédio do
sítio eletrônico da Secretaria Municipal de Habita-
ção, bem como por outros meios úteis a tal fina-
lidade, em linguagem acessível à população e em
conformidade à Lei de Acesso à Informação – Lei
Federal nº 12.527, de 18 de novembro de 2011.

36 Plano Municipal de Habitação de São Paulo | Projeto de Lei nº 619/16 | Dezembro de 2016
CAPÍTULO II III - execução orçamentária;
DO SISTEMA DE GESTÃO DA
DEMANDA E ATENDIMENTO IV - geração de relatório no final da vigência dos
HABITACIONAL Planos de Ação Quadrienais de Habitação.

Art. 126. A Secretaria Municipal de Habitação § 2º O Monitoramento da Política Habitacional de-


deverá manter o Sistema de Gestão da Demanda verá compor o Sistema Municipal de Informações
e Atendimento Habitacional, a fim de possibilitar Habitacionais de maneira integrada e relacional e
a adequada gestão das informações referentes ao atender ao disposto no artigo 125, § 4º, desta lei.
número de famílias demandantes por moradia as-
sociadas às informações dos atendimentos habita- Art. 128. Ao final de cada exercício fiscal, o Execu-
cionais realizados. tivo encaminhará ao Conselho Municipal de Ha-
bitação o relatório de execução orçamentária das
§ 1º O Sistema de Gestão da Demanda e Atendi- ações e programas previstos no Plano Municipal
mento Habitacional deverá compor o Sistema Mu- de Habitação e nos PAQHs.
nicipal de Informações Habitacionais, de maneira
integrada e relacional, assim como atender ao dis-
posto no artigo 125, § 4º, desta lei.

§ 2º O Sistema de Gestão da Demanda e Atendi-


mento Habitacional deverá manter atualizado o TÍTULO VI
DAS DIRETRIZES,
CAPÍTULO I
DAS DIRETRIZES E
cadastro municipal de demanda por moradia, inte- INSTRUMENTOS DE
grado com o cadastro de famílias em atendimento INSTRUMENTOS E FONTES FINANCIAMENTO HABITACIONAL
habitacional provisório e definitivo. DE FINANCIAMENTO
HABITACIONAL Art. 129. São diretrizes para a estruturação finan-
§ 3º O Sistema de Gestão da Demanda e Atendi- ceira do Plano Municipal de Habitação:
mento Habitacional deverá auxiliar o planeja-
mento do atendimento habitacional e das ações do I - estabelecer uma estrutura de governança e ges-
Poder Público, podendo estabelecer uma projeção tão participativa e inclusiva, promovendo trans-
de vinculação entre a demanda e a oferta habita- parência, controle e contabilidade dos processos,
cional. custos e resultados, e estimulando processos de
autogestão, por meio do empoderamento das co-
munidades na tomada de decisão sobre questões
CAPÍTULO III orçamentárias, inclusive em nível local;
DO MONITORAMENTO DA
POLÍTICA HABITACIONAL III - promover o fortalecimento institucional dos
processos de governança na utilização dos re-
Art. 127. As metas previstas nos Programa de Me- cursos do Fundo Municipal de Habitação – FMH,
tas e nos Planos de Ação Quadrienal de Habitação Fundo Municipal de Desenvolvimento Urbano
- PAQHs serão gerenciadas e disponibilizadas no – Fundurb e Fundo Municipal de Saneamento
Sistema Municipal de Informações Habitacionais Ambiental e Infraestrutura – FMSAI, bem como
para o devido monitoramento pelos diversos ór- das Operações Urbanas Consorciadas e Áreas de
gãos públicos e pela população. Intervenção Urbana, promovendo o contínuo ali-
nhamento dos Conselhos e Grupos de Gestão na
§ 1º O Monitoramento da Política Habitacional tomada de decisões;
deve seguir as seguintes diretrizes:
III - estabelecer formas de monitoramento e ava-
I - atualização permanente das informações de liação da execução orçamentária da política habi-
acompanhamento das ações; tacional, de forma a fortalecer a transparência e o
controle social;
II - mapeamento das ações realizadas e planejadas,
por Subprefeitura; IV - prever o alinhamento com os programas habi-

Título VI | Das diretrizes, instrumentos e fontes de financiamento habitacional 37


tacionais federais e estaduais para o financiamen- belecidos conforme sua renda familiar, em associa- I - subsídios e juros subsidiados de financiamento
to dos programas e ações do Município, buscando ção a fontes de recursos, nos termos do Anexo 4 para concessão de Carta de Crédito ou Microcrédi-
o devido compartilhamento dos custos da política desta lei; to articulados com os programas e estratégias esta-
habitacional com os demais entes federativos; belecidos nesta lei;
XII - aplicar no Fundo Municipal de Habitação –
V - promover a ampliação das fontes de financia- FMH as receitas financeiras advindas da comer- II - cobrança de aluguel de unidades habitacionais
mento de forma a garantir maior autonomia do cialização de unidades habitacionais, recuperação públicas e de espaços comerciais em térreos e so-
Município na implementação dos programas e de créditos, recebimento de prestações locatícias, brelojas, a serem aplicados no Fundo Municipal de
ações habitacionais, tais como aquelas provenien- recebimento por despesas condominiais e retorno Habitação e reinvestidos na política habitacional;
tes de empréstimos oriundos de fundos de pensão, de investimentos, entre outros, de modo que pos-
bancos de fomento nacionais e multilaterais, com sam ser reinvestidas na política habitacional; III - incentivos tributários aos proprietários e em-
linhas de financiamento voltadas para o desenvol- preendedores de construções existentes que ofe-
vimento econômico e social; XIII - buscar o contínuo aperfeiçoamento dos recerem unidades habitacionais para participar do
mecanismos e instrumentos de financiamento Programa Locação Social de Mercado, a depender
VI - estimular parcerias com os diversos atores da existentes, bem como promover a criação e regu- de lei específica.
sociedade civil organizada e atores privados que lamentação de novos instrumentos, com o devido
resultem em soluções adequadas, inclusivas, ino- envolvimento de todos os agentes interessados; Art. 132. Devem ser instituídos os seguintes me-
vadoras e mais econômicas para o enfrentamento canismos de apoio à gestão financeira da política
das necessidades habitacionais; XIV - implementar instrumentos de gestão das habitacional:
áreas públicas regularizadas para fins de moradia
VII - dimensionar e distribuir os recursos orçamen- da população de baixa renda, de forma que conti- I - Fundo Garantidor para consolidação de ativos
tários de acordo com programas e ações propostas nuem a cumprir sua função social, nos termos es- municipais, seja terrenos, edificações, ou recebí-
nesta lei, buscando equilibrar as oportunidades de tabelecidos pelo Plano Diretor Estratégico; veis, que pode ser utilizado para oferecer garantias
acesso à moradia e à melhoria habitacional e ur- de liquidez imediata para as operações de crédito
bana; XVI - implementar mecanismos de recuperação da associadas à implementação da política habitacio-
valorização imobiliária, quando couber, como for- nal;
VIII - considerar no estabelecimento de metas ma alternativa de financiamento da implementa-
a alocação mais eficiente e eficaz de recursos de ção da política. II - Sistema de Gestão de Ativos que possibilite
acordo com os objetivos e diretrizes da política um controle automatizado e integrado da gestão
habitacional, buscando a integração das ações de Art. 130. São diretrizes para distribuição dos recur- de terrenos, edificações e unidades habitacionais
forma a otimizar os recursos públicos; sos financeiros entre os beneficiários da política abrangidos pelos programas habitacionais estabe-
habitacional: lecidos por esta lei e que permita o acompanha-
IX - atuar de forma conjunta e articulada com a mento das ações da política habitacional.
política de desenvolvimento urbano e demais po- I - associação das modalidades dos programas pro-
líticas sociais da cidade, estimulando a capacitação postos nesta lei aos grupos de atendimento cons-
e a geração de renda para a população que reside tantes do Anexo 4 desta lei, de forma a possibilitar CAPÍTULO II
em assentamentos precários, dinamizando a eco- um direcionamento da política para cada situação, DAS FONTES DE RECURSOS
nomia local, e consequentemente permitindo às com ênfase no atendimento dos grupos 1 e 2 do re- FINANCEIROS PARA HABITAÇÃO
famílias aumentar sua capacidade de autofinan- ferido Anexo 4, que compõe a camada com menor DE INTERESSE SOCIAL
ciamento; poder de pagamento e nas quais se concentram as
necessidades habitacionais do Município;
X - estimular a aplicação dos instrumentos do PDE SEÇÃO I
para a produção de Habitação de Interesse Social, II - a priorização ao atendimento a situações de na- DO FUNDO MUNICIPAL DE HABITAÇÃO
tais como, a Cota de Solidariedade e o Consórcio tureza coletiva, seja essa decorrente da presença
Imobiliário de Interesse Social; física de um núcleo habitacional, seja como resul- Art. 133. Deverá ser revista a Lei Municipal
tado de um processo organizativo próprio. nº 11.632, de 22 de julho de 1994, que dispõe so-
XI - promover política de concessão de subsídios bre o Fundo Municipal de Habitação – FMH, em
que considere o nível de renda das famílias, alo- Art. 131. Devem ser regulamentados os seguintes 90 (noventa) dias, contados da publicação desta lei,
cando-se os subsídios públicos de acordo com a mecanismos de financiamento e de incentivo para orientada pelas seguintes diretrizes:
capacidade de pagamento das famílias e de acordo fins de implementação do Plano Municipal de Ha-
com o público-alvo dos programas, atribuindo-se bitação: I - ampliar as fontes de recursos que alimentam o
faixas de subsídios a grupos de atendimento, esta- FMH por fontes orçamentárias e ainda:

