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MANUAL DE HORTICULTURA ORGÂNICA

Jacimar de Souza, Patrícia Resende

1. INTRODUÇÃO

Conseqüências negativas do modelo agroquímico de produção:


 compactação do solo;
 erosão,
 eliminação, inibição ou redução da flora microbiana do solo,
 declínio da produtividade pela degradação do solo e perda de matéria orgânica,
 poluição alimentar, da água, do solo, do ar, pelo uso de agrotóxicos e de adubos
minerais solúveis,
 surgimento de novas pragas e doenças,
 resistências de insetos e doenças aos agrotóxicos,
 mecanização inadequada,
 produção de alimentos desnaturados, pela absorção desequilibrada de
nutrientes,
 produção para o mercado externo, em detrimento do mercado interno,
 contaminação de alimentos e trabalhadores rurais,
 balanço energético desfavorável,
 auto custo de produção,
 perda de autonomia do produtor,
 êxodo rural

A agricultura orgânica tem crescido muito no mundo inteiro, pela necessidade de


preservação ambiental e pela exigência de alimentos saudáveis. É a atividade agrícola
de maior crescimento no mundo. Esse mercado movimentou no mundo:
 em 1989: 2 bi de dólares
 em 1998: 13 bi de dólares
 em 2000: 19 bi de dólares

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Os maiores mercados mundiais são: Europa, Estados Unidos e Japão.
Observa-se um aumento na área e no número de unidades produtivas.
Em 2004, o Brasil estava em 5o lugar em área orgânica certificada, com 840.000 ha,
atrás da Austrália, Argentina, Itália e Estados Unidos.

Cerca de 70% da produção de alimentos orgânicos brasileiros são exportados para


Estados Unidos, Europa e Japão. 20% vêm de pequenos produtores e 80% de médios
produtores.

Para exportar é preciso da certificação por organismos reconhecidos


internacionalmente, como o IBD.

Alimentos orgânicos são mais ricos em nutrientes que os convencionais em:


 Vitamina C
 Matéria seca
 Aminoácidos
 Minerais essenciais: B, Ca, Cu, Mg, Mn, Mo, Se

Nos alimentos produzidos organicamente, há redução do teor de nitratos em relação


aos convencionais.
Excesso de adubos N: aumento de nitratos.
Nitrato na planta transforma-se em amônio. O excedente é armazenado nos tecidos.
Nitratos transformam-se em nitritos na corrente sanguínea – estes são venenosos.
Combinados com aminas, os nitritos transformam-se em nitrosaminas – substâncias
cancerígenas.
Para o ser humano, o máximo de ingestão de Nitrato diário é de 5 mg/kg de peso e 0,2
mg/kg de nitrito.
Uma pessoa de 70 kg pode ingerir, no máximo, 350 mg de nitrato, o que corresponde a:
- 4 a 9 folhas de alface hidropônica
- mais de 50 folhas de alface orgânica.

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No sistema orgânico: a redução de nitratos é de 69 a 93%.
100 g de produto orgânico tem mais matéria seca que 100 g de produto convencional.

2. PRINCÍPIOS DO SISTEMA AGROECOLÓGICO

AGRICULTURA ORGÂNICA: visa o estabelecimento de sistemas agrícolas


ecologicamente equilibrados e estáveis, economicamente produtivos em grande, média
e pequena escalas, de elevada eficiência quanto à utilização dos recursos naturais de
produção e socialmente bem estruturados, que resultem em alimentos saudáveis, de
elevado valor nutritivo e livres de resíduos tóxicos e em outros produtos agrícolas de
qualidade superior, produzidos em total harmonia com a natureza e com as reais
necessidades da humanidade.
Segundo a Instrução Normativa n. 7 (maio de 1999), trata-se de:
- técnicas específicas
- otimização de recursos naturais e socioeconômicos disponíveis
- respeito à cultura das comunidades rurais
- sustentabilidade econômica e ecológica
- maximização dos benefícios sociais
- minimização da dependência de energia não renovável
- proteção ao meio ambiente

Sustentabilidade: utilização de práticas que permitam a produtividade da cultura,


baseadas em processos biológicos (fixação biológica de nitrogênio, ciclagem de
nutrientes, controle biológico e métodos culturais de controle das populações de
patógenos, herbívoros, ervas) – adubação verde com leguminosas, manutenção de
áreas de refúgio para inimigos naturais, compostagem, sistemas agroflorestais; redução
do aporte externo de recursos e energia (plantio direto, cultivo mínimo, cobertura
vegetal, rotação de culturas, controle vegetativo da erosão).

2.1. MECANISMOS DE ESTABILIDADE, DIVERSIDADE E EQUILÍBRIO ECOLÓGICO

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Os agroecossistemas convencionais são instáveis do ponto de vista ecológico, por
causa da extrema simplificação da estrutura e do funcionamento do agroecossistema,
onde o número de espécies vegetais é muito pequeno, comparado com os
ecossistemas naturais.
Em policultivos, a incidência de insetos herbívoros é menor. Explicado pela Teoria dos
Inimigos Naturais e Teoria da Concentração de Recursos.
Os inimigos naturais são mais abundantes em policultivos do que em monocultivos:
maior disponibilidade de pólen e néctar para os inimigos naturais, menores oscilações
de temperatura, temperaturas mais amenas e maior umidade relativa, maior diversidade
de presas e hospedeiros alternativos aos principais, maior locomoção dos herbívoros
para busca de alimento.
Segundo a Teoria da Concentração de Recursos, os herbívoros se encontram e
permanecem em ambientes onde seus hospedeiros (plantas) estão mais concentrados
– maior facilidade para encontrar alimento e abrigo, identificação mais fácil da textura
da cultura.

Biogeografia de ilha e estratégias de vida

- Princípios para restaurar a diversidade e o equilíbrio ecológico:


Derrubada da vegetação nativa e aração: abrindo ambiente para colonização. Primeiro
vêm as ervas, os patógenos e os herbívoros.
Recomenda-se:
- utilização de barreiras: cerca viva, faixa de leguminosas, de vegetação nativa ou
áreas de pousio;
- redução das áreas de cultivo, pois as ilhas menores levam mais tempo para
serem colonizadas;
- ocupar a área de cultivo com maior número de culturas de crescimento rápido e
boa dispersão: rotação de culturas;
- redução da remoção de biomassa da área de cultivo: revolver menos o solo e
remover menos biomassa do sistema ou com menor freqüência: espécies de
ciclo mais longo, semiperenes ou perenes;

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- redução do espaçamento;
- consorciação para redução da biomassa de ervas;
- redução de ervas pela rotação de culturas;
- supressão de patógenos do solo pela diversificação da microbiota.

2.2. OBJETIVOS DA AGRICULTURA ORGÂNICA


- desenvolver e adaptar tecnologias às condições sociais, econômicas e
ecológicas de cada região;
- a propriedade deve ser trabalhada como um sistema, com integração de todas
as atividades;
- priorizar a propriedade familiar;
- promover a diversificação da flora e da fauna;
- reciclar os nutrientes;
- aumentar a atividade biológica do solo;
- promover o equilíbrio ecológico das unidades de produção da propriedade;
- preservar o solo, evitando a erosão e conservando suas propriedades físicas,
químicas e biológicas;
- manter a qualidade da água;
- controlar os desequilíbrios ecológicos pelo manejo fitossanitário;
- busca a produtividade ótima e não a máxima;
- produzir alimentos sadios e de alta qualidade;
- promover a autossuficiência econômica e energética da propriedade rural;
- organizar e melhorar a relação entre os produtores rurais e os consumidores;
- preservar a saúde dos produtores rurais e dos consumidores.

2.3. AS ESCOLAS DA LINHA AGROECOLÓGICA


 Agricultura orgânica: Índia, 1931 – processo Indore de compostagem. Solo rico
em matéria orgânica – nutrição e sanidade das plantas.

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 Agricultura biológica ou agrobiológica: França, década de 1960 – uso de rochas
moídas – Teoria da Trofobiose
 Agricultura ecológica ou agroecológica: Estados Unidos, década de 1970 –
incorpora idéias ambientais e sociais na agricultura. Preocupa-se com a ecologia
do sistema de produção.
 Agricultura natural: Japão, década de 1930 – não movimentar o solo, reciclagem
de restos de cultura e palhadas, composto feito somente com vegetais, sem
esterco. Uso de EM.
 Agricultura biodinâmica: Alemanha, 1924 – propriedade é um organismo onde o
todo reflete o equilíbrio das partes. Usa técnicas similares às da Agricultura
Orgânica e também preparados biodinâmicos, calendário lunar.
 Permacultura: Austrália, década de 1970 – sistemas agro-silvo-pastoris, sem
intervenção no solo (aração ou gradagem). Não usa composto orgânico. Alterna
cultivo de gramíneas com leguminosas, deixando a palhada sobre o solo,
inclusive das ervas espontâneas.

3. BASES E PRINCÍPIOS DE SISTEMAS ORGÂNICOS

Ecossistema: relações entre organismos vivos e seu ambiente, mantendo um equilíbrio


dinâmico e estável, no espaço e no tempo.
Agroecossistemas são muito diferentes dos ecossistemas naturais.
Tem menor diversidade funcional e estrutural, retirada de recursos na colheita, entrada
de recursos (trabalhos e insumos).
Deve incorporar características dos ecossistemas naturais: estabilidade e equilíbrio,
além de ter produtividade.

3.1. EQUILÍBRIO ECOLÓGICO

Em sistemas orgânicos de produção, o equilíbrio ecológico, que ocorre entre os


macro e micro organismos, é de fundamental importância para manter as populações

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de pragas e doenças em níveis que não causem danos econômicos às culturas
comerciais.
Na natureza, existe uma forte interrelação biológica entre insetos, ácaros,
nematóides, fungos, bactérias, vírus e outros macro e microorganismos, a qual é
responsável pelo equilíbrio do sistema, podendo-se citar como exemplos: Pulgões
(praga) controlados por joaninhas (predador); Ácaros (praga) controlados por Ácaros
predadores; Lagarta-da-soja (praga), controlada por Baculovirus (parasita);
microrganismos antagonistas presentes em compostos orgânicos, inibindo o
desenvolvimento de fungos de solo (Fusarium), dentre tantos outros.

3.2. TEORIA DA TROFOBIOSE

Pela Teoria da Trofobiose, aprendemos que todo ser vivo só sobrevive se houver
alimento adequado e disponível para ele. A planta ou parte dela só será atacada por
um inseto, ácaro, nematóide ou microrganismos (fungos e bactérias), quando tiver, na
sua seiva, o alimento que eles precisam, principalmente aminoácidos. O tratamento
inadequado de uma planta, especialmente com substâncias de alta solubilidade,
conduz a uma elevação excessiva de aminoácidos livres. Portanto, um vegetal
saudável, equilibrado, dificilmente será atacado por pragas e doenças.

Fatores que melhoram a resistência:


 Espécie ou variedade adaptada ao local de cultivo;
 Solo;
 Adubos orgânicos;
 Adubos minerais de baixa solubilidade;
 Defensivos naturais.

Fatores que diminuem a resistência:


 Idade da planta;
 Solo;
 Luminosidade;

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 Umidade;
 Tratos culturais;
 Adubos minerais de alta solubilidade;
 Agrotóxicos.

3.3. DIVERSIFICAÇÃO

Agroecossistemas diversificados tendem a ter menos problemas com pragas: maior


ação de inimigos naturais.
Diversificação: vários lotes com culturas diferentes, rotação de culturas, áreas com
vegetação nativa, manejo das ervas espontâneas, sistemas agroflorestais, corredores
de refúgio.
Manutenção da fertilidade do sistema, controle de pragas e doenças e estabilidade
econômica regional.
A propriedade orgânica deve buscar diversificar a paisagem geral, restabelecendo a
cadeia alimentar entre todos os seres vivos (microrganismos até animais maiores).
Manejo da vegetação espontânea (para diminuição de pragas e doenças):
 áreas de refúgio: matas, áreas alagadas, margens de riachos;
 faixas de vegetação espontânea, no meio da lavoura – corredores de refúgio
com 2 a 4 m de largura;
 capinas em faixas, manter a vegetação entre canteiros;
 diversidade genética: culturas diferentes, plantio de leguminosas, pousio.

