Sunteți pe pagina 1din 35

15/05/2018 Michelangelo – Wikipédia, a enciclopédia livre

Michelangelo
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni (Caprese, Michelangelo
6 de março de 1475 — Roma, 18 de fevereiro de 1564), mais
conhecido simplesmente como Michelangelo ou Miguel
Ângelo, foi um pintor, escultor, poeta e arquiteto italiano,
considerado um dos maiores criadores da história da arte do
ocidente.

Ele desenvolveu o seu trabalho artístico por mais de setenta


anos entre Florença e Roma, onde viveram seus grandes
mecenas, a família Medici de Florença, e vários papas
romanos. Iniciou-se como aprendiz dos irmãos Davide e
Domenico Ghirlandaio em Florença. Tendo o seu talento logo
reconhecido, tornou-se um protegido dos Medici, para quem
realizou várias obras. Depois fixou-se em Roma, onde deixou
a maior parte de suas obras mais representativas. Sua carreira
se desenvolveu na transição do Renascimento para o
Maneirismo, e seu estilo sintetizou influências da arte da
Antiguidade clássica, do primeiro Renascimento, dos ideais
do Humanismo e do Neoplatonismo, centrado na
representação da figura humana e em especial no nu
masculino, que retratou com enorme pujança. Várias de suas
criações estão entre as mais célebres da arte do ocidente,
destacando-se na escultura o Baco, a Pietà, o David, as duas
Retrato de Michelangelo, de 1564, executado por
tumbas Medici e o Moisés; na pintura o vasto ciclo do teto da Daniele da Volterra a partir de sua máscara mortuária.
Capela Sistina e o Juízo Final no mesmo local, e dois afrescos Nome Michelangelo di Lodovico
na Capela Paulina; serviu como arquiteto da Basílica de São completo Buonarroti Simoni
Pedro implementando grandes reformas em sua estrutura e Conhecido(a) David
desenhando a cúpula, remodelou a praça do Capitólio romano por Teto da Capela Sistina
Pietà
e projetou diversos edifícios, e escreveu grande número de
poesias. Nascimento 6 de março de 1475
Caprese, Itália
Ainda em vida foi considerado o maior artista de seu tempo; Morte 18 de fevereiro de 1564 (88 anos)
chamavam-no de o Divino, e ao longo dos séculos, até os dias Roma
de hoje, vem sendo tido na mais alta conta, parte do reduzido Ocupação Escultor, arquiteto, poeta e pintor
grupo dos artistas de fama universal, de fato como um dos Movimento Renascimento e Maneirismo
maiores que já viveram e como o protótipo do gênio. Foi um estético
dos primeiros artistas ocidentais a ter sua biografia publicada Assinatura
ainda em vida. Sua fama era tamanha que, como nenhum
artista anterior ou contemporâneo seu, sobrevivem registros
numerosos sobre sua carreira e personalidade, e objetos que
ele usara ou simples esboços para suas obras eram guardados como relíquias por uma legião de admiradores. Para a
posteridade Michelangelo permanece como um dos poucos artistas que foram capazes de expressar a experiência do belo,
do trágico e do sublime numa dimensão cósmica e universal.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Michelangelo 1/35
15/05/2018 Michelangelo – Wikipédia, a enciclopédia livre

Índice
Biografia
Primeiros anos
Juventude
Maturidade
Últimas décadas
Personalidade
Vida amorosa
Obra
Contexto, estilo e ideias sobre arte
Escultura
Pintura
Arquitetura
Desenho
Poesia
Correspondência
Legado e fortuna crítica
Na cultura
Ver também
Referências
Ligações externas

Biografia

Primeiros anos
Michelangelo foi o segundo filho de Lodovico di Lionardo Buonarroti Simoni e Francesca di Neri Buonarroti. Em sua
certidão de batismo seu nome consta de duas formas, Michelagnelo e Michelagnolo Buonaroti; aparece na biografia
de Vasari como Michelagnolo Bonarroti e na de Condivi como Michelagnolo Buonarroti;[1][2] quando jovem
assinava como Michelagniolo. [3] Essas primeiras biografias foram escritas quando ele ainda vivia e sua fama estava no
auge, e seus admiradores, não contentes em estabelecer uma alta estirpe para sua família — cuja genealogia aparece hoje
como duvidosa —, trataram de engrandecer eventos relacionados ao seu nascimento e infância, alegadamente proféticos de
sua futura glória. Por exemplo, dizia-se que sua mãe caíra de um cavalo enquanto o carregava nos braços mas teriam saído
ilesos do acidente; ainda bebê, dormindo no mesmo berço de um irmão, este contraiu grave doença contagiosa, da qual
faleceu, mas Michelangelo milagrosamente não foi contaminado. Também diziam que seu mapa astral preconizava um
futuro brilhante, por causa de uma conjunção de Vênus, Marte e Júpiter no Ascendente. [4] Condivi disse que sua família era
antiga e pertencia à nobreza, o que era aceito como um fato na época em que viveu. Seria descendente dos condes de
Canossa, da região de Reggio Emilia, tendo entre seus ancestrais a célebre Matilde de Canossa, e ligados pelo sangue a
imperadores. Um membro da família, Simone da Canossa, teria se radicado em Florença em 1250 e sido feito cidadão da
República, encarregado da administração de uma das seis divisões florentinas. Ali mais tarde mudara seu sobrenome de
Canossa para Buonarroti, em função do prestígio que vários indivíduos da família chamados Buonarroto adquiriram como
magistrados, passando este ramo da Casa de Canossa a ser conhecido como Casa de' Buonarroti Simoni. [5][6]

Lodovico na época do nascimento de Michelangelo era administrador das vilas de Caprese e Castello di Chiusi,
subordinadas a Florença. Um mês depois, contudo, expirando o seu mandato, a família se transferiu definitivamente para
Florença, mas o bebê, como era um hábito, foi entregue a uma ama para ser criado em Settignano, outra vila florentina,

https://pt.wikipedia.org/wiki/Michelangelo 2/35
15/05/2018 Michelangelo – Wikipédia, a enciclopédia livre

numa propriedade familiar. Com três anos voltou a viver na casa paterna, e
com seis perdeu a mãe. Teve como irmãos Lionardo, o primogênito, e mais
Buonarroto, Giovansimone e Gismondo. [6] O pai, mesmo possuindo algum
prestígio, não era rico. Sua família era numerosa e suas rendas, baseadas
principalmente na propriedade rural em Settignano, eram insuficientes para
manter um elevado padrão de vida. O salário que recebia da República era
baixo, 500 liras a cada seis meses, e ficava obrigado a pagar com ele mais
dois notários, três servos e um cavalariço. A antiga fortuna da família,
adquirida no comércio e no câmbio, começara a se dissipar com seu próprio
pai, que teve de prover dotes para suas filhas, pagar dívidas vultosas e não
obteve cargos lucrativos, e a situação piorou na geração seguinte, a ponto de
estarem perto de perder seu estatuto de patrícios e decair para a plebe. [7]

Reconhecendo que Michelangelo era especialmente dotado, assim que atingiu


a idade adequada Lodovico o enviou para ser educado por Francesco da
Urbino, esperando que seguisse uma carreira prestigiada. Para a sua Fac-símile da certidão de batismo de
Michelangelo. O original se encontra
frustração, o filho fez pouco progresso na gramática, no latim e na
na Casa Buonarroti, em Florença
matemática, e roubava tempo dos estudos para procurar a companhia de
artistas e desenhar. Tornou-se amigo de Francesco Granacci, discípulo de
Domenico Ghirlandaio, que o incentivou nas artes e o levava para frequentar o
atelier de seu mestre, com o resultado de ele abandonar o interesse pela
instrução regular, e por isso receber repetidas punições de seu pai e irmãos,
para quem a carreira artística era indigna da nobreza de sua linhagem.
Mesmo assim, conseguiu finalmente vencer a oposição paterna e ser admitido
como discípulo de pintura dos irmãos Davide e Domenico Ghirlandaio,
através de um contrato com duração estipulada de três anos, assinado em 1 de
abril de 1489, ganhando um salário de 24 florins de ouro, o que não era uma
prática costumeira naquele tempo. Disse Condivi que a primeira obra acabada
de Michelangelo foi a pintura Santo Antônio Abade atormentado por
demônios a partir de uma gravura de Martin Schongauer, tão bem feita que
teria suscitado a inveja de Domenico. As relações entre ambos já deviam estar
tensas, pois Michelangelo tinha o hábito de jactar-se como superior a
Domenico e certa vez ousara corrigir os seus desenhos, humilhando-o, o que
não foi pouca coisa, dado que era então um dos pintores mais importantes de Atribuída a Michelangelo: Santo
Florença, e a insolência deve ter repercutido fundo no espírito do mestre. Antônio Abade atormentado por
Outra peça que produziu na época, uma cópia de uma cabeça antiga, teria demônios, c. 1487–1488. Museu de
resultado tão bem que o proprietário do original, recebendo em vez a cópia, Arte Kimbell

não conseguiu perceber a troca. Somente pela indiscrição de um companheiro


de Michelangelo a artimanha foi descoberta, e comparando-se ambos os trabalhos, o talento de Michelangelo se tornou
reconhecido. [4][6][8]

Mas é provável que esses relatos tenham sido muito magnificados — Vasari, na segunda versão de sua biografia, disse que
a obra de Condivi tinha muitas inverdades —, [9] pois considerando o reduzido tempo que permaneceu ali, e sabendo-se hoje
dos rigorosos hábitos disciplinares do aprendizado artístico da época, que iniciava com as tarefas mais humildes, ele
dificilmente teria tido condições de desenvolver tão cedo uma técnica capaz de produzir obras de qualidade tão alta como é
declarado. Ainda seria apenas um serviçal, como todos os principiantes, mantendo os materiais e ferramentas dos mestres
e dos discípulos mais graduados em ordem e em condições de uso, limpando o espaço, e ficando à disposição dos mestres
para atender quaisquer outras demandas para o bom funcionamento da oficina. No pouco tempo que lhes restava era-lhes
permitido exercitar o desenho através da cópia de modelos consagrados, mas isso nessa primeira fase era raro, pois além
do trabalho servil ser exaustivo o papel era caríssimo e não podia ser gasto à toa com alunos ainda despreparados. Somente

https://pt.wikipedia.org/wiki/Michelangelo 3/35
15/05/2018 Michelangelo – Wikipédia, a enciclopédia livre

quando os alunos dominavam essa parte instrumental e já conheciam em profundidade as propriedades dos materiais da
arte era-lhes dado acesso ao conhecimento dos rudimentos mais básicos da criação, servindo então como assistentes
diretos dos mestres, mas ainda apenas esticando as telas e preparando os painéis em madeira, dando-lhes as camadas de
base, pintando alguns detalhes menos importantes da composição e se aprofundando no estudo do desenho. Entretanto,
parece certo que quando ingressou na oficina de Ghirlandaio Michelangelo já havia praticado muito desenho, e assim é
difícil determinar com exatidão até onde vai a verdade das biografias primitivas, até porque elas constantemente tendem a
exaltar o seu sujeito, mesmo que seja reconhecido que seu talento foi precoce e seu desenvolvimento, muito rápido. [10]

Juventude
Michelangelo não terminou seu aprendizado com os Ghirlandaio. Um ano
depois deixou o atelier e entrou na proteção de Lourenço II de Médici. Os
autores divergem sobre as circunstâncias desse evento. Talvez por seu
temperamento rebelde ele tenha se tornado uma presença irritante para os
seus mestres, também ele aparentemente não apreciava tanto a pintura como a
escultura; Barbara Somervill disse que seu pai, confiando na força de um
parentesco distante com os Médici e na disposição de Lourenço em ajudar
seus familiares pobres, apelou para que ele o aceitasse como aprendiz;[11]
Vasari e Condivi alegam que foi por solicitação direta de Lourenço a
Lodovico. [12][13] Seja como for, com quinze anos de fato ele passou a viver no
palácio dos Medici. Lourenço era o chefe de sua ilustre família, então a mais
rica da Itália, governava de facto Florença embora não tivesse cargo oficial, e
Giorgio Vasari: Retrato póstumo de
reunira em torno de si uma brilhante corte de humanistas e artistas, sendo ele
Lourenço de Médici. Galleria degli
Uffizi, Florença próprio um poeta e intelectual. Foi uma circunstância afortunada para
Michelangelo, pois recebia o atraente salário de cinco ducados por semana, e
pôde desfrutar da amizade pessoal com o mecenas, comendo em sua mesa, e
da atmosfera erudita do seu círculo, do qual participavam Angelo Poliziano,
Pico della Mirandola e Marsilio Ficino, reforçando sua educação precária e
entrando em contato com o Neoplatonismo. Fez amigos também entre os
filhos da casa, que mais tarde se tornaram seus patronos, e mais importante
para sua carreira foi poder frequentar o célebre Jardim de Esculturas que
Lourenço organizara com uma importante coleção de fragmentos da
Antiguidade clássica, de cujo estudo retirou substancial informação para
desenvolver seu estilo pessoal na escultura. [14][15]

Para administrar esse jardim, Lourenço contratara o escultor Bertoldo di


Michelangelo: Centauromaquia, Giovanni, que havia sido aluno de Donatello, e com ele Michelangelo teve
c. 1492. Casa Buonarroti, Florença algo que se aproximou de um professor de escultura, embora aparentemente
não tenha seguido seus métodos. Sua primeira obra para Lourenço parece ter
sido uma cabeça de fauno, que não sobreviveu, mas segundo consta foi tão bem realizada que com ela Lourenço
definitivamente se rendeu ao talento do jovem. [15] Outras obras dessa fase foram um crucifixo para o prior do Hospital do
Santo Espírito, que lhe permitia dissecar cadáveres para estudar sua anatomia, um baixo-relevo hoje conhecido como a
Madonna da Escada, à maneira de Donatello, e o alto-relevo da Centauromaquia, criado sob o conselho de Poliziano e
possivelmente inspirado em um motivo encontrado em um sarcófago romano, que despertou a admiração, até das gerações
seguintes, como uma obra já madura, ainda que tenha sido deixado inconcluso. [16]

Pouco depois, em 8 de abril de 1492, Lourenço faleceu, deixando o governo para seu filho Pedro de Médici (Piero), de
apenas vinte e um anos de idade. Segundo Condivi, para Michelangelo a morte de seu patrono foi um grande choque, tendo
permanecido dias em funda tristeza, incapaz de qualquer ação. Retirou-se para a casa de seu pai, onde esculpiu um
Hércules de grandes dimensões, que foi vendido para Francisco I da França, mas do qual não se conhece o paradeiro.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Michelangelo 4/35
15/05/2018 Michelangelo – Wikipédia, a enciclopédia livre

Sucedeu então que caísse uma grande nevasca sobre Florença, e então Pedro lembrou-se do amigo. Intimou que ele
acorresse ao seu palácio para fazer um boneco de neve, e renovou o convite para que o artista vivesse no palácio Medici a
fim de que as coisas continuassem da maneira que eram antes da morte de Lourenço. O convite foi aceito e Michelangelo
novamente se tornou um favorito, mas Pedro carecia de toda a sabedoria política de seu pai, era tirânico e completamente
inepto para a sua função. Tanto que atraiu a condenação de Savonarola e o descontentamento popular cresceu rápido.
Percebendo o rumo fatal que os acontecimentos tomavam, e por causa de sua íntima associação com Pedro, Michelangelo
fugiu secretamente primeiro para Bolonha, e depois seguindo para Veneza, poucas semanas antes de Florença ser invadida
por Carlos VIII de França e Pedro ser derrubado e expulso de lá junto com toda a sua família. [17][18]

Não conseguindo trabalho em Veneza, voltou para Bolonha, onde encontrou um novo patrono em Gianfrancesco
Aldovrandi, em cuja casa permaneceu por um ano. Por sua sugestão produziu figuras para a tumba inacabada de São
Domingos, um Anjo segurando um candelabro, um São Proclo e um São Petrônio, além de entreter seu mecenas com
leituras de Dante, Petrarca e Boccaccio, apreciadas por seu dialeto toscano ser o mesmo em que haviam sido
escritas. [19][20] Entretanto, conheceu obras classicistas de Jacopo della Quercia, que exerceram significativa influência em
seu estilo. [21] No inverno de 1495 voltou brevemente a Florença. Condivi e Vasari relataram que Michelangelo encontrou-se
com Lorenzo di Pierfrancesco de' Medici, que o encorajou a esculpir um São João, e depois um Cupido adormecido,
induzindo o artista a patiná-lo para que pudesse ser vendido como uma antiguidade por um bom preço no mercado romano.
Michelangelo o teria enviado para Roma em 1496 e sido adquirido pelo Cardeal Raffaele Riario, mas Clacment alega que a
história é muito duvidosa. [22]

Maturidade
De qualquer forma ele viajou para Roma em seguida e hospedou-se por
um ano com Riario, mas para ele aparentemente não produziu nada. Sua
obra seguinte, um Baco embriagado de grandes dimensões e traços
claramente clássicos, foi feita a pedido do banqueiro Jacopo Galli, que
solicitou ainda um Cupido em pé, e através de quem Michelangelo
conheceu o Cardeal Jean de la Grolaye de Villiers, embaixador da França
junto ao Papa, que encomendou a célebre Pietà, um tema raro na Itália
mas comum na França, que foi imediatamente aclamada como uma
obra-prima, alçando-o à fama. Logo recebeu outras comissões, incluindo
quinze estatuetas de santos para o Cardeal Francesco Piccolomini, mas
realizou destas apenas quatro, interrompendo o trabalho em 1501 para
atender um chamado da Catedral de Florença. [23][24]

A encomenda foi de um David, a ser instalado nos contrafortes da Michelangelo: Pietà, 1499. Basílica de
Catedral. Michelangelo escolheu para a obra um enorme bloco de São Pedro, Vaticano
mármore que havia sido trabalhado parcialmente por outros escultores
mas permanecia abandonado há quarenta anos, com mais de 5 metros
de altura. Talhar uma obra desse vulto ainda hoje é um desafio técnico enorme, e quando pronta em 1504 o resultado foi
considerado tão brilhante e magnificente que foi formada uma comissão de notáveis para decidir onde colocá-la, pois se
julgou merecer uma posição mais destacada do que a prevista anteriormente. Assim, foi instalada diante do Palácio dos
Priores, a sede administrativa da República, como um símbolo das virtudes cívicas florentinas. Durante esses anos
envolvido com o David, Michelangelo ainda achou tempo para criar várias Madonnas para patronos privados, uma em
forma de estátua, duas em relevo e uma pintura, esta sendo especialmente significativa como um exemplo precursor do
Maneirismo florentino. [25] Condivi mencionou mais duas obras, em bronze, um David e uma Madonna, que não são
conhecidas. [26] Depois do sucesso absoluto de seu David, Michelangelo foi atraído para projetos monumentais, mas
raramente aceitava ajudantes diretos, de forma que muitos deles não foram acabados. Foi o caso da outra empreitada com
que os magistrados florentinos o incumbiram, um grande afresco para a Sala do Conselho, representando a Batalha de
Cascina, um evento da guerra em que Florença conquistou Pisa. Leonardo da Vinci foi convidado no mesmo momento para

https://pt.wikipedia.org/wiki/Michelangelo 5/35
15/05/2018 Michelangelo – Wikipédia, a enciclopédia livre

fazer outra grande pintura na parede oposta da sala. Nem uma das duas foi terminada, e a de Michelangelo sequer saiu do
estudo preparatório. Em 1505, Michelangelo aceitou um pedido de doze grandes Apóstolos em mármore para a Catedral,
mas somente um, Mateus, foi começado, e mesmo este foi abandonado antes de acabar, pois o Papa Júlio II o chamara
para Roma. [25]

