JORNAL DA ALERJ

A S S E M B L É I A L E G I S L AT I VA D O E S TA D O D O R I O D E J A N E I R O
Ano V N° 163 – Rio de Janeiro, de 1º a 15 de novembro de 2007
Zô Guimarães

Elos entre
o presente
e o passado

Visita alternativa ao Palácio Tiradentes traz à luz objetos curiosos e seus significados, como é o caso dos postes de luz em torno do prédio

 NESTE NÚMERO Objetos do Palácio Tiradentes escondidos pelo tempo são testemunhas
de momentos que marcaram a história política do Rio e do País

Q
Luta pela inclusão
do negro no mercado
de trabalho mobiliza ue segredos guardam as salas do dos anos, desde sua inauguração, departamentos
parlamentares Palácio Tiradentes? Foi com esta mudaram de sala, espaços foram redesenhados
PÁGINAS 4 e 5 pergunta que nossos repórteres e muitos móveis deixaram de estar sob a vista
deram início a uma verdadeira investigação de todos. O resgate da história desses obje-
Cartilha ensina como em busca de curiosidades sobre o prédio que, tos, alguns curiosos, como uma penteadeira,
um projeto se torna desde 1926, já abrigou a Câmara dos Deputados, localizada na sala que dá acesso à Tribuna de
lei na Assembléia o Departamento de Imprensa e Propaganda Honra, e os vitrais, hoje inacessíveis, contou
PÁGINA 10 (DIP), durante a ditadura do Estado Novo, a com a ajuda do historiador Milton Teixeira, do
Assembléia Legislativa do Estado da Guanabara chefe de gabinete da Presidência, Aloysio Neves,
Sula do Carmo corre (Aleg), até 1975, e, posteriormente, a Assembléia do administrador do palácio, Cesar Castro, da
atrás de projetos Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. Nesta arquiteta Lenise Pereira, do Departamento de
que beneficiem edição convidamos o leitor a refazer conosco Engenharia e Arquitetura da Casa, e o resultado
Belford Roxo esta “visita alternativa”. desta iniciativa surpreenderá até os que traba-
PÁGINA 12 Tombado pelo Instituto do Patrimônio His- lham na Casa há anos. Sejam bem-vindos a este
tórico, o Palácio Tiradentes passou por uma palácio que revelamos ao público!
grande reforma estrutural em 1958, e ao longo PÁGINAS 6, 7 e 8
 2 Rio de Janeiro, de 1º a 15 de novembro de 2007 Rio de Janeiro, de 1º a 15 de novembro de 2007 3

FRASES CONSULTA POPULAR EXPEDIENTE

FUTURO DO RIO

“ Além de
inconstitucional,
é um verdadeiro
 A Uerj enfrenta problemas sérios (falta de manu-
tenção nos prédios, banheiros interditados, pesquisas
paradas) que se agravaram com o corte no Orçamento
Orçamento de 2008 será votado dia 19 Fabiano Veneza
absurdo impedir e com o incêndio ocorrido recentemente. A Alerj está
que uma pessoa, que acompanhando a situação da universidade?*
passou no mínimo * Pergunta respondida com freqüência pela Comissão de Ciência e Tecnologia

cinco anos em uma ALERJ

universidade, exerça e funcionários e todos falaram ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA
DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
sua profissão só por das condições precárias. Uma
não conseguir passar Deputado marquise que caiu no começo Presidente
em uma prova Fernando do ano passado, por exemplo, Jorge Picciani

elaborada por um Gusmão só começou a ser reparada 1ª Vice-presidente

Coronel Jairo
conselho que julgará (PCdoB) no segundo semestre deste
2º Vice-presidente
se ela está apta ano, o investimento em pes- Gilberto Palmares
ou não a exercer quisa é baixíssimo e o corte 3º Vice-presidente
a nobre carreira anunciado na verba deixou Pedro Fernandes Neto

da advocacia
”
Flávio Bolsonaro (PP), sobre
o exame promovido pela Ordem
dos Advogados do Brasil.
 A Alerj acompanha este
caso de perto. Como presiden-
te da Comissão Permanente de
todos bastante preocupados
com o futuro da Uerj. Assumi
o compromisso de lutar por
4º Vice-presidente
Gerson Bergher
1ª Secretária
Graça Matos
Ciência e Tecnologia estive na verbas que garantam o bom Comissão de Orçamento se reuniu com secretários de Planejamento e de Fazenda para discutir documentos que definem gastos para 2008
2º Secretário
Uerj logo após o incêndio, junto funcionamento da Uerj no Zito

“ Não dá para
entender o real
posicionamento da
com outros parlamentares.
Fomos ver a situação de perto
e pudemos constatar o suca-
Orçamento de 2008 e assinei
a criação de uma CPI que
pretende investigar as causas
3º Secretário
Dica
4ª Secretário
Fabio Silva
Deputados elogiam elaboração de Plano
Estratégico que estabelece indicadores
de execução da LOA, mas alguns criticam
aquim Levy, aproveitou para destacar que o Governo será mais
transparente no que se refere a informar, através da Internet, os
gastos e despesas de cada setor.
Petrobras em relação teamento até mesmo físico da do incêndio que, por sorte, 1a Suplente percentual de remanejamento de 30% Apesar dos elogios, muitos deputados fizeram críticas às
ao Rio. Se aqui universidade. Conversamos aconteceu num domingo e Renata do Posto mensagens do Governo. O percentual de remanejamento acabou

