Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
DE
F ÍSICA
1a Edição - 2.007
SOMESB
S OCIEDADE M ANTENEDORA DE E DUCAÇÃO S UPERIOR DA B AHIA S/C LTDA .
FTC-E A D
FACULDADE DE T ECNOLOGIA E C IÊNCIAS – E NSINO A D ISTÂNCIA
M ATERIAL D IDÁTICO
P RODUÇÃO ACADÊMICA P RODUÇÃO T ÉCNICA
J ANE F REIRE J OÃO J ACOMEL
G ERENTE DE E NSINO C OORDENAÇÃO
A NA PAULA A MORIM C ARLOS M AGNO B RITO A LMEIDA S ANTOS
S UPERVISÃO R EVISÃO DE T EXTO
c 2.007 FTC-E A D
Copyright
www.ead.ftc.br
Sumário
Caro aluno ,
Este material foi elaborado para servir como referência aos estudos da disciplina Física do curso
de Matemática da FTC-E A D .
No Bloco Temático 1, Tema 1, veremos a primeira parte da Mecânica Clássica, em especial a cin-
emática e a dinâmica, tão essencial ao estudo da Física, retratando os fatos históricos relevantes ao
caminhar desta magnífica ciência. No Tema 2, estudaremos a segunda parte da Mecânica Clássica,
nos detendo ao estudo do Movimento Harmônico Simples, Ondas, estudo dos Fluidos em repouso e
em movimento. Já no Bloco Temático 2, Tema 3, estudaremos a terceira e última parte da Mecânica
Clássica estudando a Termodinâmica e, logo após, o Eletromagnetismo Clássico. Por fim, no Tema
4, estudaremos a Física Moderna, focalizando o estudo na Introdução à Quântica. Encontram-se
disponíveis neste material, além de exercícios resolvidos, questões propostas, ao término de cada
seção.
Este trabalho foi preparado com bastante carinho, cada exemplo, cada exercício, bem como a
distribuição da teoria, foram cuidadosamente pensados com o objetivo de maximizar o seu apren-
dizado. Erros são possíveis de serem encontrados e, para que possamos melhorar este material, a
sua contribuição nestas correções são imprescindível.
Deleitem-se por estas páginas, sabendo que muito há ainda por descobrir e um excelente apren-
dizado! “Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, não tem medo e nunca se
arrepende.” ( Leonardo Da Vinci)
Antes de abordamos alguns fatos históricos desta ciência da natureza, definamos o conceito do que seja
ciência. A palavra ciência tem inúmeros significados, estaremos adotando, aqui, o filosófico: ciência é o
processo pelo qual o homem se relaciona com a natureza, visando a dominação dela em seu próprio benefício.
(Dicionário Aurélio Eletrônico)
A ciência é uma construção humana e qualquer passo adiante só pode ser dado por quem já conhece
ou percorreu os anteriores. Todos os grandes cientistas, em qualquer época, só foram capazes de dar con-
tribuições novas e relevantes porque conheciam a fundo a ciência com que trabalhavam e a ela se dedicaram
intensamente. Newton, em seu discurso de posse na Royal Society, afirmou, em alto e bom tom: Se longe enx-
erguei é porque estive apoiado em ombros de gigantes. Quem são estes homens a quem Sir. Isaac Newton se
referiu com tamanha admiração? Sem dúvida, são muitos e formam uma alta pirâmide de conhecimentos que o
sábio inglês teve o privilégio e a competência de galgar até chegar ao topo. Descartes, Galileu, Da Vinci, Kepler,
Copérnico, Giordono Bruno, Bacon, Tomás de Aquino, Maimonides, Averois, Ptolomeu, Arquimedes, Aristarco
de Samos, Demócrito, Leucipo, Apolônio, Parmêdes, Heráclito, Empédocles, Eudóxio, Eratóstenes, Euclides,
Aristóteles, Platão, Sócrates, Pitágoras, Thales, Anaximandro e Anaximenes são apenas alguns destes gi-
gantes que emprestaram os seus ombros para que Newton pudesse tão longe enxergar.
Cada ciência é a totalidade dos conhecimentos, relacionado uns com os outros, pressupondo regularidades
da Natureza, isto é, relações recíprocas e invariáveis dos elementos que participam dos fenômenos. Sendo
assim, toda ciência é composta de conhecimentos fundamentados. Mas isto não que dizer que ela é imutável.
A Física é, em muitos sentidos, a mais fundamental das ciências naturais, e é também aquela cuja formulação
atingiu o maior grau de refinamento. A Física deve grande parte de seu sucesso como modelo de ciência
natural ao fato de que sua formulação utiliza uma linguagem que é ao mesmo tempo uma ferramenta muito
poderosa, a matemática. A Física é, muitas vezes, classificada como “ciência exata”, para ressaltar seus
aspectos quantitativos. Já no século V I a.C ., a descoberta pela Escola Pitagórica de algumas leis das cordas
vibrantes, estabelecendo uma relação entre sons musicais harmoniosos e números inteiros (proporção entre
comprimentos de cordas que emitem tons musicais) levou à convicção de que “Todas as coisas são números.”
Embora a formulação em termos quantitativos seja muito importante, a Física também lida com muitos
problemas interessantes de natureza qualitativa. Isto não significa que não requerem tratamento matemático,
algumas das teorias mais difíceis e elaboradas da matemática moderna dizem respeito a métodos qualitativos.
Neste curso, a ênfase não será no tratamento matemático e, sim, nos conceitos físicos, alguns dos conceitos
matemáticos básicos que teremos de empregar serão introduzidos à medida que se tornarem necessários. O
trabalho de muitas gerações demonstrou a existência de ordem e regularidade nos fenômenos naturais, daquilo
que chamamos de leis da Natureza. O estudo que ora iniciamos pode ser empreendido pelos mais diversos
motivos, mas uma de suas maiores recompensas é uma melhor apreciação da simplicidade, beleza e harmonia
dessas leis, é uma espécie de milagre: como disse Einstein, “O que a natureza tem de mais incompreensível é
o fato de ser compreensível.”
É muito importante para quem pretende conhecer uma ciência ou ingressar numa carreira científica entender
o trabalho das associações científicas. Entender esse trabalho é entender como a ciência - a Física, no nosso
caso - funciona.
O primeiro passo no estudo de um fenômeno natural consiste em fazer abstração de grande número de
fatores não essenciais, concentrando a atenção apenas nos aspectos mais importantes. O julgamento sobre o
que é ou não importante já envolve a formulação de modelos e conceitos teóricos, que representam, segundo
Einstein, uma “livre criação da mente humana.”
O método científico é um conjunto de regras básicas para um cientista desenvolver uma experiência a fim
de produzir conhecimento, bem como corrigir e integrar conhecimentos pré-existentes. É baseado em juntar
evidências observáveis, empíricas e mensuráveis, baseadas no uso da razão. Embora procedimentos variem
de uma área da ciência para outra, consegue-se determinar certos elementos que diferenciam o método cien-
tífico de outros métodos. Primeiramente os pesquisadores propõem hipóteses para explicar certos fenômenos,
e então desenvolvem experimentos que testam essas previsões. Então, teorias são formadas juntando-se
hipóteses de uma certa área em uma estrutura coerente de conhecimento. Isto ajuda na formulação de novas
hipóteses, bem como coloca as hipóteses em um conjunto de conhecimento maior. Outra faceta do método é
que o processo precisa ser objetivo, para que o cientista seja imparcial na interpretação dos resultados. Outra
expectativa básica do método é que todo o procedimento precisa ser documentado, tanto os dados quanto os
procedimentos, para que outros cientistas possam analisar e reproduzir o procedimento. Isso também permite
que se utilize métodos de estatística para que se possa verificar a confiabilidade dos resultados.
Surgiram tentativas de descrever o movimento do Sol, da Lua, das estrelas, sendo os filósofos ligados a
Pitágoras os que tentaram mostrar que os movimentos desses corpos celestes eram circulares. No século
4 a.C ., Eudoxus elaborou um sistema de esferas concêntricas, cujo centro era a Terra, para explicar esses
movimentos, cujo as estrelas estariam fixas na esfera mais externa, que girava em torno da Terra uma vez por
dia, explicando assim sua elevação e seu movimento através do céu até desaparecerem no horizonte, outras
três esferas foram adicionadas, explicando o movimento do Sol e da Lua. Cada um dos planetas precisava de
quatro esferas em movimento para descrever seu comportamento, eram necessárias duas últimas esferas para
explicar os movimentos planetários, nos quais os planetas parecem traçar alças a intervalos regulares ou se
mover de forma bastante desconcertante. Notamos uma complexidade na descrição do céu, para que possa
melhor compreender lei o capítulo 10 Gravitação, Nussezveing.
Essas idéias foram ampliadas por Aristóteles (384 − 322 a.C .), cuja influência ao longo da história ocidental
seria notável. Para Aristóteles, a Terra estaria imóvel, era esférica e localizada no centro do universo, os
movimentos celestiais dependiam de 55 esferas móveis. O fato de a Terra ser esférica foi deduzido por ele em
fatos como o desaparecimento dos navios no horizonte ou a alteração das estrelas quando alguém se movia
para o norte ou para o sul. Sem conhecer a experimentação sistemática, Aristóteles fez várias experiências e
observações que aperfeiçoaram enormemente o conhecimento disponível na Antigüidade, cuja visão de mundo
foi assimilada em grande parte pelo Ocidente até o século X V I I .
No Universo, o Céu era separado e diferente da Terra. Sobre essa última, os elementos se corrompiam,
com um começo, um desenvolvimento e um fim. No céu, diferentemente, nada mudava, razão pela qual os
corpos celestes tinham de ser feitos de um quinto elemento puro e incorruptível: o éter. Por ser o único corpo
celeste que mostrava uma aparência variável, a Lua demarcava a fronteira entre o mundo mutável da Terra
e o firmamento incorruptível, acima da Lua tudo era perfeição abaixo, a imperfeição. Seguindo com essas
idéias, o movimento natural dos corpos celestes perfeitos é o círculo, que era a figura perfeita, enquanto que
os movimentos forçados nas imediações da Terra se dão ao longo de linhas retas e não curvas.
Além da mecânica celeste, também a transformação e a constituição da matéria foram objeto de estudo
dos gregos. O problema inicial era explicar a razão da transformação contínua da matéria, visto que as coisas
mudam, envelhecem e se transformam. Uma forma de se contornar esse problema era buscar algo que não se
transforma, uma essência primeira. Entre os filósofos pré-socráticos que seguiram esse raciocínio, destacam-
se Tales de Mileto, século V I a.C ., que elegeu a água como substância primeira e Anaximandro, discípulo
de Tales, do século V I a.C ., que defendeu a idéia de uma substância indestrutível, o apeiron, algo indefinido,
infinito e sem qualidades, uma substância fixa e imutável que preencheria todo o universo.
A Física do final da Antigüidade passou a ser discutida nesse novo ambiente por filósofos como o francês
Nicolas de Oresne (1320 − 1382) e pelo cardeal alemão Nicolau de Cusa (1401 − 1462), que puseram em
dúvida pontos como a imobilidade da Terra e a finitude do Universo com o seu centro imóvel. Como se sabe,
o maior desses filósofos foi o polonês Nicolau Copérnico (1473 − 1543), que inicia a chamada “ revolução
copernicana” que iria abalar toda a estrutura antiga. O sistema de Copérnico tinha centro no Sol, isto é, era
heliocêntrico. A Terra girava, nele, sobre seu próprio eixo, o que fazia inútil o movimento das esferas das
estrelas e o dos corpos celestes. Ao mesmo tempo, explicava o movimento anual do Sol ao redor da esfera
celeste e os movimentos irregulares nos planetas, que tanto trabalho haviam dado a Ptolomeu. Entretanto,
Copérnico manteve o movimento circular uniforme para os corpos celestes, o que fazia difícil descrever com
simplicidade o movimento apropriado dos mesmos. A oposição a Copérnico e às suas idéias foi grande, em boa
parte, por razões religiosas, por exemplo Lutero invocou a autoridade da Bíblia para atacar as novas idéias,
no entanto não puderam impedir a difusão da concepção de um Universo heliocêntrico e de uma Terra em
movimento. Outros autores, como Thomas Digges (1545 − 1595) e Giordano Bruno, fizeram deles próprios a
idéia de um Universo infinito cheio de estrelas. Em grande parte pelas atividades de Bruno, este foi condenado
O trabalho de Copérnico encontrou oposição mesmo entre grandes astrônomos da época, como o dina-
marqüês Tycho Brahe (1546 − 1601), cuja visão de Universo mantinha a Terra no seu centro, fixa, com uma
esfera de estrelas fixas que girava ao redor da Terra uma vez por dia e os planetas girariam ao redor do Sol em
órbitas circulares, mas o Sol se moveria em torno da Terra. Apesar desse ponto de vista antigo, Brahe era um
excelente observador do céu, podendo por isso examinar o aparecimento de uma supernova em 1572 na Con-
stelação de Cassiopéia e a partir daí concluir que aquele objeto situava-se por seus movimentos muito além da
esfera da Lua e dos planetas, devendo situar-se na esfera das estrelas, esta portanto não era imutável. Mais
tarde, observando um cometa, percebeu que ele se movia em uma órbita ao redor do Sol e se achava mais
longe do que Vênus, contrariando a visão tradicional de que os cometas eram fenômenos atmosféricos, como
sustentava Aristóteles. As idéias de Copérnico foram retomadas pelo italiano Galileu Galilei (1564 − 1642), que
era um astrônomo notável, tanto pelo uso que fez do telescópio como por contribuições para a Mecânica, de
grande importância futura para uma teoria da gravidade.
O alemão Johannes Kepler (1571−1630), personagem central de um livro recente do físico Marcelo Gleiser e,
segundo este, mais copernicano que o próprio Copérnico, foi o pesquisador mais importante para o descrédito
do sistema geocêntrico e do movimento circular uniforme no firmamento. Após alguns trabalhos iniciais, na
Alemanha, Kepler foi convidado por Tycho Brahe a trabalhar com ele, em Praga, para ajudá-lo a observar os
movimentos dos planetas. Inicialmente, Kepler começou a trabalhar sobre o movimento de Marte, chegando
após 70 tentativas à conclusão de que a órbita de Marte era uma elipse, o que punha um fim na tradição do
movimento circular perfeito. Todo o seu trabalho pode ser apreciado pelas três leis que ele inferiu no movimento
dos planetas, graças ao excepcional trabalho empírico deixado por Brahe, logo:
1. A órbita de cada planeta ao redor do Sol é uma elipse, localizando-se o Sol em um dos focos;
2. O raio vetor, ou a linha que liga o planeta ao Sol, percorre áreas de espaços iguais em tempos iguais de
tal forma que em suas órbitas elípticas, os planetas se movem mais depressa quando próximos ao Sol do
que quando afastados;
3. O quadrado do tempo periódico de um planeta, ou seja, o tempo necessário para ele completar uma órbita
em torno do Sol, é diretamente proporcional ao cubo de sua distância média ao Sol, entendendo-se por
distância média o eixo maior da elipse.
Essas idéias estavam adiante das idéias do próprio Galileu e pôde por um fim na crença da perfeição do
céu e de que o movimento circular perfeito era o único possível para os mundos celestiais. A Terra também fora
destronada de sua posição central no universo e a Física, a Astronomia e a Filosofia jamais poderiam ser as
mesmas. Até aqui percebemos uma nova maneira de conceber o movimento dos planetas, em órbitas elípticas,
aumentando e diminuindo suas velocidades como Kepler observou. Galileu, por sua vez, mostrou que a dis-
tância percorrida por um corpo em queda livre é proporcional ao quadrado do tempo e este é o exemplo mais
simples de aceleração, a aceleração uniforme. Demonstrou também que todos os corpos, independentemente
de seus pesos, sofrem uma aceleração idêntica em direção ao solo. Ou seja, um corpo pesado e um corpo
leve cairão na mesma velocidade se deixados cair no mesmo instante, desprezando-se a resistência atmos-
férica, do alto de uma torre. Galileu descobriu, também, o princípio da inércia, pelo qual um corpo continuaria
a mover-se na direção em que fosse impelido num plano horizontal, a menos que fosse obrigado a deter ou
mudar esse movimento. Essa lei contradizia a noção de força de Aristóteles, e chegou próxima da primeira Lei
do movimento de Newton. Como indica Iain Nicolson:
"Galileu derrubou muitos dos pilares fundamentais da mecânica aristotélica: demonstrou que a força não
é necessária para o movimento; que os corpos podem executar diferentes espécies de movimento ao mesmo
Entretanto, Galileu não chegou a construir uma mecânica e não conhecia a gravidade, tomando-a por um
termo bastante usado, mas incompreendido. Kepler também não chegou a elaborar tal mecânica, embora su-
pusesse que existia uma atração geral entre os corpos e que isso explicava o movimento deles no céu assim
como as marés do oceano, mas isso foi percebido de maneira ao mesmo tempo antecipatória e confusa.
Muitos outros autores como Descartes, Huygens, e outros como Gassendi, tentaram explicar a gravidade e o
magnetismo de forma freqüentemente mística e não comprovada, embora interessante. Apenas Newton colo-
cou numa grande síntese rigorosa, em termos de leis da mecânica que agiam dentro de um aparato matemático
que ele mesmo criou, ao mesmo tempo que Leibiniz, o cálculo diferencial. Essa tarefa começou a ser desen-
volvida no início da vida adulta de Newton, foi abandonada em favor de outros interesses, como a alquimia e a
teologia, e depois foi completada em grande medida pelo ambiente estimulante do início do século X V I I I .
Embora Newton tenha relutado em chamar gravidade de força, hoje se usa o conceito de que ela é uma força
fraca, agindo a distância entre dois corpos. Assim, a Terra atrai a Lua da mesma forma que a Lua atrai a Terra,
como se percebe pelo fenômeno das marés, que é possível pelo fato de a água do mar poder ser deslocada
com mais facilidade que o material sólido da Terra. A gravidade atua entre os corpos celestes desenhando
trajetórias elípticas dos corpos menores como a Terra sobre os corpos maiores como o Sol, em torno do qual
orbitam. Esse movimento é elíptico e pode ser demonstrado mecanicamente, no momento este não é o nosso
intuito. Estudando a gravidade, Newton pôde estabelecer uma lei da gravitação segundo a qual a força de
atração entre dois corpos depende inversamente da distância entre eles. A lei da gravitação e a leis gerais do
movimento bastam para prever o curso de um corpo em movimento. Essa mecânica pesada é facilitada pela
matemática desenvolvida por Newton e Leibiniz.
Também se verificavam influências de campos magnéticos sobre a luz emitida por um gás aquecido. A
questão que se colocava era qual a relação consistente entre a eletricidade, o magnetismo e a óptica. Então,
James Clerck Maxwell (1831 − 1879), estudando o trabalho de seus antecessores, encontrou a unidade entre
todos os fenômenos eletromagnéticos e resumiu a teoria da eletricidade e do magnetismo em quatro equações,
as equações de Maxwell. Com sua teoria das ondas eletromagnéticas, e depois com as experiências de Hertz,
em 1886, a luz foi, então, interpretada como uma onda eletromagnética de alta freqüência, passando então ser a
óptica derivada do eletromagnetismo, com todas as suas leis dedutíveis a partir das equações de Maxwell. Por
ser seu trabalho tão grandioso a ponto de se generalizar vários resultados conseguidos por seus antecessores,
diz-se comumente que Maxwell está para o eletromagnetismo como Newton está para a Mecânica.
Esses dois séculos foram bastante exitosos para a teoria de Newton, para seus antecessores e sucessores,
bem como para físicos contemporâneos como Edmund Halley e outros. Essa Física ainda continua sendo ad-
equada para lidar com quase todos os problemas do dia-a-dia, incluindo lançar uma sonda espacial a planetas
distantes. Nunca ficou claro o que é exatamente a gravidade e como agia através das distâncias celestes.
Mesmo hoje a Física tem dificuldade para explicá-la. Entretanto, à medida que o conhecimento do universo
Sabe-se que a Física clássica foi a primeira ciência moderna no sentido de dispensar apoios metafísicos
ou religiosos, construindo-se através da experimentação sistemática e de um rigoroso e novo instrumental
matemático. Ela logo se tornou um modelo a ser buscado em outras áreas, inclusive naquelas relativas a então
chamada filosofia moral. O primeiro pensador a construir conceitos sólidos inter-relacionados numa visão de
homem e do seu mundo material, de produção e consumo e logo de satisfação de seu interesse próprio, foi
Adam Smith, com a Riqueza das Nações, de 1776. Nesse livro, Smith traça a idéia de um mercado onde
os produtores individuais satisfazem seus interesses próprios e alcançam uma harmonia econômica e social
através da concorrência, há muito semelhança dos astros no céu movendo-se com a gravidade. Essa visão já
estava implícita na Teoria dos Sentimentos Morais, obra de filosofia que antecede o livro fundador da Economia.
A idéia de harmonia econômica vai chegar há muitos autores, dando conta de um mundo em que a produção
material se convertia em seu foco principal, distanciando-se dos duros anos da Idade Média e mesmo da
Renascença. Como fica claro em Marx, a visão desses economistas é a de relações entre coisas que gravitam
com seus proprietários em uma ordem harmoniosa, que minimiza, inclusive, o papel do Estado.
Desde o tempo dos filósofos gregos até o século X V I I , a física fazia parte das chamadas ciências naturais,
cujo objetivo era o estudo de toda a natureza. A partir dessa época, a física passou a se restringir a matéria
inanimada e mais tarde, com o desenvolvimento da química, definiu o seu universo de atuação. Atualmente,
a física se divide em grandes áreas de estudo e pesquisa. Das áreas relacionadas a seguir, as três primeiras
compõem a física clássica, que reúne todo o conhecimento físico cujas bases foram formadas até o final do
século X I X . As três últimas constituem a física moderna, uma nova física surgida no início do século X X como
resposta às indagações não respondidas e às previsões não confirmadas pela física clássica:
⋄ Mecânica clássica: estudo do movimento das partículas e dos fluidos. A mecânica clássica pode ser
subdividida ainda, didaticamente, em: cinemática, estudo descritivo dos corpos em movimento; estática,
estudo dos sólidos em equilíbrio; dinâmica, estudo das leis de Newton e dos princípios de conservação;
fluidodinâmica, estudo dos fluidos; e it mecânica ondulatória, estudo do movimento ondulatório em meios
materiais.
⋄ Termodinâmica: estudo da temperatura, do calor e seus efeitos e das propriedades de agregação dos
sistemas de múltiplas partículas.
⋄ Relatividade especial: reformulação dos conceitos de espaço, tempo e energia com o estudo do compor-
tamento de partículas em alta velocidade.
⋄ Relatividade geral: estudo das relações entre a força gravitacional e as propriedades geométricas do
espaço.
O primeiro passo para uma investigação histórica sobre qualquer assunto é saber bem o seu significado,
bem como a etimologia do termo. Consultando alguns dicionários, obtivemos algumas definições:
X Etimologia: mecânica vem do grego mechaniké, “arte de construir uma máquina” que, traduzido para o
latim, fica mechanica.
X Ciência que estuda as forças, as leis de equilíbrio e do movimento e a teoria da ação das máquinas.
X A Mecânica Clássica (também conhecida como Mecânica de Newton, assim chamada em honra a Isaac
Newton, que fez contribuições fundamentais para a teoria) é a parte da Física que analisa o movimento,
as variações de energia e as forças que atuam sobre um corpo. No ensino de física, a mecânica clássica,
geralmente, é a primeira área da física a ser lecionada.
Dessas varias definições, podemos concluir que o termo originalmente significava técnica e teoria de con-
strução e descrição das máquinas, sofrendo uma evolução conceitual, passando a significar teoria do movi-
mento dos corpos e das forças que o produzem. Mecânica clássica significa a teoria ou conjunto de leis do
movimento proposta por Isaac Newton que, curiosamente, preferiu chamá-la de Filosofia Natural, pois que não
gostava do termo. A obra capital que edifica os fundamentos da Mecânica foi por ele denominada Princípios
Matemáticos da Filosofia Natural. Já Galileu, em uma de suas obras mais importantes, Duas Novas Ciên-
cias, utiliza o termo mecânica no nome completo da obra: Discursos Referentes a Duas Novas Ciências a
Respeito da Mecânica e dos Movimentos Locais. Após Galileu e, principalmente, Newton, o termo, pois, deve
ser entendido como o estudo do movimento e de suas causas, através de relações matemáticas precisas.
1.3.1 Introdução
Iniciaremos nosso estudo pela Cinemática, um ramo muito importante da Mecânica Clássica, onde estu-
daremos os movimentos de corpos sem nos preocupar com as causas que levaram ao movimento destes.
Entenda-se, de agora por diante, que “corpo”, será qualquer objeto material ou uma partícula sub-atômica por
exemplo, o importante é que suas dimensões e sua massa serão desconsideradas por nós enquanto estiver-
mos trabalhando com a Cinemática.
Quando desejamos medir algo como por exemplo o comprimento de um objeto estamos medindo uma
quantidade ou grandeza física. A medida de uma grandeza física é expressa pelo número de vezes que a
unidade padrão, tomada como referência, está contida na grandeza a ser medida. O valor de uma medida
é composto por duas partes inseparáveis: o número e a unidade padrão em que a grandeza foi expressa.
Claramente, a informação de que uma pessoa saltou “15“ de distância está incompleta, porque se foram
15 cm, 15 polegadas ou até 15 m, é completamente diferente.
