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Ericksoniana
Instrutor: Rogério da silva santos
Anexo 01 / Apostila 01
O CÉREBRO DO HIPNOTIZADO
IDEOSENSORIEDADE
NOÇÃO DE TEMPO
2 PUENTES, Fábio, Hipnose: Markenting das Religiões, Editora Cenau – 2ª edição 2001 – São Paulo
Podemos dizer pois, que é um grande armazém de
experiências e vivências compiladas ao longo de nossas
vidas. No tálamo e hipotálamo se registram assim mesmo
todos os nossos conhecimentos e, portanto, nossos impulsos
básicos, sensações, instintos e hábitos. Tudo quanto
sabemos e conhecemos da vida, fica registrado e arquivado
em nosso subconsciente até o fim de nossa vida, pois nada
se apaga nele. O material recebido vai se acumulando e nada
é esquecido. O subconsciente governa o sistema nervoso
simpático, que tem sua sede na espinha dorsal e desta forma
controla os órgãos e músculos involuntários e suas diversas
funções no organismo, tais como: coração, fígado, pulmões,
rins, intestinos, glândulas, etc. Em ocasiões de perigo assume
um controle efetivo sobre os órgãos vitais, como por exemplo,
em um colapso, acidente, etc. Assim, a pessoa pode
permanecer em estado de coma profundo ou completamente
anestesiado, ou ficarem imobilizadas em certas partes do
corpo, apesar das quais, o organismo continua cumprindo as
funções vitais, tais como respirar, etc., de uma forma
totalmente automática, sem que aparentemente ninguém o
dirija. É muito importante lembrar que o subconsciente induz.
Seus movimentos são involuntários e não dependem da
consciência.
Zona C: Consciente - Mente Objetiva
Localiza-se na zona frontal e faz parte do córtex e sub-córtex
cerebral. Sua função é a de ordenar, analisar e discernir toda
a informação que recebe do subconsciente, e fazer com que
se cumpram as ordens que lá chegam. O consciente é a
mente objetiva, governa o sistema nervoso e tem sua base no
cérebro. Governa os músculos voluntários e os sentidos
(paladar, tato, audição, visão e olfato).
É a parte da mente que analisa, sintetiza, deduz, raciocina, etc.
A memória do consciente é imperfeita e nula, porque esquece
e não armazena informações.
Zona D: Pré-Motora
É a que recebe ordens do consciente e, ao estar conectada
diretamente ao sistema motor, transmite as ordens ao sistema
nervoso central, e este, por sua vez, aos diversos grupos
musculares, para que, dessa forma, culmine no processo
mental e a idéia se converta em ação por meio do efeito
ideomotor.
Zona B1: Inconsciente
É uma pequena zona que estaria situada debaixo do
subconsciente, na qual estão gravados todos os instintos
primários do indivíduo (sexo, perpetuação, defesa, etc.), ou
seja, todos os instintos elementares que acompanham o ser
humano, desde sua origem selvagem, perdido na noite dos
tempos. Estas gravações nunca chegam a ser conscientes
com facilidade.
O cérebro humano funciona com dois tipos de energia
diferentes que se complementam: a FÍSICA (ELÉTRICA) e a
PSÍQUICA (QUÍMICA). O cérebro está formado por células.
A célula principal se chama neurônio. Existem entre dez e
doze bilhões de neurônios, que são considerados células
nervosas, que estão localizadas no córtex cerebral (a parte
mais nova do cérebro) e existem configurações no sub-córtex
(o interior).
Um só de tais neurônios possui um número incalculável de
ramificações. Para se ter uma idéia podemos dizer que um só
neurônio está relacionado com outros dez mil neurônios.
A conexão dos neurônios se chama sinapse.
A sinapse se realiza através da liberação de substâncias
químicas (neurotransmissores) e que vão gerando estímulos
elétricos, chamadas de ondas cerebrais.
As ondas cerebrais são de diferentes intensidades, que se
medem em ciclos por segundo.
Estas ondas, na atualidade são de cinco; das quais duas
indicam estado de vigília e as outras três um estado por
debaixo da vigília, que vai desde um leve sono até o coma.
Para mudar uma resposta temos que reprogramar esta forma
de união desses neurônios. Isso se consegue modificando a
intensidade das ondas cerebrais. Muitos medicamentos
podem alterar o sistema neurotransmissor. Existem
elementos eletrónicos (como jogos de luzes e sons) que
chegam a mudar as ondas cerebrais. Há também outras
técnicas mais naturais que acabam por modificarem tais
ondas do cérebro. Ao mudar a intensidade se conseguem
diferentes estados de consciência. Entre esses estados estão
os chamados estados alterados de consciência, que são os
que concentram o foco da atenção, deixando sensações que
vão do êxtase contemplativo, até a excitação descontrolada.
Segundo o investigador Héctor González Ordi, professor de
Psicologia Básica da Universidade Complutense de Madri,
temos a seguinte explicação “tradicionalmente, tem se
definido um estado alterado de consciência como toda aquela
experiência diferente à vigília. Mas esta curta definição já é
antiga. Muitas vezes, atingir um estado alterado de
consciência depende das expectativas que cada um tenha do
fenômeno”. E alguns estudos realizados com consumidores
de drogas psicoativas reforçam esta opinião.
Sabe-se, por exemplo, que é possível sugestionar uma
pessoa para que experimente as sensações subjetivas
próprias do consumo de cannabis ou LSD, ainda que na
realidade esteja tomando um simples placebo.
Aqui está a chave do estudo dos estados alterados da
consciência. Existe muita informação segundo a qual as
drogas, a hipnose ou a meditação “levam” o sujeito a mundos
superiores mais criativos, mas a evidência científica parece
demonstrar o contrário. Não se tem achado variações nos
padrões fisiológicos próprios destas práticas, e se tem
demonstrado que seus efeitos subjetivos podem conseguir-se
por meio de outras técnicas muito mais simples, como é o
caso da sugestão.
O que acontece na realidade nos casos de estados alterados
de consciência? Na realidade, se pode dizer que as
excitações que se produzem no sistema nervoso central
causam um estado especial de percepção quando a
estimulação sensorial externa diminui.
Isso também acontece com o estado alterado de consciência
mais estudado: o sono, sempre que os estímulos do redor
descem de intensidade rapidamente, as pessoas
experimentam distorções de percepção e alucinações. Esta
redução dos estímulos pode-se conseguir por meio de muitas
técnicas fisiológicas, psicológicas e farmacológicas.
