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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO

CÂMPUS UNIVERSITÁRIO PROFESSOR EUGÊNIO CARLOS STIELER


FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS E DA LINGUAGEM
CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM LETRAS

FERNANDO SOARES FERREIRA DE SANTANA

A DINÂMICA DO LIVRO DIDÁTICO:


Uma análise do uso a partir de reflexões sobre as concepções de Linguagem

Artigo apresentado à disciplina Língua


Portuguesa e Ensino: Práticas e Procedimentos
do curso de Licenciatura Plena em Letras da
Universidade do Estado de Mato Grosso,
Câmpus Universitário Professor Eugênio
Carlos Stieler, como requisito para as aulas de
práticas curriculares.

Orientador: Prof. Amauri Salvador

Tangará da Serra
Abril de 2018
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Resumo
O livro didático tem sido um material de grande suporte para muitos professores da rede
pública de ensino. Ao longo dos anos, com as mudanças na sociedade e as inovações em vários
campos da tecnologia humana, ele vem se tornando cada vez mais dinâmico e completo e a
língua como fenômeno social vem acompanhando essas mudanças. Para verificar a consonância
desse material para com as principais linhas de pensamento filosófico-linguístico, no que diz
respeito as concepções de linguagem, e de ensino foi realizada a análise do capítulo de um livro
didático. O livro é destinado ao terceiro ano do ensino médio para auxilio no ensino-
aprendizagem da Língua Portuguesa, nos anos de 2018 a 2020. Para isso, foram feitas análises
das atividades propostas e da materialidade textual apresentada para verificar se estas estão em
consonância com a terceira concepção de linguagem, adotada para o ensino pelas Orientações
Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais (PNC+). Efetuou-se
também uma reflexão a partir das teorias de Bakhtin/Volochinov (1997), Geraldi (1997) (2006),
Piaget (2002) e Vygotsky (1991) objetivando integrar os exercícios trazendo propostas para
ampliar o que livro traz. De maneira geral, ele apresenta uma boa estrutura didática e traz um
material de suma importância e relevância para o ensino, possibilitando a interação e atendendo
aos PCN no que diz respeito a abordagem de temas transversais e interdisciplinaridade para
uma formação integral.

Palavras-chave: Língua Portuguesa; Concepções de linguagem; Formação Integral; Temas


transversais; Interação.

Abstract
The textbook has been a material of great support for many teachers in the public school
system. Over the years, with changes in society and innovations in various fields of human
technology, it has become increasingly dynamic and complete and language as a social
phenomenon has been following these changes. To verify the consonance of this material to the
main lines of philosophical-linguistic thought, with regard to the conceptions of language, and
of teaching was carried out the analysis of the chapter of a textbook. The book is destined for
third year of high school to teaching-learning assistance of Portuguese, from 2018 to 2020. For
this, analyzes were made of the proposed activities and the textual materiality presented to
verify if these are in accord with the third conception of language, adopted for teaching by the
Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais (PNC+).
A reflection was also carried out from theories of Bakhtin/Volochinov (1997), Geraldi (1997)
(2006), Piaget (2002) and Vygotsky (1991) with the aim to integrate the exercises with
proposals to expand what the book brings. In general, it presents a good didactic structure and
brings a material of great importance and relevance for teaching, enabling the interaction and
attending to PCN concerning the approach of cross-cutting themes and interdisciplinarity to an
integral formation.

Key words: Portuguese; Conceptions of language; Integral formation; Cross-cutting themes;