Comprimento, tempo, massa, velocidade, aceleração, energia, trabalho e potência são algumas das grandezas
físicas. Essas grandezas físicas podem ser medidas ou calculadas. Para dar o resultado de uma medida ou
de um cálculo, temos que adotar uma unidade. Antigamente existia um sistema que no caso de comprimento
baseava-se em tamanho de um pé, de um dedo como o polegar e assim por diante. Como o comprimento de
um pé, assim como o de um polegar, variava de uma pessoa para outra foi preciso adotar padrões. Hoje, para
facilitar os cálculos e a comparação entre os resultados de medidas, quase todos os países do mundo adotam
o Sistema Internacional (SI) de unidades. SI (Systeme Internationale d’Unites) ou Sistema Internacional
é o sistema padrão de unidades utilizado por cientistas ao redor do mundo. Existem sete unidades básicas
do SI (para comprimento, massa, tempo, corrente elétrica, temperatura, intensidade luminosa e quantidade de
substância) das quais outras unidades podem ser derivadas.
Distâncias e ângulos são utilizadas para fixar a posição de um ponto no espaço, em relação a um dado
referencial. O caso mais simples é o de um ponto sobre uma superfície plana. Suponhamos familiaridade com
o sistema de coordenadas cartesianas, definido por uma origem O e dois eixos ortogonais, em relação ao qual
x é a abscissa e y a ordenada: P (x , y ).
No sistema de coordenadas polares, definido por uma origem O e uma direção referência Ox , a posição de
um ponto P é fixada pela sua distância r à origem e pelo ângulo θ que a direção OP faz com Ox : P (r , θ).
Dê uma olhada no material impresso de geometria analítica revisando a parte inicial da coordenadas po-
lares.
Para fixar a posição de um ponto P no espaço, precisamos de três coordenadas, que podem ser represen-
tadas, por exemplo, também, pelas coordenadas cartesianas (x , y , z ), em relação a um sistema de três eixos
ortogonais entre si, sendo x a abscissa, y a ordenada e z a cota. Assim, P (x , y , z ). Pode-se também empregar
em três dimensões um sistema análogo às coordenadas polares. Conhecida a distância r do ponto P a uma
origem O , sabemos que ele está sobre uma esfera de centro O e raio r , e podemos fixar a posição de P sobre a
superfície curva da esfera através de dois ângulos. Um sistema deste tipo bem conhecido é empregado sobre
a superfície da Terra, fixando-se a posição de um ponto através de sua latitude e longitude.
Conforme mencionado anteriormente, pode-se especificar a posição de um ponto num plano através de
dois parâmetros, que são suas coordenadas em relação a um dado referencial. Se adotarmos coordenadas
cartesianas, por exemplo, a posição de uma partícula em movimento no plano será descrita pelo par de funções,
[x (t ), y (t )], ( 1.1)
z
Caso a partícula estivesse em movimento no espaço, teríamos mais
z (t )
uma coordenada cartesiana a cota z (t ) descrevendo, assim, seu movi-
P (x , y , z )
b mento em um instante t qualquer, ver figura ao lado. Podemos, então,
reduzir a descrição de um movimento tridimensional à três movimentos
unidimensionais simultâneos, cuja a composição leva o movimento no
x (t ) y (t )
y espaço.
x
Em muitos casos, os movimentos ao longo de dois eixos ortogonais são independentes um do outro (embora
isto nem sempre aconteça!). Este fato foi reconhecido por Galileu e permitiu-lhe descrever, corretamente, pela
primeira vez, o movimento dos projéteis. Já em seu “Diálogo sobre os Dois Principais Sistemas do Mundo”,
Galileu havia empregado a independência dos movimentos para refutar um dos principais argumentos usados
pelos partidários de Ptolomeu para provar a imobilidade da Terra.
Tanto a velocidade quanto a aceleração são grandezas vetoriais, pois são derivadas de primeira e de se-
gunda ordem da função deslocamento, que é uma grandeza vetorial. Lembremos que distância é diferente de
deslocamento. Distância é uma grandeza escalar.
Consideremos uma partícula em movimento num plano que descreve uma trajetória APB em relação a um
sistema de referência xOy (ver figura a seguir).
−→
Sendo −
→
r (t ) = OP o deslocamento da particular em relação à origem O no instante t , em que P é a posição
−−→
ocupada pela partícula no instante t ; sendo −
→
r (t + ∆t ) = OP ′ , o deslocamento no instante t + ∆t é o vetor
−−→′
PP = ∆−
→
r =−
→
r (t + ∆t ) − −
→
r (t ) ( 1.2)
−
→
r (t + ∆t ) − −
→
r (t ) ∆−
→
r (t )
−
→
v t →t +∆t = = ( 1.3)
∆t ∆t
P′
o que define, ao mesmo tempo, o conceito de derivada de um vetor
depende de uma parâmetro (t ) em relação a este parâmetro.
A Figura (4), ao lado, mostra o comportamento de ∆− →r à medida ∆−
→
r′
que ∆t → 0, observamos que direção da velocidade instantânea P ′′
∆−
→
r ′′
−
→v (t ) é a da tangente à trajetória em P (t ), e o sentido é o sen-
tido de percurso da trajetória para t crescente. Obtemos, assim, a b −
→
v (t )
direção e o sentido de −
→v (t ), mas como sabemos que é um vetor? P (t )
A definição na equação ( 1.6) satisfaz a todas as leis de composição que caracterizam um vetor. Podemos
concluir, de forma mais geral, que a derivada de um vetor é um vetor. Faça uma revisão da disciplina cálculo
diferencial I V ou álgebra linear, caso tenha dúvida.
→
−
v (t )
→
−
v (t ) ∆→
−
v (t )
→
−
v (t +∆t )
b P (t +∆t )
b
P (t ) →
−
v (t +∆t )
Por definição,
−
→
v (t + ∆t ) − −
→
v (t ) −
→
v (t )
−
→
a (t → t + ∆t ) = = ( 1.7)
∆t ∆t
é o vetor aceleração média no intervalo t → t + ∆t . A aceleração instantânea no intervalo t é o vetor,
−
→ d 2−
→r (t ) d 2 x (t ) −
→ d 2 y (t ) −
→ dvx (t ) −
→ dvy (t ) −
→
a (t ) = 2
= 2
ı + 2
= ı + ( 1.9)
dt dt dt dt dt
introduzindo assim ao mesmo tempo a derivada segunda de um vetor. Para ter uma interpretação geométrica
da derivada de um vetor, discutida após a equação ( 1.6).
Considere um projétil lançado na vizinhança da superfície da Terra (ver Figura). Na balística usual, podemos
considerar a Terra como plana e aceleração da gravidade como constante. Isto não seria verdade para foguetes
balísticos intercontinentais.
ym V
b
−
→
v0 b b
P Q
θ
xm x
Como o corpo é lançado fazendo um ângulo θ com a horizontal e desprezando a resistência do ar, somente
a força gravitacional age sobre o corpo, desprezando, assim, qualquer outro tipo de força externa. Tanto na
horizontal quanto na vertical o deslocamento do projétil é dependente do tempo. Assim, a combinação deste
dois movimentos nos dá o movimento bidimensional.
A velocidade inicial pode ser decomposta em duas; uma projeção na direção i e outra na j . A cada in-
stante de tempo temos uma velocidade tangencial a trajetória (ver figura), mostra este vetor velocidade e suas
componentes na direção vertical e horizontal.
P3
b
P4
P2 b b
−
→r −
→
r3
2
P1 b −
→ P5
r4 b
−
→
r1
−
→
v0
−
→
r5
θ
x
Observando a figura anterior, concluímos que há uma variação do módulo da velocidade na direção − →
.
−
→
Já a direção ı permanece constante. Isto se justifica devido a ação da força gravitacional que está agindo
8
< ay = a = constante 6= 0; vy (t0 ) = v0y ; y (t0 ) = y0
( 1.13)
:
ax = 0; vx (t0 ) = v0x ; x (t0 ) = x0
que correspondem aos movimentos unidimensionais; sendo acelerado na vertical e constante na horizontal.
Iremos, a partir de agora, separar os movimentos. Na direção vertical, sabemos que a aceleração − →
a y é uma
constante, considerando o movimento durante um intervalo de tempo [t0 , t ], em que t0 é o “instante inicial”,
freqüentemente, toma-se t0 = 0.
t0 t t
O valor v (t0 ) = v0 , da velocidade no instante inicial chama-se velocidade inicial. A equação ( 1.14) dá,
então,
v (t ) = v0 + a (t − t0 ) ( 1.15)
Mostrando que a velocidade é uma função linear do tempo no movimento uniformemente acelerado. Fazendo
v (t ) ≡ vy (t ) e v0 (t ) ≡ v0y (t ) estão na equação ( 1.15) ficamos com
vy (t ) = voy + a (t − t0 ) ( 1.16)
dy (t ) dx (t )
Integrando a equação ( 1.17) de t0 a t e fazendo vy (t ) = e vx (t ) = e, logo após, integrando de
dt dt
y0 a y , e fazendo alguns cálculos, ficamos com
8
1
< y (t ) = y0 + v0y (t − t0 ) + a (t − t0 )2
2 ( 1.18)
:
x (t ) = x0 + v0x (t − t0 )
−
→
vt =−
→
v 0 + a(t − t0 ) ( 1.19)
e
−
→ 1→
r (t ) = −
→
r 0+−
→
v 0 (t − t0 ) + −a (t − t0 )2 ( 1.20)
2
Que dão a solução do problema de valores iniciais postos por,
8
> −
→ −
→
< a (t ) = a = constante
−
→
v (t ) = −
→
v ( 1.21)
0 0
>
: −
→ −
→
r (t0 ) = r0
Para obter a forma da trajetória, no caso geral do movimento uniformemente acelerado, basta eliminar t − t0
entre as E qs .(19). A condição de que −
→v 0 não é paralelo a −
→
a dá,
v0x 6= 0 ( 1.23)
x − x0
t − t0 = ( 1.24)
vox
v0y 1 a 2
Y − y0 = (x − x0 ) + (x − x0 ) ( 1.25)
v0x 2 v02x
que é a equação de uma parábola de eixo vertical, que passa por (x0 , y0 ), e cuja tangente neste ponto tem a
direção de −
→v 0 (por construção). As equações ( 1.18) mostram que o movimento ao longo da parábola equação
( 1.25) pode ser considerado como resultante da composição de um movimento uniforme na direção horizontal
com um movimento uniformemente acelerado na direção vertical.
Retornemos ao exemplo do movimento dos projéteis na vizinhança da superfície da Terra. Vamos nos limitar
ao caso em que x0 = y0 = 0, tomando a posição inicial na origem, e iremos tomar t0 = 0. Seja θ o ângulo entre
−
→
v 0 e Ox , de modo que:
¨
v0x = v0 cos(θ)
( 1.26)
v0y = v0 sen(θ)
As ( 1.17) e ( 1.18) ficam,
¨
vy = v0 sen(θ) − g t
( 1.27)
vx = v0 cos(θ)
e 8
< 1
y = v0 sen(θ)t − g t 2
2 ( 1.28)
: x = v cos(θ)t
0
gx2
y = tg(θ)x − ( 1.29)
2v02 cos2 (θ)
Conforme mostra a figura acima, a altura máxima ym atingida pelo projétil corresponde ao instante tm em que
vy se anula, ou seja, pela ( 1.27),
v0 sen(θ)
tm = ( 1.30)
g
e o valor correspondente de y é dada pela ( 1.28):
Fazendo y = 0 na primeira das equações ( 1.28), obtemos uma equação do 2o grau em t , em que uma das
raízes é t = 0, correspondendo ao ponto de lançamento, e a outra é
2v sen(θ)
t = tA = = 2 tm , ( 1.32)
g
ou seja, é o dobro do tempo que leva para atingir a altura máxima, o que poderíamos ter inferido pela simetria
da trajetória com respeito a x = xm . Com que velocidade o projétil atinge o solo? Basta fazer t = tA na ( 1.27),
«
vy (tA ) = v0 sen(θ) − g tA = −v0 sen(θ)
⇒ −
→
v (tA ) = −
→
v 0 ( 1.33)
vx (tA ) = v0 cos(θ)
Logo, ao atingir o solo, a velocidade do projétil só difere da velocidade inicial pela inversão da componente
vertical, e tem o mesmo módulo. Como y = 0 é um plano arbitrário, o mesmo vale em qualquer plano horizontal
(y = constante ), ou seja, também se aplica às velocidades nos dois pontos P e Q em que a parábola corta um
dado plano horizontal.
A distância x = A entre o ponto de lançamento 0 e o ponto em que o projétil volta a passar pelo plano y = 0
chama-se alcance do projétil, e se obtém substituindo a equação ( 1.31) na segunda da equação ( 1.28):
2v0 sen(θ) v2
A = v0 cos(θ) = 0 sen(2θ), ( 1.35)
g g
em que usamos a relação trigonométrica: sen(2θ) = 2 sen(θ) cos(θ). Uma conseqüência imediata da equação (
1.35) é que o alcance é máximo quando o “ângulo de elevação” θ vale 45◦ .
ER 1. Dois automóveis viajam com velocidades médias de, respectivamente, 80km/h e 100km/h. O carro
mais veloz está no quilômetro 220, enquanto o outro está no quilômetro 210. Em que quilômetro, provavelmente
ocorreu a ultrapassagem?
(i) No instante de tempo inicial t0 , ocorreu a ultrapassagem. Logo os dois automóveis estavam no mesmo
∆x
quilômetro, assim x0 será a posição inicial ou a posição onde ocorreu a ultrapassagem, como vm = ,
∆t
assim, temos que encontrar uma relação que nos forneça a posição a partir desta equação. Para o
automóvel mais veloz, temos
xf − x0 220km − x0 km 220km − x0
vm = = = 100 ∆t = (1)
tf − t0 ∆t h km
100
h
para o automóvel menos veloz, temos
xf − x0 210km − x0 km 210km − x0
vm = = = 80 ∆t = (2)
tf − t0 ∆t h 80 km
h
(ii) Cálculo da posição onde ocorreu a ultrapassagem Substituindo a equação (1) na equação (2) e, logo
após, efetuando operações matemáticas apropriadas, ou seja,
Solução:
dv
(a) Como a questão pede a aceleração e sabendo que a = então basta derivarmos a velocidade e logo
dt
após substituir o tempo dado, ou seja,
dv (t ) d m m
4
m
3
a (t ) = = 6, 00 + 0, 20 3 [t (s )] = 0, 80 2 [t (s )]
dt dt s s s
m
Logo, para o instante t = 2 s , a aceleração será 6, 4
s2
dx (t )
(b) Sabemos que a velocidade é a primeira derivada da posição, ou seja v (t ) = , então para saber
dt
qual o deslocamento entre os instantes de tempo t1 e t2 , é necessário integrar a função horária da
velocidade tendo como limites de integração os tempos dados. Assim,
Z t =2s Z t =2s m
m
dx (t ) = 6, 00 + 0, 20 3 [t (s )]4 dt = x (2) − x (1) = ∆x (t ) = 7, 24m
t =1s t =1s s s
A
ER 3. Sendo t0 = 5, 00s , A = 2, 00m/s 3, v0 = −10, 00m/s e x0 = 50m, na equação x (t ) = x0 + v0 t + (t − t0 )3 ,
6
1 dx (t )
Solução: Para os valores dados acima, temos: x (t ) = 50 − 10t + (t − 5)3 . Como v (t ) = e
3 dt
d 2 x (t ) dv (t )
a(t ) = 2
= , temos v (t ) = −10 + (t − 5)2 e a(t ) = 2(t − 5). Seus gráficos são:
dt dt
v (t ) x (t )
a(t ) 15 20
10 10
10
5 5
t t 10 t
5 10 5 10
−5 −5 −10
−10 −10
−20
ER 4. Um canhão atira suas balas com velocidade inicial de módulo v0 . Portanto, seu raio de tiro (o alcance
v2
máximo de seus tiros), estando o canhão em terreno plano, e Rmáx. = 0 .
g
(a) Mostre que, para atirar em um alvo a distância R < Rmáx. , o operador do canhão pode optar por dois
ângulos θ0 .
(b) Calcule os dois valores de θ0 para o alvo à distância de 800m, supondo V0 = 100m/s .
Solução:
800
sen(2θ0 ) = = 0, 785
1019
Cujas soluções são, 2 · θ01 = 52◦ e 2 · θ02 = 128◦ , donde θ01 = 26◦ e θ02 = 64◦ .
Segundo Aristóteles, tanto para colocar um corpo em movimento como para mantê-lo em movimento é
necessária a ação de uma força. Isto parece concordar com nossa experiência imediata de que um objeto
deslizando sobre o solo, por exemplo, tende a parar se pararmos de empurrá-lo. Entretanto, um projétil como
uma pedra ou uma flecha continua em movimento depois de lançado. Aristóteles explicava isto afirmando que
o ar “empurrado para os lados” pelo projétil que se desloca para trás dele e produz a força que o impulsiona.
Logo, segundo Alistóte1es, se a força que atua sobre um corpo é nula, o corpo permanecerá sempre em
repouso.
Vejamos, agora, o que diz Galileu nos “Diálogos Sobre os Dois Principais Sistemas do Mundo”:
SALVIATE: Diga-me, agora: Suponhamos que se tenha uma superfície plana lisa como um espelho e feita de
um material duro como o aço. Ela não está horizontal, mas inclinada, e sobre ela foi colocada uma bola
perfeitamente esférica, de algum material duro e pesado, como o bronze. A seu ver, o que acontecerá
quando a soltarmos?
SIMPLÍCIO: Não acredito que permaneceria em repouso; pelo contrário, estou certo de que rolaria espon-
taneamente para baixo.
SALVIATE: E por quanto tempo a bola continuaria a rolar, e quão rapidamente? Lembre-se de que eu falei
de uma bola perfeitamente redonda e de uma superfície altamente polida , a fim de remover todos os
impedimentos externos e acidentais. Analogamente, não leve em consideração qualquer impedimento do
ar causado por sua resistência a penetração, nem qualquer outro obstáculo acidental, se houver.
SIMPLÍCIO: Compreendo perfeitamente e, em resposta a sua pergunta, digo que a bola continuaria a mover-
se indefinidamente, enquanto permanecesse sobre a superfície inclinada, e com um movimento continu-
amente acelerado ...
SALVIATE: Mas se quiséssemos que a bola se movesse para cima sobre a mesma superfície, acha que ela
subiria?
SIMPLÍCIO: Não espontaneamente; mas ela o faria se fosse puxada ou lançada para cima.
SALVIATE: E se fosse lançada com um certo impulso, qual seria seu movimento, e de que amplitude?
SIMPLÍCIO: O movimento seria constantemente freado e retardado, sendo contrario a tendência natural, e
duraria mais ou menos tempo conforme o impulso e a inclinação do plano fossem maiores ou menores.
SALVIATE: Muito bem, ate aqui você me explicou o movimento sobre dois planos diferentes. Num plano incli-
nado para baixo, o corpo move e desce espontaneamente e continua acelerando, e é preciso empregar
uma força para mantê-lo em repouso. Num plano inclinado para cima, é preciso uma força para lançar o
corpo ou mesmo mantê-lo parado, e o movimento impresso no corpo diminui continuamente ate cessar
de todo. Você diria ainda que, nos dois casos, surgem diferenças conforme a inclinação do plano seja
maior ou menor, de forma que um declive mais acentuado implica maior velocidade, ao passo que, num
aclive, um corpo lançado com uma dada força se move tanto mais longe quanto menor o aclive. Diga-me
agora o que aconteceria ao mesmo corpo móvel colocado sobre uma superfície sem nenhum aclive num
declive.
SIMPLÍCIO: Aqui, preciso pensar um instante sobre a resposta. Não havendo declive, não pode haver tendên-
cia natural ao movimento; e, não havendo aclive, não pode haver resistência ao movimento. Parece-me,
portanto, que o corpo deveria naturalmente permanecer em repouso. Mas eu me esqueci; faz pouco
tempo que Sag redo me deu a entender que isto e o que aconteceria.
SALVIATE: Mas, com que tipo de movimento? Seria continuamente acelerado, como no declive, ou continua-
mente retardado, como no aclive?
SIMPLÍCIO: Não posso ver nenhuma causa de aceleração, uma vez que não há aclive nem declive.
SALVIATE: Exatamente. Mas se não há razão para que o movimento da bola se retarde, ainda menos
há razão para que ele pare; por conseguinte, logo quanto tempo você acha que a bola continuaria se
movendo?
SIMPLÍCIO: Tao longe quanto a superfície se estendesse sem subir nem descer.
SALVIATE: Então, se este espaço fosse ilimitado, o movimento sobre ele seria também ilimitado? Ou seja,
perece curto?
SIMPLÍCIO: Parece-me que sim, desde que o corpo move e fosse feito de material durável. “Temos aqui
formulada pela primeira vez a lei da inércia: na situação ideal contemplada por Galileu, com uma es-
fera lançada sobre um plano horizontal perfeitamente polido (sem atrito), desprezando a resistência do
ar, o movimento não seria nem acelerado nem desacelerado: não havendo forças na direção horizontal,
teríamos um Movimento retilíneo Uniforme. Ao contrário do que dizia Aristóteles, não há necessidade de
forças para manter um movimento retilíneo uniforme: pelo contrário, uma aceleração nula (velocidade =
constante) esta necessariamente associada a ausência de força resultante sobre a partícula (F = 0). A
situação imaginada por Galileu é muito difícil de realizar na prática, na escala do laboratório. Podemos
pensar nela como um caso limite. Em circunstâncias em que procuramos minimizar o atrito, como na
patinação no gelo, um impulso adquirido tende a persistir durante muito tempo. Em demonstrações de
laboratório, costumam-se empregar discos de base bem polida, deslizando sobre uma camada de ar ou
de gás carbônico (proveniente da evaporação de gelo seco) que escapa através de orifícios, produzindo
um “colchão de gás” sobre o qual o disco flutua, tomando muito pequeno o efeito do atrito. Nessas
condições, podemos verificar aproximadamente a lei da inércia. Em seu monumental tratado “Os Princí-
pios Matemáticos da Filosofia Natural”, publicado em 1687, Newton fomulou três “Axiomas ou Leis do
Movimento”. A 1a Lei de Newton ou a Lei da Inércia:
“Todo corpo persiste em seu estado de repouso, ou de movimento retilíneo uniforme, a menos que seja
compelido a modificar esse estado pela ação de forças impressas sobre ele”.
Sabemos que a mesma força (medida em termos da distensão de uma mola), quando aplicada a corpos
diferentes, produz em geral acelerações diferentes. Logo, o coeficiente k mede uma propriedade do corpo, que
caracteriza sua resposta a força aplicada. Acelerar ou frear um carro requer uma força bem maior do que para
As figuras ao lado mostram uma série de experiências idealizadas que poderiam ser feitas com discos
−
→
deslizantes sobre uma camada de gás, para minimizar o atrito. Em (a), a força F , medida pela distensão de
uma mola, é aplicada ao disco D , que desliza com movimento retilíneo uniformemente acelerado de aceleração
−
→ −
→ −
→
a , na direção de F . Em (b) O disco D é o mesmo, mas a força aplicada é 2 · F , e verifica-se que a aceleração
de D é 2 · −
→
a . Logo, temos de fato proporcionalidade entre aceleração e força para um mesmo corpo D :
−
→
−
→ F
a = ( 1.36)
m
1 −
→
Em que o coeficiente de proporcionalidade é característico do disco D . Em (c), a força voltou a ser F , mas
m
empilhamos dois discos idênticos D e D ′ , e a aceleração caiu a metade. Comparando então as experiências (a)
e (c), vemos que, na equação ( 1.37), é preciso atribuir ao sistema de dois discos idênticos D e D ′ o coeficiente
1
de proporcionalidade , ou seja, que a “inércia” de dois objetos idênticos formando um objeto único é o dobro
2m
da de um deles. O “coeficiente de inércia” m mede portanto, nesse sentido, a “quantidade de matéria” do objeto.
−
→
Entretanto, repetindo experiências como (a) e (c) com objetos diferentes sujeitos a mesma força F , obteríamos
de forma mais geral,
−
→
F = m1 −
→a 1 = m2 −
→a2 ( 1.37)
−
→a2 m1
ou seja, −
→ = : as acelerações adquiridas por objetos diferentes submetidos a mesma força são inver-
a1 m2
samente proporcionais aos respectivos "coeficientes de inércia". Experiências deste tipo nos permitem inferir,
assim ,a 2a Lei de Newton
−
→
F = m− →a ( 1.38)
−
→
onde o “coeficiente de inércia” m associado a partícula sobre a qual age a força F chama-se massa inercial
−
→
dessa partícula. Utilizando uma mesma força padrão F , como na equação ( 1.37), podemos estabelecer
uma escala relativa de massas inerciais. Em lugar de escolher arbitrariamente uma “unidade de força”, é
mais conveniente escolher arbitrariamente uma unidade de massa inercial!. Em geral, omitiremos a palavra
“inercial”, falando simplesmente de “massa”. Veremos depois que se pode definir também a chamada ´´massa
gravitacional”.
A terceira Lei de Newton, também denominada Lei da ação e reação, estabelece uma importante relação
envolvendo a interação entre dois corpo. O enunciado original de Newton se traduz por:
A toda ação corresponde uma reação igual e contrária. Ou seja, as ações mútuas de dois corpos um sobre
o outro são sempre iguais e orientadas em sentidos opostos.
Pelo menos de modo qualitativo, a terceira Lei de é bastante intuitiva para as forças de contato. Quando
você tropeça em uma pedra e machuca o pé, a culpa é da terceira Lei: seu pé empurra a pedra para frente e
ela empurra seu pé para traz com a mesma intensidade. O passo inovador e audaz de Newton foi estabelecer
tal conceito também para as outras forças por exemplo para a gravitação.