Há inúmeros acontecimentos naturais e artificiais que podem
modificar nossa experiência subjetiva. A mais famosa é o
consumo de drogas, mas os investigadores usam outros
truques para conseguir estes efeitos tão particulares. Por
exemplo, a atividade física tem uma conhecida repercussão
sobre nosso estado consciente, já seja por defeito (o
relaxamento e a meditação), ou por excesso (as danças rituais
que acabam com um suposto estado de transe ou os atletas de
maratona que perdem a percepção do redor quando superam
um certo nível de cansaço).
Também os estímulos externos têm resultados similares.
Uma voz sugestiva, o som de um gongo, o movimento
monótono de objetos ou a música podem nos transladar a um
estado alterado de consciência.
Por último, há situações clínicas que ocasionam alguns destes
estados. Entre elas a hipoglicemia, a febre ou a má nutrição,
que são, as vezes, indutores de alucinações.
Como podemos ver, não há nada de misterioso nestas
manifestações da mente sadia, simplesmente são
modificações de nosso estado de atenção. O xamanismo, o
transe religioso, as experiências próximas à morte, as
possessões e as visões místicas poderiam ser perfeitamente
explicadas por estes mecanismos físicos e psíquicos.
Segundo González Ordi, “um profissional da saúde pode
induzir um estado alterado da consciência como terapia para
certos transtornos, sobretudo para os relacionados com a
ansiedade e o estresse. Mas é muito perigoso pretender
atingir ditos estados por meio de drogas ou com práticas de
sugestão não controladas”. De fato não é estranha a aparição
de certos episódios psicóticos e transtornos mentais graves
relacionados com estas práticas, como o xamanismo, que
agora fazem furor nos círculos esotéricos – no abuso de ervas
e chás alucinógenos, que são usados com pretensões de
encurtar o caminho para sabedoria e a expansão mental, e
com “curas”, usando conhecimentos ancestrais. Ao entrar nas
ondas alfa, um pouco mais abaixo da vigília, entra-se num
estado de consciência alterado de meditação, contemplação
e abstração. Este estado segrega um hormônio chamado de
acetilcolina, que produz uma sensação de relaxamento
muscular. Isto se vê no tipo de auto-hipnose provocado nas
religiões orientais, como o Yoga.
Quando se aumenta a intensidade de beta, que é o estado de
vigília no qual você está agora, e as descargas elétricas se
aceleram, passa as ondas gamma, um estado de consciência
alterado, que provoca excitação, descontrole, e enquanto em
alfa o corpo pode estar relaxado e tranqüilo, em gamma, o
movimento é desordenado, com muito pouca coordenação.
Este estado alterado faz que a mente segregue um outro
hormônio chamado de adrenalina, que provoca uma
sensação-reflexo de luta ou fuga. Este fenômeno se vê nas
religiões pentecostais e nos rituais afro.
As duas ondas alfa e gamma, produzem uma dissociação
temporária, que provoca inibição cortical seletiva, e a atenção
é desviada intencionalmente. Então vemos que, quando
saímos da faixa de beta, tanto para cima (gamma) ou para
abaixo (alfa) entramos num estado de consciência alterada.
Sabe-se que a oração profunda, algumas danças (do tipo
dervixe) o jejum prolongado, o orgasmo, certas drogas, jogos
de luzes (como nas danceterias, os aparelhos como os “mega
brain“), a hipnose, a meditação transcendental, o yoga, etc.,
provocam variações nas ondas cerebrais.
Os instrumentos de percussão, também alteram a
consciência, provocando uma inibição cortical muito
importante. Isto é demonstrado durante as festas de carnaval,
onde se pula, se dança, num estado que vai além das forças
físicas, causando muitas vezes até a morte. Na guerra se usa
o tambor para ir marcando o passo, levando os soldados a um
estado de alteração, onde a atenção é desviada diante da
possibilidade do perigo. Os antigos barcos de remos,
possuíam um tambor que marcava o ritmo, conseguindo que
os remadores fizessem seu trabalho sem sentir tanto o
cansaço, conseguindo também um estado de consciência
alterada.
Existem duas formas de chegar a um estado de transe
hipnótico: a trofotrópica, que é uma maneira alimentadora,
maternal e a ergotrófica, que é mais autoritária, paternal. A
primeira: tem efeito sedativo, acalma. A segunda: excita,
levando às vezes a um estado de estupor.
Em qualquer das duas maneiras se produzem modificações
fisiológicas, como de respiração, alterações cardíacas, de
pressão arterial, alterações hepáticas e hormonais, aumento
ou diminuição do umbral da dor (analgesia ou hiperestesia),
perturbações musculares; e alterações psicológicas, tais
como alucinações e ilusões sensoriais (de tato, gosto, olfato,
visual e auditiva).
Quando uma criança, se machuca, e chega chorando até sua
mãe, esta simplesmente, a acaricia, fala suavemente e beija
meigamente no lugar da lesão, é o suficiente para produzir a
liberação de substâncias, chamadas endorfinas, que
alcançam um potencial analgésico muito superior ao da
morfina. Esta substância está naturalmente em nosso cérebro
e é liberada no estado de choque emocional. O toque
carinhoso e o beijo “mágico” foram determinantes e a dor da
criança “desapareceu”, por amor.
Quando essa mesma criança, chega machucada, chorando
até seu pai e este lhe acena com o dedo indicador, usando
um tom de voz grave, dizendo, “os homens não choram!”,
automaticamente a endorfina, liberada pelo medo, entra na
corrente sangüínea, e produz um estado de analgesia.
O efeito final é o mesmo, conseguindo chegar até a hipnose por
dois caminhos bem diferentes: o do amor e o do temor.
Em certos cultos ou ritos religiosos, se observarmos, vemos
que se usam os dois métodos, o autoritário e o maternal.
O padre na sua igreja com o silêncio, as luzes tênues e
dirigidas, o som grave do órgão, e as pregações com voz
pausada e de ritmo modulado, está usando o método
maternal. Ao igual que o budista ou o iogui que entram em
êxtase pela contemplação intensa, –ou concentração
exagerada que leva a uma hipnose- conseguindo um estado
de meditação profunda. Nestes dois casos se atinge a faixa
das ondas alfa.
Nos rituais afro-brasileiras se usa muito a percussão, os
movimentos convulsivos do corpo, cenas fortes com sangue e
animais. Isto produz um estado de excitação, provocando um
transe similar, para não dizer igual, ao transe hipnótico.