Júlio era tão fascinado pelo grandioso quanto Michelangelo, e era


voluntarioso; seus atritos com o artista, cujo temperamento também era forte,
se tornaram lendários. Planejara erguer uma portentosa tumba para si
mesmo, com quarenta estátuas. [25] Definido o desenho, Michelangelo viajou
para as minas de mármore em Carrara para selecionar as pedras, passando lá
oito meses. Quando o material chegou a Roma ocupou boa parte da Praça de
São Pedro. [27] Mas estando Júlio engajado ao mesmo tempo na reconstrução
da vasta Basílica de São Pedro, os fundos para o trabalho logo secaram.
Michelangelo supôs que o arquiteto de São Pedro, Bramante, havia
envenenado o papa contra ele, e deixou Roma, voltando para Florença. O
papa fez pressão sobre as autoridades florentinas exigindo o seu retorno, e em
vez de continuar as obras da sua tumba mandou-o criar uma colossal estátua
sua em bronze para instalar em Bolonha, que recém havia conquistado em
suas expedições militares. Depois de pronta o fez aceitar, a contragosto, o
encargo de pintar o enorme teto da Capela Sistina, completado em apenas
Rafael Sanzio: Retrato de Júlio II, quatro anos, entre 1508 e 1511. O resultado foi muito além das expectativas
1511–1512. National Gallery, Londres papais, e mesmo que Michelangelo não estivesse muito à vontade com a
técnica da pintura, preferindo sempre a escultura, deu provas de possuir um
gênio pictórico comparável ao que produziu o David e a Pietà. [25]

Assim que terminou o teto, Júlio mandou que ele voltasse a trabalhar em sua
tumba, que jamais foi acabada segundo o plano original. Júlio morreu em
1513 e o projeto então foi revisado várias vezes e sucessivamente reduzido
pelos outros papas, transformando-se em uma obra muito mais modesta do
que a pretendida. Das quarenta estátuas do plano o monumento atual possui
apenas sete, e destas somente o Moisés (1513–15) tem real valor, sendo uma
contrapartida escultórica das grandes figuras do teto da Sistina. Seis outras,
inacabadas mas também de grande interesse, representando escravos e
prisioneiros, originalmente pretendidas como parte do conjunto, foram
dispersas e estão hoje no Museu do Louvre em Paris e na Galleria
dell'Accademia de Florença. Outra peça importante do período foi um Cristo
Redentor nu para a Igreja de Santa Maria sobre Minerva. [25]

O sucessor de Júlio foi um amigo de juventude de Michelangelo, o segundo


Michelangelo: Um dos nus do teto da
filho de Lourenço de Médici, Giovanni, que foi sagrado papa com o nome de
Capela Sistina
Leão X. O governante de Florença então era o Cardeal Giulio de' Medici, mais
tarde também papa com o nome de Clemente VII. Ambos empregaram o artista
principalmente em Florença em obras de glorificação de sua família. Para eles Michelangelo penetrou no terreno da
arquitetura, elaborando um plano para a remodelação da fachada da Basílica de São Lourenço, nunca concretizado, mas
os seus esforços deram melhores frutos em um projeto menor, a construção e decoração da Sacristia Nova, ligada à
Basílica. As obras mais significativas na Sacristia são as originais tumbas de Juliano II de Médici e Lourenço II de Médici,
que compreendem cada uma uma estátua idealizada do morto e duas figuras decorativas reclinadas sobre o caixão, nem
todas inteiramente acabadas mas de grande pujança, já em um estilo claramente maneirista. No mesmo período
Michelangelo projetou outro edifício anexo à Basílica, a Biblioteca Laurenciana, para receber o acervo legado pelo papa
Leão X após sua morte. A estrutura é marcante pela sua livre interpretação dos cânones arquitetônicos clássicos, tornando-
a o primeiro e um dos mais importantes exemplos do Maneirismo arquitetural. [25]

https://pt.wikipedia.org/wiki/Michelangelo 6/35
15/05/2018 Michelangelo – Wikipédia, a enciclopédia livre

Em 1527 Roma foi invadida e violentamente saqueada por tropas rebeldes de Carlos V, imperador do Sacro Império. O papa
fugiu, e Florença se revoltou novamente contra os Medici, banindo-os. Em seguida a cidade foi assediada, e nesse período
Michelangelo foi empregado pelo governo local em obras de engenharia, projetando fortificações. Esta década e a seguinte
foram especialmente difíceis para ele. Seu pai morrera em 1521 e em seguida seu irmão favorito. Michelangelo se
preocupava com o avanço dos anos e temia a morte, e ainda se envolveu em assuntos familiares para assegurar a
perpetuação do nome Buonarroti. Em sua vida afetiva se ligou fortemente a homens jovens, em especial a Tommaso dei
Cavalieri, trocando calorosa correspondência e escrevendo-lhes poesias de grande qualidade, tratando do tema do amor na
tradição de Petrarca e expressando ideias neoplatônicas. Essas ligações e esses testemunhos materiais têm sido
considerados por grande número de estudiosos como evidências de homossexualidade, mas para uma minoria influente, da
qual participa Gilbert Creighton, editor da Britannica, é provável que ele estivesse mais preocupado em encontrar um filho
adotivo e que seu transbordamento emocional não passasse de retórica literária. [25][28][29] Em 1530 os Medici
conseguiram impor definitivamente seu governo em Florença, Michelangelo voltou ao projeto das tumbas da família e
produziu duas esculturas, um Gênio da Vitória, que se tornou um protótipo para os escultores maneiristas, e um David, às
vezes identificado também como Apolo. Em 1534 deixou a cidade pela última vez, a chamado do novo papa, Paulo III,
passando a residir em Roma, embora tenha sempre alimentado a esperança de poder voltar e terminar seus projetos
inacabados. [25]

Últimas décadas
Nessa fase Michelangelo deixou um pouco de lado a escultura e se voltou
para a arquitetura, a poesia e a pintura. Paulo III o chamara para pintar
a cena do Juízo Final na parede atrás do altar da Capela Sistina. A
composição foi outra obra-prima, mas em um estilo muito diverso
daquele do teto, e reflete o impacto da Contra-Reforma na cultura da
época. A concepção é poderosa e as figuras ainda são grandiosas, mas
sua descrição anatômica é menos clara. Por outro lado, a intensidade
psicológica e dramática é muito mais impressionante. [25] Uma cena
prevista para a parede oposta, mostrando a Queda de Lúcifer, foi
desenhada em cartão mas não realizada. Entretanto, de acordo com
Vasari o desenho foi aproveitado por um artista menor na Catedral de
Todi, com uma execução pobre. [30] Imediatamente depois foi convocado
para pintar mais dois grandes painéis na Capela Paulina, ilustrando a
Crucificação de São Pedro e a Conversão de Saulo. Nesse período
desenvolveu uma profunda ligação afetiva com a patrícia romana Vittoria
Colonna, que perdurou até a morte dela em 1547, compartilhando um
interesse pela poesia e pela religião. Desenhou a remodelação da Praça Maria e Jesus, detalhe do Juízo Final,
do Capitólio, um dos projetos urbanísticos mais notáveis da cidade, e na 1534–41. Capela Sistina
sua condição de novo arquiteto de São Pedro, cargo aceito também com
grande relutância, elaborou os planos para a reforma de sua estrutura a partir das ideias deixadas por Bramante,
descartando acréscimos de outros colaboradores e revertendo a planta para cruz grega. Também desenhou a cúpula, uma
grande obra de arquitetura, embora construída somente depois que morreu, com ligeiras modificações. Enquanto
trabalhava em São Pedro se envolveu em projetos arquitetônicos menores, completando o inacabado Palácio Farnese,
dando aconselhamento nas obras da Villa Giulia, da Igreja de São Pedro em Montorio e do Belvedere do Vaticano, além de
fornecer um projeto, não utilizado, para a remodelação da Basílica de São João dos Florentinos. [25][31]

Em 1555 Paulo IV ascendeu o papado e de imediato abriu um conflito com o governo espanhol em Nápoles, ao mesmo
tempo em que intensificou os procedimentos da Contra-Reforma e apoiou a Inquisição. Cancelou a chancelaria de Rimini
que Paulo III havia outorgado a Michelangelo, uma boa fonte de renda para ele, e quis destruir o Juízo Final da Sistina,
considerado indecente, o que só não ocorreu graças à firme oposição de vários cardeais; mesmo assim vários nus foram
cobertos. O clima em Roma se tornou tenso, tropas francesas entraram nos Estados Papais e Michelangelo, em 1557,

https://pt.wikipedia.org/wiki/Michelangelo 7/35
15/05/2018 Michelangelo – Wikipédia, a enciclopédia livre

buscou refúgio temporário em um mosteiro em Spoleto, deixando as obras na Basílica a cargo de auxiliares. Voltando a
Roma pouco depois, passou a se dedicar ao projeto de um túmulo para si mesmo, nunca executado, mas para ele esculpiu a
Pietà de Florença, onde se acredita que ele tenha deixado seu auto-retrato na figura de José de Arimateia. Então voltou às
obras de São Pedro, mas suas decisões eram continuamente desacatadas pelos assistentes, criando uma situação
estressante. Em 1559 o papa morreu. Era tão odiado que o povo romano deu grandes manifestações de júbilo ao saber da
notícia, e Duppa diz que deve ter sido um alívio também para o artista. [32]

Pio IV manteve Michelangelo como arquiteto de São Pedro — desta época é o projeto da cúpula — e lhe restituiu parte das
rendas de Rimini. Desenhou um monumento em honra ao irmão do papa a ser instalado na Catedral de Milão, executado
por outros, construiu a Porta Pia, reformou as Termas de Diocleciano, transformando-as na Basílica de Santa Maria dos
Anjos e dos Mártires, e projetou uma capela na Basílica de Santa Maria Maior, terminada postumamente. A nomeação de
Michelangelo como arquiteto-chefe de São Pedro nunca agradara aos diretores da obra e aos arquitetos assistentes, as
pressões por fim acabaram por triunfar, e em 1562 ele foi removido do cargo. Mas logo a situação reverteu a seu favor, pois
Michelangelo solicitou uma entrevista com o papa e lhe expôs as intrigas que haviam levado à situação. O papa mandou
examinar o caso, confirmou as alegações de Michelangelo e o reconduziu à chefia das obras, e mais, ordenou que suas
diretrizes fossem seguidas à risca. [33]

Em 1563 foi eleito primus inter pares da Accademia del Disegno de


Florença, recém fundada por Cosimo I de' Medici e Vasari, e somente
depois disso, às portas dos noventa anos de idade, sua saúde e vigor
começaram a declinar rápida e visivelmente. Pouco tempo lhe restava, e
na passagem de 1563 para 1564 se tornou claro que já não poderia sair à
rua a qualquer hora e sob qualquer tempo como costumava, e nem podia
mais recusar a ajuda de outros como fora seu hábito perene. Em 14 de
fevereiro de 1564 sofreu uma espécie de ataque, e espalhou-se a notícia de
que ele estava doente. Não obstante, seu amigo Tiberio Calcagni, que
correu visitá-lo, o encontrou na rua debaixo da chuva, dizendo que não
encontrava sossego de forma alguma. De acordo com o relato, sua face
estava com uma péssima aparência e sua fala era hesitante. Entrando em
casa, recolheu-se para descansar. Outros amigos vieram para atendê-lo,
no dia seguinte pressentiu a morte e mandou chamar seu sobrinho
Lionardo, mas este não chegou a tempo de vê-lo vivo. Faleceu
pacificamente pouco antes das cinco da tarde do dia 18, na companhia
de Tiberio Calcagni, Diomede Leoni, Tommaso dei Cavalieri e Daniele da
Volterra, além dos médicos Federigo Donati e Gherardo
Fidelissimi. [34][35]
Giorgio Vasari: Tumba de Michelangelo.
Por ordem do governador de Roma o corpo foi depositado com grandes Basílica da Santa Cruz, Florença
honras na Basílica dos Doze Santos Apóstolos, [36] mas Lionardo
desejava que ele repousasse em Florença, e teve de roubar o cadáver e
despachá-lo para a outra cidade disfarçado como mercadoria, sendo entregue na alfândega local em 11 de março. Dali foi
removido para um oratório, e no dia seguinte em segredo foi levado para a Basílica da Santa Cruz, mas o movimento foi
percebido por populares e logo uma grande multidão se formou para acompanhar o cortejo, prestando-lhe sua última
homenagem. O grupo entrou na Basílica, que ficou completamente lotada, e o lugar-tenente da Accademia ordenou que o
caixão fosse aberto. Segundo os registros, após vinte e cinco dias de seu falecimento, o corpo ainda estava intacto e sem
qualquer odor. Então foi enterrado atrás do altar dos Cavalcanti. Em 14 de julho uma grande cerimônia pública
homenageou sua memória. Os poemas e panegíricos escritos para o dia encheram um volume, que foi publicado em
seguida. Sua tumba definitiva foi desenhada por Giorgio Vasari e está na Basílica da Santa Cruz. Mais tarde diversas
cidades ergueram-lhe monumentos. [37]

https://pt.wikipedia.org/wiki/Michelangelo 8/35
15/05/2018 Michelangelo – Wikipédia, a enciclopédia livre

Personalidade
Quando adulto Michelangelo tinha uma estatura mediana e possuía ombros largos e braços fortes, resultado de suas
infindáveis horas trabalhando com a pedra. Seu cabelo era escuro e seus olhos pequenos e castanhos, usava a barba
dividida em duas, tinha os lábios finos, o nariz quebrado de uma luta na juventude com Pietro Torrigiano, e sua testa era
saliente. Não dava a mínima atenção à sua aparência física, vestia-se com roupas velhas, às vezes até esfarrapadas, que
estavam invariavelmente sujas. Mesmo assim não raro dormia com elas e com seus sapatos. Da mesma forma, era
indiferente quanto à comida, comia pouco e irregularmente, tinha má digestão; ficava tão satisfeito com um pedaço de
queijo como com uma refeição de vários pratos, como as que comia quando convidado pelos poderosos. Não fazia caso de
onde ia dormir e tinha um sono curto, sofria de dores de cabeça e com o avançar dos anos teve problemas de vesícula e
reumatismo nas pernas, mas em geral gozou de boa saúde até seu último ano de vida. Trabalhava incansavelmente, pôde
adquirir uma educação geral bastante larga mesmo sem instrução regular, e poucas coisas o interessavam além de sua
arte. [38][39] Entre elas, como se depreende de suas cartas, ele tinha preocupações quanto à perpetuação e dignificação do
nome familiar. Em várias, dirigidas a seu sobrinho Lionardo, urgiu que ele se casasse com uma jovem da nobreza, digna
dos Buonarroti, e encareceu que ele deixasse o campo e morasse em um palacete urbano, o sinal mais evidente do status de
um patrício. Em outras expressa sua ambição de "ressuscitar a sua Casa", e seu desejo de glória tanto pessoal como
familiar é documentado por outros testemunhos. [40]

Enquanto viveu se formou um folclore a respeito de sua personalidade,


descrevendo-o como terribile, ou seja, passional e violento. Também era
considerado desconfiado, irritável, antissocial, excêntrico e melancólico,
tímido e avarento, e muitos o chamavam de louco. Vasari e Condivi
consideraram necessário enfatizar que essas descrições eram caluniosas,
mas isso prova que elas eram correntes, mesmo que possam não ter
correspondido à toda a verdade. Eles em vez o descreveram como uma
pessoa profundamente religiosa, em quem a pregação de Savonarola
sobre o despojamento dos bens mundanos exercera duradouro impacto.
Lera suas obras até o fim de seus dias e dizia que recordava claramente
da sua voz. Disseram ainda que era liberal e generoso, dando obras
valiosas de presente para seus amigos e sendo gentil com seus servos.
Como professor não escondia seu conhecimento dos discípulos, mas não
gostava que fosse divulgado que ele ensinava. Vários de seus alunos o
chamavam de pai. Não era desprovido de senso de humor, e às vezes
Sebastiano del Piombo: Retrato de buscava a companhia de pessoas capazes de fazê-lo rir. Entre elas
Michelangelo, c. 1520–1525 apreciava especialmente os pintores Jacopo Torni, Sebastiano del
Piombo e o próprio Vasari, com quem se divertia. Era sensível ao
trabalho alheio qualificado, e louvava até o de antigos rivais como Rafael, mas várias vezes expressou seu desprezo pela
mediocridade e pela pretensão de outros. Era admirador entre outros de Donatello, Ticiano, Ghiberti e Bramante, e mesmo
de artistas pouco conhecidos como Antonio Begarelli e Alessandro Cesari, em quem encontrava qualidades invisíveis para
outros. Sobrevivem documentos que atestam sua natureza generosa e benevolente, mas outros em parte confirmam aquele
folclore, incluindo sua própria correspondência. Mas é de lembrar em se tratando de um artista tão diferenciado em relação
aos seus contemporâneos, uma pessoa submetida a pressões internas e externas desconhecidas pela maioria, obviamente
não possuía a mesma natureza que um homem comum e ele por consequência não poderia se comportar como tal. Sem
entrar numa apologia do gênio, seu enorme talento, suas ideias artísticas visionárias e de amplitude titânica, sua
insatisfação com a conquista ordinária e a sua infatigável capacidade de realização, dons que se por um lado foram
reconhecidos universalmente e atraíram a admiração e o assombro gerais e lhe valeram o epíteto de divino, por outro com
toda a probabilidade o separaram psicologicamente do resto dos humanos, nem se pode esperar que universos tão distintos
pudessem se compreender ou conviver sem tensões importantes. [41][42][43]

https://pt.wikipedia.org/wiki/Michelangelo 9/35
15/05/2018 Michelangelo – Wikipédia, a enciclopédia livre

É muito difícil fazer uma ideia da evolução de sua riqueza pessoal. Herdou terras em Settignano e foi capaz de torná-las
bem mais produtivas do que no tempo de seu pai, e até expandiu sua área. Possuía uma casa-atelier em Roma, duas casas e
um atelier em Florença, e se diz que tinha terras em vários locais da Toscana. Suas maiores obras foram pagas regiamente,
mas muitas vezes os custos do material, que não eram baixos, estavam incluídos. Além disso, muitas vezes seus patronos
lhe pagaram irregularmente, em diversas ocasiões não recebeu o pagamento completo e obras como a tumba de Júlio II
representaram despesa e não ganho para ele. Por outro lado, com seus hábitos espartanos de vida fez uma boa economia, e
numa carta disse que Paulo III o cumulara de benefícios. Doou altas somas para caridade e sustentou seus familiares
quando pôde, e várias vezes ajudou artistas pobres, inclusive seus dois biógrafos. [44] Não confiava em bancos e guardava
seu dinheiro em um baú embaixo da cama. Quando morreu este baú continha dez mil ducados de ouro, uma quantia,
segundo Forcellino, suficiente para comprar o Palácio Pitti. [45]

