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Receitas de leitura

Os da Minha Rua
Ondjaki

Composição
Conjunto de pequenas histórias redigidas por um jovem escritor angolano, de edição
“fresquinha” (Março de 2007). O princípio activo baseia-se na realidade, com as
recordações da infância e adolescência que nos transportam a um tempo mágico. As
situações mais cómicas entrecruzam-se com o lirismo, a inocência e o sentimento
próprios dos primeiros ensaios da vivência de emoções. Actua rapidamente sobre a
perda de memória.

Indicações
Esta obra é especialmente indicada a todos aqueles que desejam fazer um lifting
emocional e relembrar que um dia já foram “mais” pequenos... E agiram em
conformidade! Também recomendado aos “trintões”, contemporâneos do autor, pelo
conjunto de referências comuns, com especial incidência na década de 80 (confronte-se
com a dose de amostra) e, ainda, aos adolescentes do século XXI, pela identificação
com a composição dos fármacos literários. “Mudam-se os tempos”, mas nem sempre se
mudam as vontades!

Precauções
Os mais velhos (os referidos trintões) não se devem centrar no revivalismo exagerado,
pois correm o risco de desvalorizar outras fases do seu desenvolvimento, como a actual
“pós-adolescência”. Experimentem, antes, partilhá-lo com a geração precedente.

Posologia
Se estiver a gostar, leia só uma história cada dia, assim o prazer prolongar-se-á por 22
dias, com duas tomas extra: duas cartas em tom poético trocadas entre o autor e uma
amiga. Não esquecer a ultiminha página, onde se esconde esta citação do poeta brasileiro
Manoel de Barros: “Um livro o ensinou a não saber nada – agora já sabe.”

Outras apresentações
Todas as outras obras do autor, com sabor a África (Angola), com incursões por
diversos modos e géneros literários. Para os que sararam “feridas”, sugerimos um
“genérico” de composição idêntica – Diário inventado de um menino já crescido,
de José Fanha. A intertextualidade assenta na recordação, vista pelos olhos de um
menino grande, com um comprimento de onda confessional semelhante ao do nosso
autor.

Sugerido pela Professora Jacqueline Duarte


Escola E.B. 2.º e 3.º Ciclos da Venda do Pinheiro 2007/ 2008
Dose de amostra

O lhei o cinzento da televisão e umas três luzes


apareceram de repente como se fossem um semáforo
maluco e tive a certeza que aquela era mesmo a
televisão mais bonita do mundo. Fez um ruído tipo um animal
a respirar e acendeu devagarinho. Não consegui ficar calado e
disse bem alto: «chéeeeeeee, essa televisão é bem esculú!», e
todos riram do meu espanto assim sincero: era a primeira
televisão a cores que eu via na minha vida.
A imagem apareceu bem nítida e cheia de cores. Era
linda e eu nunca tinha reparado que um apresentador de
televisão podia vestir uma roupa com tantas cores. Lembro-
me ainda hoje: estava a dar o noticiário em língua nacional
tchkwe. Ninguém entendia nada, baixaram o som. A tia Rosa
disse-me «fecha a boca, vai entrar mosca», e todos riram outra
vez. Não me importei.
(...) Fiquei com inveja dos filhos do Lima que todos
dias iam ver cores naquela televisão a cores: a telenovela Bem-
Amado com o Tito e o Piranha, os bonecos animados do
Mitchi, o Gustavo com três fios de cabelo e até a pantera Cor-
de-Rosa com o cigarro bem comprido. «Tudo a cores, como
uma aguarela bem bonita», pensei, enquanto a tia Rosa me
fazia festinhas na cabeça.

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Ondjaki – Os da minha rua. Lisboa: Caminho, 2007.

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