Em certos templos de modalidade evangélica, os pastores
começam suas orações e pregações com um ritmo monótono,
subindo de tom, falando permanentemente, “bombardeando”
com palavras, exaltações, para a platéia, repetindo cada certo
tempo reforçando, palavras que servem de apoio, estimulam
e excitam como a mágica “aleluia” . Ao sentir-se cansado este
pastor, outro o substitui, e o bombardeio continua.
De novo se produz a dissociação temporária, desvia-se a
atenção e provoca-se uma inibição cortical. Novamente
aparece o transe hipnótico, onde foi usado o método
autoritário ou paternal, atingindo em ambos casos a faixa das
ondas gamma.
É importante esclarecer que o transe hipnótico se produz mais
fácil e rapidamente por imitação. Isto explica a hipnose de
massas, por contagio psíquico.
Não devemos esquecer que no transe hipnótico atingimos a
parte “nãoconsciente” do cérebro, esta zona simplesmente
induz. A parte crítica do consciente, que é quem deduz, está
censurada, adormecida. Já veremos, no capítulo seguinte,
que esta censura se consegue com estímulos sensoriais e
com sugestões.
Mudanças fisiológicas
Dentre as mudanças fisiológicas que se produzem em
conseqüência do transe, figura geralmente uma baixa na
pulsação, ocorrendo quedas mais ou menos acentuadas na
presão arterial. Ao iniciar-se o transe costuma haver uma
vasoconstrição, e a esta segue-se uma vaso-dilatação, que se
vai prorrogando até o momento de acordar. Equivale a dizer
que no começo a pressão pode subir um pouco, mas, à
medida em que o transe se aprofunda, tende a cair. Observa-
se geralmentee uma mudança na temperatura periférica.
Aumento de calor na superfície e frios nas extremidades das
mãos e dos pés. A pessoa bem hipnotizada caracteriza-se
quase sempre pelas extremidades frias ( as mãos geladas),
conservando-as geralmente assim durante todo o transe.
Não será preciso acentuar que essas mudanças fisiológicas
durante a hipnose decorrem largamente as modificações que
se produzem no estado de espírito e no estado emocional do
indivíduo. As diferenças de reações nesse particular
obedecem a fatores muito sutis, que, dada a sua
complexidade, podem escapar, inclusive, ao controle dos
maiores peritos em matéria de psicologia.
ESTÁGIOS DA HIPNOSE3
LeCRON e Bordeaux, apresentam uma escala de graus do
estado hipnótico e as mudanças fisiológicas que se produzem
em conseqüência do aprofundamento do transe. sugere
cinqüenta estágios. Muito embora há uma tendência de
reduzir a cinco estágios, dos quais apenas três indicam
estados de hipnose propriamente dita:
INSUSCETÍVEL - Não apresenta características hipnóticas de
espécie alguma;
HIPNOIDAL – Corresponde ao estado de relaxamento – o
“sujet” mostra uma expressão de cansaço e freqüentemente
3Texto extraído do Livro O Hipnotismo de KAL WEISSMANN, Grande hipnotista que muito me
servi para a elaboração desta apostila.
um tremor de pálpebras, além de contrações espasmódicas
nos cantos da boca;
TRANSE LIGEIRO – o “sujet” sente os membros pesados,
experimenta um estado de alheamento, porém conserva
plena consciência de tudo o que se passa ao seu redor.
TRANSE MÉDIO - embora conserve alguma consciência do
que se passa o “sujet” está efetivamente hipnotizado. Não
oferece resistência às sugestões, salvo quando estas
contrariam seu código moral. Produz catalepsia dos membros
e do corpo, alucinações motoras e cinestésicas. Aqui se
consegue efeitos analgésicos e até anestésicos.
TRANSE PROFUNDO OU ESTADO SONANBÚLICO –
constitui-se no maior transe, no sentido de profundidade. O
“sujet” aceita sugestões as mais bizarras. Neste estágio pode-
se mandar o paciente abrir os olhos sem afetar o transe. Ao
abrir os olhos o paciente apresenta expressão fixa com
pupilas visivelmente dilatadas. A aparência é a de quem está
imerso em sono profundo, porém reage às sugestões do
hipnotista. É o estagio próprio às anestesias profundas. A
indução a este transe exige algumas sessões e cerca de 30 a
40 minutos de trabalho.
TESTES DE SUGESTIBILIDADE
O uso da hipnose é freqüentemente baseado nas idéias
de que só algumas pessoas são hipnotizáveis e que as
pessoas são hipnotizáveis em vários graus. Para os clínicos
tradicionais, os testes de sugestibilidade são vistos como um
modo desejável de avaliar se alguém é hipnotizável e, nesse
caso em que grau. Para Yapko, estes testes não
indispensáveis. Ao invés disso é preferível que o hipnotizador
assuma a presença inevitável de sugestibilidade por parte do
paciente, entretanto para o hipnotizador que não compartilha
desta perspectiva, ou para o hipnotizador que ainda não se
sente bastante experiente para avaliar comunicações para
dinâmica de sugestibilidade podem ser uma ferramenta muito
útil.
Testes de sugestibilidade em prática clínica são feitos
em mini encontros, onde são oferecidos blocos ritualizados de
sugestões de relaxamento ao paciente, seguidos por uma
sugestão para uma resposta específica. Se o paciente
responder da maneira sugerida, ele ou ela, “passou” no teste.
Se o paciente não responder da maneira sugerida, então ele
“falhou” no teste.
O objetivo principal dos testes de sugestibilidade é
determinar o grau de hipnotizabilidade do paciente. Porém,
testes de sugestibilidade também podem servir para vários
propósitos:
Primeiro, usando testes de sugestibilidade para medir
responsabilidade hipnótica, podem ser obtidas valiosas
informações considerando que a aproximação pode ser
melhor para um paciente em particular. Especificamente, a
aproximação deveria ser direta ou indireta? Sugestões
deveriam estar em uma forma positiva ou negativa? O
comportamento do hipnotizador deveria ser comandante,
autoritário, ou calmo, permissivo? Muita ênfase foi colocada
na dinâmica de relação entre o hipnoterapeuta e o paciente, e
testes de sugestibilidade podem ser uma ferramenta útil para
o ajudar a descobrir o estilo que você usará para um cliente
particular.
Segundo: um segundo propósito do teste é servir como
uma experiência de condicionamento para entrar em hipnose.
