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PARECER

Interessado(s): Sindicato dos Servidores Públicos Federais no Estado do Maranhão –


SINDSEP/MA; e Derocy Dias Reis.
Assunto: Possibilidade de concessão de horário especial para servidor público com
deficiência visual.

O referido Sindicato dos Servidores Públicos Federais no Estado


do Maranhão – SINDSEP/MA fez consulta a esta assessoria jurídica sobre a
possibilidade de redução de carga horária para servidor público com deficiência visual,
sem prejuízo da respectiva remuneração.
A questão parametriza-se pela norma aposta no Art. 98, § 2º, da
Lei nº 8.112/1990, incluído pela Lei 9.527/1997:

Art. 98. (...)


§ 2º Também será concedido horário especial ao servidor portador de
deficiência, quando comprovada a necessidade por junta médica oficial,
independentemente de compensação de horário.

Conforme consta do dispositivo, a legislação expressamente


concede horário especial de labor independente de compensação aos servidores públicos
com deficiência e comprovada necessidade, sem nada prever a respeito de eventual
alteração remuneratória nestes casos.
Expostas as premissas, passo a opinar.

DA POSSIBILIDADE DE REDUÇÃO
DE CARGA HORÁRIA PARA SERVIDOR
PÚBLICO COM DEFICIÊNCIA

É inquestionável a possibilidade de concessão de horário


especial (reduzido, se for o caso, e sem necessidade de compensação) para o servidor
público federal, como são os do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Maranhão, diante da literalidade do Art. 98, § 2º, da Lei 8.112/1990.

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Quanto a isto, somente é de se destacar a exigência imposta em
lei de comprovação da necessidade do horário especial por junta médica oficial. Em
outros termos, para a concessão do horário especial, não basta a deficiência, sendo
também necessária a comprovada necessidade do benefício, até porque nem toda pessoa
com deficiência necessita de condições especiais de trabalho para quaisquer funções.
No mais, o conceito de deficiência, que é essencialmente
biológico, possui definição jurídica baseada em critérios técnicos nos Arts. 3º e 4º do
Decreto 3.298/1999, de modo que somente faz jus ao benefício da concessão do horário
especial previsto no Art. 98, § 2º, da Lei 8.112/1990, o servidor que se enquadra
naquela definição, pois somente este é considerado com deficiência para efeitos legais.
No que toca especialmente à deficiência visual, o Decreto
3.298/1999 a define como:
a cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no
melhor olho, com a melhor correção óptica; a baixa visão, que significa
acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção
óptica; os casos nos quais a somatória da medida do campo visual em
ambos os olhos for igual ou menor que 60o; ou a ocorrência simultânea
de quaisquer das condições anteriores” (Art. 4º, III).

Assim, o servidor público com deficiência visual somente tem


direito ao horário especial na hipótese de se enquadrar à definição do Art. 4º, III, do
Decreto 3.298/1999, e desde que seja comprovada a necessidade por junta médica
oficial.
Por outro lado, poderia ser suscitada alguma discussão quanto à
possibilidade de redução remuneratória à proporção da redução da carga horária (em
razão do horário especial) do servidor público com deficiência que aproveite da dita
concessão. Isto porque a legislação nada estabelece a respeito – nem permite a alteração
de remuneração, nem a veda.
Entretanto, uma leitura constitucional do Art. 98, § 2º, da Lei
8.112/1990 somente pode indicar para a interpretação no sentido de que a concessão de
horário especial não pode implicar em perdas salariais, mesmo que o horário especial
consista em redução da carga horária do servidor público com deficiência.
Neste sentido, é de se ressaltar ainda a internalização com força
de Emenda Constitucional da Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas
com Deficiência e seu Protocolo Facultativo (Decreto nº 6.949/2009), nos termos do

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Art. 5º, § 3º, da CF/88, que impôs ao Estado brasileiro, bem como aos demais
signatários do tratado em questão, diversas medidas no sentido de garantir às pessoas
com deficiência igualdades de condições, protegendo-as de discriminações.
Dentre estes imperativos da Convenção Internacional, tem maior
relevância para a questão aqui tratada aquele constante do Art. 27, “1”, “b”:

Artigo 27
Trabalho e emprego
1. Os Estados Partes reconhecem o direito das pessoas com deficiência ao
trabalho, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas. Esse direito
abrange o direito à oportunidade de se manter com um trabalho de sua livre
escolha ou aceitação no mercado laboral, em ambiente de trabalho que seja
aberto, inclusivo e acessível a pessoas com deficiência. Os Estados Partes
salvaguardarão e promoverão a realização do direito ao trabalho, inclusive
daqueles que tiverem adquirido uma deficiência no emprego, adotando
medidas apropriadas, incluídas na legislação, com o fim de, entre outros:
(...)
b) Proteger os direitos das pessoas com deficiência, em condições de
igualdade com as demais pessoas, às condições justas e favoráveis de
trabalho, incluindo iguais oportunidades e igual remuneração por
trabalho de igual valor, condições seguras e salubres de trabalho, além
de reparação de injustiças e proteção contra o assédio no trabalho;