As Leis de Newton podem ser aplicadas a uma gama muito grande de problemas na física, nas engenharias,
nas ciências biológicas entre outras. De maneira geral o raciocínio empregado nas aplicações a seguir, serve
como uma base para a resolução de futuros problemas, a seqüência de fazer o diagramas de força, analisar
todas as forças que atuam no corpo e logo após aplicar a segunda Lei de Newton é uma boa seqüência.
Devemos ressaltar que cada problema tem a sua complexidade e pode atrelar vários conhecimento Físicos e
matemáticos entre outros para a sua solução.
ER 5. Um caminhão descarrega volumes por uma rampa de roletes (o que corresponde, aproximadamente,
a um plano inclinado sem atrito). O ângulo da rampa é de θ em relação ao plano horizontal. Determine a
aceleração de um volume de carga de massa m, que escorrega pela rampa, e calcule a força normal da rampa
sobre ele.
−
→
Solução: São duas as forças sobre a carga, o peso −
→
w e a força normal F n . Como atuam ao longo de
retas diferentes, não podem ser soma nula, e então há uma força resultante não-nula que atua sobre a carga
e a acelera. A rampa obriga o corpo a deslizar sobre ela, portanto vamos adotar um sistema de coordenadas
vinculado à superfície do plano inclinado, como está na figura 14. A aceleração terá uma componente ax não-
nula. Observe que o peso − →
w é perpendicular ao plano horizontal e o eixo dos y negativos é perpendicular ao
plano inclinado. O ângulo entre o vetor −
→
w e o eixo dos y negativo é igual ao ângulo θ do plano inclinado.
y y
−
→
Fn
b b
w cos(θ) θ w sen(θ)
θ
−
→
w x x
8 X−
< →
P−
→ F = m−
→
a
(ii) Aplicar d F = m−
→
a à carga −
→
: F +w = ma
−
→ −
→
n
wx = w sen(θ) = mg sen(θ)
(iv) O peso tem componentes x e y não-nulas
wy = −w cos(θ) = −mg cos(θ)
60º 30º
w = mg
Solução: Como o quadro não está acelerado, a força resultante que atua sobre ele é nula. Então, a
−
→ −
→
soma das três forças, o peso e m · −
→
g , a tensão T e a tensão e T , deve ser nula.
1 2
y
(iii) Resolução de cada força nas respectivas componentes x e y . Chega-se a duas equações, com duas
−
→ −
→
incógnitas T 1 e T 2
X
F x = T1 cos(30) − T2 cos(60) = 0
X
F y = T1 sen(30) + T2 sen(60) − mg = 0
−
→ −
→
(iv) Resolução da equação da componente x , para ter T 2 em função de T 1
cos(30◦ ) √
T2 = T1 = T 1 3
cos(60◦ )
−
→
(v) Resolução da equação na componente y em T 1
√ 1
T1 sen(30◦ ) + T1 3 sen(60◦ ) − mg = 0 ⇒ T1 = mg = 4N
2
√
−
→ −
→ √ 3
(vi) Como o T 1 calculado chega-se a T 2 = 3T1 = mg = 6, 93N
2
Os conceitos de trabalho e de energia são importantes na física e também na vida cotidiana. Na física uma
força efetua trabalho quando age sobre um corpo, deslocando-o, e há uma componente da força na direção do
deslocamento. No caso de uma força constante, unidimensional, o trabalho é o produto do módulo da força pelo
módulo do deslocamento. Este conceito difere do que se usa diariamente. Quando um estudante se prepara
intensamente para um exame, o único trabalho que faz, segundo a física, é o de deslocar do lápis sobre o papel
ou o de virar as páginas de um livro.
O conceito de energia esta intimamente associado ao de trabalho. Quando um sistema faz trabalho sobre
outro há transferência de energia entre os dois. Por exemplo, quando você faz trabalho empurrando um balanço,
parte da energia química do seu organismo se transfere para 0 balanço e se manifesta como energia cinética do
movimento ou como energia potencial do sistema Terra-balanço. São muitas as espécies de energia. A energia
cinética esta associada ao movimento de um corpo. A energia potencial está associada a configuração de um
sistema, por exemplo, a distância entre dois corpos, como a Terra e um corpo qualquer. A energia térmica esta
associada ao movimento caótico das moléculas de um sistema e tem relação estreita com a temperatura do
sistema.
−
→
O trabalho W de uma força constante F cujo ponto de aplicação se desloca de ∆x é definido por
W = F cos(θ)x = Fx ∆x ( 1.39)
−
→
em que θ é o ângulo entre F e o eixo dos x, e ∆x é o deslocamento da força.
O trabalho é grandeza escalar que é positiva se ∆x e Fx tiverem sinais iguais e negativa se tiverem sinais
opostos. As dimensões do trabalho são as do produto das dimensões de uma força pela dimensão do deslo-
camento. A unidade SI de trabalho e de energia é o joule (J), igual ao produto do newton pelo metro:
Na física atômica e nuclear uma unidade conveniente de trabalho e de energia é o eletronvolt (eV ):
Há importante relação entre o trabalho efetuado sobre uma partícula e as velocidades inicial e final da
partícula. Seja Fx a resultante das forças que agem sobre uma partícula. A segunda Lei de Newton nos dá
Fx = m · a
Uma vez que o trabalho efetuado pela resultante das forças é igual ao trabalho total efetuado sobre a partícula,
Wtotal = Fx ∆x = max ∆x
Se a força for constante, a aceleração é constante e podemos relacionar a distância percorrida pela partícula
com as velocidades inicial vi e final vf . A equação do movimento uniformemente acelerado nos dá,
O trabalho total efetuado sobre uma partícula é igual à variação da energia cinética da partícula.
Consideramos até o presente momento força constante. Limitando-se ainda, ao movimento unidimensional,
consideremosagora o que acontece quando a força varia à medida que a partícula se desloca, ou seja, depende
da posição x ocupada pela partícula:
−
→
F = F (x )−
→ı ( 1.45)
em que F (x ) pode ser positivo ou negativo.
Num deslocamento muito pequeno ∆xi da partícula em torno de uma posição xi , tal que a força permaneça
praticamente constante, F (x ) ≈ F (xi ), o trabalho realizado pela força sobre a partícula é
Para calcular o trabalho realizado num deslocamento finito x0 → x1 , podemos decompô-lo em uma sucessão
de deslocamentos muito pequenos ∆xi , cada um dos quais aplicamos a equação ( 1.46), passando depois ao
limite em que ∆xi → 0:
X
Wx0 →x1 = lim F (xi )∆xi ( 1.47)
∆xi →0
i
em que a soma se estende de x0 até x1 . A equação ( 1.47) é igual a área sob a curva do gráfico de F (x ) em
função x , veja Figura 18, ou seja Z x1
Wx0 →x1 = F (x )dx ( 1.48)
x0
F (x )
∆xi
x0 xi x1 x
Exemplo 1.1. : Calcule o trabalho realizado pela força, descrita pela função F (x ) = ax 2 + bx 4 , sobre uma
partícula enquanto esta se desloca entre os pontos x1 e x2 .
1.6.1 Introdução
Consideramos que o movimento de um corpo no espaço pudesse ser completamente descrito por um vetor-
posição −→r . É claro que necessitamos de esquemas de abordagem capazes de contemplar situações mais
gerais que esta. Um corpo pode girar enquanto seu centro se move. Ou o movimento pode envolver mu-
danças na própria forma do corpo, como ocorre com uma nuvem cruzando o céu. É conveniente observar-se
inicialmente que a posição de um corpo cuja forma não se altera fica perfeitamente definida, uma vez dados o
vetor-posição de um ponto preestabelecido do corpo e a orientação deste no espaço. Corpos cuja forma não
se altera são denominados corpos rígidos. Não faremos hipóteses restritivas sobre a forma corpo. Nesse caso,
teremos que dividir o corpo em partes minúsculas e descrever o movimento das partes. Na linguagem mais
freqüente, o corpo não é mais denominado corpo, e, sim, sistema. Sistema é de fato um termo amplamente uti-
lizado na física e pode designar qualquer conjunto de entidades físicas que tenhamos distinguido para análise.
Um sistema pode ser constituído pelo Sol, seus planetas e demais objetos (sistema solar), por um par de bolas
de sinuca que se chocam ou, simplesmente, por uma pedra que se move sob o efeito da gravidade terrestre.
m1 m2 m1 m2 m1 m2
cm cm x cm
x x
x1 xcm x2 xcm x2 x1 = 0 xcm x2
x1
M · xcm = m1 x1 + m2 x2 ( 1.49)
Em que M = m1 + m2 é a massa total do sistema. No caso de duas partículas, o centro de massa está num
ponto entre as duas, sobre a reta que passa por elas. Se as massas forem iguais, o centro de massa está no
meio do segmento limitado pelas partículas, figura 19 a. Se as partículas tiverem massas desiguais, o entro de
massa está mais próximo da partícula de maior massa, figura 19 b. Se a origem for a posição de m1 , x2 será a
distância d entre as partículas, figura 19 c, e a abscissa do centro de massa é dada por
Mxcm = m1 x1 + m2 x2 = m1 (0) + m2 d
( 1.50)
m2
xcm = ·d
M
O vetor posição do centro de massa, −
→
r cm se define por
X
M−
→
r cm = mi −
→
ri
i
em que −
→
r cm = xcm −
→ + zcm −
ı + ycm −
→ →
κ.
Para determinar as coordenadas do centro de massa de um corpo contínuo, a soma da equação ( 1.50) é
substituída pela integral correspondente: Z
−
→
M r cm = − →
r dm ( 1.51)
Solução: A molécula de água tem um átomo de oxigênio e dois de hidrogênio, figura 21 abaixo.
y
mH = 1 u
104,5º
mO = 16 u
x
52,2º
9,6 nm mH = 1 u
O oxigênio tem 16 unidades unificadas de massa atômica (u ou u.m.a) e cada átomo de hidrogênio tem
a massa de 1 u . Os átomos de hidrogênio estão, cada qual, a distância média de 9, 6nm (= 9, 6 · 10−9 m)
do átomo de oxigênio e fazem entre si um ângulo de 104, 5◦. O cálculo fica simples se o átomo de oxigênio
estiver na origem e o eixo dos x for a bissetriz do ângulo entre os átomos de hidrogênio. Dada a simetria
da molécula, o centro de massa estará sobre o eixo dos x e os segmentos de reta definidos pelo átomo de
oxigênio e cada átomo de hidrogênio faz um ângulo de 52, 2◦ com este eixo.
(ii) Pela simetria da molécula, o centro de massa está sobre o eixo dos x : yC M = 0
mH xH 1 + mH xH 2 + m0 x0
xC M =
mH + mH + m0
(iv) Na origem está o átomo de oxigênio e a coordenada x deste átomo é nula. As coordenadas x dos
átomos de hidrogênio são calculadas pelo ângulo de 52, 2◦ com o eixo dos x , x0 = 0 e xH 1 = xH 2 =
9, 6nm cos(52, 2◦ ) = 5, 9nm.
(v) Com os valores das coordenadas x e das massas dos átomos calculamos xC M ,
O momento é uma grandeza vetorial que pode ser imaginada como medida do esforço necessário para levar
a partícula ao repouso. Por exemplo, um canhão pesado tem momento maior do que um carro leve quando
P
n P
v 2 + (· · ·) + mn −
v 1 + m2 −
v cm = m1 −
Pela M −
→ → → →
vn = mi −
→
v i, o mi vi é igual a massa total M multiplicada pelo
i i
vetor velocidade do centro de massa, o momento de um sistema de partículas é:
→ X −
−
P = mi →
v i = M−
→
v cm ( 1.54)
i
Porém, de acordo com a segunda lei de Newton, M −→a cm é igual à resultante das forças externas que atuam
sobre o sistema. Assim,
X− −
→
→ −
→ dP
F ext = F r es ,ext = ( 1.55)
i
dt
Quando a resultante das forças externas for nula, a taxa temporal de variação do momento do sistema é
nula e então este momento permanece constante, então a conservação do momento é:
→ X −
− −
→
P = mi →
v i = M−
→
v cm = constante ( F r es ,ext = 0) ( 1.56)
i
Se a resultante das forças externas que atuam sobre um sistema for nula o momento do sistema permanece
constante.
Esta é uma das mais importantes Leis da Física. Tem aplicação mais geral do que a Lei da Conservação
da Energia Mecânica, pois muitas vezes as forças internas entre as partículas não são conservativas. Isto é,
estas forças podem modificar a energia total do sistema embora não tenham efeito sobre o momento total do
sistema .
MECÂNICA CLÁSSICA
3.1 Oscilações
3.1.1 Introdução
Eventos periódicos regulares, como a sucessão dos dias e das noites e as fases da Lua, sempre foram uma
das formas encontradas pelo ser humano para medir o tempo. O primeiro avanço tecnológico na construção de
relógios surgiu com a descoberta da regularidade das oscilações do pêndulo simples. Criaram-se dispositivos
engenhosos movidos à corda para compensar a perda gradual de energia dessas oscilações. Mantendo con-
stante o tempo de cada oscilação, esses dispositivos possibilitam a construção de relógios de extraordinária
precisão.
Grandes estruturas como pontes ou estádios de futebol oscilam da mesma forma que, acreditam os físicos,
oscilam os átomos - esferas do esquema da figura ao lado, na estruturas cristalinas dos sólidos. Tipos de
movimentos:
(a) periódico é o movimento que se repete à intervalos de tempo iguais. Período (T ) é o tempo necessário
para que uma partícula móvel percorra uma vez a trajetória fechada, sua unidade é o segundo (s );
(c)oscilatório ou vibratório é o movimento periódico onde uma partícula se move para frente e para trás na
mesma trajetória.
Desde Galileu e Huygens, os físicos estudam o movimento oscilatório. Esse estudo possibilitou a de-
scrição e compreensão de inúmeros fenômenos da natureza e deu à Física novas ferramentas matemáticas
que tornaram possível a construção de novos modelos teóricos. Conta-se que Galileu, quando cursava o
primeiro ano de medicina na Universidade de Pisa, teria observado que as oscilações do lustre da catedral
daquela cidade tinha o mesmo período para qualquer amplitude. Mais tarde, Galileu refez essas observações
experimentalmente e sugeriu a utilização do pêndulo como dispositivo controlador do tempo na construção de
relógios mecânicos. No entanto, foi o matemático, físico e astrônomo alemão Christian Huygens (1629 − 1695)
quem inventou o relógio de pêndulo, em 1656, apresentando uma descrição detalhada do seu mecanismo na
sua obra Horologium, publicada em 1658.
O movimento de um a partícula num sistema complexo, tal como um átomo numa molécula que vibra, ficará
mais fácil de ser analisado se considerarmos o movimento como superposição de oscilações harmônicas, que
podem ser descritas em termos das funções seno e cosseno. Qualquer sistema físico deslocado da sua posição
de equilíbrio faz surgir uma força restauradora, que faz com que o equilíbrio seja retornado. Para descrever
um determinado sistema real, os físicos utilizam modelos e situações ideais, que em primeira aproximação
descreve o observável. As situações ideais são aquelas que ao há dissipação (forças de atrito), já as situações
reais há dissipação.
F = −kx , ( 3.57)
em que k é a constante de força, uma medida da rigidez da mola e mede-se em N /m. A equação ( 3.57) é válida
tanto para x negativo como positivo. Suponha, agora, que o corpo seja deslocado para a direita, a distância A,
como a figura acima e, depois, largado. O corpo sofrerá a ação de uma força restauradora exercida pela mola
e dirigida para a posição de equilíbrio, O . Ele, então, é acelerado na direção desta força, movendo-se para o
centro com velocidade crescente. A aceleração, entretanto, não é constante, pois a força diminui à medida que
o corpo se aproxima do centro.
Quando o corpo atinge a posição O , a força restauradora se anula mas, devido à velocidade que adquiriu, o
corpo ultrapassa a posição de equilíbrio e segue para a esquerda. Assim que ultrapassa a posição de equilíbrio,
a força restauradora entra novamente em ação, dirigida agora para a direita. O corpo é, então, retardado e sua
desaceleração cresce à medida que aumenta sua distância ao centro, assim, ele é levado ao repouso em um
ponto à esquerda de O , repetindo o movimento no sentido oposto. O movimento se limita a uma região ±A em
torno da posição de equilíbrio, O , e que cada movimento de vaivém se realiza no mesmo intervalo de tempo.
Se não houvesse perda de energia por atrito, o movimento, uma vez iniciado, continuaria indefinidamente.
Tal movimento, causado pela ação de uma força restauradora elástica sem atrito, é denominado movimento
harmônico simples, abreviado como MHS . Uma vibração completa ou ciclo complexo significa o percurso de
ida e volta, como de a a b e de volta a a, ou de O para b , depois para a e volta para O . O período do movimento,
representado pot τ ou T , é o tempo necessário para uma vibração completa. Freqüência, f , é o número de
1
vibrações completas por unidade de tempo. É o inverso do período, ou seja T = . A unidade de freqüência,
f
34 FTC EaD | LICENCIATURA EM MATEMÁTICA
no SI , um ciclo por segundo, é chamada hertz (1Hz = 1s −1 ). A amplitude, A, é deslocamento máximo do
equilíbrio. Assim, o intervalo aonde o corpo se movimenta é 2A.
⋄ Sempre que a aceleração de um corpo for proporcional ao seu deslocamento e tiver sentido oposto à do
deslocamento, o corpo se moverá com movimento harmônico simples.
⋄ Uma vez que a aceleração é proporcional à resultante das forças, sempre que esta resultante for propor-
cional ao deslocamento, o movimento do corpo será harmônico simples.
Solução Matemática
A solução geral de uma equação diferencial ordinária (E.D.O) de 2a ordem depende de duas constantes
arbitrárias. A equação diferencial linear de 2a ordem mais geral é da seguinte forma
d 2x dx
A 2
+B + C = F, ( 3.59)
dt dt
em que A, B , C e F não dependem de x , mas poderiam. Em geral, dependem de t . Na equação ( 3.58),
esses coeficientes são constantes. Além disso, a equação ( 3.58) é uma equação homogênea, ou seja, F = 0.
Qualquer equação diferencial linear de 2a ordem homogênea tem as seguintes propriedades fundamentais,
cuja verificação é imediata:
3.1 Observação. : Estes resultados não seriam válidos para equações não-lineares. Por exemplo, se o
segundo membro da equação ( 3.58) fosse proporcional a x 2 em lugar de x . Procure verificar este resultado.
x (t ) = a · x1 (t ) + b · x2 (t ) ( 3.60)
Este resultado é uma forma do princípio de superposição. Resultados análogos valem para equações diferenci-
ais lineares de ordem qualquer. Se x1 (t ) e x2 (t ) são duas soluções independentes, ou seja, se x2 (t ) não é múlti-
pla de x1 (t ), a equação ( 3.60) é a solução geral, pois depende de duas constantes arbitrárias a e b. O que ocor-
reria se x2 (t ) fosse múltipla de x1 (t )? Se x2 (t ) = c · x1 (t ) a equação ( 3.60) ficaria x (t ) = (a + b · c )· x1 (t ) = dx1 (t ),
ou seja, só teríamos uma constante efetivamente ajustável. Sendo o movimento oscilatório, podemos consid-
erar solução do tipo sen(ω t ), cos(ω t ), em que ω é uma constate a ser ajustada, para a equação ( 3.58).
Sabendo que ¨
x1 (t ) = a · cos (ω t )
( 3.61)
x2 (t ) = b · sen (ω t ) ,
d2
temos que [x1 (t )] = −ω 2 · x1 (t ), de fato:
dt 2
d2 d dx1 (t ) d
[x1 (t )] = = −ω 2 · x1 (t ) = [−a · ω · sen(ω t )] = −a · ω 2 · cos(ω t ) = −ω 2 · x1 (t )
dt 2 dt dt dt
Em que ω é uma constante e x1 (t ) é a função horária do deslocamento da partícula. Assim, x1 (t ) e são soluções
da equação do movimento do oscilador harmônico simples (O .H .S .).
d2
Faça o mesmo para [x2 (t )].
dt 2
Substituindo a equação ( 3.61) na equação ( 3.60) obtemos a forma geral das oscilações livres do oscilador
harmônico,
x (t ) = a · cos(ω t ) + b · sen(ω t ). ( 3.62)
Se introduzirmos duas constantes arbitrárias na equação ( 3.61), poderemos escrever de outra forma a equação
( 3.62), logo x (t ) = A · cos (ω t + ϕ) e sendo cos (ω t + ϕ) = cos (ω t ) · cos (ϕ) − sen (ω t ) · sen (ϕ) então
ϕ ainda não tem significado físico, permite uma superposição de senos e cossenos. A equação (??), o deter-
mina ϕ a menos de um múltiplo de 2π ou seja, de forma consistente com a equação ( 3.62), em que ϕ só é
definida a menos de um múltiplo de 2π.
O deslocamento da partícula (ou móvel) desde a origem é dado como uma função do tempo por
x (t ) = A · cos (ω · t + ϕ) , ( 3.64)
π
em que A, ω e ϕ são constantes. Veja que cos(ω · t + ϕ) = sen ω · t + ϕ + . Assim, adotar a função seno
2
ou a função cosseno depende simplesmente da fase da oscilação no instante escolhido como t = 0. A função
cosseno na equação ( 3.64) varia entre os limites ±1, logo o deslocamento x (t ) varia entre os limites ±A. Assim,
A = |x (t )|max é a amplitude do oscilador. A é uma constante positiva que depende de como o movimento foi
iniciado. A quantidade que varia com o tempo, o argumento, (ω t + ϕ) na equação ( 3.64) é denominada fase do
movimento e a constante ϕ é chamada fase inicial (ou ângulo de fase). O valor de ϕ depende do deslocamento
A função cosseno se repete, pela primeira vez quando seu argumento (a fase) aumenta de 2π radianos, de
forma que devemos ter, na equação ( 3.65)
ω · (t + T ) = ω · t + 2π ou ω · T = 2π. ( 3.66)
1
Como υ = , temos:
T
ω
, υ= ( 3.67)
2π
em que υ é a freqüência de oscilação e se mede em ciclos por segundo ou Hetz (Hz ). A quantidade ω é
chamada freqüência angular do movimento, sua unidade no SI é o radiano por segundo. Para ser consistente
ϕ deve estar em radianos. Para um dado oscilador ω é comum a todos os movimentos permitidos,
r
k x ϕ=0
ω= . ( 3.68) A
π
m 2
Porém, A e ϕ são determinados para um movimento harmônico π 3π π
t
4 4
articular, pelo modo como ele começa. A figura ao lado mostra −A
A primeira derivada da equação ( 3.64) nos fornece a velocidade, e a segunda derivada, a aceleração, ou
seja
d
[x (t )] = v (t ) = ẋ (t ) = −A · ω · sen(ω · t + ϕ) ( 3.70)
dt
d2 d
[x (t )] = [v (t )] = ẍ (t ) = −A · ω 2 · cos (ω · t + ϕ) ( 3.71)
dt 2 dt
Sendo dadas as seguintes condições de contorno para t = 0,
x (0) = x0 ( 3.72)
d
[x (0)] = ẋ0 ( 3.73)
dt
Substituindo a equação ( 3.73) e a equação ( 3.73) nas equações ( 3.64) e ( 3.71), obtemos,
1
2
ẋ0 2
A = x02 + , ( 3.76)
ω
ou seja, a amplitude depende das condições iniciais. Podemos também encontrar uma relação para a fase
inicial em função da posição. Devemos considerar a mesma condição inicial anterior, ou seja, t = 0. Pela
equação ( 3.75) encontramos
x
0
ϕ = arccos ( 3.77)
A
Para fazer uma análise gráfica do deslocamento, velocidade e aceleração e para simplificar os cálculos deve-
mos considerar ϕ = 0 nas equações ( 3.64), ( 3.73) e ( 3.75), então ficamos com,
8
>
< x (t ) = A · cos (ω · t )
ẋ (t ) = −A · ω · sen(ω · t ) ( 3.78)
>
:
ẍ (t ) = −A · ω 2 · cos(ω · t )
+xm
máximo, em qualquer sentido, a velocidade é nula porque ela deve
mudar de sentido e a aceleração é negativa. Porém, a velocidade
t
tem valor máximo quando corpo passa pela origem e é negativa −xm
quando o corpo desloca-se para a posição de equilíbrio. A aceler- T
v
ação nesse instante tal como a força restauradora, tem valor máx-
Velocidade
+ω xm
imo, mas seu sentido é oposto ao do deslocamento. O período T
marca uma oscilação completa. Observe, ainda, o deslocamento t
−ω xm
relativo (ou diferença de fase) entre as curvas.
T a
Depois de um quarto de período t = , o corpo está em
Aceleração
2
4 ω xm
equilíbrio, sua posição e aceleração são nulas, mas a velocidade
T
tem valor máximo. Em t = , o deslocamento é −A, a velocidade t
2 −ω 2 xm
é novamente nula e a aceleração é máxima.
Consideremos uma partícula de massa m que se move em uma dimensão sob ação de uma força con-
servativa F (x ) associada à energia potencial U (x ). A partir do gráfico de U (x ), é possível dar uma discussão
qualitativa bastante detalhada dos aspectos mais importantes do movimento, qualquer que seja a forma de
U (x ), mesmo em casos onde seria difícil obter soluções explícitas. Se conhecermos a energia potencial em
função da posição, podemos calcular a força, pois a força é igual à derivada negativa da energia potencial em
relação à posição, ou seja
d
F (x ) = − [U (x )] ( 3.79)
dx
38 FTC EaD | LICENCIATURA EM MATEMÁTICA
A figura ao lado ilustra as correlações exis- y
tentes entre os gráficos da energia poten- Equilíbrio
cial e da força. F (x ) > 0, dirigida para a U (x ) Instável
A magnitude da força é maior em x1 do que em x2 , ou seja, a magnitude da força é maior nos pontos em
que é mais abrupta a variação da energia potencial |∆U | é maior para o mesmo |∆x |. Pontos onde F (x ) = 0
chamam-se pontos de equilíbrio, e podem ser de vários tipos. Nesses pontos, o gráfico de U (x ) tem tangente
horizontal. Se observarmos um determinado ponto específico e, neste ponto, deslocarmos a partícula tanto
para a direita, F (x ) positiva, quanto para a esquerda, F (x ) negativa, isto indica que a força tende a fazer a
partícula voltar à posição original, ou seja, para o ponto em estudo, logo este ponto é uma posição de equilíbrio
estável.
