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Acreditaste no fim, porque viste o fim das Farás de mim tantas imagens quantos os

coisas, e elas sé transformam. teus instantes, na vida. Em vez de me defini-


Acredita na tua eternidade, e já terás com res, ensinar-te-ei a maneira de me encontra-
isso conseguido superar um pouco a tua li- res. Busca-me ... É nessa busca que me te-
mitação. rás a teu lado. Quando me atingirás? Que te
Que as minhas palavras te sirvam para o interessa saber o quando, se mal iniciaste a
futuro. Falei-te com a simplicidade de tua jornada? Põe-te a caminho. Realiza a ti
língua, e espero não mais ouvir as tuas quei- mesmo, sempre além de ti mesmo. Com isto
xas que aborrecem os meus celestiais ouvi- te aproximarás de mim. Eu estarei em todas
dos! as épocas, sempre distante eu serei o teu
Todas as imagens que de mim criaste ideal. Em vez de procurares toransformar-
tomam-se ridículas e ofensivas. Não critica- me em ti, homem, transforma-te em mim.
rei a tua maneira de me conceber. Não sou Não me definirás mais pelas tuas qualida-
o Deus que exige a cada instante um sacrifí- des, mas procurarás a tua definição pelos
cio, que, a cada momento, quer os teus meus atributos. É esse o caminho que in-
pensamentos voltados para mim. Não seria dico, e que te levará até mim. Vai!
Deus se carecesse de sacrifícios para poder
aplacar a minha ira, nem me ofendo por
procurares descobrir quem sou. Em cada
uma das tuas épocas terás de mim uma defi- Mário Ferreira dos Santos
nição, e esta nunca há de te satisfazer. Mas (Extraído do livro "Assim Deus Falou
ouve: precisamente por isso deves te ale- aos Homens"; Livraria e Editora Logos,
grar. São Paulo, 1959)