Interaction.
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INTRODUÇÃO

O livro analisado, Português: trilhas e tramas 3, é de autoria de Ivone Ribeiro, Maria das
Graças, Márcia Antônia e Maria do Rozário. Publicado pela editora Leya em 2016 e selecionado
como uma das opções para disciplina de Língua Portuguesa pelo Programa Nacional do Livro
Didático (PNLD), o livro é destinado ao 3º ano do ensino médio e será vigente até o ano de
2020.
Ele é dividido em três volumes, sendo eles intitulados: literatura e leitura de imagens;
gramática e estudos da língua; produção de textos orais e escritos. O capítulo analisado faz parte
do volume que diz respeito à produção de textos. Aquele trata exclusivamente do gênero artigo
de opinião, que é um gênero pertencente à esfera jornalística e muito solicitado como produção
em sala de aula pois prioriza o gênero argumentativo.
O texto da apresentação do livro, direcionado ao aluno, planeia um percurso pelos
conhecimentos que serão indagados ao longo dos capítulos. Ele inicia abordando que no
momento em que o educando está, e ao qual o livro está destinado, ele deve ter percorrido um
longo caminho e a acrescentado muitos conhecimentos a sua bagagem para ter chegado até ali.
Reflete sobre os objetivos que a coleção do livro em foco tem para com o avanço e a entrada
em uma nova jornada, rica em experiências, que objetiva a caminhada e desbravamento da
língua portuguesa.
São pontuados alguns fins, aos quais o livro espera que o aluno alcance. Dentre eles
estão um dos quais acreditamos ser o principal: “tornar-se um cidadão capaz de apresentar
soluções para construir uma sociedade mais justa e democrática”. Com esse panorama, o
alunado consegue ter uma idealização do que irá adentrar, mostrando também o compromisso
que os autores têm com o conhecimento que será transmitido a ele.

1. OS PCN COMO NORTE PARA O LIVRO DIDÁTICO

Os Parâmetros Curriculares Nacionais são, ou deveriam ser, um referencial de qualidade


para a educação do ensino fundamental e médio nacional e que deve ser garantido a todos. Esses
parâmetros são estabelecidos para que haja uma base de ensino comum, pois, assim, alunos que
viriam de outros estados não teriam prejuízo no ensino, pois se não houvessem esses parâmetros
cada estado poderia trazer uma especialidade ou uma diferenciação pedagógica muito desigual.
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Há, portanto, um parâmetro curricular para todo o país. Cada estado deve se organizar e
executar as exigências desses parâmetros quanto a educação nacional.
O PCN não é algo imposto ou fechado - ele é um norteador, uma referência. Por meio
dele, há possibilidades no aprimoramento educacional. Os estados e municípios fazem sua
proposta curricular, denotando assim a flexibilidade desses parâmetros. Cabe a escola também
elaborar a sua proposta através do Plano Político Pedagógico (PPP), um documento coletivo,
determinante para a tomada de decisões quanto ao ensino na escola, através dele a proposta
curricular estará contextualizada.
O Professor irá direcionar todo esse processo para o seu plano de aula, que deve ser
elaborado a partir do PPP – é aqui que os resultados de todo um trabalho coletivo devem chegar
pois é esse o objetivo geral de todo esse desenvolvimento.
Os PCN hoje estão abordando outras perspectivas no ensino:

O novo ensino médio [...] deixa portanto de ser apenas preparatório para o ensino
superior ou estritamente profissionalizante, para assumir a responsabilidade de
completar a educação básica. Em qualquer de suas modalidades, isso significa
preparar para a vida, qualificar para a cidadania e capacitar para o aprendizado
permanente, seja no eventual prosseguimento dos estudos, seja no mundo do trabalho.
(BRASIL, 2006, p. 8).

Essas evoluções nos parâmetros têm de refletir na educação para que cumpram o seu
papel e deixem de ser apenas letra. Medidas estão sendo tomadas e o comprometimento da
comunidade escolar com esses parâmetros devem estar juntos.

2. A DINÂMICA DO LIVRO DIDÁTICO NO SÉCULO XXI

Anos atrás, a educação era repetitiva, traziam exercícios mecânicos, não


proporcionavam reflexões críticas e desconsideravam as opiniões dos educandos. Os livros
didáticos e cartilhas seguiam esses mesmos conceitos. Apesar de ser mediado pelo professor,
esse material era um puro depósito de ideias a serem memorizadas, tudo que estava ali não
necessitava de outras interpretações, repetindo assim o famoso discurso de que “é assim porque
é, e pronto” – não havia uma meditação e contextualização quanto aos usos.
Com o passar do tempo e as mudanças tecnológicas, sociais, nos estudos linguísticos e
que dizem respeito ao ensino, isso foi mudando gradualmente. Essas mudanças surgiram de
forma rápida e adequações tinham de ser feitas para suprir essa demanda dos novos tempos.
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Hoje não há apenas a transmissão, mas também desenvolvimento do ensino. Esses livros estão
cada vez mais utilizando de multimeios como metodologia para que o aluno busque as
informações em outros suportes, além de contemplar várias competências.
Contudo, temos um impasse:

A tecnologia, que permitiu e permite a produção de material didático cada vez mais
sofisticado e em série, mudou as condições de trabalho do professor. O material está
aí: facilitou a tarefa, diminuiu a responsabilidade pela definição do conteúdo de
ensino, preparou tudo – até as respostas para o manual ou guia do professor
(GERALDI, 1997, p. 94).