38 Plano Municipal de Habitação de São Paulo | Projeto de Lei nº 619/16 | Dezembro de 2016
a) com os recursos oriundos dos Termos de Permis- Art. 136. No mínimo 30% (trinta por cento) dos
são de Uso – TPUs onerosos de conjuntos habita- recursos adquiridos na forma do inciso I do artigo
cionais de promoção pública realizados com apor- 340 do PDE serão destinados ao Programa Promo-
tes financeiros municipais; ção de Moradia por Autogestão, instituído por esta
lei, em conformidade com a Lei nº 16.587, de 2016.
b) com os recursos recebíveis da carteira de mutuá-
rios de conjuntos habitacionais de promoção públi-
ca realizados com aportes financeiros municipais;

II - redefinir as atribuições e competências referen-


tes à gestão e operacionalização do FMH; TÍTULO VII Art. 137. São metas mínimas do Plano Municipal
de Habitação, a serem realizadas no prazo de 16
DAS METAS E DIRETRIZES (dezesseis) anos, a contar da publicação desta lei:
III - fortalecer a estrutura de controle social do PARA DISTRIBUIÇÃO DOS
FMH; RECURSOS FINANCEIROS I - metas para o Programa Serviço de Moradia So-
cial:
IV - destinar ao menos 25% (vinte e cinco por cento)
dos recursos anualmente destinados ao FMH para a) modalidade Acolhimento Institucional Intensi-
o Programa Promoção de Moradia por Autogestão, vo: criação e operação de 5.000 (cinco mil) vagas de
instituído por esta lei, em conformidade com a Lei atendimento emergencial e transitório;
nº 16.587, de 12 de dezembro de 2016.
b) modalidade Abrigamento Transitório em Imóveis
SEÇÃO II Alugados: criação e operação de 3.000 (três mil) va-
DO FUNDO MUNICIPAL DE SANEAMENTO E gas de atendimento emergencial e transitório;
INFRAESTRUTURA
c) modalidade Abrigamento Transitório em Imóveis
Art. 134. Anualmente, representante do Fundo Públicos: provisão, mediante construção de unida-
Municipal de Saneamento e Infraestrutura - FM- de nova ou de reforma, de 8.000 (oito mil) unidades
SAI deve realizar apresentação e discussão dos habitacionais públicas para constituição do parque
planos de investimentos do fundo aos membros habitacional municipal de atendimento emergen-
do Conselho Municipal de Habitação – CMH, espe- cial e transitório, com programa operando;
cialmente em relação aos investimentos relaciona-
dos à política habitacional. d) substituição total do Auxílio Aluguel, regido pela
Portaria 131/Sehab/2015, pelas modalidades do
SEÇÃO III Serviço de Moradia Social;
DO FUNDO MUNICIPAL DE
DESENVOLVIMENTO URBANO II - metas para o Programa Provisão de Moradia
para Aquisição:
Art. 135. Anualmente, representante do Fundo
Municipal de Desenvolvimento Urbano - Fundurb a) modalidades Promoção Pública de Moradia,
deve realizar apresentação e discussão dos planos Promoção Pública de Moradia em Assentamentos
de investimentos do fundo aos membros do Conse- Precários e Promoção Privada de Moradia: provi-
lho Municipal de Habitação – CMH, especialmente são, mediante construção de unidade nova ou de
em relação aos investimentos relacionados à polí- reforma, de 64.000 (sessenta e quatro mil) unida-
tica habitacional. des habitacionais para aquisição, compreendendo
todas as etapas, até a entrega das unidades;
Parágrafo único. O Conselho Municipal de Habi-
tação poderá solicitar ao Conselho Gestor do Fun- b) modalidade Promoção de Moradia por Auto-
durb, mediante avaliação do diagnóstico realizado gestão: provisão, mediante construção de unida-
para a elaboração dos Planos de Ação Quadrienais de nova ou de reforma, de 16.000 (dezesseis mil)
de Habitação, a destinação de recursos para a im- unidades habitacionais por meio da autogestão,
plementação da política habitacional em conso- compreendendo todas as etapas, até a entrega das
nância às metas estabelecidas nesta lei. unidades;

Título VII | Das metas e diretrizes para distribuição dos recursos financeiros 39
c) modalidade Aquisição de Moradia Pronta: cria- a) modalidade Melhorias Habitacionais Integra- de Moradia Pronta;
ção e oferta de carta de crédito para aquisição de das: promover melhorias das condições de habi-
30.000 (trinta mil) moradias prontas, com valores tabilidade em moradias consolidadas ou passiveis II - mínimo de 25% (vinte e cinco por cento) do total
máximos definidos, sobretudo nas áreas recém-re- de consolidação, por meio de reformas, em 96.000 de recursos disponíveis para investimento no Pro-
gularizadas; (noventa e seis mil) domicílios; grama Urbanização de Assentamentos Precários;