Em idêntico sentido, a própria Constituição da República proíbe


qualquer diferença discriminatória na remuneração dos servidores públicos, a teor do
Art. 7º, XXX (c/c Art. 39, § 3º, CF/88). Ademais, também impera a regra da
irredutibilidade de remuneração (Art. 7º, VI), conforme a qual o salário dos
trabalhadores em geral somente pode ser alterado para maior.
Deste modo, a partir de uma análise sistemática do dispositivo
concessivo de horário especial aos servidores com deficiência com a Convenção
Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo
(Decreto nº 6.949/2009), que tem status de Constituição, bem como com a própria
Constituição Federal, observa-se ressoar como verdadeiro contrassenso a ideia de que
para fazer jus à redução de sua carga horária em razão de suas deficiências, tenha o
servidor que abdicar de parte de sua remuneração.
É que o servidor com deficiência tem direito a horário especial,
diante da comprovada necessidade, em razão da própria deficiência. Assim, eventual
alteração remuneratória nestes casos não se daria em razão da concessão de horário
especial propriamente dita, mas sim da deficiência do servidor público, o que

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flagrantemente ofende o Decreto nº 6.949/2009 e a Constituição Federal, ao vedarem
discriminações remuneratórias em relação a servidores públicos com deficiência.
Com efeito, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em
situação análoga à de que aqui se trata, em consonância com a Convenção Internacional
sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo e com a
Constituição Federal, decidiu no mesmo sentido ora defendido (Agravo de Instrumento
nº 0051316-33.2013.4.01.0000/DF).
Naquela hipótese, a redução da carga horária do servidor era
pleiteada não com fundamento em deficiência do próprio servidor, mas em deficiência
de seu filho, o que também é permitido pela Lei 8.112/1990, em seu Art. 98, § 3º.
Em tal caso, o TRF-1 reformou a decisão do juiz federal que
concedia o horário especial requerido, mas com proporcional redução salarial, o que foi
entendido pelo Tribunal como incompatível com a sistemática constitucional no que se
refere à proteção dos direitos da pessoa humana com deficiência.
Nestes termos, o seguinte trecho da decisão referida é suficiente
para demonstrar a congruência entre este parecer e a posição do TRF-1, no sentido de
que a concessão do horário especial não pode implicar em alteração remuneratória:

(...) a redução de horário mediante compensação remuneratória, conforme


determinado na decisão recorrida, parece ser uma resposta mais prejudicial
aos interesses da família da criança com deficiência e, certamente, não
atende constitucional e legalmente aos objetivos traçados seja na L.
9.853/89, seja na “Convenção sobre os direitos das pessoas com
deficiência”, seja na Constituição da República. Com efeito, a criança
portadora de Síndrome de Down necessita de cuidados especializados, que
lhe permitam desenvolver, ao máximo, suas capacidades físicas e
habilidades mentais. Obviamente, esse tratamento tem custo elevado, sendo
inviável impor à agravante redução em seus rendimentos, considerando que
tal ônus poderia, até mesmo, inviabilizar a continuidade desse tratamento.
Ante tais circunstâncias, é o caso de, com base nas normas e nas garantias
veiculadas na Convenção que protege a criança com deficiência, já agora
equiparada a normas de hierarquia constitucional, reconhecer à agravante o
direito à pretendida redução de horário, sem necessidade de compensação.
(...)

O caso sobre o qual aqui se trata certamente guarda


semelhanças com o versado no precedente transcrito: em razão de deficiência (do
próprio servidor, em nosso caso, e de seu filho, no caso do precedente), um servidor
público necessitou da concessão de horário especial, e o mereceu
independentemente de perdas remuneratórias.

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Ora, se o servidor público a quem é concedido horário
especial para cuidar da deficiência de um familiar seu, em decorrência disto, não
pode ter perdas remuneratórias, também o servidor público que tem direito a horário
especial em razão de sua própria deficiência não pode sofrer essas mesmas perdas.

CONCLUSÃO

Ante todo o exposto, é possível a redução da carga horária do


servidor público com deficiência (inclusive visual), desde que a sua deficiência se
enquadre com perfeição na definição jurídica constante dos arts. 3º e 4º do Decreto
3.298/1999, bem como que seja a necessidade comprovada por junta médica oficial,
sem qualquer prejuízo remuneratório.

Salvo melhor juízo, é o parecer.

São Luís, (MA), 21 de janeiro de 2015.

Paulo César Linhares


OAB/MA nº 12.983

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