F
temos a solução, com estudantes, professores não fez vítimas. 2 o Suplente
Armando José E VERTON S ILVALIMA sendo um dos pontos de maior divergência. O deputado Ales-
basta apenas ter a 3º Suplente
sandro Molon (PT) mostrou-se contrário ao tema. Em seguida, o
boa vontade e iniciar ALÔ, ALERJ “Fui atendido prontamente” Pedro Augusto oi dada a largada para a discussão na Assembléia deputado Luiz Paulo (PSDB) louvou a elaboração de um PE, mas
a exploração desses 4º Suplente Legislativa das duas principais peças do Governo se disse insatisfeito com o percentual de 30% para o remaneja-
poços, uma vez que Edino Fonseca do estado, e as primeiras do mandato do governador mento: “É jogar a LOA e o PPA no lixo. O governador garantiu
Zô Guimarães

a refinaria já veio JORNAL DA ALERJ Sérgio Cabral: o Plano Plurianual (PPA) e a Lei Orçamentária que iria restringir esse índice, mas não o fez. O PSDB quer que
para Itaboraí
”
Tucalo (PSC), sobre a crise do gás.
Jorge Lopes Martins,
56 anos, recorreu
Publicação quinzenal
do Departamento de
Comunicação Social da
Anual (LOA), que detalham os investimentos e ações para os
próximos quatro anos e estipulam gastos de
até R$ 39,9 bilhões para 2008. O primeiro pas-
ele seja de 5%”. O tucano também criticou os recursos indicados
para gastos com publicidade – R$ 65,8 milhões
– e a utilização de grande parte do R$ 1,8 bilhão
ao Alô, Alerj duas Assembléia Legislativa do
so aconteceu no último dia 13 de novembro, do Fundo Estadual de Combate à Pobreza (FECP)

“
Rafael Wallace
vezes para resolver Estado do Rio de Janeiro
quando a Comissão de Orçamento, Finanças, É bastante positivo para pagamento de pessoal.
problemas em sua Jornalista responsável
Fiscalização Financeira e Controle, presidida que o Governo tenha Os secretários também foram questionados pe-
comunidade Fernanda Pedrosa
(MT-13511) pelo deputado Edson Albertassi (PMDB), realizou elaborado um Plano los deputados Luiz Paulo, Molon e Albertassi sobre
Coordenação: Geiza Rocha audiência que reuniu os secretários estaduais Estratégico que nos a não-citação a reajustes salariais dos servidores
de Planejamento e Gestão, Sérgio Ruy Barbosa, permita fiscalizar nas mensagens. Molon destacou a amplitude dos
Reportagem: Everton Silvalima,
Luciana Ferreira e Fernanda Porto e de Fazenda, Joaquim Levy. Para os deputados se os recursos serão investimentos programados para 2008, pois muitos
“Fiquei sabendo do ser- transformador quebrado. Fui presentes, a principal novidade deste ano é utilizados nas áreas serão oriundos de fontes diversas, como o Governo
viço por meio do comercial muito bem atendido e toda a
Estagiários: Ana Beatriz Couto,
o fato de o Executivo ter elaborado um Plano previstas
” federal, mas apontou que, na área da Educação, a

“
Bruno Fernandes, Camila de Paula,
O que precisamos que assisti na TVE. Na hora comunidade ficou tão satis- Carla Boechat, Fabiano Veneza,
Karina Moura, Marcela Maciel,
Estratégico (PE) que estabelece indicadores de intenção do estado de construir, até 2011, 50 novas
é reformar a política, pensei que poderia ser uma feita com o serviço que, logo Natalia Alves, Sérgio Jardim, execução. “É muito positivo que o Governo tenha Deputado Edson Albertassi (PMDB) escolas é insuficiente. O deputado Pedro Paulo
o sistema eleitoral. solução para o transformador em seguida, procuramos o Zô Guimarães preparado um plano que nos permita fiscalizar (PSDB) sugeriu uma nova forma de discutir essas
Aí o povo vai nos que transmite energia para disque para intervir em um Fotografia: Rafael Wallace se os recursos serão, realmente, utilizados nas áreas previstas”, mensagens, debatendo o Orçamento com a presença de cada um
olhar como seu uma área enorme da minha problema com a lâmpada
Diagramação: Daniel Tiriba
avaliou Albertassi. dos secretários para explicar os gastos de suas pastas.
representante, não comunidade. O aparelho es- de um poste da rua, que O secretário Ruy Barbosa reforçou que a atitude visa a não De acordo com o calendário de votação das mensagens, as-
como representante quentava muito, vazava óleo estava quebrada. Tentamos Telefones: (21) 2588-1404/1383
Fax: (21) 2588-1404
transformar a LOA e o PPA em “peças de ficção”. Ele listou 142 sim que os projetos forem discutidos no plenário, a Comissão de
do centro social, do e algumas pessoas tiveram resolver a questão junto à Rua Primeiro de Março s/nº sala 406 programas, dentre comuns, estratégicos e de apoio, que farão Orçamento abre o prazo para a apresentação de emendas, entre
programa de rádio, suas TVs e rádios queimados. Rioluz, mas o reparo só foi CEP-20010-090 – Rio de Janeiro/RJ
Email: dcs@alerj.rj.gov.br
parte da construção de “um futuro melhor para o estado” e serão os dias 28 de novembro e 4 de dezembro. Após serem analisadas,
da sua igreja, da sua Vários moradores já haviam concluído com a intervenção www.alerj.rj.gov.br administrados por “escritórios” sediados em três secretarias- elas serão publicadas no Diário Oficial do Legislativo no dia 11 de
região, ou um ex- procurado a Light, mas o da Alerj, que nos atendeu chave: a da Casa Civil, a de Planejamento e a de Desenvolvi- dezembro. A comissão vota o parecer no dia 13 e publica no dia