III - metas para o Programa Locação Social: b) modalidade Melhorias de Conjuntos Habitacio- III - mínimo de 1% (um por cento) do total de re-
nais Irregulares: realização de obras de reforma cursos disponíveis para investimento no Programa
a) modalidade Locação Social de Promoção Pública: e adequação edilícia das áreas condominiais que Regularização Fundiária de Interesse Social;
provisão, mediante construção de unidade nova beneficiem 28.000 (vinte e oito mil) domicílios em
ou de reforma, de 10.000 (dez mil) unidades ha- conjuntos habitacionais, de forma a possibilitar IV - mínimo de 0,5% (cinco décimos por cento) do
bitacionais públicas para constituição do parque sua regularização; total de recursos disponíveis para investimento no
habitacional municipal de locação social para aten- Programa Intervenção em Cortiços;
dimento definitivo, com programa operando; VII - metas para o Programa Intervenção em Cor-
tiços: intervir junto aos proprietários e às famílias V - mínimo de 10% (dez por cento) do total de re-
b) modalidade Locação Social por Autogestão: pro- moradoras de cortiços para qualificar as condições cursos disponíveis para investimento no Programa
visão, mediante construção de unidade nova ou de de habitabilidade de 3.200 (três mil e duzentos) do- Melhorias Habitacionais;
reforma, de 2.000 (duas mil) unidades habitacio- micílios em cortiços;
nais públicas para constituição do parque habita- VI - mínimo de 10% (dez por cento) do total de re-
cional municipal de Locação Social por Autogestão, VIII - metas para o Programa Assistência Técnica, cursos disponíveis para investimento no Programa
com programa operando; Jurídica e Social: assegurar assistência técnica pú- Locação Social;
blica e gratuita à população de baixa renda para o
IV - metas para o Programa Urbanização de As- enfrentamento de condições de precariedade ha- VII - mínimo de 1% (um por cento) do total de re-
sentamentos Precários: bitacional e urbana a 96.000 (noventa e seis mil) cursos disponíveis para investimento no Programa
domicílios. Assistência Técnica, Jurídica e Social.
a) modalidade Urbanização Complexa: realização
de intervenções de recuperação urbanística e am- § 1º As metas e os indicadores de seu cumprimento Parágrafo único. As diretrizes para distribuição
biental com implantação de infraestrutura com- constam do Anexo 6 desta lei. dos recursos financeiros constantes deste artigo
pleta, abertura ou adequação de sistema viário, contemplam somente os recursos para investi-
execução de obras de consolidação geotécnica que § 2º Do total das unidades habitacionais produzi- mento, não sendo considerados os recursos neces-
beneficiem, ao menos, 160.000 (cento e sessenta das pelo Programa Provisão de Moradia para Aqui- sários para implementação do Programa Serviço de
mil) domicílios; sição, ao menos 20% (vinte por cento) devem ser Moradia Social, realizado com recursos de custeio.
realizadas pela modalidade Promoção de Moradia
b) modalidade Pequenas Intervenções de Urbani- por Autogestão, excluídas as unidades adquiridas Art. 139. O Executivo deve prestar contas do cum-
zação: realização de obras de melhoria das condi- pela modalidade Aquisição de Moradia Pronta. primento das metas e da distribuição dos recursos
ções urbanas para eliminação ou minimização de orçamentários, em conformidade ao estabelecido
situações de precariedade ou de insalubridade e Art. 138. Os recursos financeiros para investimen- nesta lei, quadrienalmente, ao Conselho Municipal
complementação de infraestrutura urbana em as- to da Secretaria Municipal de Habitação devem de Habitação, disponibilizando relatório ao público.
sentamentos precários que beneficiem, ao menos, ser distribuídos por programa, por quadriênio, de
160.000 (cento e sessenta mil) domicílios; acordo com as seguintes diretrizes de destinação
de recursos:
V - metas para o Programa Regularização Fundi-
ária: atender em ao menos uma das fases do pro- I - mínimo de 35% (trinta e cinco por cento) do total
grama com a regularização da base fundiária, do de recursos disponíveis para investimento no Pro-
domínio da gleba e o parcelamento do solo, a re- grama Provisão de Moradia para Aquisição, sendo:
gularização da posse ou da propriedade e/ou a re-
gularização administrativa, totalizando 600.000 a) no mínimo 20% (vinte por cento) do total dos re-
(seiscentos mil) domicílios; cursos do programa para a modalidade Promoção
de Moradia por Autogestão;
VI - metas para o Programa Melhorias Habitacio-
nais em Assentamentos Precários: b) no mínimo 10% (dez por cento) do total dos re-
cursos do programa para a modalidade Aquisição

40 Plano Municipal de Habitação de São Paulo | Projeto de Lei nº 619/16 | Dezembro de 2016
TÍTULO VIII CAPÍTULO I
DAS DIRETRIZES DE
instâncias de gestão descentralizada para uma atu-
ação integrada no território.
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E REESTRUTURAÇÃO DA
TRANSITÓRIAS SECRETARIA MUNICIPAL DE Art. 141. Esta lei entrará em vigor na data de sua
HABITAÇÃO publicação.

Art. 140. O Executivo promoverá a adequação da


sua estrutura administrativa para a incorporação
dos objetivos, diretrizes e ações previstas nesta lei,
mediante revisão da estrutura organizacional e
definição das atribuições de seus órgãos da admi-
nistração direta, a partir das seguintes diretrizes:

I - fortalecimento da atuação territorial da Secreta-


ria Municipal de Habitação, com elevação do nível
hierárquico das Unidades Regionais e ampliação
das suas equipes multidisciplinares, que atuarão
no planejamento e na articulação territorial da po-
lítica habitacional;

II - estabelecimento de estruturas de gestão matri-


cial para articulação territorial das ações funcio-
nais e programáticas da Secretaria;

III - aperfeiçoamento da delimitação geográfica da


área de atuação das Unidades Regionais da Secre-
taria, considerando a complexidade das necessida-
des habitacionais, o tamanho territorial e a atuação
regionalizada das demais secretarias municipais;

IV - estruturação de instâncias de articulação in-


terna e institucional para planejamento, gestão or-
çamentária, definição de diretrizes e coordenação
das ações das diferentes unidades da Secretaria;

V - definição das atribuições das unidades da Se-


cretaria Municipal de Habitação e estabelecimen-
to de fluxos e procedimentos, considerando a ar-
ticulação com as demais secretarias municipais e
órgãos públicos, para garantir a coordenação da
política habitacional em âmbito municipal e me-
tropolitano;

VI - definição das atribuições da Secretaria Muni-


cipal de Habitação e da Companhia Metropolitana
de Habitação de São Paulo, com estruturação de
instâncias de articulação e planejamento conjun-
to para implementação da política habitacional no
Município;

