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DESTAQUES
O GLOBO - RJ Sem espaço para renovação
FOLHA DE S. PAULO - SP Fora do governo, Temer enfrentará 4 processos
O ESTADO DE S. PAULO - Crise na Venezuela estimula tráfico de armas na fronteira com
SP Roraima
VALOR ECONÔMICO -SP Militares veem motivação política em divulgação de
documento da CIA
CORREIO BRAZILIENSE - DF Servidores querem eleger bancada própria
políticoeleitoral e estão cotados para disputar uma cadeira de governador em meio a mais de uma centena de
adversários. Eles podem até fazer algum barulho na campanha, mas a probabilidade de vitória é baixa pela falta
de estrutura dos partidos que representam - em sua maioria, pequenos ou recém-criados, como a Rede ou o
Novo.
Enquanto isso, o status quo se impõe nesta eleição, com velhos candidatos conhecidos do eleitorado. São,
em sua maioria, deputados, senadores e ex-governadores. No Maranhão, por exemplo, a família Sarney voltará a
disputar o governo com Roseana Sarney (PMDB), que já foi quatro vezes governadora. O mesmo fará o clã dos
Barbalhos, no Pará, com a candidatura do ex-ministro da Integração Nacional Hélder Barbalho, filho do senador
Jáder Barbalho. Em Alagoas, os Calheiros vão para a reeleição com Renan Filho, filho do senador Renan
Calheiros, candidato à reeleição ao Senado.
CONTINUIDADE EM FAMÍLI.
Em alguns casos, a continuidade supera o parentesco e chega aos mínimos detalhes. Em Sergipe, o
senador Antonio Carlos Valadares (PSB), que está na política há 51 anos, apresenta o filho, que tem o mesmo
nome do pai e é deputado federal, para tentar a vaga de governador este ano. O pai começou a carreira como
prefeito, em 1967, foi governador e hoje cumpre seu quarto mandato consecutivo no Senado. Valadares Filho
também não é novato: exerce o terceiro mandato de deputado federal. Na Paraíba, será o irmão gêmeo do prefeito
de João Pessoa, Luciano Cartaxo (PV), que tentará se eleger governador. Lucélio Cartaxo já foi superintendente
da Companhia Brasileira de Transportes Urbanos (CBTU) e da Companhia Docas na Paraíba, além de ter
disputado sem sucesso o Senado em 2014. Luciano e Lucélio são gêmeos idênticos, e é difícil distinguir um do
outro.
Há casos de políticos que tentarão voltar ao cargo que já ocuparam. Em Roraima, José de Anchieta Júnior
tentará retomar o comando do estado, que administrou entre 2007 e 2014. Vai disputar com Teresa Surita, prefeita
de Boa Vista e ex-mulher do senador Romero Jucá, do PMDB, comandante da política no estado e candidato à
reeleição no Senado.
Esse quadro, reunido pelo GLOBO na última semana, expõe a dificuldade de renovação da política
estadual. A desistência do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa de disputar a Presidência
pelo PSB na terçafeira passada é apenas o caso mais evidente, mas não o único, do impasse a que chegou o
sistema representativo no Brasil. A Operação Lava-Jato implodiu a credibilidade da classe política e revelou a
falência do sistema vigente, mas nada disso foi suficiente para levar ao passo seguinte, o da renovação. Não
apareceu até agora nenhum modelo capaz de minar a resistência dos que ainda se seguram no poder.
Para o cientista político do Insper Carlos Melo, esse é o principal empecilho, hoje, à renovação política.
- Há demanda por renovação, mas a questão é que as regras do nosso sistema político não foram
renovadas. Isso afasta quem não é ligado à política, porque sabe que, se eleito, a probabilidade de ficar de mãos
amarradas é grande.
Em efeito cascata, essa resistência desemboca na eleição presidencial, com candidatos como Geraldo
Alckmin (PSDB), Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede), Álvaro Dias (Podemos) e Jair Bolsonaro (PSL), todos na
vida política há muito tempo.
Outsiders com potencial de competição até ensaiaram entrar na disputa, como Barbosa e o apresentador
Luciano Huck, mas recuaram.
Nos estados, juízes e militares estão em peso nesse grupo minoritário dos não políticos que disputarão a
cadeira de governador, ao lado de empresários patrocinados pelo partido Novo.
Integrantes da reserva do Exército, por exemplo, são pré-candidatos no Distrito Federal, no Ceará e no
Maranhão. No Mato Grosso do Sul e em Tocantins, são dois ex-juízes os outsiders previstos na corrida. No Acre,
um policial tenta se viabilizar.
Entretanto, apenas dois são apoiados por partidos tradicionais. É o caso do general do Exército Guilherme
Cals Theophilo, pré-candidato a governador no Ceará pelo PSDB e ex-integrante do comando que planejou a
intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro, e do ex-juiz Odilon de Oliveira (PDT), que ganhou
notoriedade pelo combate ao narcotráfico em Mato Grosso do Sul.
Cientista político da FGV-Rio, Sérgio Praça vê o financiamento de campanha como outro importante entrave
ao surgimento de outsiders. Para ele, a eleição de 2016, ao eleger alguns outsiders como prefeitos, criou a
Continuação da Resenha Diária de 14 mai 2018 - Página 4 / 48
expectativa de que essa onda pudesse crescer em 2018, mas a questão financeira estaria freando essas
iniciativas.
- Um fator limitador para os outsiders interessados em disputar algum cargo nesta eleição é o custo das
campanhas. Uma campanha para governador é muito mais cara do que para prefeito. Então, para o outsider sair
candidato este ano, ou ele é milionário para bancar a própria campanha ou tenta entrar para um partido grande,
que tem mais recursos - avaliou Praça.
O problema é que nas legendas maiores a resistência aos novatos é grande, e isso explica, segundo Carlos
Melo, a concentração dessas candidaturas em siglas pequenas, com poucos recursos e viabilidade eleitoral.
- Veja que as tentativas de outsiders que tivemos para essa eleição foram protagonizadas por partidos que
estavam sem candidatos para apresentar. Não vi nenhum político profissional de um grande partido abrindo mão
de uma candidatura em nome de algum outsider. Nas oligarquias partidárias, política tem fila - afirma o professor
do Insper.
FUNDO PARTIDÁRIO BARRA NOVATO.
Essa será a primeira eleição geral sem o financiamento empresarial das campanhas - a estreia do modelo
foi em 2016, nas disputas municipais. A previsão é que a maior parte dos gastos seja bancada com dinheiro
público do fundo eleitoral, criado no ano passado e orçado em R$ 1,7 bilhão. Os partidos decidem como distribuir
o dinheiro aos candidatos. Para o professor da FGV, o fundo acabou se tornando um dos maiores impeditivos para
o lançamento de outsiders.
- A tendência é que a divisão desses recursos, que é feita pela cúpula dos partidos, beneficie quem já é
político. Existe um paradoxo nesta eleição: há uma força muito contrária à renovação, que é o fundo eleitoral, e
uma força muito forte a favor da renovação, que é a insatisfação popular. Se tivesse que dar um chute, eu diria
que a força do dinheiro na campanha é bem significativa.
A renovação política, na opinião dos especialistas, leva tempo e depende de condições mínimas. A
demanda popular pelo "novo" é uma delas, mas não é capaz de mudar o quadro sozinha.
- Precisamos entender que a renovação política não é automática pelo fato de a classe política estar
desacreditada. Ainda não colocamos a política velha para fora. A política velha não está na cadeia. Vai levar
tempo - diz Melo.
A eleição deste ano para o Legislativo poderá dar um passo nessa direção, embora tímido, na opinião de
Praça.
- A tentativa de renovação no Legislativo vai ser mais forte do que para cargos do Executivo este ano.
Agora, se ela vai se concretizar, ainda não dá para dizer - afirma o cientista político da FGV-Rio.
No fim de abril, o colegiado da CVM barrou a indicação de seis pessoas ao conselho fiscal da Light, após
ser alertada pela BNDESPar, braço de participações do banco de fomento e acionista da empresa. Controladora
da concessionária fluminense, a estatal mineira Cemig fez indicações de pessoas com cargos no governo. Entre
os indicados estavam secretários e subsecretários do governo mineiro, um secretário executivo do Partido
Republicano da Ordem Social (Pros) e um assessor técnico no Consórcio Intermunicipal de Saúde da Região
Sudeste (Cisdeste), que reúne 94 municípios mineiros.
AUTARQUIA PRIORIZA OBJETIVO FINAL DA LEI
Foi a primeira vez que a autarquia disse que as regras de impedimento valiam também para conselheiros
fiscais, interpretação da qual Light e Cemig discordam, segundo disseram à CVM. Mas a Superintendência de
Relações com Empresas (SEP) da CVM entendeu que o prolongamento seria "natural" por se tratar de "órgão
relevante do sistema de governança de uma companhia", que é o foco da Lei das Estatais. Essa foi a terceira
manifestação da CVM sobre o assunto, confirmando que a autarquia adotaria uma "interpretação teleológica":
privilegiando os objetivos finais da legislação.
- Algumas diretrizes já foram colocadas. A primeira é que a CVM tem, sim, competência para tratar da Lei
das Estatais. A outra diz respeito ao entendimento sobre a real finalidade da lei na hora de a CVM interpretá-la. A
lei quer buscar a independência dos administradores diante dos controladores estatais - afirmou Daniel Kalansky,
do escritório Loria e Kalansky Advocacia. - Não há dúvida de que a lei não consegue prever tudo, e daí a
importância de levar em conta seus princípios fundamentais.
A primeira decisão foi em dezembro de 2016, e, já naquela ocasião, o foco era a Light. Ali, o colegiado
decidiu que a Lei das Estatais também se aplicaria na indicação de conselheiros por empresas públicas para
companhias privadas em que detêm participação. Os diretores se manifestaram em resposta a uma queixa de
acionistas da Light, da gestora Tempo Capital e do megainvestidor da Bolsa Victor Adler. Eles reclamavam da
indicação, pela Cemig, para o conselho da Light de um ex-secretário-executivo de gabinete de Dilma Rousseff,
que participou de sua campanha.
Os diretores decidiram, por unanimidade, que "não haveria razões lógicas ou compatíveis com o espírito da
norma" para admitir a nomeação. Para eles, é necessário estender as vedações a empresas privadas quando
sofrem influência de estatais.
Em janeiro deste ano, a CVM voltou a se manifestar. O governo do Paraná designou para um "comitê de
indicação e avaliação" da Companhia Paranaense de Energia (Copel) seis políticos: dois eram secretários; um,
deputado federal; outro, controladorgeral do Estado; e o último, ex-presidente de representação local do Instituto
Teotônio Vilela, ligado ao PSDB do então governador do Paraná, Beto Richa. Os nomes desagradaram à
BNDESPar, acionista da empresa, que se queixou à CVM.
Mais uma vez, a autarquia entendeu que, embora a Lei das Estatais não criasse vedações específicas para
aquele comitê, fazia sentido estender as proibições já que ele seria responsável por indicar conselheiros da Copel.
Em seu voto, o presidente da CVM, Marcelo Barbosa, argumentou que permitir que indicados políticos
assessorassem a escolha de conselheiros "levaria a resultado contrário aos objetivos da lei." Neste ponto, o
executivo discordou do entendimento da área técnica da CVM.
A resistência à Lei das Estatais também ficou clara no caso da Caixa Econômica. No ano passado, o banco
tentou contorná-la ao ignorar recomendações do Ministério Público Federal (MPF) para afastar seus 12 vice-
presidentes, entre eles pelo menos quatro indicados por partidos políticos. Eles só foram afastados em janeiro,
após denúncias de irregularidades envolvendo os executivos e de o conselho alterar o estatuto do banco para
enquadrá-lo na legislação.
Para o BNDES e para advogados ouvidos pelo GLOBO, as interpretações da CVM não desrespeitam a lei.