3.4. RECICLAGEM DE MATÉRIA ORGÂNICA

Independência do agricultor, quanto à necessidade de incorporação de insumos


externos ao seu sistema produtivo, minimizando custos, além de permitir usufruir dos
benefícios da Matéria Orgânica em todos os níveis.

Matéria Orgânica:

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 Aumenta a capacidade do solo em armazenar água, diminuindo os efeitos das
secas.
 Aumenta a população organismos úteis no solo.
 Aumenta a população de bactérias fixadoras de Nitrogênio e as Micorrizas.
 Aumenta a capacidade das raízes em absorver minerais do solo.
 Possui, na sua constituição, os macro e micronutrientes, em quantidades bem
equilibradas, que as plantas absorvem, conforme sua necessidade, em
qualidade e quantidade.
 Estrutura o solo, por causa da formação de grumos, aumentando a penetração
das raízes e a oxigenação do solo.
 Fornece substâncias de crescimento (fitohormônios), que aumentam a
respiração e a fotossíntese das plantas.

4. CONVERSÃO

Mudança de paradigma
Conversão: período de transição para a propriedade passar do modelo convencional ao
modelo orgânico
É preciso fazer um diagnóstico da propriedade (identificando os recursos físicos,
financeiros e humanos) e planejar.
Dois tipos de agricultura orgânica:
 baseada em princípios agroecológicos: maior sustentabilidade
 baseada no uso intensivo de insumos orgânicos e naturais: menor
sustentabilidade

No período de conversão, ocorre queda no rendimento: incorporação de novas áreas.


A transição deve ser feita a partir de pequenas glebas iniciando-se pelas áreas mais
apropriadas, num processo crescente.
Princípios orientadores da conversão:
 mudar de um manejo de nutrientes (utilização de adubos solúveis) para um
manejo baseado na reciclagem de nutrientes;

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 usar fontes renováveis de energia;
 eliminar o uso de insumos sintéticos não-renováveis que vêm de fora da
propriedade, que podem causar danos ao ambiente ou à saúde dos
trabalhadores rurais e consumidores;
 quando necessário, usar insumos naturais ao sistema, no lugar de insumos
sintéticos;
 manejar pragas, doenças e ervas, em vez de controlá-las;
 restabelecer as relações biológicas naturais;
 adaptar o potencial biológico e genéticos das espécies de plantas e animais
às condições ecológicas da unidade produtiva, em vez de modificar a unidade
produtiva para satisfazer a necessidade das culturas e dos animais;
 enfatizar a conservação do solo, da água, energia e dos recursos biológicos;
 incorporar a idéia de sustentabilidade a longo prazo no planejamento e no
manejo geral do agroecossistema.

O selo orgânico só poderá ser obtido depois de cumprido o conjunto de requisitos para
a produção orgânica, atendendo as normas das entidades certificadoras.
Geralmente, o período de transição, para obtenção do selo orgânico, vai de 2 a 4 anos.
A conversão passa por, pelo menos, três dimensões:
 educativa – produtor rural
 biológica – solo
 normativa - certificação

5. MÉTODOS DE PRODUÇÃO

5.1. MANEJO E FERTILIZAÇÃO DO SOLO

O solo é definido como sendo uma função dos fatores material original, relevo, clima,
tempo e organismos. O homem pode interferir direta ou indiretamente na ação de todos
os fatores citados anteriormente, para acelerar a formação ou a destruição de um solo.

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Dessa forma, pode-se dizer que o homem depende do solo e, por outro lado, bons
solos dependem do homem e do uso que deles fazem.
Dentre todos os fatores responsáveis pela formação dos solos, quando se trata
de acelerá-la, os organismos vivos e os microrganismos são, sem dúvida, os mais
importantes entre todos aqueles fatores.

Organismos: homem e seres vivos que vivem e morrem na superfície da terra e dão
origem ao que se chama de matéria orgânica, que, depois de decomposta, passa a ser
a matéria orgânica do solo, incluindo a fauna e a flora (raízes das plantas).
Os organismos vivos são capazes de transmutar um elemento químico em outro, o que
é realizado por enzimas.
O enfoque apenas nas quantidades disponíveis e necessárias para o crescimento e
produção das plantas é insuficiente para o entendimento completo sobre adubação e
nutrição das plantas nos sistemas agroecológicos.
Nas condições brasileiras, o principal problema na agricultura é a perda da fertilidade
natural dos solos (chuva, sol, tipos de solos etc.).
As perdas de matéria orgânica e minerais são maiores do que a capacidade de
reposição dos solos.
Revolvimento do solo acelera as perdas. Acelerando a mineralização da matéria
orgânica reduz a diversidade de organismos no solo.

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Preparo Convencional (PC) X Sistema de Plantio Direto (SPD)
Perdas de solo Perdas de água
DESCRIÇÃO (t/ha/ano) (mm/ha/ano)
PC SPD (%) PC SPD (%)
Paraná
(12 anos de soja + trigo) 26,4 3,3 87,5 666 225 66,2
Paraguai
4 anos 21,4 0,6 97,2 - - -
2 dias com chuva de 186 46,5 0,01 99,7 - - -
mm
Cerrados
Soja (dados de 11 meses) 4,8 0,9 81,2 206 120 41,7
Milho (dados de 11 meses) 3-3,4 2,4 20-29 252-318 171 32-41
Fonte: Souza et al. (2006).

Preparo do solo: perturbar o mínimo possível a estrutura física e a vida biológica do


solo
Na agricultura orgânica, o solo deve receber atenção especial.
Práticas para construir um solo equilibrado e cheio de vida: preparo reduzido, cobertura
viva e morta, não adição de fertilizantes de alta solubilidade, adição de adubos
orgânicos.
Cobertura morta e viva: evita a exposição do solo aos impactos da chuva, do sol e dos
ventos, diminui as alterações de umidade e temperatura, favorecendo os cultivos, a
fauna e os microrganismos do solo.
Práticas tradicionais de conservação do solo: plantio em curvas de nível, cordões em
contorno, faixas de retenção etc.
Cultivo mínimo:
Plantio direto: sobre os restos da cultura anterior, restos de adubação verde e de ervas
espontâneas.
Três pilares:

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 ausência de revolvimento ou revolvimento mínimo do solo, restrito ao sulco
ou linha de plantio;
 aumento da biodiversidade (diversidade de espécies vegetais e rotação de
culturas);
 cobertura permanente do solo.

Não utilizar herbicidas – solução adubação verde com gramíneas e leguminosas. Usar
rolo-faca, rolo de disco de tração animal, roçadeira, segadeira ou grade niveladora de
disco destravada.
Preparo do solo na linha de plantio: equipamentos que façam um corte eficiente da
palha e movimentem ao mínimo o solo na linha de plantio.
Uso de plantas que abafem as ervas infestantes: aveia preta, crotalária, centeio,
mucuna, ervilhaca comum). Consórcio entre leguminosas e gramíneas (N e matéria
seca).
Escolha das espécies: analisar a quantidade de biomassa que fornece, de forma a dar
boa cobertura ao solo.
Utilizar cultivares mais rústicos, com maior potencial de convívio com as ervas
espontâneas.
Cultivo de plantas anuais em aléias, para aumentar a biomassa: plantio de plantas
arbustivas ou arbóreas em faixas a cada 10 a 30 m. No meio, são cultivadas as plantas
anuais.
Equipamentos para plantio direto em cultivo orgânico:
- rolo faca: para acamar espécies de cobertura
- rolo disco: para acamar espécies mais difíceis como a mucuna
- triturador para espécies mais fibrosas (sorgo, milho, milheto, crotalária)
- roçadeiras
- semeadeiras-adubadeiras: tração animal ou microtrator.

O cultivo de hortaliças leva ao uso mais intenso do solo. Algumas hortaliças exigem um
preparo mais refinado do solo para ter melhor rendimento comercial. Usar técnicas para
minimizar o impacto.

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RECOMENDAÇÕES PARA O PREPARO DO SOLO NA OLERICULTURA ORGÂNICA:
- Empregar o Sistema de Plantio direto, sempre que possível.
- Utilizar aração e gradagem o mínimo possível.
- Utilizar a enxada rotativa em caso de extrema necessidade, exclusivamente para
culturas que necessitam de canteiros.
- Fazer o preparo manual ou utilizar implementos como o sulcador ou enxada
rotativa com dois jogos de facas centrais, cultivando apenas a linha de plantio,
para hortaliças de espaçamentos maiores.
- Rotação de culturas com espécies que exigem sistemas de preparo de solos
diferentes.
- Utilizar plantas de crescimento rápido e sistema radicular vigoroso para fazer a
subsolagem do solo, quando necessário (guandu, mamona, leucena etc.)

Além disso, fazer o manejo do solo utilizando:


- adubos orgânicos, na forma de estercos animais, compostos e outras fontes;
- adubação verde com leguminosas e gramíneas;
- cobertura morta (nem todas as espécies respondem positivamente e oferecem
retorno econômico com essa prática);
- manejo de ervas espontâneas: proteção do solo, ciclagem de nutrientes,
equilíbrio biológico;
- uso de adubos minerais de baixa solubilidade (fosfatos de rochas).

5.2. ESPÉCIES E CULTIVARES ADAPTADOS


A escolha do cultivar a ser plantado é um ponto muito importante a se observar
no sistema orgânico de cultivo.
A adaptação às condições locais proporciona melhor desenvolvimento e maior
sanidade às culturas.
Recomenda-se que o agricultor selecione e reproduza continuamente materiais
genéticos mais adaptados à suas condições de cultivo, com base na:
- adaptabilidade da espécie às condições locais de cultivo

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- produtividade
- resistência ou tolerância a determinadas pragas e doenças
- qualidade do produto
- vida pós-colheita
- aceitação do mercado

Para a maioria das culturas, existem cultivares mais rústicos e com maior
resistência a pragas e doenças, que se desenvolvem melhor nesse sistema de cultivo.

Cultivares de hortaliças com resistência genética a doenças

Espécie Doença/Patógeno Cultivar/Híbrido


resistente

Alface Mosaico Brasil 303, Carolina, AG-


Virus do mosaico da alface(LMV) 576, Regina 71, Madona
AG-605, Monalisa AG-819
Batata Pinta preta (Alternaria solani) Aracy, Apuã, Itararé,
Monte Bonito, Catucha

Mela ou Requeima (Phytophthora Matilda, Itararé, Monte


infestans) bonito, Catucha

Contenda e Catucha
Berinjela Antracnose (Colletotrichum Ciça
Virus do enrolamento das folhas (PLRV)
gloeosporioides)
Achat
Ciça
Cebola Mal-das-sete-voltas
Murcha (Colletotrichum
bacteriana (Ralstonia Pira Ouro, Roxa do
Podridão de Phomopsis (Phomopsis
gloeosporioides)
solanacearum) f. sp. cepae Barreiro
vexans)

Raiz rosada (Pyrenochaeta terrestris)


Texas Grano 502 PRR
Vírus do nanisno amarelo (OYDV)
Granex Precoce*, Pera 3*,
Roxa do Barreiro*, São
Paulo, Texas Grano 502 15
PRR.
Cenoura Queima das folhas (Alternaria dauci) Brasília, Carandaí AG-106,
Kuroda Nacional, Kuronan,
Uberlância.

