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ASSOCIAÇÃO DE AMIGOS DO CONSERVATÓRIO DE TATUÍ

"DR. CARLOS DE CAMPOS"

SETOR DE ARTES CÊNICAS

KAROLAYNE NICOLE MARTINS DELGADO


RE: 0013129572

2º SEMESTRE DO CURSO DE ARTES CÊNICAS – TEATRO ADULTO

HISTÓRIA DO TEATRO ANTIGO E MEDIEVAL


PROFª ÉRICA ANDRADE

TATUÍ - SP
2016

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ASSOCIAÇÃO DE AMIGOS DO CONSERVATÓRIO DE TATUÍ

"DR. CARLOS DE CAMPOS"

SETOR DE ARTES CÊNICAS

FICHAS DE LEITURA – 2º SEMESTRE/2016

A MEGERA DOMADA
HAMLET

WILLIAM SHAKESPEARE

TATUÍ - SP

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INFORMAÇÕES SOBRE O AUTOR

WILLIAM SHAKESPARE (23/04/1564 - 23/04/1616)

Não há quem nunca tenha ouvido falar deste célebre dramaturgo e


poeta inglês, conhecido como um dos maiores autores de língua inglesa, um
dos mais inspiradores na esfera do Ocidente. Os estudiosos levantam várias
hipóteses sobre a vida deste britânico, mas boa parte do que se escreve sobre
sua vida é tecida por teorias diversas e especulações. Alguns chegam a afirmar
que ele não teria existido, e que suas obras pertenceriam, na verdade, a outros
autores. Há quem também levante a hipótese de que William Shakespeare
teria sido um mero ator se passando pelo dramaturgo responsável pelas obras
nas quais ele apenas atuava. Frequentemente, alguns poucos estudiosos
atribuem a Francis Bacon (1561/1626) e a Christopher Marlowe (1564/1593)
parte de sua obra.
O que conta, porém, é o valor inestimável, universal e eterno de suas
obras, que transcendem o tempo e o espaço, renascendo sempre através das
mãos de autores que as adaptam constantemente para o teatro, o cinema, a
TV e a literatura. Raramente se encontrará alguém, em cada geração, que não
tenha assistido ou lido alguma versão de Romeu e Julieta, ou não tenha
conhecimento dos dilemas de Hamlet: “ser ou não ser, eis a questão”. A data
de nascimento de Shakespeare é desconhecida. Acredita-se que ele nasceu
em 23 de abril de 1564, baseado em registros de seu batizado que ocorreu em
26 de abril do mesmo ano. Como era costume batizar a criança 3 dias após o
seu nascimento, a data 23 de abril é tradicionalmente aceita como sendo de
seu nascimento, na pequena cidade inglesa de Stratford-Avon, região onde
começa seus estudos e já demonstra grande interesse pela literatura e pela
escrita. Embora o mundo o conheça como William Shakespeare, na época de
Elizabeth I de Inglaterra a ortografia não era fixa e absoluta, então encontrou-
se nos documentos os nomes Shakspere, Shaksper e Shake-speare.
William Shakespeare foi o terceiro dentre oito crianças, e o mais velho
dos filhos homens de John Shakespeare, um bem-sucedido luveiro e sub-
prefeito de Straford (depois comerciante de lãs), vindo de Snitterfield, e de

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Mary Arden, filha de um rico proprietário de terras. Muitos concordam que
William foi educado em uma excelente grammar schools da época, um tipo de
preparação para a Universidade. No entanto, Park Honan conta, em
Shakespeare, uma vida que John foi obrigado a tirá-lo desta escola, quando
William deveria ter quinze ou dezesseis anos (algumas fontes citam doze
anos). Na década de 1570, John passou a ter um declínio econômico que o
impossibilitou junto aos credores e teve um desagradável descenso da
sociedade. Acredita-se que, por causa disso, logo o jovem Shakespeare
possuiu uma formação colegial incompleta. Segundo certos biógrafos,
Shakespeare precisou trabalhar cedo para ajudar a família, aprendendo,
inclusive, a tarefa de esquartejar bois e até abater carneiros.
Com 18 anos, casa-se com a aldeã Anne Hathaway, oito anos mais
velha que ele. Suas dificuldades financeiras se agravaram com o nascimento
da filha Susanna, e em seguida dos gêmeos, Hamnet e Judith. Após o
nascimento dos gêmeos, há pouquíssimos vestígios históricos a respeito de
Shakespeare, até que ele é mencionado como parte da cena teatral de Londres
em 1592. Devido a isso, estudiosos referem-se aos anos 1585 e 1592 como os
Anos perdidos de Shakespeare. As tentativas de explicar por onde andou
William Shakespeare durante esses seis anos, foi o motivo pelo qual surgiram
dezenas de anedotas envolvendo o dramaturgo. Nicholagas Rowe, o primeiro
biógrafo de Shakespeare, conta que ele fugiu de Stratford para Londres devido
a uma acusação envolvendo o assassinato de um veado numa caça furtiva, em
propriedade alheia (provavelmente de Thomas Lucy). Outra história do século
XVIII é a de que Shakespeare começou uma carreira teatral com os Lord
Chamberlains. No ano de 1591 (alguns sites afirmam o ano de 1586, outros de
1588) foi morar na cidade de Londres (abandonando sua família) em busca de
oportunidades na área cultural, onde se emprega como guardador de cavalos
na porta do teatro. Logo estava prestando serviços nos bastidores, copiando
peças ou representando pequenos papeis.
Começa a escrever sua primeira peça, "Comédia dos Erros", no ano de
1590, e termina quatro anos depois. Nesta época escreveu aproximadamente
150 sonetos. Embora seus sonetos sejam até hoje considerados os mais lindos
de todos os tempos, por explorar todos os aspectos do amor, foi na
dramaturgia que ganhou destaque. Em 1592, ele já havia adquirido sucesso