”
prefeito, como eu
Délio Leal (PMDB), criticando
o sistema eleitoral no País, sob o
argumento de que a população não
elege o partido, mas o candidato.
Impressão: Gráfica da Alerj
problema nunca era solucio- prontamente, ‘clareando’ Coordenação: Leandro Pinho mento Econômico. Dentre as metas propostas, principalmente 14, para no dia 19 de dezembro as mensagens serem apreciadas
nado. Só com a intervenção a nossa comunidade que Montagem: Bianca Marques e nas áreas consideradas prioritárias pelo Executivo – Educação, no Plenário. Participaram da audiência os deputados Paulo Melo
Rodrigo Graciosa
do Alô,Alerj a Light veio até sempre teve dificuldade para Saúde e Segurança –, estão a diminuição da evasão escolar de (PMDB), Flávio Bolsonaro (PP), Pedro Fernandes (DEM), Alessan-
aqui trocar definitivamente o muitas coisas”. Tiragem: 2 mil exemplares 16% para 10% e o aumento de 100% no número de internações dro Calazans (PMN), Altineu Côrtes (PT), Dionísio Lins (PP), Inês
Dúvidas, denúncias e reclamações: 0800 22 00 08 nos hospitais do estado até 2010. O secretário de Fazenda, Jo- Pandeló (PT), Paulo Ramos (PDT) e Alcides Rolim (PT).
4 Rio de Janeiro, de 1º a 15 de novembro de 2007
IGUALDADE
LIBERDADE
abre as asas
sobre nós
Comissões da Alerj mobilizam-
se para debater e propor ações
que promovam a inclusão do
negro e o fim da discriminação
R
E VERTON S ILVALIMA E M ARCELA M ACIEL
esgatar a memória da resis-
tência dos negros à escravi-
dão e ao racismo. É este o
objetivo do Dia Nacional da Consciência
Negra, comemorado no dia 20 de no-
vembro, data em que, no ano de 1695, o
líder e guerreiro do Quilombo dos Pal-
mares, Zumbi, foi assassinado. Desde
então, Zumbi tornou-se referência de
luta pela liberdade e inspirou diversos
movimentos sociais contra o preconcei-
to, pela diminuição das desigualdades e
pela inclusão social. Para que as metas
desses movimentos não sejam em vão
e os temas que envolvem a questão
possam ser lembrados e discutidos
todos os dias, a Alerj têm realizado
diversas audiências, principalmente,
através da Comissão Especial dos 120
anos da Abolição da Escravatura e da
Comissão Permanente de Combate às
Discriminações e Preconceitos de Raça,
Cor, Etnia, Religião e Procedência Na-
cional. Dentre os temas centrais estão
as cotas e a inserção no mercado de
trabalho. Para o presidente da Casa,
deputado Jorge Picciani (PMDB), esta é
uma das formas que o Parlamento tem
de mudar a realidade: conhecendo-a e
propondo medidas que possam mudá-
la. Ele lamenta, no entanto, que a con-
quista da liberdade plena dos negros,
que passa pela inserção no mercado de
trabalho e pelo poder de compra, ainda
esteja longe de ser festejada. “Cabe a
nós, legisladores, mudar este perfil e
trazer para a prática os ideais de liber-
dade e igualdade, presentes na nossa
Constituição, mas ainda distantes da
realidade”, afirma.
A mais recente discussão travada
na Casa Legislativa pela diminuição
das desigualdades tratou das cotas
para negros nas universidades pú-
blicas, e foi realizada pela Comissão
Especial dos 120 anos da Abolição da
Escravatura, presidida pelo deputado
Gilberto Palmares (PT). O parlamentar
ressaltou que o País foi o que mais
recebeu escravos, e que a maioria
veio para o Estado do Rio de Janeiro.
“Até hoje os reflexos históricos podem
ser sentidos. A discriminação ainda é
Rio de Janeiro, de 1º a 15 de novembro de 2007
IGUALDADE
Andrew Mogridge
tadual do Rio de Janeiro (Uerj) em 2001,
ainda divide opiniões também no par-
lamento. O deputado Flávio Bolsonaro
(PP) acredita que as cotas só aumentam
a discriminação. “Essa medida é racista
porque privilegia candidatos em função
da cor da pele, alegando inclusão social,
e não o mérito. Além disso, já temos
quatro anos de experiência com cotas
e nada mudou, simplesmente porque
o problema é socioeconômico e deve
ser tratado desde o ensino fundamen-
tal, principalmente na 5ª série, onde a
evasão escolar é maior. O negro não é
menos capaz que o branco, só precisa
de estrutura educacional, de ensino de
qualidade”, argumenta. Coordenador
do Laboratório de Políticas Públicas
da Uerj e do programa Políticas da Cor,
o advogado Renato Ferreira destaca a
diversidade como o maior ganho educa-
cional que a cota proporciona e ressalta
que ela não pode ser analisada como
medida salvadora, porque não se propõe
 Debate sobre cotas domina entrega de medalha a Nei Lopes
Uma semana antes do Dia da Cons-
muito grande e comprovada pelos dados ciência Negra, um evento realizado
estatísticos. Embora 50% da população pelas comissões presididas pelos de-
sejam negros, 78% dos estudantes que putados Beatriz Santos e Gilberto Pal-
ingressam no ensino superior são bran- mares levou ao Plenário Barbosa Lima
cos. E não há dúvidas que precisamos Sobrinho autoridades e representantes
de ações afirmativas, como as cotas, do movimento negro para saudar o escri-
por exemplo, para minimizar essas tor e sambista Nei Lopes, que recebeu
disparidades”, defende. O diretor do a Medalha Tiradentes, maior honraria
Movimento Social da União Nacional concedida pelo Parlamento fluminense.
dos Estudantes (UNE), Rafael Fer- A ocasião acabou se transformando em
nandes Xavier, lembra que apenas 3% oportunidade para que os direitos dos
dos negros chegam às universidades afro-descendentes fossem defendidos,
públicas e que o percentual sobe para em especial os de garantia de acesso
10% se consideradas as instituições à Educação. “O Rio e a Bahia foram
privadas. “Para uma inclusão efetiva protagonistas na implantação de ações
é fundamental que se realizem outras afirmativas na reserva de vagas para
ações paralelas, como a expansão das pobres e negros nas universidades. Hoje,
universidades públicas, o investimento cerca de 40 universidades públicas já
maciço na educação básica e o reco- têm esse programa em andamento”,
nhecimento do estado como gestor de revelou a ministra-chefe da Secretaria
políticas públicas, de assistência e de Especial de Promoção da Igualdade
inclusão”, aponta. Porém, Rafael ressalta Racial da Presidência da República,
que a existência das cotas, embora não Matilde Ribeiro, destacando que o
resolva o problema, é um avanço. “Além projeto de lei 73/99, que trata das cotas
de abrir a discussão, ela compensa um em estabelecimentos de ensino, ainda
segmento da sociedade com a qual o tramita no Congresso.
estado tem dívidas históricas na falta A presidente de Fundação para
de políticas públicas”, reconhece. a Infância e Adolescência (FIA), a
Mas o sistema de cotas, adotado ex-deputada Jurema Batista, também
pela primeira vez na Universidade Es-
a isso. “Ainda que fossem feitos muitos
investimentos na educação brasileira,
o que não acontece, ainda assim, as
cotas seriam necessárias porque nada
garantiria que esses investimentos
chegassem a todos. E a diversidade
faz parte de um dos aspectos estru-
turais da educação. Sem ela, o ensino
não se dá por inteiro. Somos um País
multicultural e multiétnico e, para que
a democracia se concretize, precisamos
desse diálogo”, defende.
Violência, mercado de trabalho e
saúde também marcaram a pauta de
debates da Comissão Especial dos 120
anos da Abolição da Escravatura, as-
sim como, por exemplo, a inclusão da
História da África na grade curricular
das escolas públicas e a criação de
um Conselho Municipal de Promoção
da Igualdade Racial, em São Gonçalo,
discutidos pela Comissão de Combate
às Discriminações e Preconceitos de
Raça, Cor, Etnia, Religião e Procedência
Deputados Beatriz Santos e Gilberto Palmares entregaram a medalha ao sambista (à esq.)
discursou a favor das cotas. “A elite é
narcisista e acha feio o que não é es-
pelho. Não somos parecidos com eles.
Antes, discutir a questão das cotas era
algo que se fazia em silêncio e, agora,
estamos falando sobre isso abertamen-
te”, afirmou. O homenageado Nei Lopes
deu seu parecer sobre a questão. “Desde
muito cedo, tentaram me ensinar que te-
ríamos que nos conformar com a subor-
dinação. Não aprendi essa lição, apenas
5
Nacional, presidida pela deputada Bea-
triz Santos (PRB). Para a parlamentar, o
papel dos deputados é levar os negros a
ocupar postos que lhes são de direito.
“Eles precisam trabalhar, ter acesso à
saúde, a cadeiras em salas de aula, e
nós temos que ajudá-los porque isso
não é bondade, é direito deles. Sa-
bemos que a discriminação não será
totalmente extinta, mas ela tem que
diminuir porque somos todos iguais,
só a cor é diferente”, afirma. De acordo
com Picciani, qualquer ação que vise à
diminuição das desigualdades é válida.
“Seja debatendo formas de implementar
as leis em vigor em nosso estado, seja
buscando formas de aprimorá-las, juntos
estamos trabalhando a conscientização,
por parte de todos, de que qualquer
pequena vitória que possamos obter
hoje corresponde a mais um passo em
direção a um amanhã menos desigual,
onde todos se reconheçam fazendo parte
de um mesmo Brasil”, conclui.
Fabiano Veneza
a que dizia que, um dia, lutaríamos de
igual para igual com a elite hegemônica
desse País”, contou. Durante o evento, a
Alerj concedeu ainda diplomas Zumbi
dos Palmares a 15 personalidades que
defendem os direitos dos negros no
estado, dentre eles os atores Milton
Gonçalves e Ruth de Souza, e Matilde
Batista Santana, do Centro de Estudos
Brasil-África de São Gonçalo (Região
Metropolitana do Rio).
12
6 Rio de Janeiro, de 1º a 15 de novembro de 2007 Rio de Janeiro, de 1º a 15 de novembro de 2007 11
7
CAPA