Experiências futuras envolverão muitas da mesma dinâmica a
um maior grau, e assim o teste de sugestibilidade pode ser um
“ensaio” para o paciente (Spiegel & Spiegel, 1987).
Terceiro: um outro propósito do teste de sugestibilidade
pode ser na sua habilidade para usar o pré-trabalho. Se os
testes de sugestibilidade são introduzidos como preliminar
para o que “real” trabalho terapêutico seja feito, pode ser uma
oportunidade para pegar o paciente fora da guarda e oferecer
algumas sugestões terapêuticas que podem ser menos
sujeitas a análise crítica do paciente (Bates, 1993).
PENDULO DE CHEVREUL –
Com o cotovelo apoiado sobre a mesa, o paciente segura
entre o polegar e o indicador, um barbante, de cuja
extremidade pende um anel ou outro objeto qualquer. Sugere-
se ao paciente o movimento do pendulo, acompanhando uma
linha traçada sobre a mesa. Recomenda-se ao paciente não
intervir voluntariamente no movimento do pêndulo, limitando-
se a segurar o barbante. Na maioria dos casos, o movimento
sugerido começa por esboçar-se na direção indicada. Você
começa a usar sugestões para a ampliação do movimento de
vai e vem do pendulo. Quanto maior o grau de balanço do
pendulo, maior o grau de sugestibilidade. Confirmando o
efeito da sugestão, o terapeuta aproveita o ensejo para
prosseguir, convencendo o paciente que, de acordo com a
prova que acaba de dar, todos, ou pelo menos a maioria dos
pensamentos, tendem a traduzir-se em realidade, bastando o
paciente pensar com a devida vivacidade e intensidade. Ai o
“sujet” já entra em indução.
TESTES SENSORIAIS: indicam a ação sensorial
da hipnose. O “sujet” que reagem negativamente aos testes
motores podem reagir positivamente aos testes sensoriais e
vice-versa. Os testes sensoriais destacam-se pela sua
facilidade executiva e importância prática.
TESTE OLFATIVO: Mostra-se ao paciente meia
dúzia de frascos devidamente rotulados, contendo cada um
uma essência específica, condizente com o rótulo. O paciente
fecha os olhos, e o terapeuta, a uma distancia de dois ou três
metros, abre um dos frascos, anunciando ao paciente a
essência que o mesmo contém. O paciente não pode negar o
perfume anunciado, uma vez que o mesmo existe. O
terapeuta passa a anunciar a abertura do segundo frasco
contendo outra essência por ele especificada. Novamente o
paciente tem de confirmar o cheiro. Do quarto frasco em
diante, porém, a essência é ilusória, pois o conteúdo dos
últimos frascos não corresponde aos rótulos anunciados pelo
hipnotista. Contem água. Pode-se simplificar esse exercício
olfativo, utilizando um simples cartão de visita. À vista do
paciente tira-se o cartão do bolso, da gaveta ou de outro lugar
qualquer o cheirando, e fingindo constatar uma ligeira
impregnação de essências. Comenta-se: Quase
imperceptível! Realmente não há impregnação alguma.
Passa-se em seguida o cartão ao paciente, o qual, não
desconfiando da cilada poderá confirmar o cheiro.
TESTE TÉRMICO: Existem várias modalidades de
testes térmicos, pois, os mesmos podem variar de acordo com
a criatividade do terapeuta. Entre eles o de mais fácil
execução é o teste do dedo. O operador coloca o indicador
sobre o dorso da mão ou o pulso do paciente. Em seguida
recomenda uma forte concentração em relação à área que se
encontra sob a pressão do seu dedo.
Pergunta ao paciente se não sente alguma sensação
estranha, algum aumento de temperatura, uma espécie de
corrente elétrica ou formigamento. Respondendo
afirmativamente, o paciente está selecionado.
Os testes citados acima são métodos denominados
como métodos sugestivos, não se baseando em nenhum
expediente de cansaço físico ou sensorial. Note-se que
nesses processos, o cansaço físico, com todas as suas
características aparentes, é ilusório sendo sempre produto de
sugestão. É sempre produto de sugestão.
Observação importante: qualquer pessoa pode
permanecer de olhos abertos, quer numa leitura, quer na
contemplação de um objeto, horas seguidas, sem cair em
transe e sem ressentir-se sensivelmente da fadiga visual. A
fadiga se produz em função da fé e da expectativa. O paciente
espera, crê que vai e deve sentir os efeitos sugeridos para a
indução. E os sente, sem nenhuma necessidade específica de
demora. Respondem quase que instantaneamente.
MÉTODOS SUBJETIVOS DE INDUÇÀO HIPNÓTICA
MÉTODO DE BERNHEIM:
Inicia-se dizendo ao “sujet”
Acredite que grandes benefícios advirão para o seu caso,
através da hipnoterapia, e que é perfeitamente possível curá-
lo ou pelo menos melhorar o seu estado de saúde por meio
da hipnose;
Nada de penoso ou de estranho nesse processo que consiste
num estado de sono leve ou num estado de torpor que pode
ser produzido em qualquer pessoa, estado esse que restaura
o equilíbrio do sistema nervoso;
Ato contínuo diz-se: olhe para mim e não pense senão
unicamente no sono. Suas pálpebras estão ficando cada vez
mais pesadas, sua vista cansada, começa a piscar, seus
olhos, estão se fechando. Estão úmidos. Você já não enxerga
nitidamente. Seus olhos vão se fechando, fechando...
Fecharam-se;
Há pacientes que fecham os olhos e entram em transe quase
que imediatamente. Já com outros é preciso repetir e insistir.
Preste mais atenção nas minhas palavras. Preste mais
atenção. Mais concentração.
Às vezes pode-se esboçar um gesto. Pouco importa o tipo de
gesto que se esboça.
Entre outros, dois dedos em V. Pedimos ao paciente que fixe
os olhos nos dedos.
E incitando-o ao mesmo tempo a concentrar-se intensamente
na idéia do sono; Repetimos: As suas pálpebras estão
pesadas. Estão se fechando. Já não consegue abrir os olhos.
Seus braços estão ficando pesados. Suas pernas já não
sentem o corpo. Suas mãos estão imóveis. Vai dormir. Em tom
imperativo acrescento:
DURMA!
Em muitos casos esta ordem tem ação decisiva, e resolve o
problema. O paciente fecha imediatamente os olhos e dorme.