Vida amorosa
Michelangelo nunca se casou e hoje é praticamente um consenso que tenha sido homossexual, a despeito da negação de
seus primeiros biógrafos. Tem sido aventado que o artista teve casos amorosos concretos com vários jovens, como
Cecchino dei Bracci, para quem desenhou o túmulo, e Giovanni da Pistoia, que conheceu enquanto trabalhava no teto da
Capela Sistina, e para quem escreveu alguns sonetos. [46] Mas nenhuma prova concludente se encontrou nessa direção, e é
bastante possível que o próprio Michelangelo, refreando seus sentimentos e necessidades, tenha fugido de uma
consumação carnal. Vários fatores podem ser considerados para tornar a hipótese plausível. Em sua juventude em
Florença ficara profundamente impressionado com a pregação de renúncia ao mundo de Girolamo Savonarola, e expressou
sua admiração por ele ao longo de toda a vida. Em segundo lugar se considere a influência da visão humanista-
neoplatônica de sua época sobre o amor, outro elemento relevante em seu universo pessoal, que falava do corpo como o
cárcere terreno, e ainda que aceitasse o amor entre homens e até o estimulasse, não aprovava o contato físico, lançando a
vivência do sentimento num plano espiritual. Além disso, a opinião pública sobre a homossexualidade no século XVI era
bastante negativa; em Florença os homossexuais podiam ser castrados ou condenados à morte. O que transparece
fortemente de suas poesias é o perene conflito entre o impulso ao amor terreno e ao amor divino, que, como ele mesmo
disse, "o mantinha dividido em duas metades", e segundo Harmon, pelo que se sabe sobre sua vida, não há como excluir
nenhum dos opostos no estudo de sua personalidade e de sua forma de amar. Ao mesmo tempo em que reiteradas vezes
falou do amor dirigido a pessoas como a força dinâmica que o capacitava à transcendência — "o amor nos urge e desperta,
dá penas às nossas asas, e a partir daquele primeiro estágio, com o qual a alma não se satisfaz, ela pode voar e subir ao
seu Criador" — em outros momentos declarava seu desejo de intimidade física, querendo "abraçar meu tão desejado, meu
tão doce senhor, com meus braços indignos", ou imaginando ser um bicho-da-seda para tecer uma túnica preciosa
"envolvendo seu belo peito com prazer". [29][47][48][49] Condivi registrou que "muitas vezes ouvi Michelangelo discursar a
respeito do amor, mas jamais o ouvi falar qualquer coisa diferente do amor platônico". [50] Dizem Ryan e Ellis, invocando
mais outros autores, que a maioria dos historiadores modernos reconhece a inclinação homoerótica de Michelangelo, mas
a questão de se isso o levou a uma vida sexualmente ativa permanece uma incógnita. [51][52]

Entre os homens quem ocupou o maior lugar em seus pensamentos foi Tommaso dei Cavalieri, um patrício amante das
artes. Na época Cavalieri era um jovem de 17 anos de idade, e Varchi, que também o conheceu, disse que ele que tinha um
temperamento calmo e despretensioso, uma fina inteligência e educação, e uma beleza incomparável, e por tais qualidades
merecia o amor de quantos o conhecessem. Logo após seu primeiro contato Michelangelo enviou-lhe duas breves
cartas. [53] Numa delas disse:

"Percebo agora que não posso esquecer vosso nome assim como não posso esquecer a comida com a
qual vivo — não! antes eu poderia esquecer a comida com que vivo, que infelizmente alimenta apenas o
corpo, mas não vosso nome, que nutre minha alma e meu corpo, enchendo ambos de tamanho deleite
que me torno imune à tristeza e ao medo da morte, isso enquanto vossa memória dura em mim.
Imaginai se o meu olho estivesse também fazendo sua parte (uma referência à distância física entre eles)
o estado em que eu me encontraria!". [53]

Em outra carta, para seu amigo Sebastiano del Piombo, disse:


https://pt.wikipedia.org/wiki/Michelangelo 10/35
15/05/2018 Michelangelo – Wikipédia, a enciclopédia livre

"Se o vires, imploro-te que me recomendes a ele mil vezes, e


quando tu me escreveres diz-me algo a seu respeito para eu
ter o que colocar na mente, pois se eu esquecê-lo creio que no
mesmo instante cairei morto". [53]

Para ele Michelangelo escreveu cerca de quarenta poemas, presenteou-o


com desenhos, e foi o único de quem pintou um retrato, uma obra
infelizmente perdida. Entre os desenhos que deu a Tommaso estão um
Rapto de Ganimedes, a Queda de Phaeton, a Punição de Tytus, e um
Bacanal de crianças, cujos temas são sugestivos. Ainda que Cavalieri
Cópia de um original de Michelangelo
tenha retribuído o amor do artista em grande medida e o tenha ofertado a Tommaso dei Cavalieri: O rapto
expressado várias vezes, inclusive em cartas, não parece ter sido de Ganimedes, 1532. Royal Collection,
apaixonado, e o teria cultivado dentro da esfera da amizade, o que Castelo de Windsor
segundo Ryan foi fonte de muita angústia e desapontamento para
Michelangelo. [54] Entretanto, em uma das cartas que Tommaso enviou a Michelangelo se encontra uma passagem
ambígua que reza: "…che Vostra Signoria torni presto, perché tornando liberarete me di prigione: perché io fuggo le
male pratiche, e volendo fugirle non posso praticare altri che con voi". [55] Uma tradução direta é "...que Vossa Senhoria
volte logo, porque voltando me libertareis da prisão: porque eu fujo das más práticas, e querendo fugir delas não posso
praticar com ninguém mais senão convosco". Frederick Hartt traduziu praticare como fazer amor, [56] mas vários
dicionários consultados não fazem qualquer associação de praticare com fazer amor, e a traduzem no sentido de fazer
amizade, frequentar, visitar com frequência e conhecer, [57][58][59] de modo que a interpretação desta passagem
permanece duvidosa. O que é certo é que sua relação se transformou em uma sólida lealdade, sobrevivendo a alguns atritos
e à transformação do jovem em um pai de família, perdurando até a morte de Michelangelo. [54] Segue um dos sonetos que
lhe dedicou:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Michelangelo 11/35
15/05/2018 Michelangelo – Wikipédia, a enciclopédia livre

S'un casto amor, s'una pietà superna Se um casto amor, se uma piedade sublime (tradução livre)

"S'un casto amor, s'una pietà


superna,
s'una fortuna infra dua amanti
equale,
s'un'aspra sorte all'un dell'altro
cale, "Se um casto amor, se uma piedade sublime,
s'un spirto, s'un voler duo cor se uma mesma fortuna une um par que se ama,
governa; se a má sorte a ambos afeta,
s'un'anima in duo corpi è fatta se um só espírito, um só querer, governa dois
etterna, corações;
ambo levando al cielo e con se uma alma em dois corpos se torna eterna,
pari ale; com as mesmas asas levando-os ao céu;
s'Amor d'un colpo e d'un dorato se Amor com um só golpe e só uma flecha
strale dourada
le viscer di duo petti arda e fizer arder e testar dois peitos;
discerna; se cada um amar ao outro e não a si mesmo,
s'amar l'un l'altro e nessun se um só gosto e uma só delícia, a esta meta
medesmo, se cada um dirigir sua vontade:
d'un gusto e d'un diletto, a tal se tudo isso por mil se multiplicar, não faria
mercede ainda um centésimo
c'a un fin voglia l'uno e l'altro de tamanho laço de amor, de tanta fé;
porre: e somente o desdém o pode quebrar e
se mille e mille, non sarien dissolver."
centesmo
a tal nodo d'amore, a tanta
fede;
e sol l'isdegno il può rompere e
sciorre."[60]

A outra figura de grande importância em sua vida pessoal foi Vittoria Colonna. Descendente de uma família nobre, foi uma
das mulheres mais notáveis da Itália quinhentista. Ainda jovem casou-se com Fernando de Ávalos, Marquês de Pescara.
Tornou-se autora de poesias louvadas como impecáveis, das mais importantes continuadoras da tradição de Petrarca em
sua geração, uma mediadora política, reformadora religiosa, e seus méritos próprios foram amplamente reconhecidos
ainda em sua vida, mas a historiografia posterior a retratou indevidamente mais como uma figura passiva, à sombra de
grandes homens que conheceu, entre eles Michelangelo. [61][62] É possível que tenham se encontrado em torno de 1537,
mas sua relação só se estreitou em torno de 1542 quando Michelangelo já era idoso e ela, viúva há dezessete anos.
Discutiam arte e religião. Para ela Michelangelo escreveu várias poesias e produziu desenhos, e ela por sua vez dedicou-lhe
também uma série de poemas. O afeto de Michelangelo tornou-se intenso, e em seus sonetos meditava se esta não seria
mais uma paixão infrutífera, talvez a mais infeliz de todas. Apesar de suas dúvidas, o tom geral de suas poesias sobre ela é
calmo e doce, e busca a sublimação de forma mais consistente através da fé. Walter Pater comparou a relação de ambos
com a de Dante e Beatriz. [63]

A fé em que Michelangelo se apoiou para enfrentar os dilemas de seus sentimentos foi a da Contra-Reforma, que depositava
a responsabilidade pela solução dos problemas espirituais mais na força interior de cada um do que em santos, padres,
indulgências e outros auxiliares externos comuns às gerações anteriores. Da parte de Vittoria, Abigail Brundin disse que as
poesias que ela dedicou ao seu amigo revelam o mesmo esforço de lidar com essa responsabilidade e de compartilhar os
frutos do labor no espírito de uma comunhão evangélica com alguém que passava pelas mesmas dúvidas e agitações de

https://pt.wikipedia.org/wiki/Michelangelo 12/35
15/05/2018 Michelangelo – Wikipédia, a enciclopédia livre

alma. [64] Michelangelo esteve presente em sua agonia, e ela faleceu em seus
braços, enquanto ele em lágrimas beijava suas mãos sem cessar. Mais tarde
arrependeu-se de não ter ousado beijar-lhe a testa e a face. Condivi registrou
que após a morte de Vittoria Michelangelo passou um período transtornado,
como se tivesse perdido a razão. Em um soneto expressou sua tristeza e
revolta, e disse que jamais a natureza fizera face tão bela. [65]

Obra

Contexto, estilo e ideias sobre arte


Michelangelo viveu ao longo da última fase do Renascimento e na transição
para o Maneirismo, uma época de intensos conflitos sociais e profundas
mudanças na vida cultural. Quando jovem absorveu as lições do primeiro
Michelangelo: Retrato de Vittoria
Renascimento, que estabelecera uma série de cânones técnicos e estéticos para
Colonna, c. 1550. Museu Britânico,
a representação artística. Esses cânones haviam sido estabelecidos sobre uma
Londres
forte tendência de recuperação na arte e na cultura da tradição clássica da
Antiguidade, que se desenvolvia desde séculos antes a partir de uma série de
descobertas de textos de filósofos e outros escritores antigos, especialmente neoplatônicos helenistas e oradores, poetas,
políticos e historiadores romanos, e de peças de arqueologia. Com essa quantidade de novas informações, no século XV se
consolidou o que se chamou de Humanismo, uma síntese eclética dessas fontes pagãs com o pensamento cristão,
incorporando ainda elementos das tradições árabes, orientais e egípcias, bem como outros oriundos da magia, das
tradições religiosas esotéricas, da mitologia clássica e da astrologia. O resultado foi a colocação do ser humano novamente
no centro do universo, enfatizando sua nobreza, sua beleza, sua liberdade, os poderes de seu intelecto e sua natureza
divina. Na arte foi criado um sistema de proporções ideais para a arquitetura e para a representação do corpo e se
cristalizou o sistema da perspectiva para a definição da representação bidimensional. O Renascimento associou ainda o
idealismo clássico com um intenso interesse pelo estudo científico do mundo natural, produzindo uma arte que era uma
generalização universal mas capaz de se deter no particular para descrever caracteres individuais. Ao mesmo tempo, era
uma arte de índole ética, pois se considerava possuir uma função social da qual não podia escapar, e almejava sobretudo a
cura das almas e a instrução do público para a condução da vida pelos caminhos da virtude. [66][67][68]

Michelangelo passou sua juventude em Florença quando ela estava no auge de seu prestígio político, econômico e
principalmente cultural, sendo uma referência não só para a Itália mas para boa parte da Europa. Pouco depois, em torno
de 1500, Roma tomou-lhe a dianteira em todos esses aspectos, onde os papas fortaleceram seu poder temporal
enfraquecido, invocaram para Roma a posição de cabeça do mundo e herdeira do Império Romano, e proclamaram a
universalidade de sua autoridade religiosa. Foi a fase chamada de Alta Renascença, quando as ideias artísticas clássicas a
respeito de harmonia, equilíbrio, moderação, dignidade, proporção e fidelidade à natureza se tornaram especialmente
influentes. Nesta mesma altura, Michelangelo atingia sua primeira maturidade artística e já trabalhava para os papas em
Roma, produzindo obras que espelham perfeitamente essas concepções. Entretanto, a Itália já estava sob a mira de
grandes potências estrangeiras, e começou a ser invadida em vários pontos. Em 1527 Florença foi posta sob sítio e Roma
foi vítima de um terrível saque por tropas do Sacro Império, enquanto na mesma época no norte da Europa os Protestantes
conseguiam a sua separação da Igreja romana com severas críticas à doutrina e aos abusos e corrupção do clero. A
autoridade papal sofreu sério abalo, o poder político italiano no panorama internacional caiu de imediato, e na Itália se
instaurou um clima sociocultural de incerteza, tensão e medo. A reação da Igreja foi lançar nos anos seguintes a Contra-
Reforma, estabelecendo uma nova formulação para a doutrina e novas regras para a arte sacra, onde se tornou uma praxe a
censura prévia com uma orientação claramente propagandística. [66][67][69][70] Como descreveu Argan, nesse período a
religião já não era uma revelação inconteste de verdades eternas, mas uma busca individual; a ciência já não se estabelecia
sobre a autoridade dos antigos, mas sobre a livre pesquisa; a política mudava sua base de uma noção de hierarquia
emanada de Deus para se lançar na procura de um equilíbrio sempre provisório entre forças contrastantes; a História,

https://pt.wikipedia.org/wiki/Michelangelo 13/35
15/05/2018 Michelangelo – Wikipédia, a enciclopédia livre

como experiência já vivida, perdera seu valor determinante, o que contava então era a experiência de cada um no presente,
e a arte deixava para trás os cânones abstratos e coletivos para mergulhar no mundo do julgamento individual, da
investigação do próprio processo criativo e da materialidade da obra. [71]

Desta forma, os seus cerca de quarenta ou cinquenta últimos anos, a maior


parte da carreira de Michelangelo, transcorreram nesse ambiente agitado, e
seu estilo dessa fase deve ser caracterizado como maneirista, exibindo traços
típicos desta escola que ele mesmo ajudou a fundar, quais sejam: uma
marcada reação ao equilíbrio e harmonia do classicismo e à idealização da
Alta Renascença, a distorção das proporções do corpo, uma tendência à
estilização de feições, ao exagero e ao drama, o uso de uma paleta de cores
pouco naturais, a anulação da perspectiva de ponto central com a criação de
uma sensação de vários planos simultâneos, arbitrários e irracionais de
espaço, e a preferência por formas espiraladas, contorcidas e bizarras, e por
composições apinhadas de personagens. [25][70]

Michelangelo se distinguiu da estética renascentista abandonando a crença


de que a Beleza é produzida por uma relação matemática de proporções entre
as partes do todo, e confiava antes nos sentidos. Dizia que é mais necessário
ter um compasso no olho do que nas mãos, pois as mãos produzem a obra,
mas quem a julga é o olho. Não se sentia obrigado a seguir leis estéticas
apriorísticas dizendo que o artista não devia ser guiado senão pela ideia que
concebera, e considerava possível definir outras proporções igualmente
aceitáveis e belas. Sua insistência na sua própria autonomia criativa e na
Michelangelo: Detalhe do Juízo expressão de sua visão pessoal o tornou o primeiro artista do ocidente a ter
Final, Capela Sistina, Vaticano príncipes e papas a seus pés, decretando por si mesmo como a obra deveria ser
realizada, ao contrário da prática anterior à sua geração, quando o artista era
um simples artesão obediente à vontade de seus patronos. Isso era tanto um reconhecimento de sua própria capacidade
como uma resposta à cultura da época que glorificava a fama pessoal. [72] Compartilhava com os renascentistas e com seus
outros contemporâneos o amor pela arte da Antiguidade, mas na sua época os modelos disponíveis eram em sua grande
maioria produto do Helenismo ou da era romana, que não são propriamente idealistas e trabalham mais o lado dramático,
dinâmico e emotivo da representação. Também foi estimulado nessa direção pela descoberta de uma importante obra
helenista, o Grupo de Laocoonte, que causou uma sensação em toda a intelectualidade romana em sua exibição pública no
Vaticano em 1508. [73][74]

Apesar de sua inclinação para os modelos romanos e helenistas, Michelangelo aparece como um grande idealista, um
herdeiro direto do universalismo da arte do Alto Classicismo grego. O artista não estava mais interessado na observação da
natureza além do necessário para criar um protótipo de forma que ignorava o particular e era aplicável
indiscriminadamente para todos os sujeitos. Nada em sua arte é específico além da forma geral do corpo humano, e o
transformou em algo cuja potência vem causando admiração desde quando o plasmou em imagem. Na mesma tradição
alto-clássica, procurou expressar as virtudes heróicas da alma através de corpos poderosos cuja beleza é apoteótica e ideal,
e não humana, porém inevitavelmente filtrando o idealismo antigo através da sua eclética interpretação pelo Humanismo
renascentista, onde o trágico e o patético também tinham um lugar. Como observou Weinberger, não representou a sua
geração, mas uma geração de gigantes vivendo fora do tempo, e os edifícios que ergueu parecem ter-se destinado a esta
raça. Mesmo suas obras pequenas têm uma feição monumental. Não caracterizou trajes ou fisionomias de sua época, não
produziu retratos além de uns poucos desenhos, suas figuras não estão engajadas em atividades comuns, não aparecem
utensílios do cotidiano, nem móveis, nem arquiteturas da época; não parecem afetadas pelas estações, pela paisagem em
torno. Quando há alguma paisagem, é surpreendentemente desértica, é apenas um espaço convencional e abstrato onde
distribuiu seus personagens sobre-humanos. Não teve outros alicerces para sua arte senão o corpo humano, o amor pela
sua beleza e uma ideia de sublime magnificada ao extremo — certa vez buscando mármores em Carrara desejou transformar
uma montanha inteira em uma estátua de um gigante. [75][76][77][78]

https://pt.wikipedia.org/wiki/Michelangelo 14/35
15/05/2018 Michelangelo – Wikipédia, a enciclopédia livre

Até mesmo suas descrições de gênero sexual são ambíguas, em várias de suas
pinturas e esculturas as mulheres são quase tão musculosas quanto os seus
homens e a única diferença visível é a presença de seios e ausência de um
pênis. Por outro lado, algumas de suas figuras masculinas têm uma languidez
e afetação postural só encontradas na representação feminina de seu
tempo. [75] Mesmo que em várias imagens seja aparente um androginismo, é
amplamente reconhecida sua preferência pelo corpo masculino, especialmente
nu, que é fio condutor de toda a sua produção artística, e abunda mesmo em
suas composições sacras. O nu masculino aparece desde a sua primeira
escultura autenticada, a Centauromaquia, numa de suas primeiras pinturas, o
Tondo Doni, continua pela sua carreira afora, no Baco, no David, no Cristo
Redentor, nos Escravos e nos Cativos, no Gênio da Vitória, no Jovem
ajoelhado e várias outras esculturas, toma a vasta maioria de seus desenhos, é
tema de suas poesias e se multiplica nas pinturas A Batalha de Cascina, no
Michelangelo: A figura feminina da
teto e no Juízo Final da Sistina. Tal frequência desde aquele tempo tem Sibila Cumeia. Capela Sistina,
provocado reações negativas em setores da Igreja, a ponto de o Papa Paulo IV Vaticano
mandar cobrir as genitálias expostas de várias figuras nos afrescos da Sistina,
e o Cristo Redentor em mármore sofrer o mesmo destino, recebendo um
manto de bronze. [79][80]