Caso as forças resultantes tendem a afastar ainda mais a partícula da posição em estudo, dizemos que esta
posição é de equilíbrio instável, qualquer desvio dessa posição, por menor que seja, faz com que a partícula
a abandone. Sendo um ponto no qual o potencial é constante, isto indica que a força é nula na vizinhança
desse ponto, caso desloquemos a partícula na vizinhança deste ponto ela permanecerá ela permanecerá
na nova posição, ou seja, nem aparecerão forças restauradoras tendendo a fazê-la voltar, nem forças que
tendam a afastá-la ainda mais. Neste caso, dizemos que esta posição em estudo é uma posição de equilíbrio
indiferente. Note que o gráfico de F (x ) na vizinhança de uma posição de equilíbrio estável, é aproximadamente
linear no deslocamento da posição de equilíbrio, ou seja, a força restauradora obedece aproximadamente à
Lei de Hooke, compare o segmento AB com um gráfico de F (x ). Desta forma, a Lei de Hooke representa
aproximadamente a lei de forças na vizinhança de F (x ) = −kx qualquer posição de equilíbrio estável, o que é
uma das principais razões de sua importância.
Quando um corpo efetua movimento harmônico simples, as energias potencial e cinética variam com o
tempo. A energia total do sistema em movimento é uma constante, ou seja,
Etotal ≡ E = U + EC ( 3.80)
A energia potencial para um corpo a uma distância x da posição de equilíbrio, sob a ação de uma força restau-
radora F (x ), é
1
U (x ) = · k · x 2 ( 3.81)
2
No caso do M.H.S. (movimento harmônico simples), substituímos a equação ( 3.64) na equação ( 3.81), assim
a energia potencial no M .H .S . é
1
U (t ) = · k · A2 cos2 (ω · t + ϕ) ( 3.82)
2
A energia cinética de qualquer corpo em movimento é dada por
1
Ec = · m · v 2, ( 3.83)
2
em que m é a massa do corpo e v a sua velocidade. Se substituirmos a equação ( 3.71) na equação ( 3.84),
obtemos a energia cinética para o M.H.S., assim
1
Ec = · m · ω 2 · A2 · sen2 (ω · t + ϕ) ( 3.84)
2
0 τ t 0 τ t
−A −ω A
Em instantes intermediários, as contribuições à energia oscilam entre esses dois extremos. As curvas
E
de EC (t ) e U (t ) na figura ao lado são simétricas em torno de , têm a mesma área acima e abaixo dessa
2
ordenada. A energia cinética média por período é igual à energia potencial média por período, valendo, portanto
metade da energia total. Matematicamente, temos que o valor médio de uma função f (t ) num intervalo 0 ≤ t ≤
T é definida por
Z
1 T
f = f (t ) dt . ( 3.86)
T 0
Se subdividirmos o intervalo em N partes iguais, é fácil ver que f é o limite da média aritmética de f nos
pontos de subdivisão quando N → ∞. Decorre, imediatamente, desta definição, que
f (t ) − f = 0 ( 3.87)
A equação ( 3.89) também dá a velocidade instantânea em função de x , em que o sinal depende da porção
do ciclo de oscilação considerada. Matematicamente, temos (ver figura anterior)
d p
v= x (t ) = ±ω · A2 − x 2 ( 3.89)
dt
ER 7. Uma mola está presa com na Figura (2). Com uma balança de molas presa à extremidade livre,
determina-se que a força é proporcional ao deslocamento, sendo necessário uma força de 4N para um deslo-
camento de 0, 02m. Prende-se um corpo de 2kg na extremidade, puxa-se 0, 04m e larga-se. (a) Achar a
Solução:
F 4N N
(a) k = = = 200
x 0, 02m m
(b) É
É
m 2kg π
T = 2π = 2π −1
= s = 0, 628s
k 200Nm 5
1 5 −1
f = = s = 1, 59s −1 = 1, 59Hz
T π
É
k
ω = 2π f = = 10s −1
m
(c) A velocidade máxima ocorre na posição de equilíbrio, onde a coordenada é zero. Como
p
v = ±ω A2 − x 2 ,
m
vmax = ±(10s −1) · (0, 04m) = ±0, 4
s
k
(d) Da equação ( 3.58), a = − x = −ω 2 x . A aceleração máxima ocorre nas extremidades da trajetória,
m
onde x = ±A. Então,
m
αmax = ∓(ω 2 )A = ∓(10s −1 )2 (0, 04m) = ∓4, 0
s2
(e)
A
x= = 0, 02m
2
√
−1
È 2 2 2 3 m
v = − 10s (0, 04m) − (0, 02m) = − ms −1 = −0346
10 s
2
a = −ω 2 x = − 10s −1 (0, 02m) = −2, 0 sm2
A 1 1 π π
(f) = A cos(10s −1 )t ⇒ cos(10s −1 )t = ⇒ 10s −1 t = arccos ⇒ 10s −1 t = ⇒t= s
2 2 2 3 30
ER 8. O sistema do exercício 1 tem um deslocamento inicial de 5cm e uma velocidade inicial de 2(m · s −1 ).
Achar a amplitude, a fase e a energia total do movimento e escrever uma equação para a posição em função
do tempo.
2 12
ẋ0
Solução: Da ( 3.75) A = x02 + , temos:
ω
2 12
2 2ms −1
A = (0, 05m) + = 0, 206m
10s −1
1
E= (200N · m−1 )(0, 206m)2 = 4, 25J .
2
1 k 1 1
E = mv + = (2kg )(2m · s −1 )2 + (200N · m−1 ) · (0, 05m)2 = 4, 25J
2 x 2 2
Pêndulo Simples
Um corpo, deslocado de sua posição de equilíbrio, passa a oscilar. Esse movimento não é harmônico
simples, pois a trajetória do corpo oscilante não é retilínea. No entanto, se o corpo for deslocado de maneira
que o fio forme ângulos pequenos com a vertical, θ < 5◦ , a trajetória do pêndulo será, aproximadamente,
retilínea e o movimento poderá ser considerado harmônico simples.
Equação de Movimento
A componente tangencial de m · − →
g constitui a força restauradora que atua em m e que faz o corpo voltar à
posição de equilíbrio. Para o movimento ser harmônico simples, a força tem que ser proporcional ao desloca-
mento e não a sen(θ). Utilizando a forma matemática da 2a Lei de Newton, temos para a força restauradora
d2
m· (S ) = −m · g · sen(θ) ( 3.90)
dt 2
42 FTC EaD | LICENCIATURA EM MATEMÁTICA
em que S é a medida do arco entre uma das posições ±A e a posição do equilíbrio. Logo,
d2 g
(θ) = − sen(θ), ( 3.91)
dt 2 l
sendo sen(θ) a variável independente. Para determinarmos a equação do movimento, será necessário expandir
a função sen(θ) em séries de potências de θ. A série de potências da função seno é:
θ3 θ5 θ7
sen(θ) = θ − + − + ... ( 3.92)
3! 5! 7!
y
Para valores 0 ≤ θ < 20◦ , são boas as aproxi-
mações entre os valores reais das funções sen(θ),
tg(θ)
tg(θ), θ, e um truncamento da série de potências
θ
(infinitos termos desprezados). Como o sistema
sen(θ)
em estudo oscila em pequenas amplitudes e a Lei
de Hooke só vale para a função da posição linear,
podemos, ainda, desprezar os termos de pequena
ordem. Assim, sen(θ) ∼ = θ. Observe o gráfico ao 0 10◦ 20◦ 30◦ 40◦ 50◦ 60◦ 70◦ 80◦ 90◦ θ (graus)
0, 2 0, 4 0, 6 0, 8 1, 0 1, 2 1, 4 1, 6 θ (radianos)
lado para tg(θ) , sen(θ) e θ, para pequenos ângu-
los. Veja, também, a tabela abaixo.
d2 g
(θ) = − · θ
dt 2 l
mg
Comparando a equação ( 3.60) com a equação (??) observamos que ≡ k . Desta maneira, o período para
l
pequenas oscilações torna-se
Ê
l
T = 2π ·
g
O fato de que é independente da amplitude de oscilação (desde que esta permaneça pequena) constitui
o isocronismo das pequenas oscilações do pêndulo, descoberto por Galileu, que comparou as oscilações
de um candelabro da Catedral de Pisa com o ritmo de seu pulso, ou seja, que o período das oscilações
permanecia o mesmo, embora a sua amplitude fosse diminuindo. Galileu, naquela época, tinha 17 anos e era
estudante de medicina, aplicou logo esse resultado em sentido inverso, construindo um “pulsômetro”, pêndulo
de comprimento padrão destinado a tomar o pulso do paciente em hospitais. Quando a amplitude de oscilação
de um pêndulo simples é muito grande, o movimento continua a ser periódico, mas não é harmônico simples.
O período desse movimento depende da amplitude. Se a amplitude angular for ϕ0 , a expressão do período é
2
1 1 1 3 1
T = T0 · 1 + sen2 ϕ0 + 2 sen4 ϕ0 + . . .
22 2 2 4 2
r
L
em que T0 = 2π · é o período para amplitudes muito pequenas.
g
As oscilações harmônicas simples ocorrem em sistemas conservativos, situação ideal, não há nenhuma
força de atrito atuando no oscilador. Na prática, sempre existe dissipação de energia, situação real, ou seja,
forças de atrito atuam no oscilador. No caso de um pêndulo, as oscilações se amortecem devido à resistência
do ar, além do atrito no suporte. As oscilações de um líquido num tubo em U se amortecem devido à vis-
cosidade do líquido. As vibrações de um diapasão produzem um som audível porque são comunicadas ao ar,
gerando ondas sonoras. A energia utilizada para isto provém do oscilador, dando origem a amortecimento por
emissão de radiação sonora. Se o amortecimento for pequeno, o sistema oscila com uma amplitude que diminui
lentamente como tempo. A amplitude e a energia, que é proporcional ao quadrado da amplitude, diminuem por
uma percentagem constante num certo intervalo de tempo.
Oscilador Amortecido
A figura ao lado representa um oscilador amortecido, o movimento é amortecido pelo efeito do líquido
sobre o mergulhador. O módulo da força de atrito depende geralmente da velocidade, em muitos casos ela é
proporcional à velocidade do corpo, embora de sentido oposto. A força exercida sobre um oscilador amortecido,
como a figura ao lado, pode ser expressa por uma expressão empírica, assim como a resistência de um fluido,
como o ar, ao deslocamento de um obstáculo, é proporcional à velocidade para velocidades suficientemente
pequenas, o que se aplicam as pequenas oscilações.
Iremos considerar uma força de amortecimento proporcional à velocidade. Para um oscilador unidimen-
sional, como o oscilador massa mola descrito pela equação de movimento obedecendo a Lei de Hooke, a
resistência dá origem a um termo adicional:
m · ẍ = −k · x − ρ · ẋ , ρ > 0, ( 3.93)
em que −ρ · ẋ representa a resistência dissipativa, que atua em sentido oposto à velocidade, ρ > 0. Dividindo
por m ambos os membros da equação ( 3.93), obtemos
ẍ + γ · ẋ + ω02 · x = 0, ( 3.94)
k ρ
em que ω02 = , γ = > 0. A equação ( 3.94) é uma equação diferencial linear homogênea de 2a ordem com
m m
coeficientes constantes, de modo que podemos procurar uma solução, usando notação complexa, da forma
Z (t ) = e pt ,
r
2 γ γ2
o que leva à equação característica p + γ · p + ω02 = 0, cujas as raízes são p = − ± − ω02 .
2 4
γ
Se < ω0 , dizemos que o amortecimento é subcrítico. Neste caso temos a raiz quadrada de um número
2
γ
negativo, podemos, então, reescrever esta equação na forma p = − ± i · ω, em que é a freqüência com
2
amortecimento.
Para satisfazer às condições iniciais, precisamos de uma solução com duas constantes reais arbitrárias.
Após efetuarmos alguns cálculos e ajustarmos as condições iniciais encontramos a solução para a equação
γ
diferencial, equação ( 3.94), assim x (t ) = A · e − 2 t · cos(ω · t + ϕ). A grande vantagem da notação complexa é a
unificação entre as funções trigonométricas e a função exponencial.
γ
(a) Amortecimento subcrítico ou oscilador subamortecido ( < ω0 ):
2
O amortecimento subcrítico é o caso mais importante. Neste caso, a solução é dada pela E q .(76). O
gráfico de x (t ) está representado na figura ao lado. Vemos que representa efetivamente uma oscilação
γ
amortecida. Para o caso de amortecimento fraco, γ << ω0 , o fator A · e − 2 t pode ser considerado
γ
como amplitude de oscilação lentamente variável, e as curvas exponencialmente decrescentes ±A · e − 2 t
definem a envoltória das oscilações, em linhas interrompidas na figura ao lado. Embora as oscilações não
2π
sejam mais periódicas, continuaremos chamando de “período” o intervalo τ = . Observando o gráfico
ω
o que ocorre quando o período aumenta? Por que isto ocorre?
⋄ Balanço de energia
A energia mecânica do oscilador no instante t é dada pela soma da energia cinética de translação e a en-
ergia potencial elástica, no caso em estudo a energia mecânica não é mais conservada pois a dissipação
converte-a em outras formas de energia. A taxa de variação temporal de E (t ) é
dE
= m · ẋ · ẍ + k · x · ẋ = ẋ · (m · ẍ + k · x )
dt
ou seja, pelas equações ( 3.93) e Eq.(71),
dE
= −ρ · ẋ 2 = −m · γ · ẋ 2
dt
Logo, a taxa instantânea de dissipação da energia mecânica do oscilador é igual ao produto da força de
resistência −ρ · ẋ pela velocidade ẋ , sendo portanto proporcional ao quadrado da velocidade instantânea.
Note que a E q .(78) é sempre menor ou igual a zero, anulando-se nos instantes em que a velocidade se
anula, e acompanhando a oscilação de ẋ 2 durante cada período. Substituindo a E q .(76) e sua derivada
na equação da energia mecânica do oscilador ficamos com,
2 3
γ2
6 ω02 + · cos2 (ω t + ϕ) + ω 2 sen2 (ω t + ϕ) + ω 2 sen2 (ω t + ϕ) + 7
1 6 4 7
E (t ) = m · A2 · e −γ t ·6 γ 7
2 4 ω · 2 sen (ω t + ϕ) cos (ω t + ϕ) 5
2 | {z }
sen[2(ω t +ϕ)]
Para amortecimento fraco, γ << ω0 , o fator e −γ t na E q .(79) varia muito pouco durante um período de
oscilação, ou mesmo durante vários períodos, nos interessa calcular o valor médio da energia instantânea
E (t ) durante um período. Os cálculos são iguais ao que já fizemos anteriormente para calcular a energia
do movimento harmônico simples.
A demonstração gráfica se encontra nas figuras ao lado, tomando-se ϕ = 0. As áreas das curvas situ-
adas acima e abaixo do valor médio, hachuradas nas figuras, são iguais. É fácil dar, também, uma
1 1
demonstração analítica, usando as identidades cos2 (x ) = (1 + cos(2x )), sen2 (x ) = (1 − cos(2x )), as
2 2
integrais 8 Z
> sen (2ω · t ′ + ϕ)
< cos (2ω · t ′ + ϕ) dt ′ =
2ω
Z
>
: cos (2ω · t ′ + ϕ)
sen (2ω · t ′ + ϕ) dt ′ = −
2ω
e a periodicidade das funções trigonométricas. Também já utilizamos estes resultados para obter a
1
E q .(39). A energia média do oscilador é dada por E (t ) = m · ω02 · A2 · e −γ t = E (0) · e −γ t , (γ << ω0 ), para
2
amortecimento fraco, a energia do oscilador decai exponencialmente com o tempo.
z (t ) = a · e p+t + b · e p−t
x (t ) = a · e −( 2 −β )·t + b · e −( 2 +β )·t
γ γ
é sempre a soma de duas exponenciais decrescentes. De qualquer forma, o movimento não é mais
periódico, prevalecendo o amortecimento. Observa-se que o sistema não apresenta oscilações. Uma
vez colocado fora do equilíbrio, ele decai para este em um processo descrito por duas exponenciais. A
primeira dela acarreta um decaimento lento e a outra um decaimento mais rápido.
γ
(c) Amortecimento crítico ou oscilador crítico = ω0 :
2
Neste caso, as duas freqüência próprias do sistema são iguais e portanto o esquema até aqui utilizado
γ
só fornece uma solução para a equação de movimento, a qual tem forma x1 (t ) = a · e − 2 t . Entretanto,
γ
verifica-se que, neste caso, a função x2 (t ) = b · t · e − 2 t também é solução. Portanto, a solução geral é
agora dada por
γ
x (t ) = e − 2 t (a + bt )
Na figura abaixo, comparamos o comportamento temporal dos amortecimentos crítico, sub crítico e su-
percrítico para a condição x0 = xm e v0 = 0. Note que o amortecimento crítico é o que mais rapidamente
decai com o tempo, ou seja é o que mais rapidamente chega ao equilíbrio.
Oscilações Forçadas
Nas oscilações livres, o oscilador recebe uma certa energia inicial através de seu deslocamento e velocidade
iniciais e depois é solto, evoluindo livremente. O período de oscilação é determinado pela própria natureza do
oscilador, ou seja, por sua inércia e pelas forças restauradoras que atuam sobre ele. A oscilação é amortecida
pelas forças dissipativas atuantes, ou no caso limite em que as desprezamos, persiste indefinidamente.
Para manter as oscilações num sistema amortecido é preciso injetar energia no sistema. Diz-se, então, que
o sistema está sendo forçado ou excitado. Iremos estudar o efeito produzido sobre o oscilador por uma força
externa periódica. O período desta força não coincidirá em geral com o período próprio do oscilador, de modo
que as oscilações por ela produzidas chama-se oscilações forçadas. A força externa supre continuamente
energia ao oscilador, compensando a dissipação. Alguns exemplos de oscilações forçadas são: as oscilações
do diafragma de um microfone ou tímpano de nosso ouvido sob a ação das ondas sonoras, as oscilações de
uma pessoa sentada num balanço sob ação de empurrões periódicos, as oscilações elétricas produzidas num
circuito detector de rádio ou televisão sob o efeito do sinal eletromagnético captado, as oscilações dos elétrons
m · ẍ = −k · x − ρ · ẋ + F (t ) ( 3.95)
x (t ) = A · cos (ω t + ϕ1 + β)
E 2π ω0
ou seja, Q = 2π · = = , que é, >> 1 (muito maior do que 1), pela hipótese do amortecimento fraco.
∆E γ·τ γ
Quanto maior o fator de qualidade, mais intensa e mais fina é a ressonância.
3.2 Ondas
Introdução a Ondas
O estudo de fenômenos ondulatórios está ligado a alguns dos conceitos mais importantes da Física. Um
dos mais fundamentais é o próprio conceito do que é uma onda. Na experiência quotidiana, as ondas mais
familiares são provavelmente as ondas na superfície da água, embora constituam um dos tipos mais complica-
dos de onda. Num sentido mais amplo, uma onda é qualquer sinal que se transmite de um ponto a outro de
um meio com velocidade definida. Em geral, fala-se de onda quando a transmissão do sinal entre dois pontos
distantes ocorre sem que haja transporte direto de matéria de um desses pontos ao outro. Uma onda em física
é uma perturbação oscilante de alguma grandeza física no espaço e periódica no tempo. A oscilação espacial
é caracterizada pelo comprimento de onda e a periodicidade no tempo é medida pela freqüência da onda, que
é o inverso do seu período. Estas duas grandezas estão relacionadas pela velocidade de propagação da onda.
Fisicamente, uma onda é um pulso energético que se propaga (colocar referência e no rodapé colocar: A
palavra propagar tem vários significados, como difundir, multiplicar, generalizar, transmitir, entre outros, todos
relacionados de alguma forma com movimento. Mas nenhum deles é aplicável ao movimento de partículas ou
corpos materiais. Não se pode dizer que um automóvel se propaga com velocidade de 100km/h, por exemplo.
Essa distinção é muito importante, porque mostra a diferença entre o movimento ondulatório e o movimento
de corpos ou partículas. Ondas não se movimentam como corpos, mas propagam-se, como se propagam
boatos e idéias. A fonte pode, mas não precisa, se deslocar através do espaço ou através de um meio (líquido,
sólido ou gasoso). Segundo alguns estudiosos e até agora observado, nada impede que uma onda magnética
se propague no vácuo ou através da matéria, como é o caso das ondas eletromagnéticas no vácuo ou dos
neutrinos através da matéria onde as partículas do meio oscilam à volta de um ponto médio, mas não se
deslocam. Exceto pela radiação eletromagnética, e provavelmente as ondas gravitacionais, que podem se
propagar através do vácuo, as ondas existem em um meio cuja deformação é capaz de produzir forças de
restauração através das quais elas viajam e podem transferir energia de um lugar para outro sem que qualquer
das partículas do meio seja deslocada permanentemente como acontece num imã; isto é, nenhuma massa
Uma onda pode ser longitudinal quando a oscilação ocorre na direção da propagação ou seja são aquelas
em que a vibração é ocorre na mesma direção do movimento, um exemplo são as ondas acústicas, as molécu-
las do gás, do líquido ou do sólido através do qual as ondas se propagam, oscilando para a frente e para trás,
na linha da propagação, alternadamente comprimindo e rarefazendo o meio. Onda transversal é aquela em que
a oscilação ocorre na direção perpendicular à direção de propagação da onda, ou seja, são aquelas em que a
vibração é perpendicular à direção de propagação da onda, exemplos incluem ondas em uma corda e ondas
eletromagnéticas. Marolas na superfície de um lago são na realidade uma combinação de ondas transversais
e longitudinais, então os pontos na superfície realizam percursos elípticos.
Ondas transversais só podem ocorrer em sólido, enquanto que ondas longitudinais em sólidos, líquidos e
gases. O movimento transverso requer que cada partícula arraste as partículas adjacentes às quais ela está
fortemente ligada. Em um fluido isto é impossível, já que as partículas adjacentes podem se deslocar facilmente
pelas outras. O movimento longitudinal somente requer que cada partícula empurre os seus vizinhos, o que
pode acontecer também em líquidos ou gases. O fato de que ondas longitudinais originárias de um terremoto
passam através do centro da terra, enquanto que as ondas transversais não passam, é uma das razões de
acreditarmos que a terra possui um núcleo líquido.
A direção do movimento das partículas do meio quando por ele passa uma onda transversal é perpendicular
à direção de propagação da onda. Mas existem infinitas direções que são perpendiculares à direção de propa-
gação da onda. Caso as partículas do meio se movimentem sempre na mesma direção, ou seja, caso a onda
permaneça sempre no mesmo plano, dizemos que ela é linearmente polarizada. Qualquer onda transversal
pode ser considerada como combinação de duas ondas linearmente polarizadas em direções perpendiculares.
Se todos os deslocamentos das partículas do meio têm o mesmo módulo, mas direções diferentes, de modo
que a onda tenha forma helicoidal, dizemos que a onda é polarizada circularmente. Nesse caso, cada partícula
do meio descreve uma circunferência em torno da reta que passa pelos pontos de equilíbrio das partículas do
meio.
Um pulso de onda é uma perturbação que se propaga através de um meio. A figura. A figura ao lado mostra
um pulso numa corda no instante t = 0. A forma da corda, neste instante, pode ser representada por um, a
função y = f (x ). Num instante posterior, o pulso avançou sobre a corda. Num sistema de coordenadas com
origem em O ′ , que avança com a mesma velocidade do pulso, este pulso é estacionário. A relação entre os
dois referenciais é dada por uma transformada de Galileu, ver Nussezveing livro 1, seção 13.1. A forma da
corda, neste sistema de coordenadas, é descrita pela função f (x ′ ) em todos os instantes. Ora, as coordenadas
nos dois sistemas estão relacionadas por
x = x′ + v t. ( 3.96)
y′
v
vt y ′ = y ′ (x )
v
x O′ x′
Assim, a forma da corda no sistema de coordenada original está representada abaixo, ou seja, a onda está
avançando para a direita.
y (x , t ) = f (x − v t ) ( 3.97)
Com o mesmo raciocínio se tem, no caso de onda avançando para a esquerda
y (x , t ) = g (x + v t ). ( 3.98)
Nas duas expressões anteriores, v é a velocidade de propagação da onda sendo v = f . A equação ( 3.97)
é a função de onda. No caso de ondas numa corda, a função de onda representa o deslocamento transversal
dos segmentos da corda. No de ondas acústicas no ar, a função de onda pode representar o deslocamento
longitudinal das moléculas de ar, ou então a pressão do ar. Essas funções de onda são soluções de uma
equação diferencial, a equação de onda, que pode ser deduzida a partir das leis de Newton.
É importante compreender bem o significado da equação ( 3.97). Ela significa que y , função das duas
variáveis x e t , só depende dessas variáveis através de x ′ = x − v t , podendo ser uma função qualquer de x ′ .
Por exemplo, cos(kx ′ ) = cos [k (x − v t )] é uma função desse tipo, ao passo que cos(kx ) · cos(k · v t ) não é.
