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RESUMO: Este trabalho estuda um caso de tratamento de solo colapsível por remoção e
compactação realizado na década de 50, na argila porosa de São Paulo. O objetivo é utilizar os
conceitos de solos não-saturados para explicar esse tratamento de fundação em solo colapsível. O
tratamento foi feito para servir de fundação para um reservatório enterrado. A obra funciona até
hoje sem nunca ter sofrido nenhum dano. Para entender o comportamento do solo foram realizados
ensaios de caracterização, compressão edométrica com controle de sucção, curvas de retenção,
microscopia eletrônica em amostras de solo natural e compactada com proctor normal. Os ensaios
de compressão confinada foram realizadas com diferentes sucções e mantidas constantes durante o
carregamento. Esses dados foram utilizados para traçar a curva de plastificação em função da
variação da sucção (LC). Comparando as duas curvas LC (natural e compactado) verificou-se que a
região elástica do solo compactado é muito maior que do solo natural. A LC do solo compactado é
bastante vertical, o que reflete menor influência da sucção. Ensaios edométricos duplos alcançam a
ordem de 30% da deformação específica. No solo compactado praticamente não foi observado
colapso.
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COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS.
laterização, dando origem aos solos vermelhos, rija, o solo era amontoado em trechos não
porosos, ricos em óxido de ferro, que cobrem as abertos e posteriormente redepositadas na faixa
partes mais altas da cidade, com um espessura escavada em camadas sucessivas de 20 cm de
média de 10 m. espessura, sendo o qual eram necessárias 20
Segundo Vargas (1951) e Massad et al. passadas com o rolo compressor pé de carneiro
(1992), abaixo da camada de argila vermelha (rolo + água + lastro = 5 t), até que atingisse a
porosa, existe uma camada de argila rija cota da base da fundação.
vermelha ou amarela, com transição gradativa.
Estas duas camadas devem ser tratadas como
solos de origem distinta, com diferentes
propriedades de engenharia. No horizonte
inferior à argila vermelha porosa podem haver
presença de concreções limoníticas, advindas
do processo de lixiviação.
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entre si, ψb1 é crescente com a profundidade e 100 0,0 0,1 1,0 10,0 100,0 1000,0 10000,0 100000,0
laterizada. 40
Observa-se na Figura 7a e 7b, imagens por )
(%30
MEV das amostras indeformadas e ?
20
compactadas, respectivamente, onde a
AI-01 AI-02
macroporosidade no solo compactado é em 10 AI-03 AC-01
AC-02 AC-03
quantidade inferior ao solo indeformado, mas 0
existe, em pequena quantidade, devido à 0,0 0,1 1,0 10,0 100,0 1000,0 10000,0100000,0
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0,05 (b)
0,1
) 0,15
0e
+
1(
/e 0,2
?
0,25
AC_sat_01 AC_SC_50 kPa
AC_SC_100 kPa AC_SC_400 kPa
0,3
Figura 10. Ensaios de compressão edométrica com
sucção controlada.
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Os ensaios com sucção controlada abrem o da sucção (LC). Comparando as duas curvas LC
horizonte para aplicar trajetórias de tensões que (natural e compactado) verificou-se que a
caminham no espaço elástico e no estado de região elástica do solo compactado é muito
plastificação dos solos. A Figura 11 mostra a maior que do solo natural. A LC do solo
curva LC (load – collapse) do solo indeformado compactado é bastante vertical, o que reflete
e compactado. As regiões à esquerda das curvas menor influência da sucção. Ensaios
pertencem ao regime elástico. Quando este edométricos duplos alcançam a ordem de 30%
regime é vencido, a curva caminha para a da deformação específica, para umidade
direita, plastificando o solo. A região elástica encontrada em campo. No solo compactado
do solo compactado é muito maior que a do praticamente não foi observado colapso.
solo indeformado. O caso histórico do Revervatório da
Consolação (década de 50) funciona até hoje
450
LC indeformada
sem nunca ter sofrido nenhum dano.
400 LC compactada
350
)
a 300
P
k
( AGRADECIMENTOS
o 250
ã
çc
u 200 Os autores agradecem à CAPES pelo apoio
S
150
financeiro.
100
50
0
REFERÊNCIAS
0 200 400 600 800 1000
Tensão Pré adensamento Virtual (kPa) Cruz, P.T.; Ferreira, R.C.; Peres, J.E.E. (1994) Análise de
Figura 8. Variação volumétrica dos solos indeformados e alguns fatores que afetam a colapsividade dos solos
compactados ao longo da variação de sucção matricial. porosos. COBRAMSEF, X.: Foz do Iguaçu. ABMS,
p. 1127-1134.
Futai, M.M.; Suzuki, S. (2006). Curvas de retenção de
4 CONCLUSÃO água e funções de permeabilidade de solos tropicais
naturais. COBRAMSEG: Curitiba. ABMS.
Pode-se concluir que o tratamento de Jennings, J.E.B.; Knight, K. The additional settlement of
melhoramento do solo poroso e colapsível com foundations due collapse of structure of sand subsoils
on wetting. ISSMFE, 4º. v.1, pp. 316-319.
compactação tras melhores significativas para a
Marinho, F.A.M.; Vargas, M.; Vilar, O.M. (1998)
fundação, aumentando a rigidez do solo e Relation between suction and collapse for a brazilian
diminuindo sua compressibilidade. porous clay. UNSAT'98: Beijing, International
Os ensaios de caracterização confirmaram Academic. v. 1, p. 243-248.
que a amostra é uma argila, laterítica com Massad, F.M.; Pinto, C.S.; Nader, J.J. (1992) Resistência
porosidade alta, e alta plasticidade. e deformabilidade. In: Negro Jr., A. (Org.). Solos da
Cidade de São Paulo. São Paulo. ABMS/NSP.
Nos ensaios de curvas de retenção podemos Mitchell, J.K. e Sitar, N. (1982). Engineering Properties
constatar que o solo indeformado apresenta of Tropical Residual Soils, Journal of Geotechnical
macro e micro poros. Os macro poros são Engineering, ASCE, Vol. 109, Nº 04, p. 656-683.
dessaturados com pressões de sucção até 10 Vargas M. (1951). Fundação sobre aterro compactado.
kPa. Já os micro poros exigem pressões acima Boletim da Repartição de águas e esgotos – RAE, ano
13, junho, nº 23, p. 51-60.
de 4000 kPa. Os solos compactados apresentam Vargas M. (1992). Evolução dos conhecimentos. In:
um pequeno índice de macro poro, causado Negro Jr., A. (Org.). Solos da Cidade de São Paulo.
talvez pelo vazio entre 2 TEDS. O ponto de São Paulo. ABMS/NSP.
dessaturação destes solos atingem também os
4000 kPa.
As compressões confinadas com sucção
controlada, mostram o comportamento da
compressibilidade às diversas pressões de
sucção. Esses dados foram utilizados para traçar
a curva de plastificação em função da variação