Pelo menos se sente influenciado pela hipnose. Assim que se
possa notar que uma das sugestões está sendo aceita
aproveita-se para formular a seguinte;
Pede-se ao paciente que faça um sinal qualquer: movimento
afirmativo ou negativo com a cabeça, levantar o polegar direito
para cima ou para baixo, conforme a resposta seja positiva ou
negativa. Cada sugestão a que o paciente responde
afirmativamente é considerada uma conquista e é preciso
aproveitá-la para outras consecutivas, dizendo ao paciente:
está vendo como funciona bem! Como está correspondendo!
Seu sono está se aprofundando realmente. Seus braços cada
vez mais pesados. Já não consegue baixar os braços, etc.;
Se o paciente intenta baixar o braço, eu lhe resisto dizendo:
Não adianta, meu velho. Quanto mais se esforça para baixar
o braço, mais o seu braço vai levantando. Vou fazer agora
com que seu braço seja atraído pela sua própria cabeça, como
se a cabeça fosse um imã.
Deixa-se o sinal hipnógeno e nas sessões subseqüentes fita-se
o paciente durante dois segundos e profere-se a ordem
DURMA FULANO!
MÉTODO DE MOSS
Consiste numa variante do método de BERNHEIIM. Este
método pode ser considerado Standard. É comumente usado,
com algumas variantes, pela quase totalidade dos
hipnotizadores contemporâneos por conter em boa proporção
sugestões básicas. Trata-se de sugestões que atuam
largamente, em virtude de seu caráter antecipatório e
confirmativo. Pois as sugestões que se vão sugerindo ao
paciente parecem corresponder às reações inerentes ao
próprio estado de hipnose. O paciente começa por sentir-se
cansado. Suas pálpebras começam a fechar.
Manifestam-se freqüentemente, tremores nas pálpebras e
contrações espasmódicas nas mãos e nos cantos da boca.
Observou-se que a hipnose afeta mais rapidamente a vista e
os músculos oculares. Mesmo estando o paciente de olhos
fechados, o terapeuta ainda pode observar o movimento
desordenado dos globos oculares, debaixo das pálpebras,
movendo-se em todos os sentidos, preferencialmente para
cima. É próprio do transe ainda uma sensação de peso nos
membros e uma dormência envolvendo o corpo todo, da nuca
para baixo, bem como uma sensação de estar a flutuar nas
nuvens e a impressão de que a voz do terapeuta, a princípio
poderosamente envolvente, se vai afastando cada vez mais,
até emudecer completamente, para efeitos de lembrança
hipnótica pós-hipnótica.
Dirigindo-se ao paciente diz:
Sente-se na cadeira da maneira mais cômoda possível;
Agora solte o corpo;
Fixe esse ponto (há um ponto qualquer para esse fim, situado
de modo a forçar um pouco a vista do paciente para o alto);
Enquanto seus olhos fixam esse ponto você fica ainda mais
descansado. Afrouxe os músculos rapidamente... Totalmente!
Recomenda-se esperar dez minutos, com o relógio na mão. Às
instruções são dadas em voz monótona, suave, sem titubear, e
pausadamente.
Suas pernas já estão ficando pesadas. Esperar dez segundos.
Muito pesadas. Seu corpo está se tornando pesado. Muito
pesado. Esperar dez segundos. Suas pernas pesadas. Todo
o seu corpo pesado. (pausa). Está descansando
comodamente, profundamente. Seus músculos continuam a
afrouxar-se cada vez mais... Mais... Mais... Pausa. Seus
músculos estão de tal forma relaxados que agora sente
também as pálpebras pesadas. Muito cansadas... Muito
cansadas. Você já está querendo fechar os olhos... Você está
querendo fechar os olhos. Ao fechar os olhos sentirá um
extraordinário bem estar. Entrará num repouso profundo.
( Pausa). Seus músculos estão num estado de perfeito
relaxamento;
Se os olhos do paciente se fecharem, omite-se a seguinte
sugestão. Caso contrário, continua-se dizendo: Seus olhos
estão se sentindo cada vez mais cansados... Estão
fechando... Fechando... Fechando; Repete-se isso quatro ou
cinco vezes. Se os olhos não se fecharem, dá-se a ordem:
feche os olhos, por favor;
Se os olhos do paciente apresentarem um aspecto vítreo, isso
significa que ele está em transe. Neste caso o terapeuta fecha
os olhos do paciente com a sua própria mão.
Agora você esta descansando profundamente; você esta se
sentindo maravilhosamente bem; sua mente não abriga
nenhum pensamento. Enquanto eu falo você vai entrando
num sono profundo. Você ouve a minha voz como se
estivesse vindo de longe... Muito longe. Sua respiração está
se tornando mais lenta, mais profunda. Seus músculos estão
relaxando cada vez mais. Você começa a sentir um
formigamento, uma dormência. Inicialmente na nuca e depois
envolvendo levemente o corpo todo, da nuca para baixo.
Você não sente mais nada. Nem a cadeira em que está
sentado. É como se estivesse flutuando nas nuvens. Continue
a afrouxar os músculos cada vez mais... Mais... Mais... Mais...;
Agora você está no sono profundo, agradável, sem
preocupação. Nada o incomoda. Já não quer acordar. Está
descansando, afrouxando os músculos cada vez mais. Seu
sono continua agradável e profundo. Nada o aborrece. Já não
há ruído capaz de despertá-lo. Você está totalmente surdo. Só
ouve a minha voz. Só obedece a mim. Só eu posso acordá-lo.
Durma... Durma... Durma profundamente.
MÉTODO DA ESTRELA
O método da Estrela, embora a sua autoria seja
desconhecida, desde 1949 já era aplicado pelo húngaro
Joseph Heller, citado por Akstein, foi utilizada e desenvolvida
por Karl Weissman. Método particularmente subjetivo e de
grande efeito simbólico, que foge um tanto da linha ortodoxa
dos métodos anteriormente citados. Muito dificilmente falha.
Eis o método:
Estando o paciente bem acomodado na cadeira, obedecidas
as instruções quanto à maneira de sentar e colocar as mãos
sobre os joelhos e recostar a cabeça, com todos os músculos
bem relaxados, ordeno: Feche os olhos; Em seguida inicia-se
com um apelo à sua própria capacidade de concentração,
apelo esse que é facilmente obedecido por ter um caráter
lisonjeiro às suas pretensões de homem de espírito forte; Digo
então: você vai agora usar de toda sua capacidade de
concentração no que lhe vou sugerir.