Ervilha Oídio (Erisyphe


Nematóide daspisi)
galhas (Meloidogyne Samba,
Brasília, Maria.
IPA-5, IPA-6.
Pepino Míldio (Pseudoperonospora cubensis) Jóia AG-454
spp.

Mancha angular (Pseudomonas Jóia AG-454


syringae pv. lachrymans)

Pimentão Mosaico ou Vírus Y da Batata (PVY) Agronômico 10G, Apolo


Oídio (Erysiphe cichoracearum) Jóia AG-454
AG-511, Cascadura Ikeda,
Continental AG-498,
Hércules AG-672, Itaipu.

Requeima (Phytophthora infestans) Apolo AG-511, Continental

Míldio (Peronospora parasitica) AG-498, Hércules AG-672,


Híbrido Matsukase SK
Repolho
Nacional AG-506, Atenas

Podridão negra (Xanthomonas AG-322.


Híbrido Fuyutoyo SK, Cv.
campestris pv. Campestris) Louco, H. Master AG-325,
Cv. União.

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Tomate Cancro bacteriano (Clavibacter Barão vermelho AG-561,
michiganensis subsp. Michiganensis) Jumbo AG-592, Príncipe
Gigante AG-590,
Roquesso AG-591.

Pinta bacteriana (Pseudomonas Agrocica Botu-13


syringae pv. Tomato)

Mancha de Stenfilium (Stenfilium solani) Angela Gigante I-5100,


Barão Vermelho AG-561,
Concorde Ag-595, Jumbo
AG-592, TSW-10, IPA-5.

Murcha bacteriana (Ralstonia C38-D


solanacearum)
Nemadoro
Nematóide das galhas (Meloidogyne
spp.) Angela Gigante I-5100,
Barão Vermelho Ag-561,
Murcha de fusarium (Fusarium Concorde AG-595, Jumbo
oxysporum f. sp. licopersici) Ag-592, TSW-10,
Nemadoro, IPA-5, IPA-6,
Agrocica Botu-13.

Fonte: Guia Técnico de Hortaliças – Agroceres (1995/96); LOPES e SANTOS(1996),


Príncipe Gigante Ag-590,
citados por ZAMBOLIM, 1997.
Murcha de verticilium (Verticillium albo- Roquesso AG-591, Santa
atrum) Clara I-5300, Tropic, TSW-
Um exemplo mais evidente é o caso da batata, uma cultura muito sensível à
10, Nemadoro, IPA-5,
requeima provocada pelo fungo Phytophthora infestans. Os cultivares Matilda, Itararé e
Agrocica Botu-13, Jumbo
Monte Bonito apresentam um nível de resistência a essa doença que permite obter
Ag-592.
boas produções de batatas em sistemas de cultivo orgânico.

Angela Gigante I-5100,


Risca ou Mosaico Y (PVY) Santa Clara I-5300.
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TSW-10
Da mesma forma, o cultivar de Cenoura Brasília apresenta alto grau de
resistência à queima das folhas, o que tem permitido obter altas produtividades em
sistemas orgânicos de produção. Cultivares sensíveis a essa doença (Ex.: cv. Forto),
necessitam de proteção com calda bordalesa para se alcançarem rendimentos
satisfatórios.

5.3. ROTAÇÃO, SUCESSÃO E CONSORCIAÇÃO DE CULTURAS

Essas práticas permitem a exploração equilibrada do solo, evitando seu esgotamento,


ao alternar culturas menos exigentes com culturas mais exigentes em nutrientes, além
de explorar camadas diferentes do solo.
Também evitam o acúmulo de inóculos de organismos patogênicos, pela quebra do
ciclo biológico desses organismos, alternando espécies diferentes, com parasitas
diferentes. Reduzem a infestação de ervas espontâneas. Melhoram a produtividade das
lavouras.

Para fazer o planejamento de rotação e sucessão, a área deve ser dividida em talhões
e cada um dividido em quatro faixas de solo, todas separadas por corredores de refúgio
de 2 metros de largura.
Dessa forma, alternando-se 3 grupos de cultivo (hortaliças de flores, frutos,
raízes/tubérculos, folhosas), com ciclos de cerca de seis meses.
Depois de 3 ciclos de cultivo de 6 meses, haverá um pousio para revitalização do solo
ou será feita adubação verde.

Sucessão e rotação de cultura por grupos de cultivo durante 2 anos


TALHÕES FAIXAS GRUPOS DE PERÍODO
CULTIVO
Faixa A Pousio/adubação 1o semestre
(400 m2) verde
Flores e frutos 2o semestre
Raízes e tubérculos 3o semestre

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Folhosas 4o semestre

Faixa B Folhosas 1o semestre


(400 m2) Pousio/adubação 2o semestre
Talhão verde
(1.600 m2) Flores e frutos 3o semestre
Raízes e tubérculos 4o semestre

Faixa C Raízes e tubérculos 1o semestre


(400 m2) Folhosas 2o semestre
Pousio/adubação 3o semestre
verde
Flores e frutos 4o semestre

Faixa D Flores e frutos 1o semestre


(400 m2) Raízes e tubérculos 2o semestre
Folhosas 3o semestre
Pousio/adubação 4o semestre
verde

Outra forma de planejamento: rotação de talhão:


Intercalar a produção de hortaliças com a produção de espécies de enraizamento
denso e palhada abundante, como o milho, o milho, o sorgo vassoura para o verão e
aveia preta e centeio para o inverno.

Onde a principal época de produção de hortaliças é o inverno, reservar a área toda ou


metade da área para o plantio de milho e milheto no verão.
Onde o verão é a principal época de produção de hortaliças, ocupar o terreno com
aveia no inverno.

RECUPERAÇÃO ANUAL DE ¼ DA ÁREA NO VERÃO

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ANO 1 ANO 2
Verão Inverno Verão Inverno
horta horta horta horta descanso horta horta horta
descanso horta horta horta horta horta horta horta

RECUPERAÇÃO ANUAL DE 1/2 ÁREA, SENDO ¼ NO VERÃO E ¼ NO INVERNO


ANO 1 ANO 2
Verão Inverno Verão Inverno
horta horta horta descanso descanso horta horta horta
descanso horta horta horta horta horta horta descanso

5.4. CONSORCIAÇÃO
Plantar duas ou mais culturas numa mesma área e ao mesmo tempo.

Objetivo: maior produção por área, combinando plantas que usem o espaço, os
nutrientes, e a luz solar de maneira eficiente.

Oferece maior estabilidade na oferta de produtos e segurança no processo


produtivo.

O plantio pode ser em linhas ou em faixas (várias linhas).


Na linha ou na faixa pode-se plantar uma única cultura ou intercalar várias.
É preciso definir qual a cultura mais importante.
Plantas que produzem sombra devem ser associadas com plantas que gostam de
sombra.
Combinar plantas com raízes superficiais com plantas cujas raízes aprofundam na
terra.
Plantas que têm muita folha com plantas que têm poucas folhas.
Plantas de ciclo longo com plantas de ciclo curto.

20
Plantas com diferentes exigências nutricionais e de água.
Observar o sinergismo entre as espécies: plantas companheiras e antagonistas.

5.5. COBERTURA MORTA

Aplicação de material orgânico como cobertura da superfície, sem que seja


incorporado.
Benefícios:
- Diminui a erosão e cria condições ótimas para o crescimento radicular.
- Evita perdas excessivas de água, retendo a umidade do solo.
- Diminuir o impacto da chuva.
- Diminui o excesso de temperatura do solo
- Enriquece o solo com nutrientes, após a decomposição do material.

Materiais mais usados

Restos de culturas, palhadas, capim elefante, cameron ou napiê picados, varreduras de


jardim e sobras de podas de árvores e arbustos (triturados).
A relação C/N do material deve ser alta, para que sua decomposição seja lenta, sendo
que o material mais grosseiro (cana de milho, por exemplo) deve ser retirado para
facilitar capinas futuras.
Não utilizar material com sementes de ervas invasoras.
Avaliar os benefícios e os custos no emprego da cobertura morta para cada cultura
comercial.
Alguns materiais (cavaco de madeira, cascas de árvores, etc.) podem ser
alelopaticamente inibidores ou até fitotóxicos para algumas espécies.
A cobertura morta com materiais com alta capacidade de fermentação (como a palha
de café) deve ser cuidadosa, para não provocar prejuízos ou diminuir a produção pela
competição por Nitrogênio.

Espessura das camadas

21
Quanto mais fino for o material, menor poderá ser a espessura da camada, pois melhor
ela se assentará sobre o solo.
Recomenda-se uma camada de 5 a 10 cm para materiais finos e de 10 a 15 cm para os
mais grosseiros.

Época de aplicação

Antes de períodos chuvosos, para melhor efeito no controle da erosão e para proteção
do solo.
Cobertura no inverno (época seca): retenção de umidade no solo.
Dependendo da espécie e da textura do material, a cobertura morta pode ser aplicada
antes da emergência das sementes (Palha de pinus em alho, Casca de arroz em
cenoura), ou depois de estarem as plantas estabelecidas no campo, aplicando ao redor
das plantas ou nas entrelinhas de plantio.

Uso de plástico preto: reduz as perdas de Nitrogênio por lixiviação e volatilização,


tornando-o mais disponível às culturas.

5.6. QUEBRA-VENTOS

Ventos fortes e constantes retiram a umidade da superfície do solo, aumentam a


evapotranspiração das plantas, quebram as plantas.

Construção de microclima adequado para as plantas.


Cria um ambiente favorável a pequenos insetos e inimigos naturais.

Deve ser formado por fileiras de árvores e arbustos de vários tamanhos, dispostas de
modo desencontrado.
Do lado que recebe o vento dominante: uma linha com arbustos (bananeira, leucena,
guandu).

22
Segunda e terceira linhas: espécies de porte alto, sempre verdes (eucalipto, casuarina,
cássia, mangueira.
Última linha, do lado da área cultivada: arbustos.

De vez em quando, podar as árvores da segunda e da terceira linha, eliminando os


ramos inferiores, para melhorar a circulação do ar.
A área máxima protegida pelo quebra-vento é cerca de 20 vezes sua maior altura.

5.7. MANEJO E CONTROLE DE ERVAS

A vegetação local, muito importante para o equilíbrio ecológico dos insetos, deve ser
manejada adequadamente, pois provoca perdas muito grandes de rendimento
comercial em várias culturas.
Recomenda-se a capina, em faixas, de forma a evitar a presença das ervas próximas à
cultura de interesse comercial, deixando-se uma estreita faixa de vegetação nas
entrelinhas do plantio.
Em canteiros, retirar todas as ervas sobre o leito, para não haver competição.
Recomenda-se a manutenção das ervas espontâneas entre os canteiros.
O emprego de rotação de hortaliças com adubos verdes pode retardar o crescimento de
ervas espontâneas. Por exemplo, o feijão de porco inibe a tiririca, por efeitos
alelopáticos, e a mucuna a inibe por causa do abafamento.
Ervas que dão flores como o picão e o botão de ouro atraem e propiciam a reprodução
de inimigos naturais.

Controle

Para áreas que apresentam alta infestação de ervas invasoras persistentes,


como a Tiririca (Cyperus rotundus), o Trevo (Oxalis latifolia) e a artemisia (Artemisia
verlotorum), o cultivo de hortaliças, em canteiros, é extremamente dificultado em
sistemas orgânicos, pois não se pode usar herbicidas.