- O entendimento da CVM tem sido muito positivo, até porque uma das finalidades do regulador é sinalizar
as boas práticas. E seu posicionamento reflete o espírito da lei. Quando o mercado entende claramente o
direcionamento dado pelo regulador e pelos investidores institucionais, vai aos poucos se ajustando - ponderou
Eliane Lustosa, diretora de Mercado de Capitais do BNDES.
DECISÃO QUESTIONADA PELO GOVERNO DE MINAS
Segundo ela, quando as empresas "não tiverem essa postura positiva de atender ao espírito da lei", o
BNDES vai cobrar, seja questionando a CVM, seja por meio de voto em assembleia.
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- A CVM está convidada a fazer o que está fazendo, no sentido de impedir a indicação de pessoas
politicamente vinculadas. É coerente. O novo instrumental é justamente para coibir preventivamente malfeitos -
observou Carlos Augusto Junqueira, do escritório Cescon Barrieu Advogados.
Outra advogada observou, porém, que falta a CVM se manifestar mais profundamente.
- Ela tem sido pressionada a se manifestar em casos de pedidos de interrupção de prazo para convocação
de assembleia, que sempre impõem urgência. Mas temos visto uma interpretação mais ampla, que atende
inclusive a uma demanda do mercado por administradores cada vez mais profissionais - disse ela, que preferiu
não ser identificada porque atua em casos julgados pela CVM.
As decisões da autarquia desagradaram ao governo de Minas, que controla a Cemig com 50,97% das ações
com direito a voto. O estado tenta barrar os entendimentos da CVM por meio de uma ação direta de
inconstitucionalidade (Adin) ingressada no STF no fim de abril. O estado questiona a legalidade da Lei das
Estatais e, em sua petição, assinada pelo governador Fernando Pimentel (PT), reclama da interpretação da CVM,
classificada de "equivocada" e que ele diz temer que seja "replicada pelos tribunais brasileiros". A Adin foi
distribuída ao ministro Ricardo Lewandowski, e não tem data para ser apreciada. A petição afirma que seguir a
interpretação da CMV poderia "impedir a participação de empresas estatais em empresas privadas".
A Adin argumenta que a CVM desconsiderou decreto estadual de Minas que regulamentava a lei para suas
estatais. Isso porque a CVM julgou que a Lei das Estatais estava em vigor desde a promulgação federal, sem
necessidade de depender de decretos estaduais para valer. Isso violaria, segundo o o governo mineiro, sua
autonomia, pois o decreto federal deu prazo até julho de 2018 para adaptação. Minas pediu medida cautelar para
que, no mínimo, "seja dada interpretação conforme a Constituição" de alguns artigos da Lei das Estatais para que
ela não seja aplicada a empresas privadas que tenham estatais entre os acionistas - caso da Light - e que seja
respeitado o prazo de julho de 2018.
Procurado, o estado de Minas não quis se manifestar. Em nota, a Cemig afirmou que "o posicionamento da
CVM é equivocado e contraria até mesmo a legislação federal sobre o tema".
"Embora a Cemig detenha participação na Light, trata-se de uma empresa privada e não de uma empresa
estatal, pelo que a Light não está sujeita, no que concerne às indicações dos membros dos conselhos de
administração e fiscal, às disposições da Lei das Estatais. Mesmo assim, Cemig e Light esclarecem que
cumpriram a orientação da CVM", escreveu a companhia.
Procurada, a Light disse que competia à Cemig se manifestar. A Copel também não se pronunciou.
Já a Caixa disse ter "um sistema de governança adequado à Lei das Estatais" e que a maior parte das
recomendações do MPF já está implementada, em implementação ou em processo de estudo. O banco
acrescenta que decidiu pelo "início imediato de processo competitivo de seleção, com apoio de empresa
especializada, para todos os cargos de vice-presidente", de acordo com o novo estatuto do banco.
sete décadas, o poder militar do presente convive com as tradições culturais do passad.
O local da nova representação americana em Israel, anunciado em dezembro, escancarou o apoio incondicional
de Washington ao governo de Benjamin Netanyahu, dificultando a retomada de negociações de paz entre
israelenses e palestinos. Ao mudar a embaixada para Jerusalém sem fazer nenhum outro gesto aos palestinos,
que reclamam o setor oriental da cidade como sua capital, o governo de Donald Trump deixa de ser visto como
mediador do conflito. Em consequência, a data chamada pelos palestinos de Nakba (dia da catástrofe e do êxodo)
- não por coincidência 15 de maio, dia seguinte à criação de Israel - deverá registrar recordes de protestos.
"Mover nossa embaixada não é um desvio do nosso forte compromisso de facilitar um acordo de paz
duradouro; pelo contrário, é uma condição necessária para isso", afirmou, em nota, o Departamento de Estado
americano.
A medida reforça a ligação entre o presidente Donald Trump e Netanyahu, um dos líderes estrangeiros mais
próximos do republicano. Especialistas afirmam que essa aproximação entre os dois é a mais intensa desde os
anos 1990, quando Bill Clinton e Yitzhak Rabin compartilhavam um profundo vínculo de amizade e uma visão
estratégica que os levou à primeira tentativa de um acordo entre os israelenses e palestinos baseado na premissa
da troca de terras por paz.
DESCOMPASSO COM EUROP.
Além disso, outros dois fatores contribuem para a escalada de tensão. A mudança da embaixada ocorrerá
seis dias após os Estados Unidos deixarem o acordo nuclear com o Irã, grande inimigo de Israel na região. Logo
em seguida, Israel atacou bases iranianas na Síria, no que afirmou ser uma retaliação contra o lançamento de
foguetes contra suas forças nas Colinas de Golã - território sírio cuja conquista por Israel em 1967 não é
reconhecida internacionalmente. Esses fatos se relacionam e ampliam a possibilidade de novos confrontos.
- O conflito entre israelenses e palestinos está envolto em camadas de significado simbólico, e esses dois
dias (aniversário de Israel e Nakba) são especialmente poderosos - disse ao GLOBO David N. Myers, professor de
História Judaica e diretor do Centro Luskin de História e Política da Universidade da Califórnia em Los Angeles
(UCLA), referindo-se à data escolhida por Trump para a inauguração da nova embaixada. - E os fatos no Oriente
Médio são dinâmicos. A decisão americana de se retirar do acordo nuclear com o Irã terá repercussões em toda a
região. E são particularmente preocupantes as crescentes tensões na fronteira norte de Israel com o Líbano e a
Síria, em especial a "guerra por procuração" entre o Irã e Israel (no front da guerra civil síria).
Até agora poucos países - a maior parte sem expressão diplomática relevante - seguiram o exemplo e
transferiram embaixadas. Na semana passada, foi o Paraguai, por exemplo. Já os europeus criticam a decisão dos
EUA, pois defendem seguir as resoluções da ONU segundo as quais o status definitivo de Jerusalém deve ser
determinado em negociações. Americanos e europeus também ficaram em posições contrárias no caso do acordo
iraniano, levando Angela Merkel, chanceler alemã, a afirmar que o Velho Continente não pode mais "confiar" nos
EUA.
Por outro lado, o governo Trump tenta - talvez sem uma estratégia muito clara - repetir com os palestinos o
que fez com os norte-coreanos: tensionar a relação para buscar um acordo. Mas no Oriente Médio a situação é
menos clara do que na Península Coreana, e o risco de errar na dose, fazendo eclodir um novo confronto, parece
ser maior, segundo especialistas.
- A mudança da embaixada sinaliza um afastamento de uma política de 30 anos que tentava uma solução
para o conflito dentro da visão de dois Estados. É uma indicação de que os EUA não pretendem ser um
intermediário honesto, mas sim um aliado de Israel - disse Myers. - Receio que estejamos caminhando para um
período de crescente tensão. Quando há percepção de estagnação e falta de progresso, surge a perspectiva de
violência.
Desde que ficou claro o apoio incondicional de Trump a suas políticas, o governo de Netanyahu tem se
preocupado menos com a pressão internacional na questão dos assentamentos em territórios ocupados - são
cerca de 600 mil israelenses vivendo na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental. Dan Arbell, pesquisador do Centro
de Estudos sobre Israel da American University, na capital americana, acredita que essa mudança da embaixada é
"historicamente errada".
- Os Estados Unidos atenderam a um dos mais importantes pedidos de Israel sem pedir nada em troca, sem
utilizar isso como moeda de negociação em um acordo de paz com os palestinos. Perderam uma oportunidade.
Continuação da Resenha Diária de 14 mai 2018 - Página 8 / 48
A cerimônia de inauguração contará com a presença de Ivanka Trump e Jared Kushner, a filha e o genro do
presidente americano, que tem sido um intermediário nos contatos com Israel. A embaixada começará a funcionar
com ao menos 50 funcionários. São esperados 800 convidados na cerimônia - nenhuma autoridade palestina.
Essa mudança também serve como uma luva para as pretensões internas de Trump, pois parte da base
evangélica dos republicanos defende que Israel tem direito à "terra prometida".
-A love story entre Trump e Netanyahu deve continuar - disse Arbell. - A questão será quando os
democratas voltarem ao poder. Acredito que, neste momento, os israelenses terão grandes problemas.
pela recessão, subia apenas 28%. O que obviamente não se sustenta. O fatores básicos são que o percentual de
idosos da população brasileira aumenta cada vez mais, combinado com as vergonhosas regras de dar aos
aposentados os mesmos reajustes obtidos pelos ativos, em cima de benefícios que foram calculados pelos últimos
salários da fase ativa ("paridade" e "integralidade"). Esses "direitos", pelas regras atuais, só vão diminuir daqui a
20-30 anos.
A criação de fundos de pensão para "saldar" a dívida previdenciária está prevista na Carta Magna, e essa
tarefa é bastante conhecida dos brasileiros, que tantos fundos desse tipo já montaram com sucesso nos últimos
50-100 anos. É só arregaçar as mangas e trabalhar.
de segurança pública para situações de guerra, quando a regra é sempre atirar. Penso que ele não deve ter tido
treinamento para essa situação, como diz a lei, de tempos de paz.
Ainda no sábado, um ônibus da linha 793 (Pavuna- Magalhães Bastos), teria sido incendiado na Rua
Almeida e Souza, em represália à morte de Diego.
A mudança não atinge o cargo de presidente, de acordo com o entendimento da corte até agora. Assim, se
Temer assumir um cargo de embaixador ou de ministro em eventual governo de aliado, seus processos
continuarão tramitando no STF, foro de ministros e chefes de missões diplomáticas.
O emedebista vinha se colocando como possível candidato na corrida presidencial, mas, nas últimas
semanas, declarou a integrantes do partido que não deverá se candidatar à reeleição.
Em conversas reservadas, segundo relatos feitos à Folha, o presidente já manifestou preocupação em ser
preso após passar a faixa presidencial. O maior receio dele, no entanto, é de que os investigadores avancem
sobre sua família.
O primeiro golpe sofrido por ele ocorreu no mês passado, quando a Folha revelou que a mulher do coronel
João Baptista Filho, amigo do emedebista, pagou em dinheiro vivo obra na casa da filha do presidente Maristela
Temer.
Na sequência, a Polícia Federal a convocou a prestar depoimento. Na época, a filha telefonou assustada ao
presidente, que fez questão de viajara São Paulo para dar apoio.
No mesmo mês, a Folha revelou que a Polícia Federal suspeita que o presidente lavou propina em imóveis
da família, alguns dos quais em nome de sua mulher, Marcela, e do filho do casal.
De acordo com assessores presidenciais, a primeira-da-ma já reclamou com o presidente sobre a exposição
do filho, de apenas 9 anos.
Além do receio jurídico, o presidente já disse a um auxiliar e amigo que não quer deixar o Palácio do
Planalto com o risco de ser hostilizado em locais públicos. Ele, contudo, na média, é o presidente mais impopular
da história desde a redemocratização.