Numa corda, podemos ter ondas progressivas propagando-se somente num sentido (para a direita ou para
a esquerda) enquanto tais ondas não atingem as extremidades da corda. Ao atingir uma extremidade, uma
onda progressiva num sentido é, geralmente, refletida, gerando outra onda progressiva em sentido oposto. Por
conseguinte, numa corda finita, teremos em geral, simultaneamente, ondas progressivas propagando-se nos
dois sentidos, para a direita e para a esquerda, ou seja,
y (x , t ) = f (x − v t ) + g (x + v t ). ( 3.99)
Podemos considerar ondas somente num sentido, durante intervalos de tempo apreciáveis, numa corda
suficientemente longa, ou para qualquer tempo no caso limite ideal de uma corda infinita.
Ondas Harmônicas
Um caso particular de ondas progressiva, extremamente importante é o de ondas harmônicas, assim de-
nominadas por que a perturbação, num dado ponto x , corresponde a uma oscilação harmônica simples. Temos
y (x , t ) = A cos [k (x − v t ) + δ] ( 3.100)
y
1 c
b
c
b
c
b
c
b
c
b
c
b
c
b
c
b
c
b c
b
c
b
c
b
c
b
c
b
c
b
c
b
c
b
c
b
c
b
c
b
c
b
c
b
c
b
c
b
c
b c
b
c
b
x
c
b
c
b
c
b
c
b
c
b
c
b
c
b
c
b
c
b
c
b
c
b
c
b
c
b
c
b
c
b
−1
c
b
c
b
c
b
c
b c
b
c
b c
b c
b
À medida que a corda se propaga, cada ponto da corda se desloca para cima e para baixo, perpendicular-
mente à direção da onda, num movimento harmônico simples, sendo f a freqüência de vibração ou oscilação,
1
então durante um período T = , a onda avança a distância de um comprimento de onda, e então a velocidade
f
v é dada por
λ
v= = f · λ. ( 3.101)
T
Uma vez que esta relação provém das definições de comprimento de onda e de freqüência, vale para
qualquer onda harmônica. A onda harmônica tem uma única freqüência e um só comprimento de onda. Na
equação ( 3.100) A é a amplitude, k uma constante ou seja o número de onda, e δ a constante de fase que
depende da posição da origem x = 0. Ao estudar uma única onda harmônica temos a liberdade de escolher
a posição da origem e, por isso, tomamos, comumente, δ = 0. Seja um ponto x1 separado de outro x2 por um
comprimento de onda, de modo que x2 = x1 + λ. Os deslocamentos nos dois pontos são iguais y (x1 ) = y (x2 ),
então:
cos(kx1 ) = cos(kx2 ) = cos(kx1 + k λ) = cos(kx2 + k λ)
Observe que k tem as dimensões de m−1 . Como o argumento da função cosseno vem, em geral, em
radianos, é comum que as unidades de k sejam r ad · m−1 . Uma vez que 1 · λ−1 é o número de ondas no
2π
comprimento de 1 metro, k = é o número de ondas num comprimento de 2π metros.
λ
A freqüência angular de oscilação, num dado ponto x , é
2π
ω = k · v = 2π · f = . ( 3.103)
T
Exemplo 3.1. : Suponha que uma onda de água aproxima-se de um pier com velocidade de 1, 5m/s e um
comprimento de onda de 2m. Com que freqüência à onda atinge o pier?
Solução:
v 1, 5m/s
f = = = 0, 75s −1 = 0, 75Hz
λ 2m
c
b
c
b
c
b
c
b
c
b
c
b
c
b
c
b
c
b c
b
c
b
bc
bc
c
b
c
b
c
b
bc
c
b
c
b
c
b
c
b
c
b
c
b
c
b
c
b
c
b
c
b
c
b
c
b
c
b
c
b
c
b
c
b
c
b
c
b
c
b c
b
c
b c
b
c
b c
b c
b
3.3.1 Introdução
Neste capítulo, iremos estudar a mecânica dos fluidos, que compreende tanto líquidos como gases. Um
corpo sólido tem geralmente volume e forma bem definidos, que só se alteram, usualmente pouco, em resposta
a forças externas. Um líquido tem volume bem definido, mas não a forma: mantendo seu volume, molda-se ao
recipiente que o contém. Um gás não tem nem forma nem volume bem definidos, expandindo-se até ocupar
todo o volume do recipiente que o contém. Líquidos e gases têm em comum, graças à facilidade de deformação,
a propriedade de poderem se escoar ou fluir facilmente, donde o nome fluidos.
Para uma definição mais precisa, é necessário classificar os diferentes tipos de forças que atuam num meio
material. Se considerarmos um elemento de superfície situado no meio (externo ou interno), as forças que
atuam sobre esse elemento são geralmente proporcionais a sua área. A força por unidade de área chama-se
tensão, e é preciso distinguir entre tensões normais e tangenciais às superfícies sobre as quais atuam.
Em (c), o bloco está colocado entre duas paredes. Em elementos da superfície de contato do bloco com a
−
→ − →
cola, ele exerce sobre a mesma tensões tangenciais T 1 , T 2 , também chamadas de tensões de cisalhamento.
Estas tensões tenderiam a produzir um deslizamento de camadas adjacentes da cola umas sobre outras,
as reações iguais e contrárias a esse deslizamento opostas pela cola solidificada equilibram o peso do bloco,
sustentando-o entre as paredes. A diferença fundamental entre sólidos e fluidos está na forma de responder
as tensões tangenciais. Um sólido submetido a uma força externa tangencial a sua superfície deforma-se até
que sejam produzidas tensões tangenciais internas que equilibrem a força externa; depois, permanece em
equilíbrio, ou seja, em repouso. Se a força externa não for excessivamente grande, a deformação é elástica, ou
seja, o sólido volta à situação inicial quando é retirada a força externa. As deformações elásticas, tipicamente,
são muito pequenas em confronto com as dimensões do corpo sólido.
Um fluido, ao contrário de um sólido, não pode equilibrar uma força tangencial, por menor que ela seja.
Quando submetido a uma força tangencial, o fluido se escoa, e permanece em movimento enquanto a força
estiver sendo aplicada. No exemplo (c) acima, enquanto a cola ainda está fluida, ela escorre ao longo das
paredes sob ação do peso, é só quando se solidifica que pode equilibrar as forças tangenciais exercidas pelo
bloco.
Um força arbitrariamente pequena pode produzir num fluido uma deformação arbitrariamente grande, desde
que atuam durante um tempo suficiente. Um fluido real opõe resistência ao deslizamento relativo de camadas
adjacentes, esta resistência mede a viscosidade do fluido, e depende da taxa de variação espacial da veloci-
dade relativa de deslizamento. Assim, enquanto em um sólido a resistência a esforços tangenciais dependem
da deformação, e é por isto que forças pequenas atuando durante tempos grandes podem produzir grandes
deformações. Por conseguinte, num fluido em equilíbrio, velocidade nula, não pode haver tensões tangenciais.
Existe toda uma gama de substâncias com propriedades intermediárias entre sólidos e fluidos, dependendo
da natureza e da magnitude das forças, bem como da escala de tempo em que o escoamento sob ação de
A razão entre a densidade de uma substância e a densidade da água é a densidade relativa. Por exemplo,
a densidade relativa do alumínio é 2, 70, o que significa que um certo volume de alumínio tem massa igual a
2, 7 vezes a massa da água que ocupa o mesmo volume. As densidades relativas dos corpos que afundam na
água variam de 1 até cerca de 22, 5 (a densidade relativa do elemento mais denso conhecido, o ósmio).
A maioria dos sólidos e líquidos expande-se ligeiramente quando aquecidos, e contraem-se, também ligeira-
mente, quando comprimidos. Essas variações de volumes são relativamente pequenas e por isso é comum
considerar as densidades dos sólidos e líquidos como dependentes da temperatura e da pressão. A densidade
de um gás, porém, depende fortemente da pressão e da temperatura, e por isso é indispensável especificar
estas duas grandezas ao mencionar o seu valor. Tomam-se como condições iniciais de temperatura e pressão
a temperatura de 0◦ C e a pressão atmosférica ao nível do mar. Visite o AVA para ver uma figura com as
densidades de algumas substâncias nestas condições.
ER 9. Um balão de vidro, de 200 mL, está cheio com água, a 4◦ C . Aquecido a 80◦ C , o balão perde 6 g de
água. Qual a densidade de água a 80◦ C ? (Despreze, no cálculo, a expansão do balão.)
m′
Solução: A densidade da água, a 80◦ C , é ρ′ = , em que V = 200 mL = 200 cm3 é o volume do balão
V′
(suposto invariável). A massa m′ é a massa de água após a perda de 6 g . É fácil calcular esta massa se
soubermos a massa inicial da água no balão.
1g
m =ρ·V = · 200 cm3 = 200 g
cm3
m′ = m − 6g = 200g − 6g = 194g
m′ 194g g
ρ′ = = = 0, 97 3
V 200cm3 cm
EP 3.1. A aresta de um cubo metálico maciço é de 8cm e a massa é de 4, 08kg . (a) Qual a densidade do
material do cubo? (b) Qual o metal do cubo, entre os registrados na Figura 2, admita que seja um metal puro?
3.3.3 Pressão
É um fato conhecido que a pressão atmosférica diminui com a altitude e que, num lago ao no mar, aumenta
com a profundidade. Generaliza-se o conceito de pressão e se define num ponto qualquer como a relação
entre a força normal dF , exercida sobre uma área elementar dA, incluindo o ponto, e esta área:
dF
p= ( 3.105)
dA
Se a pressão for a mesma em todos os pontos da superfície plana finita de área A, esta equação se reduz a,
F
p= ( 3.106)
A
Determinando-se a relação gerada entre a pressão p , num ponto qualquer de um fluido, e a elevação y do
ponto. vê-se que, caso o fluido esteja em equilíbrio, cada elemento de volume também estará. Considere um
elemento com a forma de uma lâmina fina, Figura 3, de espessura dy e face de área A. Sendo ρ a densidade
do fluido, a massa do elemento será ρA · dy e seu peso, d ω, será ρg Ady . A força exercida sobre esse elemento
pelo fluido que o envolve é, em qualquer parte, normal à sua superfície.
Por simetria, a resultante horizontal na borda é nula. A força para cima, agindo na sua face inferior, é ρA, e
a para baixo, agindo na face superior, (ρ + ∆ρ)A. Como o volume elementar está em equilíbrio,
X
Fy = 0 =⇒ ρA − (ρ + d ρ) A − ρg Ady = 0,
em que
dp
= −ρg . ( 3.107)
dy
Observe que a forma do recipiente não afeta a pressão e que esta é a mesma
em todos os pontos de mesmas profundidade.
Segue-se também que a equação ( 3.109) que, se a pressão pa for aumentada de uma maneira qualquer,
como por um pistão agindo na superfície superior, a pressão p em qualquer profundidade deve sofrer um
aumento exatamente da mesma quantidade. Este fato foi enunciado polo cientista francês Blaise Pascal (1623−
1662), em 1653, e é conhecido como “Lei de Pascal”, freqüentemente enunciada da seguinte maneira:
“A pressão aplicada a um fluido contido num recipiente é transmitida sem redução a todas as porções do
fluido e as paredes do recipiente que o contém.”
Exemplo 3.3. : Calcular a pressão atmosférica num dia em que a altura da coluna barométrica é 76, 0 cm.
Solução: A altura da coluna de mercúrio depende de ρ e g , assim como a pressão atmosférica. Assim,
tanto a densidade do mercúrio como a aceleração da gravidade local devem ser conhecidas. ρ varia com a
temperatura; e g , com a latitude e altitude. Supondo-se g = 9, 8 m · s −2 e ρ = 13, 6 · 103 kg · m−3 ,
pa = ρg h = (13, 6 · 103 kg · m−3 )(g = 9, 8m · s −2 )(76, 0 cm) = 101, 300 N · m−2 = 1, 013 · 105 Pa.
Flutuação é um fenômeno familiar; um corpo imerso em água parecer ter menos peso que quando fora da
água, um corpo cuja densidade média seja menor do que a do fluido no qual está imerso poderá flutuar nesse
fluido. Exemplos disso são o corpo humano dentro d’água e um balão de ar cheio de gás hélio.
O princípio de Arquimedes afirma que quando um corpo está imerso num flu-
ido, este exerce ma força para cima sobre o corpo igual ao peso de fluido
que ele desloca. A prova deste princípio está em se considerar uma porção
arbitrário de um fluido em repouso. O contorno irregular da Figura 6 repre-
senta uma superfície imaginária limitando uma porção arbitrária de um fluido
em repouso.
As pequenas setas representam as forças exercidas pelo fluido circundante
sobre pequenos elementos da superfície de contorno.
Estando todo o fluido em repouso, a componente x da resultante dessas forças de superfície é nula. A
Suponha, agora, que o fluido no interior da superfície seja removido e substituído por um corpo sólido,
tendo exatamente a mesma forma. A pressão em cada ponto será exatamente a mesma de antes, de modo
que a força exercida pelo fluido circundante mantém-se inalterada, sendo, portanto, igual ao peso mg do fluido
deslocado. A linha de ação desta força passa pelo centro de gravidade do fluido deslocado.
O corpo submerso não precisa estar em equilíbrio. Seu peso pode ser maior ou menor que Fy e, se não for
homogêneo, seu centro de gravidade pode não se encontrar sobre a linha de ação de Fy . Portanto, em geral,
estará sob ação de uma força resultante, que passa por seu próprio centro de gravidade, e de um torque; o
corpo pode, subir ou descer ou também girar.
Exemplo 3.4. : Um bloco de latão de 0, 5 kg de massa e de densidade igual a 8, 0 · 103 kg · m−3 é suspenso
por uma mola. Achar a tensão na mola, se o bloco estiver no ar e se ele estiver completamente imerso em
água.
Solução:
(i) Para o ar: Desprezando-se o pequeno empuxo do ar, a tensão na mola será igual ao peso do bloco, se
este estiver no ar:
mg = (0, 5kg )(9, 8m · s −2 = 4, 9 N .
Quando imerso na água, o corpo sofre um empuxo igual ao peso da água deslocada. Para se encontrar
este peso, procura-se primeiro o volume do corpo:
m 0, 5kg
V = = = 6, 25 · 10−5 m3 .
ρ 8, 0 · 103 kg · m−3
1, 0 · 103 kg · m−3 1
3 −3
= .
8, 010 kg · m 8
Termodinâmica
A palavra Termodinâmica é derivada das palavras gregas thermé (calor) e dynamis (força), na medida em
que força pode ser entendida como ação, a etimologia da palavra traduz a idéia exposta acima. A termod-
inâmica fornece uma descrição macroscópica dos sistemas, quer dizer, as variáveis usadas na sua formulação
matemática são bem definidas apenas para sistemas cujo número de partículas seja da ordem de 1023 . Esses
sistemas também devem apresentar variações temporais muito lentas quando comparadas aos tempos de
variação das partículas que os compõem. Assim, qualquer medida realizada em um sistema macroscópico
necessariamente envolverá médias espaciais e temporais de grandezas microscópicas. Desta forma, estare-
mos substituindo uma enorme quantidade de informações (necessárias para a descrição de cada partícula),
por grandezas médias, reduzindo drasticamente o número de variáveis utilizadas.
Por exemplo, considere a observação de um recipiente contendo um determinado gás. Supondo que as
moléculas estejam separadas o suficiente para que seja razoável desprezar a interação entre elas. À temper-
atura ambiente, essas moléculas tem um movimento que combina translação do centro de massa e rotação
em torno de diversos eixos de simetria molecular. Dentro do recipiente que contém o gás, as moléculas estão
constantemente colidindo umas com as outras e colidindo com as paredes do reservatório, variando apreci-
avelmente numa escala de distâncias 10−8 cm e de tempos ≤ 10−13 s . Imagine que desejemos entender o
comportamento desse gás pelo conhecimento da trajetória das cerca de 1023 partículas. Seja o caso mais
simples, um gás monoatômico sem energia cinética de rotação, neste caso precisaríamos de 6 variáveis reais
para cada partícula, três para definir a posição r̃ e três para a velocidade ṽ . Então, apenas para armazenar
a informação de um determinado estado do gás precisaríamos de cerca de 5 · 1018 Mb ! Supondo que temos
essa quantidade de memória disponível, imagine quanto tempo levaríamos para calcular as trajetórias. O pior
de tudo é que toda essa informação de nada serviria para o entendimento do comportamento macroscópico
do gás. Por outro lado, se utilizamos a descrição macroscópica da termodinâmica, estaremos trabalhando com
3 variáveis independentes, por exemplo N (número de moléculas), T (temperatura) e P (pressão), tornando
possível o estudo do sistema.
A Primeira Lei da Termodinâmica não passa da extensão do princípio de conservação da energia, levando
Podemos utilizar o sentido do tato para verificarmos se um corpo está “quente” ou “frio”. Desde criança,
aprendemos que um corpo “frio” fica “quente” se for colocado em contato com outro quente, também apren-
demos que para resfriar um corpo quente basta fazer o contato com outro frio. Quando um corpo é aquecido
ou resfriado, há alteração de algumas das suas propriedades físicas. Um sistema termodinâmico consiste
geralmente numa certa quantidade de matéria contida dentro de um recipiente. As paredes podem ser fixas ou
móveis, a natureza das paredes afeta de forma fundamental a interação entre o sistema e o meio externo que
o cerca.
Uma parede ideal é aquela em que o há o isolamento térmico perfeito, em que o estado do sistema contido
no recipiente não é afetado pelo ambiente externo em que é colocado, esta parede ideal é denominada de
parede adiabática. Uma parede não-adiabática chama-se diatérmica, o que significa “transparente ao calor”,
um exemplo é a parede metálica fina. Quando dois sistemas estão separados por uma parede diatérmica,
diz-se que estão em contato térmico, já um sistema contido num recipiente de paredes adiábaticas chama-se
sistema isolado. É um fato experimental que um sistema isolado sempre tende a um estado em que nenhuma
das variáveis macroscópicas que o caracterizam muda mais com o tempo. Quando ele atinge esse estado,
diz-se que está em equilíbrio térmico. A termodinâmica clássica trata de sistemas em equilíbrio térmico, de-
senvolvimentos recentes da termodinâmica estão relacionados com sua extensão a sistemas fora do equilíbrio.
Substituindo as paredes de separação adiabáticas por uma parede de separação diatérmica, colocando A
e B em contato térmico, o sistema evoluirá em geral para um novo estado de equilíbrio térmico diferente, ou
seja, as variáveis macroscópicas tanto de A quanto de B mudarão com o tempo até que o sistema com A e B
em contato térmico atinja equilíbrio térmico. Diz-se, neste caso, que A está em equilíbrio térmico com B .
Para mostrar que este fato não decorre de nenhuma necessidade lógica, basta notar que um eletrodo de
cobre em equilíbrio elétrico com uma solução diluída de ácido sulfúrico em um eletrodo de zinco em equilíbrio
elétrico com a mesma solução não estão em equilíbrio elétrico entre si. Se os colocarmos em contato elétrico
A noção intuitiva de temperatura leva à idéia de que dois sistemas em equilíbrio térmico entre si têm a
mesma temperatura.
4.3 Temperatura
Apesar de a temperatura ter um significado usual que nos é familiar, é necessário dar-lhe um significado
preciso para ter valor como medida científica. Nossa noção intuitiva de temperatura não é confiável; por exem-
plo, suponha que você esteja dentro de casa, sentado numa cadeira que tem partes de pano, madeira e metal.
Toque as várias partes e decida qual é a “mais fria”, isto é, qual está à temperatura mais baixa. Provavelmente,
você concluirá que as partes de metal são mais frias. Entretanto, esperamos que a cadeira, estando há muito
tempo no interior da casa, tenha entrado em equilíbrio térmico com o ar e, portanto, esteja toda ela à mesma
temperatura que o ar. De fato, o que você está verificando, quando toca a parte de metal, não é apenas a
temperatura, mas também a capacidade dessa parte de remover calor de sua mão que, presumivelmente, está
a uma temperatura mais alta. Sua mão, neste caso, dá uma medida subjetiva de temperatura, que é incerta.
Além disso, este julgamento mudará com o tempo se você continuar a segurando a parte de metal, à medida
que sua mão e metal se aproximam do equilíbrio térmico um com o outro.
Você pode verificar este sentido subjetivo de temperatura mergulhando uma mão em água fria e a outra
em água quente. Se você pegar um objeto de temperatura intermediária, concluirá que a primeira mão sente
uma temperatura mais quente que a segunda. Você pode ser mais objetivo na comparação de dois objetos a
diferentes temperaturas, tocando os dois com a mesma mão. Este procedimento revelará que objeto está à
temperatura mais alta, mas não será suficiente para quantificar a diferença. É necessário especificar cuida-
dosamente um modo objetivo de medir temperatura.
É graças à Lei Zero da Termodinâmica que podemos medir temperaturas com o auxílio de um termômetro.
Para saber se dois sistemas A e B têm a mesma temperatura, não é necessário colocá-los em contato térmico:
basta verificar se ambos estão em equilíbrio térmico com um terceiro corpo C , que é o “termômetro”: a Lei Zero
garante, então, que A e B também estão em equilíbrio térmico um com o outro.
Existe uma grandeza escalar chamada temperatura, que é uma propriedade de todos os sistemas termod-
inâmicos em equilíbrio térmico. Dois sistemas estão em equilíbrio térmico se e somente se suas temperaturas
são iguais.
A Lei Zero define dessa forma o conceito de temperatura como sendo a propriedade macroscópica de um
sistema que será igual a de outro quando estiverem em equilíbrio térmico. Ela nos permite construir e utilizar
termômetros para medir temperatura de um sistema, porque sabemos que um termômetro em contato térmico
com um sistema atingirá com ele uma temperatura comum.
4.3.1 Termômetros
O termômetro mais familiar na prática é o termômetro de mercúrio, que consiste num tubo capilar de vidro
fechado e evacuado, com um bulbo uma extremidade, contendo mercúrio, que é a substância termométrica. O
volume V do mercúrio é medido através do comprimento L da coluna líquida.
Na realidade, este comprimento não reflete apenas a dilatação ou contração do mercúrio, mas a diferença
entre ela e a dilatação ou contração correspondente do tubo de vidro que contém o mercúrio. Entretanto, a
variação de volume do mercúrio é, geralmente, bem maior do que a do recipiente.
Escala Celsius
Ponto de vapor: θ = 100◦C
Ponto de gelo: θ = 0◦ C
Para calibrar o termômetro de mercúrio nesta escala, convencionamos a seguir que θ e o comprimento L
da coluna guardam entre si uma relação linear. Assim, se L100 e L0 são os comprimentos no ponto de vapor
e no ponto de gelo, respectivamente, e L é o comprimento quando em equilíbrio térmico com o sistema cuja
temperatura theta queremos medir, assinalamos a θ o valor
L − L0
θ= (C ) ( 4.110)
L100 − L0
Isto equivale a dividir a escala entre L0 e L100 em 100 partes iguais, cada subdivisão correspondendo a 1 ◦ C .
Isto equivale a definir a dilatação da coluna de mercúrio como sendo linear com θ.
Outro termômetro usual é o termômetro de álcool, em que se utiliza como substância termométrica o álcool
em lugar do mercúrio. A calibração da escala de temperatura empírica correspondente é feita de forma análoga
à que acabamos de descrever. Não há nenhuma razão para esperar que as leituras de um termômetro de
mercúrio e de um de álcool coincidam, e de fato elas apresentam discrepâncias da ordem até de alguns
décimos de ◦ C . Isto significa, simplesmente, que cada um dos dois líquidos não se dilata de maneira bem
uniforme na escala em que convencionamos uniformidade de dilatação para o outro. Nenhum dos dois pode
ser considerado “melhor” que o outro, uma vez que se trata de pura convenção.
Podemos perguntar se é possível encontrar uma escala absoluta de temperatura, que não esteja associada
a propriedades específicas de uma particular substância. Um passo importante nessa direção consiste em
tomar como substância termométrica um gás. A experiência mostra que os resultados assim obtidos exprimem
propriedades universais dos gases, e veremos mais tarde que a escala assim definida corresponde a uma
escala absoluta.
Usando como substância termométrica um gás, poderíamos tomar como propriedade termométrica o vol-
ume a pressão constante ou a pressão a volume constante; esta última alternativa é mais simples e é adotada
na prática.
O bulbo é colocado em contato térmico com o sistema cuja temperatura se quer medir, e a seguir é medida
a pressão P do gás, dada por
P = p0 + ρ · g · h ( 4.111)
Sejam P0v e P0g os valores de P no ponto de vapor e no ponto de gelo, respectivamente, quando M0 é a
massa de gás que ocupa o volume V . Suponhamos que se repitam as medidas reduzindo a massa de gás
para M1 < M0 (o volume V sempre permanece constante). As pressões medidas nos pontos de vapor e de
gelo serão agora P1v < P0v e P1g < P0g . Para uma massa de gás M2 < M1 , os valores caem para P2v < P2g .
Pv
Se se faz um gráfico da razão, (onde o índice V significa que o volume
Pg V
de gás é mantido constante) como função da pressão Pg , verifica-se exper-
imentalmente que, à medida que Pg vai baixando, os pontos experimentais
tendem a cair sobre uma reta, veja o gráfico ao lado.
Para gases diferentes, as retas são diferentes, mas, se as extrapolarmos ao limite Pg → 0 (o que equivale a
M → 0 e não pode obviamente ser atingido), o resultado experimental é que todas as retas interceptam o eixo
das ordenadas no mesmo ponto, gráfico 1, correspondente ao valor aproximado de 1, 3661. Logo,
Pv Tv
lim ≡ ≃ 1, 3661 ( 4.112)
Pg →0 Pg Tg
Tv
Este limite define a razão das temperaturas absolutas Tv e Tg corresponde ao ponto de vapor e ao ponto
Tg
de gelo, respectivamente. Para completar a definição da escala de temperatura absoluta, também chamada de
escala Kelvin, impomos a condição de que a diferença Tv − Tg , como na escala Celsius, corresponde a 100
graus também na escala Kelvin:
Tv − Tg = 100K ( 4.113)
observe que não empregamos a notação ◦ K , mas, simplesmente, K .