VII - articulação com as Subprefeituras e demais

Título VIII | Das disposições finais e transitórias 41


ANEXO 1 preendimentos habitacionais, que podem ser de
propriedade coletiva.
HIS 1: destinada a famílias com renda familiar
mensal de até R$ 2.172,00 (dois mil, cento e setenta
INTEGRANTE DA LEI e dois reais) ou renda per capita de até R$ 362,00
Conflito fundiário urbano, definido pelo Quadro (trezentos e sessenta e dois reais);
DEFINIÇÕES 1 do Plano Diretor Estratégico, Lei Municipal
nº 16.050, de 31 de julho de 2014, é a disputa pela HIS 2: destinada a famílias com renda familiar
Para os efeitos desta lei, as seguintes expressões fi- posse ou propriedade de imóvel urbano, decor- mensal superior a R$ 2.172,00 (dois mil, cento e
cam assim definidas: rente ou não dos eventuais impactos de empreen- setenta e dois reais) ou 362,00 (trezentos e ses-
dimentos públicos e privados, envolvendo famílias senta e dois reais) per capita e igual ou inferior a
Área bem localizada é aquela inserida na trama de baixa renda e grupos sociais vulneráveis que R$ 4.344,00 (quatro mil, trezentos e quarenta e
urbana dotada de infraestrutura básica (redes de necessitem ou demandem a proteção do Estado na quatro reais) ou R$ 724,00 (setecentos e vinte e
água, esgoto, drenagem, sistema viário implantado garantia do direito à moradia e à cidade. quatro reais) per capita.
com ruas, calçadas, praças e equipamentos como
escolas, bibliotecas públicas, etc.), ampla acessibili- Conjuntos habitacionais irregulares são conjun- Infraestrutura urbana consiste na rede de abaste-
dade por transporte público coletivo e com grande tos habitacionais de interesse social de promoção cimento de água potável, esgotamento sanitário,
oferta de empregos. pública que, apesar de terem sido produzidos pelo limpeza urbana, coleta e manejo de resíduos sóli-
poder público, ainda não tiveram sua regular- dos, luz domiciliar, iluminação pública, pavimen-
Áreas ambientalmente sensíveis compreendem, ização fundiária, jurídica e registrária concluída, tação de vias e drenagem de águas pluviais.
principalmente, áreas de proteção, recuperação e sendo considerados assentamentos precários e ir-
preservação ambiental e áreas em que se verifica regulares. Loteamentos irregulares de baixa renda são as-
a existência de riscos à saúde e à integridade físi- sentamentos precários e irregulares em que a
ca da população moradora, de domínio público ou Cortiços são assentamentos precários que se car- ocupação se deu a partir da iniciativa de um agen-
privado, urbanas ou rurais, cobertas ou não por acterizam como habitações coletivas precárias de te promotor ou comercializador, sem a prévia
vegetação nativa, definidas como tais em legislação aluguel, e que frequentemente apresentam in- aprovação pelos órgãos públicos responsáveis ou,
específica ou que tenham sido objeto de estudo stalações sanitárias compartilhadas entre várias quando aprovados ou em processo de aprovação,
técnico especializado, devidamente validado por famílias, alta densidade de ocupação, circulação e implantados em desacordo com a legislação ou
ato administrativo do órgão público competente. infraestrutura precárias, acesso e uso comum dos com o projeto. Do ponto de vista das condições ur-
espaços não edificados ou altos valores de aluguel banas, os loteamentos irregulares ocupados major-
Assentamentos precários são caracterizados por por m² edificado. itariamente por população de baixa renda sofrem
um conjunto de situações, somadas ou não, de com algum tipo de desconformidade, como a largu-
fragilidades representadas pela situação socioeco- Favelas são os assentamentos irregulares e pre- ra das ruas, tamanho mínimo dos lotes, largura de
nômica dos moradores, como renda média do re- cários que surgem de ocupações espontâneas feit- calçadas e implantação de infraestrutura urbana,
sponsável, anos médios de escolaridade e taxa de as de forma desordenada, sem definição prévia de que configuram uma paisagem árida em que pre-
alfabetização; pela qualidade das moradias em si, lotes e sem arruamento, em áreas públicas ou par- domina o espaço construído, com alta densidade
como tipo da construção (alvenaria ou madeira), ticulares, com redes de infraestrutura insuficien- construtiva, carente de arborização e de espaços
número de cômodos e a presença ou não de san- tes, em que as moradias são predominantemente livres e de uso comum.
itários; pela garantia da posse ou não da moradia autoconstruídas e com elevado grau de precarie-
e do terreno; e pela situação urbanística de sua dade, por famílias de baixa renda em situação de Moradia digna, definido pelo Quadro 1 do Pla-
inserção – como a presença ou não de redes de vulnerabilidade. no Diretor Estratégico, Lei Municipal nº 16.050,
infraestrutura, presença de risco ambiental, pre- de 31 de julho de 2014, é aquela cujos moradores
sença ou não de equipamentos e serviços públicos, Habitações multifamiliares coletivas são imóveis dispõem de segurança na posse do imóvel,  com
assim como de áreas livres e de uso comum. com unidades habitacionais incompletas que abri- dimensões suficientes para comportar seus habi-
gam várias famílias. tantes, executada com boa qualidade construtiva,
Autogestão é a participação dos beneficiários na com materiais adequados, ventilação e iluminação
viabilização do empreendimento em todas as suas Habitação de Interesse Social – HIS, definido pelo suficientes, assentada sobre terreno firme, salubre,
etapas, seja na busca por imóveis (terrenos e ed- Quadro 1 do Plano Diretor Estratégico, Lei Munici- seco e livre de contaminações, e dotada de abas-
ifícios), no desenvolvimento do projeto, na pro- pal nº 16.050, de 31 de julho de 2014, é aquela des- tecimento de água, coleta de esgoto, fornecimento
dução direta ou na gestão da produção e dos re- tinada ao atendimento habitacional das famílias de energia elétrica, iluminação pública, coleta de
cursos financeiros, na indicação da demanda, na de baixa renda, podendo ser de promoção pública resíduos sólidos, trafegabilidade de vias, pavimen-
gestão social e na manutenção e gestão dos em- ou privada, tendo no máximo um sanitário e uma tação viária, transporte coletivo, equipamentos so-
vaga de garagem, e classificando-se em dois tipos:

42 Plano Municipal de Habitação de São Paulo | Projeto de Lei nº 619/16 | Dezembro de 2016
ciais básicos, entre outros serviços, equipamentos Projeto de Regularização Fundiária, definido pelo esteja ocupada, de forma mansa e pacífica, há, pelo
e infraestruturas urbanas. Quadro 1 do Plano Diretor Estratégico, Lei Munic- menos, 5 (cinco) anos, demarcada como ZEIS ou
ipal nº 16.050, de 31 de julho de 2014, é aquele que declarada de interesse para implantação de proje-
Necessidades habitacionais é o conceito utilizado integra medidas jurídicas, urbanísticas, ambientais tos de regularização fundiária de interesse social.
para caracterizar as demandas habitacionais exis- e sociais destinadas à regularização dos assentam-
tentes no Município e inclui: necessidades relacio- entos precários e irregulares, titulação de seus ocu- Risco ambiental é um risco que pode ser próprio
nadas à precariedade habitacional e urbana; fave- pantes, reassentamentos, adequação urbanística, do meio ambiente ou causados por intervenção
las, loteamentos irregulares, cortiços e conjuntos ambiental e administrativa, integrando-o à cidade antrópica, podendo ser próximo, iminente ou con-
habitacionais de interesse social de promoção formal, elaborado pela Prefeitura com a partici- tiguo de um possível dano causado por fatores do
pública; e demandas relacionadas a dinâmicas pação de seu respectivo conselho gestor, quando meio, podendo ser de caráter físico, químico ou bi-
econômicas e de crescimento demográfico: coabi- for o caso. ológico, de origem hidrológica, geológica, escorre-
tação familiar, ônus excessivo com aluguel, adens- gamentos ou contaminação.
amento excessivo em domicílios alugados e cresci- Promotores da Habitação de Interesse Social – HIS,
mento demográfico. definido pelo Quadro 1 do Plano Diretor Estratégi- Risco social é quando as famílias e indivíduos de-
co, Lei Municipal nº 16.050, de 31 de julho de 2014, têm maior ou menor capacidade de agir perante
Precariedade habitacional e urbana é definida são os seguintes: as condições desfavoráveis nos processos de vul-
a partir de dados socioeconômicos dos cidadãos nerabilidade social, com maior ou menor risco de
(renda média, anos de estudo do responsável pela - órgãos da administração direta; violação de direitos.
família e taxa de alfabetização), dados das moradi-
as (qualidade e tipo de construção), situação da pos- - empresas de controle acionário público; Vulnerabilidade social consiste numa situação
se da moradia e do terreno, número de cômodos, social desfavorável e configura-se por processos e
presença ou não de sanitários, de cozinha), dados - entidades representativas dos futuros moradores situações sociais que geram fragilidades, discrimi-
urbanísticos (presença de rede de esgoto ou fossa ou cooperativas habitacionais, conveniadas ou nações, desvantagens e exclusões da vida econômi-
séptica, de abastecimento de água e fornecimento consorciadas com o Poder Público; ca social e cultural. As vulnerabilidades são objeto
de energia elétrica, de lixo coletado). Tipos de pre- de políticas sociais programáticas que visam à pre-
cariedade habitacional: a) assentamentos precári- - entidades ou empresas que desenvolvam em- venção, proteção básica, promoção e inserção so-
os; b) falta de moradia digna para parcela da popu- preendimentos conveniados ou consorciados com cial. Nesta perspectiva o Serviço de Moradia Social
lação em situação de rua. o Poder Público para execução de Empreendimen- vem como apoio nas situações circunstanciais de
tos de Habitação de Interesse Social – EHIS; vulnerabilidade, prevenindo e evitando o processo
Prevenção de conflitos fundiários urbanos, defini- de exclusão social. Vulnerabilidade social na ótica
do pela Resolução do Ministério das Cidades n° 87 - empresas ou entidades sem fins lucrativos, quan- da habitação são as situações desfavoráveis para as
de 2009, é o conjunto de medidas voltadas à ga- do atuando, respectivamente, como executoras ou famílias e indivíduos que não possuem condições
rantia do direito à moradia digna e adequada e à organizadoras de EHIS, no âmbito de programa físicas, emocionais e materiais para, por conta
cidade, com gestão democrática das políticas ur- habitacional subvencionado pela União, Estado ou própria, arcar com condições mínimas de uma
banas, por meio da provisão de Habitação de Inter- Município. moradia digna.
esse Social, de ações de regularização fundiária e
da regularização do parcelamento, uso e ocupação Regularização fundiária, definido pelo artigo 46 Unidade habitacional completa é aquela que pos-
do solo, que garanta o acesso à terra urbanizada, da Lei Federal nº 11.977, de 7 de julho de 2009, con- sui banheiro, cozinha e/ou área de serviço individ-
bem localizada e a segurança da posse para a popu- siste no conjunto de medidas jurídicas, urbanísti- ualizados.
lação de baixa renda ou grupos sociais vulneráveis. cas, ambientais e sociais que visam à regularização
de assentamentos irregulares e à titulação de seus Unidade habitacional incompleta é aquela que
Projeto de intervenção em ZEIS, definido pelo ocupantes, de modo a garantir o direito social à possui banheiro, cozinha e/ou área de serviço
Quadro 1 do Plano Diretor Estratégico, Lei Mu- moradia, o pleno desenvolvimento das funções compartilhados.
nicipal nº 16.050, de 31 de julho de 2014, é aquele sociais da propriedade urbana e o direito ao meio
destinado à regularização fundiária, reabilitação ambiente ecologicamente equilibrado.
física e requalificação de edifícios e áreas ocupadas
por cortiços ou moradias coletivas precárias, e que Regularização Fundiária de Interesse Social,
estão localizados em territórios urbanos consoli- definido pelo Quadro 1 do Plano Diretor Estratégi-
dados, em especial na Macroárea de Estruturação co, Lei Municipal nº 16.050, de 31 de julho de 2014,
Metropolitana, Macroárea de Urbanização Consol- é a regularização fundiária de assentamentos
idada e Macroárea de Qualificação da Urbanização. irregulares ocupados, predominantemente, por
população de baixa renda, nos casos em que a área

Anexo 1 | Definições 43
ANEXO 2 Novas
Políticas de
Regulação Síntese das
INTEGRANTE DA LEI Necessidades Intervenção Unidades do Mercado Necessidades
Habitacionais no Território Habitacionais de Aluguéis Habitacionais

QUADRO DAS Favelas e Loteamentos


Irregulares
740.239 89.953 —
830.192
domicílios
NECESSIDADES
HABITACIONAIS Necessidades
relacionadas
Conjuntos habitacionais
irregulares
20.702 — —
20.702
domicílios
E DAS DEMANDAS à precariedade
habitacional
POR TIPO DE e urbana Cortiços 68.331 12.058 —
80.389
domicílios
INTERVENÇÃO
População em situação 15.905
— 15.905 —
de rua pessoas
Coabitação 103.664
— 103.664 —
familiar domicílios
Crescimento 147.151
Demandas — 147.151 —
demográfico domicílios
relacionadas a
dinâmicas econômicas Ônus excessivo com 187.612
— — 187.612
e de crescimento aluguel domicílios
demográfico
Adensamento excessivo 47.443
— — 47.443
(em domicílios alugados) domicílios

368.731
ESTIMATIVA DA DEMANDA 829.272 235.055
UNIDADES
POR TIPO DE INTERVENÇÃO DOMICÍLIOS DOMICÍLIOS
HABITACIONAIS

NOTAS:
1- Sobre o dimensionamento das necessidades habitacionais até 5 salários mínimos, de acordo com Infocidade, da SMDU,
do Município de São Paulo, considerou-se: com a premissa de 3 habitantes por unidade habitacional.
a) O número de domicílios em assentamentos precários é a 2- O cálculo das demandas por tipo de intervenção consid-
soma dos domicílios em favelas e em loteamentos irregu- erou:
lares, segundo o sistema de informações da Sehab – Habi- a) Do total de 830.192 domicílios em favelas e loteamentos,
taSampa (dados de abril/2016); estima-se a necessidade de 89.953 remoções para novas uni-
b) O número de domicílios em conjuntos habitacionais irreg- dades habitacionais e a consolidação, mediante intervenções
ulares foi estimado pela Sehab para o PMH 2009; no território, de 740.239 domicílios;
c) O número de domicílios em cortiços foi estimado pela b) Do total de 80.389 domicílios em cortiços, a Sehab esti-
Sehab para o PMH 2009 (foram considerados os dados do ma a necessidade de 15% de remoções para novas unidades
sistema de informações da Sehab para as Subprefeituras Sé habitacionais (12.058 domicílios) e a consolidação, mediante
e Mooca e do levantamento feito pela Fundação Seade para intervenções no território, de 85% dos domicílios (68.331
o restante do Município); domicílios);
d) A população em situação de rua foi estimada pelo Censo 3- É importante salientar que não se podem somar os númer-
da População de Rua, realizado em 2015 pela Fundação Insti- os da síntese das necessidades habitacionais, bem como da
tuto de Pesquisas Econômicas (Fipe); demanda por tipo de intervenção, uma vez que existem so-
e) Os dados referentes a coabitação familiar, ônus exces- breposições devido às diferentes fontes dos dados – exemplo:
sivo com aluguel e adensamento excessivo (em domicílios a coabitação familiar pode estar presente ou não nos assenta-
alugados) foram sistematizados pelo Centro de Estudos da mentos precários, assim como o ônus excessivo com aluguel e
Metrópole – CEM, a partir dos dados da Fundação João Pin- o adensamento excessivo em domicílios alugados.
heiro – FJP e Censo 2010;
f) A demanda habitacional futura por crescimento demográf-
ico foi estimada pela Sehab considerando-se a necessidade
de moradias adicionais do tipo HIS 1 e HIS 2 até o ano de
2032, com base no crescimento previsto para a população do
Município, distribuído conforme o perfil atual de renda e to-
mando apenas a parcela correspondente à renda familiar de