Seu estilo e iconografia nos últimos dois séculos têm sido objeto do mais
acalorado debate entre os críticos e historiadores, a ponto de Barolsky ter dito
ironicamente que a copiosa bibliografia produzida sobre ele é ela mesma
"michelangelesca", [81] e embora Michelangelo seja em geral contado na mais
alta estima, pouco consenso sobre pontos específicos pôde ser conseguido.
Entretanto, em sua poesia ele deixou muitas pistas sobre suas ideias artísticas
e sobre a vida, e nela, conforme foi sugerido por escritores como Erwin
Panofsky e Carlo Argan, parece transpirar o Neoplatonismo como uma
influência preponderante, da forma como ele foi interpretado pelos
humanistas e poetas cristãos italianos como Marsilio Ficino, Pico della
Mirandola, Dante Alighieri e Petrarca. Martin Weinberger, de inclinação
formalista, rejeitou a explicação transcendental e assinalou que não se pode
atribuir com certeza a uma escola definida de pensamento ideias que
pertenciam à cultura renascentista como um todo e estiveram sujeitas a uma
multiplicidade de correntes. Também disse que Michelangelo dificilmente
teria colocado sua arte acima da natureza, e que sua obra requer um estudo
mais dentro do domínio da arte pura — seu tratamento dos materiais, a
evolução de suas formas e de sua linguagem plástica. É possível que uma
síntese de ambas as visões seja o caminho mais adequado para se
compreender melhor sua produção. De fato a interpretação de uma peça
específica muito dificilmente pode ser circunscrita a qualquer fonte individual,
mas em linhas gerais a explicação transcendental parece permanecer a
tendência mais forte entre a crítica para interpretar seu estilo e motivações
como um todo. Parece bastante claro que para Michelangelo a busca da
transcendência foi uma força propulsora em todo o seu trabalho, como foi
documentada de várias maneiras, mas estava firmemente inspirada na beleza Michelangelo: Escravo moribundo,
1513–1515. Museu do Louvre, Paris
que ele via no mundo físico, transformada pelo poder do Amor residente na
alma em algo, então sim, divino. [82][83] Num poema escreveu:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Michelangelo 15/35
15/05/2018 Michelangelo – Wikipédia, a enciclopédia livre

"Vejo em tua bela face, meu Senhor,


aquilo que não posso expressar nesta vida.
A alma, ainda vestida de carne,
com aquilo tantas vezes é transportada para Deus."[84]

Em outro, disse:

"Meus olhos, buscando coisas belas,


e minha alma, buscando a salvação
não têm outro poder de ascender ao céu
senão contemplando tudo que é belo". [85]

Por outro lado, não se pode atribuir um peso por demais determinante ao que ele disse de si mesmo e de sua arte, ainda que
seu testemunho jamais possa ser descartado. Como lembrou Barolsky, na cultura da época o artificialismo e a estilização
eram onipresentes. Mesmo a arte era considerada uma ilusão deliciosa, conforme disse Vasari, e estava sujeita a uma série
de convenções, de domínio público. Os textos do século XVI são carregados de recursos puramente retóricos, e o
relacionamento social em altas esferas era algo muito próximo de um teatro. Da mesma forma as biografias eram peças
laudatórias enganosas, e os escritos poéticos de Michelangelo devem ser analisados levando-se em conta o contexto desse
universo de convenções e artifícios, num processo de construção consciente da sua imagem pública e do seu próprio mito
que ele levou a um grau hiperbólico, modelando a si mesmo à feição de um colosso, assim como fazia com suas obras. Sua
correspondência tampouco é uma fonte exatamente fiel de informação sobre sua vida; em muitos momentos é evasiva,
ambígua, exagerada, contraditória e às vezes claramente mentirosa, o que não era, de resto, uma característica exclusiva
sua, mas espelhava um comportamento coletivo. Epitomizando esses costumes, em 1532 foi publicado O Príncipe, de
Machiavelli, cujas ideias tiveram larga difusão, sacramentando a necessidade do governante de usar o engano e a
dissimulação pelo bem da manutenção da ordem pública. [86][87]

Outro aspecto que tem intrigado os historiadores é o estado inacabado de muitas de suas obras. Frequentemente fatores
externos, que foram documentados, o levaram a isso, sendo constantemente chamado de um lado para outro pelos papas e
príncipes, mas em outros casos não houve qualquer imperativo conhecido que pudesse justificá-lo, e se especula hoje que as
tensões entre suas ideias grandiosas e a dificuldade prática de transportá-las satisfatoriamente para uma forma concreta e
limitada pela matéria física podem ter sido um elemento importante nesse fenômeno. [88][89]

A seguir são abordadas em mais detalhe as várias técnicas a que se dedicou, mas dada a quantidade de suas obras, apenas
as mais importantes serão citadas.

Escultura
Michelangelo via a si mesmo acima de tudo como um escultor. Participou do debate teórico da época sobre qual das artes
seria a mais nobre, a chamada questão do paragone, e se posicionou do lado dos escultores. Em uma carta escrita para
Benedetto Varchi disse:

"Creio que a pintura só atinge sua excelência na medida em que se aproxima dos efeitos do relevo,
enquanto que um relevo é considerado pobre quando se aproxima do caráter da pintura. Costumo
pensar que a escultura é o farol da pintura, e que entre ambas existe a mesma diferença que há entre o
sol e a lua. Contudo, também considero ambas em essência a mesma coisa, na medida em que ambas
procedem da mesma faculdade, e daí que é fácil estabelecer entre elas a harmonia e encerrar as
disputas, que gastam mais de nosso tempo do que produzir as figuras em si. Sobre aquele homem
(Leonardo da Vinci) que escreveu dizendo que a pintura é mais nobre que a escultura, acho que minha
empregada sabe mais do que ele. [72]

https://pt.wikipedia.org/wiki/Michelangelo 16/35
15/05/2018 Michelangelo – Wikipédia, a enciclopédia livre

Para Michelangelo o processo escultórico era uma sucessiva


remoção do supérfluo para expor a ideia — o concetto — projetada
na matéria. Em um de seus poemas comparou o processo com o ato
de Deus tirando o homem do barro. Às vezes fazia modelos em
argila ou cera como estudos preliminares. [90] Suas influências
imediatas foram a escultura romana, Giovanni Pisano, Niccolò
dell'Arca, Jacopo della Quercia, Donatello e também Leonardo da
Vinci, mas desde o início eximiu-se de uma fidelidade estrita a
esses modelos, buscando uma abordagem individual, o que é visível
já na Centauromaquia que criou para Lorenzo de' Medici, uma das
composições mais avançadas tecnicamente de sua época. Ali o mito
é apenas um pretexto, conforme analisou Argan, para uma
pesquisa em torno do movimento puro. Sua primeira obra
importante foi o Baco, fortemente inspirada em modelos
helenistas. A solução formal é criativa, uma figura desequilibrada e
sensual que anula a solenidade clássica e a transforma numa
figura quase burlesca, em uma contínua interpenetração de curvas e
superfícies polidas que captam habilmente a luz. O contraste é
provido pela pequena figura do fauno atrás dele, que serve como
suporte estrutural e ao mesmo tempo é tratado com outras texturas e
construído a partir de blocos básicos bem distintos. Em seguida,
Michelangelo: David, 1501–1504. com apenas vinte e três anos, esculpiu sua afamada Pietà, que tem
Galleria dell'Accademia, Florença
sido louvada desde a origem pelo seu finíssimo acabamento de
superfície e pela sua brilhante composição em pirâmide, uma forma
de grande estabilidade e perfeita para veicular o pathos
melancólico, resignado e meditativo da cena. O Cristo aparece no
regaço de sua mãe, com uma face tranquila sem sinal de
sofrimento, como se dormisse; suas chagas mal são perceptíveis, o
que enfatiza a beleza do seu corpo. A Virgem é uma jovem, e mais
parece uma irmã de Cristo e não sua mãe, o que foi criticado pelos
seus contemporâneos. Sua resposta foi de que sua castidade tão
perfeita teria preservado sua beleza e juventude. A composição é
interessante também porque a figura da Virgem, se estivesse de pé,
seria bem maior do que a de seu filho, um recurso técnico-
ilusionístico que não é notado sem uma medição, mas provê com o
seu corpo e o largo manto cheio de dobras um amplo receptáculo
para o descanso do mártir, e empresta ao conjunto uma impressão
de tranquilidade. O sucesso da obra foi enorme, e foi a única que
Michelangelo: Moisés, 1513–1515. Michelangelo assinou. [91][92]
Basílica de São Pedro Acorrentado,
Roma Entre 1501 e 1504 criou sua maior escultura, o colossal David para
Florença. Usando um bloco único de mármore já parcialmente
trabalhado, mandou erguer uma cerca em torno e o escavou
sozinho, sem permitir visitas. Quando foi inaugurado causou uma sensação entre os florentinos. Inteiramente nu, é uma
imagem de triunfo, na tradição dos nus heroicos do classicismo, mas por pudor foi-lhe aplicada uma guirlanda de bronze
sobre o sexo. Apesar do seu tamanho descomunal, o David é ainda um adolescente, e foi representado nos momentos
preparatórios do combate com Golias. Sua expressão é tensa, sua mão direita se crispa sobre a coxa, mas não há ação, tudo
se resume na concentração da energia antecipando o momento mortal. É tanto um símbolo do civismo republicano de
Florença, como foi reconhecido de imediato, como da condição gloriosa do homem no pensamento renascentista. [93][94]

https://pt.wikipedia.org/wiki/Michelangelo 17/35
15/05/2018 Michelangelo – Wikipédia, a enciclopédia livre

A tumba de Júlio II deveria ter sido sua maior obra de escultura, uma grande estrutura livre dentro da Basílica de São Pedro
no estilo de um mausoléu, com 10 x 15m de área e adornado com 40 estátuas em tamanho natural representando profetas e
personificações das artes liberais, com uma grande estátua de Júlio de 3 metros de altura coroando o conjunto.
Michelangelo deveria receber pela obra um salário anual de 1 200 ducados — dez vezes mais do que outro artista receberia
— e mais um pagamento final de 10 mil ducados, uma quantia bastante expressiva. O mármore foi trazido de Carrara e
ocupou noventa carros. Para que o mausoléu pudesse ser instalado na Basílica, esta teve de ser reformada, destruindo-se a
veneranda construção anterior erguida por Constantino I entre 326 e 333, ampliando-se sua planta consideravelmente, e
desviando a maior parte dos recursos de Júlio para lá. Desta forma, as obras da tumba se paralisaram, Michelangelo teve
de pagar o transporte do mármore por conta própria, reclamou com o papa e foi expulso do Vaticano. Ultrajado, partiu para
Florença. O papa mandou cavaleiros em sua perseguição mas só o alcançaram perto de Florença. A despeito das ameaças,
recusou-se a voltar e enviou ao papa uma carta protestando contra os maus tratos. [95] Alguns meses depois ocorreu a
reconciliação em Roma, e Júlio solicitou que ele esculpisse uma enorme estátua sua em bronze para a cidade de Bolonha, e
para lá foi enviado, morando em alojamento precário, tendo de dividir a cama com mais dois ajudantes, que além disso ele
considerava incompetentes. A primeira fundição da estátua falhou, e teve de ser refundida, agora com sucesso. Tinha 4
metros de altura e pesava 4,5 toneladas, uma das maiores obras em bronze desde a Antiguidade, sendo instalada em 1508.
Quando Bolonha readquiriu sua independência a estátua foi destruída. [96]

Com a morte de Júlio em 1513 a sua tumba se tornou mais do que nunca uma necessidade, mas seus herdeiros não se
dispunham a prosseguir na escala que ele pretendera. Um dos primeiros esboços de Michelangelo foi revivido e o
monumento foi muito reduzido, a câmara mortuária foi substituída por um simples sarcófago e o monumento deslocado
para junto de uma parede lateral, mas ainda haveria diversas estátuas e relevos. Apesar da dedicação com que
Michelangelo se voltou para o trabalho, nos três anos seguintes só três estátuas haviam sido iniciadas, o Moisés, e duas
outras, de escravos, mas permaneciam inconclusas. [97] Entre 1519 e 1520 fez um belo Cristo Redentor inteiramente nu
para a Igreja de Santa Maria sobre Minerva, inspirado no modelo do nu heroico da Antiguidade clássica. [98] Havia sido
encomendado em 1514 pelo patrício romano Metello Vari, e o trabalho iniciara em seguida, mas a meio caminho
Michelangelo descobriu um veio negro no mármore e abandonou a peça. Uma segunda versão foi criada rapidamente para
cumprir o contrato, e o polimento final foi entregue a seus discípulos. Anos depois sua nudez foi oculta. [99]

Quando iniciou o pontificado de Leão X o artista foi requisitado para trabalhar em Florença. Lá, entre vários projetos
arquitetônicos, esculpiu a partir de 1521 um importante par de tumbas para dois duques Medici na Sacristia Nova. Como já
se tornava uma experiência comum para ele, houve várias interrupções e não pôde terminá-las, foi chamado para Roma em
1526. As estátuas dos mortos são belas e nobres, os retratam idealizadamente vestidos como antigos generais romanos,
mas são especialmente notáveis as que se reclinam sobre os sarcófagos. Na tumba de Juliano, as alegorias do Dia e da
Noite, e na de Lorenzo, a Aurora e o Ocaso, com uma possante descrição anatômica e intenso pathos. Deveriam ter sido
esculpidas ainda quatro estátuas de deidades fluviais, mas não foram sequer iniciadas. Quando Michelangelo partiu os
monumentos ainda não estavam montados, e sua forma final se deveu ao concurso de alguns de seus discípulos, que
finalmente arranjaram as tumbas no ano de 1545, na forma como se as vê hoje. [97]

Provavelmente Michelangelo voltou a trabalhar na tumba de Júlio em 1526, produzindo quatro Cativos, maiores do que os
dois Escravos, que também não foram acabados mas modernamente são muito apreciados por sua concepção poderosa e
por parecerem estar lutando em desespero para se libertar da prisão da matéria amorfa que os rodeia, e Hartt chegou a dizer
que dificilmente seu impacto emocional poderia ser mais forte se tivessem sido finalizados. Um quarto projeto para a tumba
de Júlio II foi desenhado em 1532, e formalizado em contrato com a família, em dimensões ainda menores, e toda a
iconografia foi revista. Criou nesta época mais uma estátua, o Gênio da Vitória, uma das mais originais composições de
Michelangelo com sua figura fortemente contorcida, a subjugar um prisioneiro, embora não seja garantido que se
destinasse ao túmulo. Também esta não foi finalizada. O trabalho só foi terminado em 1545 após o papa intervir para
liberar o artista das obrigações com a família de Júlio. E em vez de se localizar na Basílica, foi montado na Basílica de São
Pedro Acorrentado. O Moisés, a única peça que ele completou inteiramente, e que deveria ser apenas uma figura secundária
no projeto original, foi instalado no centro da composição, rodeado de estátuas muito menos expressivas esculpidas às
pressas e completadas por escultores menores, junto com mais duas, obra integral de outros artistas. [100] De interesse
ainda restam suas obras finais, duas pietàs. A primeira ele iniciou antes de 1555 como parte de um projeto para uma tumba

https://pt.wikipedia.org/wiki/Michelangelo 18/35
15/05/2018 Michelangelo – Wikipédia, a enciclopédia livre

própria, que não se concretizou. A meio do trabalho exasperou-se com a


"indocilidade da pedra" e destruiu parcialmente o que havia conseguido. Seus
discípulos tentaram recompô-la e acabar algumas partes, mas sem grande
sucesso, e uma das pernas de Cristo foi perdida. O que hoje permanece é um
esboço, ainda assim pungente, da morte de Jesus, estruturado de forma a
parecer que o peso de seu corpo sem vida é grande demais para ser sustentado
pelas figuras de José de Arimateia, Maria Madalena e a Virgem Maria,
emprestando à peça uma atmosfera de trágico desalento. Outra das pietàs, a
chamada Pietà Rondanini, foi iniciada pouco antes de ele falecer, e
permanece apenas com suas formas sugeridas, mas novamente seu aspecto
inacabado, junto com a sensível concepção do conjunto, tem grande apelo
para o público moderno. [101]

Pintura
A primeira pintura que se pode atribuir com segurança a Michelangelo é o
Tondo Doni (c. 1504), uma imagem da Sagrada Família. Seu tratamento de
espaços e volumes é claramente escultórico, com linhas exatas a delimitar as Pietà de Florença, c. 1550. Museo
dell'Opera del Duomo
formas, e sua iconografia foi interpretada por Charles de Tolnay como um
sumário da evolução da fé. A Virgem e São José pertencem ao mundo do
Antigo Testamento, regido pela Lei; Cristo é a Boa Nova, o mundo da Graça;
São João Batista é a ponte de ligação entre ambos, e a galeria de nus ao fundo
representaria o mundo pagão. O grupo é organizado a partir da forma da
pirâmide combinada à espiral, a figura serpentinata que se tornou tão cara
aos maneiristas, e o tratamento dos planos cromáticos estabelece limites
nítidos entre eles, sem sfumato. Sua obra seguinte de importância teria sido a
jamais realizada Batalha de Cascina, mas da qual sobrevive uma cópia do
desenho preparatório. A cena escolhida para representação foi a do aviso da
chegada das forças pisanas, colhendo os florentinos de surpresa.
Michelangelo usou novamente um pretexto temático para realizar um notável
estudo de anatomia de corpos humanos, colocando um grande grupo de
soldados a se aprontarem para a batalha numa multiplicidade de Michelangelo: Tondo Doni, c. 1504.
posições. [102] Galleria degli Uffizi

Na sequência veio a encomenda do teto da Capela Sistina, um espaço de


grande significado simbólico no Vaticano por ser onde se realizam as eleições papais. A Capela já era decorada com uma
série de afrescos importantes nas paredes, e a tarefa de Michelangelo foi a de decorar o teto, pintado apenas de um azul
pontilhado de estrelas. A ideia inicial de Júlio II era de apenas doze grandes figuras dos Apóstolos, mas Michelangelo
concebeu um conjunto de sete Apóstolos e mais as cinco sibilas da mitologia grecorromana, uma escolha bastante
incomum mas não inteiramente inédita para um teto de capela. Acrescentou ainda quarenta ancestrais de Cristo, uma
longa série de cenas do Genesis, vários nus e outras figuras acessórias, compondo um grupo de trezentas figuras dividido
em três grupos: a Criação da Terra por Deus, a Criação da Humanidade e sua queda e, por fim, a Humanidade representada
por Noé. As figuras exibem uma força e majestade sem precedentes na pintura ocidental. Todo o tom da obra é
monumental, é grandiloquente sem ser puramente retórico, mas possuindo alta poesia, inaugurando uma forma
inteiramente nova de representar o trágico, o heroico e o sublime, e também o movimento e o corpo humano. Sua
interpretação temática tem sido objeto de intenso debate desde o momento de sua apresentação pública, e muitos a tem
comparado com um grande panorama da evolução humana dentro de um escopo cósmico, num entendimento do Antigo
Testamento como uma preparação para a vinda de Cristo, ou como uma interpretação neoplatônica dos eventos bíblicos
sob uma óptica de relacionamento Deus-Homem particularmente dramática. [25][103][104] Michelangelo anos mais tarde
disse que a concepção da iconografia se devia a ele, mas para quem não tinha uma grande erudição nem sabia latim, a

https://pt.wikipedia.org/wiki/Michelangelo 19/35
15/05/2018 Michelangelo – Wikipédia, a enciclopédia livre

complexidade simbólica das cenas parece estar além de sua capacidade de conceituação. Hartt disse que tem sido sugerido
que ele teve um conselheiro teológico na elaboração do programa temático do teto na pessoa de Marco Vigerio della Rovere,
um franciscano parente do papa. As cenas são compostas sem relação espacial umas com as outras ou com as figuras
laterais, e o painel não pode ser observado a partir de um único ponto de vista. [105]