Compilação das mais de 200 pesquisas de avaliação de governo feitas pelo Datafolha nas últimas três
décadas mostrou que a média do atual presidente nesses 24 meses é pior até mesmo do que a dos antecessores
que sofreram impeachment, Dilma Rousseff e Fernando Collor.
Desde o início do mês, o Exército faz operações com as polícias em 11 comunidades das zonas norte e
oeste do Rio. Apesar da intervenção, os índices de violência no Estado permanecem altos.
Segundo Bruno Salama (da Fundação Getulio Vaigas e da Universidade da Califórnia, Berkeley), autor da
pesquisa, isso não significa que as cortes brasileiras tenham uma preferência pró-devedor. O viés dos
magistrados, diz ele, seria contra taxas de juros acima de certo patamar.
"Por exemplo, 0 juiz está mais propenso a mandar pagar rigorosamente o que está previsto em contrato
quando a taxa de juros estipulada é de 12% ao ano do que quando é de 12% ao mês."
Para investigar essa possibilidade de "causalidade reversa", Salama vasculhou 11.000 ações referentes a
financiamentos de automóveis em São Paulo com auxílio de um software que identificou palavras-chave em
decisões de primeira instância.
Terminou com 888 casosque atendiam a certos critérios da pesquisa (como ter o devedor como autor da
ação e a taxa de juros explícita na sentença judicial).
A maioria das disputas se referia a contratos com juros inferiores a 3% ao mês. Todas essas foram
rejeitadas pelos juízes que, portanto, deram ganho aos credores. Com a minoria dos casos em que as taxas
questionadas superavam 7% ao mês, ocorreu o oposto e os pleitos dos devedores foram todos aceitos.
Para Salama, os spreads altos contribuem para que o Judiciário siga relativamente avesso a dar
cumprimento aos contratos de financiamento em condições de juros muito elevados: "Existe profunda incerteza
acerca principalmente da taxa de juros aceitável", afirma ele, destacando que isso "não exime o Judiciário da sua
parcela de culpa".
"O Judiciá rio tem sido incapaz de dar respostas unívocas e minimamente rápidas", diz.
Agora ele vai ampliar seu estudo para buscar eliminar hipóteses alternativas para sua descoberta, como a
possibilidade de que os contratos com juros mais altos contenham algum tipo de irregularidade.
Caso confirme sua conclusão inicial de que existe mesmo um viés entre os juízes contra juros altos, Salama
tentará medir o peso disso sobre o spread bancário.
--
Magistrados negam influência de decisões sobre taxas bancárias
A dificuldade de se mensurar a contribuição individual exata das muitas causas do alto spread no Brasil
torna o debate intrincado, terreno fértil para divergências.
Representantes dos juízes discordam, por exemplo, que a morosidade na tramitação de ações na Justiça
referentes a dívidas e possíveis tendências enviesadas de interpretação da lei ainda tenham peso significativo
sobre o risco de crédito no país.
"A legislação avançou em favor dos bancos de forma extremamente benevolente", afirma José Arimatéa
Neves Costa, vice-presidente da AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros).
Segundo Costa, que é juiz titular de uma vara de direito bancário em Cuiabá, os entendimentos em relação
a questões do sistema financeiro foram "tabelados" pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça).
"O juiz de primeiro grau evita decidir favoravelmente ao consumidor, ainda que se sensibilize com sua
situação, porque sabe que vai criar uma expectativa que não se sustenta em recursos posteriores", explica.
Costa afirma ainda que, com as mudanças na legislação, a morosidade deixou de ser um problema na
tramitação de processos em que haja garantias reais, como imóveis e veículos.
A exceção, diz ele, continuam sendo as execuções de dívidas sem colateral nas quais o juiz "tem realmente
dificuldade de fazer o processo avançar" "Mas, de forma geral, a lógica do argumento bancário para manter os
juros altos não se sustenta", diz Costa.
-
Concentração no setor impede corte mais acentuado de taxas
Os bancos, por sua vez, negam que a alta concentração bancária-citada por especialistas como uma das
causas da resiliência dos juros de financiamentos- também seja parte relevante do problema.
Em recente audiência pública no Senado, Murilo Portugal, presidente da FEBRABAN (federação de
bancos), ressaltou que os altos custos da intermediação financeira -o que inclui o risco de crédito- são o principal
determinante do spread.
"Não é a concentração bancária, não é a falta de competição, não são os supostos lucros abusivos dos
bancos", afirmou Portugal.
Um outro estudo, e ainda inédito, indica, porém, que, no Brasil, a alta concentração - os cinco maiores
Continuação da Resenha Diária de 14 mai 2018 - Página 17 / 48
bancos detêm mais de 80% dos ativos do setor- tem se traduzido em menor concorrência e reduzido o efeito
potencial das mudanças regulatórias.
A conclusão dos economistas Klenio Barbosa (Insper), Rodrigo Andrade (BC) e Leonardo Alencar (BC) se
baseia em análise dos efeitos da Lei de Falências.
Segundo eles, a nova regulação levou os juros médios do crédito corporativo a cair de 36% para 31,3%, o
que é positivo. Mas, pelos cálculos dos pesquisadores, se a lei tivesse surtido todo o seu efeito potencial, as taxas
teriam recuado ainda mais, para 29%.
"Essa diferença de pouco mais de 2% entre o efeito potencial e o real mostra que há um problema
moderado de competição no país", diz.
A pesquisa -que será publicada em breve- envolveu a comparação do comportamento de diferentes linhas
de crédito, algumas afetadas pela Lei de Falências e outras não.
Os três economistas dizem acreditar terem comprovado na prática o que prevê a teoria: credores com algum
poder de mercado podem não transferir para os tomadores de recursos todos os benefícios da maior proteção
advinda de novas regulações.
"Mesmo que o Judiciário seja mais eficiente ou tome decisões sem vieses, a eficácia de uma maior proteção
aos credores também depende do nível de competição", afirma Barbosa.
--
"O Judiciário tem sido incapaz de dar respostas unívocas e minimamente rápidas"
Bruno Saiam, FGV e Universidade da Califórnia
Frequentadoras contam que ela não alardeia o parentesco nem comenta as atividades do companheiro.
Mas, como esperado, a informação de que ela é quem é correu rápido no boca a boca.
Na academia se especula que a aluna está mais reclusa à medida que o foco se volta para o presidenciável.
Vista pela Folha saindo do condomínio numa tarde de quinta-feira, Michelle conseguiu evitar uma
abordagem ao acelerar o carro, com os vidros fechados. Foi seguida por um veículo que aparentava levar um
segurança.
Nesse dia ela usava óculos escuros e os cabelos presos num coque. Seu estilo de se vestir é básico, inclui
blusinha, calça jeans e sapatilha.
No início de abril, depois que o UOL -empresa do Grupo Folha, que edita a Folha- publicou uma longa
reportagem sobre ela, apagou seu perfil no Facebook. Há poucos rastros seus na rede.
Um deles é a reprodução de uma revista de noivas que estampou Michelle na capa em 2013. Naquela
edição, a Festejar Noivas mostrou detalhes do casamento com o político. A cerimônia foi realizada seis anos
depois da união no civil.
Fotos retratam um emocionado Bolsonaro (ele até chorou) ao lado daquela que é sua terceira esposa. Ele
escreveu na revista que se aproximou dela porque resolveu "novamente buscar a felicidade". Tinha se separado
da advogada Ana Cristina Valle meses antes.
Michelle relatou nas páginas: "Um amor que foi conquistado aos poucos, mas hoje posso dizer, sem
dúvidas, que ele é meu grande amor!". Contou que se viram pela primei -ra vez "no gabinete do Jair".
Nascida em Ceilândia, no Distrito Federal, a noiva era secretária parlamentar na Câmara quando conheceu
o futuro marido. Meses depois, foi trabalhar no gabinete dele, durante um ano.
Como a Folha mostrou no ano passado, a contratação e a promoção fizeram Michelle ter seu salário quase
triplicado em relação à função anterior, na liderança do PR A demissão veio em 2008, forçada pela regra
antinepotismo.
O casamento foi celebrado pelo pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, igreja da
qual a noiva fez parte até 2016.
A filha do casal estuda em um colégio particular na região de casa. Às vezes os pais a levam, mas
geralmente a menina vai no micro-ônibus de uma empresa de transporte escolar que é do ex-BBB Daniel Manzieri.
Ele, que foi confinado no Big Brotner Brasil em 2016, virou pessoa de confiança do casal.
Em uma gravação, no You-Tube, Bolsonaro aparece abraçado à filha dizendo que não a coloca em escola
pública porque o currículo não é o mesmo da época dele, quando se "tinha educação de qualidade".
O deputado tem aludido ao DNA da esposa para se defender da acusação de ser racista. Tenta dissipar a
polêmica repetindo que seu sogro, por causa da cor da pele, é conhecido em Ceilândia como Paulo Negão.
Procurado, o pai de Michelle não quis se pronunciar.
Em abril, a Procuradoria-Geral da República denunciou Bolsonaro ao Suprem.
sob acusação de crime de racismo, por causa de afirmações que atingiram quilombolas, indígenas,
refugiados, LGBTs e mulheres.
Um dos motivos da denúncia foi ter dito em2017: "Tenho cinco filhos. Foram quatro homens, a quinta eu dei
uma fraquejada e veio uma mulher".
No ato evangélico em Santa Catarina, ele apresentou versão diferente. Falou que "não existe coisa mais
maravilhosa no mundo do que ter uma filha" eque, muitas vezes, o pai torce por um garoto, mas ter uma menina "é
uma graça".
Também dedicou elogios a Michelle: "Fico muito feliz em ter alguém que é aquele abraço amigo, alguém
quem e dá o norte nos momentos difíceis, alguém que aceitou eu ficar muito ausente da minha casa para buscar
um local que entendo ser a missão de Deus".
Ela disse amém.
Bolsonaro está no terceiro casament.
Rogéria Nantes Nunes Braga Foi a primeira mulher do deputado. Com seu apoio, elegeu-se vereadora no
Rio nos anos 1990. É a mãe dos três filhos políticos do presidenciável (Flávio, Carlos e Eduardo Bolsonaro.
Ana Cristina Valle Segunda mulher, teve com ele um filho, Jair Renan, de 19 ano.
Michelle de Paula Firmo Reinaldo Bolsonaro Atual mulher, tem uma menina de 7 anos com ele e uma filha
Continuação da Resenha Diária de 14 mai 2018 - Página 19 / 48
melhor possível". "Tradicionalmente, os partidos de esquerda costumam ter um engajamento militante maior que
os de direita", afirma, citando a "excelente experiência" de captação na internet que teve a campanha do deputado
Marcelo Freixo à Prefeitura do Rio de Janeiro em 2016.
Para ele, o crowdfunding "vai ser parte decisiva na campanha" de Boulos. "Até porque os recursos do fundo
eleitoral que vai ser distribuído no começo de agosto são muito desiguais" diz.
Todos os representantes dos presidenciáveis que asarão os sites de financiamento coletivo disseram não
ter definido ainda se divulgarão uma meta de arrecadação - comum nos sites de vaquinha, mas que não serão
obrigatórias para os candidatos.
" Uma boa medida é começar a campanha, ver como as pessoas reagem e depois estabelecer uma meta.
Porque ainda não é possível saber como a opinião pública vai reagir, se vai se envolver ou não", afirma o
tesoureiro do PT, Emidio de Souza.
Segundo ele, há uma prioridade antes de iniciar a arrecadação coletiva para a campanha do ex-presidente,
que está preso em Curitiba: finalizar a vaquinha eletrônica de colaboração com o acampamento em frente à sede
da PF onde está o petista.