O Palácio Tiradentes
Chapeleira Vitral da galeria
Em madeira de lei, com Localizado no terceiro
seis cabides de metal e andar, o vitral escondido

que poucos conhecem

espelho oval em cristal
bisotado. “É uma peça
doméstica e, assim
como se tornou o xodó
do diretor da Divisão
de Comunicação, Almir
Padrenosso, pode ter sido comum. No Palácio Tiradentes, sede da Assembléia Legislativa do Estado do Rio, não poderia ser diferente. Os que
trazida para o palácio por
ser o xodó de alguém”,
revela o historiador
Milton Teixeira
na antiga casa de
máquinas do elevador
traz uma figura mítica
e a palavra “Lex” em
sua parte superior. Este
Todo palácio que se preza tem paredes falsas, passagens secretas e muitas curiosidades escondidas do visitante vitral e um outro, visível
a quem freqüenta as
fogem dos lugares mais acessíveis e se aventuram abrindo portas fechadas há anos, acabam se deparando com galerias do plenário, são
da Casa Conrado (SP),
gratas surpresas, que remetem a lendas e histórias que, de outra maneira, acabariam se perdendo
de Conrado Sorgenicht,
primeiro vitralista do

Fabiano Veneza
A escadaria em espiral, com 80 Brasil, que chegou ao
degraus de mármore, liga o térreo às País em 1888