23
Solarização
A solarização do solo pode ser uma opção.
Utiliza-se plástico em cobertura sobre o solo, após ter sido preparado e saturado com
irrigação, deixando o mesmo por um período mínimo de 40 dias.
Para maior eficiência de controle, recomenda-se a solarização no período de verão
(janeiro e fevereiro), para se ter maiores temperaturas sob o plástico, podendo, assim,
controlar até 100% da população de tiririca de uma determinada área.
Uma experiência com solarização por 45 dias permitiu alcançar temperaturas de até
54ºC sob o plástico, fazendo o controle total da tiririca e da beladona logo após a
retirada do plástico. O acompanhamento da emergência dessas ervas até seis meses
(180 dias) demonstrou ausência total dessas duas espécies.
Algumas espécies de ervas precisam do flash de luz para emergirem. Para controlá-las
recomenda-se cobrir os implementos com lona preta, quando o preparo for realizado
durante o dia, ou fazer o preparo à noite.

5.8. ADUBAÇÃO VERDE

A adubação verde com leguminosas é fundamental em sistemas orgânicos de


produção, pois permite a melhoria das condições químicas, físicas e biológicas do solo,
destacando-se a fixação biológica de Nitrogênio, elemento indispensável para um bom
crescimento das plantas.
As espécies de adubos verdes mais utilizadas são: Mucuna preta (Stylobium aterrinum),
Crotalaria (Crotalaria juncea), Feijão guandu (Cajanus cajan), Lab-Lab (Dolichos
lablab), Feijão de porco (Canavalia ensiformis), dentre outros.

Benefícios da adubação verde:


- Proteger o solo das chuvas de alta intensidade.
- Manter elevada a taxa de infiltração de água no solo, pelo efeito combinado do
sistema radicular com a cobertura vegetal.
- Promover grande e contínuo aporte de fitomassa, de maneira a manter ou até
mesmo elevar, ao longo dos anos, o teor de matéria orgânica do solo.

24
- Atenuar as oscilações térmicas das camadas superficiais do solo e diminuir a
evaporação.
- Recuperar solos degradados através de uma grande produção de raízes, rompendo
camadas adensadas e promovendo a aeração e a estruturação.
- Promover mobilização e reciclagem mais eficiente de nutrientes. Alguns adubos
verdes, como, por exemplo, o tremoço-branco apresentam a capacidade de
solubilizar o fósforo não-disponível.
- Diminuir a lixiviação de nutrientes como o nitrogênio.
- Promover o aporte de nitrogênio por meio da fixação biológica.
- Reduzir a população de ervas invasoras, dado o crescimento rápido e agressivo dos
adubos verdes (efeito supressor e, ou, alelopático).
- Apresentar potencial de utilização múltipla na propriedade agrícola. Alimentação
animal e humana, madeira, carvão.
- Criar condições ambientais favoráveis ao incremento da vida biológica do solo.

Espécies de ervas daninhas controladas pelo efeito alelopático de adubos verdes.


Plantas que apresentam efeitos Ervas daninhas controladas
alelopáticos
Mucuna, feijão-de-porco, Crotalaria Tiririca
juncea
Aveia preta Capim marmelada
Mucunas preta e cinza Picão-preto, picão-branco e carrapicho
Azevém anual Guanxuma
Ervilhaca comum Capim marmelada
Palha de trigo Mata-pasto
Cravo-de-defunto Corda-de-viola, caruru-bravo,
amendoim-bravo, etc.

Características a serem observadas na escolha de adubos verdes:


- apresentarem rápido crescimento e eficiente cobertura do solo;
- produção de alta quantidade de massa verde e matéria seca;

25
- altos teores de nitrogênio na fitomassa;
- reciclarem nutrientes como fósforo, potássio, cálcio, magnésio e outros;
- tolerarem solos de baixa fertilidade;
- adaptarem a solos degradados;
- baixo custo, fácil implantação e manejo;
- não serem hospedeiros de pragas e doenças;
- não terem características de invasoras;
- alta produção de sementes e de fácil colheita;
- adaptados à região;
- sistema radicular profundo e vigoroso;
- produção de restos que sirvam de cobertura morta;
- viabilidade econômica a curto ou médio prazo;
- viabilidade de consorciação com as culturas econômicas sem prejudicá-las.

5.9. ÁGUA E IRRIGAÇÃO

- Qualidade da água:
- utilizar água de fontes não contaminadas, de superfície ou subterrânea;
- fazer inspeções e análises quando houver suspeita de contaminação;
- proteção de mananciais, pela preservação da cobertura vegetal natural;
- proteção de lagos, rios e represas contra resíduos fecais, industriais, de
agrotóxicos e de adubos químicos.

- Quantidade de água:
- Devem ser tomadas que permitam a infiltração da água da chuva no solo,
para abastecer o lençol freático. Isso deve ser feito em nível regional.
- Manter a cobertura do solo com vegetação.
- Fazer a recomposição florestal.
- Evitar a compactação de camadas do solo.
- Recomenda-se construir caixas secas em estradas e carreadores.
- Utilizar sistema de irrigação eficiente e que economize água.

26
- Utilizar homeopatia e florais.

- Irrigação:
- A aspersão se aplica à maioria das espécies de hortaliças.
- Para o cultivo de batata e tomate, sensíveis à infestação por fungos,
recomenda-se irrigação por infiltração (sulcos, mangueira), por gotejamento,
ou microaspersão, para não molhar as folhas e reduzir a umidade do
ambiente.
-

6. ADUBAÇÃO ORGÂNICA
Há necessidade de aporte externo por causa da saída de biomassa e nutrientes na
colheita.
A adubação deve ser feita de maneira adequada para não provocar desequilíbrio
nutricional:
- fósforo: quando se utiliza fosfato natural com esterco ou composto.
- Calcário: calagem e uso de esterco de aves
Uso contínuo de composto à base de esterco de aves com adição de Fosfato de
Araxá: elevações rápidas de fósforo e cálcio no solo. indicação: uso somente na
fase de conversão ou no início da implantação do sistema de cultivo orgânico.
- Nitrogênio: manejo adequado e fontes que permitam fixar e disponibilizar esse
nutriente. Simbiose de microrganismos com plantas.
Importante: adubação parcelada (cobertura com esterco, composto, biofertilizantes
etc.)
A fauna do solo é muito importante para promover a liberação dos nutrientes
(humificação dos resíduos orgânicos)

A adubação orgânica visa não somente ao aspecto químico da fertilidade do solo


(nutrientes essenciais), mas também aos componentes físicos e físico-químicos (CTC,
densidade, porosidade) e biológicos (atividade da fauna e de microrganismos do solo).

27
Podem ser usados resíduos animais, vegetais e agro-industriais, desde que se atente
para sua origem e qualidade.
Alguns adubos minerais são permitidos por lei como os micronutrientes sulfato de
potássio, sulfato de magnésio e ácido bórico, via composto ou biofertilizante. É preciso
consultar a certificadora para obter autorização prévia.
Estercos produzidos na propriedade podem ser usados diretamente, sem compostar.
Os de fora, que tenham origem em sistemas convencionais de produção, devem ser
compostados.

6.1. COMPOSTO ORGÂNICO

Compostagem: higienização da matéria orgânica (biológica e química), produto


parcialmente mineralizado.
Produto obtido da compostagem de resíduos vegetais e animais, pelo processo
de decomposição aeróbica, que promove a degradação dos resíduos orgânicos em
húmus, quando empregadas as técnicas de manejo, adequadamente, gerando um
insumo de elevada qualidade, rico em húmus e minerais importantes para as plantas.

Composição química e matéria orgânica de alguns materiais vegetais

M.O. MACRO (%) MICRO (ppm)


ESPÉCIE C/N
% N P K Ca Mg Cu Zn Fe Mn B

Capim Meloso 96 56/1 1,00 0,20 0,50 0,54 0,1 1 12 631 63 1


Capim
Verde Meloso 90 75/1 0,70 0,22 0,65 0,83 0,1
5 8 34 2.7 211 1
Capim
Seco Napiê 96 40/1 1,40 0,13 0,76 0,47 0,1
9 1 10 741
23 25 1
Capim
Verde Napiê Seco 85 35/1 1,40 0,39 1,51 0,78 0,1
2 1 13 2.3 101 1
Palha de Café 79 29/1 1,60 0,10 2,15 0,39 0,1
7 10 15 1.3
89 126 19
Palha de Arroz 82 79/1 0,60 0,04 1,30 0,35 0,1
2 1 17 475
75 643 3
Palha de Feijão 95 61/1 0,90 0,05 0,45 1,15 0,3
6 2 28 500 82 25
Palha de Milho 98 56/1 1,00 0,02 0,05 0,06 0,1
2 1 13 170 30 9
1
Relação C/N

28
O carbono e o nitrogênio são os mais importantes elementos químicos necessários à
decomposição biológica.
Os microrganismos utilizam cerca de 30 vezes mais carbono do que nitrogênio. A
relação 30/1 é a mais recomendada para o inicio do processo.
Se C/N for muito maior que 30/1 – a decomposição se torna mais lenta, porque o
crescimento dos microrganismos é mais lento, por causa da falta de N.
Se C/N for muito menor que 30/1 – o processo de decomposição é acelerado, mas
ocorrem zonas anaeróbicas no sistema. O excesso de N é liberado na forma de
amônia, com mau cheiro e perda de N.
A relação C/N varia com os tipos de resíduos:
- leguminosas: 20/1 a 30/1
- palhas de cereais: 50/1 a 200/1
- madeiras: 500/1 a 1.000/1
- esterco de gado: 13

O composto pronto tem C/N na faixa de 10/1 a 12/1, sendo mais comum de 15/1 a 18/1.

Montagem da pilha

- Local preferencialmente plano, livre de ventos e de fácil acesso para carga e descarga
do material, próximo a uma fonte de água para as irrigações periódicas.

- Empilhamento das palhas em camadas de no máximo 30 cm, de cada tipo de


palha que se tenha disponível, aplicando-se sobre essa primeira seqüência, uma
fina camada de esterco animal (3,0 a 5,0 cm)
- Irrigar abundantemente após cada camada de esterco, evitando escorrimentos
excessivos de água.
- Após empilhar essa primeira seqüência de palhas e esterco, inicia-se nova
seqüência com os mesmos materiais, até formar uma altura adequada do monte.
- O fosfato deve ser adicionado logo após o esterco, na quantidade de 3 Kg de
fosfato por metro cúbico de composto.

29
- Para melhor manuseio do material no pátio, controle do arejamento e da
umidade, o tamanho da pilha de composto não deve exceder a 3,0 metros de
largura por 1,5 metros de altura. O comprimento é livre, dependendo apenas da
quantidade de material e do espaço disponível no local.

A compostagem é realizada por diversos grupos de microrganismos: bactérias, fungos,


actinomicetos.
De acordo com as temperaturas ótimas para viver, os microrganismos são classificados
em:
- psicrófilos: 0 a 20 C
- mesófilos: 15 a 43 C
- termófilos: 40 a 85 C
No início da compostagem, predominam os microrganismos mesófilos.
Com a elevação gradativa da temperatura, por causa da biodegradação, diminui a
população de mesófilos e aumenta a de termófilos.
Os termófilos são muito ativos e aceleram a decomposição, elevando mais a
temperatura, eliminando os microrganismos patogênicos.
Depois de quase todo o material ter sido decomposto, a temperatura diminui, há
redução da população de termófilos, voltam a se instalar os mesófilos.
A maioria das moléculas facilmente biodegradáveis foi transformada, o composto
apresenta odor agradável e começa o processo de humificação, iniciando a fase de
maturação.
A atividade biológica é pequena, reduzindo a necessidade de aeração.

Irrigações

A umidade adequada é um dos fatores mais importantes para uma


decomposição mais rápida do material. De maneira geral, recomenda-se irrigar os
montes de dois em dois dias, usando uma quantidade de água suficiente apenas para
repor a perda por evaporação, pois o excesso de umidade atrasa o processo de
decomposição. Existem duas maneiras práticas de verificar se a umidade está

30
adequada. A primeira é espremer um punhado de composto com as mãos. Se escorrer
água entre os dedos, o composto estará muito molhado, mas se formar um torrão e
este se desmanchar com facilidade, a umidade estará próxima ao ponto ideal. A
segunda, no momento dos reviramentos, observar se existe um mofo branco em alguns
locais no meio do monte, o que indica que a umidade está baixa.
Em tempo chuvoso, cobrir a pilha com palha de coqueiro ou lona plástica.