O educador tem tudo a sua disposição pois, com esses avanços, o livro didático vem se
tornado tão prático que alguns professores preferem se reter apenas a eles, gerando um certo
comodismo. Isso acaba trazendo um serie de complicações, pois essa acomodação acaba se
estendendo e atingindo outros aspectos do ensino em sala de aula: não há mais contextualização,
não há discussão, os alunos então apenas pegam o livro e tem de aprender sozinho, o que
dificulta, pois, o ensino precisa ser mediado.
Estamos em uma era em que se objetiva o protagonismo do aluno no processo de ensino-
aprendizagem. Para aprimorar essa posição, os livros didáticos vêm se tornando cada vez mais
dinâmicos e abordam temas atuais e socialmente relevantes, distanciando-se da concepção
mecânica da língua e reforçando o papel de formação do ser atribuído a escola, contudo, se o
professor não propõe, não estende, não interfere no que ali está ele não desempenha então o seu
papel.
Existe uma necessidade em relacionam o conteúdo das disciplinas com as vivências
quotidianas dos alunos, parte essencial em sua formação integral, objetivada pelas escolas.
Piaget (2002) diz que a essa formação implica no desenvolvimento de sua vida afetiva e
cognitiva, isso é importante para que o alunado consiga alcançar um equilíbrio entre os seus
sentimentos e desejos e a sua inteligência racional.
Para se chegar a esses fins, é necessário o empenho de toda comunidade escolar na busca
desses valores, eles farão a ponte na qual o educando irá caminhar para chegar onde ele quer
utilizando os melhores meios. Deve-se compreender que a escola educa um aluno durante boa
parte de sua vida e que é necessário trabalhar com o que está em seu entorno. Isso vem através
das competências gerais, abordadas pelos PCN, que devem perpassar todas as matérias
escolares. Como auxilio, o livro didático deve ser um dos meios utilizados para proporcionar a
aquisição dessas competências.
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3. CONCEPÇÕES DE LINGUAGEM

É importante que, para que haja uma contextualização, sejam observadas as orientações
do pensamento filosófico-linguístico pois são elas que iram guiar o ensino da linguagem, que
irá ser definido a partir da perspectiva que se tem do que seria essa linguagem. Para isso, existem
três concepções, nomeadas por Geraldi (2006), a partir dos estudos de Bakhtin/Volochinov
(1997). São elas: a linguagem enquanto expressão do pensamento; a linguagem enquanto
instrumento de comunicação; a linguagem enquanto forma de interação.
A primeira concepção tem a linguagem como expressão do pensamento e foi,
primeiramente, chama de “subjetivismo idealista”. É a mais antiga dentre as outras e veio da
tradição gramatical dos gregos, que foi difundida pelos latinos. Está ligada aos estudos
tradicionais da gramática normativa, que prescreve fazendo julgamento de valor. Sobre esta
concepção, Bakhtin/Volochinov pontua que “A língua é uma atividade, um processo criativo
ininterrupto de construção (‘energia’), que se materializa sob a forma de atos individuais de
fala” (1997, p.72). Outro ponto importante é que, nela, as “[...] pessoas que não conseguem se
expressar não pensam” (GERALDI, 2006, p. 41), isso porque, na língua, existiria uma forma
“correta” que deveria ser utilizada para se expressar um pensamento “correto” (BRITTO apud
FUZA et al, 2011, p. 482).
Na segunda concepção, primeiramente intitulada de “objetivismo abstrato”, a linguagem
é explicada como instrumento de comunicação. Ela é observada apenas como um código no
processo de comunicação, ou seja, como uma ferramenta que permite transmitir uma mensagem
ao receptor (GERALDI, 2006, p. 41). Essa mensagem deve ser transmitida na norma padrão
culta, pois variações desta seriam deformidades da forma padrão da língua. Nesta concepção,
as respostas para as questões do texto estariam localizadas nele mesmo, e não fora dele – o texto
seria independente de outras interpretações, haveria apenas um ponto de vista, que seria o do
autor, sendo a única perspectiva “correta”.
Na terceira concepção, a linguagem é vista como “forma de interação”, sendo o local de
interação humana e a ação sobre o outro. É fundamentada pela linguística da enunciação de
Bakhtin e, por ter esse caráter interacional, leva em conta o indivíduo. Fuza et al irá reforçar
esse pensamento, dizendo que “ [...]os sujeitos são vistos como agentes sociais, pois é por meio
de diálogos entre os indivíduos que ocorrem as trocas de experiências e conhecimentos” (2011,
p. 489). Nessa concepção a língua seria variável, porque passa por um processo de evolução
ininterrupto, que se dá pela interação verbal e social entre os interlocutores.
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3.1. O posicionamento do educador perante as concepções e a sua abordagem