Aristocracia
e Democracia Jorge L. Garcia Venturini

(dezembro/7 4)
Devido a alternativas semânticas sofridas privilégios hereditários e inalteráveis, não
no transcurso do tempo, estes vocábulos pa- importando quais sejam os verdadeiros va-
receram ter significados opostos. A partici- lores éticos ou a efetiva capacidade para go-
pação de todos na coisa pública foi denomi- vernar, é certo que a democracia (e a repú-
nada democracia (embora, como forma de blica) lhe são contrárias. Mas ocorre que
governo, o nome correto fosse república), e, aristocracia significa também e fundamen-
como tal, se confrontava com a participa- talmente "o governo dos melhores" (áristos
ção de apenas uns poucos, O que se denomi- significa, em grego, o melhor), e neste sen-
nava· aristocracia ou, também, oligarquia, tido a democracia não tem por que opor-se
termos estes que se usam indistintamente, o à aristocracia - a menos que se deseje algo
que tampouco é correto. A democracia - que não se deveria desejar, ou seja, o go-
em linguagem superficial e convencional - verno dos piores. Não obstante, a incúria na
costuma assim representar o contrário da linguagem, que nos faz dizer às vezes o que
aristocracia. Isto porém, requer uma maior não queremos dizer, tem-nos levado com
atenção, já que por trás de um falseamento muita freqüência a associar aristocracia
semântico se esconde sempre um falsea- com oligarquia, que não é o governo dos
mento conceptual e entram em jogo princí- melhores mas o de uns poucos (e, segundo
pios fundamentais. seu tradicional sentido, o governo "egoísta"
Se por aristocracia entendemos uma desses poucos), fazendo confrontarem-se
classe social que por sua linhagem democracia e aristocracia, no elevado sen-
encontra-se investida de numerosos privilé- tido deste termo.
gios, entre eles o de governar, sendo estes E como a linguagem nos condiciona e
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mesmo nos determina - como diriam os es- ressa destacar aqui é que um homem do sé-
truturalistas, "eu não sou falado" -, em não culo XVIII, um porta-voz da revolução, um
poucas consciências democracias passou a antimonarquista e anti-aristocrático (no
significar ou a implicar a mediocridade, a sentido da aristocracia classista e heredi-
mediania (a chamada mediocracia), ou dire- tária) haja insistido nó vocábulo aristocracia
tamente a possibilidade de atingirem o po- para designar a forma ideal de governo.
der os menos aptos, os inferiores, até os in- Em nosso século temos o caso não já de
capazes e os piores. Há casos em que já não um pensador mas de um político ativo, que
se trata de aristocracia nem de democracia, constitui um verdadeiro modelo do que
mas abertamente de kakistocracia (1). queremos dizer. Trata-se de Winston Chur-
*** chill, o maior dos democratas e o maior dos
Em nossos dias todos se autodenominam aristocratas. Seu sentido democrático foi
democráticos, quase não havendo quem se realmente excepcional. Ninguém defendeu
diga aristocrático; este termo pode chegar a com tanta lucidez e decisão a democracia,
ser quase um insulto. E isto é muito grave. como forma de governo e como forma de
Porque ao socairo dos termos mal emprega- vida. A ninguém deve tanto a democracia.
dos, veio-se perdendo o sentido do melhor, Teve até o gesto de não aceitar como prê-
deslocado paulatinamente pelo confor- mio (coisa que não fizeram seus colegas, in-
mismo ante o medíocre e até, de fato, pela clusive trabalhistas) um título de nobreza,
aceitação do pior. E o mais triste é que isto conformando-se com o de sir, porque do
se faça em nome da democracia. contrário não poderia continuar freqüen-
A democracia (preferentemente e-m seu tando a Câmara dos Comuns, seu templo,
verdadeiro significado de forma de vida, sua trincheira. Ele era antes de mais nada
mas também no sentido de forma de. go- um child of the House 01 Commons, como
verno) poderá funcionar efetivamente e re- tantas vezes se autoqualificava em seus bri-
alizar os elevados propósitos que lhe são lhantes discursos. Não obstante, nunca dei-
atribuídos pelos que nos chamamos demo- xou de ser lord, que já o era por sua linha-
cráticos, somente quando. não se oponha à gern, um senhor do espírito, em seus gestos,
aristocracia, mas se complemente .e se im- em suas palavras, em seus hábitos e em seu
pregne por ela. Por ser democráticos, ha- talento, cabal personificação da velha areté
veríamos de não aspirar ao governo dos me- homérica e cavalheiresca.
lhores? Em nome da democracia, havería-
mos de aplaudir o governo dos piores?
E perceba-se uma coisa. Que isto de "go- ***
verno dos piores" não são meras palavras.
Há casos na história em que diversas cir- Perigosa tendência de nosso tempo de
cunstâncias fazem possível a tomada do po- mediocrizar, de igualar pelo mais baixo, de
der por aqueles que são rigorosamente os afastar os melhores, de aplaudir os piores,
piores, tanto por seus turvos antecedentes de seguir a linha do menor esforço, de
quanto por sua frágil moral, por sua ausente susbstituir a qualidade pela quantidade. A
capacidade e outros rasgos afins. verdadeira democracia nada tem a ver com
*** essas módicas aspirações. Não pode ser
O ideal aristocrático está presente na me- processo para baixo, mera gravitação, mas
lhor tradição ocidental. Já na epopéia ho- esforço para cima, ideal de perfeição. E isto
mérica o conceito de areté (da mesma raiz é válido tanto para a consciência individual
que áristos) é o atributo próprio e indecliná- quanto para a coletiva, que interagem entre
vel da nobreza. Areté é o valor, o talento, a si. Dizia muito bem Platão que "a qualidade
honra, a virtude, a capacidade, o senhorio. dapolis não depende dos carvalhos nem das