Para medir uma temperatura na escala Kelvin com o auxílio do termômetro de gás a volume constante,
medimos a pressão P correspondente para o limite Pg → 0 como no caso da ( 4.112). A temperatura absoluta
T correspondente é dada então por
T P
= lim ( 4.115)
Tg Pg →0 Pg
V
o que, com Tg dado pela ( 4.114), determina T .
A escala que acabamos de definir também é chamada escala de gás ideal, porque se baseia no fato em-
pírico de que todos os gases tendem a se comportar da mesma forma quando muito rarefeitos (limite em que
Pg → 0). Esse comportamento universal é por definição o de um gás ideal.
Como o intervalo de um grau é por definição o mesmo nas escalas Kelvin e Celsius, a relação entre as duas
escalas é dada por
θ(◦ C ) = T − Tg = T − 273, 15. ( 4.116)
A temperatura mais baixa que se pode medir com um termômetro de gás é da ordem de 1 K ; o gás usado
para isso é hélio a baixa pressão, uma vez que ainda pode ser mantido gasoso a essa temperatura. Temperat-
uras abaixo desse valor não podem ser medidas por um termômetro de gás.
Ponto fixo padrão: A definição ( 4.115) só depende de um único ponto fixo padrão, que é o valor de Tg .
Em lugar do ponto de gelo, é adotado atualmente como ponto fixo padrão, que é o valor de Tg . Em lugar do
Ttr = 273, 16 K
Com a utilização do ponto triplo em lugar do ponto de gelo, a escala termométrica de gás ideal passa a ser
definida, em lugar da ( 4.115), por
P
T = 273, 16K lim ( 4.117)
Ptr →0 Ptr V
em que Ptr , é a pressão exercida pelo volume de gás considerado quando em equilíbrio térmico com água no
ponto triplo, e P a pressão que exerce quando em equilíbrio térmico à temperatura que se deseja medir. Como
é necessário efetuar uma série de medições para permitir a extrapolação ao limite Ptr → 0, a determinação
precisa de uma temperatura na escala de gás ideal é um processo extremamente laborioso, empregado quando
se deseja obter valores padrão que irão figurar em tabelas de constantes físicas.
Para fins práticos, foi adotada a Escala Termométrica Prática Internacional, baseada numa série de pontos
fixos a serem utilizados para a calibração, juntamente com recomendações sobre o tipo de termômetro que
deve ser empregado com cada região de temperaturas entre dois pontos fixos e sua calibração.
Pode-se obter a relação entre escalas baseadas em dois pontos fixos facilmente, a partir do conceito de
fração. Veja a figura abaixo,
Escala A Escala X
Y
B
B −C Y −Z
tA tY
tA − C tY − Z
C
Z
O número de divisões da escala entre os dois pontos fixos B e C é n = B − C , enquanto o valor numérico
da temperatura tA é t = (tA − C ) divisões. Escrita sob forma de fração, essa relação é expressa por:
t tA − C
=
n B −C
t tX − Z
=
n Y −Z
tA − C tX − Z
=
B −C Y −Z
EP 4.1. Um turista brasileiro trouxe dos Estados Unidos um termômetro clínico de cristal líquido - uma
fita plástica onde existem pequenos retângulos que se tornam coloridos quando a fita é colocada na testa do
paciente. Embora graduado nas escalas Celsius e Fahrenheit, a maioria dos valores não se correspondem.
Veja a figura:
100 − 0 212 − 32
tC tF
tC − 0 tF − 32
0
32
Determine:
(a) as temperaturas limites dessa fita, em graus Celsius, assinaladas com valores 94◦ F e 104◦F ;
EP 4.2. Suponha que, num livro de física muito antigo, você encontre uma referência a uma escala ter-
mométrica G , cujos pontos fixos adotados sejam −20◦ G para a fusão do gelo e 130◦ G para a água em ebulição.
Determine:
EP 4.3. Suponha que um termômetro de gás a volume constante, colocado na célula do ponto tríplice,
marque p3 = 5, 00 · 103 Pa.
(a) Sabendo-se que, com o bulbo à temperatura ambiente, a pressão é 5, 50 · 103 Pa, qual o valor dessa
temperatura?;
(b) Qual a temperatura do gás de bulbo quando colocado num líquido cuja temperatura é de −73, 0◦C ?.
4.4 Dilatação
A ascensão da coluna de mercúrio num termômetro exemplifica o fenômeno da dilatação térmica, a alter-
ação de tamanho de um corpo produzida por uma variação de temperatura.
A dilatação corresponde a um aumento do espaçamento interatômico médio. Assim, num corpo sólido, se
dois de seus pontos estão inicialmente à distância L0 , a variação δ L dessa distância é proporcional a L0 . Para
uma variação de temperatura δ T suficientemente pequena, δ L é também proporcional a δ t . Logo,
∆L = α · L0 · ∆T , ( 4.118)
LT = L0 · [1 + α · (T − T0 )] ( 4.119)
Embora os átomos, íons e moléculas dos sólidos estejam sempre em movimento vibratório, essas partículas
movem-se em torno de posições fixas, extraordinariamente próximas. Essas posições fixas têm configurações
tridimensionais bem definidas, como se fosse células, que se repetem e se justapõe ao longo de toda a es-
trutura do material. Há basicamente sete tipos diferentes dessas células unitárias, que compõem os sistemas
cristalinos, representados na figura acima. Todos os metais, sais e quase todos os minerais, quando sólidos,
são cristalinos, ou seja, a sua estrutura elementar se constitui de pelo menos um desses sistemas cristalinos.
Existem, no entanto, sólidos que não têm estruturas cristalina, isto é, seus átomos, moléculas e íons não
se agrupam em sistemas ordenados e repetitivos, O modelo da sua estrutura molecular é semelhante ao dos
líquidos. São sólidos amorfos. Entre eles se destacam o vidro, os plásticos, a borracha, o piche e o asfalto.
Se tivermos uma lâmina delgada de um sólido isotrópico de lados L1 e L2 , a variação percentual de sua área
A devida a uma variação de temperatura T será
Logo,
∆A
= 2α · ∆T ( 4.120)
A
o que significa que o coeficiente de dilatação superficial é 2 · α (dado o valor extremamente pequeno de α,
desprezamos no cálculo acima um termo, ∆L1 · ∆L2 , da ordem de α2 ). A equação ( 4.120) se aplica também à
variação da área de um orifício numa placa de material isotrópico devido à dilatação térmica.
o que dá
∆V
= 3α · ∆T ( 4.121)
V
desprezando termos de ordem α2 e α3 . Logo, o coeficiente de dilatação volumétrica é 3 · α, o que se aplica
também ao volume de uma cavidade num corpo cujo coeficiente de dilatação linear é α.
Para um líquido, que toma a forma do recipiente que o contém, só interessa o coeficiente de dilatação
volumétrica β, definido por
∆V
= β · ∆T ( 4.122)
V
Valores típicos de β para líquidos são bem maiores que para sólidos: tipicamente, da ordem de 10−3 por ◦ C .
Para o mercúrio, β ≈ 1, 8 · 10−4◦ C −1 .
Se tivermos, então, um termômetro de mercúrio em que este enche completamente o bulbo de vidro à
temperatura de 0◦ C , o volume do bulbo à temperatura θ será V0 (1 + 3 · α · θ), e o volume do mercúrio será
V0 (1 + β · θ), de modo que o volume de mercúrio expelido pelo bulbo e que irá subir pelo tubo capilar é
V0 (β − 3 · α) θ
Em geral, β > 0, mas há uma anomalia no caso da água, para β se torna < 0 entre 0◦ C e 4◦ C . Assim, a
densidade máxima da água é atingida a 4◦ C , e ela se expande, em lugar de se contrair, quando a temperatura
diminui, na região abaixo de 4◦ C , até se congelar. Essa expansão pode fazer estourar um cano cheio de água
quando a mesma se congela. É, também, por essa razão que a superfície de um lago se congela, sem que isto
ocorra com a água a maior profundidade. Esta permanece a temperatura mais elevada, com densidade maior,
de forma que o gelo flutua sobre ela, permitindo, assim, que os peixes sobrevivam durante o inverno.
ER 10. Deseja-se gravar uma escala métrica em uma barra de aço, de modo que os intervalos de milímetros
tenham uma precisão de 5 · 10−5 mm a determinada temperatura. Qual é a máxima variação de temperatura
permissível durante a gravação?
∆L 5 · 10−5 mm
∆T = = = 4, 5◦ C ,
α · L0 (11 · 10 ·◦ C −1 ) · (1, 0mm)
−6
onde usamos o valor de α para o aço, dado pela Tabela de Coeficientes de dilatação linear.
A temperatura durante a gravação deve permanecer constante dentro de aproximadamente 5◦ C e a es-
cala deve ser utilizada dentro do mesmo intervalo de temperatura em que foi feita.
Note que, se a liga invar tivesse sido empregada, em vez de aço, poderíamos ter a mesma precisão
num intervalo de temperatura de cerca de 75◦ C ; ou, de modo equivalente, se mantivéssemos a variação de
temperatura em 5◦ C , poderíamos atingir uma precisão de cerca de 3 · 10−6 mm.
(b) Que alteração poderia ser feita nesse conjunto para que ele se mantivesse sempre retilíneo a qualquer
temperatura? (Dados: αao = 1, 1 · 10−5 ·◦ C −1 ; αlatao = 1, 9 · 10−5 ·◦ C −1 , coeficientes de dilatação linear
do aço e do latão.)
Solução:
(a) O conjunto formado, conhecido como lâmina bimetálica, é usado em termostatos. Da expressão ∆L =
α · L0 ∆T , pode-se concluir que, como o fator L0 · ∆T é o mesmo para ambas as lâminas, pois têm o
mesmo comprimento e sofrem a mesma variação de temperatura, a variação de comprimento (∆L) de
cada lâmina depende apenas do coeficiente de dilatação (α) do material de que elas são feitas. Assim,
como αlatao > αaco , a variação de comprimento da lâmina de latão será sempre maior.
Se a temperatura for maior que T0 , a lâmina de latão
torna-se maior que a lâmina de aço - o conjunto se
curva e a lâmina de latão fica do lado externo da
curva.
Se a temperatura for menor que T0 , a lâmina de latão
torna-se menor que a lâmina de aço - o conjunto
se curva e a lâmina de latão fica do lado interno da
curva. Veja figuras:
(b) Para que o conjunto se mantivesse retilíneo a qualquer temperatura, seria preciso que ambas as lâminas
sofressem a mesma variação de comprimento a qualquer temperatura: ∆Lao = ∆Llato . Não sendo
possível alterar os coeficientes de dilatação, a solução seria utilizar lâminas de comprimentos diferentes:
L0aco
Laco 6= Llatao . Assim, da ( 4.118), podemos obter a razão entre o comprimento dessas lâminas ,a
L0l atao
determinada temperatura:
4.1 Observação. : Para que as lâminas tivessem sempre o mesmo comprimento, seria preciso que a lâmina
de aço tivesse um comprimento cerca de 73% maior do que a lâmina de latão, o que descreveria o dispositivo.
4.5.1 Calor
No final do século XVII, existiam duas hipóteses alternativas sobre a natureza do calor. A hipótese mais
aceita considerava o calor como uma substância fluida indestrutível, que “preencheria os poros” dos corpos e
se escoaria de um corpo mais quente a um mais frio. Lavoisier chamou essa substância hipotética de “calórico”.
A implicação era que o calor poderia ser transferido de um corpo a outro, mas a quantidade total de “calórico”
se conservaria, ou seja, existiria uma lei de conservação de calor.
Um dos primeiros a apontar dificuldades com a teoria do calórico foi Benjamim Thomson, um aventureiro
que se tornou Conde de Rumford na Bavária (e se casou-se com a viúva de Lavoisier). Uma das dificuldades
era que experiências bastante precisas, feitas por Rumford, não detectavam qualquer variação do peso de
um corpo acompanhando a absorção ou eliminação de grandes quantidades de calor. Entretanto, o calórico
poderia ser um fluido imponderável, a exemplo do que se acreditava valer para a eletricidade.
A principal dificuldade, porém, estava na “Lei de Conservação do Calórico”, pois a quantidade de calórico
que podia ser “espremida para fora” de um corpo por atrito era ilimitada. Com efeito, em 1798, Rumford es-
creveu:
“Foi por acaso que me vi levado a realizar as experiências que vou relatar agora... Estando acupado,
ultimamente, em supervisionar a perfuração de canhões nas oficinas do arsenal militar de Munich, chamou-me
a atenção o elevado grau de aquecimento de um canhão de bronze, atingido em tempos muito curtos, durante
o processo de perfuração; bem como a temperatura ainda mais alta (acima do ponto de ebulição da água,
conforme verifiquei) das aparas metálicas removidas pela perfuração.
Meditando sobre os resultados dessas experiências, somos naturalmente levados à grande questão que
tem sido objeto de tantas especulações filosóficas, ou seja:
Que é calor? Existe um fluido ígneo? Existe alguma coisa que possamos chamar de calórico?
Vimos que uma quantidade muito grande de calor pode ser produzida pelo atrito de duas superfícies metáli-
cas, e emitida num fluxo constante em todas as direções, sem interrupção, e sem qualquer sinal de diminuição
ou exaustão...
... A fonte de calor gerada por atrito nessas experiências parece ser inesgotável. É desnecessário acres-
centar que algo que qualquer corpo ou sistema de corpos isolado pode continuar fornecendo sem limites,
não pode ser uma substância material, e me parece extremamente difícil, senão impossível, conceber qual-
quer coisa capaz de ser produzida ou transmitida da forma como o calor o era nessas experiências, exceto o
MOVIMENTO”.
Rumford foi assim levado a endossar a teoria alternativa de que “... o calor não passa de um movimento
vibratório que tem lugar entre as partículas do corpo”.
A máquina a vapor de James Watt, desenvolvida na segunda metade do século XVII, era uma demonstração
prática de que o calor leva à capacidade de produzir trabalho. Entretanto, a conexão entre calor e energia só
foi estabelecida no século XIX.
Um dos primeiros a discutir essa conexão foi o médico alemão Julius Robert Mayer. Aparentemente, ele
foi levado, a refletir sobre o problema quando, como médico de bordo durante uma viagem aos trópicos, ob-
servou que o sangue venoso parecia ser mais vermelho que nos climas frios da Europa, o que o conduziu a
especulações sobre a origem do calor animal. Assim, em 1842, Mayer chegou ao primeiro enunciado geral do
Princípio de Conservação de Energia:
“As energias são entidades conversíveis, mas indestrutíveis... Em inúmeros casos, vemos que um movi-
mento cessa sem ter produzido quer outro movimento” (energia cinética) “que um levantamento de um peso”
(energia potencial), “mas a energia, uma vez que existe, não pode ser aniquilada; pode somente mudar de
forma e, daí, surge a questão: Que outras formas pode ela assumir? Somente a experiência pode levar-nos a
uma conclusão”.
Mayer enunciou um problema crucial: “Quão grande é a quantidade de calor que corresponde a uma dada
quantidade de energia cinética ou potencial?” Ou seja, qual é a “taxa de conversão” entre energia mecânica
(medida em Joules) e calor (medido em “calorias”)? Este é o problema do equivalente mecânico da caloria.
Com extraordinária sagacidade, Mayeer conseguiu inferir a resposta partindo de um dado experimental já
conhecido na época: a diferença entre calor específico de um gás a pressão constante e seu calor específico a
volume constante. Usando os resultados então conhecidos (cuja a incerteza experimental era grande), Mayer
deduziu um valor do equivalente mecânico da caloria cuja diferença do valor correto é da ordem de 10%.
Entretanto, seu trabalho foi considerado muito especulativo e foi ignorado durante as duas décadas seguintes.
As experiências básicas para a obtenção do equivalente mecânico da caloria foram realizadas durante
um período de quase 30 anos pelo cervejeiro e cientista amador inglês James Prescott Joule. Seus primeiros
resultados, anunciados em 1843, eram ainda muito imprecisos, mas em 1868 ele chegou finalmente a resultados
de grande precisão.
Quando Joule apresentou um dos primeiros resultados confiáveis, numa reunião realizada em Oxford em
1847, só despertou o interesse de um jovem da audiência: William Thomson, o futuro Lord Kelvin. Três dias
depois, Joule se casou. Duas semanas mais tarde, Thomson, em Chamonix, encontrou Joule, munido de um
imenso termômetro, subindo ao topo de uma imensa cachoeira. Mesmo em lua de mel, entre a água em cima
e em baixo da cachoeira (para as cataratas de Niagra, ele estimou essa diferença em ≈ 0, 2◦ C !
A formulação mais geral do Princípio de Conservação da Energia foi apresentada pelo físico-matemático-
fisiologista Hermann von Helmholtz numa reunião da Sociedade Física de Berlim, em 23 de julho de 1847.
Helmholtz mostrou que ele se aplicava a todos os fenômenos então conhecidos - mecânicos, térmicos, elétricos,
magnético; também na físico-química, na astronomia e na biologia (metabolismo dos seres vivos).
Em seu livro “Sobre a Conservação da Energia” (Helmholtz ainda usava a palavra “força” em lugar de
”energia”; a energia cinética era chamada de “força viva”), ele diz:
...“chegamos a conclusão de que a natureza como um todo possui um estoque de energia que não pode de
forma alguma ser aumentado ou reduzido; e que, por conseguinte, a quantidade de energia na natureza é tão
eterna e inalterável como a quantidade de matéria. Expressa de forma, chamei esta lei geral de “Princípio de
Conservação da Energia”.
Por volta de 1860, o Princípio de Conservação de Energia, que corresponde, conforme veremos, à 1a Lei
da Termodinâmica, já havia sido reconhecido como um princípio fundamental, aplicável a todos os fenômenos
conhecidos.
Em geral, quando um corpo recebe calor, a sua temperatura se eleva. A quantidade de energia térmica Q
necessária para elevar a temperatura de um corpo é proporcional à elevação de temperatura e à massa do
corpo:
Q = C ∆T = mc∆T , ( 4.123)
em que C é a capacidade calorífica, que se define como a energia térmica necessária para elevar de um grau
a temperatura do corpo. A grandeza c é o calor específico, a capacidade calorífica da unidade de massa da
substância do corpo:
C
c= . ( 4.124)
m
68 FTC EaD | LICENCIATURA EM MATEMÁTICA
A unidade histórica de medida de energia térmica, a caloria, definia-se como a quantidade de energia térmica
necessária para elevar de um grau Celsius a temperatura de um grama de água. Uma vez que aceitamos hoje
que calor é apenas uma forma de energia, não precisamos de unidade especial para medi-lo. A caloria se
define, nos dias de hoje, em termos da unidade SI de energia, o joule: 1 cal = 4, 186 J .
Uma unidade de medida comum em países de língua inglesa é o Btu (de British thermal unit - unidade
térmica britânica), que se definia, originalmente, como a quantidade de energia térmica necessária para elevar
de um grau Fahrenheit a temperatura de uma libra de água. A relação entre Btu, a caloria e o joule é
C
c′ = ,
n
em que n é o número de moles. Uma vez que C = mc , o calor molar c ′ e o calor específico c relacionam-se por
C mc
c′ = = = Mc , ( 4.125)
n n
m
em que M = é a massa molar. Na Tabela 4 aparecem os calores específicos e os molares de alguns sólidos
n
e líquidos. Observe que os calores molares dos metais coincidem, na sua maioria, uns com os outros.
Eletromagnetismo
4.6 Introdução
Durante grande parte do século XIX, a crença no progresso era a mola principal do mundo civilizado. As
sangrentas guerras napoleônicas já estavam esquecidas. A Revolução Industrial expandia extraordinariamente
a quantidade de riquezas. E todos acreditavam que o desenvolvimento científico seria capaz de sanar as
injustiças ainda existentes. Algum tempo depois, os imprevisíveis rumos da história afastaram essas ilusões.
No campo científico, porém, o homem europeu tinha motivos suficientes para se orgulhar da época em que
vivia.
Newton criou, ele mesmo, a matemática que lhe serviu para interpretar a mecânica celeste e, durante todo
o século XVIII, nomes ilustres esforçaram-se por enriquecê-la. Mas faltava alguém que, adotando as teorias
elaboradas por matemáticos puros, as adaptasse à descrição de novos fenômenos físicos. Este alguém foi
precisamente James Clerk Maxwell, o físico que mais contribuiu para a descrição, em forma matemática, de
todos os fatos até então pesquisados. Seu nome figura, ao lado do de Fourier e Bernoulli, entre os dos
grandes vultos da época. Pode ser considerado como o iniciador da física matemática e o responsável pela
interpretação moderna de vários fenômenos, especialmente daqueles ligados ao eletromagnetismo e às ondas
eletromagnéticas.
Segundo a classificação atual, existem na Natureza quatro interações fundamentais: nuclear forte, eletro-
magnética, nuclear fraca e gravitacional (em ordem decrescente de intensidade). Ate agora só havíamos
estudado uma delas: a gravitação, cujos efeitos se fazem sentir principalmente na escala astronômica.
O eletromagnetismo é outra interação fundamental, muito mais importante do que a gravitação no domínio
que nos é mais familiar. Com efeito, as forças que atuam na escala macroscópica, responsáveis pela estrutura
da matéria e pela quase totalidade dos fenômenos físicos e químicos que intervêm em nossa vida diária,
são de natureza eletromagnética. Isso não quer dizer que seus efeitos possam sempre ser analisados pela
física c1assica. Em tudo aquilo que depende da escala atômica – que também tem reflexos macroscópicos
– é preciso empregar a física quântica. Entretanto, a interação relevante, também no tratamento quântico, e
eletromagnética.
Ainda de um ponto de vista fundamental, a interação eletromagnética é aquela que compreendemos melhor.
Seu tratamento teórico, no nível quântico (eletrodinâmica quântica), serve hoje em dia como modelo para o
tratamento de todas as demais interações conhecidas.
No desenvolvimento da física, a teoria clássica da interação eletromagnética, formulada por Maxwell, de-
sempenhou um papel central, como protótipo de uma teoria de campo. Ela permitiu obter uma das grandes
sínteses da ciência, a unificação do eletromagnetismo e da ótica, mostrando que a luz é uma onda eletro-
magnética. Além disso, serviu como ponte para a elaboração da teoria da relatividade restrita. Para isso, foi
necessário modificar a própria mecânica newtoniana, mas a teoria de Maxwell permaneceu intacta.
4.8.1 Antiguidade
Sabemos a alguns séculos que os efeitos elétricos e magnéticos estão diretamente relacionados, mas nem
sempre foi desta forma. A primeira observação da eletrificação de objetos por atrito perdeu-se na antiguidade.[1]
Voltemos ao tempo da Grécia antiga, ano 600a.C ., alguns filósofos gregos, por exemplo Tales de Mileto (625 −
547)a.C ., já conhecida os efeitos de atração e repulsão de uma pedra de um tipo de óxido de ferro. Essa pedra
recebeu o nome de magnetita (conhecido popularmente como ímã), pois existiu um pastor grego chamado
Magnes que percebeu que as pedras grudavam em seu cajado de ferro. [2] Também era conhecido na Grécia
que atritando um pedaço de âmbar com o pêlo de algum animal esse adquiria a propriedade de atrair peque-
nas partículas de pó ou pequenos pedaços de plumas. O âmbar é uma resina fóssil translúcida e amarela
derivada de um pinheiro antigo que já não existe mais. Existem registros que os árabes, século XI d.C., e
chineses, desde o século III a.C., usavam a magnetita flutuando sobre a água para se orientarem ao navegar
pelos mares, eram as bússolas. Na idade média, Petrus Peregrinus produziu uma obra intitulada Epístola de
Magnete, onde relatava experiências com o magnetismo, talvez este seja o primeiro trabalho, de que temos
notícias, que buscava explicar os fenômenos elétricos e magnéticos. Peregrinus não fazia, porém, distinção
entre os diferentes tipos de atração: a magnética e a elétrica. Essa obra permaneceu ignorada até fins do
século XVI.
Em 1269, Pierre de Maricourt, foi o primeiro a estudar sistematicamente os ímãs. Ele usou uma agulha
magnetizada para traçar o que chamava de “linhas de força” ao redor de uma esfera de magnetita e descobriu
que estas linhas convergem em duas regiões, em lados opostos da esfera, como as linhas longitudinais da
Terra, por analogia chamou as regiões onde as linhas de força convergem de pólos.
Em 1600, William Gilbert (1544 − 1603), médico da rainha Elizabeth I , foi o primeiro a distinguir claramente
entre fenômenos elétricos e magnéticos, em sua publicação De Magnete (1600) fica estabelecido a distinção
entre eletricidade e magnetismo. Foi ele quem cunhou a palavra eletricidade, derivando-a de “elektron” que
significa âmbar em grego. Gilbert mostrou que o efeito elétrico não é exclusivo do âmbar, mas que muitas out-
ras substâncias podem ser carregadas eletricamente ao serem esfregadas, por exemplo se esfregar seda num
pedaço de vidro este adquiria propriedade semelhante, com algumas características diferentes, e deu nome
aos dois efeitos, chamando-os de eletricidade resinosa (para a do âmbar) e eletricidade vítrea (para a do vidro).