Reviramentos

Para um controle adequado da umidade e temperatura do composto, é


fundamental revirar os montes periodicamente. É importante fazer o primeiro
reviramento com 7 - 10 dias, após a montagem, e os demais espaçados de 15 a 20
dias, num total de quatro reviramentos. Durante cada reviramento, irriga-se novamente
para distribuir bem a umidade em todo o monte.

Temperatura

A faixa de temperatura ideal para a decomposição do material varia de 50ºC a


60ºC. Temperaturas excessivas podem queimar o material, o que não é desejável. Por
isso, deve-se evitar que a temperatura ultrapasse 70ºC, o que pode ser obtido com
reviramentos e irrigações. Pedaços de vergalhão enterrados nos montes permitem
verificar periodicamente a temperatura interna do composto, com o contato com as
mãos. Se o calor for suportável, estará normal. Caso contrário, estará muito quente.
Após 60 dias, a temperatura diminui significativamente, atingindo níveis abaixo
de 35ºC, indicando o fim da fase de fermentação e o início da fase de mineralização da
matéria orgânica.

Composto pronto

31
O material estará decomposto e pronto para o uso, quando apresentar cor
escura e temperatura abaixo de 35ºC, o que deverá ocorrer a partir dos 75 dias da
montagem.
O monte terá uma perda de volume durante a decomposição e um rendimento de
composto pronto, conforme apresentado na avaliação quantitativa desta tabela.

Gastos Tempo para Volume


de Decomposiçã
Inicial Final Perda
Esterco o
(m3) (m3) (%)
(Kg) (dias)

Média dos 1.425 143 36,8 12,1 66,7


composto
s
A qualidade média do composto pode ser verificada nos dados desta tabela.

M.O. Macro (%) Micro (ppm)


C/N pH
(%) N P K Ca Mg Cu Zn Fe Mn B

Média dos 48 13 7.4 2.2 1.60 1.5 6.01 0.56 50 223 16.064 804 36
compostos 5 0

Os componentes necessários à elaboração de um composto orgânico com 36,8 m 3


iniciais, desde a montagem até a obtenção do composto pronto, podem ser descritos
assim:

A. MÃO-DE-OBRA:
A.1. Roçada e transporte de material 2,0 D/H
A.2. Confecção 2,0 D/H
A.3. 4 Reviramentos 2,5 D/H
A.4. 10 Irrigações 1,0 D/H

32
B. INSUMOS:
B.1. Esterco de galinha. 1.425 Kg
B.2. Fosfato de araxá. 220,8 Kg
B.3. Óleo diesel (tranporte de material) 4,1L
C. PREÇOS:
C. 1. Esterco de galinha. 0,07 U$/Kg
C. 2. fosfato de araxá. 0,08 U$/Kg
C..3. Óleo diesel. 0,38 U$/Kg
C. 4. mão-de obra 7,00 U$/dia
Obs.: Preços em dólar paralelo (dez/95).

O custo total de uma meda de 36,8m 3 foi de 183,56 dólares para a produção de
7.467 Kg de composto. Assim, o custo médio foi de 24,60 dólares por tonelada do
produto. Comparando-se esse valor, ao custo do esterco de galinha (80,00 dólares/ton),
verificamos que o mesmo representa 31%, já incluindo todas as despesas adicionais
com outros insumos e serviços.

Características do composto pronto:


- redução do volume para 1/3 do volume inicial
- componentes degradados, de forma a não ser possível identificar os
componentes
- pode ser moldado facilmente na mão
- cheiro de terra mofada, tolerável e agradável
- pH geralmente acima de 6,5

6.2. EXTRATO DE COMPOSTO

Características

33
Considerando a riqueza em nutrientes e organismos presentes no composto
orgânico, preparados líquidos a partir desse material apresenta a capacidade de
melhorar o desenvolvimento de plantas, especialmente quando ocorre a necessidade
de reposição de nutrientes durante o ciclo da cultura.

Preparo do extrato

A diluição mais empregada em cultivo orgânico de hortaliças é de uma parte de


composto para duas a cinco partes de água, em volume de cada componente.
O primeiro passo é selecionar um composto bem curtido, deixá-lo secar à
sombra sob galpão e, após, proceder ao peneiramento do material, para separar a
fração mais mineralizada do composto.
Para o preparo de 100 L de extrato 1:2, colocam-se 33 L de composto peneirado,
acrescentando-se 67 L de água, misturando-se bem. Deixa-se a solução descansar por
pelo menos 10 minutos, para se obter melhor extração dos nutrientes pela água. Esse é
o material para pronto uso, sem necessidade de diluições.

Recomendações de uso

Para a aplicação do extrato, que contém muitas partículas sólidas advindas do


composto, deve-se utilizar um regador sem crivo. Para cultivos de hortaliças em
canteiros ou em sulcos, proceder à irrigação manual, nas entrelinhas dos cultivos,
distribuindo-se um filete contínuo, ao lado das plantas, próximo à região de exploração
das raízes. Para hortaliças plantadas em covas, aplicar o extrato ao redor das plantas,
para melhor aproveitamento da adubação.
Também é alternativa a aplicação foliar, usando-se pulverizadores ou regadores
com crivos, sendo necessário, para tanto, coar o material de forma cuidadosa, em
peneiras bem finas ou em sacos de pano, especialmente para evitar o entupimento dos
bicos dos pulverizadores na hora da aplicação.

34
6.3. BOKASHI

Existem várias fórmulas para o preparo do bokashi, mas a mais simples é a


seguinte:
- 500 kg de terra virgem ou de subsolo, avermelhada;
- 120 a 200 kg de farelo de arroz;
- 120 a 200 kg de esterco puro e seco de galinha poedeira;
- 50 a 100 kg de farinha de osso;
- 1 litro de inoculante EM (effective Microorganisms)

Modo de preparar

 Preparar o bokashi em um local coberto e ventilado, como um barracão, para que


fique protegido da chuva e do sol direto.
 Misturar os ingredientes secos o mais uniformemente possível.
 Aplicar o inoculante diluído em cerca de 100 litros de água, com regador com crivo.
 Misturar bem para distribuir a umidade.
 Adicionar água e misturar bem, novamente, até atingir 50% de umidade (nesse
ponto, quando de aperta um punhado da mistura, ela forma um torrão que se desfaz
facilmente, e não escorre água entre os dedos).
 Amontoar o material, em forma de pirâmide, com 1,00 a 1,20 m de altura.
 Cobrir o monte com sacos de aniagem, para evitar o ressecamento da superfície.
 Haverá elevação da temperatura pela fermentação. Quando o interior do monte
atingir de 50 a 60C, deverá ser revirado (verificar a temperatura com um
termômetro de haste longa ou com uma barra de ferro enterrada no centro do
monte. Se ao se colocar a mão na parte da barra enterrada no monte não for
possível agüentar segurá-la por muito tempo, está na hora de revirar). Dependendo
da temperatura e umidade do local, o Bokashi atinge a temperatura de 50ºC, em
torno de 20 a 24 horas.

35
 Pode ser necessário revirar mais de uma vez por dia, dependendo da temperatura
do monte. Quando a fermentação terminar, a temperatura não se eleva, o que
ocorre com 5 dias mais ou menos.

Modo de aplicação

O bokashi pode ser aplicado imediatamente depois de estabilizada a


temperatura, ou seja, terminado o processo de fermentação. Estando o produto com a
umidade de 12%, pode ser ensacado e armazenado para ser utilizado na ocasião
propícia.
Quanto à dosagem para aplicação, varia conforme a cultura, porém, pode ser
tomada a base de 150 gramas por metro linear ou de 500 a 1.000 gramas por metro
quadrado.

6.4. BIOFERTILIZANTE

- O biofertilizante líquido é obtido a partir da fermentação, em sistema fechado, com


ausência de ar (anaeróbico) do esterco fresco de gado, de preferência leiteiro, por
possuir uma alimentação mais balanceada e rica, aumentando a qualidade do
biofertilizante líquido.
- Utilizar:
- 1 parte de esterco
- 1 parte de água pura, não-clorada

- Colocar o esterco e a água em uma bombona plástica de 200 litros, misturando bem.
Deixar um espaço vazio de 15 a 20 cm no interior da bombona.
- Fechar a bombona hermeticamente. Você pode colocar cera de abelha na rosca da
tampa.
- Fazer um furo na tampa e colocar nesse burado uma mangueira plástica fina.
Mergulhar a outra extremidade da mangueira em uma garrafa com água (selo de água),

36
para permitir a saída do gás metano produzido no sistema e não permitir a entrada do
oxigênio, que alteraria o processo de fermentação e a qualidade do produto.
- Deve-se tomar o cuidado de não deixar entupir a mangueira plástica, para permitir a
livre saída do gás metano formado no sistema fechado (anaeróbico).
- Duração da fermentação: 30 dias
- Depois de fermentar, coar o material, em uma peneira, para separar a parte sólida
mais pesada. Em seguida, coar o líquido em um pano ou em tela bem fina.
- O biofertlizante líquido não poderá ser armazenado por muito tempo, após ser coado,
pois irá reduzir o seu efeito fitossanitário, sendo preferível seu uso imediato ou na
primeira semana após sua produção. Caso não seja todo utilizado, poderá ser
armazenado por um período de 30 dias, desde que volte ao mesmo sistema anterior,
mantendo-se, ainda, seu efeito de adubo foliar e estimulante fitohormonal.
- O biofertilizante líquido deverá ser diluído em água, em várias concentrações, para
diferentes usos e aplicações.

Utilização do Biofertilizante Líquido

- Pulverizações foliares, cobrindo totalmente todas as folhas e ramos das plantas,


chegando ao ponto de escorrimento, para maior contato do produto com a planta (alto
volume).
- Tratamento de sementes: mergulhar as sementes em biofertilizante líquido a 100%
(puro), por um período de 1 a 10 minutos. Deixá-las secar à sombra por duas horas e
plantá-las em seguida. As sementes, assim tratadas não deverão ser armazenadas,
pois poderão perder a sua capacidade de germinar e tornarem-se inviáveis para o
plantio.
- Tratamento de estacas, toletes, bulbos e tubérculos: da mesma forma que as
sementes, também, para plantio imediato. Aumenta o enraizamento.
- Produção de mudas: rega de sacolas ou canteiros de germinação, antes do plantio,
para promover um expurgo do solo utilizado, possuindo um excelente efeito
bacteriostático, quando aplicado puro.

37
- A parte sólida do biofertilizante poderá ser usada como adubo de cova em plantios ou
na formação de compostagem.

6.5. SUPERMAGRO

Biofertilizante foliar, isto é, um adubo para pulverizar as plantas.


- é um adubo completo, contendo todos os nutrientes de que a planta precisa,
- ajuda a controlar algumas doenças, mas não é agrotóxico,
- deixa a planta mais resistente contra insetos,
- melhora o crescimento das plantas.

Composição do Supermagro

Minerais:

1) 2,0 kg de sulfato de zinco


2) 2,0 kg de sulfato de magnésio
3) 300 g de sulfato de manganês
4) 300 g de sulfato de cobre
5) 50 g de sulfato de cobalto
6) 300 g de sulfato de ferro
7) 2,0 kg de cloreto de cálcio
8) 1,0 kg de ácido bórico
9) 100 g de molibdato de sódio

Mistura protéica:

- 1 L de leite ou soro de leite


- 1 L de melaço ou 500 g de rapadura moída ou 5 L de garapa
- 100 mL de sangue
- 100 g de fígado moído

38
- 200 g de farinha de osso
- 200 g de calcário
- 200 g de fosfato de araxá.