Nos filósofos clássicos e nos tempos médios rochas, mas sim da condição de cada um
sempre se afirma a necessidade do "gO- dos cidadãos que a integram".
verno dos melhores", embora jamais tenha O cristianismo e o liberalismo, cada um
sido fácil conseguir a fórmula para realizá- em seu momento, foram grandes promoto-
10. O próprio Rousseau, inteligentemente, res sociais, pois quebraram estruturas ex-
assinala como a melhor forma de governo cessivamente rígidas e fizeram com que os
não a democracia (que ele entende no sen- de baixo pudessem chegar em cima. Em tal
tido de exercício direto do poder pela multi- sentido, foram dois grandes processos de-
dão), mas sim a aristocracia eletiva, conven- mocrátiços. Mas nenhum de seus teóricos
cido de que do sufrágio surgiriam os melho- advogou pela mediocridade nem renunciou
res, embora reconhecesse que o procedi- ao "governo dos melhores". Só o populismo
mento pode falhar. Porém o que nos inte- atual, que não é democrático, e sim totali-
(1) Kakistoí: os piores; quer dizer, então, "governo dos piores". Achamos que
seria ilustrativa a divulgação deste vocábulo, em vista das circunstâncias que a-
tário, abjura o ideal aristocrático e entro-
travessamos. niza os inferiores. Que lástima!
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pacidade de confundir as coisas), e em defi-
Acerca da "Kakistocracia"
nitivo, diríamos, quase inocente.
Pelo contrário, kákistos, em grego, é o su-
perlativo de kakós, que significa "mau", e
também "sórdido", "sujo", "vil", "inca-
paz", "perverso", "nocivo", "funesto" e
outras coisas semelhantes. Logo, se kakós
(março/75) significa mau, kákistos, superlativo, significa
No artigo anterior procuramos reivindi- o pior. Plural de kákitos é kakistoi, ou seja os
car o termo e o conceito de aristocracia, tão piores, Daí que se nos ocorreu kakistocra~ia:
menosprezado em nossa época. Ali apre- governo dos piores.
sentamos as razões históricas e conceptuais Parece-nos que surgem claras as diferen-
que mostram que -a democracia - para ser ças entre o "chanta" e o kákistos. Há vários
autêntica, e não mera palavra oca ou sim- matizes, mas há sobretudo um aspecto mo-
ples mecanismo eleitoral que proclama o ral; o "chanta" pode ser - e freqüente-
triunfo da metade mais um - longe de opor- mente o é - inocente; o kákistos, no sentido
se à aristocracia devia completar-se e empregado, é absolutamente responsável e
impregnar-se de seu espírito, quer dizer, inculpável. Além disso, é o pior.
longe de abjurar do governo dos melhores O significado profundo e real de
(aristocracia) devia a ele aspirar, sob o risco kakistocracia só se apreende em contraposi-
de deixar de ser democracia. Também ad- ção com aristocracia. Ademais, se se designa
vertimos que pareceria existir uma tendên- ao "governo dos melhores" como
cia geral (de toda ordem, e não apenas em aristocracia, e inclusive circula outro termo
questão de governos) a buscar ou de mais recente gestação - mediocracia -,
conformar-se com os piores. Daí, afirmáva- por que não cunhar um vocábulo que desig-
mos ainda, resulta que às vezes tem acesso nasse não já aos medíocres, mas decidida-
ao poder um conjunto de indivíduos que mente aos piores? Ou será que os piores não
por seus turvos antecedentes, por sua frágil têm acesso aos governos? Ignoramos que
moral, por sua ausente capacidade e outros haja alguma lei - escrita pelo menos - que
rasgos afins', conformam "o governo dos o impeça. E se essa lei existe, já foi, de fato,
piores", e então se nos ocorreu propor, para violada.
denominá-Io, o termo "kakistocracia". Quando um grupo ou um povo cede em
Posteriormente, e não sem satisfação, seu afã de promover os melhores, entra in-
percebemos que o termo encontrou eco em defectivelmente em um tobogã, e, passando
distintos colaboradores desta página (2) e pelos medíocres, termina com os piores.
em outras publicações e meios. Ocorre que Não estamos aqui questionando formas de
as palavras nascem e se impõem quando há governo ou modos de eleger governantes.
coisas a designar. Se o termo em questão Este é outro tema que talvez abordemos em
provocou eco, foi simplesmente porque se outra oportunidade. Trata-se fundamental-
carecia de sua presença. E precisamente mente de um espírito, de uma inspiração, de
por tudo isto desejamos fazer mais algumas uma exigência profunda da consciência in-
considerações a respeito. dividual e coletiva. Trata-se de tender para
Já nos foi dito e temos lido que baixo - mera gravitação - ou de tender
kakistocracia é sinônimo, ou seria o mesmo para cima - afã de perfeição. Trata-se de
que chantocracia, vocábulo formado não exigir e exigir-se menos ou de exigir e
sem certa arbitrariedade a partir de uma ex- exigir-se mais. Trata-se, enfim, de ser reba-
pressão da gíria portenha (chantei) e de uma nho ou de sentir-see atuar como pessoa hu-
desinência grega (kratia). Sem tirar toda va- mana. Porque a kakistocracia não é apenas
lidez deste termo, devemos assinalar que um atentado contra a ética - já de por si in-
não existe tal sinonímia, pelo menos com finitamente grave - mas também contra a
referência ao sentido que quisemos dar a estética, uma falta de bom gosto.
"kakistocracia". O chanta é essencialmente
um ebaucador, um embusteiro, um maledi-
cente, alguém que fala muito sem dizer
nada; a rigor, um trapalhão, conforme des- Extraido de "La Prensa", Buenos Aires - Argentina
igna o-dicionário àquele "que não faz o que
diz" e "ao que faz mal alguma coisa". O
chanta, na gíria portenha, designa, pois, um
personagem nada recomendável mas não
demasiado prejudicial (a não ser por sua ca:-

(2) Refere-se a "La Prensa", Buenos Aires, Argentina.

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