Michelangelo: visão parcial do teto da Capela Sistina

É interessante também porque permanece como um documento da evolução do autor na pintura de afresco em escala
monumental, técnica com a qual ele estava pouco familiarizado no início da obra. Ele partiu da figura de Noé sobre a
entrada, e foi seguindo em direção ao altar. As primeiras figuras revelam sua inexperiência e usam modelos formais mais
ou menos padronizados e pouco dinâmicos, e as cenas guardam uma escala relativamente modesta. Mas em pouco tempo,
como é visível, adquiriu confiança e desenvoltura, e estudos recentes têm afirmado que à medida que o trabalho avançava
prescindia mais e mais de esboços preparatórios na escala definitiva, até descartá-los por completo, pintando diretamente.
A mesma confiança fica patente no tratamento cada vez mais livre das pinceladas e no crescente dinamismo e
expressividade das figuras, chegando a dimensões de tragédia em alguns personagens, o que ilustra com clareza a
passagem do equilíbrio clássico do Alto Renascimento para o mundo agitado do Maneirismo. O trabalho foi interrompido
na metade por cerca de um ano, quando não houve fundos para pagá-lo, e quando foi retomado, curiosamente o mesmo
processo evolutivo se observa da segunda metade, na cena da criação de Adão, para o final na figura de Jonas. Existe
porém um diferencial na segunda metade, enfatizando as atmosferas reflexivas antes do que as anatomias vitais e
exuberantes. [25]

Recentemente uma restauração patrocinada por uma companhia de televisão japonesa e levada a cabo por uma grande
equipe de especialistas removeu camadas de fuligem de velas, sujeiras diversas e possíveis restauros anteriores. A opção do
responsável pelo trabalho foi remover tudo o que havia acima da camada realizada em buon fresco, o afresco puro, pintado
quando a camada de base ainda está úmida, fazendo com que ao secar as cores se fixem permanentemente incorporadas ao
reboco. O resultado foi surpreendente, mostrando uma paleta de cores brilhante e variada, muito diferente daquela que por
https://pt.wikipedia.org/wiki/Michelangelo 20/35
15/05/2018 Michelangelo – Wikipédia, a enciclopédia livre

séculos foi associada com a pintura de Michelangelo. Mas o restauro levantou


uma turbulenta controvérsia no mundo da arte. Enquanto que um grupo de
críticos louvou o resultado como uma revelação, dizendo que obrigava à
reformulação de todas as avaliações prévias sobre sua estética, muitos outros
peritos igualmente respeitados consideraram a intervenção uma calamidade
que destruiu a sua pintura para sempre, acusando os restauradores de
remover, além dos detritos acumulados ao longo dos anos, também Figura de Daniel na Capela Sistina,
acréscimos do próprio Michelangelo que teriam sido pintados a seco depois do antes e depois do restauro
buon fresco secar, o que realmente era uma prática bastante comum no seu
tempo. Comparando-se fotografias dos estados anterior e posterior, parece
claro que a adoção de uma solução técnica unificada para todo o painel foi de fato uma atitude temerária, e que o restauro
tenha sido radical demais pelo menos em alguns pontos, pois é difícil crer que o artista tivesse, por exemplo, pintado
figuras sem olhos, como estão agora algumas delas. Diversos outros detalhes desapareceram, como ornamentações na
arquitetura ilusionística que emoldura as cenas, pregas nos mantos e o modelado sutil dos corpos e das sombras,
resultando em planos mais achatados e anulando parte do efeito escultórico da pintura. Entretanto, em termos de cores a
paleta luminosa que surgiu na Capela Sistina teve uma confirmação quando se restaurou o Tondo Doni, que traz o mesmo
espectro de cores. [25][106][107][108][109][110][111]

Outra composição de grande importância foi realizada na mesma Capela


Sistina, a cena do Juízo Final sobre a parede do altar, pintada entre 1536 e
1541, encomendada por Paulo III, um tema perfeitamente afinado a um
momento em que a Contra-Reforma exercia com força a censura e perseguia
visões heterodoxas do Cristianismo. A composição é estruturada em torno da
figura monumental de Cristo Juiz, que separa os bons dos maus. Ao contrário
da tradição anterior, que estabelecia esta cena em níveis e hierarquias
rigidamente compartimentalizados, Michelangelo dissolveu boa parte desses
limites, tornando o conjunto muito mais dinâmico e unificado. A própria
distinção entre os condenados e o salvos é minimizada, e os próprios santos
são em sua maioria despojados de vestimentas e atributos conspícuos, numa
massa de corpos nus que se espalha em movimento por toda a superfície. Toda
essa nudez imediatamente despertou severas críticas de parte do alto clero, e
Michelangelo: O Juízo Final. Capela
por pouco o painel não foi destruído. [25][112] Para explicar como uma profusão Sistina
de nus pôde ser pintada na Capela Sistina, um dos espaços mais importantes
do Vaticano, Crompton disse que os dois papas mais fortemente associados a
ela eram alvo de rumores. O construtor da Capela, Sisto IV, foi mais de uma
vez acusado de sodomia, e sua inclinação era confirmada pelo seu próprio
camareiro. Júlio II, que mandou pintar o teto, havia sido condenado pelo
Concílio de Pisa como outro "sodomita, coberto de úlceras vergonhosas". O
concílio em verdade serviu a fins políticos de seus adversários, mas outros
relatos falam de sua atração por homens jovens. [29]

Suas últimas pinturas dignas de nota foram dois grandes afrescos na Capela
Paulina do Vaticano. Depois da grande liberdade mostrada no Juízo, ambos
foram concebidos com mais rigor e menos dinamismo, ainda que estejam
entre suas obras mais expressivas pela poderosa compactação dos grupos e Michelangelo: A conversão de Saulo,
pela intensidade dramática da caracterização dos personagens. O primeiro Capela Paulina
representa a Conversão de Saulo, realizado entre 1542 e 1545, organizado em
torno da eficiente diagonal entre Cristo no céu e Saulo arrojado ao solo, cego pela luz divina, com uma grande figura de
cavalo ao centro funcionando como o eixo estrutural que equilibra toda a cena. O segundo afresco retrata a Crucificação de
Pedro, e foi terminado em 1550, a mais compacta de todas as pinturas de Michelangelo, organizada também sobre a

https://pt.wikipedia.org/wiki/Michelangelo 21/35
15/05/2018 Michelangelo – Wikipédia, a enciclopédia livre

diagonal formada pela cruz sendo erguida. Todo o senso de perspectiva foi ignorado e Michelangelo reverteu ao uso
medieval de representar o que está mais longe numa posição superior, com pouca distinção de proporções entre o primeiro
plano e os planos em recuo. A cena é essencialmente estática, com pouca ação, mas possui uma pungente qualidade
ritualística. [113]

Arquitetura
Vasari disse que os arquitetos do século XV haviam levado a arquitetura a um alto nível, mas careciam de um elemento que
os impediu de atingirem a perfeição — a liberdade. Descrevendo a arquitetura como um sistema de regras definidas,
declarou que os edifícios novos deviam seguir o exemplo dos antigos mestres clássicos, mantendo o conjunto em boa ordem
e evitando mistura de elementos díspares. Nessa linha de ideias, ele acrescentou que a liberdade criativa, apesar de cair
fora de algumas regras, não era incompatível com a ordem e a correção, e tinha a vantagem de ser guiada pelo juízo do
próprio criador. Michelangelo foi considerado por Vasari o único dos mestres da sua geração a conquistar essa desejada
liberdade, e cujo engajamento pessoal e individualista em todas as suas atividades, incomum numa época em que o
trabalho coletivo era a regra, abriu caminho para outros arquitetos produzirem obras cada vez mais personalistas,
buscando solucionar os problemas da construção dentro da esfera da própria arquitetura sem a antiga tutela dos literatos,
dos tratadistas e dos intelectuais, e com um novo senso de profissionalismo. Isso não impediu, contudo, que elementos
clássicos continuassem a ser empregados, mas numa abordagem eclética e experimental, e se adequando a novos conceitos
de habitabilidade, função e conforto. [114]

Seu primeiro trabalho arquitetônico foi o desenho de uma nova fachada para a
Basílica de São Lourenço, em Florença, executado a pedido de Leão X em
1515. O plano possui dois pisos de igual importância, estruturados em dois
blocos laterais dispostos simetricamente em torno de um bloco central
coroado por um frontão, dentro do esquema clássico. O projeto foi
abandonado sem ser realizado. Seu projeto seguinte foi a Sacristia Nova da
Basílica, concebida na tradição de Brunelleschi, instalando uma cúpula
apoiada em cúpula pendentes sobre um volume cúbico, com paredes revestidas
de estuque intercalado com seções em pedra. A decoração interna também foi
Michelangelo: Detalhe do vestíbulo
sua, criando tumbas para dois Medici de feição arquitetural nas laterais e
da Biblioteca Laurenciana
aplicando elementos arquiteturais simplesmente decorativos que subvertem as
suas funções primitivas, como tabernáculos vazios sobre as portas, janelas
cegas e pilastras sem capitéis. A Biblioteca Laurenciana, também anexa à
Basílica, é da mesma forma inovadora, especialmente o espaço do vestíbulo,
cuja verticalidade é de todo incomum. Também faz uso de elementos
arquiteturais desvinculados de sua função, como as janelas cegas e pilastras
sem base, apoiadas apenas sobre consoles, além de agrupar os elementos de
forma muito compacta. A peça mas notável no vestíbulo é a escadaria, tratada
de maneira escultórica como um volume de grande independência em relação
Michelangelo: Projeto da praça do à estrutura do edifício. As salas para a guarda dos livros e para a leitura são
Capitólio, Roma
convencionais, amplas e espaçosas na tradição das bibliotecas conventuais
medievais, demonstrando um entendimento das necessidades funcionais do
espaço. [115]

Em 1534, com esses projetos ainda em andamento, Michelangelo mudou-se para Roma. Ali seu primeiro projeto foi a
remodelação da praça na colina do Capitólio, que desde o Saque de Roma em 1527 estava em ruínas. O papa Paulo III havia
recentemente instalado no centro da praça uma importante relíquia romana, a estátua equestre de Marco Aurélio, e
Michelangelo foi incumbido de prover um cenário urbanístico para ela, numa obra que tinha grande importância cívica.
Michelangelo encontrou a área já ocupada por dois palácios arruinados dispostos em um ângulo arbitrário, com um outro
no fundo da praça. Aproveitou a disposição original dos palácios e criou um espaço intermédio trapezoidal, em cujo centro

https://pt.wikipedia.org/wiki/Michelangelo 22/35
15/05/2018 Michelangelo – Wikipédia, a enciclopédia livre

foi colocada a estátua, organizando os volumes e vazios de forma simétrica.


Os palácios foram restaurados e suas fachadas redesenhadas, com um projeto
diferenciado para o do fundo e fachadas gêmeas para os laterais. Para a
entrada da praça Michelangelo concebeu uma rampa-escadaria monumental,
interligando o topo da colina com o nível da cidade. O resultado do conjunto
foi brilhante. Ele não chegou a ver o projeto concluído mas seus
continuadores seguiram o desenho que deixou. [116]

Sua obra mais ambiciosa na arquitetura foi sua participação na reforma da


Basílica de São Pedro. Usou como base o projeto desenvolvido por Bramante,
que considerava de alto nível, e como ele preferia a planta em cruz grega como
a mais adequada para uma igreja. Mesmo nesse terreno sua obsessão pela
forma humana se torna evidente; pensava que o edifício era comparável a um
corpo humano, significando organizar suas partes em torno de um eixo
Michelangelo: Planta da Basílica de central, assim como os membros se organizam em torno do tronco. Dizia que
São Pedro, 1546
quem não dominava a forma do corpo não seria capaz de compreender a
arquitetura. Suas modificações no desenho bramantino foram a compactação
do conjunto, eliminando o esquema de várias cruzes interligadas e estruturando a planta sobre uma única grande cruz, com
uma entrada de colunata dupla sustentando um frontão clássico. A configuração atual da Basílica, todavia, é em cruz
latina, tendo sido reformada em anos posteriores. Seu tratamento das fachadas também revela sua tendência de dar mais
unidade e coerência ao conjunto, estabelecendo uma série de pilastras externas na ordem colossal, que atravessa dois pisos
e os interliga poderosamente sem interromper a fluência do desenvolvimento horizontal. Essa ideia havia sido esboçada
por Leon Battista Alberti numa igreja de Mântua, mas Michelangelo levou-a à sua conclusão lógica e em uma escala
monumental, tornando-se um modelo para os arquitetos do Maneirismo e do Barroco. Outra contribuição importante para
o edifício foi o desenho de sua cúpula. Planejou de início uma cúpula ogival, como a da Catedral de Florença, mas depois o
reformulou de forma hemisférica para compensar a verticalidade do bloco inferior e para criar um diálogo entre elementos
estáticos e dinâmicos. Contudo, ele não viu a cúpula ser construída, e quando o foi seu segundo desenho foi descartado e
Giacomo della Porta reverteu o projeto para sua concepção primitiva, julgando-o, com boas razões, mais estável e fácil de
construir. Mesmo assim ainda é uma criação de Michelangelo, e uma das mais importantes em seu gênero em todo o
mundo, sendo também ela um modelo para gerações futuras. [117]

Desenho
A maior parte dos desenhos de Michelangelo que sobrevivem são esboços
preparatórios para suas obras em escultura e pintura. Não obstante, possuem
qualidades que os tornam obras de arte por si mesmos, e demonstram uma
habilidade consumada no tratamento da forma, nos efeitos de luz e na
descrição da anatomia e do movimento. Era capaz de obter efeitos de volume
muitas vezes com o simples controle da espessura do traço. O estudo dos seus
desenhos lança luzes valiosas sobre o seu processo criativo e sobre as
mudanças na concepção de uma obra, e existem vários deles que jamais foram
transportados para outros formatos, permanecendo como testemunhos únicos
Michelangelo: Estudo para o Adão
de uma dada ideia. Mas nem todos foram concebidos como estudos, da Capela Sistina, c. 1510. Museu
presenteou seus amigos várias vezes com obras acabadas, e realizou alguns Britânico, Londres
retratos, o que indica que ele considerava esta técnica como um território
autônomo da arte. Dava-lhes grande valor, e os guardava ciosamente. O domínio do desenho era enfatizado quando
ensinou seus poucos alunos, recomendando que eles o praticassem sem cessar, muitas vezes provendo desenhos seus para
que copiassem. O desenho também lhe serviu como meio de divulgação de suas ideias, e após 1550 realizou vários para
serem transportados para a pintura por outros artistas. [118]

https://pt.wikipedia.org/wiki/Michelangelo 23/35
15/05/2018 Michelangelo – Wikipédia, a enciclopédia livre

Vasari disse que pouco antes de morrer Michelangelo queimou grande


quantidade de seus desenhos e esboços, a fim de que ninguém pudesse ver o
modo como ele desenvolveu seu trabalho e testou o seu gênio, para que sua
imagem pública não parecesse menos do que perfeita. Com isso o acervo
remanescente é relativamente reduzido, e as peças que escaparam da
destruição foram altamente cobiçadas pelos colecionadores. Seu próprio
sobrinho Lionardo teve de desembolsar uma elevada quantia quando quis
adquirir alguns no mercado de arte romano. A maior parte deles, cerca de Michelangelo: Tytus, c. 1533, para
Tommaso dei Cavalieri. Royal
duzentos, está preservada na Casa Buonarroti em Florença, como um legado
Collection, Castelo de Windsor
de seus descendentes. Devido à superexposição à luz e a más condições
ambientais ao longo dos séculos, grande parte da coleção sofreu grave
prejuízo, mas foram restaurados na década de 1970. [119]

Poesia
Na opinião de Alma Altizer, Michelangelo foi um poeta extraordinário, e em seus melhores momentos foi capaz de
expressar uma poderosa unidade de visão que os torna ao mesmo tempo rústicos e sofisticados, arcaicos e contemporâneos,
obscuros e cristalinamente claros. Buscava com eles poder expressar "os movimentos internos de sua alma". Para a
pesquisadora sua força deriva de sua capacidade de condensar nos poucos versos de suas formas favoritas, o soneto e o
madrigal, uma vasta gama de significados e uma rica pletora de imagens poéticas, penetrando fundo na dialética inerente à
vida humana. Nos cerca de trezentos poemas e fragmentos que chegaram aos dias de hoje é recorrente a exploração de
antíteses — imaginação e realidade, criação e destruição, sujeito o objeto, espírito e matéria, amante e amado, dor e prazer,
vida interior e exterior, beleza e feiura, vida e morte. Suas primeiras obras são muitas vezes inacabadas, convencionais e
derivativas de Dante Alighieri e Petrarca, e também da filosofia escolástica em sua maneira de lidar com os paradoxos
morais e religiosos, mas com o passar dos anos desenvolveu uma técnica sintética original que lhe possibilitou manejar as
antíteses em vários planos simultâneos. Girardi apontou como outras características de sua poesia uma tendência a
abstrair e interiorizar as imagens e expressões formais que herdou de seus modelos, uma recusa a usar conceitos de
maneira simplesmente ornamental como um fim em si mesmos, e uma capacidade de evitar circunlóquios e ir diretamente
ao ponto desejado, o que lhes empresta uma grande força persuasiva e os anima como imagens de uma experiência
verdadeira. [120] A seguir um madrigal composto para Vittoria Colonna:

Non pur d'argento o d'oro Nem só de prata ou ouro (tradução livre)

Nem só de prata ou ouro


"Non pur d'argento o d'oro fusos no fogo, ainda espera ser
vinto dal foco esser po' piena aspetta, cheia,
vota d'opra prefetta, oca da obra feita,
la forma, che sol fratta il tragge fora; a fôrma, que só a revela ao quebrar;
tal io, col foco ancora eu também, a queimar
d'amor dentro ristoro de amor, por dentro eu forro
il desir voto di beltà infinita, o anelo oco pela beleza infinda
di coste' ch'i' adoro, daquela que eu adoro,
anima e cor della mie fragil vita. alma e coração desta frágil vida.
Alta donna gradita Nobre dama, e bem-vinda,
in me discende per sì brevi spazi, em mim desce por tão finos
c'a trarla fuor convien mi rompa e espaços,
strazzi."[121] que a extraí-la me rompo em
pedaços.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Michelangelo 24/35
15/05/2018 Michelangelo – Wikipédia, a enciclopédia livre

Para Altizer este poema exemplifica o melhor da produção de Michelangelo. O uso de palavras em sua forma toscana
arcaica, como fora, foco, volta, opra, fratta, tragge, reforça a atemporalidade do conceito de que o amor é uma força ao
mesmo tempo criativa e destrutiva, e que a produção de uma obra de arte de prata ou ouro, significando sua alta qualidade,
muitas vezes exige o sacrifício do artista, que se rompe em pedaços para trazê-la à luz. Também condensa em poucas
linhas a relação da arte com o amor e o desejo insaciável pela beleza infinita, e a noção de que a alma do artista é
incompleta sem a presença da sua musa. Essa condensação é possível graças ao uso de formas sintáticas compactas,
invertidas ou interpoladas e pela escolha de poucas palavras-chave que por si trazem junto uma série de conceitos
associados. [120] Apesar de suas altas qualidades, a maior parte de sua obra poética não foi escrita senão para ele mesmo e
para um reduzido círculo de amigos. Vários poemas foram registrados em fragmentos de papel, ou em meio a outros
escritos, como se fossem pensamentos paralelos que ele captou de passagem. Uma vez pensou em publicar cerca de uma
centena deles, mas seu editor faleceu antes de terminar o trabalho e ele não retornou ao projeto, mas alguns apareceram a
público sem seu consentimento, e foram considerados obras preciosas. [122] Berni o elogiou com um terzetto onde dizia:

"Calai todos vós, pálidas violetas,


e líquidos cristais, e bestas pétreas:
ele fala coisas, e vós dizei só palavras."[122]