Para fazer a mistura protéica, não é necessário ter todos os ingredientes, mas o
quanto mais diversificada, melhor.

Preparo

- Em um tambor de 200 L, colocar 20 kg de esterco fresco de gado e completar com


100L de água.
- No primeiro dia, colocar o primeiro dos nutrientes no tambor, junto com a mistura
protéica. Ir colocando cada nutriente de três em três dias.
- Toda vez que for colocar um nutriente, colocar também a mistura protéica e mexer
bem.
- Quando for colocar o quinto nutriente, acrescentar mais 10 kg de esterco fresco e 20 L
de água. - Ao final, depois de adicionar todos os nutrientes e a mistura protéica,
completar com água até encher o tambor.
- Deixar fermentando por, no mínimo, 1 mês, em local fresco e com sombra, para poder
aplicar às plantas.
Ele pode ficar guardado por mais tempo, mas o resultado é melhor, quanto mais
novo for o SUPERMAGRO.

Como usar o SUPERMAGRO:

Na hora da aplicação, mexer bem o SUPERMAGRO, pegar a quantidade que vai


ser usada, diluir em água e coar essa mistura em um pano fino ou numa tela fina,
sendo esse processo importante, para não entupir o bico do pulverizador.

- Plantas de folhas mais macias (alface, almeirão): usar a concentração de até 3%


(600 ml de SUPERMAGRO em um pulverizador de 20 L).

39
- Plantas de folhas mais grossas (couve-flor, repolho, brócolis): usar concentração de
5%, isto é, um litro de SUPERMAGRO para um pulverizador de 20L.
- As pulverizações podem ser semanais, podendo variar com o nível de fertilidade do
solo e o nível nutricional das plantas.
- Para controle de doenças e insetos, as concentrações podem ser mais fortes.

6.6. URINA DE VACA

- Usada para nutrição das plantas, ativação metabólica e controle de pragas e


doenças.
- Coletar a urina em balde plástico bem lavado, sem resíduos de produtos químicos.
- Deve ser armazenada em condições ambientais por um período mínimo de 3 dias,
para que se forme a amônia. A urina se escurece.
- O recipiente deve estar fechado, para não haver perdas de nitrogênio. Poderá ser
armazenado por até 1 ano, sem perder sua eficiência.
- A urina de vaca mais curtida (mais escura) apresenta melhora proteção para as
plantas.
- É um excelente adubo foliar, pois os nutrientes estão na forma de quelatos
orgânicos, de fácil absorção. Fonte complementar de nitrogênio.
- Controle de pragas (cochonilhas, pulgões, ácaros, lagartas e outros)
- Controle de doenças (pinta preta, requeima, pústula bacteriana, antracnose)

- Em hortaliças, pulverizar nas seguintes concentrações:


0,5% (semanalmente) - tomate, pimentão, pepino, feijão vagem e couve
1,0% (quinzenalmente) – quiabo, jiló e berinjela

- Uso para tratamento de sementes e propágulos vegetativos: imersão por 30


segundos a 1 minuto, na urina pura. Deixar secar à sombra e plantar, em seguida.
- Enraizamento de estacas: idem
- Pulverizar após a poda.

40
- Regar canteiros na concentração de 5% em água, um a dois dias antes do plantio –
desinfecção do solo e adubação.

Cuidados:
- Não pulverizar folhas ou verduras que são ingeridas cruas – pode ser feita a
aplicação no solo.
- Plantas da família das Cucurbitáceas: são sensíveis ao enxofre, queimando com o
sol. Pulverizar a face inferior das folhas, na concentração de 0,5%.
- Pulverizar em dias nublados ou depois que o sol se esconder, mas ainda com
claridade, para que penetre pelos estômatos.

7. MANEJO E CONTROLE ALTERNATIVO DE PRAGAS E DOENÇAS

A aplicação de agrotóxicos pode provocar o desenvolvimento de resistência nos


organismos, explosões de pragas secundárias, ressurgimento de populações de pragas
e morte de agentes de controle biológico natural. Além disso, chamados defensivos são
tóxicos para a saúde humana e animal.
Em agricultura orgânica, o que se busca é o estabelecimento do equilíbrio
ecológico, através do emprego das técnicas que foram descritas antes, como a escolha
de espécies e variedades resistentes; o manejo correto do solo; a adubação orgânica,
com fornecimento equilibrado de nutrientes para as plantas; o manejo correto das ervas
nativas; a irrigação bem feita e o uso de rotação e consorciação de culturas.
Antes de se lançar mão de métodos alternativos de controle, deve-se empregar
os princípios e conceitos convencionais de MIPD–Manejo Integrado de Pragas e
Doenças.
A presença de um agente patogênico na planta raramente resulta em doença, se
não houver condições favoráveis ao patógeno.
O estabelecimento de esquema de controle integrado de fitopatógenos tem como
bases:
a) conhecimento das condições básicas para ocorrência de doenças em
plantas, em caráter epidêmico, como hospedeiro suscetível;

41
b) cultivo em grande extensão;
c) presença de grande quantidade de inóculo do patógeno na área, e de
raças virulentas do patógeno;
d) ambiente favorável à infecção e que deve persistir por vários ciclos de
vida do patógeno.
e) conhecimento detalhado do ciclo de vida de cada organismo envolvido,
de seu comportamento na planta e do efeito dos fatores do ambiente na
interação entre patógenos e hospedeiro.

As perdas que as doenças causam às hortaliças variam com uma série de


fatores, dentre os quais citam-se o clima e a suscetibilidade das variedades e do
patógeno. No Manejo Integrado das Doenças (MID) de hortaliças, além desses
fatores, é importante considerar também:

 O modo de transmissão do patógeno (sementes, mudas).


 A forma de sobrevivência do patógeno (clamidospóros, escleródios, osporos,
cistosoro, cistos, massa-de-ovos, juvenis de fitonematóides, micélio, células
bacterianas em solo, em restos culturais, em plantas daninhas e em partes da
planta).
 A maneira pela qual o patógeno é disseminado.
 As condições favoráveis ao surgimento da doença.

As condições favoráveis ao desenvolvimento da maioria das doenças fúngicas e


bacterianas que atacam a parte aérea das hortaliças são: alta umidade relativa, chuva e
temperatura entre 18ºC e 25º C. Além disso, considera-se a densidade de plantas por
área, o tipo de irrigação (aspersão, infiltração), a quantidade de água de irrigação e a
forma e a quantidade de nutrientes.
Para fungos, bactérias e nematóides do solo, consideram-se o pH e o tipo de solo,
o teor de matéria orgânica, os nutrientes, a umidade e a temperatura do solo.

42
A disseminação das doenças causadas por vírus em hortaliças depende da
presença do vetor de hospedeiros cultivados ou silvestres e das condições do
ambiente, como, por exemplo, da chuva, temperatura, luminosidade e altitude.
Em sistemas orgânicos de produção, o uso e a reciclagem constantes de matéria
orgânica permitem minimizar problemas fitossanitários de forma significativa.
No Manejo Integrado de Pragas (MIP), recomenda-se lançar mão de táticas
adequadas, as quais podem ser assim resumidas:
 Reconhecimento das pragas-chave da cultura: nem todas as pragas que ocorrem
na cultura são necessariamente pragas-chave, ou seja, pragas importantes para a
cultura.
 Reconhecimento dos inimigos naturais da cultura: Diversos insetos atuam como
agente de controle biológico e podem reduzir a infestação de pragas nas lavouras,
gratuitamente.
 Amostragem: A determinação da presença de pragas (ovos, larvas, adultos, etc.) e
seus danos, bem como a de seus inimigos naturais, devem ser monitoradas. Essa é
a melhor maneira para o produtor avaliar a real necessidade de controle com
métodos alternativos.
 Táticas de controle: Emprego de produtos alternativos.

7.1. MÉTODOS ALTERNATIVOS DE CONTROLE

a) SUBSTÂNCIAS INSETICIDAS E FUNGICIDAS

 Extrato de pimenta do reino, alho e sabão

- 100 g de pimenta do reino


- 1 L de álcool
- Colocar numa garrafa e deixar reservado por uma semana.

- Em outra garrafa:
- 100 g de alho

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- 1 L de álcool
- Deixar por uma semana.

- Passada essa semana, dissolver:


- 50 g de sabão neutro
- 1 L de água quente

- Apenas na hora de aplicação, juntar as três partes, na seguinte proporção:


- 200 ml da garrafada de pimenta
- 100 mL de garrafada de alho
- Toda a solução de sabão
- Diluir em 20 L de água

- Aplicação: pulverizar nas horas mais frescas do dia.

- A preparação é indicada para pragas da batatinha, do tomate, do pimentão e da


berinjela.

 Extrato de Primavera

- Cultivo de tomate e alface, em estufa, principalmente, durante a primavera e o início


do verão: extrato de folhas de primavera (Bougainvillaea) para amenizar os danos
causados pelo vírus do vira-vabeça, disseminado por tripés. O tripes adquire o vírus
após alimentar-se de plantas infectadas e, ou, ervas nativas, transmitindo-o à
cultura.

- 200 g de folhas de primavera


- 1 L de água
- Bater no liquidificador.
- Coar o suco e diluir num tanque com 20 L de água, o que é suficiente para a
pulverização de uma estufa (cerca de 500 m2).

44
- Tomate: repetir a aplicação semanalmente até 60 dias após o transplante. Os
resultados mostram redução de mais de 90% na incidência de vira-cabeça no
tomateiro.

 Calda Bordalesa

O uso da Calda Bordalesa é permitido na Agricultura Orgânica, pois o sulfato de


cobre é um produto pouco tóxico e melhora o equilíbrio nutricional das plantas.
É preparada usando uma parte de cal virgem e uma parte de sulfato de cobre
para 100 partes de água.

Ingredientes para encher um pulverizador de 20 L:

Sulfato de cobre....................................................................................200 g

Cal virgem.............................................................................................200 g

Água......................................................................................................20 L

- O sulfato de cobre dissolve lentamente na água.


- Colocar o sulfato de cobre em um saco de pano ralo, num balde com 5 L de água.
Deixar o saquinho suspenso próximo da superfície. Pode ser feita a dissolução na
água morna ou colocar durante a noite.
- A cal virgem deve ser de boa qualidade, para reagir totalmente com a água.
- Colocar a cal no fundo de um balde, com pouca água, para haver reação rápida.
- Se não houver aquecimento da mistura em menos de 30 min., a cal não deve ser
usada, pois é de má qualidade. Quanto mais rápida a reação, melhor é a cal.
- Depois de a cal ter reagido com a água, formando uma pasta rala, completa-se o
volume de água até 5 L. A mistura terá a aparência de leite de cal, bem homogênea.
- Em seguida, misturar as duas soluções.
- Despejar a solução de sulfato de cobre sobre a cal e nunca o inverso.
- Após mexer algumas vezes, coar a mistura e despejar no pulverizador, completando
o volume para 20 L.

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Quando a calda está ácida, ela queima as folhas das plantas pulverizadas.
Para evitar isso, faça um teste, antes de usar:
Pingue uma gota da calda sobre a lâmina de um canivete ou faca de ferro.
Se, após três minutos, no local da gota, formar-se uma mancha avermelhada,
semelhante a ferrugem, é sinal de que a calda está ácida. Deve-se, então, adicionar
mais leite de cal, até que a mistura fique neutra e não apareça a mancha.

Na utilização da Calda Bordalesa, é muito importante seguir estas


recomendações:

- Usar a calda no máximo até o terceiro dia de seu preparo.

- Não aplicar a calda em concentração forte sobre as plantas pequenas ou em


fase de brotação.

