Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
CAPÍTULO 34
CAPÍTULO 35
CAPÍTULO 36
Desde Hegel a concepção da filosofia como um sistema entrou em crise, pois jamais
se concebeu, nem seria possível tal intento, um sistema filosófico abrangente que incluísse
todos os âmbitos e perspectivas individuais e sociais da nova época. Segue-se então uma
série de sistemas direcionamos com especificidade, sem pretensões de abrangência
universal.
Maurice Blondel liderou uma destas correntes, que é a antipositivista, que buscou
renovar as concepções de espiritualidade e religiosidade tão atacadas pelo mundo
modernista. Considera que Deus é o fim da vontade humana, e que é na união entre a
intenção e o fato que o homem se realiza. Retoma-se conceitos agostinianos, do Infinito e
Perfeito sendo visto como proporcionador de repouso e liberdade à vontade humana.
Charles Peirce liderou a corrente pragmatista, que migrou da América para a
Europa. É uma corrente, sobretudo, cultural, que combate os ideais cartesianos que
abordam as idéias como coisas claras e distintas, antes colocando-as em dúvida e buscando
esclarecer a verdade das coisas, que se manifesta sempre em âmbito prático e real. James
foi o responsável por deslocar este sistema para o âmbito ético-religioso, além de simplificá-
lo, abrangendo não mais somente o âmbito científico. O pragmatismo teve algumas
influências futuras, como o surgimento de ciências dos símbolos e sinais, tal qual a
semiótica.
Outra influência do pragmatismo foi abrir correntes interessadas pelo estudo da
linguagem, onde figuram nomes como os de Carnap, que despreza o conhecimento
metafísico, e Neurath, mais radical que aquele, que coloca a sede de todo conhecimento
verdadeiro unicamente no dado físico, criando assim o fisicalismo.
Wilhelm Dilthey buscou fazer com a ciência histórica aquilo que Kant fez com a
ciência da natureza: racionalizá-la e abordá-la de forma total, obtendo um conhecimento
quase que exato dos processos históricos. Dentro desta análise, surge a reflexão sobre o
juízo da realidade, e com ela a concepção de valor. Daí que surge a filosofia de Max
Scheler. Este se antepôs fortemente à concepção moralista kantiana, tendo-a a como vazia
e sem nenhuma riqueza, ao passo que estruturou um sistema hierárquico de valores que
em nada feriam a autonomia do indivíduo.
Edmund Husserl é o pai fundador e maior nome da fenomenologia, nascida da
influência de Brentano que considerava o papel da intencionalidade no processo de
conhecimento. A fenomenologia surgiu polemicamente contra as concepções psicologistas
de sua época, revalorizando o homem na sua individualidade. O método fenomenológico
iniciou uma série de discussões temas que não puderam ser resolvidos apenas com tais
aparatos, culminando no surgimento do existencialismo.
Karl Jaspers foi um médico que definiu a filosofia como reflexão sobre a existência,
ligando profundamente este dois pólos (razão e existência), retomando temas da filosofia
de Kierkegaard. Para ele, a redução da verdade a um dado é algo própria da metodologia
científica, enquanto a existência é algo demasiado problemático, sendo abordado pela
filosofia.
No embate entre objetivismo e subjetivismo aparece a filosofia metafísico-religiosa
de Gabriel Marcel, como conceito de participação, onde devemos abandonar a dimensão
da posse para adentrarmos na dimensão do “ser”, no Tu de Deus. Em suma, Marcel
buscou analisar a função do “meu corpo” no relacionamento com os outros.
O existencialismo teve também sua vertente imanentista, atéia, marcada pela
angústia diante da existência. Donde sobressai seu maior expoente: Jean-Paul Sartre. Sua
filosofia é marcada pelo tema da liberdade em confronto com a existência relacional.
Possui grandes influências marxistas, sobretudo na concepção dialética.
Max Horkheimer, Teodor Adorno e Hebert Marcuse integram a chamda Escola de
Frankfurt, onde são assimiladas as filosofias de Hegel, Marx e Freud. De cunho
extremamente sociológico, esta corrente filosófica buscou “desmistificar” as “ideologias”
segundo as quais a sociedade oprimia o indivíduo, a começar pelos ideais racionalistas
iluministas.
CAPÍTULO 37
CAPÍTULO 38
CAPÍTULO 39
Por meio da fenomenologia, Edmund Husserl buscou elevar a filosofia acima das
ciências, tanto as do espírito quanto as da natureza. Com seu método fenomenológico,
institui a filosofia como uma ciência rigorosa.
A fenomenologia pode ser definida como um “ir às coisas”, isto é, a descrição dos
fenômenos, a fim de revelar suas essências. Para tal, é necessário abordar os processos
cognoscitivos, o estudo da consciência, a “vida pré-categorial”, que nada tem da postura
psicologista positivista. Ao invés, a filosofia se ergue como antípoda da psicologia, pois
enquanto a primeira é a ciência dos dados de fato, a segunda é a ciência dos fenômenos
reduzidos ao seu caráter de essências.
Para Husserl, a forma atual de se pensar as coisas em nada corresponde à forma
original e primária, na verdade a forma de pensar foi sendo pouco a pouco viciada até se
constituir simplesmente de reducionismos considerados indiscutíveis. Para se chegar a
uma evidência é necessário suspender a o juízo sobre a percepção de um sujeito e um
objeto, o que é chamado de epoché. Pois, o que nos leva a captar o universal é a intuição.
Tal tese se contrapõe àquela positivista de que a experiência é condição necessária para
justificar a objetividade, muito mais do que uma prudência metodológica.
O conceito fenomenológico de Eidos, das idéias, essências não empíricas das
coisas, se assemelha muito ao platonismo, que em certa medida marca toda a filosofia de
Husserl. Para Husserl a consciência não é mero conjunto de fatores psíquicos, mas sim um
ato intencional, o que ao fim acaba identificando a lógica com a ontologia.
Outro ponto filosófico é a concepção do a priori kantiano, presente no conceito de
consciência intencional, assim como a presença de uma concepção cartesiana, que na
suspensão da consciência acaba ignorando o sum no cogito, isto é, acentuam grande
caráter solipsista, onde tudo é suspenso, exceto o próprio eu.
Husserl considera ainda que a existência humana sempre se dá de forma encarnada,
de modo que o ser humano só se conhece na relação com o outro. Valoriza enormemente
a filosofia clássica grega, pois foram eles os primeiros a saírem do âmbito de necessidades
práticas para abarcar temas de relevância universal, é exatamente por esta ausência de
objetivo individualizado que a filosofia grega tem universalidade de pensamente e cultura,
onde tudo foi encarado como um atarefa infinita. A filosofia moderna é uma crise por que
considerou como universo apenas aquilo que a ciência identifica como mundo objetivo,
daí que venha o objetivismo naturalista e o subjetivismo transcendental. A fenomenologia,
como filosofia do espírito pelo espírito, é uma possibilidade de renascimento da cultura
filosófica européia.
CAPÍTULO 40
CAPÍTULO 41