Para Bakhtin/Volochinov (1997) nenhuma das outras orientações do pensamento


filosófico-linguístico podem, verdadeiramente, explicar o real componente da língua:

A verdadeira substância da língua não é constituída por um sistema abstrato de formas


lingüísticas nem pela enunciação monológica isolada, nem pelo ato psicofisiológico
de sua produção, mas pelo fenômeno social da interação verbal, realizada através da
enunciação ou das enunciações. A interação verbal constitui assim a realidade
fundamental da língua (p. 123).

As outras concepções desconsideram muitos aspectos importantes da língua e que


denotam seu papel e função social, portanto, o professor deve adotar aquela que leve em conta
o real significado desse fenômeno social. Por conseguinte, “A lógica da língua não é
absolutamente a da repetição de formas identificadas a uma norma, mas sim uma renovação
constante, a individualização das formas em enunciações estilisticamente únicas e não
reiteráveis. A realidade da língua constitui também sua evolução” (Bakhtin/Volochinov, 1997,
p.89). O professor deve então voltar seu olhar para a linguagem como forma de interação.
Em concordância com os pensamentos bakhtinianos, os PCN ponderam que “A
linguagem não se reduz a simples veículo de transmissão de informações e mensagens de um
emissor a um receptor, nem é uma estrutura externa a seus usuários: firma-se como espaço de
interlocução e deve ser entendida como atividade sociointeracional. ” (BRASIL, 2006, p. 44).
Contudo, o profissional da educação não deve desprezar o papel das outras duas
concepções, o mesmo em relação a concepção mais recente. Este profissional deve saber que “
quando novidades da pesquisa chegam à escola não é porque ‘agora tudo mudou’ ou porque ‘o
que se pensava antes estava errado’ e é preciso ‘embarcar na nova onda’[...] É preciso entender
que iluminações novas são conseqüências de definições novas do objeto de estudos”
(GERALDI, 1997, p. 84).
Ao falar sobre um fato na educação, Geraldi ainda afirma que “[...] é comum professores
alegarem que ‘ensinam’ determinadas noções porque elas serão exigidas pelas séries seguintes,
pelo vestibulinho, pelo vestibular. Não se dão conta de que esta exigência acaba se fechando
no interior da própria estrutura do sistema escolar. ” (1997, p. 91).
O conhecimento que o alunado adquire na escola não deve se retém apenas a ela pois o
aluno utiliza muitos conceitos no seu dia-a-dia. Ele deve aprender, também, para a vida, para
utilização em suas relações interpessoais e entre outras. Isso se aplica, principalmente, a língua,
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que é a forma que utilizamos para nos comunicarmos. Saber utilizar as formas que a língua
apresenta e suas estruturas é uma competência que todos devem ter.
O professor deve adotar uma visão ampla no que se refere as novidades sobre o ensino,
afinal essas novas possibilidades apenas vêm para acrescentar em sua gama de abordagens e de
formas de se pensar o ensino. As outras concepções de linguagem também dispuseram de sua
importância e podem ser utilizadas em determinados exercícios que demandem suas
especificidades, porém deve-se estar ciente de que a linguagem enquanto forma de interação é
a que melhor define a linguagem atualmente.