O paciente ainda não sabe o que lhe vou sugerir, e isso lhe
prende a atenção e aumenta a expectativa, dois aliados
indispensáveis à indução hipnótica;
Após uma pausa dizer: Uma estrela solitária no céu... Fixe
bem esta estrela... A estrela vem se aproximando
lentamente... Lentamente a estrela se aproxima de você. E à
medida que a estrela se aproxima seu brilho aumenta...
A estrela se aproxima cada vez mais. A estrela vem chegando
cada vez mais perto...
Há pacientes que nessa altura cobrem os olhos, embora
fechados, a fim de proteger a vista contra o deslumbramento.
Continua-se:
A estrela continua a se aproximar... Ela vem chegando cada
vez mais perto... A estrela se aproxima cada vez mais... A
estrela vem chegando, chegando cada vez mais perto;
Repete-se bastante a descrição da aproximação da estrela.
Pode-se observar, eventualmente, os movimentos oculares
dos pacientes por debaixo das pálpebras.;
Uma pausa deve marcar o término da aproximação da estrela;
Agora que a estrela está próxima, vai ocorrer o movimento
contrário... Agora a estrela se afasta para o céu distante...
Vamos agora acompanhar a estrela em sua fuga pelo
espaço... Até a estrela sumir de vista... Até a estrela
desaparecer completamente no céu. Tudo isso com pausas e
tom de voz monótono. Não se determina o momento do
desaparecimento da estrela. Isto fica por conta do paciente;
Agora, respire profundamente. Respire profundamente... A
cada respiração o sono se aprofunda mais... O sono se
aprofunda a cada respiração... A cada respiração o sono se
aprofunda mais;
Aguarda-se cerca de cinco segundos entre cada repetição;
Sugere-se agora a levitação dos braços: A primeira coisa que
você vai sentir é uma atração nas mãos e nos braços... Uma
atração nas mãos e nos braços... Leves. Lenta, mas
irresistivelmente os braços se levantam, lenta, mas
irresistivelmente...
Seus braços continuam a levitar... Uma força estranha puxa os
seus braços para cima. A sugestão pode ser dada para apenas
um dos braços.
Às vezes há pacientes auditivos que não conseguem ver
a estrela. Não tem importância porque a força da sugestão fica
centrada na voz do terapeuta.
ENTRADO EM TRANSE HIPNOIDAL LEVE PRÓPRIO PARA
HIPNOTERAPIA
Gostaria que você se sentasse da forma como eu estou
sentado, com as mãos pousadas sobre as pernas, os pés
tocando o chão, a coluna ereta, de uma forma que seja
confortável para você e, enquanto você se vai ajeitando, seria
bom que aproveitasse para ir-se voltando para dentro de você
e, aproveitando esse momento para estabelecer um bom
relacionamento com você mesmo, solucionando problemas e
aprendendo, confortavelmente, alguma coisa mais sobre você
mesmo.
Talvez você possa encontrar alguma forma de não
perder pessoas, fazendo amizades e usufruindo a companhia
das pessoas. Basta que você se volte para dentro de você
mesmo; e, com certeza, com os olhos fechados, fique mais
agradável para você este contato com você mesmo,
permitindo-se seguir aprendendo e desfrutando da própria
aprendizagem... Enquanto minha voz fica mais e mais
presente para você, que pode procurar ir desfrutando de tudo
que você pode ir aprendendo... Saudavelmente e, enquanto
sua mente consciente se volta para dentro de você mesmo...
Sua mente inconsciente pode ir encontrando formas novas de
relacionamento, porque é muito prazeroso saber-se capaz de
estar com as pessoas...
E... Enquanto você entra... Para dentro de si mesmo...
Eu gostaria que você imaginasse um campo muito grande,
gramado, de cor verde acentuado, com árvores próximas, com
flores de variadas cores, o céu... A água corrente por perto...
Onde você pode deixar-se ficar num ambiente calmo, seguro
e confortável para você. Onde possa soltar-se calmamente...
E você continua ouvindo minha voz, que se faz sua
companheira.
E enquanto eu estive falando com você, pude observar
que sua pálpebras se movem rapidamente e
involuntariamente, que o ritmo de sua respiração mudou e que
o fluxo de sua corrente sanguínea também ficou alterado;
também o ritmo de sua pulsação se modificou e sua cabeça
tombou levemente para o lado esquerdo, enquanto você
continua a aprofundar mais e mais o seu transe, voltando-se
mais e mais para dentro de você mesmo, pronto para
aprender, com você mesmo, dessa riqueza interior que você
trás com você. Suas mãos continuam pousadas sobre as suas
pernas e seus pés continuam tocando o chão, entretanto, suas
pernas mudaram um pouco de posição e eu pude perceber
que sua deglutição se modificou.
Enquanto tudo isso se passa você vai mais e mais e mais
aprofundando seu transe, voltando-se mais e mais para dentro
de você, preenchendo com amizade seu coração e buscando
seguir e prosseguir aprendendo confortavelmente e
saudavelmente com você mesmo. E você pode deixar que sua
mente inconsciente tome conta, porque você não precisa fazer
nada para isso.
Apenas você se volta mais para dentro de você mesmo...
MÉTODO DA LETARGIA
O paciente deve ficar de pé, com os pés paralelos e próximos
um do outro;
A mão esquerda do hipnólogo deve se posicionar na nuca e
coluna cervical do paciente enquanto a mão direita desse é
colocada no esterno, entre as linhas mamilares;
Apoiando firmemente a mão esquerda atrás da cabeça do
paciente e fazendo-se um movimento circular com a mão
direita,no esterno, ao mesmo tempo balançamos o paciente
para frente e para trás num movimento de vai e vem, enquanto
sugerimos ao mesmo que feche os olhos e durma, tranqüilo...
Repetir 3 vezes esta sugestão;
Ao perceber e testar que o paciente está em transe, colocá-lo
sentado e pilotá-lo como após toda indução hipnótica.
MÉTODO RESULTANTE DA ASSOCIAÇÃO DE VÁRIOS
MÉTODOS
Método de Braid + caneta que desce oscilando de um para
outro lado.
Método de Braid + metrônomo (no lugar da caneta)
Método de Braid + pestanejar sincrônico
Método do pestanejar sincrônico + metrônomo (olhar
fixo na luz) Outros.
HIPNOTERAPIA ERICKSONIANA
Milton H. Erickson foi habilíssimo no uso de estórias e
metáforas em terapia para aumentar a efetividade das
psicoterapias breves. Ele acreditava que, contando de um
modo indireto um caso semelhante ao do paciente, com uma
saída possível, ou uma estória que chamasse a atenção do
cliente sob certos aspectos semelhante aos seus próprios
problemas, faria com que o paciente pensasse em seus
próprios recursos de como também resolver seus problemas.