P
E VERTON S ILVALIMA E CAMILA DE PAULA
ara recuperar um pouco desta história, o JORNAL
DA ALERJ convidou o chefe de gabinete da Presi-
dência, Aloysio Neves, o administrador do Palácio
Tiradentes, César Castro, a arquiteta Lenise Pereira, do
Departamento de Engenharia e Arquitetura da Casa, e o
professor de História Milton Teixeira, para um passeio al-
ternativo por um dos mais importantes prédios do conjunto
arquitetônico do Centro do Rio, inaugurado em 1926. Junto
a eles, a equipe de reportagem descobriu mistérios que
marcaram um tempo não muito distante.
A caminhada tem início pelo banheiro masculino da
agência do Banco Itaú, que no passado abrigava o refeitório
da Casa. Lá, pode-se encontrar uma relíquia: um mictório
original de louça inglesa que data da primeira metade da
década de 1920. Dois sofás turcos, cujas estruturas de ma-
deira estofadas em couro podem ser vistas em frente às salas
da Comissão de Segurança e da Defensoria Pública, e uma
carta geográfica que mostra o mapa do Brasil até 1966 são
outras curiosidades.
Ainda no primeiro andar, uma das principais surpresas
da visita: o único elevador desativado dos oito que existem
no palácio, que vai do Almoxarifado à Furna da Onça, ao
lado do plenário. “Esse elevador provavelmente era usado
pelos deputados no passado para sair estrategicamente
do plenário sem serem importunados”, acredita Lenise. A
arquiteta justifica:o elevador em questão liga apenas dois
andares da Alerj.
Uma porta com os dizeres Acesso às galerias do 4º
pavimento, na frente da entrada do Almoxarifado, leva o
visitante a uma escada em espiral, com 80 degraus de
mármore, que termina nas galerias do quarto andar – um
dos lugares mais conhecidos dessa visita alternativa, já
que em sessões muito importantes, como a posse de go-
vernadores, esse acesso é aberto.
Chegando ao segundo andar, o que mais chama a atenção
são os móveis que decoram algumas salas. Um dos mais in-
teressantes, uma penteadeira, descansa sozinho no acesso à
Tribuna de Honra, à direita do plenário. Uma poltrona de esto-
fado verde, localizada na segunda sala da Presidência, parece
destoar do ambiente. “É de uma madeira mais popular e com
características de marcenaria germânica”, acredita o historiador
Milton Teixeira, sugerindo que a peça talvez tenha sido doada
quando da inauguração do Tiradentes pelo Governo do Estado
de Santa Catarina, um dos mais pobres na época.
Samba no Morro
Pintado em 1946, o quadro Samba no Morro, de Braz Torres, faz parte
do Dicionário de Artistas Plásticos do Brasil e está exposto na sala
da Presidência, no 3º andar, onde pode ser visto apenas pelos
assessores que lá trabalham
galerias do 4º andar e está atrás
de uma porta com os dizeres
“Acesso às galerias do 4º No terceiro andar, encontram-se peças cujo acesso é
pavimento”, em frente bastante restrito. Na antiga casa de máquinas do elevador
ao Almoxarifado desativado, bem acima da Furna da Onça, há um vitral,
em perfeitas condições, completamente escondido. No
lado oposto do prédio, praticamente na mesma posição,
um outro vitral, visível a quem freqüenta as galerias do
plenário, indica que pode ter havido erro na restauração da
peça. “Não sabemos o que aconteceu, mas o trabalho foi
mal feito e a perna de um anjo, na parte baixa da figura,
acabou sendo trocada”, comenta Lenise. Dentro da sala da
Presidência neste andar, há um quadro, intitulado Samba
no Morro, que data de 1946 que é visto apenas por quem
freqüênta a sala.
Mas o móvel que mais se destaca, alvo de uma his-
tória que atravessa gerações, é a enorme mesa do salão
nobre, que, segundo a lenda, foi feita com o que restou dos
bancos, soleiras, catres e vigias da Cadeia Velha, onde os
juízes do Reino condenaram à forca o mártir Tiradentes,
e que foi demolida para a construção do palácio. Infor-
mação que o professor Teixeira rechaça: “A madeira não
parece ser do século XIX e nem ter sido da sobra de uma
cadeia”. Desconfiança apoiada pelo chefe de gabinete da
Presidência, Aloysio Neves, que tem outra versão sobre a
origem da peça. “Grande parte da Casa tem os móveis, de
irrefutável valor histórico, fabricados pela Casa Leandro
Martins, famosa no Rio no princípio do século XIX. Ela
atendia uma clientela da alta sociedade da época, espe-
cializada em peças de desenho conservador, que imita o
estilo tradicional europeu”, localiza.
No quarto andar, construído, junto ao quinto, durante a
única grande reforma estrutural por que passou o prédio,
em 1958, em um banheiro desativado que deverá ser res-
taurado pode-se encontrar um bebedouro de louça inglesa,
também de 1926, com os dizeres “drinking water”. Do lado
de fora do prédio, mais uma curiosidade: o símbolo da
Justiça na Roma antiga – dois machados –, ornamenta os
postes de luz. A última grande peça da visita encontra-se
no Palácio 23 de Julho, prédio anexo ao Tiradentes. Tra-
ta-se de uma chapeleira de estilo rústico que já provocou
Mesa do Salão Nobre ciúmes e brigas e está na Divisão de Comunicação. “As
Para o historiador Milton Teixeira, a história de que ela teria sido feita telefonistas que trabalhavam aqui mudaram de sala e
com restos de madeira da antiga Cadeia Velha é “pura lenda”. Segundo quiseram levar a chapeleira. Eu não deixei. Tenho apego a
ele, a peça parece ser de madeira nobre e consta do Livro do Centenário ela”, desmancha-se o diretor da Divisão de Comunicação,
da Câmara dos Deputados como parte da sala da Comissão de Justiça Almir Padrenosso, que trabalha há 30 anos no local.
8 Rio de Janeiro, de 1º a 15 de novembro de 2007 Rio de Janeiro, de 1º a 15 de novembro de 2007 9

CAPA RECICLAGEM Zô Guimarães

Mesa de datilografi a
Em madeira de lei,
trabalhada com tampo
escamoteável. O professor
Milton Teixeira acredita
que seja parte do que Penteadeira
sobrou da antiga sala de Localizada no acesso à Tribuna de
taquigrafia. Está na Sala Honra, no Plenário, deve ter sido
da Presidência feita entre 1926 e 1930. Seu estilo
é Luís XVI, em madeira de lei com
Mapa do Brasil
espelho bisotado. Como se trata
Com 240 x 210 cm foi feito na
de uma peça feminina, deve estar
época da comemoração do 1º
relacionada à eleição da primeira
Centenário da Independência
deputada federal do país, Carlota
do Brasil
Pereira de Queirós, em 1933

Vitral da perna trocada

Pouco se sabe sobre a desastrosa restauração que
fez com que as pernas de uma das figuras

Faces
O machado na ponta
representadas fossem trocadas. Para a arquiteta
Lenise, o erro fez com que o vitral, visível a quem
freqüenta as galerias do plenário, no terceiro andar,
que também traz a palavra “Lex” na parte superior,
Oportunidade de aprender
simboliza a maneira ficasse incompleto João Batista (no centro) e os funcionários do Departamento de Apoio às Comissões viram nos cursos da ELF uma maneira de se reciclar
como era aplicada a lei
na Roma antiga. Mais
tarde, o fascismo iria se
apropriar desse símbolo.
Escola do Legislativo abre em prática em breve. “Nós elaboramos desempenho das nossas funções”, diz
Seu uso nos postes Sofá turco
inscrições para cursos de documentos e corrigimos textos alheios. Carla, que também se inscreveu.
que rodeiam o Palácio Duas destas peças se encontram em frente às salas
aperfeiçoamento O domínio do português mais específico Segundo a então diretora da ELF,
é fundamental. É uma questão de se Iraneth Monteiro, com esta iniciativa, a
Tiradentes serve para da Comissão de Segurança e da Defensoria Pública,