"Temos que encerrar uma para começar a outra, para não ficar duas campanhas ao mesmo tempo, que daí
fica ruim." A meta do crowdfunding do acampamento é de R$ 1 milhão. O último balanço das doações divulgado,
em 27 de abril, foi de R$ 500 mil.
COM.
FUNCIONARÁ O CROWDFUNDING Empresas de financiamento coletivo podem se cadastrar até agost.
TSE valida os cadastros das empresa.
Pré-candidatos já começaram a contratar empresas de crowdfundin.
A partir desta terça (15), políticos poderão divulgar as campanhas de financiamento coletivo e os indivíduos
poderão iniciar as doaçõe.
As doações ficarão retidas até que o político registre sua candidatura, a partir de 15 de agosto; só então 0
valor será repassado ou devolvido, em caso de desistênci.
Pessoas físicas não podem doar mais que 10% do valor de seus rendimentos brutos no ano anterio.
Empresas e estrangeiros não podem doa.
Eleitor não pode doar mais de R$1.064/di.
Site de financiamento deve registrar o nome e o CPF do doador, o valor da doação e a forma de pagament.
O site deve publicar a lista com o nome dos doadores e as quantias doada.
O site deve emitir um recibo para o doador e enviar para a Justiça Eleitoral e para 0 candidato
Brutus e o STF
MARCUS ANDRÉ MELO
O STF tem estado sob ataque. Wadih Damous (PT-RJ) defendeu recentemente seu fechamento e a criação
de uma corte constitucional com ministros com mandato. Esse estado de coisas foi produzido, entre outras razões,
pela atuação do STF como corte criminal em contexto de escândalo de vastíssima proporções.
Essa agenda penal engendrou ineficiência, politização e polarização intensa. Onze propostas de
reformatação do desenho institucional da corte tramitam atualmente no Congresso estipulando mudanças na
forma de nomeação dos ministros e na duração de seus mandatos.
O desenho institucional de uma corte reflete interesses. É certo que durante ditaduras a institucionalidade
importa pouco: o autocrata pode simplesmente demitir a corte ou ministros individuais. Os castos são apenas
reputacionais. Nas democracias um presidente pode apenas lamentar a ingratidão de magistrados que indicou ou
afirmar que eles se acovardaram.
Mas há regimes iliberais em que o mandato dos juizes da Suprema Corte eram inferiores ao do mandato
presidencial/congressual (El Salvador), ou coincidiam com o próprio mandato (República Dominicana, Guatemala,
Honduras, Nicarágua, Venezuela, Paraguai). Mandatos coincidentes ou renováveis criam o risco moral da
gratidão.
Na América Latina apenas Brasil, Argentina, Chile e México seguiram o modelo americano de mandato
Continuação da Resenha Diária de 14 mai 2018 - Página 21 / 48
vitalício (embora Cárdenas ao subir ao poder restringiu-o ao sexênio presidencial). No Brasil -como no Chile-,
entretanto, limitou-se o mandato à idade de aposentadoria compulsória, evitando-se a permanência de ministros
senis na corte, como ocorreu nos EUA.
O efeito desse dispositivo é cristalino: a idade média de aposentadoria dos ministros nos últimos 30 anos é
de 66,4 anos. (67,2 se Francisco Rezek for excluído pois foi nomeado aos 39 anos e exonerado aos 49). Mais
relevante é a permanência média no cargo, de 9,1 anos (9,6 sem Menezes Direito que faleceu 16 meses após a
posse). Coma elevação da aposentadoria compulsória para 75 anos (PEC 88/2015), a média provavelmente
atingirá algo como 13 anos (1 ano a mais que o mandato na Corte Alemã, eleita pelo Parlamento).
As propostas atuais de mandato de dez anos são assim muito barulho por nada, enquanto a de introduzir o
concurso público para a Corte, estapafúrdia. Instituiria finalmente entre nós a juristocracia temida por Brutas, o
destacado antifederalista. Nas democracias presidenciais, os juizes são indicados e confirmados pelos agentes
eleitos -presidente e senadores- precisamente para que se preserve sua legitimidade política em última instância.
Continuação da Resenha Diária de 14 mai 2018 - Página 22 / 48
terceiro".
Policiais dizem que essa caracterização "é difícil de se configurar quando não há confissão ou elementos de
prova encontrados com o detido, tais como bilhetes de passagem e etiquetagem de bagagem do exterior".Desse
modo, dizem, o tráfico de armas "interno" acaba se confundindo, na tipificação, com meros crimes de posse ou
porte de armas, com penas inferiores à de tráfico internacional.
2 PERGUNTAS PARA...
Maria Laura Canineu, diretora da Human Rights Watch no Brasi.
1.Qual é o nível da crise na Venezuela no momento.
Milhares de venezuelanos estão deixando o país diante da grave crise humanitária, a profunda escassez de
alimentos e medicamentos, que impedem a sobrevivência.
Documentamos um caso de uma mulher deixada por uma ambulância na fronteira porque eles não tinham
condições de realizar o parto.
2.Quais os impactos notados sobre Roraima.
Na Saúde, por exemplo, há demanda crescente e incapacidade do governo em lidar com isso. É preciso
uma resposta interfederativa. É uma responsabilidade moral cujo reconhecimento é obrigatório.
Não se deve criminalizar essa população já vulnerável.
Com isso, o PT espera neutralizar também o debate interno sobre a indicação de um vice petista. O partido
teme que isso traga de volta as especulações sobre o plano "B". Segundo Carvalho, a carta de Lula à Gleisi na
semana passada "enterra os fantasmas de plano B".
3 PERGUNTAS PARA...
João Paulo Rodrigues, coordenador nacional do MST
1.Há dificuldades para mobilizar gente contra a prisão de Lula?
Há uma outra forma de fazer manifestação que é mobilizar setores organizados como médicos, juristas,
igrejas sem fechar rodovia nem fazer greve.
Isso tem sido um sucesso.
Pela tradição clássica dos movimentos populares, inclusive o nosso, seria natural que tivessem mais greves
e mobilizações de rua. Isso não veio, mas não é de agora.
2.A estrutura do PT dificulta a inclusão de novos atores?
O PT não se preparou para este momento. Se preparou para fazer disputa eleitoral e nesse campo continua
ativo.
Por isso fica tudo mais difícil.
O PT teria condições de ter sempre em cada município pelo menos um ônibus de gente organizada para
levar. Sei que há dificuldades de infraestrutura.
Estamos há dois anos fazendo lutas. Na hora em que precisávamos está todo mundo capenga.
3.Os movimentos se acomodaram nos governos do PT?
Acomodaram. Não porque queriam. Existia uma lógica, não por maldade: o governo resolve e não queremos
briga, vamos tentar a conciliação.
Aquilo deixou uma marca de falta de mobilização, organização e estruturação dos movimentos muito
grande.
INTERLOCUTORES
l Gleisi Hoffmann Presidente do PT, é a única pessoa do partido autorizada a falar em nome do ex-
presidente Lula.
l Fernando Haddad Ex-prefeito de São Paulo.
l Jaques Wagner Ex-ministro e ex-governador da Bahia.
l Marcio Pochmann Fundação Perdeu Abramo
l Luiz Dulci Ex-ministro de Lula
perspectiva. Há uma desconfiança também porque os eleitores estão mais atentos para não se deixar levar por
promessas mirabolantes, por ideias que são inexequíveis. Essa questão da desesperança, de não conseguir
enxergar uma solução, é um sentimento muito sofrido, muito mesmo. Nós percebemos isso em pesquisas
qualitativas. São pessoas de classes mais altas, de classes mais baixas, todo mundo batalhando e as coisas não
andam, está tudo amarrado.
l O desânimo em relação aos políticos tradicionais leva a uma maior abertura a novidades?
Há uma posição dúbia em relação ao novo. Eles percebem que a situação é muito complexa e que talvez
um candidato que represente o totalmente novo possa piorar ainda mais o quadro. Querem mudança?
Querem. No jeito de fazer política, no jeito de lidar com o serviço público, com o dinheiro público. Mas não
necessariamente esperam um "novo do novo", porque isso também geraria insegurança. Eles esperam uma certa
bagagem. Há esse temor de que fique pior.
l Até agora é uma eleição sem favoritos, o que atrai muitos candidatos.
Por outro lado, partidos menores têm poucos recursos e precisam investir em campanhas de deputados. A
lista de presidenciáveis tende a encolher?
Deve ser a primeira eleição desde 1989 sem (o ex-presidente) Lula, que tem um peso específico, que vai
além de seu partido.
Um ponto importante é que, apesar da baixa preferência partidária dos brasileiros, há cerca de 30% com
simpatia pelos partidos de esquerda.
Sem o Lula, o que pode acontecer é uma reorganização dos partidos de esquerda, para que não percam
essa fatia do eleitorado.
Hoje o cenário é de muitos possíveis candidatos, com baixa intenção de voto. Os únicos com taxas
significativas são Lula, Bolsonaro e Marina.
O voto está muito pulverizado.
Acho que deve acabar ocorrendo uma recomposição dos partidos, de maneira que não tenhamos tantos
candidatos concorrendo. Será uma campanha curta, que terá emoção até o último momento.
l Até que ponto as redes sociais tornam o eleitorado mais volátil, mais sujeito a mudanças bruscas?
As redes têm um papel mais importante, sim, a cada ano a mais usuários. Sabemos que os eleitores citam
cada vez mais as redes como fonte de informação.
Mas ainda não temos como medir o quanto elas influenciam a decisão de voto.
l Como a desinformação afeta o voto?
Em relação às notícias falsas, nossas pesquisas mostram que os eleitores se preocupam muito com isso.
Eles acham que o ambiente da internet é mais propício para as pessoas divulgarem e passarem notícias falsas
sem checar a fonte. Sabem e declaram que não podem acreditar em tudo o que veem na internet. A credibilidade
maior é dos veículos de comunicação tradicionais: jornal, rádio, TV. É onde se sentem mais seguros em relação à
informação que recebem. Existe interesse maior pelas notícias políticas. É claro que isso se verifica de maneira
mais forte nos grupos urbanos e de maior escolaridade, mas também vemos essa preocupação de buscar mais
informação nas classes mais baixas.
l Como o eleitor pode saber se uma pesquisa é confiável?
Primeiro, todas as pesquisas que são divulgadas têm de ser registradas no site do TSE. O registro dá
transparência ao processo.
É possível ver a maneira como a pesquisa está sendo feita, ler o questionário, saber quem é o contratante,
verificar o preço que está sendo pago.
Há preços lá que são inexequíveis.
Impossível fazer uma pesquisa com um custo tão baixo.
É claro que metodologia é uma coisa muito técnica, mas só de olhar o eleitor vai ter alguns indícios de como
cada instituto está trabalhando. Uma coisa que fica nítida é a diferença de preços entre institutos tradicionais e
conhecidos e os outros.
Até o dia 8 de abril, havia 88 pesquisas registradas no TSE.
Cerca de 40 eram de empresas não associadas à ABEP (Associação Brasileira das Empresas de
Pesquisas). Ou seja, não sei quem são. Além disso, em todos esses casos, o contratante é a própria empresa de
Continuação da Resenha Diária de 14 mai 2018 - Página 27 / 48
pesquisa.
l É algo inusual um instituto fazer pesquisa com recursos próprios?
Essa coisa de fazer tudo por conta própria é estranha. Nós já fizemos, mas é raro. Às vezes fazemos porque
há algo importante acontecendo e nenhum cliente contrata pesquisa naquele momento. Há casos em que o cliente
contratou um calendário e acontece um fato importante no intervalo de duas pesquisas. Aí fazemos uma extra e
doamos para o cliente.
Mas é estranho fazer várias pesquisas com recursos próprios.
l Isso seria um indício de que eles estariam ocultando o contratante, alguém com interesse no resultado da
pesquisa?