Ele também foi o primeiro a dar uma explicação ao fenômeno, dizia que existia um fluido nos materiais, e que
esse fluido era retirado ao se atritar com a pele de um animal e, ao se retirar esse fluido, restava uma emanação,
a qual causava a força que atraia as partículas de pó. Pode-se considerar que a obra de Gilbert foi a primeira
investida na tentativa de se teorizar os fenômenos da eletricidade e do magnetismo. Após as descobertas de
Gilbert o pioneiro a construir um aparelho eletrostático foi Ott Von Guericke (1602 − 1686), que inventou uma
importante máquina de fricção utilizando uma bola de enxofre moldada num globo de vidro que gerava cargas
elétricas ao se girar a bola. A produção dessas máquinas trouxe grandes mudanças para o estudo dos fenô-
menos eletrostáticos, pois passou-se da simples observação para a experimentação. É bom lembrar que essas
máquinas não eram construídas para fins práticos e sim por admiração e fascínio. Na época muitas pessoas
também acreditavam que elas tinham efeitos terapêuticos.[2] Pôde-se, através destas máquinas eletrostáticas,
descobrir que objetos carregados eletricamente se repeliam ou atraíam, também foi descoberto que existem
dois tipo de matérias, os que conduzem eletricidade (condutores) e os que não conduzem (isolantes).
Em 1820, um novo fenômeno foi observado por acaso pelo físico dinamarquês Hans Christian Oersted
(1777 − 1825). Durante uma de suas aulas sobre o efeito térmico das correntes nos fios condutores, percebeu
que ao passar uma corrente pelo fio uma agulha magnética próxima ao fio sofria influência. Investigando a
fundo percebeu que ao se passar uma corrente elétrica por um fio um campo magnético é gerado ao seu
redor. A notícia se espalhou rapidamente e muitas outras experiências foram realizadas. André Marie Ampère
(1775-1836), um matemático francês, logo descobriu o efeito das correntes de um fio nas correntes de outro
fio próximo e estabeleceu a primeira teoria matemática desse novo fenômeno. Observou que correntes em
fios paralelos com o mesmo sentido repeliam os fios e correntes no sentido oposto os atraiam e estabeleceu
as equações matemáticas. Construiu, em 1822, um solenóide para criar campos magnéticos. Os passos
iniciais da eletricidade ficaram ainda mais alicerçados quando o físico alemão George Simon Ohm (1789−1854)
anunciou em 1827 a lei que hoje recebe seu nome. A lei de Ohm diz que a corrente que atravessa um circuito
é proporcional à tensão dividida pela resistência do circuito. Michael Faraday (1791 − 1867), físico inglês,
descobriu onze anos depois de Oersted ter feito o casamento da eletricidade com o magnetismo, que a variação
magnética ao redor de um fio gera uma corrente neste. Com a descoberta de Oersted muitos motores foram
construídos e outras maneiras de gerar movimento através da eletricidade foram inventadas.
Enquanto Faraday estudava essas novas formas de gerar movimento, ele descobriu que ao se ter um campo
magnético variável ao redor de um fio condutor, uma corrente era gerada neste fio. Ou seja, Faraday descobriu
uma. Mas Faraday não foi o único a fazer esta descoberta. Quase concomitantemente, Joseph Henry (1797 −
1878), professor americano, descobriu a força eletromotriz de auto-indução. Como Henry anunciou formalmente
antes, foi ele. Mas Henry, conhecido pelos seus trabalhos em eletromagnetismo, foi pioneiro em muitos outros
domínios da eletricidade: entre 1830 e 1831 inventou o que parece ter sido o primeiro telégrafo eletromagnético
prático. O interessante é observar que em eletricidade, a partir do século XIX, a teoria andou praticamente de
mãos dadas com as utilidades práticas. Poucos anos separaram os conhecimentos teóricos sobre eletricidade
dos usos possíveis de tais conhecimentos. Pode-se dizer que, em muitos casos o desenvolvimento comercial
da eletricidade foi resultado de pesquisas científicas.
Alguns descobrimentos no campo científico foram de extrema importância para os avanços gerais da elet-
ricidade e do magnetismo. Gustav Robert Kirchhoff (1824 − 1887) formulou em 1847 duas leis, chamadas “leis
de Kirchhoff” sobre correntes e tensões elétricas, que permitiam a resolução, juntamente com a lei de Ohm,
dos mais variados circuitos, facilitando, principalmente, em muito o trabalho com a eletricidade. Embora em
outros campos até o século XIX, grande parte dos avanços tecnológicos tivesse sido conseqüência de desco-
brimentos empíricos levados a cabo por homens eminentemente práticos, no campo do conhecimento elétrico,
o desenvolvimento tecnológico foi derivado mais das pesquisas científicas.
É possível estabelecer uma divisão nítida entre a ciência da eletricidade e a utilidade industrial dos con-
hecimentos científicos. Logo após o descobrimento de Faraday, ao cabo de pouco tempo já se vendia gerador
eletromagnético para o público. Se pessoas como Faraday não tinham tino de transformar os conhecimentos
eletromagnéticos nos seus usos práticos, não foi difícil para outros absorveram seus ensinamentos e construir
equipamentos úteis à sociedade da época. O telégrafo foi a invenção que mais ajudou o eletromagnetismo a se
desenvolver. Muitos cientistas trabalharam com o telégrafo, entre eles: Wilhelm Weber, Karl Friedrich Gauss,
Werner von Siemens, Charles Wheatstone e Samuel Finley Breese Morse. O edifício teórico do eletromag-
netismo, base de todos os desenvolvimentos da eletrotécnica, foi definitivamente estabelecido em 1873 pelas
mãos de James Clerk Maxwell.
James Clerk Maxwell foi um homem rico, nadador e cavaleiro exímio, dono de uma pro-
priedade de 2000 acres na Escócia, um cientista cujos trabalhos permanecem até hoje sur-
preendentemente atuais. O maior físico matemático desde Newton, criou a teoria eletromag-
nética da luz, previu a existência das ondas de rádio, escreveu o primeiro artigo importante
sobre a teoria dos controles e fundou, juntamente com Ludwing Boltzmann, a mecânica
estatística.
Também executou, com a ajuda da esposa, uma interessante série de experimentos relativos à visão das
cores e tirou as primeiras fotografias coloridas. Nos dois anos que precederam a sua morte em 1879, vítima de
câncer, com apenas 48 anos, estabeleceu os fundamentos de outra disciplina que se tornaria madura apenas
no século XX, a da dinâmica dos gases rarefeitos. Publicou um conjunto de quatro equações diferenciais nas
quais descreve a natureza dos campos eletromagnéticos em termos de espaço e tempo. As equações de
Maxwell são as equações básicas para todo eletromagnetismo. Elas são fundamentais no mesmo sentido que
as três leis de Newton e a lei da gravitação são para a mecânica. Em um sentido mais geral, elas são mais
fundamentais, pois são consistentes com a teoria da relatividade, enquanto as equações de Newton não são.
Devido o fato de que todo o eletromagnetismo estar contido nesse conjunto de quatro equações, as equações
de Maxwell são consideradas um dos grandes triunfos do pensamento humano.
Maxwell era um homem muito sensível, com fortes sentimentos religiosos e um fascinante e surpreendente
senso de humor. Muitas de suas cartas revelam uma fina ironia. Também tinha um certo talento para escrever
poesias, em geral, em tom leve, mas, ocasionalmente abordando temas mais profundos. A última estrofe de
um poema escrito para a esposa em 1867 dizia o seguinte:
Em tradução livre:
All powers of mind, all force of will
Todos os poderes da mente, toda a força da vontade
May lie in dust when we are dead,
Podem se transformar em pó quando morremos,
But love is ours, and shall be still
Mas o amor é nosso, e continuará a sê-lo
When earth and seas are fled.
Quando a terra e os mares não existirem mais.
Aos dezesseis anos, James começou a estudar matemática, filosofia natural e lógica na Universidade de
Edimburgo. Em 1850, mudou-se para Cambridge, filiando-se ao Peterhouse College. Por ser mais fácil obter
uma bolsa de estudos, mudou-se para o Trinity College, que havia sido freqüentado por Isaac Newton (1642 −
1727). Formou-se em 1854 em matemática com grande destaque entre os outros estudantes. Apesar disso,
não recebeu o prêmio de melhor aluno pois não se preparou adequadamente para os pesados exames de fim
de curso. Maxwell tornou-se membro do Trinity College onde continuou trabalhando até 1856. Nesse ano, como
queria ficar mais tempo com seu pai, que estava gravemente doente, foi trabalhar como Professor de Filosofia
Natural no Marischal College em Aberdeen, no norte da Escócia. Enquanto estava no Trinity, Maxwell começou
suas pesquisas sobre eletricidade e magnetismo. Seu primeiro trabalho sobre o assunto foi publicado em 1856.
Em fevereiro de 1858, Maxwell tornou-se noivo de Katherine Mary Dewar e casou-se com ela em junho de 1859.
Em 1859, concorreu para ocupar a cadeira de Filosofia Natural na Universidade de Edimburgo, mas perdeu o
posto para Peter Guthrie Tait (1831 − 1901), seu amigo pessoal desde os tempos da Academia de Edimburgo.
Apesar de suas qualidades como matemático, Maxwell não era um bom professor para alunos iniciantes, o que
favoreceu Tait. Apesar de ter se tornado genro do diretor do Marischal College, Maxwell foi despedido em 1860,
quando este se uniu ao King’s College, e teve que procurar outro emprego. Em 1860, Maxwell foi indicado para
ocupar a cadeira de Filosofia Natural no King’s College de Londres onde permaneceu até 1865. Após deixar
o King’s College de Londres, Maxwell retornou à região em que passou sua infância, Glenlair, dedicando-se a
escrever seu famoso livro sobre eletromagnetismo, o Tratado sobre Eletricidade e Magnetismo, publicado em
1873.
Em 1871, foi trabalhar, após grande relutância por sua parte, como diretor do Laboratório Cavendish em
Cambridge. Ele ajudou a projetar e desenvolver este importante laboratório, pelo qual, posteriormente pas-
O lugar de Maxwell entre os grandes físicos do século XIX deve-se a suas pesquisas sobre eletromag-
netismo, teoria cinética dos gases, visão colorida, anéis de Saturno, óptica geométrica, e alguns estudos sobre
engenharia. Ele escreveu quatro livros e cerca de cem artigos científicos. Foi também editor científico da nona
edição da Enciclopédia Britânica, para a qual contribuiu com vários verbetes. Os sólidos conhecimentos de
Maxwell sobre história e filosofia da ciência refletem-se em certas abordagens filosóficas presentes em seus
artigos originais e em seus trabalhos em geral. Seus trabalhos exerceram, e continuam exercendo, enorme
influência em toda física. A famosa teoria da relatividade restrita nasceu a partir de estudos de questões rela-
cionadas ao eletromagnetismo e às “equações de Maxwell”. Os sistemas de unidades eletrostático e eletro-
magnético introduzidos por Maxwell são utilizados, com algumas mudanças, por físicos e engenheiros até os
dias de hoje.
Seus estudos sobre teoria cinética dos gases foram aprofundados e desenvolvidos por Boltzmann, Plank,
Einstein e outros. Após o experimento de Hertz, que confirmou a existência de ondas eletromagnéticas, o
desenvolvimento de novas tecnologias baseadas na natureza eletromagnética da luz tornou-se um fato que
exerceu e continua exercendo enormes influências sobre nossas vidas. Como Maxwell costumava trabalhar
em vários assuntos diferentes em seqüência, chegando, às vezes, a publicar trabalhos sobre o mesmo assunto
com um intervalo de vários anos entre um e outro, não vamos seguir uma seqüência cronológica ao descrever
seus trabalhos – mas, sim, apresentar certos aspectos de algumas de suas contribuições para a física, como a
teoria de visão colorida, termodinâmica e eletromagnetismo.
⋄ A carga elétrica não passa de uma descontinuidade no deslocamento mecânico do éter (uma espécie de
aglomerado de éter) e a corrente é o éter em movimento. Lembremos que a hipótese do elétron só foi
confirmada experimentalmente em 1897 pelo físico inglês Joseph John Thomson (1856 − 1940);
⋄ Como Maxwell escreveu o livro baseado no formalismo lagrangeano, para criar uma nova teoria basta
modificar a função lagrangeana que descreve a energia do éter;
⋄ O efeito da matéria sobre o éter é misterioso e deve ser deixado de lado até que os problemas sejam
resolvidos pelo método da energia;
⋄ Modelos mecânicos do éter são ilustrações importantíssimas das trocas de energia mas não refletem nec-
essariamente a verdadeira estrutura do éter.
Muitos leitores esperavam encontrar no Tratado uma exposição sistemática completa das idéias de Maxwell
sobre eletromagnetismo. No entanto, como ele mesmo afirmou, seu objetivo com o livro era organizar suas
próprias idéias apresentando uma visão completa do estágio que havia atingido até então. O livro é estruturado
de uma forma histórica e experimental, ao invés de seguir uma linha didática para a apresentação da teoria.
Tanto que as idéias são exibidas em seus diversos graus de maturidade em partes diferentes do livro; as seções
são desenvolvidas independentemente, com inconsistências e saltos entre uma e outra ou mesmo contradições
na argumentação. O livro é muito mais um estudo do autor do que um trabalho acabado. A morte prematura
de Maxwell, aos 48 anos, ocorreu em uma época na qual suas idéias estavam ganhando adeptos e ele estava
preparando uma revisão abrangente do Tratado.
A seguir, derivaremos as equações de Maxwell na forma diferencial a partir da forma integral. Para este fim,
faremos uso dos teoremas de Gauss e Stokes.
Teorema de Gauss
I ZZZ
−
→ − → →−
− →
φ= C ·dS = ∇ ·C dV ( 4.127)
S V
Teorema de Stokes
I Z
−
→ − → →
→ −
− −
→
C ·d l = ∇X C · d A , ( 4.128)
C S
em que C é um campo vetorial; e S , uma superfície aberta.
Lei de Gauss
Podemos reescrever a lei de Gauss, para a eletrostática, em função de uma densidade de carga volumétrica,
como a seguir: I ZZZ
−
→ − →
E ·d s =q = ρ · dV , ( 4.129)
S V
em que S é uma superfície, ρ é a densidade de carga volumétrica e V é o volume no interior da superfície
gaussiana. Usando o teorema de Gauss, o qual correlaciona uma integral de superfície com uma integral de
volume, temos que, I ZZZ
−
→ − → → −
− →
E ·d s =q = ∇ · E · dV ( 4.130)
S V
como esta igualdade é verdadeira para qualquer volume, então o integrando da equação deve ser nulo, isto é
→ −
− → ρ
∇·E =
ε0
Esta equação corresponde à Lei de Gauss na forma diferencial. Isto significa que, se o divergente do campo
elétrico é não nulo, então, deve existir campo elétrico na região resultante de carga total não nula.
Usando o teorema de Gauss, como no caso anterior, encontramos a seguinte equação para a magnetostática,
→ −
− →
∇·B =0 ( 4.132)
Desta equação, tiramos as seguintes conclusões: os campos magnéticos não divergentes e não existem
monopólos magnéticos.
Lei de Faraday
Sabemos que o teorema de Stokes relaciona uma integral de caminho com a integral de superfície aberta
delimitada por este caminho.
I Z
−
→ − → → −
− → − →
E ·d l = ∇X E · d A ( 4.134)
C S
ou
Z →
−
− →
→ − ∂B −
→
∇X E + ·dA
S ∂t
Como a integração é válida para qualquer superfície, então a integral será sempre nula quando o integrando
for igual a zero. Isto é,
−
→
→ −
− → ∂B
∇·E =−
∂t
Esta equação representa a lei de Faraday na forma diferencial. Desta equação, concluímos que campos
magnéticos variáveis no tempo gera campos elétricos do tipo rotacionais. Estes campos elétricos diferem
daqueles gerados por cargas elétricas estáticas, os quais, são sempre divergentes. Isto explica o fato da
integral do campo elétrico, em um caminho fechado ser diferente se zero. Em resumo, podemos dizer que os
campos rotacionais têm integral de circuitação não nula.
Igualando os dois lados direitos das equações ( 4.135) e ( 4.136) temos que
Z Z
∂− → −
→ −
→
∇X B − µ0 E − µ0 J · d A = 0 ( 4.137)
0 ∂t
Para que esta igualdade seja verdadeira para qualquer superfície é necessário que seu integrando seja nulo.
Isto é, Z
→ −
− → ∂− → −
→
∇ X B = µ0 E + µ0 J ( 4.138)
0 ∂t
Esta equação representa a lei de Ampère na forma diferencial. Dela, concluímos que campos elétricos variáveis
no tempo, assim como correntes elétricas, produzem campos magnéticos. Estes campos magnéticos são,
como esperado, do tipo rotacional.
→ −
− → ρ
Lei de Gauss (eletrostática) : ∇ · E =
ε0
−
→ − →
Lei de Gauss (magnetostática) : ∇ · B = 0
−
→
→ −
− → ∂B
Lei de Faraday : ∇ · E = −
∂t
→ −
− → R ∂ − → −
→
Lei de Ampère : ∇ × B = µ0 0 E + µ0 J
∂t
Destas equações, podemos concluir que:
X Os campos magnéticos são rotacionais, isto é, não existem mono pólos magnéticos.
Por que razão uma interação muitas ordens de grandeza mais forte do que a gravitacional só foi investigada
muito depois desta e não se manifesta de forma mais diretamente perceptível? A razão e que, enquanto a
A existência de dois tipos diferentes de cargas foi descoberta por Charles François du Fay em 1733, quando
mostrou que duas porções do mesmo material, por exemplo âmbar, eletrizadas por atrito com um tecido,
repeliam-se, mas o vidro eletrizado atraia o âmbar eletrizado. O tipo de carga que chamou de “vítrea” foi
depois chamado por Benjamin Franklin de positiva, e a “resinosa” recebeu o nome de negativa.
A justificativa para esses nomes baseou-se em experiências realizadas por Franklin, que o convenceram
de que o processo de eletrização não cria cargas: apenas as transfere de um corpo a outro. Normalmente,
um corpo é neutro por ter igual quantidade de carga positiva e negativa: quando ele transfere carga de um
dado sinal a outro corpo, fica carregado com carga de mesmo valor absoluto e sinal contrário. Essa hipótese
de Franklin constitui a mais antiga formulação de um princípio fundamental da física, a lei de conservação da
carga elétrica.
Franklin acreditava que era a carga positiva, que imaginava como um fluido, aquela que se transferia. Hoje
sabemos que, na eletrização por atrito, são os elétrons que se transferem de um corpo a outro, e sua carga é
negativa, segundo a convenção historicamente adotada - que é inteiramente arbitrária. A transferência ocorre
por contato, e o objetivo do atrito é meramente o de incrementar o contato. O sinal da carga adquirida por um
corpo na e1etrização por atrito depende da substancia com a qual e atritado: o âmbar se eletriza negativamente
por atrito com a lã, mas positivamente quando atritado com enxofre. A experiência de du Fay mostra que cargas
de mesmo sinal se repelem: cargas de sinais opostos se atraem.
Um contemporâneo de du Fay, Stephen Gray, descobriu em 1729 que as cargas elétricas podiam ser trans-
mitidas através de diferentes materiais, que foram chamados de condutores, ao passo que tendiam a per-
manecer retidas em outros, chamados de isolantes.
O âmbar, o quartzo, o vidro, a água destilada, os gases em condições normais (em particular o ar seco), a
borracha e a maioria dos plásticos são bons isolantes. Os metais, a água contendo ácidos, bases ou sais em
solução, o corpo humano e a terra são bons condutores.
Um janota inglês, Robert Symmer, que usava dois pares de meias ao mesmo tempo, um de lã para proteger
do frio e o outro de seda pela aparência, comentou em, 1759, que, quando as removia, tirando uma de dentro
da outra, elas se inflavam, assumindo a forma dos pés, e se atraiam (lã com seda) ou se repeliam (lã com lã)
até uma boa distância uma da outra.
Na parte inferior da haste está presa uma lâmina leve de folha de alumínio ou de ouro. O frasco protege
esse conjunto das correntes de ar. Quando aproximamos da bola um bastão de vidro carregado positivamente
(por atrito com um pano de seda, por exemplo), as cargas negativas do conjunto haste-bola são atraídas para
cima e a parte inferior fica carregada positivamente. A lâmina, com carga de mesmo sinal que a haste, é
repelida por ela e se afasta, com ângulo de abertura tanto maior quanto maior a carga, ver figura acima (a).
Ao retiramos o bastão, a carga total do eletroscópio volta ao zero, e a lâmina cai, figura acima (b). A
separação inicial da carga em (a) sob a influência do bastão chama-se indução eletrostática.
Na seqüência da figura de (c) a (e), vemos como se pode carregar um corpo por indução. Para esse fim,
aproximamos o bastão de vidro carregado positivamente, ao mesmo tempo que tocamos com a mão a bola
do eletroscópio. Isso equivale a colocá-la em contato com a terra. Tudo se passa como se a carga positiva,
separada por indução e repelida pelo bastão, se escoasse para a terra [na verdade, conforme indicado pela
seta na figura (8c ), são elétrons provenientes da terra que neutralizam a carga positiva separada].
Ao retirarmos a mão da bola, a carga negativa induzida nela permanece, ainda sob a atração do bastão,
figura (d). Removido o bastão, a carga se redistribui pelo conjunto bola-haste, que permanece carregado,
provocando o afastamento da lâmina, figura (e).
ER 12. Duas esferas condutoras idênticas, uma com a carga inicial Q e a outra descarregada, são postas em
contato.
(b) Com as esferas em contato, um bastão negativamente carregado é aproximado de uma delas, que fica,
então, com a carga 2Q . Qual a carga da outra esfera?
Solução:
Q1 + Q2 Q +0 Q
QNova = = =
2 2 2
(b) Como as esferas estão em contato e o bastão se aproxima de uma delas, então a carga será −Q , para
que haja conservação da carga.
Solução:
QA + QC (Q + 0) Q
Qnova = = = = QAnova = QC nova
2 2 2
Q
QB + QC −Q +
= = 2 = Q =Q
Qnova Bnova = QC nova
2 2 4
A interação elétrica entre duas partículas carregadas é descrita em termos das forças que elas exercem
mutuamente. A primeira investigação quantitativa sobre a lei da força entre corpos carregados foi efetuada por
Charles Augustin de Coulomb (1736 − 1806), em 1784, utilizando uma balança de torção, do tipo empregado 13
anos mais tarde por Cavendish, para medir forças gravitacionais. Coulomb estudou a força de atração na re-
pulsão entre duas “cargas puntiformes”, isto é, corpos carregados cujas dimensões são pequenas comparadas
com a distância entre eles.
Coulomb observou que a força torna-se menor à medida em que a distância entre os corpos aumenta.
1
Quando a distância dobra, a força decresce a do seu valor inicial. Ela varia, então, inversamente com o
4
1
quadrado da distância. Se r for a distância entre as partículas, então a força será proporcional a 2 .
r
A força também depende da quantidade de carga em cada corpo, usualmente representada por por q ou
q ′ . A carga efetiva de um corpo pode ser descrita em termos do número de elétrons ou prótons em excesso no
corpo.
Na época de Coulomb, nenhuma unidade de carga havia ainda sido definida, nem tampouco um método
para comparação de ma dada carga com uma unidade. Apesar disso, Coulomb inventou um método engen-
hoso para mostrar de que maneira a força exercida sobre ou por um corpo eletrizado dependia de sua carga.
Ele raciocinou que, se uma esfera condutora carregada fosse colocada em contato com uma segunda esfera
idêntica, inicialmente descarregada, a carga da primeira, deveria por simetria, ser distribuída eqüitativamente
entre os condutores. Ele tinha, assim, um método para obter metade, um quarto, e assim por diante, de uma
carga qualquer. Os resultados de suas experiências estavam de acordo com a conclusão de que a força entre
duas cargas puntiformes, q e q ′ , é proporcional ao produto dessas cargas. A expressão completa para a força
entre duas cargas puntiformes é, portanto,
−
→ q1 q2 −
→
F 2(1) = k r12 = − F 1(2) ,
2b ( 4.139)
(r12 )
−
→
em que F i (j ) é a força sobre a partícula i , devida à partícula j , r12 é a distância entre as duas partículas
−
→r 12
carregadas e br12 = é o vetor unitário da direção de 1 para 2, figura abaixo.
r12
k é uma constante de proporcionalidade, cujo valor depende das unidades em que F , q , Q e r são expressas.A
equação ( 4.139) é a expressão matemática do que é hoje conhecida como Lei de Coulomb:
A força de atração ou de repulsão entre duas cargas puntiformes é diretamente proporcional ao produto das
cargas inversamente proporcional ao quadrado da distância entre elas.
A direção da força sobre cada partícula é sempre ao longo da linha que as liga, puxando uma encontro à
outra, no caso de forças atrativas em cargas diferentes, e empurrando-as para fora, no caso de forças repulsivas
em cargas semelhantes.
O conceito de uma distribuição contínua de carga sugere que a carga elétrica, como a massa, pode variar
continuamente. Isso não é verdade. Existe na natureza um valor mínimo e da carga: a carga do elétron é −e e
a do próton +e . O valor de e é extremamente pequeno na escala macroscópica:
e = 1, 602177 · 10−19 C .
Isso significa que, quando temos num fio uma corrente de 1 ampère, a carga total que atravessa sua secção
transversal por segundo equivale à carga de 6, 24 · 1018 elétrons, o que ilustra bem o valor microscópico de e .
O cientista Millikan demonstrou a existência da carga elétrica empiricamente através de um experimento que
utilizava gotículas de óleo. As gotículas eram borrifadas (eletrizando-se por atrito) no espaço entre duas placas
e eram iluminadas o que permitia observá-las pela luz espalhada. Com as placas descarregadas, uma gotícula
caia, atingindo uma velocidade terminal uniforme quando a resistência do ar equilibra seu peso (corrigido pelo
empuxo do ar).