F
F ERNANDA PORTO
mostrar que ali é uma onde antes funcionava o Vestíbulo Geral. De estilo
Casa de Leis circular, tipo conversadeiras, são conhecidas como
uncionário na Assembléia
sofás turcos e possuem uma estrutura de madeira
Legislativa do Rio há 18 anos,
estofada em couro
João Batista Nascimento de-
cidiu que era hora de se reciclar para
Breve histórico o exercício da função de secretário
Antes de abrigar o Palácio Tiradentes, inaugurado em 1926, a Comissão de Prevenção ao Uso de
Drogas e Dependentes Químicos em
o local sediou o Senado e a Cadeia Velha. Para lá foram
Geral. Para isso, se inscreveu no curso
conduzidos, em 1792, os acusados de envolvimento na
de Redação Oficial oferecido pela Escola
Inconfidência Mineira, para ouvir a sentença que condenou do Legislativo Fluminense (ELF), que
o mártir Tiradentes à forca. Com a chegada da Família Real começa no dia 26 de novembro, data
portuguesa, em 1808, a antiga construção serviu de alojamento a partir da qual têm início também os
para os serviçais da coroa. Sede da primeira Assembléia cursos de Elaboração do Orçamento
Nacional Constituinte, em 1823, o prédio foi demolido em Público, Regimento Interno, Processo
1920, e em seu lugar foi construído o Palácio Tiradentes, e Técnica Legislativa, Contabilidade
sede da Câmara dos Deputados até sua transferência para Pública e Licitação e Contrato. Com
Brasília, em 1960. Até a fusão dos estados do Rio de Janeiro cargas horárias variando entre 18 e 30
e da Guanabara, em 1975, o prédio abrigou a Assembléia horas, os cursos são gratuitos e buscam
Legislativa do Estado da Guanabara (Aleg). Em 1989, foi palco atender tanto aos que querem se atuali-
zar, como João Batista, quanto aos que
da votação da atual Constituição do Estado do Rio. Por seus
precisam se inteirar de assuntos como o
corredores passaram figuras ilustres da política nacional, como
sistema de apresentação de emendas à
Arthur Bernardes, Luis Carlos Prestes, Carlos Lacerda, Getúlio Lei Orçamentária Anual, que será posto
Vargas e Afonso Arinos.
manter inteirado do assunto”, argumenta
Batista, fazendo referência à equipe de
profi ssionais do Departamento de Apoio
às Comissões Permanentes da Casa,
que está se inscrevendo em massa nos
cursos, ministrados na ELF, localizada
no Edifício Leonel de Moura Brizola, na
Rua da Alfândega, 8, Centro.
A inscrição de quase todos os fun-
cionários do departamento foi uma
sugestão de sua diretora, Carla Pereira,
que aguardava há tempos os cursos.
“Este ano, o curso oferecido pela Mesa
Diretora foi destinado apenas aos novos
deputados. Estávamos sentindo falta de
aulas de aprimoramento. Quando soube
que elas seriam oferecidas pela escola,
reuni minha equipe e sugeri que todos
se inscrevessem”, lembra a diretora do
departamento responsável por acompa-
nhar as comissões, agendando todos os
compromissos e depoimentos, e de cor-
rigir pareceres, editais, atas e até mesmo
notas taquigráficas, quando necessário.
“O curso de redação era urgente para o
escola se aproxima de atingir a abran-
gência acadêmica que sempre buscou.
“Estamos atuando em duas frentes: a
da elevação da escolaridade – que re-
úne os cursos em módulos oferecidos
em parceria com o Serviço Social da
Indústria (Sesi) e os convênios com
universidades, que oferecem bolsas
para nossos funcionários – e a do apri-
moramento profissional, que estamos
iniciando agora”, explica. Para assumir
esta tarefa, a ELF contratou o Instituto
Brasileiro de Administração Municipal
(Ibam), que fornecerá professores e todo
material para os cursos. “Convidamos
o Ibam por se tratar de um grupo que
já trabalha com serviço público desen-
volvendo bons cursos. É a experiência
que dará excelência ao serviço”, justi-
fica o coordenador da escola, deputado
Gilberto Palmares (PT), lembrando
que uma pós-graduação e a extensão
dos cursos às Câmaras Municipais de
todo o estado estão entre os próximos
passos da ELF.
10
 CURTAS
CPI da Eletropaulo
A Alerj acolheu, no dia 6 de no-
vembro, uma audiência da Co-
missão Parlamentar de Inquérito
(CPI) da Assembléia Legislativa
de São Paulo (Alesp) que inves-
tiga irregularidades no processo
de venda do controle acionário
da Eletropaulo, distribuidora de
energia que atua no estado. A au-
diência foi marcada na Alerj em
decorrência das seguidas ausên-
cias do ex-presidente do BNDES
José Pio Borges de Castro Filho.
“Ele alegou que estava viajando.
Estamos solicitando cópia das
passagens aéreas para confirmar
se ele saiu do País”, afirmou o
presidente da CPI, deputado An-
tônio Mentor (PT-SP), que elogiou
a atenção dada pelos funcioná-
rios da Casa.
Maculan presta contas
O secretário estadual de Educação,
Nelson Maculan, foi recebido pela
Comissão de Educação da Alerj,
no dia 31 de outubro, para prestar
contas sobre o trabalho realizado
em 2007. Após a exposição sobre os
avanços e projetos da pasta para os
próximos anos, o secretário ouviu
dos membros da comissão um apelo
para que o processo de municipali-
zação do ensino infantil no estado
seja interrompido em 2008. “Embora
sejamos favoráveis à municipaliza-
ção, tememos que haja prejuízo pe-
dagógico durante o processo”, disse
o presidente da comissão, deputado
Comte Bittencourt (PPS).
Concurso de Monografia
Alunos dos ensinos fundamental e
médio de escolas públicas estadu-
ais e municipais têm até o dia 29 de
dezembro para concorrer ao prêmio
que será concedido pela Alerj aos
três melhores textos sobre a che-
gada da família real portuguesa ao
Rio, em 1808. O primeiro lugar rece-
berá R$ 3 mil, o segundo ficará com
R$ 2 mil e o terceiro, com R$ 1 mil.
As inscrições deverão ser feitas no
Protocolo Geral da Alerj, na Rua da
Alfândega, 8, térreo, Centro do Rio.
CIDADANIA
Cartilha aproxima
população do parlamento
Texto explica passo a passo
como um projeto se torna
lei na Assembléia
U
M ARCELA M ACIEL
m momento positivo de apro-
ximação entre o Parlamento
fluminense e a sociedade civil
organizada na busca pela transparência e
pelo diálogo com a população. Assim foi
definido pelo presidente da Alerj, deputado
Jorge Picciani (PMDB), o lançamento da
cartilha Como um projeto se torna lei na
Alerj, criada a partir de uma iniciativa da
Federação do Comércio do Estado do Rio
de Janeiro (Fecomércio-RJ) e da própria
Alerj, realizado no dia 7 de novembro, na
sede da Fecomércio, no Flamengo, Zona