Há que se deduzir isso. Não se sabe que interesse haveria em um instituto ficar gastando seus recursos
com pesquisas.
É um indício de algo esquisito.
Também se deve prestar atenção nos resultados dos diferentes institutos. As pesquisas mostram uma
tendência ao longo do tempo. O fenômeno que está sendo medido por todos é o mesmo, então todos devem
mostrar uma tendência semelhante, mesmo que os números não sejam exatamente os mesmos. Se um instituto
apresenta resultados muito díspares, é preciso procurar entender a razão.
Pesquisas.
Marcia Cavallari, do Ibope, afirma que eleitores querem o 'novo' na política, mas preferem candidatos com
experiência
747 mil. A Corsan não tem hedge, mas explicou em nota que o "caixa está preparado para esse desembolso
adicional" e que a exposição cambial da empresa é relativamente baixa: 6,9% da dívida total.
Periodicamente, o BC estima o total da dívida externa das empresas sem proteção cambial. O dado mais
recente, de dezembro de 2016, mostrava valor equivalente a 9% do Produto Interno Bruto (PIB). O patamar é
maior que os 8% de 2014, primeira pesquisa. Ainda que parte dessa dívida desprotegida conte com algum tipo de
resguardo indireto - como um ativo ou sede no exterior, essas companhias administram o caixa com
compromissos futuros em moeda estrangeira sem seguro contra a disparada da moeda.
Com quase metade das empresas desprotegidas, o BC sugere atenção a eventuais mudanças na
economia. O estudo da instituição diz que em um "hipotético cenário de reversão" há dois pontos a observar com
cautela nas empresas com exposição ao câmbio: "potenciais impactos na capacidade de pagamento das
empresas e no total do endividamento".
Economistas avaliam que as últimas semanas reforçam a percepção de que a mudança de cenário
hipotética mencionada pelo BC está em curso. Desde março, o dólar subiu mais de 7% e já bateu em R$ 3,60,
crescem as incertezas sobre as eleições no Brasil, o aperto do juro nos EUA pode ser mais intenso que o
esperado e surgiu uma inesperada crise na Argentina com direito até ao FMI.
Identificação. Tão logo a área foi isolada, o principal trabalho dos investigadores se concentrou na
identificação do terrorista, que não levava documentos.
No início da manhã de ontem, a seção antiterrorismo do Ministério Público informou que já tinha a resposta:
tratavase de um francês naturalizado, nascido na Chechênia em novembro de 1997. Azimov não tinha
antecedentes policiais, mas havia sido alvo de uma "Ficha S" - de "Segurança do Estado" -, como se chamam os
arquivos do serviço secreto relativos a suspeitos de radicalização ou atividade terrorista na França.
Azimov vivia na França desde o início dos anos 2000, quando deixou a Chechênia em guerra em busca de
asilo. A família viveu em Nice e em Estrasburgo, onde se radicou. Em 2004, receberam o status de refugiados e
ajuda econômica para viver na França.
Em 2010, sua mãe obteve a nacionalidade francesa, que transmitiu ao filho, então com 13 anos. Depois de
se mudarem para Paris, o jovem teria estabelecido vínculos com pregadores islamistas e por isso se tornou objeto
de observação da Direção Geral de Segurança Interior (DGSI), o serviço secreto interno francês.
Sua eventual ligação com o Estado Islâmico não havia até ontem sido estabelecida pelas investigações,
mas sua proximidade com um pregador jihadista preocupava as autoridades. Na noite de ontem, o Ministério do
Interior confirmou a existência de um vídeo de reivindicação atribuído a Azimov e distribuído na internet pela
Amaq, agência de propaganda do EI, em que o jovem assume a ação.
"O autor deste ataque à faca em Paris é um soldado do Estado Islâmico e a operação foi levada a cabo em
represália aos estados da coalizão", afirmou o comunicado, referindo-se à aliança militar ocidental formada por
EUA, França e Reino Unido, países que atuam de forma coordenada na Síria e no Iraque contra o grupo terrorista.
Até a noite de ontem, os pais de Azimov continuavam detidos para averiguações, assim como uma terceira
pessoa, supostamente um amigo dele.
Líder da Chechênia culpa França por atentad.
O presidente da Chechênia, Ramzan Kadyrov, responsabilizou a França pelo atentado de sábado. "Toda a
responsabilidade pelo fato de que Azimov decidiu adotar a via da criminalidade cabe inteiramente às autoridades
francesas", afirmou em uma mensagem distribuída pelo serviço de mensagens instantâneas Telegram.
"Ele apenas nasceu na Chechênia, mas cresceu e formou sua personalidade, suas opiniões e suas
convicções no seio da sociedade francesa. Estou certo de que se tivesse passado sua adolescência na
Chechênia, sua sorte seria diferente." Em sua mensagem, Kadyrov não fez referência aos atentados cometidos
por muçulmanos ultrarradicais em solo checheno desde 2007.
isso.
O projeto é uma prioridade para o partido", afirmou. O dinheiro está sendo gasto principalmente com
locação de jato particular para viagens de Maia e contratação de assessores.
O PCdoB, por sua vez, informou que a pré-campanha de Manuela está orçada em R$ 800 mil. De acordo
com a legenda, esses recursos virão não só do Fundo Partidário, mas também de contribuição de filiados e
militantes e de uma plataforma digital de arrecadação intitulada "Manu pelo Brasil".
Presidente do PSC, Pastor Everaldo Pereira disse que a campanha de Rabello de Castro gastou cerca de
R$ 12 mil do fundo até agora. Os recursos bancaram basicamente passagens aéreas.
O ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), a ex-ministra Marina Silva
(Rede), o senador Álvaro Dias (Podemos-PR) e Guilherme Boulos (PSOL) também estão usando recursos do
fundo na pré-campanha.
Três pré-candidatos disseram que gastam dinheiro próprio ou de doações de outros filiados.
São eles, o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (MDB) e o empresário Flávio Rocha (PRB), e João
Amoedo (Novo). O deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ) não respondeu aos questionamentos da reportagem.
'Prioridade.
"Esse recurso (do Fundo Partidário) já está separado para isso.
O projeto é uma prioridade para o partido." ACM Neto PRESIDENTE DO DEM, SOBRE A PRÉ-CAMPANHA
DE RODRIGO MAIA
Crise habitacional piora com aluguel 'pesado' e mais pessoas por quarto
Thais Carrança
O aluguel pesou mais no bolso do brasileiro e mais pessoas tiveram que dividir o mesmo teto em 2017.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que a situação habitacional do país piorou
no ano passado, mesmo com o fim da fase mais aguda da recessão.
O número de lares que gasta mais de 30% da renda com aluguel cresceu 3,5% entre 2016 a 2017, somando
3,7 milhões. Já os domicílios alugados com mais de três pessoas dormindo num mesmo cômodo avançaram
15,9% no período, para 543 mil, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua
do IBGE.
Os problemas se agravaram ainda mais nas capitais, onde o custo da moradia é mais elevado, com avanços
de 8,2% e 21,2%, respectivamente, conforme levantamento da LCA Consultores, feito a pedido do Valor. O
aumento da extrema pobreza, o desemprego elevado, a piora da renda com o avanço da informalidade, além da
desidratação da Faixa 1 do Minha Casa, Minha Vida estão entre os fatores apontados pelos especialistas para a
piora nos dados.
"Havia uma expectativa de que, com a estabilização da economia, o déficit habitacional pudesse ter também
se estabilizado", diz Cosmo Donato, economista da LCA. "No entanto, olhando para dois componentes do déficit, o
ônus excessivo com aluguel e o adensamento excessivo, há um crescimento relevante entre 2016 e 2017.
Constatamos que os efeitos defasados da crise econômica talvez estejam ainda pesando sobre os componentes."
O último dado sobre o déficit habitacional no Brasil é de 2015, mas dois dos quatro itens usados para o
cálculo podem ser acompanhados pela Pnad Contínua, cujas informações mais recentes são de 2017. Esses dois
itens representavam mais de 55% do déficit habitacional em 2015, segundo a Fundação João Pinheiro,
responsável pelo indicador. Os outros dois itens são habitação precária e coabitação familiar (mais de uma família
dividindo o mesmo teto), que não podem ser mensurados atualmente pela Pnad Contínua.
Segundo Donato, os casos de domicílios alugados em que muitas pessoas dividem um mesmo cômodo está
Continuação da Resenha Diária de 14 mai 2018 - Página 34 / 48
mais ligado às famílias mais pobres, que vivem em regiões mais afastadas dos centros urbanos, ou nos centros
em lares precários ou cortiços.
O aumento do número de domicílios adensados no ano passado estaria ligado, assim, ao avanço da
extrema pobreza. "A crise intensificou esse problema, mas ele não será resolvido pela recuperação cíclica da
economia, é algo que demanda políticas sociais e uma visão mais de longo prazo", afirma o economista.
Já o aumento do número de famílias que comprometem uma parte muito grande da renda com aluguel está
relacionado ao desemprego ainda elevado e ao avanço do trabalho informal na saída da recessão. "O aluguel é
um contrato rígido, que trava um percentual da renda. Muita gente perdeu o emprego, reduzindo a renda familiar,
ou se realocou via informalidade com um salário menor, com isso o peso do aluguel no orçamento das famílias
cresceu", explica o economista.
Para ambos os indicadores, a piora foi mais acentuada no Sudeste. Na região, o ônus excessivo com
aluguel cresceu 6,7%, comparado a 3,3% no Nordeste e 1% no Norte. No Centro-Oeste e Sul houve quedas de
2,2% e 4,5%, respectivamente. Já o adensamento excessivo em domicílios alugados avançou 31% no Sudeste,
8,5% no Nordeste e 3% no Sul, caindo nas demais regiões.
"Todo o contexto foi contra a melhora do déficit [habitacional], em função da piora da renda, do mercado de
trabalho e da própria política habitacional", afirma Ana Maria Castelo, pesquisadora do Instituto Brasileiro de
Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV). Com a restrição orçamentária, as contratações do Minha
Casa, Minha Vida caíram drasticamente entre 2015 e 2016. No ano passado, houve alguma recuperação, mas
praticamente não houve contratações na Faixa 1 do programa, voltada para famílias com rendimento de até R$
1,8 mil.
Segundo a pesquisadora, o incêndio e desabamento do Edifício Wilton Paes de Almeida, em São Paulo,
chamou atenção para a principal dificuldade das políticas públicas habitacionais, que é atender às famílias de
menor renda nos grandes centros urbanos. "Para grandes centros, só a construção de novas moradias não
resolve", diz, citando como alternativas o aluguel social, a requalificação de imóveis desocupados em regiões
centrais e as parcerias público-privadas.
Em 2018, com o mercado de trabalho ainda fraco e a recuperação abaixo do esperado do emprego formal, a
perspectiva é de que o comprometimento da renda das famílias com o pagamento de aluguel continue elevado,
avalia Donato, da LCA. Como o indicador responde sozinho por mais da metade do déficit habitacional, é razoável
antecipar que a carência histórica do país por moradias continuará a ser agravada pelos efeitos da crise.
eleitor saber como é a base de financiamento do candidato que ele quer votar", diz o deputado federal Marcus
Pestana (PSDB-MG), secretário-geral do partido. "Mas, ao restringir as doações por cartão de crédito a um limite
pequeno, isso inibe a intenção de que a arrecadação se concentre no período pré-eleitoral".
Para fazer uma vaquinha virtual, o candidato precisará contratar uma empresa credenciada pelo TSE. As
doações ficarão retidas até o início do período eleitoral. Somente a partir de 15 de agosto, com as candidaturas já
registradas, o dinheiro poderá ser gasto.
Fontes interpretam que o raciocínio do TSE, ao estimular as doações por cartão de crédito, foi o de que isso
facilita o reembolso caso o candidato desista de concorrer e não registre a candidatura.