Com as placas carregadas, a força eletrostática exercida por elas permitia equilibrar a força gravitacional,
mantendo a gotícula suspensa. A comparação de resultados obtidos nas duas situações permitia medir a carga
da gotícula. Os valores obtidos eram sempre múltiplos inteiros (em geral pequenos) de e . Também era possível
produzir variações de carga numa gotícula, usando um agente ionizante, tal como uma fonte radioativa. As
variações observadas também eram sempre múltiplas inteiras de e . Diz-se que a carga é quantizada em
unidades da carga elementar e.
Todas as partículas chamadas elementares carregadas observadas até hoje têm cargas que são múltiplos
inteiros pequenos de e , em geral ±e . Sabe-se que a carga do próton é igual e contrária à do elétron com
erro relativo inferior a uma parte em 1021 , o que indica com que grau de precisão se verifica a neutralidade da
matéria.
−e +2e
Segundo o modelo dos quarks, essas partículas teriam cargas (quark d ) e (quark u ); o próton, por
3 3
exemplo, seria formado por dois quarks u e um quark d , com carga resultante +e . Entretanto, isso não contradiz
a quantização da carga, pois os quarks não são observados como partículas livres: todas as tentativas nas
últimas duas décadas para observar quarks livres foram infrutíferas: diz-se que estão sempre confinados.
Por que razão a carga elétrica é quantizada? Até hoje, ninguém sabe.
ER 14. Duas cargas estão localizadas no eixo positivo dos x , como na figura. Carga q1 = 2 · 10−9 C está a
2cm da origem e a carga q2 = −3 · 10−9 C , a 4cm da origem. Qual a força total exercida por estas duas cargas
sobre uma terceira, q3 = 5 · 10−9C , localizada na origem?
2cm
4cm
Solução: A força total sobre q3 é a soma vetorial das forças devido a q1 e q2 individualmente. Conver-
tendo as distâncias a metros, usa-se a E q .(15) para achar o módulo F1 da força q3 devido a q1 :
9, 0 · 109 N · m2 · C −2 · 2 · 10−9 C · 5 · 10−9 C
F1 = 2 = 2, 25 · 10−4 N .
(0, 02m)
Esta força tem uma componente x negativa, porque q3 é repelida por q1 , que tem o mesmo sinal. Analoga-
mente, a força devido a q2 tem o módulo
9, 0 · 109 N · m2 · C −2 · 3 · 10−9 C · 5 · 10−9 C
F1 = 2 = 0, 84 · 10−4 N
(0, 04m)
Esta força tem uma componente x positiva, porque q3 é atraída pela carga oposta q2 . A soma das compo-
nentes x será:
X
Fx = −2, 25 · 10−4 N + 0, 84 · 10−4 N = −1, 41 · 10−4 N
Não há componentes y ou z . Assim, a força total sobre q3 está dirigida para a esquerda, com módulo igual a
1, 41 · 10−4 .
ER 15. Na figura abaixo, duas cargas iguais e positivas, q = 2, 0 · 10−6 C , interagem com uma terceira,
Q = 4, 0 · 10−6 C . Achar a intensidade e a direção da força total em Q .
q = 2, 0 × 10−6 C
0, 3m
0, 4m θ Q = 4, 0 × 10−6 C
θ Fx x
0, 3m
Fy F
q = 2, 0 × 10−6 C
Solução: A palavra-chave é total. É preciso calcular a força que cada carga exerce sobre Q , para, em
seguida, somá-las vetorialmente. O modo mais simples de fazê-lo é usando componentes. A Figura (11)
mostra a força Q devido à carga superior q . Da Lei de Coulomb:
4, 0 · 10−6 C · 2, 0 · 10−6 C
F = 9, 0 · 109 N · C −2 · m−2 = 0, 29N
(0, 5m)2
0, 3m
Fy = −F sen (θ) = (0, 29N ) · = 0, 17N
0, 5m
A carga inferior q exerce uma força da mesma intensidade, mas direção diferente. Por simetria, vê-se que a
X
Fy = 0.
A força total em Q é horizontal com intensidade igual a 0, 46 N . Como seria a solução se a carga inferior fosse
negativa?
A interação elétrica entre partículas carregadas pode ser reformulada, usando-s o conceito de campo
elétrico, que não é apenas um método de cálculo, mas um conceito muito importante com significado teórico
fundamental. Para apresentá-lo, considere a repulsão mútua de dois corpos positivamente carregados, A e B ,
fazendo-se sentir sem que exista qualquer conexão material entre A e B .
Imagine, agora, uma dessas cargas como se estivesse modificando o estado
de coisas no espaço circundante, de modo que esse estado se torne diferente + F
+ + +
do que era na ausência desses corpos. Assim, remova o corpo B . O ponto −F + B
P da figura é ponto do espaço onde B se achava anteriormente. Diz-se que A (a)
o corpo carregado A produz ou cria um campo elétrico no ponto P e, se o +
corpo carregado B for agora recolocado em P , considera-se que a força é + +
+ P
exercida sobre B pelo campo e não diretamente pelo corpo A. Como o corpo A (b) F
B sofreria a ação de uma força em qualquer ponto do espaço em torno de E =
+ q′
A, existe um campo elétrico em todo o espaço em torno de A. (Pode-se, + +
+
igualmente, considerar que o corpo B produza um campo e que é este último (c) P
que exerce a força sobre o corpo A.) A
Diz-se que existe um campo elétrico num dado ponto, se uma força de origem elétrica atuar sobre um corpo
carregado, colocado neste ponto.
Sendo a força uma grandeza vetorial, o campo elétrico é um campo vetorial, cujas propriedades são de-
terminadas quando tanto a intensidade como a direção de uma força elétrica são especificados. Define-se
−
→ −
→
campo elétrico E em um ponto como o quociente entre a força F que atua sobre uma carga de prova positiva
q ′ , situada nesse ponto e essa carga. Assim,
−
→
−
→ F
E = ′, ( 4.140)
q
−
→ −
→
e a orientação de E é a de F . Segue-se que
−
→ −
→
F = q′ · E ,
de maneira que a força sobre uma carga negativa, como o elétron, tem sentido oposto ao do campo elétrico.
O campo elétrico, muitas vezes, é chamado intensidade elétrica ou intensidade de campo elétrico. No
sistema MK SC , onde a unidade de força é 1N e a de carga é 1C , a unidade de campo elétrico é um newton
por coulomb (1N · C −1 ). Outras unidades, em que o campo elétrico pode ser expresso, serão definidas mais
tarde. A força pela carga de prova q ′ varia de ponto para ponto, de modo que o campo elétrico é diferente em
Um problema causado por essa definição de campo elétrico é que, na Figura (12), a força exercida pela
carga q ′ pode mudar a distribuição de cargas em A, especialmente se o corpo for um condutor, no qual as
cargas podem mover-se livremente, de modo que o campo elétrico em torno de A, quando q ′ está presente,
não é o mesmo quando ela não está ausente. Entretanto, quanto menor for a carga no corpo B , tanto menor
será a perturbação sobre a simetria da distribuição de cargas em A, de mo que a definição rigorosa de campo
elétrico em um ponto do espaço é o valor-limite da força por unidade de carga sobre uma carga de prova q ′ ,
nesse ponto, quando a carga q ′ tende para zero:
−
→
−
→ F
E = lim
q ′ →0 q ′
Se existe um campo elétrico no interior de um condutor será exercida uma força sobre cada carga, no
condutor. O movimento das cargas livres provocado por essa força é chamado corrente. Reciprocamente, se
não existirem correntes em um condutor e, portanto, não houver movimento de suas cargas livres, o campo
elétrico no interior do condutor é nulo.
Na maioria das vezes, a intensidade e a orientação de um campo elétrico variam de ponto para ponto. Se
a intensidade e a orientação forem constantes em uma determinada região, o campo é uniforme nessa região.
Pelo princípio de superposição, a força sobre uma carga puntiforme qi , devida a sua interação eletrostática com
outras cargas puntiformes fixas em posições predeterminadas, é proporcional a qi , e pode ser escrita como
−
→ −
→
F i = qi · E i ( 4.141)
ou
−
→ 1 X qj
Ei = rji .
2b ( 4.142)
4πε0
i 6=j (rji )
−
→
Podemos então pensar nas demais cargas como “fontes” do campo elétrico E i , que é “sentido” pela carga qi
−
→
através da força F i dada pela equação ( 4.141); o campo representa assim a “força por unidade descarga”
N
atuando sobre qi na posição onde está colocada. A unidade de campo elétrico é o , no SI .
C
Karl Friedrich Gauss (1777 − 1855) foi um cientista e matemático alemão, que deu muitas contribuições à
Física Experimental e á Teórica. A relação conhecida como Lei de Gauss é o enunciado de uma importante
propriedade dos campos eltrostáticos.
O conteúdo da Lei de Gauss é sugerido pela consideração de linhas de campo. O campo de uma carga
puntiforme positiva, q , é representado por linha de campo saindo radialmente em todas as direções. Suponha
essa carga cicundada por uma superfície esférica de raio R , com a carga no centro. A área desta superfície
imaginária é 4π R 2 , de modo que se o número total de linhas de campo que saem da carga for N , então,
N
o número de linhas de campo, por unidade de área da superfície, será . Imagine uma segunda esfera
4π R 2
concêntrica com a primeira, mas cujo raio seja 2R . Sua área, então será 4π(2R )2 = 16π R 2 , e o número de
N
linhas de campo por unidade de área desta superfície será , um quarto da densidade de linhas de
16π R 2
A Lei de Gauus pode ser expressa matematicamente. A demonstração de como obter este resultado está
no AVA, por: I
−
→ − → Q
E ·dA = ( 4.143)
ε0
o círculo no símbolo de integral serve para lembrar que a integral sempre é calculada sobre uma superfície
fechada, contendo a carga total Q .
6.1 Introdução
A teoria da relatividade é constituída na realidade por duas teorias bem diferentes, a teoria da relatividade
e a teoria da relatividade geral. A teoria da relatividade restrita, formulada por Einstein e outros pesquisadores
em 1905, diz respeito à comparação de medidas executadas em referenciais inerciais diferentes que estejam se
movendo com velocidade constante um em relação ao outro. Suas conseqüências, que podem se deduzidas
com um mínimo de matemática, se aplica a uma grande variedade de fenômenos da física e da engenharia. A
teoria da relatividade geral, por outro lado, formulada por Einstein e outros pesquisadores por volta de 1916, diz
respeito a referenciais acelerados e à força da gravidade. A matemática envolvida é extremamente complexa e
as aplicações são quase todas na área da gravitação.
Seja um determinado evento que é observado em um sistema de referências O , através das coorde-
nadas (x , y , z , t ). Este mesmo evento é observado em um sistema de referência O ′ através das coordenadas
(x ′ , y ′ , z ′ , t ′ ). O sistema O ′ se move paralelamente ao eixo Ox com velocidade constante v .
2 3 2 3
x′ x
6 y′ 7 6 7
6 7 6 y 7
6 7=Π6 7,
4 z′ 5 4 z 5
t′ t
em que Π é um operador que realiza esta transformação. Nós usaremos, os postulados fundamentais da Teoria
da Relatividade, juntamente com a hipótese da homogeneidade do espaço-tempo, para deduzirmos a relação
acima. Como queremos uma relação funcional do tipo x ′ = x ′ (x , y , z , t ), y ′ = y ′ (x , y , z , t ) etc., então o operador
Π será uma matriz:
2 3
a11 a12 a13 a14
6 7
6 a21 a22 a23 a24 7
Π=6 7 ( 6.144)
4 a31 a32 a33 a34 5
a41 a42 a43 a44
em que, os coeficientes ai j são constantes a serem determinados, a partir dos postulados da relatividade.
Vamos determinar esses coeficientes através dos seguintes passos:
(a) Como os eixos Ox e O ′ x ′ são sempre coincidentes, então para o par y = 0 e z = 0 (isto é, um ponto do
eixo Ox ) a transformação nos deve levar a y ′ = 0 e z ′ = 0 (isto é, um ponto do eixo O ′ x ′ ) em qualquer
tempo t e t ′ . Isto é possível se:
(b) Como os planos Oxy (onde z = 0) e O ′ x ′ y ′ (z ′ = 0) permanecem sempre coincidentes (isto é, “escor-
regam” um sobre o outro), de ( 6.146) é possível ver que quando z = 0 , z ′ será nulo somente se a32 = 0.
O mesmo podemos dizer quanto aos planos Oxz ( onde y = 0 ) e O ′ x ′ z ′ ( y ′ = 0 ). Assim, se em ( 6.146)
fizermos y = 0 , obteremos y ′ = 0 desde que a23 = 0. Desta forma, teremos :
y ′ = a22 y
( 6.147)
z ′ = a33 z
(c) Para determinarmos estes dois coeficientes, usaremos os postulados da relatividade. Ilustremos para a22 .
Suponha, que uma barra seja colocada ao longo do eixo Oy do sistema O , com uma das extremidades
posicionada na origem. Seja L o comprimento da barra de acordo com um observador O , ou seja,
devemos ter y = L. De acordo com a equação ( 6.147), o comprimento da barra visto por O ′ será
y ′ = a22 L. Vamos colocar essa mesma barra em repouso com relação ao sistema O ′ , ao longo do eixo
O ′ y ′ . Como não houve nenhuma alteração física na barra, O ′ deve ler o mesmo comprimento para a
barra, isto é y ′ = L. De acordo com ( 6.147), nesta nova situação, o observador O deve medir um
comprimento y = L/a22 . Contudo, devido ao primeiro postulado da relatividade estas medidas devem ser
idênticas, ou seja O deve medir nesta segunda situação o mesmo valor que O ′ mediu na primeira, uma
vez que os sistemas O e O ′ são equivalentes. Em outros termos, devemos ter a22 L = (L/a22 ), o que nos
leva à solução a22 = ±1. Naturalmente, por simetria, devemos ignorar a solução negativa. Assim a22 = 1.
Analogamente, podemos mostrar que a33 = 1, de sorte que y ′ = y e z ′ = z . Resta, agora, determinar os
coeficientes de x ′ e t ′
x ′ = a11 x + a12 y + a13 z + a14 t
( 6.148)
t ′ = a41 x + a42 y + a43 z + a44 t
(d) Comecemos pela equação de t ′ . Por simetria, supomos que t ′ não depende de y e z , pois, do contrário,
os relógios colocado simetricamente no plano y z , em torno do eixo x , discordariam quando visto de O ′ , o
que contraria a isotropia do espaço. Portanto, devemos ter a42 = a43 = 0, o que nos leva a t ′ = a41 x + a44 t .
(e) Para a equação de x ′ , sabemos que um ponto tendo x ′ = 0 se move na direção do eixo x positivo com
velocidade v , tal que a afirmação x ′ = 0 de ser idêntica a x = v · t . Isto só é possível se a12 = a13 = 0 e
a14 = −v a11 , o que nos conduz a: x ′ = a11 (x − v t ) . As quatro equações ficam então reduzidas a:
x ′ = a11 (x − v t )
y′ = y
( 6.149)
z′ = z
t ′ = a41 x + a44 t
x 2 + y 2 + z 2 = c 2t 2 ( 6.150)
Para O ′ :
x ′2 + y 2 + z 2 = c 2 t 2 ( 6.151)
Esta equação, (da esfera) deve ser igual a ( 6.150)) se, e somente se:
8
>
< c 2 a44
2
− v a112
= c2
2
a11 − c 2 a41
2
= 1
>
: v a2 + c 2 a a
11 41 44 = 0
Transformações de Lorentz
8
> x ′ = γ (x − v t )
>
< y′ = y
>
> z′ = z
: ′
v
t =γ t− c2 x
Antes de falarmos sobre o paradoxo dos gêmeos, veja o significado da palavra paradoxo segundo o minidi-
cionário aurélio eletrônico: Substantivo masculino;
2. Filos. Afirmação que vai de encontro a sistemas ou pressupostos que se impuseram como incontestáveis
ao pensamento.
Homero e Ulisses são gêmeos idênticos. Ulisses viaja em alta velocidade para um planeta de outro sistema
planetário e depois volta para casa; Homero permanece na Terra o tempo todo. Quando os dois tornam a
se encontrar, ambos tem a mesma idade ou um está mais velho que o outro? A resposta correta é que
Homero, o gêmeo que ficou na Terra, está mais velho que o irmão. Este problema, com algumas variações,
têm sido objetivo de acaloradas discussões durante várias décadas, embora poucos cientistas hoje em dia
concordem com a resposta acima. O problema é considerado um paradoxo porque, apesar de os gêmeos se
encontrarem em uma situação aparentemente simétrica, um deles envelhece mais rapidamente que o outro. A
solução do paradoxo consistem em reconhecer que, na verdade, a situação em que os gêmeos se encontram
é assimétrica. O conflito entre o resultado relativístico e o senso comum tem origem na crença arraigada,
mas totalmente falsa, de que a simultaneidade entre dois eventos não depende do referencial. Vamos analisar
o problema usando algumas constantes numéricas, que, embora pouco realistas, tornam os cálculos mais
simples.
Suponha que o planeta P e Homero na Terra estejam em repouso em um referencial S e a distância entre
eles seja LP , como a figura abaixo.
Figura - O paradoxo dos gêmeos. A Terra e um planeta distante estão em repouso no referencial S . Ulisses
viaja em repouso no referencial S ′ até chegar ao planeta e depois viaja no referencial S ′′ até chegar de volta à
Terra. Seu gêmeo Homero permanece na Terra. Quando Ulisses chega de volta, está mais jovem que o irmão.
As situações em que os gêmeos se encontram não são simétricas. Homero permanece o tempo todo em um
referencial inercial, mas Ulisses precisa acelerar para voltar para casa.
O movimento da Terra pode ser desprezado. Os referenciais S ′ e S ′′ estão se movendo com velocidade
V em direção ao planeta e em direção à Terra, respectivamente. A espaço nova onde estar Ulisses acelera
rapidamente até atingir a velocidade V e depois mantém a velocidade constante (isto é, permanece estacionária
no referencial S ′ ) até chegar ao planeta P . Ao parar no planeta, ela permanece estacionária por algum temo
em relação ao referencial S . Para voltar, a nave acelera rapidamente até atingir a velocidade V e depois
mantém a velocidade constante (isto é, permanece estacionária em relação ao referencial S ′′ ) até chegar à
Terra. Podemos supor que os tempos de aceleração e desaceleração podem ser desprezados em comparação
com os períodos em que a espaçonave mantém a velocidade constante. A título de ilustração, vamos usar os
Como o mesmo tempo é gasto na viagem de volta, do ponto de vista de Ulisses a viagem terá durado
apenas 12 anos, portanto ele estará 8 anos mais novo que Homero quando os dois gêmeos se encontrarem
novamente. Do ponto de vista de Ulisses, a distância da Terra ao planeta P (levando em conta a contração
relativística) é dada por:
LP 8 anos-luz
L′ = = 5 = 4, 8 anos-luz
γ 3
Assim, como a velocidade da espaçonave é V = 0, 8c , a viagem de ida e volta leva apenas 12 anos. O que
não faz sentido neste problema é o fato de que, do ponto de vista de Ulisses, Homero envelheceu 20 anos. Se
imaginarmos que Ulisses permaneceu o tempo todo em repouso e foi Homero que se afastou e tornou a se
3
aproximar, o relógio de Homero deveria se atrasar e medir apenas · 12 = 7, 2anos.
5
Sendo assim, porque Homero não envelheceu apenas 7, 2 anos? Este, naturalmente, é o paradoxo. A
falha deste raciocínio está em que Ulisses não permanece o tempo todo em um referencial inercial. O que
acontece enquanto a espaçonave está acelerando e desacelerando? Para investigar este problema de perto,
precisaríamos conhecer alguma coisa a respeito de referenciais acelerados, assunto abordado pela teoria
da relatividade geral, que é discutida superficialmente neste material. Entretanto, podemos ter uma idéia da
situação imaginando que os gêmeos enviam mensagens regularmente um para o outro, de modo a poderem a
acompanhar a suas idades. Se combinarem em mandar uma mensagem uma vez por ano, poderão determinar
a idade do irmão simplesmente contando as mensagens recebidas. Entretanto, a freqüência das mensagens
não será 1 por ano por causa do efeito Doppler. A freqüência observada será dada pelas equações
Î
V
1+
′
f = c ·f
V 0
1−
c
aproximando-se e Î
V
1−
′
f = c ·f
V 0
1+
c
V V2
Tomando, = 0, 8 e 2 = 0, 64, temos, para o caso em que os gêmeos estão se afastando:
c c
É
V √
1−
′
f = c · f = 1 − 0, 64 · f = 1 · f
0 0 0
V 1 + 0, 8 3
1+
c
Quando os gêmeos estão se aproximando, as freqüências das mensagens, de acordo com a equação
Î
V
1−
f′ = c ·f ,
V 0
1+
c
Considere a situação inicial do ponto de vista de Ulisses. Durante os 6 anos que leva para chegar ao
planeta P (lembre-se de que no seu referencial a distância sofre uma contração relativística), Ulisses recebe
mensagens 1/3 por ano, de modo que apenas duas mensagens são recebidas durante a viagem de ida. Na
viagem de volta, a freqüência das correspondências aumenta 3 por ano, de modo que nos 6 anos que leva para
chegar à Terra Ulisses recebe mais 18 mensagens. O número total de mensagens recebidas é portanto de 20
e Ulisses chega a conclusão que o irmão envelhece 20 anos.
Vamos agora analisar a situação do ponto de vista de Homero. Ele recebe mensagens à razão de 1/3 por
ano só durante os 10 anos que Ulisses leva para chegar ao planeta, mas também durante o tempo que a última
mensagem enviada por Ulisses antes de iniciar a viagem de volta para chegar à Terra. (Ele não pode saber que
Ulisses está voltando até as mensagens começarem a chegar com maior freqüência.) Como o planeta P está
8 anos-luz de distância da Terra, Homero passa mais 8 anos recebendo mensagens à razão de 1/3 por ano.
Durante os primeiros 18 anos, Homero recebe, portanto, 6 mensagens. Nos últimos 2 anos antes da chegada
de Ulisses, Homero recebe 3 mensagens por ano, ou seja, um total de 6 mensagens. (A primeira mensagem
enviada por Ulisses para chegar a Terra leva 8 anos, enquanto que Ulisses, viajando a uma velocidade de 0, 8c ,
leva 10 anos. Portando, dois anos depois que Homero perceber que a freqüência das mensagens aumentou.)
Assim, Homero chega à conclusão de que Ulisses envelheceu 12 anos. Esta análise mostra claramente que a
situação em que os gêmeos se encontram não é simétrica. Quando Homero e Ulisses tornam a se encontrar,
ambos concordam que o gêmeo que partiu está mais moço do que o que ficou em casa.
As previsões da teoria da relatividade restrita com relação ao paradoxo dos gêmeos foram testadas em pe-
quenas partículas aceleradas a velocidades tão elevadas que o valor de γ se torna maior que 1. É possível, por
exemplo, acelerar partículas instáveis e usar um campo magnético para mantê-las em órbitas circulares para
que sua meia-vida possa ser comparada com a de partículas semelhantes em repouso. Em todos esses exper-
imentos, verificou-se que, como se tinha previsto, a meia-vida das partículas aceleradas é significativamente
maior. As previsões da teoria da relatividade também foram confirmadas em um experimento no qual relógios
atômicos extremamente precisos deram a volta ao mundo a bordo de aviões comerciais, mas a análise dos
resultados neste caso é mais complicada, já que se torna necessário levar em conta os efeitos da gravitação
da Terra, que devem ser tratados no contexto da relatividade geral.
z z
x y x y
[2] TIPLER, Paul A.; Física para cientistas e engenheiros - VOL. 1, Mecânica; Oscilações e Ondas;
Termodinâmica. 4a edição. LTC, .
[3] TIPLER, Paul A.; Física para cientistas e engenheiros - VOL. 2, Eletricidade e Magnetismo; Óptica.
4a edição. LTC, .
[4] NUSSENZVEIG, Herch Moysés; Curso de Física Básica - VOL. 1, Mecânica. 2a edição. São Paulo:
Edgard Blucher Ltda, 1990.
[5] NUSSENZVEIG, Herch Moysés; Curso de Física Básica - VOL. 2, Fluidos; Oscilações e Ondas; Calor.
2a edição. São Paulo: Edgard Blucher Ltda, 1990.
[7] EISBERG, Robert M.; & LERNER, Lawrence S.; Física Fundamentos e Aplicações. São Paulo: Mc
Graw-Hill, 1982.
[8] ALONSO, Marcelo; & FINN, Edward J.; Introdução à Física. São Paulo: Addison-Wesley Longman, 1992.
[9] HALLIDAY, David; Fundamentos de Física - VOL. 1. 7a edição. Rio de Janeiro: LTC, 2006.
[10] HALLIDAY, David; Fundamentos de Física - VOL. 2. 7a edição. Rio de Janeiro: LTC, 2006.
[11] HALLIDAY, David; Fundamentos de Física - VOL. 3. 7a edição. Rio de Janeiro: LTC, 2006.
[12] HALLIDAY, David; Fundamentos de Física - VOL. 4. 7a edição. Rio de Janeiro: LTC, 2006.
[13] DE DEUS, Jorge Dias; PIMENTA, Mário; NORONHA, Ana; PEÑA, Teresa & BROGUEIRA, Pedro; Intro-
dução à Física. São Paulo: McGraw-Hill, 1992.
[14] GASPAR, Alberto; Física 3: Eletromagnetismo & Física Moderna. 1a edição. São Paulo: Ática, 2000.
[15] ROCHA, José Fernando M.; Origens e Evolução das Idéias da Física. Salvador: EDUFBA, 2002.