Benedetto Varchi nas homenagens fúnebres a Michelangelo igualou sua poesia às suas realizações nos outros campos da
arte. Mesmo assim, essa apreciação não era generalizada, e somente em 1623 surgiu uma coletânea, obra de seu sobrinho-
neto Michelangelo, o Jovem, mas largamente corrigida, atualizando a linguagem e expurgando-a de alusões homoeróticas
e de declarações consideradas inaceitáveis para a moral e a religião. Esta edição foi a única disponível até o século XIX,
quando as adulterações do editor foram em boa parte removidas e as poesias restauradas a uma forma bastante próxima da
original. O interesse nesse momento era já significativo, mas sua tradução para outras línguas era considerada
extremamente difícil. Uma edição completa só foi conseguida por Cesare Guasti em 1863, mas padecia de problemas
editoriais sérios. Em 1897 Carl Frey ofereceu o primeiro trabalho realmente erudito de edição, catapultando a produção
poética de Michelangelo para um patamar muito mais elevado de atenção do público, tornando-se canônico por cerca de
sessenta anos, embora ainda apresentasse algumas deficiências. Em 1960 Enzo Girardi publicou outra edição completa,
muito superior, oferecendo uma versão em italiano moderno ao lado de uma versão restaurada que se tornou referencial, e
provendo uma ordenação cronológica baseado na evolução da caligrafia de Michelangelo, o que possibilitou estudar o tema
em relação à sua evolução artística como um todo e com os acontecimentos de sua vida pessoal. O quadro formado a partir
disso é que ele só começou a escrever depois de 1503, produzindo quatorze poemas até 1520. Desta data até 1531, mais
trinta ou quarenta, e entre 1532 e 1547, cerca de duzentos, divididos em três grupos: o primeiro dirigido a Tommaso dei
Cavalieri, expressando uma intensidade de amor que tornava seu destinatário o epítome de tudo o que de bom poderia haver
no mundo, unindo de maneira sem igual a beleza do corpo e do espírito; o segundo, dirigido a Vittoria Colonna, igualmente
intenso afetivamente mas mais inclinado à religiosidade; e um grupo para uma destinatária desconhecida, a dama bela e
cruel, possivelmente uma figura simbólica e não uma pessoa real, tratando de temas variados não relacionados ao amor. A
última fase é a mais eclética, e só pode ser agrupada pela cronologia, mas um tema comum é a religião, expressando seu
desejo de paz e perdão por seus pecados. Depois da contribuição de Girardi as edições e traduções se multiplicaram, e até o
fim do século XX somente em inglês apareceram cinco edições completas. Entretanto, na própria Itália ele está longe de ser
uma unanimidade entre os críticos, e nomes importantes como Benedetto Croce e Giuseppe Toffanin consideraram sua
poesia pobre, pouco original e seriamente defeituosa. [123] Curiosamente o próprio autor escreveu comentários ao lado de
vários poemas denegrindo seu mérito, mas ele não estendia essa opinião ao conjunto de sua obra poética, e escreveu a
Jacob Arcadelt agradecendo-lhe ter musicado um deles, e a Varchi por uma palestra altamente laudatória que proferira em
Florença sobre esta faceta de sua carreira; além disso, como se disse antes, ele pelo menos uma vez tencionou publicar uma
coletânea substancial. [124] Seus poemas foram musicados várias vezes ao longo da história, por compositores como
Costanzo Festa, Bartolomeo Tromboncino, Jacob Arcadelt[125] Dmitri Shostakovitch, Hugo Wolf, Richard Strauss, Luigi
Dallapiccola e Benjamin Britten. [126][127]

Correspondência

https://pt.wikipedia.org/wiki/Michelangelo 25/35
15/05/2018 Michelangelo – Wikipédia, a enciclopédia livre

Michelangelo era um assíduo correspondente; sobrevivem quase quinhentas das incontáveis cartas que escreveu para os
mais diferentes destinatários, embora estes tenham sido principalmente seus familiares, amigos, agentes e patronos. Elas
são uma fonte da maior relevância para se formar uma ideia mais completa de sua vida, personalidade e obra. Em várias
delas se encontram exemplos de sua poesia, e em sua prosa exibem, segundo George Bull, um dialeto toscano robusto e
fluente, capaz de transitar entre uma linguagem rica e florida e asserções diretas e objetivas, muitas vezes de dura crítica,
expressando uma imaginação viva e complexa, uma posição ambivalente sobre várias coisas e uma sensibilidade refinada
e passional, muitas vezes coloridas por um fino senso de humor, mas que às vezes chegava ao grotesco. Não raro abordou
temas centrais da vida humana — a morte, a religião, o amor e a ambição. Usava muitas metáforas de grande vivacidade e
sua habilidade com os jogos de palavras era grande. [128] Segue uma carta dirigida a Tommaso dei Cavalieri em dezembro
de 1532:

"Impulsivamente, senhor Tommaso, meu senhor caríssimo,


sou impelido a escrever a Vossa Senhoria, não em resposta a
alguma (carta) vossa que houvesse recebido, mas antes por
andar como as plantas meio secas à beira de um magro
regato, que por pouca água sofrem manifestamente. Mas
depois que parti da praia não encontrei pequenos córregos,
mas o oceano profundo onde aparecestes, tanto que, se
pudesse, para não submergir de todo, à praia de onde parti
primeiro voluntariamente retornaria. Mas como estou aqui,
faremos pedra do coração e seguiremos; e se não tenho a arte
de navegar pelas ondas do mar de vosso valoroso gênio, me
desculpareis, nem desdenhareis o que vos digo, nem
querereis dar-me o que não possuo: pois quem é sempre
solitário, nunca pode ter companhia. Mas Vossa Senhoria,
única luz de nosso século, não pode satisfazer-se com a obra
alheia, não tendo semelhantes nem alguém igual a si. Mas se
entre as minhas coisas, que espero e prometo fazer, alguma
Daniele da Volterra: Retrato de
vos agradar, a direi muito mais afortunada do que boa; e
Michelangelo, c, 1553. Museu Teyler,
quando estiver certo de agradar, como disse, em alguma Haarlem
coisa a Vossa Senhoria, o tempo presente, com tudo o que
surgir através de mim, nela porei, e pesa-me demais não
poder reaver o passado, pois então poderia servi-lo muito mais longamente do que só possuindo o
futuro, que será breve, pois já sou muito velho. Não tendes que dizer-me nada. Lede o coração e não a
palavra, porque a pena não é fiel à boa vontade. Oh, desculpai-me que antes tenha-me mostrado
estupefato com vosso peregrino gênio, pois sei quanto agi mal; pois natural é maravilhar-se que Deus
faça milagres, assim como maravilha que Roma produza homens divinos. E disso o universo é
testemunha."[129]

Outra carta, escrita para seu irmão Lionardo em agosto de 1541:

"Lionardo, me escreves que vens a Roma neste setembro com o Guicciardino. Digo-te que não é uma
boa hora, pois não farias senão aumentar as minhas preocupações, além das que já tenho. E digo isso
também para Michele, porque estou tão ocupado que não tenho tempo a perder convosco, e todas as
outras coisinhas me aborrecem demais: só por isso te escrevo. É preciso preparar a quaresma, te
mandarei dinheiro para que te ajeites bem, para que não chegues aqui como uma besta. Escrevi também
a Michele, e aconselha-o que também ele se apronte para fazer uma boa quaresma, pois ficarei aliviado;
mas talvez haja qualquer coisa que ele precise fazer em Roma em setembro. Isso não sei, mas se não for
o caso, de novo aconselho que não venham antes desta quaresma, porque em setembro não terei tempo
de qualquer forma para falar convosco, ainda mais que o Urbino que está comigo vai em setembro a

https://pt.wikipedia.org/wiki/Michelangelo 26/35
15/05/2018 Michelangelo – Wikipédia, a enciclopédia livre

Urbino e me deixa aqui sozinho com tanto a fazer. Mas não me faltará alguém que me providencie a
comida! Lê esta carta para Michele e pede-lhe que se prepare para esta quaresma como eu disse. E anda
a treinar a escrita!, que me parece que tu pioras a cada dia."[130]

Legado e fortuna crítica


Michelangelo foi repetidas vezes disputado por várias cidades, que
tentaram seduzi-lo com pensões vultosas para que se estabelecesse entre
eles. Até mesmo o sultão otomano desejou tê-lo em sua corte. Os
banqueiros Gondi de Florença puseram à sua disposição quaisquer
quantias que ele desejasse. O rei da França, Francisco I, lhe ofereceu 3
mil coroas para lá se radicar, e a Signoria de Veneza, uma pensão
vitalícia de 600 coroas e liberdade completa de ação. Foi estimadíssimo
por todos os seus patronos; mesmo o turbulento Júlio II, com quem
brigou inúmeras vezes, lhe mostrava caloroso afeto. Júlio III, embora
não o tenha empregado para nenhuma tarefa definida em consideração à
sua idade avançada, constantemente solicitava seu conselho e se
mostrava tão atencioso a ponto de dizer que daria seu sangue e anos de
sua vida para prolongar a de Michelangelo, queria sempre que ele
sentasse ao seu lado e abria caminho quando ele passava. [131]

Para seus contemporâneos e sucessores imediatos, a influência visual de


sua arte foi relativamente pequena e não pode ser comparada à influência
de sua personalidade como um grande criador, nem guarda uma relação
direta com a fama alcançada por suas maiores obras, possivelmente
porque o seu modelo formal era considerado grandioso e sublime demais Pietà Rondanini, 1564, a última obra de
e, por isso, inibidor para a formação de uma verdadeira escola. Os casos Michelangelo. Castello Sforzesco, Milão
em que se assinalou uma influência direta foram poucos e revelam uma
dependência quase completa ao mestre, como foi o de Daniele da Volterra, o mais talentoso entre seus discípulos.
Entretanto, em aspectos limitados ele continuou por muito tempo sendo considerado um modelo, especialmente no terreno
do desenho anatômico. Na escultura ele contribuiu para cristalizar a forma da figura serpentinata, que teve uma grande
penetração entre os maneiristas, e artistas importantes do Barroco como Rubens, Borromini, Ticiano, Tintoretto e Bernini
devem algo às suas concepções. No século XIX Rodin também se mostrou sensível ao seu tratamento de volumes e
superfícies. [25][132][133][134] Na arquitetura sua obra também teve um impacto fertilizador sobre os criadores da geração
seguinte, abrindo um caminho para experimentações livres e individuais a partir dos padrões clássicos ortodoxos. [114][116]

Michelangelo foi o primeiro artista ocidental a reivindicar consistentemente sua independência criativa, e o prestígio de
que desfrutou em vida, tornando-o um iluminado, um ser tocado pelo divino, desencadeou um processo de inversão das
hierarquias do sistema de produção e consumo de arte que culminou na visão romântica do artista como um gênio isolado,
incompreendido, semilouco, preocupado apenas com a expressão de si mesmo, atormentado por anelos insatisfeitos pelo
infinito, à frente de seu tempo, perseguido por filisteus insensíveis e absolutamente livre de obrigações sociais ou morais
para com seu público. [135]

As primeiras análises substanciais da obra de Michelangelo apareceram nas duas biografias que foram escritas sobre ele
enquanto ainda estava vivo, embora não se possa a rigor dizer que fossem críticas; são antes elogios efusivos ao seu talento
e caráter pessoal. A primeira foi incluída no compêndio biográfico de Giorgio Vasari, As vidas dos mais excelentes
pintores, escultores e arquitetos (1550). O texto inicia dizendo que "o benigno Regente dos Céus, vendo quão
infrutiferamente os artistas se esforçavam para aperfeiçoar a arte, decidiu enviar à Terra um gênio capaz de, sozinho,
levá-las todas à perfeição consumada". Mesmo com todo o elogio, Michelangelo, ao ler o trabalho, não ficou inteiramente
satisfeito. Assim, seu discípulo Ascanio Condivi em 1553 escreveu sua Vida de Michelangelo Buonarroti, que contém dados
fornecidos pelo próprio artista, mas mesmo esta versão de sua história não foi considerada de todo fiel, e contém muitos

https://pt.wikipedia.org/wiki/Michelangelo 27/35
15/05/2018 Michelangelo – Wikipédia, a enciclopédia livre

erros factuais importantes. Mas o tom da narrativa é o mesmo de Vasari. Por exemplo, ao descrever os afrescos da Capela
Sistina, disse que ali estava tudo o que era possível fazer com a forma humana. Por outro lado, possui muita informação
valiosa, e foi usada como uma das fontes de Vasari para sua segunda edição das Vidas, de 1568, que se tornou um texto
canônico sobre ele, mas não deixou de criticar vários aspectos do trabalho de seu colega. Esses estudos se esforçaram por
criar uma imagem pública de Michelangelo sob uma perspectiva heroica, divinizada e exemplar, apagam defeitos de caráter
que eram notórios para os outros contemporâneos do artista, e inclusive negam peremptoriamente os boatos que diziam ele
ser homossexual; Condivi chegou ao ponto de assegurar que ele era tão casto quanto um monge. [136] Os elogios a ele em
seu tempo foram incontáveis, e além do que Vasari e Condivi disseram, acrescentem-se mais alguns a título de ilustração:
Benedetto Varchi disse que seu talento incomparável seria reconhecido até entre os bárbaros; Perino del Vaga o chamou de
o deus do desenho; Ariosto disse que ele estava além dos mortais, e até Rafael Sanzio, que fora seu rival, falou que dava
graças a Deus por ter nascido no tempo de Michelangelo. [137]

Expressões semelhantes foram encontradas amiúde nos séculos seguintes. Goethe, depois de ver a Capela Sistina, disse
que já não tinha prazer em observar a natureza, pois não mais encontrava nela a grandeza com que Michelangelo a
retratara;[138] foi uma influência sobre Winckelmann na sua conceitualização do Neoclassicismo, considerando-o um dos
poucos artistas modernos a igualarem as realizações dos antigos gregos;[139] foi um paradigma para todos os artistas
românticos pelo caráter autobiográfico de sua obra, pela sua paixão e ambição;[140] Yeats louvou a sua capacidade de
imitar a natureza e viu sua obra como uma confirmação de suas próprias inclinações a valorizar a vida física;[141] Freud
disse que nenhuma outra obra de arte o impressionara tanto como o Moisés, deu uma interpretação psicológica para ele
relacionando-o a figuras de autoridade e à força da justa indignação, e viu em seu idealismo patriarcal uma expressão
concreta da mais alta conquista intelectual possível para a humanidade. [142] Foi admirado até por artistas das vanguardas
iconoclastas do século XX, como Henry Moore, que o chamou de sobre-humano. [143]

A despeito da tendência moderna de se estudar a arte dentro de uma óptica acadêmica que tem muito do racionalismo e
objetividade da ciência, ainda em tempos recentes são comuns expressões bombásticas para descrever sua vida e obra.
Como exemplo, Sir Kenneth Clark disse que Michelangelo foi um dos maiores eventos na história do homem ocidental, e
André Malraux o chamou de o inventor do Herói. [144] Antonio Paolucci considerou esse fenômeno como virtualmente
impossível de ser evitado, dada a enorme pressão nesse sentido exercida pela reiteração continuada de um processo de
deificação acrítica e incondicional ao longo de séculos, em uma dimensão tal que nenhum outro artista experimentou. [145]
De uma forma bastante clara, ele foi o primeiro grande artista moderno, e permanece como o protótipo do conceito de gênio
até os dias de hoje. [146]

Na cultura
Michelangelo foi um dos poucos artistas do mundo erudito que puderam penetrar na cultura popular e criar um folclore a
seu respeito. Ele deu o nome a uma quantidade de pessoas, estabelecimentos de ensino, empresas e produtos comerciais de
vários tipos, incluindo uma mão biônica. [147] É nome de um vírus de computador, [148] de um grande transatlântico, [149] de
um asteroide, [150] de uma cratera no planeta Mercúrio, [151] de uma das Tartarugas Ninjas, [152] e sua figura foi retratada no
cinema, sendo considerado um clássico o filme The Agony and the Ecstasy (1965), dirigido por Carol Reed e com Charlton
Heston no papel do artista. [153]

https://pt.wikipedia.org/wiki/Michelangelo 28/35
15/05/2018 Michelangelo – Wikipédia, a enciclopédia livre

Michelangelo: A criação de Adão. Capela Sistina

Ver também
Pintura do Renascimento
História da pintura
História da escultura
Trattato della Pittura

Referências
Books, 2005. pp. 15-18 15. Clacment, pp. 9-10 (http://books.g
1. Vasari, Giorgio. Vite de' piu' oogle.pt/books?id=KKQ6muOH04
7. Forcellino, Antonio. Michelangelo:
eccellenti pittori, scultori e cC)
A Tormented Life (http://books.goo
architetti (http://books.google.pt/b
gle.pt/books? 16. Vasari, pp. 331-333 (http://books.g
ooks?id=oZ9AAAAAYAAJ).
id=iYEFFoaWweMC). Polity, 2009. oogle.pt/books?id=ujJWakBfVpsC
Società tip. de classici italiani,
pp. 12-13 &pg=PA331)
1811
8. Condivi, pp. 6-10 (http://books.goo 17. Condivi, pp. 11-12 (http://books.go
2. Condivi, Ascanio. Vita di
gle.pt/books?id=sWNZ7njz2MkC) ogle.pt/books?id=KKQ6muOH04c
Michelagnolo Buonarroti (http://bo
oks.google.pt/books?id=lfrpAAAA 9. Vasari, Giorgio & Bull, George. C)
MAAJ). Studio per edizioni scelte, Lives of the artists: A Selection (h 18. Weinberger, Martin. Michelangelo
1998. ttp://books.google.pt/books?id=ujJ the Schulptor (http://books.google.
WakBfVpsC&pg=PA327). pt/books?id=lKE9AAAAIAAJ&pg=
3. De Tolnay, Charles. Michelangelo
Reimpressão. Penguin Classics, PA1). Routledge & Kegan Paul
(http://books.google.pt/books?id=
1987. Vol. I, pp. 327-329 Ltd./ Columbia University Press,
WOfpAAAAMAAJ). Princeton
University Press, 1971. p. 7 10. Forcellino, pp. 21-22 (http://books. 1967. p. 44
google.pt/books?id=iYEFFoaWwe 19. Vasari, p. 333 (http://books.googl
4. Clacment, Charles. Michelangelo
MC) e.pt/books?id=ujJWakBfVpsC&pg
(http://books.google.pt/books?id=
KKQ6muOH04cC). BiblioBazaar, 11. Somervill, pp. 22-23 (http://books. =PA333)
sd. Reimpressão, 2008. pp. 5-7 google.pt/books?id=DjnpM0MNrXo 20. Cosmo, Giulia. Michelangelo: la
C) scultura (http://books.google.pt/bo
5. Condivi, Ascanio. Life of
Michelangelo (http://books.google. 12. Vasari, p. 331 (http://books.googl oks?id=TqWwQiS_EFUC). Giunti,
pt/books?id=sWNZ7njz2MkC). e.pt/books?id=ujJWakBfVpsC&pg 1997. pp. 10-11
Pennsylvania State Press, =PA331) 21. Hartt, Frederick. History of Italian
1553/1999. pp. 5-7 13. Condivi, pp. 12-13 (http://books.go Renaissance Art: Painting,
6. Somervill, Barbara A. ogle.pt/books?id=sWNZ7njz2MkC) Sculpture, Architecture. Thames &
Michelangelo: sculptor and painter 14. Somervill, pp. 23-25 (http://books. Hudson, 4ª ed., 1993. p. 461
(http://books.google.pt/books?id= google.pt/books?id=DjnpM0MNrXo 22. Clacment, pp. 12-13 (http://books.
DjnpM0MNrXoC). Compass Point C) google.pt/books?id=KKQ6muOH0
4cC)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Michelangelo 29/35
15/05/2018 Michelangelo – Wikipédia, a enciclopédia livre