Porém, na opinião de Pestana, "a regra atual é o paraíso dos milionários", uma vez que esse limite de 10%
da renda bruta não vale para o autofinanciamento - ou seja, o candidato rico pode colocar quanto dinheiro quiser
na campanha. "Vai virar uma plutocracia. Ao não limitar o autofinanciamento, a lei privilegiou o poder econômico
dos milionários", diz Pestana. "Para contrapor isso, há que se flexibilizar os mecanismos de crowdfunding".
Pestana vê o financiamento coletivo, que será utilizado pela primeira vez pela maior parte dos candidatos,
como "um grande instrumento e que pode ser um grande aprendizado e um grande avanço para a democracia
brasileira". "Se essa experiência for exitosa, pode apontar até para o fim do fundo eleitoral".
O financiamento pela internet já foi usado anteriormente em eleições no Brasil, mas ganhou impulso em
2016 com a proibição de doações de empresas. O caso mais bem sucedido é o da campanha do deputado
estadual Marcelo Freixo (Psol) à Prefeitura do Rio. Ele conseguiu, por meio da "vaquinha virtual", arrecadar R$ 1,8
milhão - o equivalente a 80% de seus gastos. Ao todo, foram 14 mil doadores, número recorde de engajamento
em campanhas eleitorais no país. O valor médio da doação foi de R$ 129, aproximadamente.
"Se olhar para o cenário de 2016 como um todo só deu certo para a gente", diz Felipe Caruso, um dos
sócios do Bando, consultoria que comandou a arrecadação de recursos para a campanha de Freixo. "O custo total
da eleição foi de R$ 2,9 bilhões, mas o financiamento coletivo não chegou a R$ 3 milhões".
Nas próximas eleições, porém, o cenário tende a ser diferente - ao menos na expectativa dos partidos e
candidatos. Criador da Essent Jus, uma ferramenta eletrônica que pode ser utilizada para automatizar o processo
de arrecadação e prestação de contas, o empresário Guilherme Sturm diz ter atendido 300 clientes, entre partidos
e candidatos, de 17 siglas diferentes em 2016. "Neste ano, já tenho negociações avançadas com 2,2 mil pré-
candidatos em todo o país", afirma.
Pré-candidato ao governo de Goiás, o senador Ronaldo Caiado (DEM), por exemplo, está prestes a assinar
contrato com cerca de 40 empresas que já se cadastraram ou estão em vias de se cadastrar junto ao TSE para
fazer a captação de recursos para campanhas eleitorais.
Pela lei atual, um postulante ao Planalto pode gastar, no máximo, R$ 70 milhões para promover sua
candidatura. Contratado para ser o coordenador digital da campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) à Presidência, o
publicitário Marcelo Vitorino disse que gostaria de ver a vaquinha virtual financiar ao menos 10% dos gastos do
presidenciável tucano.
"Não é só pelo recurso, mas pela importância. Não é questão simplesmente de dinheiro, mas de
engajamento", diz ele. "Acho plenamente possível chegar a esse número. Mas nós vamos ter que mostrar para o
eleitor que vale a pena acreditar nas propostas".
O Rede, por sua vez, montará uma plataforma própria para arrecadar recursos para o partido, mas que só
poderá começar a funcionar depois de 15 de agosto - até lá, apenas candidatos poderão arrecadar e por meio das
empresas cadastradas no TSE.
Gisela Moreau, coordenadora de comunicação, diz que o partido fará uma campanha "franciscana", mas crê
ser possível arrecadar entre R$ 2 milhões e R$ 5 milhões por esse meio.
"Seria maravilhoso [conseguir esse montante], pela simbologia do protagonismo do doador", afirma. "O
financiamento coletivo é uma forma de engajamento e de o eleitor se manifestar contra esse equívoco que é o
financiamento eleitoral no Brasil".
Após mostrarem melhoras significativas por mais de uma década, os indicadores de mortalidade infantil
apontam que esse ritmo de avanço foi bastante reduzido na taxa geral e já registra retrocessos preocupantes nos
números de mortes evitáveis para crianças entre um mês e quatro anos. Em 2016, dado mais recente disponível, o
número de óbitos nesta faixa etária aumentou 11%, segundo números disponíveis no Ministério da Saúde, após 13
anos de queda. A alta em 2016 foi generalizada, apenas Rio Grande do Sul, Sergipe, Paraíba e Distrito Federal
tiveram redução das mortes nesta faixa. Em alguns locais, como Roraima, o número mais do que dobrou.
O número de mortes entre 1 mês de vida e um ano de idade também aumentou no país em 2016, mas
menos, cerca de 2%. Como as mortes neonatais (até um mês) continuam caindo, o número total de mortes entre
zero e cinco anos não subiu, mas o ritmo de redução vem se desacelerando.
Os dados acenderam um alerta e tem sido monitorados com atenção pelo Ministério da Saúde. A pasta não
fechou a taxa global de mortalidade infantil ajustada oficial do país em 2016. Os dados brutos foram consolidados
pelo Observatório da Criança e do Adolescente, mantido pela Fundação Abrinq, e indicam uma piora na taxa, para
12,7 mortos em mil nascidos vivos em 2016. Em 2015 esse número era de 12,4.
Outro dado de mortalidade infantil, da Unicef, que usa fonte diferente para os nascidos vivos (a estimativa
das Nações Unidas) e observa as mortes neonatais (até um mês), não registra essa piora. A taxa média sai de 8,2
para 7,8 na passagem de 2015 para 2016. A estimativa para taxa de mortalidade infantil média da Unicef ficou em
13,5 em 2016 (era 14 em 2015). No entanto, nas estatísticas é visível que a melhora mais significativa vista nos
primeiros anos da década perdeu tração.
A brutal recessão, somada à crise fiscal, refletida na escassez de recursos públicos e cortes em
determinados programas, além da grave seca que atingiu locais do Nordeste do país são apontados como alguns
dos fatores determinantes para o aumento das mortes.
Segundo a doutora Fatima Marinho, diretora do departamento que consolida e analisa esses dados no
Ministério da Saúde, a taxa de 2016 não foi ainda finalizada, mas ela considera relevante observar os números
absolutos quebrados por faixas, até porque houve uma redução atípica no número de nascimentos em 2016 - ano
em que se multiplicaram os casos do vírus zika - que em alguns estados chegou a 9%.
A taxa de mortalidade infantil considera o número de mortos até um ano a cada mil nascidos vivos.
Monitora-se ainda a taxa que se chama de mortalidade na infância, que considera o número de crianças de até 5
anos mortas a cada mil nascidos vivos.
"O número de mortes infantis, no geral, em 2016 cai, embora se reduza a velocidade de queda. No entanto,
vemos que as mortes pósneonatais [após 28 dias de nascido] e até 4 anos aumentam", observa ela. Para Fatima,
isso mostra que na parte neonatal, mais influenciada pela tecnologia, a evolução continua, no entanto, as faixas
que são mais vulneráveis à piora da pobreza, mostram altas que estão sendo acompanhadas com atenção.
"A mortalidade pós-neonatal, que é a mais sensível ao desenvolvimento social, está tendo um repique.
Algumas dessas causas de morte mostram aumento em 2016 e projeta aumento para anos seguintes também.
Algumas são muito associadas à pobreza, por exemplo, as gastrointestinais, que vinham reduzindo fortemente,
mas tem repique em 2016. Já vínhamos observando e assinalando esses problemas, então vamos ver em 2017 se
isso se mantém ou conseguimos reverter", afirma Fatima.
Ela lembra, no entanto, que o país conseguiu atingir as metas do milênio (reduzir dois terços da mortalidade
infantil entre 1990 e 2015) em 2012 e os estados que não cumpriram a meta foram alguns dos mais ricos.
"Nordeste e Norte cumpriram muito além e aí reduziram a desigualdade", diz.
Especialistas consultados pelo Valor avaliam que a piora dos indicadores ligados à sobrevivência e ao
cuidado com a primeira infância, como a desnutrição, foram afetados de maneira significativa pelo encolhimento
de programas especializados em assistência à saúde da mãe e ao aleitamento materno.
Levantamento feito pela Fundação Abrinq aponta que alguns programas tiveram corte nos investimentos em
2016. Um exemplo é o programa Rede Cegonha, voltado à atenção à mãe no pré-natal, parto e nascimento, e o
desenvolvimento da criança até os dois primeiros anos de vida. Em 2015, foram gastos no orçamento federal só
R$ 21 milhões de R$ 172 milhões previstos; no ano seguinte, o valor liquidado caiu a R$ 18,3 milhões, dos R$ 117
milhões previstos no início daquele ano.
No Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), em que o governo federal repassa aos Estados
recursos para garantir a alimentação na escola para alunos de todas as fases da educação pública, também
Continuação da Resenha Diária de 14 mai 2018 - Página 37 / 48
encolheu o volume liquidado no Orçamento de R$ 3,7 bilhões para R$ 3,4 bilhões. "Há uma fragilização
considerável das políticas sociais voltadas à criança", diz Denise Maria Cesario, gerente executiva da Fundação
Abrinq.
Outro quadro que piorou foi o da desnutrição. O percentual de crianças menores de 5 anos em desnutrição
(de baixa estatura para a idade) aumentou de 12,6% para 13,1% de 2016 para 2017, de acordo com dados do
Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan) reunidos pela Fundação Abrinq. Também em 2015 e 2016
ficou estagnado em cerca de R$ 27 bilhões o orçamento do Bolsa Família, que transfere renda diretamente às
famílias em situação de pobreza e extrema pobreza.
Também aumentou em 14 Estados a desnutrição em crianças menores de cinco anos, indicador que mede
o número e percentual de crianças menores de 5 anos com baixa estatura e muito baixa estatura para a idade, de
acordo com os dados do Sisvan.
Para o coordenador de políticas públicas do Insper, Naercio Menezes, o encolhimento de gastos sociais
durante a crise econômica reflete decisões equivocadas a respeito das prioridades do gasto público,
especialmente em tempos de recessão, quando a população vulnerável é a mais atingida. Ele destaca que,
mesmo do ponto de vista fiscal, é muito mais eficiente e barato investir no desenvolvimento da primeira infância do
que corrigir erros na população adulta, como déficit de educação e criminalidade.
"O aluno vai repetir de ano, porque sobreviveu a condições muito precárias ao longo da vida. Aí, depois,
chega no ensino médio e sai porque está muito velho, porque não acompanha. Não consegue entrar no mercado
formal, fica rodando entre o desemprego, entre ser 'nem-nem', e eventualmente acha que o crime vale mais a
pena", exemplifica o pesquisador. Naercio cita exemplos de gastos públicos que poderiam ser cortados antes que
fossem prejudicados os programas sociais voltados às crianças pobres.
"Mesmo em situação de crise, você tem que priorizar essa áreas para evitar mais o problema futuro e tirar
subsídios injustificados", afirma citando o financiamento de dívidas tributárias, Refis e dívidas rurais. "Você segura
todas essas despesas porque a população mais vulnerável não tem poder de pressão", afirma.
"A mortalidade infantil não reflete apenas problema de renda e segurança alimentar, mas todo o
atendimento materno e infantil", afirma a pesquisadora Lena Lavinas, da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ). "Os dados de mortalidade infantil até um ano estão muito mais ligados à provisão dos serviços adequados
à mãe e à criança. Portanto, isso diz respeito à qualidade e quantidade da oferta de serviços de saúde. E que diz
respeito a uma série de outras coisas, como as condições de saneamento em que a criança vai morar", diz.
Lena cita também a estagnação de programas focados em levar saúde a famílias em localidades isoladas,
como o Mais Médicos. "A queda da mortalidade infantil estagnou. Isso reflete uma piora das condições de vida em
que as crianças não estão sendo preservadas, e não tem nada a ver com Bolsa Família, mas com saneamento,
saúde".