4. A CONSTRUÇÃO DO CAPÍTULO: POSSIBILITANDO CONDIÇÕES DE


LEITURA E PRODUÇÃO

O capítulo a ser analisado traz o gênero artigo de opinião, se enquadrando na área de


produção de textos. Para abordar esse gênero, a temática escolhida envolve o mundo dos tempos
antigos e na atualidade, as mudanças sociais no que diz respeito aos conflitos.
Após uma breve análise foi verificado que, em todos os capítulos, o livro traz propostas
de atividades reflexivas, orientações e definições contextualizadas. Podemos observar, logo no
início do capítulo, no box intitulado “Na bagagem”, algumas perguntas que são feitas
exatamente com esta intenção.

Figura 1 – Box: na bagagem

Fonte: SETTE et al, 2016, p. 290.

O educando, com seu conhecimento prévio, consegue ter uma ideia sobre a temática que
o capítulo irá trazer, exercitando o seu pensamento crítico. Essas questões iniciais teriam a
finalidade de realizar uma reflexão para contextualizar o conteúdo que viria, podendo o
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professor realizar uma discussão em sala, antes de iniciar a aula, para que fosse colocada em
jogo a argumentação do aluno, mobilizando o conhecimento que será requisitado.
Como é possível visualizar, as questões supracitadas entram em consonância com a
terceira concepção de linguagem, que tem como prerrogativa a língua enquanto interação. Elas
fazem o aluno exercer sua capacidade reflexiva sobre um tema muito atual e importante para a
formação do educando, que é o respeito as diferenças na construção de um país melhor. Por
meio dessa reflexão o aluno exerce sua criticidade pois as perguntas levam em consideração a
bagagem do aluno, sua opinião sobre o assunto.
Com o propósito de mostrar como se apresenta este gênero textual, o capítulo traz um
artigo de opinião, intitulado “5 motivos para acreditar no futuro”, escrito por Lídia Rosenberg
Aratangy (apud SETTE et al, 2004). Ele é construído em uma linguagem clara e acessível, algo
que está no léxico, sendo possível que o aluno realize inferências e entenda o significado o texto
– algumas palavras mais específicas são colocadas, juntamente com uma pequena definição, ao
final do artigo.
O texto fala sobre a esperança para o futuro e faz um contraste interessante entre as
qualidades e defeitos de nossa sociedade, mostrando que esta já foi pior e que ainda há
esperanças de se alcançar uma utopia.

Figura 2 – 5 motivos para acreditar no futuro: O aumento da tolerância

Fonte: ARATANGY apud SETTE et al, 2016, p. 291.

Lídia explica que mídia valoriza mais os desastres por isso temos a impressão de que no
mundo existem apenas desgraças. Diz que somos mais tolerantes as diferenças do que antes,
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que estamos pensando a longo prazo quando se trata de meio ambiente e entre outros assuntos,
o que enfatizam a nossa evolução.
Podemos, portanto, notar que o texto aborda vários temas de cunho social, são as chamas
temáticas transversais, indicadas pelos PCN e que devem perpassar pelas matérias ensinadas na
escola:

É preciso reconhecer o caráter disciplinar do conhecimento e, ao mesmo tempo,


orientar e organizar o aprendizado, de forma que cada disciplina, na especificidade de
seu ensino, possa desenvolver competências gerais. Há nisso uma contradição
aparente, que é preciso discutir, pois específico e geral são adjetivos que se
contrapõem, dando a impressão de que o ensino de cada disciplina não possa servir
aos objetivos gerais da educação pretendida [...] Em determinados aspectos, a
superação dessa contradição se dá em termos de temas, designados como
transversais, cujo tratamento transita por múltiplas disciplinas (BRASIL, 2006, p.
15) [grifo nosso].

A seguir, são propostas algumas atividades escritas. Elas retomam pontos do texto para
que o aluno faça uma interpretação mais profunda sobre que foi lido, mostrando algumas
marcas do gênero artigo de opinião e do texto jornalístico.

Figura 3 – Exercício acerca do texto

Fonte: SETTE et al, 2016, p. 293.

Algumas trabalham sobre argumentação e algumas figuras de linguagens – vemos no


exercício primeiro, acima, que a questão tem uma pequena explicação sobre a Linha fina (uma
marca do texto jornalístico). Apesar disso, entende-se aqui que o professor deve ter ensinado
aos alunos esse conteúdo antes de chegar a essas atividades, dando a ele condições para leitura
e interpretação do texto lido. Esses e alguns recursos questionados estão todos ligados ao gênero
estudado no capítulo.
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Figura 4 – Outros exercícios acerca do texto

Fonte: SETTE et al, 2016, p. 294.