Sul do Rio. “A cartilha, que está disponível
no site da Alerj (www.alerj.rj.gov.br), obje- federação busca ultrapassar as barreiras
tiva aproximar o Parlamento da população,
para que ela passe a conhecer melhor o
funcionamento do Legislativo e participe
do processo”, afirmou, acrescentando
que o trabalho conjunto com a federação
demonstra o apoio
que a Assembléia
tem recebido da so-
ciedade.
Líder do PMDB, a
deputada Aparecida
Gama ressaltou a
necessidade de ha-
ver uma distribuição
da publicação para
as camadas que não
têm acesso a esse
tipo de informação
e, sequer, sabem
qual é o papel da
Alerj. “Esse pode ser
um primeiro passo
para a participação Cartilha distribuída pela Fecomércio está disponível no site da alerj
da população no
processo legislativo. A
cartilha deve chegar, principalmente, aos
alunos do segundo segmento do ensino
fundamental, do ensino médio e superior
para que, sabendo do funcionamento da
Casa, eles possam participar efetivamente
e agir como multiplicadores”, sugeriu a
Rio de Janeiro, de 1º a 15 de novembro de 2007
parlamentar. “Se a população participa e
cobra, os deputados se sentem ainda mais
incentivados em suas funções”, lembrou.
A vantagem de expor o trabalho político
para a sociedade também foi ressaltada
pelos líderes do PSDB, deputado Luiz Paulo,
e do PDT, deputado Paulo Ramos, que
elogiaram o conteúdo didático da cartilha
e a busca permanente do Parlamento pela
troca de informações com a população. “A
cartilha foi muito bem feita e o conteúdo é
ótimo. Já comecei a ler e gostei bastante”,
elogiou Luiz Paulo. “Divulgar todos os trâ-
mites pelo qual passa um projeto de lei até
a sua aprovação através de uma cartilha é
uma forma de incentivar a participação na
vida política do estado e de fazer com
que o parlamentar zele por um trabalho
transparente”, reforçou o pedetista.
O presidente da Fecomércio-RJ, Or-
lando Diniz, explicou que a iniciativa da
de atuação em favor de uma consciência
cidadã e do fortalecimento da democra-
cia. “Por contribuir com 60% do Produto
Interno Bruto (PIB) do estado, nos sentimos
responsáveis por esta ação pioneira, ela-
Fabiano Veneza
borada a partir das constituições federal e
estadual e do Regimento Interno da Alerj.
Através dessa ferramenta simples, mas
extremamente importante, a população
pode passar a conhecer os trâmites de uma
proposição legislativa”, defendeu.
Rio de Janeiro, de 1º a 15 de novembro de 2007
COMISSÕES
Energia para ajudar o Rio a crescer
O deputado Rodrigo Neves, que preside a comissão especial do PAC, visitou em
novembro a Central Nuclear onde está sendo construída a Usina de Angra 3
Comissão acompanhará
obras, consideradas
estratégicas, para ampliar
matriz energética do País
P
NATALIA O LIVEIRA
reocupada com os investimen-
tos necessários ao desenvol-
vimento da matriz energética,
estratégica para o estado e o País, a
Comissão Especial da Alerj destinada a
acompanhar a implantação do Programa
de Aceleração do Crescimento (PAC) no
estado debruçou-se nos últimos dois
meses sobre o tema. Seja abordando o
assunto de forma abrangente, quando
realizou audiência para obter informa-
ções sobre os investimentos de Furnas
Centrais Elétricas – que construirá as
usinas hidrelétricas de Simplício e de
Barra do Pomba, no rio Paraíba do Sul,
e a linha de transmissão de energia
Fabiano Veneza
de Macaé-Campos –, seja centrando o
debate no investimento de R$ 7 bilhões
para a conclusão de Angra 3, a partir da
inclusão no PAC das obras da usina, a co-
missão tem buscado conhecer, fiscalizar
e agir para que as obras sejam viabiliza-
das. “O investimento do Governo federal
na construção de Angra 3 vai dobrar a
participação do setor nuclear na matriz
energética do País. Esta usina representa
um grande avanço no fornecimento de
energia. Acompanharemos o processo
somando esforços e contemplando as
preocupações sociais e ambientais”,
assegurou o presidente da comissão,
deputado Rodrigo Neves (PT).
No dia 26 de outubro, a comissão se
reuniu com o presidente em exercício da
Eletronuclear, Luis Hiroshi Sakamoto,
para aprofundar as informações sobre a
construção da Usina de Angra 3. Sakamo-
to explicou que as obras de construção da
usina devem ser retomadas no início de
11
2008, assim que os estudos sobre os cus-
tos mínimos de tarifa para a geração de
energia, os gastos para a sua conclusão
e a apreciação dos contratos existentes
forem concluídos. Ele convidou, ainda, os
deputados a visitarem a Central Nuclear
Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), local
em que estão as usinas Angra 1 e 2 e
onde será construída Angra 3. “De acordo
com o nosso cronograma, Angra 3 entrará
em operação em maio de 2014, com uma
potência elétrica de 1.350 megawatts, o
que gerará anualmente 10,9 milhões de
megawatts/hora”, revelou.
A visita à central, feita com o presi-
dente da Comissão de Minas e Energia
da Alerj, deputado Glauco Lopes (PS-
DB), impressionou os parlamentares.
“Aqui podemos constatar a preservação
de tudo o que já foi adquirido há anos”,
observou o tucano, acrescentando que
o assunto Energia está na ordem do dia
mundial. “O Brasil tem pressa e nosso
estado não pode parar. Esperamos
que a sinalização para o reinício das
obras venha o quanto antes”, afirmou.
De acordo com o superintendente de
Empreendimentos da Eletronuclear,
Luiz Manoel Messias, a CNAAA terá
capacidade de atender a 80% do con-
sumo de energia elétrica do Estado do
Rio, e 70% do orçamento de R$ 7,3 bi-
lhões destinados à conclusão das obras
serão totalmente gastos no Brasil. “A
construção de Angra 3 foi contratada
em 1976. Os equipamentos necessários
para o funcionamento das usinas foram
adquiridos na mesma época”, explicou
Messias, acrescentando que, durante
a construção da usina, serão gerados
nove mil empregos diretos e indiretos e
que, na fase de operação, 500 empregos
diretos surgirão. Neves observou que
o estado tem vocação para a produção
de energia nuclear porque dispõe de
profissionais qualificados e concentra
um conjunto de fornecedores. “Apre-
sentaremos emendas ao orçamento do
estado para 2008 visando à melhoria
da infra-estrutura das estradas como
a RJ-155 e a RJ-146, a qualificação
profissional, através do Centro Federal
de Educação Tecnológica (Cefet), e o
aumento do número de equipamentos
de defesa civil”, finalizou o petista.
12 Rio de Janeiro, de 1º a 15 de novembro de 2007