Fatima, do Ministério da Saúde, concorda que o encolhimento do Mais Médicos pode ter tido efeitos
indesejáveis. Ela cita o exemplo do semiárido nordestino. "Onde houve aumento de morte por diarreia?
Geralmente na população muito pobre. Não se morre mais por isso, mas houve um repique. Vemos lugares nos
municípios do semiárido, por exemplo, que eram mais atendidos pelo programa Mais Médicos, que tinham
reduzido bastante essas mortes, e agora isso volta a crescer porque o programa encolheu também", diz. Ela
observa que houve ainda aumento da morte materna e que restrições de investimentos acabam por causar danos
à saúde coletiva.
Sobre a desnutrição infantil, Lena aponta a implementação de creches públicas como ferramenta importante
para garantir que, mesmo em tempos de recessão e desemprego, as crianças tivessem alimentação adequada. E,
mesmo com a queda da inflação, medidas como o aumento dos preços do gás fragilizaram a segurança alimentar
dos mais pobres.
"Se a gente quer combater a desnutrição infantil não é só pensar que é responsabilidade das famílias, mas
a oferta de pré-escola e creche contribuiria para oferecer uma oferta variada de alimentação para as crianças. É
claro que, se eu tenho um salário mínimo que foi indexado abaixo da inflação e o gás que, em 2017, aumenta
15%, estou empurrando as pessoas para elevar seus gastos com alimentação", diz Lena.
Continuação da Resenha Diária de 14 mai 2018 - Página 38 / 48
quando fizeram a opção. A migração é considerada mais vantajosa por quem ganha mais: 86% dos que foram
para a previdência complementar tem renda acima de R$ 14 mil.
Ao optar pela migração, o servidor paga 11% de contribuição sobre o valor até o teto de pagamento de
aposentadorias pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), atualmente de R$ 5.645,80. Também até esse
valor a União contribui com 22%. Acima desse valor, dentro da previdência complementar do Funpresp, o
funcionário pode contribuir com quanto quiser e a contrapartida da União é de até 8,5% sobre a faixa entre o valor
do teto do INSS e o do teto constitucional para servidores públicos.
Portinho diz que a vantagem imediata do servidor ao fazer a migração é poder limitar o pagamento da
alíquota de 11% de contribuição do funcionário ao teto do INSS. No RPPS o servidor paga 11% sobre toda a
remuneração, inclusive a parte acima do teto da aposentadoria pública. Essa alíquota de 11%, lembra Portinho, é
a que o governo federal, preocupado com o ajuste fiscal, cogitou elevar para 14% para gerar receitas.
O analista da CVM avança ainda mais nos cálculos. Hoje os servidores aposentados pelo regime próprio
ficam sujeitos ao Imposto de Renda de 27,5% sobre os recebimentos e pagam 11% sobre a parcela que
ultrapassa o teto do INSS. Se acumular recursos pela previdência privada, é possível, diz ele, pagar 10% de IR
sobre o valor retirado, após dez anos de aporte. Dependendo do plano, o valor aplicado também pode ser abatido
na declaração do Imposto de Renda. A migração, diz ele, também traz mais flexibilidade. "Se eu decidir sair do
serviço público, levo o patrimônio acumulado por mim no Funpresp", argumenta. "Mas a minha ideia não é
convencer todos sobre a migração. Essa na verdade é uma escolha muito pessoal." Cada um, diz ele, precisa
fazer seus cálculos e tomar sua própria decisão de investimento.
Continuação da Resenha Diária de 14 mai 2018 - Página 40 / 48
naquele ano. Embalados pela projeção que a Operação Lava-Jato proporcionou, 21 agentes, escrivães e
papiloscopistas foram bem-sucedidos nas eleições municipais: quatro vereadores, seis prefeitos e dois vice-
prefeitos.
Este ano, a empreitada da federação se manteve. Em uma reunião fechada, na última sexta-feira, 21 pré-
candidatos policiais, de todas as colorações partidárias, se reuniram em Brasília para discutir questões como
financiamento de campanha, divulgação de plataformas pelas redes sociais e mídias tradicionais, entre outros
assuntos. "É uma frente suprapartidária. A partir do dia 22 de maio, de acordo com o calendário eleitoral, será
criado um crowdfunding (a chamada vaquinha on-line ou fundo de financiamento coletivo) para reforçar os
recursos de quem não faz parte do fundo partidário", explica Flávio Werneck, vice-presidente da Fenapef.
Impact.
O impacto dessa união de forças entre servidores promete ser grande, de acordo com o cientista político David
Fleischer, da Universidade de Brasília (UnB). "É natural que os servidores queiram formar sua bancada.
Dependendo da rede de relacionamento e da burocracia que ele representa, a base de votos pode se multiplicar
com essa iniciativa inédita. No Brasil, pelo menos, essa mobilização de entidade ampla, nacional, é novidade",
assinala Fleischer.
Para outros analistas, no entanto, há um lado, ainda não dimensionado, que é a força política que algumas
categorias, já com grande poder de barganha, ganharão. "A briga com o governo para elevar salários e expandir
gastos vai se tornar estrondosa. Com um grupo de parlamentares à disposição, os servidores vão fazer passar
qualquer coisa que lhes agrade. Isso começa a ficar perigoso", diz a fonte.
Parâmetro.
O Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate) fez uma carta de princípios, com os
critérios traçados para as eleições de 2018. O candidato que assinar o documento assumirá o compromisso de
cumprir aqueles objetivos que são, principalmente, fortalecimento do Estado democrático de direito, valorização
dos servidores e qualificação dos serviços públicos. Caso eleito, terá que exercer o mandato parlamentar
observando essas diretrizes e defender a revisão da Emenda Constitucional 95/2016 (que estabelece o teto dos
gastos), para ampliar o espaço fiscal no Orçamento da União. Também terão de pregar a diminuição dos cargos
de livre nomeação e ampliação da participação de concursados em funções estratégicas; um sistema tributário
progressivo, com redução de impostos sobre o consumo, tributação de distribuição de lucros e dividendos, e
equidade para os trabalhadores, inclusive com correção real da tabela do Imposto de Renda.
O servidor terá ainda a missão que lutar para que cargos públicos com atribuições definidas em lei não
possam ser ocupados por trabalhadores terceirizados e para que a estabilidade seja mantida. Além de exigir
concursos periódicos, estruturação de carreiras e capacitação permanente e manutenção dos direitos
previdenciários vigentes para ativos e inativos e seus pensionistas. "O que se pretende é que essa aliança
fortaleça os servidores. Também é nosso propósito continuar parcerias com parlamentares que tradicionalmente
são nossos aliados", afirma Rudinei Marques, presidente do Fonacate.
Praticamente todos os servidores estão optando pelo financiamento coletivo. "Temos propostas especificas
da carreira, como diminuição dos recursos processuais, foco no combate à corrupção, e também a transparência
na prestação do serviço e o fim do foro privilegiado", destaca Flavio Werneck, que se candidatará a deputado
federal pelo PHS/DF. Paulo Martins, presidente da Associação dos Auditores do TCU (Auditar), inicia a jornada
como postulante a vaga de deputado distrital no Avante/DF, com a ideia de mudança e combate à corrupção. Aos
27 anos, já está há cinco no tribunal. "Vivemos um apagão de gestão no Distrito Federal e de precarização no
serviço público. Temos, principalmente, que restabelecer o diálogo", afirma.
Anjuli Tostes, auditora da CGU, é filiada ao Psol e quer ser eleita deputada federal. "Além da pauta da
defesa e valorização do serviço público, não se pode abandonar a causa do direito à moradia, do bem-estar, da
regularização das terras e do direito ao transporte urbano", destaca. Vilson Romero, ex-presidente da Anfip, quer
uma vaga como deputado federal pelo PDT/RS. "Mais de 2,5 milhões de aposentados do INSS e do serviço
público querem tratamento de qualidade. É isso, acima de tudo, que pauta a minha candidatura..
O advogado da União Waldir Santos, que se candidatará a deputado federal pela Bahia, já tentou se eleger
em 2010. Agora, pelo Partido Verde, defende uma renovação efetiva na política. "Não é só um candidato novo. As
pessoas precisam saber que já votamos bem. Por exemplo, os votos totais dados aos deputados do DF, como
Continuação da Resenha Diária de 14 mai 2018 - Página 42 / 48
ocorre e qualquer estado, oscila entre 20% e 30% do total. A maioria não vota em quem ganhou. O erro está nos
candidatos bons, honestos, que não compram votos, mas que elegem os corruptos por integrarem a mesma
coligação ou o mesmo partido. É assim a nossa legislação, baseada no sistema de votação proporcional para
deputados e vereadores", ressalta.
Carta de princípios da Fonacat.
Candidato se compromete, caso eleito, a exercer o mandato parlamentar observando as seguintes diretrizes
traçada.
» Defesa da revisão da Emenda Constitucional 95/2016, para ampliar o espaço fiscal no Orçamento da
União> Manutenção do Estado de bem-estar social inscrito na Constituição de 1988> Diminuição dos cargos
de livre nomeação e ampliação da participação de concursados em funções estratégica.
» Defesa de um sistema tributário progressivo, co.
redução de impostos sobre o consumo, tributação de distribuição de lucros e dividendos, e equidade para os
trabalhadores, inclusive com correção real da tabela do Imposto de Rend.
» Defesa de que cargos públicos com atribuições definidas em lei não possam ser ocupados por
trabalhadores terceirizado.
» Defesa da estabilidade no serviço público como instrumento de proteção do Estado diante da
discricionariedade da agenda política dos governo.
» Defesa da profissionalização no serviço público, por meio de concursos periódicos, estruturação de
carreiras e capacitação permanente> Defesa da plena implementação da Convenção 151 da OIT, que trata da
negociação coletiva, do direito de greve e da organização sindical no serviço público> Defesa dos direitos
previdenciários vigentes dos servidores públicos ativos e inativos e pensionista.
» Manutenção do poder aquisitivo da remuneração ou do subsídio dos servidores público.
Fonte: Fonacate
Roberto Corte.
As vendas de caminhões, que sofreram com a crise brasileira nos últimos anos, têm apresentado uma
recuperação desde meados de 2017. Com isso, as montadoras falam na retomada dos investimentos. É o caso da
MAN, braço de caminhões e ônibus da Volkswagen, dirigida na América Latina por Roberto Cortes. Na companhia,
a previsão é de que os investimentos nos próximos anos cheguem a R$ 1,5 bilhão. Segundo o executivo, diversos
fatores poderiam acelerar a retomada das vendas e incentivar o aumento dos aportes de recursos no setor. Um
deles é a aprovação pelo governo do programa Rota 2030, que precisa ser regulamentado por meio de medida
provisória e prevê que as montadoras abatam créditos fiscais como contrapartida aos investimentos em pesquisa
e desenvolvimento. Além disso, está sendo discutida a redução do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) à
medida que o veículo apresentar maior eficiência energética, como no caso dos modelos híbridos. As discussões
entre empresas e governo se arrastam há meses, porque não se chega a um consenso sobre onde será possível
abater o pagamento dos tributos, se em qualquer imposto federal ou apenas no caso do Imposto de Renda. Para
Cortes, a entrada em vigor do Rota 2030 é fundamental para aumentar a confiança das empresas, já que hoje,
segundo ele, falta uma política governamental para o setor. Apesar da indefinição na política setorial, as vendas de
caminhões estão em trajetória de alta, como mostram os números da Anfavea, a entidade que representa as
montadoras. Nos primeiros quatro meses de 2018, elas aumentaram 57% na comparação com 2017. Graças a
esse reaquecimento, a MAN aumentou o expediente na linha de produção de quatro para seis dias por semana,
mais uma hora extra por dia. A montadora fechou recentemente um contrato para a venda de 3,4 mil ônibus para o
programa federal Caminho da Escola, que atende as prefeituras com o transporte público. A licitação deve render
nos próximos 18 meses, um total de R$ 70 milhões à companhia.