A questão de número seis sugere que o aluno dê sua opinião, levando em consideração
o seu conhecimento de mundo, entra, portanto, em concordância com a terceira concepção de
linguagem pois leva o educando a uma reflexão que aborda o assunto, mas que não parte
exclusivamente do texto
Na questão sete, é pedido para que o leitor ilustre a condição dos adultos apresentada no
texto através de provérbios, o aluno deve escolher aquele(s) que melhor se encaixa com o que
foi exposto pela articulista. Esse tipo de exercício trabalha a capacidade do aluno de relacionar
um texto ao outro, que é retomado pelos PCN quando afirma que a linguagem é uma atividade
sociointeracional e que “Cada texto, por sua vez, dialoga com outros. Por isso, o conceito
também se relaciona com o de intertextualidade, indispensável para a compreensão do diálogo
que alimenta a dinâmica da cultura em todos os campos do saber [...]” (BRASIL, 2006, p. 44).
Os textos se relacionam, tudo que é criado se baseia em algo que já foi comentado ou
especulado.
Percebemos no exercício oito que o aluno deve localizar algo que já está no texto, porém
este não solicita para que ele reescreva. Esse regresso ao texto, portanto, é realizado para que a
informação seja reforçada, retomando na memória a leitura que foi feita e está sendo refeita
pelo aluno através desta questão.
A questão 9 toma como base a terceira concepção de linguagem, ela tem o propósito de
fazer o aluno refletir sobre a hipocrisia e cinismo, com isso o aluno estará exercendo sua
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argumentação, pegando de sua bagagem aquilo que é pertinente para defender o seu ponto de
vista, mais uma vez reforçando o tema do capitulo e proporcionando que o aluno produza. Esta
proposta, inclusive, poderia ser mais ampliada, podendo ser realizada uma interdisciplinaridade
com a sociologia ou psicologia e se tornar um tema de debate para uma aula.
Posteriormente, o aluno será convidado a escrever um artigo de opinião, mas
primeiramente é feito um panorama do que foi abordado, uma pequena síntese. O livro sugere
que o educando produza um artigo de opinião respondendo à pergunta “Atualmente, o mundo
é melhor do que era no tempo da juventude de nossos avós? ” e que essa produção seja publicada
em um site ou blog. Cabe ao professor acatar ou não à orientação, mas devemos salientar que
essa proposta é muito valida e relevante pois a circulação social da produção do aluno deve
acontecer e é incentivada pelos PCN quando abordam sobre a aplicação de tecnologias da
comunicação e da informação em situações relevantes: “o processador de textos pode ser uma
ferramenta essencial em projetos de produção de textos que requeiram publicação em suporte
que permita maior circulação social” (BRASIL, 2006, p. 62).
Quando um texto se torna público ele cumpre com sua função social, corroborando para
a disseminação do conhecimento. Isso abre possiblidades, pois um texto guardado, escondido,
não produz efeito nenhum para a sociedade. Este é um passo significativo para sistematização
do conhecimento, sendo também um ótimo meio para incentivar a escrita. Aproveitando a
inciativa, o educador poderia propor que os educandos trabalhassem juntos na confecção desse
blog, ou que utilizasse outros meios de divulgação como uma página em uma rede social,
permitindo o contato com conhecimentos de informática e os meios de circulação de gêneros
textuais. Seria também uma boa oportunidade para falar sobre esses e outros suportes e os
gêneros virtuais
Após apresentar a proposta, o livro dá direções ao aluno, apresentando textos
norteadores, em diferentes gêneros e diferentes pontos de vista, para que o aluno tenha uma
base argumentativa sobre o assunto e construa sua opinião, refletindo, com isso, em sua
produção.
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Figura 5 – Preparação: textos norteadores

Fonte: SETTE et al, 2016, p. 295.