44 Plano Municipal de Habitação de São Paulo | Projeto de Lei nº 619/16 | Dezembro de 2016
ANEXO 3 Para fins de planejamento das ações da política
habitacional, propõe-se a consolidação de duas bas-
malha viária (morfologia), densidade (traçado reg-
ular, aglomerado);
INTEGRANTE DA LEI es de dados georreferenciadas que consolidem a
caracterização e possibilitem a classificação dos as- d) Infraestrutura existente: redes de abastecimento
DIRETRIZES PARA sentamentos precários, com finalidades específicas: de água e coleta de esgoto, drenagem, iluminação
CARACTERIZAÇÃO E pública, coleta de lixo;
CLASSIFICAÇÃO DOS 1- base de dados georreferenciados e respectiva
e) Necessidade de remoções: presença de risco
ASSENTAMENTOS base cartográfica, compatível com a cartografia dos
setores censitários, para fins de produção de esti- geotécnico, ocupação em APP, áreas de risco não
PRECÁRIOS
mativas sobre a população moradora de assentam- consolidáveis, necessidade de abertura de viário;
entos precários e da caracterização e classificação
dos assentamentos, com base em dados censitários f) Intervenções realizadas: assentamentos urban-
combinados a dados municipais, entre outros, que izados, urbanizados parcialmente, em processo de
permita a atualização simultânea de todos os cam- urbanização, em processo de reassentamento, com
pos e a construção de uma série histórica que ori- intervenções pontuais/ melhorias urbanas, sem
ente a formulação dos Planos de Ação Quadrienais intervenção.
de Habitação.
2- Das moradias:
2- base de dados georreferenciados e respectiva
base cartográfica que agregue dados de vistorias a) Precariedade das casas: condições da moradia
técnicas realizadas pela Secretaria Municipal de (improvisadas, passíveis de adequação), tipo pre-
Habitação, que permita a constante atualização e dominante da construção e irregularidade edilícia.
aperfeiçoamento dos dados e apoie as ações e pro-
gramas habitacionais em desenvolvimento pela 3- Da situação fundiária:
Secretaria.
a) Irregularidade quanto à base fundiária: descon-
A caracterização e a classificação dos assentamen- formidade entre configuração urbana existente
tos precários devem seguir as seguintes diretrizes: e registro oficial da área, tanto no nível da gleba
quanto no nível do parcelamento do solo (o que in-
As favelas e os loteamentos irregulares devem ser clui a irregularidade urbanístico-ambiental), par-
caracterizados considerando os dados municipais celamentos com ou sem aprovação na Prefeitura.
dos assentamentos, oriundos de pesquisas, levan-
tamentos e vistorias, bem como os dados e estima- b) Irregularidade quanto à posse e propriedade:
tivas elaboradas por outros órgãos, fundações e ausência de vínculo formal entre atuais ocupantes
institutos, nos âmbitos federal e estadual (exemplo: e proprietários da área.
IBGE/Censo, Fundação João Pinheiro, Fundação
Seade, Centro de Estudos da Metrópole/CEBRAP, c) Irregularidade administrativa: sistema viário
etc.). A caracterização das favelas e dos loteamen- existente não oficializado, ausência ou desatual-
tos irregulares deve considerar as dimensões: ização dos cadastros fiscais.

1- Do assentamento: As favelas e os loteamentos irregulares devem ser


classificados segundo a condição de consolidação
a) Socioeconômica: perfil dos moradores quanto à e tipo de intervenção necessária, possibilitando o
renda, escolaridade, idade, emprego, etc.; dimensionamento dos recursos necessários para
o enfrentamento da precariedade, nas seguintes
b) Meio físico: condições do terreno (adequado, categorias:
inadequado, impróprio), relevo, hidrografia, carta
geotécnica; 1- Assentamentos consolidados: são considerados
assentamentos precários consolidados aqueles já
c) Morfologia e densidade do assentamento: dotados de infraestrutura básica, em que não são
condição do traçado urbano, a estruturação da necessárias intervenções físicas de urbanização,

Anexo 3 | Diretrizes para caracterização e classificação dos assentamentos precários 45


mas que apresentam irregularidade fundiária e 3- Assentamentos não consolidáveis: são consid- verdes e de lazer dos conjuntos habitacionais;
necessidade de melhorias habitacionais (ex.: lotea- erados assentamentos precários não consolidáveis
mentos irregulares, e favelas já urbanizadas) e sua aqueles cujas características físicas e ambientais 3- Socioeconômica: levantamento do perfil dos
população pode apresentar demandas específicas, dos terrenos onde se situam não possibilitam a moradores quanto à renda, escolaridade, idade,
como ações de pós-ocupação, sociais e implantação ocupação para moradia, ou possuem restrições le- emprego, que deve substanciar a elaboração de es-
de equipamentos e serviços públicos. gais à sua ocupação, recomendando-se a remoção tratégias para definição de valores das prestações,
total dos domicílios ali situados. Os assentamentos com vistas à regularização fundiária;
2- Assentamentos consolidáveis: são considerados não consolidáveis podem ser objeto de intervenção
assentamentos precários consolidáveis aqueles de remanejamento (quando as famílias removidas 4- Jurídica: levantamento da situação dos contra-
que apresentam condições favoráveis de ma- são remanejadas em unidades na própria área tos e das propostas de acordos ou acordos firmados
nutenção total ou parcial da população no local, do assentamento) ou reassentamento (quando as entre as partes envolvidas.
por meio de ações de urbanização para recuper- famílias são reassentadas em outras áreas, fora do
ação urbanística e ambiental, implantação de in- perímetro da intervenção).
fraestrutura completa, abertura ou adequação de
sistema viário, regularização fundiária, execução Os cortiços devem ser caracterizados e classifica-
de obras de consolidação geotécnica, construção dos segundo as distintas situações de precariedade
de equipamentos sociais e promoção de melhorias existentes, nas suas dimensões:
habitacionais. Considerando as diversas situações
e graus de precariedade nos assentamentos con- 1- Física: elaboração de diagnóstico físico do
solidáveis, que demandam intervenções de ur- imóvel, para levantamento das condições e ações
banização de diferentes níveis de complexidade, necessárias quanto à estrutura, salubridade, risco
os assentamentos consolidáveis ainda devem ser de incêndio, bem como avaliação das áreas comuns
classificados pelo tipo de urbanização: e compartilhadas do imóvel;

a) Urbanização simples sem remoções: assenta- 2- Socioeconômica: levantamento do perfil dos


mentos consolidáveis cujas características físicas moradores quanto à renda, escolaridade, idade,
e ambientais dos terrenos em que se situam per- emprego e valor do aluguel pago pelo morador e
mitem a sua consolidação a partir da realização de demais custos envolvidos com moradia (luz, água,
obras simples de complementação de infraestru- limpeza);
tura e que possuem baixa ou média densidade e
traçado relativamente regular; 3- Jurídica: levantamento da relação locador-lo-
catário e das propostas de acordos ou acordos fir-
b) Urbanização simples com remoções: assenta- mados entre as partes envolvidas, com vistas à for-
mentos consolidáveis cujas características físicas malização de contrato e explicitação de gastos de
e ambientais dos terrenos em que se situam per- manutenção e administrativo do imóvel.
mitem a sua consolidação a partir da realização de
obras simples de complementação de infraestrutu- Os conjuntos habitacionais irregulares devem ser
ra, possuem baixa ou média densidade e traçado caracterizados e classificados segundo as distintas
relativamente regular, mas que prevê a remoção situações de precariedade existentes, nas suas di-
de parte da população moradora para eliminação mensões:
de situações de risco, abertura de viário ou pas-
sagem da rede de infraestrutura ou para promover 1- Fundiária: levantamento das condições e ações
o desadensamento; necessárias para regularização do domínio do con-
junto habitacional, bem como definição dos instru-
c) Urbanização complexa: assentamentos con- mentos jurídicos de regularização para os benefi-
solidáveis com alta densidade de ocupação, situados ciários finais;
em terreno com condições morfológicas complexas,
que demandam muitas remoções para viabilizar a 2- Física: elaboração de diagnóstico físico do em-
implementação de infraestrutura, a eliminação de preendimento, para levantamento das condições e
situações de risco ambiental, a abertura de viário ou ações necessárias quanto à estrutura do imóvel, sa-
para promover o desadensamento. lubridade e risco de incêndio, bem como das áreas