 ENTREVISTA SULA DO CARMO (PMDB)

Zô Guimarães

“Corro atrás
e consigo o
que quero”

I
F ERNANDA PORTO

nstalada em um gabinete decorado com motivos femi-

ninos, com vasos de flores e quadrinhos rosa vibrantes,
a deputada Sula do Carmo (PMDB) parece não se preo-
cupar com contrastes. Com um estilo jovem e contemporâneo
de se vestir, se apressa em dizer que é uma avó muito bem
resolvida. Quando perguntada sobre o que faz nos momentos de
lazer, lembra imediatamente da neta Mahanna, de cinco anos.
“Foi por ela que deixei tudo rosa por aqui”, garante. Com a vice-
prefeitura de Belford Roxo no currículo, a pedagoga Sula se diz
feliz no papel de legisladora, que vive pela segunda vez. Mas
afirma que a passividade da função lhe causa certa angústia.
“Não consigo me manter inerte diante do que almejo”.

A política sempre foi um
objetivo?
Não, de jeito nenhum. En-
trei na política pelas mãos de
um vereador de Nova Iguaçu
(Baixada Fluminense), o Joca,
quando ainda era universitária.
Mas foi ao acaso. Era estagi-
ária na Secretaria Municipal
de Fazenda quando nos co-
nhecemos e ele me convidou
para assessorá-lo. Na época,
não tinha nenhum interesse
particular por política. Foi o
Joca, através de sua luta pela
emancipação de Belford Roxo,
que fez com que eu não só me
um compromisso com meu Concluí que este seria o meio se devem, sobretudo, à crença
municipio. E, para ser bem mais garantido de ver as coisas que tenho no poder da Educa-
franca, me tranqüiliza saber acontecerem, embora não es- ção como a única chance que
que, dos 43.543 votos que pere por esses momentos para temos de mudar alguma coisa.
obtive nas últimas eleições, fazê-las acontecer. Eu sempre Não dá pra remediar e achar
33 mil foram em Belford Roxo. corro atrás do que está faltan- que as coisas estão resolvidas.
Minha campanha foi focada lá, do. Vou atrás do governador Temos que resolver o problema
não assumi compromissos em pedir soluções para problemas em sua origem, e ela é, quase
outros lugares, o que me dei- em minha região, vou ao Detro sempre, educacional.
xa à vontade para pedir massa asfál-
fazer o trabalho tica, na Cedae pa- Qual será sua meta para
que faço pela mi-
“ Meus projetos
nha cidade, sem se devem à minha
culpa.
ra pedir a ligação
das elevatórias do
município. Minha
2008?
Conseguir fazer com que se-
jam retomadas as obras de
crença no poder da
busca não pára. infra-estrutura no bairro de
Educação como a
Partindo dessa A expectativa de Nova Aurora, em Belford Roxo.
única chance que
premissa, qual conseguir verbas É um bairro novo, carente de
temos de mudar

encantasse pela política, como
passasse a conhecer melhor
meu município.
A senhora é muito atuante
na luta por conquistas para
Belford Roxo. São muitos
os projetos de lei e indica-
ções legislativas com este
fim. A senhora se considera
uma municipalista?
Tenho absoluta consciência de
que meu mandato é estadual,
que trabalho pelo bem de todo
o Rio de Janeiro, mas tenho
é a sua expec-
tativa com re- alguma coisa
lação ao Orça-
mento de 2008,
a ser votado no próximo
mês? A senhora já sabe que
emendas apresentará?
Estou acertando com um co-
lega, um deputado federal que
representa a minha região,
para que façamos emendas
iguais, de forma casada, no
Congresso e aqui, para poten-
cializar as chances de termos
nossas prioridades atendidas.
”
através de emen-
das ao Orçamento
não muda minha
atitude. O que eu
quero, eu faço.
A senhora tem um grande
número de projetos tratan-
do da criação de programas
educativos nas escolas. É a
pedagoga legislando?
Em parte sim. É claro que meu
trabalho como legisladora sofre
a influência da minha visão
profissional, mas os projetos
saneamento básico, que che-
gou a ter as obras iniciadas a
partir de um convênio com o
Governo estadual, mas agora
elas estão paradas. Precisamos
retomá-las para dar qualidade
de vida aos moradores. Esta é
a minha prioridade. Já venho
brigando por isso e acho que
vamos conseguir que estas
obras sejam reiniciadas. Eu
sou sonhadora, mas não fico
só no sonho, não. Corro atrás e
consigo o que quero. Esta será
a próxima conquista.