23. Cosmo, pp. 12-14 (http://books.go s=&as_maxm_is=0&as_maxy_is= gle.com/books?id=peJm6ZHvXS0


ogle.pt/books?id=TqWwQiS_EFU &as_brr=3&hl=pt-BR&cd=49#v=on C&printsec=frontcover&dq=michel
C) epage&q=&f=false). In: Duppa, angelo&lr=&as_drrb_is=b&as_min
Richard & Quatremère de Quincy, m_is=0&as_miny_is=&as_maxm_
24. Condivi, pp. 22-27 (http://books.go
Antoine-Chrysostome. Michel is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=
ogle.pt/books?id=sWNZ7njz2MkC)
Angelo and Raffaello. Londres: pt-BR&cd=30#v=onepage&q=&f=f
25. Creighton, E. Gilbert (ed). David Bogue, 1846. pp. 100-104 alse). Pennsylvannia State
Michelangelo (http://www.britannic University Press, 1994. pp. 1-9
33. Duppa, pp. 104-107 (http://books.g
a.com/EBchecked/topic/379957/M
oogle.com/books?id=0JoZAAAAY 41. Symonds, pp. 337-374 (http://book
ichelangelo). Encyclopædia
AAJ&printsec=frontcover&dq=mic s.google.com/books?id=Je-d3vUG
Britannica Online. 21 Jan. 2010
helangelo&lr=&as_drrb_is=b&as_ cRgC&printsec=frontcover&dq=mi
26. Condivi, p. 28 (http://books.googl minm_is=0&as_miny_is=&as_ma chelangelo&lr=&as_brr=3&hl=pt-B
e.com/books?id=sWNZ7njz2MkC xm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3 R&cd=14#v=onepage&q=&f=fals
&printsec=frontcover&dq=michela &hl=pt-BR&cd=49#v=onepage&q= e)
ngelo&lr=&as_drrb_is=q&as_minm &f=false) 42. Ayrton, Michael (ed.),
_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is
34. Symonds, John Addington. The Michelangelo & Jennings,
=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt
life of Michelangelo Buonarroti: Elisabeth (trad.)Sonnets of
-BR&cd=2#v=onepage&q=&f=fals
based on studies in the archives Michelangelo (http://books.google.
e)
of the Buonarroti family at com/books?id=FH5t_VRUaJ4C&pr
27. Condivi, pp. 29-30 (http://books.go Florence (http://books.google.co intsec=frontcover&dq=michelangel
ogle.com/books?id=sWNZ7njz2M m/books?id=Je-d3vUGcRgC&print o&lr=&as_drrb_is=b&as_minm_is
kC&printsec=frontcover&dq=mich sec=frontcover&dq=michelangelo =0&as_miny_is=&as_maxm_is=0
elangelo&lr=&as_drrb_is=q&as_mi &lr=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=14# &as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-B
nm_is=0&as_miny_is=&as_maxm v=onepage&q=&f=false). Nimo & R&cd=27#v=onepage&q=&f=fals
_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl Scribners, 1893 / University of e). Taylor & Francis, 2002. p. 5
=pt-BR&cd=2#v=onepage&q=&f=f Pennsylvania Press, 2002. 43. Weinberger, pp. 5-6 (http://books.g
alse) Volume 2, pp. 317-320 oogle.com/books?id=lKE9AAAAIA
28. Ryan, Christopher. The poetry of 35. Forcellino, pp. 1-2 (http://books.go AJ&pg=PA1&dq=michelangelo&lr
Michelangelo: an introduction (htt ogle.com/books?id=iYEFFoaWwe =&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=101#v
p://books.google.com/books?id=Io MC&printsec=frontcover&dq=mich =onepage&q=&f=false)
t1KpxQJpsC&printsec=frontcover elangelo&lr=&as_brr=3&hl=pt-BR& 44. Symonds, pp. 357-359 (http://book
&dq=michelangelo&lr=&as_drrb_is cd=48#v=onepage&q=&f=false) s.google.com/books?id=Je-d3vUG
=b&as_minm_is=0&as_miny_is=&
36. Forcellino, p. 7 (http://books.googl cRgC&printsec=frontcover&dq=mi
as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as
e.com/books?id=iYEFFoaWweMC chelangelo&lr=&as_brr=3&hl=pt-B
_brr=3&hl=pt-BR&cd=28#v=onepa
&printsec=frontcover&dq=michela R&cd=14#v=onepage&q=&f=fals
ge&q=&f=false). Fairleigh
ngelo&lr=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd e)
Dickinson University Press, 1998.
=48#v=onepage&q=&f=false) 45. Forcellino, p. 5 (http://books.googl
pp. 94-95
37. Symonds, pp. 323-329 (http://book e.com/books?id=iYEFFoaWweMC
29. Crompton, Louis. Homosexuality
s.google.com/books?id=Je-d3vUG &printsec=frontcover&dq=michela
& Civilization (http://books.google.
cRgC&printsec=frontcover&dq=mi ngelo&lr=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd
com/books?id=TfBYd9xVaXcC&p
chelangelo&lr=&as_brr=3&hl=pt-B =48#v=onepage&q=&f=false)
g=PA274&dq=homossexuality+mi
R&cd=14#v=onepage&q=&f=fals 46. Haggerty, George E. (ed). Gay
chelangelo&lr=&as_drrb_is=q&as_
e) histories and cultures: an
minm_is=0&as_miny_is=&as_ma
xm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3 38. Duppa, pp. 113-115 (http://books.g encyclopedia (http://books.google.
&hl=pt-BR&cd=4#v=onepage&q= oogle.com/books?id=0JoZAAAAY com/books?id=406CCTn4AAQC&
&f=false). Harvard University AAJ&printsec=frontcover&dq=mic pg=PA918&dq=homossexuality+m
Press, 2006. pp. 271-275] helangelo&lr=&as_drrb_is=b&as_ ichelangelo&lr=&as_drrb_is=q&as
minm_is=0&as_miny_is=&as_ma _minm_is=0&as_miny_is=&as_m
30. Vasari, p. 374 (http://books.googl
xm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3 axm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=
e.com/books?id=ujJWakBfVpsC&
&hl=pt-BR&cd=49#v=onepage&q= 3&hl=pt-BR&cd=17#v=onepage&q
pg=PA327&dq=michelangelo&lr=&
&f=false) =&f=false). Taylor & Francis,
as_brr=3&hl=pt-BR&cd=39#v=one
39. Somervill, p. 34 (http://books.goog 2000. p. 918
page&q=michelangelo&f=false)
le.com/books?id=DjnpM0MNrXoC 47. Tuena, p. 6 (http://books.google.c
31. Vasari, pp. 391-402 (http://books.g
&printsec=frontcover&dq=michela om/books?id=NwQavbQwInMC&p
oogle.com/books?id=ujJWakBfVp
ngelo&lr=&as_drrb_is=q&as_minm g=PA115-IA7&dq=%22lettere+di+
sC&pg=PA327&dq=michelangelo&
_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is michelangelo%22&lr=&as_drrb_is
lr=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=39#v
=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt =q&as_minm_is=0&as_miny_is=&
=onepage&q=michelangelo&f=fals
-BR&cd=10#v=onepage&q=&f=fal as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as
e)
se) _brr=3&hl=pt-BR&source=gbs_sel
32. Duppa, Richard. "Michel Angelo" ected_pages&cad=5#v=onepage&
40. Barolsky, Paul (1994). The faun in
(http://books.google.com/books?id q=&f=false)
the garden: Michelangelo and the
=0JoZAAAAYAAJ&printsec=frontc
poetic origins of Italian 48. Bevan, D. G. Invincible dialogue:
over&dq=michelangelo&lr=&as_drr
Renaissance art (http://books.goo Malraux, Michelangelo and
b_is=b&as_minm_is=0&as_miny_i
https://pt.wikipedia.org/wiki/Michelangelo 30/35
15/05/2018 Michelangelo – Wikipédia, a enciclopédia livre

Michelet (http://books.google.com/ ngelo%22&lr=&as_drrb_is=q&as_ University of California Press,


books?id=Pj3LLlkQOdsC&printsec minm_is=0&as_miny_is=&as_ma 1980. pp. 65-71
=frontcover&dq=michelangelo&lr= xm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3 64. Brundin, p. 100 (http://books.googl
&as_drrb_is=b&as_minm_is=0&as &hl=pt-BR&source=gbs_selected_ e.com/books?id=CxWQP4birrUC&
_miny_is=&as_maxm_is=0&as_m pages&cad=5#v=onepage&q=&f=f pg=PA71&dq=michelangelo+%22v
axy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd= alse). Fazi Editore, 2002. p. 19 ittoria+colonna%22&lr=&as_drrb_i
32#v=onepage&q=&f=false). 56. Crompton, p. 274 (http://books.go s=q&as_minm_is=0&as_miny_is=
Rodopi, 1991. p. 28 ogle.com/books?id=TfBYd9xVaXc &as_maxm_is=0&as_maxy_is=&a
49. Harmon, Holly. Michelangelo's C&pg=PA274&dq=homossexuality s_brr=3&hl=pt-BR&cd=5#v=onepa
Presentation Drawings for +michelangelo&lr=&as_drrb_is=q& ge&q=michelangelo%20%22vittori
Tommaso de' Cavalieri (http://ww as_minm_is=0&as_miny_is=&as_ a%20colonna%22&f=false)
w.millsaps.edu/art/history/harmon. maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr 65. Servadio, Gaia. Renaissance
pdf). Millsaps College, sd. pp. 3-6 =3&hl=pt-BR&cd=4#v=onepage&q woman (http://books.google.com/b
50. Duppa, pp. 128-129 (http://books.g =&f=false) ooks?id=e-Ax__Uhdh8C&pg=PA1
oogle.com/books?id=0JoZAAAAY 57. "Praticare" (http://michaelis.uol.co 09&dq=michelangelo+%22vittoria
AAJ&printsec=frontcover&dq=mic m.br/escolar/italiano/index.php?lin +colonna%22&lr=&as_drrb_is=q&
helangelo&lr=&as_drrb_is=b&as_ gua=italiano-portugues&palavra=pr as_minm_is=0&as_miny_is=&as_
minm_is=0&as_miny_is=&as_ma aticare). Dicionário Escolar maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr
xm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3 Italiano Michaelis =3&hl=pt-BR&cd=22#v=onepage&
&hl=pt-BR&cd=49#v=onepage&q= 58. "Praticare" (http://dicionario.babylo q=michelangelo%20%22vittoria%2
&f=false) n.com/italiano/portugu%C3%AAs/). 0colonna%22&f=false). I. B.
51. Ryan, p. 260 (http://books.google. Dicionário Italiano Português Tauris, 2005. pp. 131-132
com/books?id=Iot1KpxQJpsC&pg Babylon. 66. "Renaissance" (http://www.britanni
=PA260&dq=homossexuality+mic 59. "Praticare" (http://www.woxikon.co ca.com/EBchecked/topic/497731/
helangelo&lr=&as_drrb_is=q&as_ m.br/italiano/praticare.php). Renaissance). Encyclopædia
minm_is=0&as_miny_is=&as_ma Woxikon. Britannica Online. 22 Jan. 2010
xm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3 67. "Renaissance art" (http://www.brita
60. Ryan, p. 100 (http://books.google.
&hl=pt-BR&cd=12#v=onepage&q= nnica.com/EBchecked/topic/4977
com/books?id=Iot1KpxQJpsC&pri
&f=false) 88/Renaissance-art).
ntsec=frontcover&dq=michelangel
52. Ellis, Havelock Studies in the o&lr=&as_drrb_is=b&as_minm_is Encyclopædia Britannica Online.
Psychology of Sex (http://books.g =0&as_miny_is=&as_maxm_is=0 22 Jan. 2010
oogle.com/books?id=RejBiGknsy &as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-B 68. Weinstein, Donald. "The
YC&pg=PT17&dq=homossexualit R&cd=28#v=onepage&q=&f=fals Renaissance" & Herlihy, David.
y+michelangelo&lr=&as_drrb_is=q e) "The emergence of Modern
&as_minm_is=0&as_miny_is=&as Europe: 1500–1648". In "History of
61. Brundin, Abigail. Vittoria Colonna
_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_b Europe" (http://www.britannica.co
and the spiritual poetics of the
rr=3&hl=pt-BR&cd=20#v=onepage m/EBchecked/topic/195896/histor
Italian Reformation (http://books.g
&q=&f=false). Davis Company, y-of-Europe). Encyclopædia
oogle.com/books?id=CxWQP4birr
Volume 2, 3.ª ed., 1942. Britannica Online. 22 Jan. 2010
UC&pg=PA71&dq=michelangelo
Reimpressão, online-ebooks.info,
+%22vittoria+colonna%22&lr=&as 69. Salmon, John Hearsey McMillan.
2004. s/p.
_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_mi Reformation and Counter-
53. Ryan, pp. 94-95 (http://books.goog ny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy Reformation (http://www.britannic
le.com/books?id=Iot1KpxQJpsC& _is=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=5#v a.com/EBchecked/topic/195896/hi
printsec=frontcover&dq=michelan =onepage&q=michelangelo%20% story-of-Europe/58348/Reformatio
gelo&lr=&as_drrb_is=b&as_minm_ 22vittoria%20colonna%22&f=fals n-and-Counter-Reformation). IN
is=0&as_miny_is=&as_maxm_is= e). Ashgate Publishing, Ltd., 2008. History of Europe (http://www.brita
0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt- p. ix nnica.com/EBchecked/topic/1958
BR&cd=28#v=onepage&q=&f=fals 96/history-of-Europe).
62. Brundin, Abigail. Colonna, Vittoria
e) Encyclopædia Britannica Online.
(1490-1547) (http://www.lib.uchica
54. Ryan, pp. 96-97 (http://books.goog go.edu/efts/IWW/BIOS/A0011.htm 22 Jan. 2010
le.com/books?id=Iot1KpxQJpsC& l). University of Chicago Library, 70. "Mannerism" (http://www.britannic
printsec=frontcover&dq=michelan 2005 a.com/EBchecked/topic/362538/M
gelo&lr=&as_drrb_is=b&as_minm_ annerism). Encyclopædia
63. Pater, Walter & Hill, Donald L.
is=0&as_miny_is=&as_maxm_is= Britannica Online. 22 Jan. 2010
(ed). The Renaissance: Studies in
0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-
Art and Poetry (http://books.googl 71. Argan, Giulio Carlo (1988). Historia
BR&cd=28#v=onepage&q=&f=fals
e.com/books?id=QSEOJPBda3sC Da Arte Italiana (http://books.goog
e)
&pg=PA65&dq=michelangelo+%2 le.com/books?id=O9Yd2EAfwQgC
55. Michelangelo. In Michelangelo & 2vittoria+colonna%22&lr=&as_drrb &pg=PA28&dq=buonarroti&lr=&as
Tuena, Filippo M. La passione _is=q&as_minm_is=0&as_miny_is _drrb_is=q&as_minm_is=0&as_mi
dell'error mio: il carteggio di =&as_maxm_is=0&as_maxy_is= ny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy
Michelangelo: lettere scelte: 1532- &as_brr=3&hl=pt-BR&cd=9#v=one _is=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=55#
1564 (http://books.google.com/boo page&q=michelangelo%20%22vitt v=onepage&q=buonarroti&f=false).
ks?id=NwQavbQwInMC&pg=PA11 oria%20colonna%22&f=false). Vol.3: De Michelangelo Ao
5-IA7&dq=%22lettere+di+michela
https://pt.wikipedia.org/wiki/Michelangelo 31/35
15/05/2018 Michelangelo – Wikipédia, a enciclopédia livre

Futurismo. Cosac Naify Edições, 80. Chapman, Hugo. Michelangelo (htt non%20finito%22&f=false)
1988. pp. 21-26] p://books.google.com/books?id=T 88. Galenson, David W. Old masters
72. Kleiner, Fred S. Gardner's Art JRi0Gm594IC&printsec=frontcove and young geniuses: the two life
Through the Ages: The Western r&dq=buonarroti&lr=&as_drrb_is=q cycles of artistic creativity (http://
Perspective (http://books.google.c &as_minm_is=0&as_miny_is=&as books.google.com/books?id=aj43l
om/books?id=IJrN8rDirxkC&pg=P _maxm_is=0&as_maxy_is=&as_b vAIJIcC&pg=PA101&dq=michelan
A466&dq=michelangelo&lr=&as_d rr=3&hl=pt-BR&cd=3#v=onepage& gelo&lr=&as_drrb_is=b&as_minm_
rrb_is=b&as_minm_is=0&as_miny q=&f=false). Yale University is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=
_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_i Press, 2006. p. 7 0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-
s=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=19#v 81. Barolsky, Paul (1997). BR&cd=76#v=onepage&q=michel
=onepage&q=michelangelo&f=fals Michelangelo's Nose: A Myth and angelo&f=false). Princeton
e). Cengage Learning, 2008. Its Maker (http://books.google.co University Press, 2006. pp. 101-
p. 466 m/books?id=KwM03ken-S4C&pg= 102
73. "500th Anniversary of the Finding PA140&dq=michelangelo+%22non 89. Barolsky (1997), p. 140 (http://boo
of the Laocoon on the Esquiline +finito%22&lr=&as_drrb_is=q&as_ ks.google.com/books?id=KwM03k
Hill in Rome". IDC Rome. (http://w minm_is=0&as_miny_is=&as_ma en-S4C&pg=PA140&dq=michelan
ww.idcrome.org/laocoon.htm) xm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3 gelo+%22non+finito%22&lr=&as_
74. Kleiner, pp. 468-469 (http://books. &hl=pt-BR&cd=6#v=onepage&q= drrb_is=q&as_minm_is=0&as_min
google.com/books?id=IJrN8rDirxk michelangelo%20%22non%20finit y_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_
C&pg=PA466&dq=michelangelo&lr o%22&f=false). Pennsylvania is=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=6#v=
=&as_drrb_is=b&as_minm_is=0& State University Press, 1997. onepage&q=michelangelo%20%22
as_miny_is=&as_maxm_is=0&as p. xv non%20finito%22&f=false)
_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR&c 82. Weinberger, p. 375-388 (http://boo 90. Hartt, p. 458
d=19#v=onepage&q=michelangelo ks.google.com/books?id=lKE9AA 91. Argan (1988), p. 26-28 (http://book
&f=false) AAIAAJ&pg=PA1&dq=michelange s.google.com/books?id=O9Yd2EA
75. Ayrton, pp. 8-9 (http://books.googl lo&lr=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=10 fwQgC&pg=PA28&dq=buonarroti&l
e.com/books?id=FH5t_VRUaJ4C& 1#v=onepage&q=&f=false) r=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&
printsec=frontcover&dq=michelan 83. Argan, Giulio Carlo (2004). as_miny_is=&as_maxm_is=0&as
gelo&lr=&as_drrb_is=b&as_minm_ Imagem e Persuasão (http://book _maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR&c
is=0&as_miny_is=&as_maxm_is= s.google.com/books?id=AP2Sq8T d=55#v=onepage&q=buonarroti&f
0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt- cDtoC&pg=PA334&dq=michelang =false)
BR&cd=27#v=onepage&q=&f=fals elo&lr=&as_drrb_is=b&as_minm_i 92. Hartt, pp. 458-463
e) s=0&as_miny_is=&as_maxm_is=
0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt- 93. Hartt, pp. 465-468
76. Barolsky (1994), p. 61 (http://book
BR&cd=44#v=onepage&q=michel 94. Argan (1988), pp. 28-29 (http://boo
s.google.com/books?id=peJm6ZH
angelo&f=false). Companhia das ks.google.com/books?id=O9Yd2E
vXS0C&printsec=frontcover&dq=
Letras, 2004. p. 335 AfwQgC&pg=PA28&dq=buonarroti
michelangelo&lr=&as_drrb_is=b&a
84. Weinberger, p. 377 (http://books.g &lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=
s_minm_is=0&as_miny_is=&as_
oogle.com/books?id=lKE9AAAAIA 0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&
maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr
AJ&pg=PA1&dq=michelangelo&lr as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR
=3&hl=pt-BR&cd=30#v=onepage&
=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=101#v &cd=55#v=onepage&q=buonarroti
q=&f=false)
=onepage&q=&f=false) &f=false)
77. Bevan, pp. 42-43 (http://books.goo
85. Weinberger, p. 379 (http://books.g 95. King, Ross. Michelangelo (http://b
gle.com/books?id=Pj3LLlkQOdsC
oogle.com/books?id=lKE9AAAAIA ooks.google.com/books?id=QgUg
&printsec=frontcover&dq=michela
AJ&pg=PA1&dq=michelangelo&lr COnjE88C&pg=PA353&dq=%22T
ngelo&lr=&as_drrb_is=b&as_minm
=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=101#v he+Life+of+Michelangelo%22&lr=
_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is
=onepage&q=&f=false) &as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as
=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt
_miny_is=&as_maxm_is=0&as_m
-BR&cd=32#v=onepage&q=&f=fal 86. Barolsky (1994), pp. 107-120 (htt axy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=
se) p://books.google.com/books?id=p 6#v=onepage&q=%22The%20Lif
78. Weinberger, pp. 1-2; 375; 403 (htt eJm6ZHvXS0C&printsec=frontcov e%20of%20Michelangelo%22&f=f
p://books.google.com/books?id=lK er&dq=michelangelo&lr=&as_drrb_ alse). Record, 2002. pp. 15-22
E9AAAAIAAJ&pg=PA1&dq=mich is=b&as_minm_is=0&as_miny_is
=&as_maxm_is=0&as_maxy_is= 96. Ross, pp. 48-50 (http://books.goog
elangelo&lr=&as_brr=3&hl=pt-BR&
&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=30#v=on le.com/books?id=QgUgCOnjE88C
cd=101#v=onepage&q=&f=false)
epage&q=&f=false) &pg=PA353&dq=%22The+Life+of
79. Bevan, pp. 26-28 (http://books.goo +Michelangelo%22&lr=&as_drrb_i
gle.com/books?id=Pj3LLlkQOdsC 87. Barolsky (1997), p. xvii (http://boo s=q&as_minm_is=0&as_miny_is=
&printsec=frontcover&dq=michela ks.google.com/books?id=KwM03k &as_maxm_is=0&as_maxy_is=&a
ngelo&lr=&as_drrb_is=b&as_minm en-S4C&pg=PA140&dq=michelan s_brr=3&hl=pt-BR&cd=6#v=onepa
_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is gelo+%22non+finito%22&lr=&as_ ge&q=%22The%20Life%20of%20
=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt drrb_is=q&as_minm_is=0&as_min Michelangelo%22&f=false)
-BR&cd=32#v=onepage&q=&f=fal y_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_
is=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=6#v= 97. Hartt, pp. 536-543
se)
onepage&q=michelangelo%20%22 98. Steinberg, Leo. The Sexuality of
Christ (http://books.google.com/bo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Michelangelo 32/35
15/05/2018 Michelangelo – Wikipédia, a enciclopédia livre

