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Resumo
Experimentação: Tem sido considerado quase impossível, até agora, o desenvolvimento de
agulhas placebo que podem mascarar os acupunturistas quanto ao tipo de agulha usada.
Experimento
A evidência mais forte apoiando a eficácia da acupuntura tem sido obtida usando o
método simples-cego (1-4), o qual não satisfaz a metodologia básica de estudos de
mascaramento na medicina convencional (5-8). Como consequência, a eficácia da
acupuntura tem permanecido discutível, apesar de estudos da mais alta qualidade
possível terem sido publicados nos principais periódicos médicos (8). A razão para isso
é que estudos sujeito/paciente ainda estão expostos a possíveis vieses devido a
expectativas, entusiasmos, sugestões e atitudes dos acupunturistas sem
mascaramento (5-13), e agulhas placebo visando mascarar acupunturistas tem sido
consideradas inviáveis (7,8,13). Até a presente data, não foram publicados relatórios
sobre o desenvolvimento de um procedimento ou agulha placebo que possa mascarar
os acupunturistas quanto ao tipo de agulha usada.
Embora os ensaios cegos usando placebo ou agulhas falsas sejam um avanço
significativo (14-16), ensaios duplo-cego usando agulhas placebo são extremamente
importantes para garantir que as pesquisas em acupuntura atendam a metodologia
básica da ciência médica para fornecer fortes evidências da eficácia do tratamento
usando agulhas (5-8). Somente então a acupuntura será incorporada às práticas
geralmente aceitas (5-8,11-13).
Relatamos aqui o desenvolvimento de uma agulha placebo não-penetrante duplo-cego
(que mascara acupunturista e paciente) (17) para solucionar o impasse da metodologia
de mascarar o acupunturista (7,8,13,14) empregando uma avaliação estatística do
efeito dissimulador dessas agulhas.
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Métodos
Participantes
Como sujeitos experimentais, recrutamos voluntários saudáveis familiarizados com o
tratamento da acupuntura e acupunturistas experientes e licenciados do corpo docente
do Hanada College. Antes do estudo, a proposta e o formato foram explicados e os
sujeitos forneceram o consentimento por escrito. O comitê de ética da Universidade de
Showa concedeu a aprovação.
Resultados
Teste de validação para o mascaramento do acupunturista
O número de respostas correta/não identificável/incorreta dada pelos 10 acupunturistas
teve uma média de 17,0 ±4,1 // 6,4 ± 3,6 // 16,6 ± 3,0, respectivamente. No total, as 170
corretas e 166 incorretas identificadas enquadradas numa probabilidade de 0,5 (x²=
0,048,p=0,827), excluindo as 64 agulhas não-identificada. Além disso, 107 agulhas
corretamente identificadas como não-penetrantes e 94 incorretamente identificadas
como não-penetrantes (x²=0,841,p=0,359), e 63 agulhas corretamente identificadas
como penetrantes e 72 incorretamente identificadas como penetrantes (x²=0,600,
p=0,439) se enquadram numa probabilidade de 0,5 (tabela 1).
Teste de de validação para o mascaramento do paciente
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Nenhum dos sujeitos comentou no questionário que havia recebido uma agulha não-
penetrante. Das 60 aplicações de agulhas penetrantes e das 60 aplicações de não-
penetrantes, 48 (80%) e 25 (41.7%) provocaram sensações de penetração na pele, e
48 (80%) e 20 (33,3%) das aplicações provocaram deqi, respectivamente. A frequência
das sensações das agulhas foi significativamente diferente entre as agulhas não-
penetrantes e as penetrantes (sensação de penetração na pele x²=18,502, p<0,001;
deqi x²=26,606, p<0,001).
Discussão
Os profissionais falharam em distinguir entre agulhas penetrantes e não-penetrantes,
independentemente de suas experiências. Os pacientes voluntários também foram
incapazes de distinguir a autenticidade das agulhas.
Para estudos duplo-cego em acupuntura, agulhas reais e placebo devem ser idênticas
em todas as variáveis, exceto na penetração da pele. Fundamentalmente, este é o
objetivo final do desenvolvimento das agulhas; elas devem se encaixar nessas
condições. Neste estudo, a aparência e a sensibilidade das agulhas não-penetrantes
placebo e penetrantes foi praticamente idêntica, de modo que mesmo acupunturistas
bem experientes necessitaram refletir para determinar se uma agulha era real ou
placebo.
com variáveis, tais como melhora do estado clínico, reações adversas e tratamento
repetido com diversas agulhas. Estas variáveis, bem como um leve sangramento e a
reação do paciente a uma dor forte provocada pela inserção da agulha real, em alguns
casos, poderia desfazer o mascaramento.
Pelo fato de nossas agulhas serem projetadas para uso em todos os pontos de
acupuntura, não deve haver problema em usá-las nos artelhos, dedos ou cabeça, que
são locais comumente usados (7,9). Talvez seja necessário raspar os pelos da pele
para assegurar uma adesão firme.
Apesar da dor à penetração da pele e o deqi terem sido menos frequentes com as
agulhas não-penetrantes do que com as agulhas penetrantes, nenhum dos sujeitos
suspeitou que ele tivesse recebido algum tipo de agulha placebo não-penetrante. Isto
pode ser devido em parte ao fato de que a dor não necessariamente acompanha a
inserção ou remoção das agulhas, e que os sujeitos tinham experiência prévia de uma
fraca sensação provocada pela inserção de uma agulha fina. De fato,
aproximadamente 20% das aplicações de agulhas penetrantes neste estudo não
provocaram nem dor nem deqi. Isto sugere que a pequena proporção dos participantes
estudados que não sentiram penetração da agulha, apesar da inserção de uma agulha
real, poderiam ter achado que uma agulha não-penetrante estava sendo usada, se eles
tivessem sido informados da possibilidade do uso de agulhas não-penetrantes.
Baseado nos achados de estudos que usam agulhas tipo cego (14-16), acreditamos
que os sujeitos desconheciam o fato de usarmos agulhas não-penetrantes devido à
pressão aplicada sobre a pele pela ponta arredondada. Contudo, os sujeitos não foram
capazes de relatar que haviam recebido uma agulha não-penetrante, mesmo se o
suspeitassem, porque nós não os questionamos sobre isso. Portanto, o sucesso no
mascaramento dos sujeitos observado no presente estudo pode indicar que nossas
expectativas estavam corretas. A capacidade de mascaramento das agulhas em
participantes de estudos deve ser validada no caso em que eles tenham sido
informados do possível uso de agulhas não-penetrantes. Suas especulações acerca do
tipo de agulha usada devem também ser avaliadas (20). Se as sensações das agulhas
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Conclusão
Os achados do presente estudo sugerem que estas agulhas placebo duplo-cego tem
potencial para mascarar tanto o profissional acupunturista quanto o paciente. Dados os
recentes desenvolvimentos na pesquisa e na prática da acupuntura, estas agulhas
podem abrir caminho para experimentos duplo-cego que permitam uma avaliação
científica dos efeitos da acupuntura.