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DUTRA, Eliana Regina de Freitas. A Virtude do Esforço.

In: O Ardil Totalitário: O


imaginário político no Brasil dos anos de 1930, p. 265-299.

Resenha

Em seu texto A virtude do esforço, Eliana Regina Dutra, busca resumir as ideias centrais,
em relação ao trabalho/trabalhador, representadas nos discursos políticos vigentes durante a
década de 1930. A autora passa dos conceitos filosóficos modernos, às noções apresentadas na
arena política brasileira; pelo poder e seus opositores; apresentando uma profunda reflexão
acerca da relação estabelecida entre governantes e governados no período.

De início, Dutra apresenta como o conceito de trabalho, no ocidente moderno, veio a se


configurar por meio da reflexão de autores como Hegel, Marx, Hanna Arendt e Freud. Em
linhas gerais, os quatro concordam com a ideia de trabalho como atividade fundamental da
cultura humana. Por meio dele, o Homem se liberta da sua condição de submissão diante da
natureza, quando passa a exercer sua liberdade diante do mundo, criando e transformando a
realidade em que se insere. Essa concepção de trabalho será um elemento que aproximará atores
políticos e ideologias muito diversas – e até mesmo antagônicas – no desenvolvimento dos
discursos e ideias modernas.

No Brasil, a ideia de trabalho como fonte da liberdade e da criação humana, será muito
utilizada pelo discurso oficial. Pois o trabalho seria o meio de ligar a nação ao progresso e à
civilização. Mais que isso, o elogio ao esforço seria uma maneira de legitimar o controle social
por parte do Estado, pois, no discurso vigente, a ordem e a estabilidade social seriam
imprescindíveis ao desenvolvimento nacional.

Também entre os comunistas o trabalho apresenta-se de forma positiva. A busca do


desenvolvimento produtivo, bem como a crítica às camadas ociosas, era um ponto de
convergência com o discurso do poder. O trabalho seria o elemento proporcionador da
emancipação da pátria em face ao imperialismo. No entanto, entre os comunistas, havia a
presença do conceito de luta de classes, por meio do qual os poderosos, egoístas e improdutivos,
deveriam ser destituídos pela classe trabalhadora, que, por sua vez, construiria uma nação
pautada na solidariedade e no trabalho.

Já entre as camadas do poder, o discurso foi moldado para se contrapor às perigosas


propostas populares do comunismo. Os trabalhadores eram vistos, tanto pela polícia como pela
Igreja Católica, como incultos, passivos e fragilizados pela miséria e que, por esse motivo, eles
se deixariam manipular pelo ideal comunista. Diante desse estado de coisas a Igreja criou a
Ação Católica, onde vai se colocar como “a grande amiga e benfeitora dos pobres”, instruindo-
os ao ideal cristão, e se colocando como mediadora em suas relações com os patrões tiranos.
Consonante com esse ideal, a Ação Integralista vai cunhar o lema Deus, Pátria e Família. Entre
os integralistas, o trabalhador também era peça fundamental para a grandeza nacional. E
diferindo da visão dos comunistas, que colocavam os proletários como principais atores
políticos, os integralistas lhes atribuíam o mero dever de trabalhar de acordo com suas funções,
pois lhes faltava cultura.

Essa imagem de trabalhador, inculto, fraco e desamparado, será também mobilizada


pelo governo. E é diante da construção e uso dessa imagem de trabalho e trabalhador pelo poder
que Eliana Dutra focará com mais aprofundamento sua reflexão.

Antes de tudo, a autora aponta a cisão na tipologia do operário feita pela camada
dominante, que distinguia o “operário verdadeiro daquele que é grevista, agitador, desordeiro e
comunista” (p. 278). Portanto, será a esse primeiro que o Estado buscará seu apoio e ao segundo
que buscará imobilizar. Nesse sentido, é apresentado o discurso sempre presente no ministério
do trabalho, que busca associar o trabalhador a valores como a disciplina, o amor à pátria, a
defesa da família e da ordem.

O ideal projetado pelo Estado, era a negação da divisão de classes, ele apontava para
uma sociedade unida, em todos os polos, para o bem comum da nação. Seria função do Estado,
associar capital e trabalho para um trabalho coordenado. O princípio adotado pelo Ministério
do Trabalho era o corporativismo. Essa doutrina, primava pela organização econômica e social
do país em uma frente una, sem espaço para o que o individualismo e conflito de classes.

Para efetivação desse programa, o Estado adotou um racionalismo técnico, que daria
suporte para a ação estatal no âmbito do trabalho. E o polo do poder se apresentaria nos
discursos teóricos e na prática dos agentes do Ministério do Trabalho, disfarçado pelo véu da
ciência. Desse modo, as relações de trabalhos deveriam ser devidamente reguladas segundo as
leis criadas a partir de 1930. O operário não seria reconhecido enquanto tal se não fosse
registrado. Caberia ao Estado a concessão de seus direitos. Nesse sentido, as lutas migraram do
campo político ao campo jurídico, e o direito tornou-se uma ferramenta de manutenção da
organicidade social. Tão forte foi essa intervenção do Estado na liberdade política do indivíduo
comum que, a carteira profissional passou a ser condição indispensável ao seu próprio
reconhecimento civil (p. 293).
De forma geral, esse capítulo mostra como o conceito de trabalho e a imagem do
trabalhador foi utilizada pelos vários atores políticos, especialmente, em relação ao Estado
varguista. Buscando a imobilização de seus opositores, este soube muito bem utilizar os
discursos vigentes a seu próprio favor. O conceito de trabalho, que de princípio se apresentava
como criador da liberdade do Homem e meio para a ação no mundo, transfigurou-se de tal
maneira pelo poder que, efetivamente, virou sinônimo de controle e exploração.

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