A metamensagem dessas estórias – uma mensagem
embutida sutilmente dentro do conteúdo das narrativas –
passa diretamente à mente inconsciente. O emprego da
hipnose tornava mais eficaz o uso de metáforas, afrouxando
a atenção da mente consciente e sua censura, que ficam
absorvidas através de técnicas hipnóticas, enquanto as
mensagens são dirigidas à mente inconsciente, que está
muito mais próxima do pensamento por imagens do que
daquele por palavras. Portanto, em hipnose o efeito é maior e
mais duradouro.
Eu poderia dizer resumidamente que Milton H. Erickson
dividia a mente em mente consciente e mente inconsciente.
Mente consciente seria aquela mente que pensa, julga, faz e
que toma conta da nossa consciência. E mente inconsciente
corresponderia àquilo que se passa fora da nossa
consciência, daquilo que estamos cientes, mas que tem um
papel em determinar fenômenos físicos e mentais. A mente
consciente é vista como uma parte limitada que não é capaz
de muitos pensamentos e atos simultâneos. A mente
inconsciente é sábia, ilimitada, capaz de fazer muito mais do
que a gente conscientemente imagina, um verdadeiro
reservatório de potenciais.
Desta maneira, o uso da hipnose na psicoterapia
serviria de ferramenta para distrair e absorver a mente
consciente, e levar à mente inconsciente, através de
meta/mensagens, sob a forma de sugestão (su, sub = por
debaixo + gestione = gestão, administração), novas
possibilidades de acessar os recursos internos de cada
pessoa e ressignificar aquilo que hoje é visto como
problema.
Para fazê-lo, Milton H. Erickson utilizava a linguagem do
próprio cliente, contava casos, estórias, usava metáforas
embutidas dentro de outras com o intuito de confundir a mente
consciente e assim levantar resistência.
O princípio do uso das metáforas era bem simples: falar
de algo que chamasse a atenção do cliente, como uma
ponte de ligação ao seu problema, ou que o levasse a agir
como um radar, captando o que lhe interessa. Por exemplo:
se você tem um problema em seu carro e conta a alguém o
que fez para consertálo, onde levou, o que trocou, etc., faz
imediatamente a pessoa se remeter a um estrago em seu
próprio veículo, onde levou, como consertou ou como poderá
fazê-lo, caso esteja precisando de ajuda. É o mesmo
princípio.
Deste modo, você não provoca atritos com a resistência,
o que ocorreria se dissesse diretamente vá e faça assim. Você
sugere (suggerere, su + gerere) ao outro uma maneira de ver,
de lidar, de experienciar algo novo e diferente.
Lembrando:
Metaforizar é essencial. É o meio de ser indireto, de
conversar a língua do inconsciente. A pessoa guarda com
mais facilidade casos, estórias, interpretações metafóricas do
que conversas e interpretações lógicas. As metáforas ficam
como uma ponte de tratamento. O cliente vai embora, mas
leva algo de que, se a metáfora foi feita de acordo e sob
medida para aquele sujeito, não se esquecerá.
Milton H. Erickson atendia pessoas dos Estados Unidos
inteiro, alguns estrangeiros e, numa terapia brevíssima,
precisava deixar o seu recado e sua ressignificação. Ele o
fazia através das metáforas que usava ou das tarefas
metafóricas.
Contar estórias metafóricas ajudava a pessoa a poder
mover-se de uma situação paralisada. O objetivo das
metáforas é guiar o cliente para um caminho de auto-ajuda,
em que ele próprio vai encontrar uma nova maneira de lidar
com o que antes não conseguia.
A própria levitação das mãos é uma técnica hipnoterapêutica
que tem como linguagem metafórica o significado da
mudança natural que vem de dentro, de uma força que se
pode acessar, como se coloca um novo programa no
computador, fazendo-o trabalhar numa nova inteligência.
A TERAPIA ESTRATÉGICA DE ERICKSON
Erickson tinha uma modalidade única e especial de fazer
terapia sob medida, por isso é impossível tentar sistematizá-
lo. Mas observamos que existem características específicas
em seu trabalho que os ericksonianos adotam como padrão
de abordagem. Elas são, em resumo, três modalidades de
abordagens:
1) Entrar pelo sintoma, modificando o padrão do problema
2) O uso de analogias e metáforas
3) Intervenções paradoxais
A seguir, estudaremos resumidamente cada um destes
itens.
Se você quiser aprofundar neste tema leia os livros de
William O’Hanlon como Raízes Profundas, Em Busca de
Solução, Guia de Terapia Breve e Hipnose Centrada na
Solução de Problemas.
1 – A intervenção no padrão que modifica a ação do problema
(Entrar pelo sintoma)
O que já foi visto por muitos terapeutas breves é que a
conduta de se trabalhar com a queixa que o paciente traz não
oferece resistência. Assim podemos ver que nas
psicoterapias tradicionais onde se busca a causa do conflito,
as resistências aparecem rapidamente.
Erickson trabalhava apenas com aquilo que o cliente
lhe oferecia mesmo que fosse somente a resistência. Sem
buscar algo mais no passado ou onde quer que fosse!
De acordo com Erickson, o interessante era mudar o
padrão de respostas automáticas que contém ou
acompanham as experiências ou condutas indesejadas
(sintomas).
Assim, é importante reunir o maior número de elementos
sobre a queixa do paciente e com isso MODIFICAR o sintoma.
Você deve
observar: a) a
linguagem
b) interesses e motivação
c) crenças e marcos de referência
d) condutas
e) o sintoma
f) resistência
Uma alteração qualquer da queixa modifica as questões
que rodeiam o problema e com freqüência a conduta/problema
desaparece.
O’Hanlon mostra 15 modalidades que ele observou no
trabalho de Erickson em INJETAR um vírus que MODIFICA O
PADRÃO DO
PROBLEMA. Vou colocá-las aqui, para que você possa
utilizá-las em seu trabalho terapêutico. No princípio, é difícil
acostumar a intervir no padrão, mas aos poucos você pega o
jeito.