46 Plano Municipal de Habitação de São Paulo | Projeto de Lei nº 619/16 | Dezembro de 2016
ANEXO 4 Grupo
Renda
Familiar
Tipo de
Unidade
Habitacional Característica Fonte de recursos
INTEGRANTE DA LEI
Federais: FNHIS, FAR, FDS, FGTS
até R$880 recurso a
G1 HIS 1 Estaduais: FPHIS
1 salário mínimo fundo perdido
GRUPOS DE Municipais: Tesouro, FMH, FMSAI, Fundurb
financiamento
ATENDIMENTO de R$880 a R$ 2.640
com subsídio Federais: FNHIS, FAR, FDS, FGTS

CONFORME G2
1 a 3 salários mínimos
HIS 1 parcial
(complemento
Estaduais: FPHIS
Municipais: Tesouro, FMH, FMSAI, Fundurb
RENDA FAMILIAR e/ equilíbrio)
financiamento
com subsídio Federais: FNHIS, FGTS
de R$ 2.640 a R$5.280
G3 HIS 2 parcial Estaduais: FPHIS
3 a 6 salários mínimos
(complemento Municipais: Tesouro, FMH, FMSAI, Fundurb
e/ equilíbrio)
de R$5.280 a R$8.880 SFH: unidades
G4 HMP Federais: FGTS / SBPE
6 a 10 salários mínimos até R$750 mil
SFH/Mercado: Federais: SBPE faixa livre / SFI financiamento
acima de R$8.880
G5 — unidades acima direto com construtoras e recursos próprios
acima de 10 salários mínimos
de R$ 750 mil das famílias (aquisição sem financiamento)

NOTA:
1- Siglas utilizadas: h) FPHIS – Fundo Paulista de Habitação de Interesse Social;
a) HIS – Habitação de Interesse Social; i) FMH – Fundo Municipal de Habitação;
b) HMP – Habitação de Mercado Popular; j) FMSAI – Fundo Municipal de Saneamento Ambiental e
c) SFH – Sistema Financeiro de Habitação; Infraestrutura;
d) FNHIS – Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social; k) Fundurb - Fundo Municipal de Desenvolvimento Urbano;
e) FAR – Fundo de Arrendamento Residencial; l) SBPE – Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo;
f) FDS – Fundo de Desenvolvimento Social; m) SFI – Sistema de Financiamento Imobiliário.
g) FGTS – Fundo de Garantia do Tempo de Serviço;

Anexo 4 | Grupos de atendimento conforme renda familiar 47


ANEXO 5 Programa Modalidade
Valor unitário
(total ou anual)
Fonte ou Referência
Valor Unitário

INTEGRANTE DA LEI Acolhimento Institucional Intensivo


Valor anual por família atendida
Abrigamento Transitório em Imóveis
R$ 4.800 no Auxílio Aluguel, conforme Portaria
Alugados
CUSTOS UNITÁRIOS SERVIÇO DE Bolsa aluguel
nº 131/2015/Sehab

ADOTADOS PARA MORADIA SOCIAL


Valor Máximo Faixa 1

O PLANO MUNICIPAL Abrigamento Transitório em Imóveis


Públicos
R$ 116.000
(PMCMV 2) - R$ 96.000/UH acrescido
de R$ 20.000/UH referentes aos custos
DE HABITAÇÃO de manutenção predial por 16 anos.
Promoção Pública de Moradia
Valor Máximo Faixa 1
Promoção Privada de Moradia R$ 96.000
(PMCMV 2) - R$ 96.000/UH
Promoção de Moradia por Autogestão
PROVISÃO DE Promoção Pública de Moradia em Custo da unidade habitacional sem
R$ 76.000
MORADIA PARA Assentamentos Precários necessidade de aquisição de terreno
AQUISIÇÃO
Valor médio adotado considerando
R$ 96.000/UH para aquisição em áreas
Aquisição de Moradia Pronta R$ 72.000 particulares e R$ 48.000/UH para
indenização por benfeitoria em áreas
públicas
Locação Social de Promoção Pública Valor Máximo Faixa 1 (PMCMV 2) -
R$ 96.000/UH acrescido de R$ 20.000/
LOCAÇÃO SOCIAL R$ 116.000
Locação Social por Autogestão UH referentes aos custos de manutenção
predial por 16 anos.
Valor Máximo Faixa 1
URBANIZAÇÃO DE Urbanização Complexa R$ 22.800 (PMCMV 2), PAC UAP (30%
ASSENTAMENTOS do valor da UH)
PRECÁRIOS 40% do valor adotado para Urbanização
Pequenas Intervenções de Urbanização R$ 9.120
Complexa
REGULARIZAÇÃO Valor praticado pela Coordenadoria de
Regularização Fundiária de Interesse
FUNDIÁRIA DE R$ 300 Regularização Fundiária
Social
INTERESSE SOCIAL da Sehab
MELHORIAS Melhorias Habitacionais Integradas
HABITACIONAIS EM Valor Máximo Faixa 1 (PMCMV 2), PAC UAP
Melhorias de Conjuntos Habitacionais R$ 22.800
ASSENTAMENTOS (30% do valor da UH)
PRECÁRIOS Irregulares

INTERVENÇÃO EM Intervenção em Cortiços Isolados Valor Máximo Faixa 1 (PMCMV 2), PAC UAP
R$ 22.800
CORTIÇOS Intervenção Integrada em Cortiços (30% do valor da UH)

ASSISTÊNCIA Assistência Técnica à Comunidade


10% dos Valores de Referência para
TÉCNICA, JURÍDICA E Escritório Local de Assistência Técnica ao R$ 2.280
Melhorias Habitacionais
SOCIAL Munícipe
Valor anual por família atendida no Auxílio
AUXÍLIO ALUGUEL Auxílio Aluguel R$ 4.800 Aluguel, conforme Portaria nº 131/2015/
Sehab

NOTA:
1- Siglas utilizadas:
a) UH – Unidades Habitacionais;
b) PMCMV 2 – Programa Minha Casa Minha Vida, Fase 2;
c) PAC UAP – Programa de Aceleração do Crescimento – Ur-
banização de Assentamentos Precários.

48 Plano Municipal de Habitação de São Paulo | Projeto de Lei nº 619/16 | Dezembro de 2016
ANEXO 6
INTEGRANTE DA LEI
PROGRAMA MODALIDADE
METAS MÍNIMAS
para 16 anos
Parâmetros utilizados
para definição das metas.
Indicadores de
cumprimento das
metas