Percebe-se na imagem acima que são dois textos com diferentes visões sobre o mesmo
tema. São 5 textos para direcionar o aluno que é orientado e guiado pelo livro para defender um
ponto de vista e como construir sua produção.
Escrevendo a primeira versão do artigo de opinião, o aluno então é incentivado a realizar
uma avaliação do que foi produzido e a reescrever o texto. Para a avaliação, o livro indica que
outro colega o faça, produzindo assim a interação entre os alunos. São listados alguns pontos
importantes para a avaliação do texto, assim o avaliador tem parâmetros para realizar a revisão
da escrita de seu colega.

Figura 6 - Socialização

Fonte: SETTE et al, 2016, p. 298.


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Após escrita, a avaliação e a reescrita, é proposto um debate entre os alunos, para que
exprimam suas opiniões. Além da publicação em um blog, é indicado que o texto seja
encadernado e oferecida uma cópia à biblioteca, teríamos então divulgação nos meios material
e imaterial.
Essa atividade entra em acordo com o pensamento de Vygotsky (1991). Para ele, o ser
humano necessita do próximo, pois é através do outro que a linguagem, ferramenta social de
contato, desempenha o seu papel. Nossas características e atitudes individuais estão atadas às
trocas com o coletivo, pois é através da linguagem que entrecruzam nossos conhecimentos,
ideologias e cultura. Essa interação é algo que pertence a essência humana e deve ser focalizada
através de atividades como a supracitada.
O aluno foi preparado para produzir, apresentando um artigo de opinião, retomando
termos utilizados neste gênero através das questões, seguindo as orientações, os textos
norteadores, revisando com os colegas, reescrevendo e publicando o seu próprio texto. Com
todas estas etapas podemos dizer que o capítulo em questão seguiu as orientações dos PCN no
que se refere a didática, contextualização e que foram dadas condições de leitura e produção.
Essas atividades proporcionam o desenvolvimento do senso crítico do alunado, algo que é
essencial para qualquer sujeito e para que se chegue a formação integral buscada pela escola.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para a construção de uma educação integral, é de extrema importância que a escola


entregue uma educação contextualizada, que aborde os temas do dia-a-dia do alunado e
proporcione a ele condições para se tornar um ser crítico. Devemos saber que a escola de formar
não só para o mercado de trabalho, mas também para a vida.
Através das orientações dos PCN, pudemos notar o quão completo deve ser os
parâmetros a serem seguidos pela comunidade escolar e que devem ser garantidos aos alunos.
Os livros didáticos também devem ir de encontro a esses parâmetros par dar continuidade a essa
gama de possibilidades em uma sala de aula, ele deve acrescentar aos métodos didáticos
utilizados em sala de aula.
O livro didático tem sua importância, mas não devemos nos reter apenas a ele. Ele deve
ser visto como um guia, algo que vai nortear o professor nos conteúdos que ele irá ministrar em
sala de aula, ou também como uma opção extra, algo que compõe um arsenal de estratégias
didáticas para serem utilizadas em sala. Temos de ter o olhar de amplitude quando trabalhamos
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com este material e intervir nele, agindo como mediador entre o aluno e o ensino, para que
assim se possa chegar a uma educação plena nas escolas da rede pública, mostrando o
compromisso que os educadores têm para com os seus educandos.
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REFERÊNCIAS

BAKHTIN, M. (VOLOCHINOV, V. N). Marxismo e Filosofia da Linguagem. 8. ed. São


Paulo: Hucitec, 1997.

BRASIL. Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares


Nacionais (PCN+). Linguagens, Códigos e suas tecnologias. Brasília: MEC, 2006.

FUZA, Ângela F.; OHUSCHI, Márcia C. G.; MENEGASSI, Renilson J. Concepções de


linguagem e o ensino da leitura em língua materna. Linguagem & Ensino, Pelotas, v.14,
n.2, p. 479-501, 2011.

GERALDI, J. W. (Org.). Concepções de Linguagem e Ensino de Português. In: ______. O


Texto na sala de aula. 4. ed. São Paulo: Ática, 2006. p. 39-46.

GERALDI, J. W. Identidades e Especificidades do Ensino de Língua. In: ______. Portos


de Passagem. São Paulo: Martins Fontes, 1997. p. 73-113.

PIAGET, Jean. Epistemologia Genética. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

SETTE, Graça et al. Artigo de Opinião. In: ________. Português: Trilhas e Tramas. 2. ed.
São Paulo: Leya, 2016. p. 290-298. 3 v.

VYGOTSKY, Lev S. A formação social da mente. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

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