oks?id=r-9YrtEfZPcC&pg=PA73& stm). BBC News. 11 Dez 1999 121. Altizer, p. 2 (http://books.google.c


dq=%22renaissance+art%22&lr=& 112. Hartt, pp. 631-632 om/books?id=JCeF3EGCzlsC&pri
as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_ ntsec=frontcover&dq=michelangel
113. Hartt, pp. 634-635
miny_is=1980&as_maxm_is=0&a o&lr=&as_drrb_is=b&as_minm_is
s_maxy_is=2009&as_brr=3&hl=pt- 114. Benevolo, Leonardo. The =0&as_miny_is=&as_maxm_is=0
BR&cd=35#v=onepage&q=%22re architecture of the Renaissance (h &as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-B
naissance%20art%22&f=false). IN ttp://books.google.es/books?hl=pt- R&cd=24#v=onepage&q=&f=fals
Plate, S. Brent. Religion, art, and BR&lr=&id=dq_WMDyARFcC&oi= e)
visual culture: a cross-cultural fnd&pg=PP11&dq=architecture+
+%22Mannerism%22&ots=MPDb 122. Ryan, pp. 3-4 (http://books.google.
reader. Palgrave Macmillan, 2002. com/books?id=Iot1KpxQJpsC&pri
pp. 74-80 3aW7fI&sig=XI6AvY_zmmwFfO1
ZnH8RL2Nu5aA#PPA231,M1). ntsec=frontcover&dq=michelangel
99. Baldriga, Irene. The First Version o&lr=&as_drrb_is=b&as_minm_is
Routledge, 1968-1978. pp. 231-
of Michelangelo's Christ for S. =0&as_miny_is=&as_maxm_is=0
232; 479; 483; 501-502.
Maria Sopra Minerva. The &as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-B
Burlington Magazine 142 No. 115. Moffett, Marian; Fazio, Michael W. R&cd=28#v=onepage&q=&f=fals
1173, dez. 2000. pp. 740-745. & Wodehouse, Lawrence. A world e)
history of architecture (http://book
100. Hartt, pp. 544-547 123. Ryan, pp. 3-13 (http://books.googl
s.google.com/books?id=HrzPlqLjR
101. Hartt, pp. 639-640 1MC&pg=PA324&dq=buonarroti&lr e.com/books?id=Iot1KpxQJpsC&p
102. Argan (1988), pp. 29-30 (http://boo =&as_drrb_is=q&as_minm_is=0& rintsec=frontcover&dq=michelang
ks.google.com/books?id=O9Yd2E as_miny_is=&as_maxm_is=0&as elo&lr=&as_drrb_is=b&as_minm_i
AfwQgC&pg=PA28&dq=buonarroti _maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR&c s=0&as_miny_is=&as_maxm_is=
&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is= d=27#v=onepage&q=buonarroti&f 0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-
0&as_miny_is=&as_maxm_is=0& =false). McGraw-Hill Professional, BR&cd=28#v=onepage&q=&f=fals
as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR 2004. pp. 323-325 e)
&cd=55#v=onepage&q=buonarroti 116. Moffett; Fazio & Wodehouse, 124. Ryan, pp. 231-235 (http://books.go
&f=false) pp. 325-326 (http://books.google.c ogle.com/books?id=Iot1KpxQJps
103. Reich, John J. & Cunningham, om/books?id=HrzPlqLjR1MC&pg= C&printsec=frontcover&dq=michel
Lawrence S. Culture and values: a PA324&dq=buonarroti&lr=&as_drr angelo&lr=&as_drrb_is=b&as_min
survey of the humanities (http://bo b_is=q&as_minm_is=0&as_miny_i m_is=0&as_miny_is=&as_maxm_
oks.google.com/books?id=0Kxk-X s=&as_maxm_is=0&as_maxy_is= is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=
tfUVgC&pg=PA48&dq=%22sistine &as_brr=3&hl=pt-BR&cd=27#v=on pt-BR&cd=28#v=onepage&q=&f=f
+chapel%22&lr=&as_drrb_is=q&a epage&q=buonarroti&f=false) alse)
s_minm_is=0&as_miny_is=1960& 117. Kleiner, p. 478 (http://books.googl 125. "The Love Poetry of Michelangelo
as_maxm_is=0&as_maxy_is=200 e.com/books?id=IJrN8rDirxkC&pg Buonarroti" (http://beststudentvioli
9&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=10#v=o =PA466&dq=michelangelo&lr=&as ns.com/Michelangelo.html). C. M.
nepage&q=%22sistine%20chape _drrb_is=b&as_minm_is=0&as_mi Sunday, 2010
l%22&f=false). Cengage Learning, ny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy 126. Ryan, p. 12 (http://books.google.c
2005. pp. 51-52 _is=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=19# om/books?id=Iot1KpxQJpsC&pg=
104. Hartt, p. 498 v=onepage&q=michelangelo&f=fal PA12&dq=michelangelo+shostako
105. Hartt, pp. 497 se) vitch+arcadelt&lr=&as_brr=3&hl=p
t-BR&cd=1#v=onepage&q=&f=fals
106. Fulford, Robert. Art restoration in 118. Chapman, pp. 6-7; 23-24; 31 (htt e)
Italy (http://www.robertfulford.com/ p://books.google.com/books?id=T
restore.html). February 11, 1998. JRi0Gm594IC&printsec=frontcove 127. "Author: Michelangelo Buonarroti
r&dq=buonarroti&lr=&as_drrb_is=q (1475-1564)" (http://www.recmusi
107. Serrin, Richard. Lies and c.org/lieder/m/michelangelo/). The
&as_minm_is=0&as_miny_is=&as
Misdemeanors: Gianluigi Lied and Art Song Texts Page
_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_b
Colalucci's Sistine Chapel
rr=3&hl=pt-BR&cd=3#v=onepage& 128. Bull, George (ed); Buonarroti,
Revisted (http://mimsstudios.com/
q=&f=false) Michelangelo & Condivi, Ascanio.
richardserrinarticle.pdf). Mims
Studios 119. Drawings of Michelangelo (http://w Michelangelo, life, letters, and
ww.casabuonarroti.it/english/draw. poetry (http://books.google.com/b
108. Hartt, p. 503 ooks?id=4qigebfTHQcC&printsec=
htm). Casa Buonarroti
109. Arguimbau, Peter. Michelangelo's frontcover&dq=michelangelo&lr=&
120. Altizer, Alma B. Self and
Sistine Chapel cleaned with as_drrb_is=b&as_minm_is=0&as_
symbolism in the poetry of
Easyoff: Science vs. Art - What a miny_is=&as_maxm_is=0&as_ma
Michelangelo, John Donne, and
Price to Pay (http://www.arguimba xy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=2
Agrippa d'Aubigné (http://books.go
u.net/sections.php?op=viewarticle 3#v=onepage&q=&f=false).
ogle.com/books?id=JCeF3EGCzls
&artid=10). Ensaio em Peter Oxford University Press, 1999.
C&printsec=frontcover&dq=michel
Layne Arguimbau website pp. xii-xiii
angelo&lr=&as_drrb_is=b&as_min
110. Mancinelli, Fabrizio. Michelangelo m_is=0&as_miny_is=&as_maxm_ 129. Michelangelo (http://books.google.
at Work in The Sistine Chapel. is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl= com/books?id=NwQavbQwInMC&
Harmony Books, 1986 pt-BR&cd=24#v=onepage&q=&f=f pg=PA115-IA7&dq=%22lettere+di
111. "Sistine Chapel restored" (http://ne alse). Springer, 1973. pp. 1-5 +michelangelo%22&lr=&as_drrb_i
ws.bbc.co.uk/2/hi/europe/560315. s=q&as_minm_is=0&as_miny_is=

https://pt.wikipedia.org/wiki/Michelangelo 33/35
15/05/2018 Michelangelo – Wikipédia, a enciclopédia livre

&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&a &f=false) Press, 2002. pp. 160-161


s_brr=3&hl=pt-BR&source=gbs_s 138. Boyle, Nicholas. Goethe: The 144. Bevan, pp. 36-37 (http://books.goo
elected_pages&cad=5#v=onepage poetry of desire (1749-1790) (htt gle.com/books?id=Pj3LLlkQOdsC
&q=&f=false). In Michelangelo & p://books.google.com/books?id=Ci &printsec=frontcover&dq=michela
Tuena, p. 5 3pUMmWr-kC&pg=PA436&dq=mi ngelo&lr=&as_drrb_is=b&as_minm
130. Michelangelo (http://books.google. chelangelo&lr=&as_drrb_is=b&as_ _is=0&as_miny_is=&as_maxm_is
com/books?id=NwQavbQwInMC& minm_is=0&as_miny_is=&as_ma =0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt
pg=PA115-IA7&dq=%22lettere+di xm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3 -BR&cd=32#v=onepage&q=&f=fal
+michelangelo%22&lr=&as_drrb_i &hl=pt-BR&cd=127#v=onepage&q se)
s=q&as_minm_is=0&as_miny_is= =michelangelo&f=false). Oxford 145. Paolucci, Antonio. "Introduction"
&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&a University Press, 1992. p. 436 (http://books.google.com/books?id
s_brr=3&hl=pt-BR&source=gbs_s 139. Jokilehto, Jukka. A history of =t-wXaO9ICGgC&pg=PT3&dq=mi
elected_pages&cad=5#v=onepage architectural conservation (http://b chelangelo&lr=&as_drrb_is=b&as_
&q=&f=false). In Michelangelo & ooks.google.com/books?id=bOfm minm_is=0&as_miny_is=&as_ma
Tuena, p. 18 PNY72T4C&pg=PA60&dq=michel xm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3
131. Symonds, pp. 332-334 (http://book angelo&lr=&as_drrb_is=b&as_min &hl=pt-BR&cd=130#v=onepage&q
s.google.com/books?id=Je-d3vUG m_is=0&as_miny_is=&as_maxm_ =&f=false). In Tartuferi, Angelo.
cRgC&printsec=frontcover&dq=mi is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl= Michelangelo. Pittore, scultore,
chelangelo&lr=&as_brr=3&hl=pt-B pt-BR&cd=68#v=onepage&q=mich architetto, con gli affreschi
R&cd=14#v=onepage&q=&f=fals elangelo&f=false). Butterworth- restaurati della Cappella Sistina e
e) Heinemann, 2002. pp. 60-61 del Giudizio universale. ATS Italia
132. Otto, Christian F. Francesco 140. Barolsky (1997), pp. 145-146 (htt Editrice, 2001. pp. 3-4
Borromini (http://www.britannica.co p://books.google.com/books?id=K 146. Ayrton, p. 8 (http://books.google.c
m/EBchecked/topic/74478/France wM03ken-S4C&pg=PA140&dq=mi om/books?id=FH5t_VRUaJ4C&pri
sco-Borromini/8342/An-independe chelangelo+%22non+finito%22&lr ntsec=frontcover&dq=michelangel
nt-architect#ref120376). =&as_drrb_is=q&as_minm_is=0& o&lr=&as_drrb_is=b&as_minm_is
Encyclopædia Britannica Online. as_miny_is=&as_maxm_is=0&as =0&as_miny_is=&as_maxm_is=0
27 Jan. 2010 _maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR&c &as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-B
133. Pallucchini, Rodolfo. Tintoretto (htt d=6#v=onepage&q=michelangel R&cd=27#v=onepage&q=&f=fals
p://www.britannica.com/EBchecke o%20%22non%20finito%22&f=fal e)
d/topic/596682/Tintoretto/7276/Ba se) 147. "Mão biônica permite movimentos
ckground-and-early-years#ref1669 141. Loizeaux, Elizabeth Bergmann. similares aos humanos" (http://ww
21). Encyclopædia Britannica Yeats and the visual arts (http://bo w.adsbrasil.com.br/sala_de_impre
Online. 27 Jan. 2010 oks.google.com/books?id=4hrJWk nsa2.asp?id=7dcdf04da29d18f286
134. Wethey, Harold E. Titian (http://ww bUDUAC&pg=PA154&dq=michela 4ddc37024faf0b). ADS Assessoria
w.britannica.com/EBchecked/topi ngelo&lr=&as_drrb_is=b&as_minm de Comunicações
c/597229/Titian/15799/Religious-p _is=0&as_miny_is=&as_maxm_is 148. "Virus Alerta" (http://www.superdic
aintings#ref368477). =0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt as.com.br/va/lista_virus.asp?nom
Encyclopædia Britannica Online, -BR&cd=59#v=onepage&q=michel e=Michelangelo)
January 27, 2010 angelo&f=false). Syracuse
149. Project Michelangelo (http://www.
University Press, 2003. pp. 155-
135. Ayrton, pp. 5-8 (http://books.googl michelangelo-raffaello.com/english
156
e.com/books?id=FH5t_VRUaJ4C& _site/en/en.htm)
printsec=frontcover&dq=michelan 142. Iversen, Margaret. Beyond 150. 3001 Michelangelo (1982 BC1) (htt
gelo&lr=&as_drrb_is=b&as_minm_ pleasure: Freud, Lacan, Barthes (h
p://ssd.jpl.nasa.gov/sbdb.cgi?sstr
is=0&as_miny_is=&as_maxm_is= ttp://books.google.com/books?id=
=Michelangelo;orb=1/). Jet
0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt- QT9gey3B4NQC&pg=PA47&dq=m
Propulsion Laboratory. NASA
BR&cd=27#v=onepage&q=&f=fals ichelangelo&lr=&as_drrb_is=b&as
_minm_is=0&as_miny_is=&as_m 151. Gazetteer of Planetary
e)
axm_is=0&as_maxy_is=&as_brr= Nomenclature: Mercury
136. Bull, pp. ix-xii (http://books.googl Nomenclature: Crater, craters (htt
3&hl=pt-BR&cd=60#v=onepage&q
e.com/books?id=4qigebfTHQcC&p p://planetarynames.wr.usgs.gov/js
=michelangelo&f=false).
rintsec=frontcover&dq=michelang p/FeatureTypesData2.jsp?systemI
Pennsylvania State University
elo&lr=&as_drrb_is=b&as_minm_i D=1&bodyID=9&typeID=9&syste
Press, 2007. pp. 47-50
s=0&as_miny_is=&as_maxm_is= m=Mercury&body=Mercury&type=
0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt- 143. Moore, Henry & Wilkinson, Alan Crater,%20craters&sort=AName&
BR&cd=23#v=onepage&q=&f=fals G. (ed). Henry Moore-- writings
show=Fname&show=Lat&show=L
e) and conversations (http://books.go
ong&show=Diam&show=Stat&sho
ogle.com/books?id=pzqg4l-ce7oC
137. Duppe, pp. 129-131 (http://books.g w=Orig). U.S. Geological Survey
&pg=PA159&dq=michelangelo&lr=
oogle.com/books?id=0JoZAAAAY
&as_drrb_is=b&as_minm_is=0&as 152. Michelangelo (http://www.ninjaturtl
AAJ&printsec=frontcover&dq=mic es.com/). Ninja Turtles Official
_miny_is=&as_maxm_is=0&as_m
helangelo&lr=&as_drrb_is=b&as_ Website
axy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=
minm_is=0&as_miny_is=&as_ma
53#v=onepage&q=michelangelo&f 153. The Agony and the Ecstasy
xm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3
=false). Documents of 20th (1965) (http://www.imdb.com/title/t
&hl=pt-BR&cd=49#v=onepage&q=
century art. University of California t0058886/). Internet Movie
https://pt.wikipedia.org/wiki/Michelangelo 34/35
15/05/2018 Michelangelo – Wikipédia, a enciclopédia livre

Database

Ligações externas
Casa Buonarroti (http://www.casabuonarroti.it/english/e-home.htm). Página oficial
Michelangelo (http://www.pitoresco.com.br/universal/michel/michel.htm) - Pitoresco.com
Saiba mais sobre Michelangelo, o "Divino" (http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u69910.shtml). Folha
Ilustrada, 1 de abril de 2007
The Digital Michelangelo Project (http://www-graphics.stanford.edu/projects/mich/). Stanford Computer Graphics
Laboratory

Obtida de "https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Michelangelo&oldid=52001079"

Esta página foi editada pela última vez à(s) 06h52min de 6 de maio de 2018.

Este texto é disponibilizado nos termos da licença Atribuição-CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada (CC BY-SA 3.0) da
Creative Commons; pode estar sujeito a condições adicionais. Para mais detalhes, consulte as condições de utilização.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Michelangelo 35/35

S-ar putea să vă placă și