Principais modos de intervenção no padrão:
1. mudar a freqüência/ritmo
2. mudar a duração do sintoma
3. mudar o momento (dia/semana/mês/ano)
4. Mudar a direção (no corpo/no mundo)
5. Mudar a intensidade
6. Mudar alguma outra característica ou
circunstância própria do sintoma
7. mudar a seqüência dos acontecimentos
8. criar um curto circuito na seqüência (do início
para o final)
9. interromper a seqüência, ou impedi-la de outro
modo
10. Tirar um elemento
11. Fragmentar um elemento unitário
12. fazer com que o sintoma se despregue de seu
padrão
13. fazer com que o sintoma se despregue do
padrão-sintoma com exceção do sintoma (comer muito
mas em pouco tempo)
14. inverter o padrão
15. vincular o aparecimento da padrão-sintoma com
outro padrão
( tarefa condicionada pelo sintoma )
Erickson utilizava destas modalidades para injetar vírus
no padrão do sintoma, às vezes sem ao menos questionar as
causas dos problemas. E o resultado? Excelente!
Assim, podemos dizer que numa terapia bem estratégica
e breve conseguimos modificar um padrão de conduta e
muitas vezes uma VIDA! Tornando-a mais adaptativa e feliz.
Os bons resultados em vencer um sistema trabalham
automaticamente as mudanças internas do sujeito e a terapia
se faz naturalmente.
Ex. 1) Policial aposentado obeso, tabagista e que bebia
muito.
Erickson interveio lhe dando uma tarefa: para comer,
comprar uma refeição por vez num supermercado à 1,5 km.
Para beber, uma dose por bar com uma distância razoável
entre um e outro. E para fumar comprar o maço de cigarros
do outro lado do bairro, indo a pé.
Ex. 2) Rapaz de 17 anos que levantava o braço direito 135
vezes/min.
Erickson fez com que levantasse 145 vezes/min e
seguiu aumentando e diminuindo alternadamente, com
aumento de 5x/min e diminuição de 10x/min até que
desapareceu por completo.
2) O uso de analogias e metáforas
Este já é um assunto bem conhecido por nós. Conversar
por analogias, contar casos ou estórias faz com que as
pessoas se relembrem de seus próprios problemas. Elas
sempre estão buscando uma solução de problemas. Se você
constrói estórias ou conta casos que contenham os problemas
dos pacientes, eles conseguem captar a idéia e/ou
metamensagem embutida em busca da solução de seus
próprios problemas.
Veja textos sobre como construir metáforas e leia Minha
Voz irá Contigo de Sidney Rosen; neste livro Erickson conta
muitos casos e muitas estórias em busca de solução para os
conflitos de cada um.
É bom lembrar que as metáforas são pontes de ligação do
problema para a solução.
3) As intervenções paradoxais
Creio que a essência maravilhosa de Erickson se
encontra no trabalho com o paradoxo. Vamos analisar de
uma forma sucinta, mas objetiva as estratégias de Erickson
para lidar com o paradoxo.
Todos nós temos conflitos. Por conflito podemos
entender que temos um “problema sem solução”. Por detrás
dos nossos conflitos se encontram os paradoxos de nossas
vidas.
Os quais todos temos, pois todos temos problemas. Quanto
maior a rigidez, mais fechado é o paradoxo, maior é o
problema. Tudo uma questão de volume como diz Teresa
Robles.
Por paradoxo entendemos duas ordens contraditórias
ditas ao mesmo tempo e assim não há como evitar o
fracasso, pois se você não obedece a uma, falha com a
outra. Tem aquele bom exemplo da mãe que presenteia o
filho com duas gravatas. O filho coloca uma para ir trabalhar
e a mãe diz “Ó meu filho, você não gostou da outra gravata
que mamãe te deu!” Como sair desta!!!
Um exemplo prático: mulher deprimida e obesa. Ficou
assim porque um dia descobriu que o marido ciumento, que
lhe exigia estar sempre linda, a traíra. Engordou para não lhe
dar mais prazer (1a ordem), e deprimiu porque havia ficado
gorda (2a ordem). O que fazer?! Chega dizendo que quer
melhorar da depressão, mas não pode emagrecer!!!
Erickson observava que todos os problemas tinham seus
paradoxos. Assim ele utilizava de uma maneira astuta técnicas
paradoxais com estes pacientes.
A estratégia:
Prescrever o Sintoma!
Ele queria com isso que o paciente fizesse
voluntariamente aquilo que antes fazia automaticamente
(inconscientemente). Normalmente prescrevia o sintoma
associado da emoção subjacente escondida na forma
automática de funcionar. A partir do momento que o sintoma
deixava de ser automático denunciava o que o sintoma
deseja “falar” ou “fazer” e com isto as pessoas se curavam.
A forma de empregar a prescrição
a) Por obediência – dá-se uma ordem de aumentar o
sintoma para depois
baixá-lo.
Pode ser feita com pessoas obedientes, permissivas, que
cooperam com o terapeuta e quando o paciente acha que seus
sintomas estão fora de combate.
b) Por desafio – espera-se que o paciente desafie, aberta
ou
encobertamente, o pedido do terapeuta.
O paciente resiste ou se rebela à prescrição.
Este tipo de prescrição de sintomas é dada a
pessoas controladoras e de grande oposição e vê seus
sintomas como potencialmente controláveis. Assim
podemos ver os paradoxos dados pelo terapeuta como:
de prescrição – roer unhas, chupar determinados dedos.
de restrição – não faça isso, vá devagar (quando é para
ir depressa) de posicionamento – trocar a posição de um
problema – (aceitando ou
exagerando uma afirmação do próprio paciente sobre seu
problema).
Para Fishen e Anderson os paradoxos podem ter 3
classes de estratégia paradoxical:
1. Redefinição – modificar o significado da interpretação
atribuído ao sintoma.
Ex.: Redefinir uma criança como extremamente sensível,
quando fóbica.
2. Escalada – é o intento de criar uma crise ou um
aumento da freqüência da conduta sintomática.
3. Reorientação – trocar um aspecto do sintoma,
prescrevendo circunstâncias particulares do sintoma. (Chupar
o dedo só na frente do pai, fazendo muito barulho para
assustá-lo muito!).
Por fim, deve lembrar vocês que Paul Watzlawick, a
Escola de Palo Alto, a Escola de Milão são as origens dos
trabalhos com paradoxos. Vale a pena ver textos destas
fontes.
Todos estes trabalhos de paradoxos são dados como
prescrição de sintomas, em outras palavras, como tarefas.
Bibliografia
William O’Hanlon - “Guia Breve de Terapia Breve”
“Raízes Profundas”
“Hipnose Centrada na Solução de Problemas”