- A Calda Bordalesa é muito pouco tóxica. Mesmo assim, proteja-se. Lave-se,


após ter trabalhado em sua aplicação. Não coma o que foi pulverizado sem antes
lavar bem.

- Procurar não usar esterco puro em excesso, na adubação, porque isso


contribui para o aparecimento de doenças.

Na Horta:
TOMATE: controla a requeima, a pinta-preta e septoriose. Aplicar nas plantinhas com
quatro folhas.
BATATINHA: controla a requeima e a pinta-preta. Aplicar a partir de vinte dias após a
germinação.
CEBOLA: contra a mancha púrpura e outras manchas das folhas, diluir três partes da
calda em uma parte de água.
ALHO: usar a mesma concentração para a cebola. Contra a ferrugem usar calda
sulfocálcica.

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BETERRABA: contra a mancha da folha (Cercospora beticola), usar três partes de
calda para uma de água.
ALFACE E CHICÓRIA: Contra míldio e podridão-de-esclerotínia, usar uma parte de
calda para uma parte de água.
COUVE E REPOLHO: contra míldio e alternária em sementeira, diluir uma parte de
calda em uma parte de água.
ABOBRINHA E PEPINO: contra míldio e outras manchas foliares, diluir uma parte de
calda em uma parte de água.
MORANGUEIRO: contra fungos, pulverizar até a floração com 0,5% de calda bordalesa
e 1,5 L de calda sulfocálcica em 100 L de água, alternando com a primeira. Após a
floração, pulverizar apenas com calda bordalesa.

Importante: As doenças de hortaliças geralmente ocorrem em condições de alta


umidade do ar. Portanto, quando as condições do ambiente forem favoráveis às
doenças, fazer aplicações semanais. Caso contrário, pulverizar a cada quinzena ou a
cada mês.

- Para plantas jovens ou em florescimento, utilizam-se dosagens menores, e para


plantas adultas, em estágio vegetativo, dosagens maiores.
- Diversas pragas como vaquinhas, angolinhas, cigarrinha-verde, cochonilhas e tripés,
também, são controladas com o uso da Calda Bordalesa.

 Calda Sulfocálcica

Possui ação inseticida contra insetos sugadores, como ácaros, tripes e


cochonilhas, etc. Tem efeito fungicida, atuando de forma curativa, principalmente contra
oídio e ferrugens.

Preparo da Calda Sulfocálcica

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A fabricação da calda é feita à quente, requerendo recipiente de metal (latão ou
inox). No caso de preparar 10 L de calda sulfocálcica, utilizar os ingredientes abaixo:

Água 10 litros
Cal virgem 1 Kg
Enxofre em pó 2 Kg

- Coloque o recipiente no fogo com metade da quantidade de água recomendada (5


L).
- Deixe aquecer ligeiramente e adicione a cal, deixando a mistura ferver.
- Durante a fervura, acrescente, pouco a pouco, o enxofre em pó, agitando tudo
fortemente com uma pá de madeira e com o cuidado de não deixar esfriar a mistura.
A agitação deve ser contínua até formar uma mistura homogênea, sem separação
do enxofre.
- Em seguida, adicione o restante da água e deixe ferver por mais 50 a 60 min.
Durante esse tempo, manter o nível da mistura, adicionando-se água fervendo ou
água fria, lentamente, para não abaixar a temperatura.
- Quando atingir a coloração pardo-avermelhada (cor de âmbar), a calda estará
pronta. Tirar do fogo e deixar esfriar.
- Coar a calda com peneira bem fina ou com pano, e medir sua concentração em
graus Baumê.

Recomendações de Uso

- Fruteiras: a Calda Sulfocálcica é muito recomendada para o tratamento de inverno


em fruteiras, para erradicação de pragas e moléstias, dissolvendo um litro para 8 a
12 litros de água.
- Horticultura: tratamento fitossanitário no período vegetativo na concentração de 1
litro de calda para 30 a 120 L de água.
A sua qualidade é medida em função da densidade da calda, empregando-se
para isso, o Aerômetro de Baumê, muito utilizado na indústria de xaropes. A calda ideal

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possui densidade de 32º Beumê, porém é considerada boa a partir de 29 ou 30º
Beumê.

Quantidade de litros de água para diluir 1,0 litro de calda sulfocálcica:


Concentração 4,0º 2,0º 0,5º 0,3º
1,0º Beumê
Original Beumê Beumê Beumê Beumê
32º 9,0 19,3 38,7 81 137
31º 86 18,5 38,1 77 131
30º 8,2 17,7 36,5 74 129
29º 7,8 17,7 34,8 71 120
28º 7,4 16,2 33,3 68 116
27º 7,1 15,4 31,9 65 110

Aplicação

- Aplicar sempre em períodos frescos, para evitar queimaduras na folhagem.


- Em épocas muito quentes: aumentar a diluição com água, uma vez que
temperaturas altas aumentam a sua efetividade.
- Com temperaturas muito elevadas, é recomendável suspender as aplicações de
Calda Sulfocálcica.
- Durante a floração, aplicar apenas em culturas que tolerem enxofre, devendo,
normalmente ser empregada, após a fecundação das flores.
- Fazer aplicação com alto volume e alta pressão (acima de 150 libras), cobrindo
totalmente as partes vegetais.

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
 Para guardar a calda concentrada, por curto período, cobrir com uma fina
camada de óleo mineral.
 Por longo tempo, manter em embalagem plástica ou de vidro, bem vedado.
 Após a aplicação, todo o equipamento, inclusive as mangueiras, devem ser

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lavados com solução amoniacal ou solução diluída de ácido acético (vinagre).
 Em culturas instaladas em estufas, reduzir em 50% as dosagens e fazer os
tratamentos em períodos frescos, pelos riscos de queima da planta.

Para o emprego de caldas, recomendamos que sejam feitas observações preliminares


em poucas plantas, considerando-se o local, o clima, o cultivar, etc. O tratamento em
área total deverá ser efetuado somente após os testes iniciais.

b) CONTROLE BIOLÓGICO

- Bacillus thuringiensis: Inseticida biológico, que pode ser utilizado para controlar
vários tipos de lagartas que causam danos a diversas hortaliças. Atualmente, já se
encontram no mercado diferentes marcas comerciais, à base de variedades
diferentes. Como exemplo, citamos:
- Dipel em pó e líquido (Bacillus thuringiensis var. kurstaki).
- Agree (combinação de Bacillus thuringiensis var. kurstaki com var. aizawai.).
- Xentari (Bacillus thuringiensis var. aizawai).

Modo de Ação do Bacillus thuringiensis

1. Lagartas ingerem esporos e cristais tóxicos juntamente com a folhagem.


2. No estômago das lagartas, os cristais se solubilizam e provocam perfurações na
parede estomacal.
3. Através das perfurações, os esporos atingem a hemolinfa (sangue da lagarta) e se
multiplicam em milhões de bactérias causando infecção generalizada.
4. De cinco minutos a uma hora depois de ingerido o produto, as lagartas param de se
alimentar, cessando, dessa forma, os danos à cultura. A morte da lagarta ocorre em
período de um a três dias.

RECOMENDAÇÕES DE USO

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As dosagens recomendadas para uso dependerão da concentração de Bacillus
na composição do produto comercial.

PRODUTO DOSES
CULTURAS PRAGAS
COMERCIAL (produto comercial)
REPOLHO Traça das Crucíferas DIPEL pó 300-500g/ha
(Plutella xylostella)
AGREE 750 g/ha

XENTARI 350-500g/ha
COUVE e Curuquerê da Couve DIPEL pó 240-400g/ha
BRÓCOLI (Ascia Monuste
orseis) AGREE -

XENTARI 400-800g/ha
TOMATE Traça do Tomate DIPEL pó 240-400g/ha
(Tuta absoluta)
Broca peq. do fruto AGREE 2000-2400g/ha
(Neoleucinodes
elegantalis) XENTARI 400-800g/ha
PEPINO Broca/Cucurbitáceas AGREE 2000g/ha
(Diaphania nitidalis)

MELÃO Broca/Cucurbitáceas AGREE 750g/ha


(Diaphania nitidalis

Realizar as pulverizações no início de infestação das lagartas. Dependendo do


conhecimento histórico da ocorrência das pragas, pode-se iniciar as aplicações
preventivamente. É importante consultar as demais orientações de cada fabricante.

c) ARMADILHAS E ISCAS

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 Armadilha Luminosa: atrai diversas espécies, entre besouros, mariposas e
borboletas, cigarras, moscas e mosquitos, ou seja, apresenta alta eficiência para
pragas de hábitos noturnos, dentre as quais podemos destacar: Broca das
cucurbitáceas, Broca dos frutos e do ponteiro do tomate, Lagarta do cartucho e das
espigas do milho, etc.
 Utilizar aa armadilha apenas como atrativo, distante da cultura de interesse, sem o
emprego do recipiente tradicional acoplado sob o aparelho, para não eliminar
inimigos naturais.

 Armadilha de Cor: utilizada para atrair o besouro «brasileirinho». Consiste em uma


chapa de 20x30 cm, pintada de amarelo gema e disposta a 45%. Coberta com goma
colante ou com graxa bem grossa, retém os insetos que pousarem nela.

 Iscas para Lesmas e Moluscos: colocam-se sacos de estopa ou algodão, úmidos


e embebidos em xarope de açúcar ou leite entre os canteiros atacados. Os
moluscos são atraídos durante a noite podendo ser catados na manhã seguinte.

d) CONTROLE MECÂNICO

 Escavação de insetos sociais (principalmente a formiga quem-quem): segue-se,


cavando com enxadão pelo “olheiro”, até chegar ao ninho, de onde se retira a
rainha, a cria e o fungo, deixando-se os adultos a definhar de inanição. Esse método
é 100% eficiente, se for feito um repasse, e aplica-se bem em áreas menores.

 Catação manual: aplicável sempre que o foco de ataque estiver no início,


principalmente em áreas menores. Ex. cochonilhas, besouros, etc. (em hortas e
pomares).

e) HOMEOPATIA

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- Recomendada na IN no. 7 sobre a produção orgânica no Brasil.
- Na propriedade rural pode ser utilizada nos seres humanos, nos animais, nas
plantas, no solo, na água, enfim, em todos os componentes do sistema.
- Diversas matérias primas podem ser utilizadas: de origem vegetal, animal, mineral,
microrganismos, venenos e misturas diversas.
- Escalas: centesimal (1:99) – CH e decimal (1:9) - D

- Preparo:
- Tintura mãe
Plantas frescas: em vidro escuro, 40% da planta + 60% de álcool. Agitar
diariamente. Depois de 10 a 12 dias coar a mistura e está pronta para ser
homeopatizada.
Solo: coletar solo em vários locais, misturar, retirar uma parte, fazer a tintura com 1
parte de terra e 5 partes de álcool 70%, em vidro escuro. Deixar 15 dias e coar.
- Preparação da homeopatia:
- Vidro de 30 mL
- Colocar 20 mL de álcool 70% e 5 gotas da tintura mãe
- Fazer a sucussão (bater 100 vezes) – CH1
- Pegar 5 gotas da CH1, colocar em 20 mL de álcool 70%, fazer a sucussão: CH2
- Com o CH2 faz-se o CH3; do CH3 o CH4 e assim por diante.

- Escolha do medicamento
- Analogia: similitude. Observar as características do que vai ser tratado e comparar
com a matéria médica.
- Nosódios: feitos com os agentes causadores do desequilíbrio: pulgões, lagartas
etc. Usar em potências acima de CH5. Utilizar o organismo vivo: 1 parte do
organismo para 9 partes de álcool 70%. Deixar 15 dias, agitando diariamente. Coar
para obter a TM.
- Agente intoxicante: usado no processo de transição. Feito com planta intoxicada,
com solo intoxicado, com o próprio agrotóxico, com os adubos químicos.