As vendas de caminhões vêm se recuperando. O avanço poderia ser mais rápido.
A indústria vem crescendo de forma expressiva. Só no primeiro quadrimestre, o aumento das vendas foi de 57%
na comparação com o ano passado. Em janeiro de 2017, foram vendidos por dia 154 caminhões. Neste ano,
foram 246, o que dá uma ideia da recuperação. Para nós, o mais importante é que as vendas têm crescido na
comparação mês contra mês.
Os números são expressivos porque o Brasil viveu uma profunda recessão nos últimos anos. Até que ponto
a frota envelheceu.
O momento de uma forma geral é favorável. Por causa da recessão nos últimos anos, a frota de caminhões deixou
de ser renovada e ficou mais velha do que deveria, portanto menos econômica, porque requer mais manutenção.
Por isso, a viabilidade de trocá-la por modelos novos aumentou.
Qual o peso da redução da taxa de juros no seu setor.
Um fator importante nesse contexto é a redução da taxa de juros, que não tem mais o peso de anos atrás como
um inibidor do mercado consumidor. O Brasil está no caminho certo no quesito macroeconômico, inclusive pela
redução da Selic, o que influencia na propensão a investir, por exemplo, na troca do caminhão usado por um mais
novo. Um bom termômetro da venda de caminhões é a economia. Ela está retomando de uma forma geral.
O setor já recuperou os níveis pré-crise.
Os indicadores de vendas do setor são interessantes, mas estamos longe dos melhores momentos antes da crise.
Começamos trabalhando quatro dias por semana, passamos a produzir cinco dias, agora estamos trabalhando
aos sábados e ainda fazendo uma hora extra por dia. Isso está acontecendo para conseguimos dar conta do
aumento das vendas.
Quais foram os segmentos atendidos pela MAN que reagiram mais depressa.
O agribusiness tem se recuperado com mais rapidez, especialmente por conta do transporte de grãos. Também
vemos essa reação no transporte urbano de produtos, como alimentos e bebidas.
Quais ainda estão com o freio de mão puxado.
O que ainda está devagar são os caminhões que atendem ao mercado da construção civil e obras de
infraestrutura. São investimentos de longo prazo, por isso, talvez a recuperação seja mais demorada.
Recentemente, a MAN assinou um contrato para fornecer 3,4 mil ônibus para o programa federal Caminho
da Escola. Como esse pedido será absorvido pela companhia e qual deve ser o impacto.
Ganhamos essa concorrência, que prevê o direito de vender 3,4 mil ônibus e podemos entregar os veículos em
até 18 meses. A expectativa é de que esse contrato gere perto de R$ 70 milhões e uma parte entrará em caixa
Continuação da Resenha Diária de 14 mai 2018 - Página 44 / 48
neste ano. O governo não vai poder liberar recursos para algumas coisas, inclusive para esse programa, 90 dias
antes das eleições. Portanto, haverá uma interrupção entre julho e setembro, com previsão de retomada das
encomendas a partir de novembro.
Como a incerteza eleitoral influencia na tomada de decisões no curto prazo.
Influencia mais nos investimentos de longo prazo. Muitas empresas têm decidido tomar suas decisões agora,
outras preferem estudar melhor o cenário. No caso do mercado de caminhões, sinto que a decisão de compra tem
sido descolada da política. Claro que, sem essa indefinição política, estaríamos crescendo muito mais.
Provavelmente em vez do crescimento em "u", seria um crescimento em "v".
O que falta para a economia brasileira melhorar.
Falta levar adiante algumas medidas voltadas às reformas, que apenas começaram. A única, mas nem por isso
menos importante, foi a do teto de gastos. No caso da reforma trabalhista, ainda há muito o que ser feito. Sem
falar da reforma política, é claro. Além disso, precisariam ser alinhados outros aspectos econômicos, como a taxa
básica de juros. Apesar de a Selic estar bem mais baixa, em termos reais, descontada a inflação, ainda é muito
elevada.
As indefinições sobre o programa Rota 2030 têm atrapalhado a definição de planos da companhia.
Tudo que está preso a incertezas não é bom para o ambiente de negócios. No Rota 2030 não é diferente. Nesse
caso, quanto mais demora, mais incerteza há. Querendo ou não, sempre tivemos uma política governamental para
o setor automotivo, mas hoje estamos sem política alguma. A mais recente, a do Inovar Auto, que terminou no ano
passado, foi questionada, mas ainda assim era uma política para a indústria. Um setor como o automobilístico, tão
importante para a geração de renda, com empregos, tem de ser regido por uma política setorial. Essa demora
ainda não afetou as decisões de investimento, porque há uma crença de que o programa vai sair de uma forma
aceitável para o governo e para as empresas.
Como o setor tem reagido a essa demora.
Temos buscado o consenso. Nesse sentido, cada um tem feito seu dever de casa e trabalhado com o cenário de
que teremos uma política para o setor. Temos de reconhecer que há outros assuntos na pauta do governo e o
Rota 2030 é um deles. Espero que em breve isso seja resolvido.
No caso da MAN, as indefinições em torno do Rota 2030 causam que tipo de problema.
Isso gera uma certa ansiedade, porque todos nós estamos investindo e queremos ter uma política que dê a
certeza de que o ambiente de negócios irá propiciar todos os aportes que estão sendo feitos. No caso da MAN,
temos um plano de investimentos de R$ 1,5 bilhão, levando em consideração que aquilo que está dentro do Rota
2030 vai acontecer, seja por meio de incentivos a todo o desenvolvimento feito em pesquisa e na engenharia, seja
pelo reconhecido por meio da redução de imposto ou alguma outra alternativa que justifique a viabilidade
econômica desse investimento.
Quem é Roberto Corte.
O executivo iniciou a carreira no segmento automotivo em 1979. Em 1986, participou da criação da Autolatina,
uma joint-venture entre a Ford e a Volkswagen no Brasil e na Argentina que durou até 1994. Nessa época, foi
convidado pela Volkswagen AG para trabalhar como controller corporativo do Grupo na América do Sul. Desde
1997, é CEO da Volkswagen Caminhões e Ônibus na América Latina. A partir de 2008, passou a ser responsável
também pela marca MAN na região e, desde então, acumula posições nos Conselhos da Volkswagen e MAN
Groups na Alemanha e, mais recentemente, na Volkswagen Truck & Bus holding.
 .
"Sempre tivemos uma política governamental para o setor automotivo, mas hoje estamos sem.
"Apesar de estar bem mais baixa, a Selic, em termos reais, descontada a inflação, ainda é muito elevada"
Guilherme Boulos (Psol). No centro, mais à direita, Solidariedade e PP também se aproximaram, para deixar claro
que a candidatura de Rodrigo Maia não empolgou o eleitorado e que é preciso encontrar um outro caminho. Da
parte do PRB, do empresário Flávio Rocha, começam as conversas com Álvaro Dias, do Podemos, embora alguns
aliados de Rocha estejam dispostos a formar um bloco com PP e Solidariedade, para ampliar o poder de
negociação, seja com Dias, seja com Geraldo Alckmin do PSDB.
Como o registro de candidaturas é apenas em agosto, e até agora nenhum dos pré-candidatos dos partidos
de centro chegou a dois dígitos nas pesquisas, o desfecho dessas conversas ainda vai demorar. Até porque,
avaliam os políticos, é preciso dar um tempo aos postulantes, para ver se algum deles anima o eleitorado, uma
vez que os outsiders vistos com potenciais candidatos nesse campo desistiram.
O ministro aposentado Joaquim Barbosa, por exemplo, chegou a ter 10% nas pesquisas sem sequer
anunciar que seria candidato. A desistência dele em concorrer à Presidência da República mexeu no quadro
eleitoral e fez com que a balança do PSB pendesse para o lado de Ciro Gomes, do PDT.
A expectativa do PDT, de compor com partidos da esquerda, com Ciro na cabeça da chapa, é grande. Para
o líder da agremiação na Câmara, André Figueiredo (CE), o aceno favorável do governador do Maranhão, Flávio
Dino, por um embarque do PCdoB à campanha de Ciro é animador. "Temos a esperança de que corra conosco.
Cria-se uma magnitude forte que pode orbitar com Ciro", diz. Ele, no entanto, não tem expectativas de que o PT e
o PSol apoiem a campanha pedetista ainda no primeiro turno. "Não temos essa ilusão. Mas, para o segundo turno,
temos absoluta convicção de que sim", destaca.
A aposta do líder do PDT de, pelo menos, duas candidaturas de esquerda é compartilhada por outros
políticos, Aliás, ninguém aposta hoje numa candidatura única de centro, ou de esquerda. O PT quer ter um nome
para defender Lula, coisa que Ciro Gomes já adiantou que não fará. Mais ao centro, a união também não está
fácil. O MDB hoje não aprovaria uma coligação com o PSDB, e vice-versa.
Os tucanos mantêm a cautela. O líder do PSDB na Câmara, Nilson Leitão (MT), considera que a saída de
Barbosa leva a corrida eleitoral a ter uma polarização entre esquerda e centro. Ele tem dúvidas sobre a união
entre PSB e PDT. "Não acredito que o PSB feche oficialmente, devido à posição do Nordeste, que tem
acompanhado o PT. Mas é claro que temos um mosaico que ainda não está montado", pondera.
A coligação entre tucanos e emedebistas não é impossível, mas não será automática. "O PSDB não precisa
brigar com ninguém, mas ainda não consegue fazer nenhum tipo de aliança. Vai ter que ter muito diálogo mais
para frente e, em algumas regiões, que tem simpatia com o Geraldo (Alckmin)", analisa. Para ele, costuras
estaduais serão fundamentais para selar uma união nacional.
Vice-líder do governo, o deputado Beto Mansur (MDB-SP) também considera que qualquer movimento mais
consolidado ainda demora. "O governo está conversando com todo mundo. Logicamente, essa questão vai levar
algum tempo. Todos os candidatos estão visitando as bases e rodando o país para ver se fazem alguma
composição. Quem chegar lá na frente com mais apoio deve ser escolhido como candidato do centro", ressalta.
Pulverizaçã.
Comedido, o Vice-líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Izalci Lucas (DF) avalia que um fortalecimento da
campanha de Ciro pode provocar um inevitável entendimento do centro em torno de Alckmin. Ou mesmo um
embarque dos partidos de centro nas pré-candidaturas do MDB, representada pelo presidente Michel Temer ou o
ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles. Mas ele alerta que a pulverização do centro pode privilegiar os
extremos. "Não podemos dar condições de favorecer o extremismo da esquerda ou da direita", pondera Izalci, em
referência às pré-candidaturas de Ciro e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e de Jair Bolsonaro
(PSL).
O deputado Efraim Filho (DEM-PB), vice-líder do partido na Câmara, analisa que é cedo cravar uma união
do centro em decorrência de uma aliança da esquerda, mas também não descarta a possibilidade. "A curto prazo,
acho difícil ter essa convergência. O centro deve esperar alguma decisão do PT. Até lá, os partidos vão esperar e
fazer a análise dos melhores pré-candidatos", avalia.
A avaliação dos partidos de centro é que coligações sejam anunciadas somente em julho. Até lá, as
legendas vão testar o apoio popular na tentativa de cacifar as campanhas para, mais à frente, vender o capital
político arrecadado em caso de união. Embora reconheçam que a esquerda eventualmente venha a se fortalecer,
líderes do MDB, DEM e PSDB entendem que o momento é de conversas, namoros e ensaios. E até o que for
Continuação da Resenha Diária de 14 mai 2018 - Página 46 / 48
fechado agora pode mudar, uma vez que o prazo final para registro de candidaturas é 15 de agosto. Ou seja,
quem prometer ou fechar um compromisso sério agora, ainda terá três meses para mudar de ideia.