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O
muçulmano pode subordinar seu conteúdo (seus costumes, rituais, linguagem,
etc.) a essas formas, ser cooptado pela Razão. Qual a visão que um
muçulmano rico na França tem de si e do país?
Zizek: “o verdadeiro muçulmano, que acredita em sua fé (ou seja, o
fundamentalista nem tão fundamentalista: fundamentalismo num significado
quer se impor aos outros, mas em outro significa firmeza na crença e respeito
aos outros fundamentos) não se sentiria ameaçado por “charges bobas”, mas
apenas aqueles muçulmanos que desejam o Ocidente.
Para ele, uma das surpresas reveladas pela pesquisa foi a presença do
“sexismo” no bairro rico.
‘MINORIA DESCONECTADA’
As anotações dos alunos abordam uma variedade de aspectos: alguns
assinalaram mesmo a presença de pombos mais saudáveis em Champs-
Elysées, e outros, a ausência de toaletes públicos (apenas 12, ou três
por km² e seis para cada 100 mil habitantes), o que seria uma maneira
de afastar os mais pobres, sem dinheiro para consumir num café e
utilizar o banheiro. Também foi notada a diferença de tratamento de
mulheres portando o véu: em Saint-Denis, o véu islâmico simboliza e
cristaliza um conflito entre funcionários do Estado, nas escolas
públicas, e parte da população; já na avenida Montaigne, endereço de
lojas de prestígio, mulheres com véu da Arábia Saudita ou do Qatar são
recebidas como clientes afortunadas e especiais, anotaram os alunos.