Considerou-se a disponibilização
Acolhimento 5.000 Vagas criadas e
de 500 vagas por ano, até o total
Institucional Intensivo vagas programa operando
QUADRO DAS de 5.000 vagas.
Abrigamento Considerou-se a disponibilização
METAS MÍNIMAS SERVIÇO DE
MORADIA SOCIAL
Transitório em Imóveis
3.000
vagas
de 500 vagas por ano, até o total
Vagas criadas e
programa operando
PARA 16 ANOS Alugados
Abrigamento 8.000
de 3.000 vagas.
Considerou-se a construção/
Vagas criadas e
Transitório em Imóveis unidades reabilitação de 500 unidades
programa operando
Públicos habitacionais habitacionais por ano.
Promoção Pública de
Moradia
Promoção Pública
64.000 Considerou-se a construção/
de Moradia em Unidades habitacionais
unidades reabilitação de 4.000 unidades
Assentamentos entregues
habitacionais habitacionais por ano.
Precários
Promoção Privada de
PROVISÃO DE
Moradia
MORADIA PARA
AQUISIÇÃO 16.000 Considerou-se a construção/
Promoção de Moradia Unidades habitacionais
unidades reabilitação de 1.000 unidades
por Autogestão entregues
habitacionais habitacionais por ano.
Inicialmente considerou-se
30.000 a aquisição de 500 unidades
Aquisição de Moradia Cartas de crédito
unidades habitacionais por ano chegando
Pronta contratadas
habitacionais a 4.000 unidades habitacionais no
último ano, de forma incremental.
Considerou-se a construção/
10.000 reabilitação de 1.000 unidades
Locação Social de Vagas criadas e
unidades habitacionais por ano a partir
Promoção Pública programa operando
habitacionais do 2º Quadriênio estabelecido
por esta lei.
LOCAÇÃO SOCIAL
Considerou-se a construção/
2.000 reabilitação de 200 unidades
Locação Social por Vagas criadas e
unidades habitacionais por ano a partir
Autogestão programa operando
habitacionais do 2º Quadriênio estabelecido
por esta lei.
Instalação de
Considerou-se a ação por
infraestrutura,
Urbanização 160.000 urbanização complexa que
recuperação ambiental
Complexa domicílios beneficie 10.000 domicílios
URBANIZAÇÃO DE e mitigação de áreas de
por ano.
ASSENTAMENTOS risco realizadas
PRECÁRIOS Considerou-se a ação por pequenas
Pequenas Domicílios beneficiados
160.000 intervenções de urbanização
Intervenções de diretamente pelas obras
domicílios que beneficie 10.000 domicílios
Urbanização realizadas
por ano.
NOTAS:
REGULARIZAÇÃO Regularização Considerou-se a regularização Domicílios beneficiados
600.000
1- Não foram estabelecidas metas para a modalidade de Bol- FUNDIÁRIA DE Fundiária de Interesse fundiária de 37.500 domicílios em ao menos uma das
domicílios
INTERESSE SOCIAL Social por ano. fases do programa
sa Aluguel do Serviço de Moradia Social, pois esta modali-
Inicialmente considerou-se
dade deverá complementar a necessidade de atendimentos a intervenção de melhorias
Melhorias
96.000 habitacionais em 2.000 domicílios Obras de melhorias
emergenciais e transitórios não cobertos pelas demais mo- Habitacionais
domicílios por ano chegando a 10.000 habitacionais realizadas
Integradas
dalidades do Serviço de Moradia Social. MELHORIAS domicílios no último ano,
HABITACIONAIS EM de forma incremental.
2- Não foram estabelecidas metas para o Programa Locação ASSENTAMENTOS Inicialmente considerou-se a
PRECÁRIOS Melhorias de intervenção de melhorias de Conjuntos habitacionais
Social de Mercado, pois, para a implementação deste pro-
Conjuntos 28.000 conjuntos habitacionais irregulares requalificados, de
grama, são necessários estudos e modelagens financeiras Habitacionais domicílios em 1.000 domicílios por ano forma a possibilitar sua
Irregulares chegando a 2.000 domicílios no regularização
prévias, uma vez que são previstos incentivos tributários e último ano, de forma incremental.
urbanísticos que podem interferir na arrecadação municipal. Intervenção em
Cortiços Isolados Considerou-se a intervenção
3- As metas foram elaboradas tomando-se como referência a INTERVENÇÃO 3.200
em cortiços que beneficie 200 Domicílios atendidos
EM CORTIÇOS Intervenção Integrada domicílios
média do orçamento municipal para investimentos na políti- domicílios por ano.
em Cortiços
ca habitacional e para custeio das ações de atendimento Assistência Técnica à Inicialmente considerou-se a oferta
ASSISTÊNCIA Comunidade
transitório, bem como a capacidade institucional atual para de assistência técnica, jurídica e
TÉCNICA, 96.000
Escritório Local de social a 2.000 domicílios por ano Domicílios atendidos
implementação das ações, considerados os custos unitários JURÍDICA domicílios
Assistência Técnica ao chegando a 10.000 domicílios no
E SOCIAL
Munícipe último ano, de forma incremental.
para cada ação constantes do Anexo 4 desta lei.

Anexo 6 | Grupos de atendimento conforme renda familiar 49


Prefeitura da Cidade de São Paulo Plano Municipal de Habitação
Fernando Haddad - Prefeito Equipe Técnica
Nádia Campeão - Vice-prefeita Coordenação
Taís Jamra Tsukumo
Letícia Moreira Sigolo
Secretaria Municipal de Habitação
Assessoria técnica
Secretário Municipal de Habitação
Amanda de Almeida Ribeiro
João Sette Whitaker Ferreira (2015-2016)
Ana Teresa Siqueira de Carvalho
Secretário Adjunto Carolina Rago Frignani
Mário Wilson Pedreira Reali
Assessoria de gabinete
Chefe de Gabinete Higor Rafael de Souza Carvalho
Luiz Fernando Macarrão Luana Alves Sampaio Cruz Bottini
Coordenadoria de Gestão de Programas e Projetos Monica Nogara
Milton Susumo Nakamura Mariana Sucupira
Gustavo Soares Pires de Campos
Coordenadoria de Gestão do Atendimento Social
Clenivalda França dos Santos Consultores
Cláudio Manetti
Coordenadoria de Regularização Fundiária
Bruno Borges
Márcia Maria Fartos Terlizzi
Estudos técnicos
Supervisão Geral de Administração e Finanças
Centro de Estudos da Metrópole
Helen Mara Rampazzo Mompean
Projeto gráfico e comunicação visual
Assessoria Técnica e Jurídica
Luiza Lima Silva De Carli
Joabe dos Santos Souza
Estagiários
Assessoria de Comunicação e Imprensa
Christian de Oliveira
Sergio Alli
Daniela Fajer Rosa
Mariana Belmont
Nicolas Le Roux
Assessoria Técnica de Planejamento e Relações Institucionais Giulia Pereira Patitucci
Maria Lucia Salum D’Alessandro Gabriela Marques Gomes
Coordenação HabitaSampa
André Gonçalves
Conselho Municipal de Habitação
Grupo de Trabalho Planejamento Habitacional
Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo
Diretor Presidente
Geraldo Juncal Júnior (2015-2016)
Secretarias e órgãos municipais
Secretaria do Governo Municipal
Chefe de Gabinete
Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano
Marco Antonio Villela
Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social
Diretor Administrativo Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania
Manoel Victor Gomes Figueiredo Secretaria Municipal da Saúde
Diretor Comercial e Social Secretaria Municipal de Políticas Para as Mulheres
Maria Cecília Levy Piza Fontes Secretaria Municipal de Segurança Urbana
Diretor Financeiro Secretaria Municipal de Serviços
José Jacques Namur Yazbek Secretaria Municipal do Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo
Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente
Diretor Técnico
Secretaria Municipal de Coordenação das Subprefeituras
Celso Aparecido Sampaio
Controladoria Geral do Município
Diretor de Patrimônio
Miguel Reis Afonso
Este Projeto de Lei foi elaborado a partir de um processo participativo que
Diretor de Participação
envolveu presencialmente cerca de 5000 pessoas e recebeu cerca de 12.500
Leocir Cezar Porto
contribuições online, com ampla participação da sociedade civil, dos movimen-
tos sociais e dos cidadãos, além de consistir em uma construção conjunta entre
diversas secretarias municipais.

50 Plano Municipal de Habitação de São Paulo | Projeto de Lei nº 619/16 | Dezembro de 2016
ilustração da capa
Produzida com recursos do Freepik
tipografia
Aleo e Monserrat
formato
277 x 310 mm
papel: offset 70 g/m²
tiragem: 1000 exemplares
HABITAÇÃO

Rua São Bento, 405 – 22º andar


01008-905 – São Paulo – SP – Brasil
habitasampa.inf.br
prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/habitacao

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