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- Organoterápico: órgãos sadios e partes de órgãos sadios (plantas cultivadas e
espontâneas, o solo, a água, os inimigos naturais, as minhocas etc.). Utilizado nas
potências de 3CH, 6D e 12D estimula a regeneração dos órgãos. Altas
dinamizações inibem a função do órgão.
- Nutriente mineral ou sal mineral: uso dos Sais de Schuessler, para equilíbrio
nutricional.

Homeopatias correspondentes aos minerais químicos


Minerais (químicos) Homeopatias correspondentes
Ferro Ferrum muriaticum, Ferrum phosphoricum
Ácido bórico Bórax venata
Calcário Calcarea carbonica, Calcarea sulfurica, Calcarea
phosphorica, Calcarea fluorica, Causticum
Cinza (potassa) Cinza homeopatizada
Molibdênio Molibdenum
Enxofre Sulphur
Fosfato bicálcico Calcareas
Fosfato natural Phosphorus
Sulfato de cobre Cuprum aceticum, Cuprum metallicum, Cuprum
sulphuricum
Sulfato de magnésio Magnesia carbonica, Magnesium muriaticum,
Magnesium phosphoricum
Sulfato de zinco Zincum metallicum, Zincum phosphoricum, Zincum
sulphuricum

Aplicação da homeopatia:
- 1 L de álcool
- 6 mL de homeopatia
- Retirar 100 mL e colocar no pulverizados de 20 L, completando com água.

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Indicações de homeopatias
- Apis mellifica: fase da acumular amido/açúcar na planta, variedades pouco
tolerantes ao calor, perda de fertilidade, queda de flores e frutos. Afasta as abelhas.
- Arnica montana: estresse - transplante, podas, desbrota, desbaste, colheita que
danifica os galhos, deficiência hídrica, danos por insetos e geada.
- Baryta carbonica: lentidão no desenvolvimento.
- Belladona: equilíbrio das formigas. Pulverizar nas plantas e onde as formigas
caminham. CH30
- Calcarea carbonica: plantas que não respondem à fertilização. Clorose, mudas
sensíveis ao frio, demora na emissão de novas raízes. Desenvolvimento lento das
plantas e amarelecimento das folhas. Compostagem lenta, com resíduos de difícil
decomposição.
- Calcarea phosphorica: plantas com caule fino e quebradiço, deficiência no
metabolismo de cálcio, tombamento do caule, mudanças bruscas de clima e
sobrecargas de produção.
- Carbo vegetabilis: debilidade geral, após ataque de insetos, desfolhamento,
deficiência hídrica, espaçamento adensado, aborto de flores, morte de gemas.
- Cuprum: plantas intoxicadas com produtos à base de cobre ou ficam paradas sem
crescimento/desenvolvimento.CH 30
- Ferrum: após instabilidades no manejo e no ambiente. Cultivos em solos
compactados.
- Magnesia carbonica: falta de vigor, dificuldade de absorção de nutrientes, excesso
ou deficiência de Mg ou Ca, intolerância a baixa temperatura, ausência ou
deficiência na floração. Quando se quer a conservação da matéria orgânica e
resíduos da compostagem com baixa C/N.
- Natrum muriaticum: plantas desidratadas e desmineralizadas ou cloróticas.
Crescimento reduzido, áreas necróticas e folhas secando. Cultivos em solos salinos.
Murcha na ponta das folhas.
- Nux vomica: plantas intoxicadas ou que não acumulem reservas satisfatoriamente.
Produção de mudas.

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- Phosphorus: excesso de transpiração por intolerância ao calor, plantas exigentes
(não adubadas adequadamente).
- Pulsatilla: baixo número de sementes por fruto ou intolerância ao local de cultivo,
principalmente, por falta de ventilação.
- Silicea: crescimento estiolado, lento, com atraso da produção. Ataque de míldio,
fungos, floração precoce.
- Staphysagria: excesso de pulgões, nematóides ou ácaros. Sombreamento e frio.
Após danos causados por perdas de folhas e ramos.
- Sulphur: excesso de transpiração e luz. Variedades muito exigentes em quantidades
de nutrientes.
- Thuya ocidentallis: calosidades, verrugas ou ventos que prejudicam a planta.
- Alumina: solos ácidos com baixo pH, intoxicados de alumínio. Substitui a calagem
com Calc. phosphorica e homeopatia do solo.
- Solo: desintoxicação e equilíbrio do solo.
- Plantas espontâneas: equilíbrio e correções do solo, associada à homeopatia do
solo.
- Água de irrigação: nosódio para limpar a água.

8. FORMAÇÃO DE MUDAS

- Pode ser feita a partir de sementes ou de partes vegetativas da planta (rebentos,


tubérculos, bulbos, ramas etc.)
- A qualidade das mudas é fundamental para se ter sucesso no cultivo. Elas devem
ser saudáveis, isentas de pragas e doenças, com desenvolvimento adequado.
- Critérios:
- Não utilizar partes de plantas que apresentem sintomas de doenças ou que vêm
de campos que apresentam problemas com fungos do solo, bacteriores, viroses,
nematóides, dentre outros.
- Utilizar sementes ou partes de plantas de indivíduos que apresentem elevado
vigor, resistência a pragas e doenças e elevado padrão comercial do produto.

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- Tratar as mudas antes do plantio, quando necessário: imersão em biofertilizante
ou hipoclorito de sódio (brocas, nematóides e doenças).
- Fazer a quebra de dormência das sementes e pré-enraizamento das mudas.
- Respeitar o critério de propagação e seleção de cada espécie: tamanho de
bulbos e bulbilhos de alho, mudas de batata doce da parte mediana da rama etc.
-

Produção de Mudas em Ambiente Protegido (Estufas)

- proteção contra excesso de chuvas


- diminuição da incidência de pragas (pulgões, lagartas, grilos) e doenças
- formação de mudas em menor tempo
- obtenção de mudas mais uniformes

Local de instalação da estufa:


- local plano ou com pequeno declive, com boa drenagem e insolação
- evitar sombreamento de árvores e construções
- fonte de água de boa qualidade
- ventos fortes: posicionar a estufa com a parte frontal no sentido do vento dominante
- verificar necessidade de quebra ventos, para proteger a estrutura da estufa
- posicionar a estufa para melhor aproveitamento da luminosidade: sentido leste-
oeste

Substrato

- Existem no mercado brasileiro diversos tipos de substratos orgânicos, apropriados


para a aplicação na formação de mudas para sistemas orgânicos de produção de
hortaliças.
- O agricultor pode produzir seu próprio substrato, muitas vezes, a custos muito
baixos.

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- Composto orgânico: uso de composto puro peneirado ou em mistura com terra na
proporção de 1:1.

Recipientes

- Bandejas de isopor, colocadas sobre estrados. Usar substrato rico em nutrientes e,


ou, fazer o transplante mais cedo (25 dias para tomate e 30 dias para pimentão).
- Para espécies que necessitam de maior volume de substrato (quiabo, abóbora,
pepino, pimentão, tomate etc.) usar copos de jornal ou copos descartáveis ou
tubetes (com volume de pelo menos 200 cc).

Manejo e tratos das mudas:


- Irrigação: quantidade certa, microaspersores. Turno de rega: observar a umidade do
substrato. Do semeio à emergência: irrigar 2 a 3 vezes/dia; depois, reduzir para 1 a
2 vezes/dia.
- Adubação foliar: adubos líquidos (biofertilizantes, chorumes, pós de rocha, solução
de micronutrientes etc.)
- Pragas e doenças: caldas fitoprotetoras e biofertilizantes.
- Desbaste das mudas.

9. PLANTIO

- Preparar a terra: corte da cobertura vegetal para plantio direto, canteiros, sulcos,
covas, leiras.

- Adubação: a lanço, em toda a área, nos sulcos, nas covas, nas leiras.

- Semeadura direta no lugar definitivo: cenoura, rúcula, beterraba, espinafre, abóbora,


quiabo, pepino, abobrinha, vagem, ervilha etc. Importante ver o custo das sementes.

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- Transplante de mudas: preparar as covas, ou sulcos e adubar, misturando o esterco
ou composto com a terra. Fazer o transplante em dias nublados ou chuvosos ou no
final do dia.

- Utilizar o espaçamento indicado para a cultura. Excesso de plantas provoca a


competição entre elas, resultando em baixa produção. O espaçamento excessivo
também resulta em baixa produção por área.

- Se não estiver chovendo, irrigar bem antes e depois do plantio.

- Cobrir a terra com material vegetal ou com plástico, para manter o solo úmido.

10. TRATOS CULTURAIS

- Desbaste de mudas para o espaçamento indicado, no caso de semeadura direta.


- Irrigação
- Adubação de cobertura: esterco, fertilizante líquido.
- Capinas: respeitando as regras de manejo de ervas.
- Amontoa: gengibre, baroa, inhame, cará.
- Cada cultura apresenta recomendações específicas.

11. COLHEITA E COMERCIALIZAÇÃO

- Importante verificar o ponto de colheita da cultura, de acordo com as exigências


comerciais. É importante planejar o cultivo, para ter a quantidade certa de produto,
na hora certa.
- Os cuidados na colheita são essenciais para manter a qualidade adquirida no
cultivo.
- Colher nas horas mais frescas do dia, principalmente, folhosas.
- Preparo das hortaliças para a comercialização:

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- Limpeza de folhas secas, estragadas, retirada de terra, insetos e pequenos
animais. Lavagem das hortaliças.
- Seleção e classificação do produto, retirando aqueles fora do padrão comercial.
- Toalete, principalmente, de raízes e tubérculos.
- Embalagem: sacos plásticos, bandejas, etc.
- Armazenamento em ambiente limpo e com condições adequadas: refrigeração
de produtos perecíveis.

- As certificadores, geralmente, exigem um setor de pós-colheita na propriedade,


respeitando critérios de construção adequado para o manuseio, seleção,
classificação e embalagem dos produtos orgânicos, excluindo qualquer
possibilidade de contaminação do produto.

- Os produtos orgânicos precisam ser diferenciados por meio de um selo ou rótulo,


que os caracterizem como orgânicos.

- A descentralização do processo produtivo e de distribuição e venda é uma meta da


agricultura orgânica.

- As hortaliças podem ser adquiridas diretamente na propriedade agrícola ou


entregues nas residências.

- Podem ser vendidas em feiras livres, ou em lojas especializadas, ou em


supermercados.

- Para manter o mercado, o produtor deve ofertar produtos de forma constante


durante todo o ano, com uma diversificação de espécies para atender à demanda
dos consumidores.
Por isso, torna-se necessário que os produtores se unam em associações para
ampliar o leque de atuação, permitindo a oferta regular de grande número de
espécies. Deve ser feito um planejamento entre os associados.

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- Costuma-se trabalhar com um preço fixo de venda dos produtos durante o ano,
além de muitas vezes ser feita a produção por contrato, ou seja, programando-se
uma determinada produção na certeza de venda. Dessa forma, evitam-se as
surpresas que ocorrem com as oscilações de oferta e demanda do mercado.
- O preço para o consumidor pode ser um entrave para o aumento do mercado de
produtos orgânicos.

- Os preços dos produtos orgânicos são, em média, 30% mais elevados que dos
produtos convencionais. Causas possíveis:
- baixa escala de produção
- custo da embalagem
- desorganização do sistema de produção e do processo de comercialização
- riscos da atividade, falta de respaldo na pesquisa científica
- custos de certificação e perdas econômicas na fase de conversão
- cumprimento da legislação ambiental e trabalhista

- Os produtores orgânicos precisam ter em vista não somente os ganhos financeiros,


mas, principalmente, os ganhos ambientais, na saúde de sua família e na
preservação de seus recursos, permitindo que sua atividade seja perpetuada nas
futuras gerações.

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