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como ator e dramaturgo. Contudo, eram suas poesias - e não suas peças - que
eram aclamadas pelo público. Isto ocorreu devido ao fato de, entre 1592 e
1594, durante 21 meses, os teatros permaneceram fechados por consequência
da peste. Seus dois poemas que foram publicados são Vênus e Adônis em
1593, e O Rapto de Lucrécia em 1594. Estes dois poemas e seus Sonetos
(1609) trouxeram-lhe reconhecimento como poeta. Nessa época, período do
reinado de Elizabeth I, Londres vivia uma intensa atividade artística.
Shakespeare estudou muito e leu autores clássicos, novelas, contos e
crônicas, que foram fundamentais para sua formação de dramaturgo.
No ano de 1594, entrou para a Companhia teatral Lord Chamberlain’s
Men, depois consagrada como King’s Men, que possuía um excelente teatro
em Londres. Passou a ser o copista oficial da companhia, representava e
adaptava peças de autores anônimos. Os dois mais célebres dramaturgos do
período, Christopher Marlowe (1564-1593) e Thomas Kyd (1558-1594),
respectivamente autores de Tamburlaine, the Jew of Malta (Tamburlaine, o
judeu de Malta) e Spanish Tragedy (Tragédia espanhola), morreram por esta
época, e Shakespeare encontrava-se pela primeira vez sem rival. Neste
período, o contexto histórico favorecia o desenvolvimento cultural e artístico,
pois a Inglaterra vivia os tempos de ouro sob o reinado da rainha Elizabeth I.
O teatro deste período, conhecido como teatro elisabetano, foi de grande
importância. Os teatros de madeira elisabetanos eram construções simples, a
céu aberto, com um palco que se projetava à frente, em volta do qual se punha
a plateia, de pé. Ao fundo, havia duas portas, pelas quais atores entravam e
saíam. Acima, uma sacada, que era usada quando se tornava necessário
mostrar uma cena que se passasse em uma ambientação secundária. Não
havia cenário, o que abria toda uma gama de versáteis possibilidades, já que,
sem cortina, a peça começava quando entrava o primeiro ator e terminava à
saída do último, e simples objetos e peças de vestuário desempenhavam
importantes funções para localizar a história. As ações se passavam muito
rápido. Devido à proximidade com o público, trejeitos e expressões dos atores
(todos homens) podiam ser facilmente apreciados. As companhias teatrais
eram formadas por dez a quinze membros e funcionavam como cooperativas:
todos recebiam participações nos lucros. Escrevia-se, portanto, tendo em
mente cada integrante da companhia.

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Em 1594, Shakespeare já havia escrito as três partes de Henry VI,
Richard III, Titus Andronicus, The Two Gentleman of Verona (Dois cavalheiros
de Verona), Love’s Labour’s Lost (Trabalhos de amor perdidos), The Comedy
of Errors (A comédia dos erros) e The Taming of the Shrew (A megera
domada). Em 1596, morreu o único filho homem de Shakespeare, Hamnet.
Logo em seguida, ele escreveu a primeira das suas peças mais famosas,
Romeo and Juliet, à qual seguiram-se A Midsummer’s Night Dream (Sonho de
uma noite de verão), Richard II e The Merchant of Venice (O mercador de
Veneza). Henry IV, na qual aparece Falstaff, seu mais famoso personagem
cômico, foi escrita entre 1597-1598. No Natal de 1598, a companhia construiu
uma nova casa de espetáculos na margem sul do Tâmisa. Os custos foram
divididos pelos diretores da companhia, entre os quais Shakespeare, que
deveria ter já alguma fortuna. Nascia o Globe Theatre. Também é de 1598 o
reconhecimento de Shakespeare como o mais importante dramaturgo de língua
inglesa: suas peças, além de atraírem milhares de espectadores para os
teatros de madeira, eram impressas e vendidas sob a forma de livro – às vezes
até mesmo pirateados. Seguiram-se Henry V, As You Like It (Como gostais),
Jules César – a primeira das suas tragédias da maturidade –, Troilus and
Cressida, The Merry Wives of Windsor (As alegres matronas de Windsor),
Hamlet e Twelfth Night (Noite de Reis). Shakespeare escreveu a maior parte
dos papéis principais de suas tragédias para Richard Burbage, sócio e ator,
que primeiro se destacou com Richard III.
Em março de 1603, morreu a rainha Elizabeth. A companhia havia
encenado diversas peças para ela, mas seu sucessor, o rei James, contratou-a
em caráter permanente, e ela tornou-se conhecida como King’s Men – Homens
do Rei. Eles encenaram diversas vezes na corte e prosperaram
financeiramente. Seguiram-se All’s Well that Ends Well (Bem está o que bem
acaba) e Measure for Measure (Medida por medida), suas comédias mais
sombrias, Othello, Macbeth, King Lear, Anthony and Cleopatra e Coriolanus. A
partir de 1601 Shakespeare escreveu menos. Em 1608, a King’s Men comprou
uma segunda casa de espetáculos, um teatro privado e fechado em Blackfriars.
Nesses teatros privados, as peças eram encenadas em ambientes fechados, o
ingresso custava mais do que nas casas públicas de espetáculos, e o público,
consequentemente, era mais seleto. Parece ter sido nessa época que

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Shakespeare aposentou-se dos palcos: seu nome não aparece nas listas de
atores a partir de 1607.
Rowe foi o primeiro biógrafo a dizer que Shakespeare teria voltado para
Stratford algum tempo antes de sua morte. Suas atuações trouxeram-lhe
riqueza, mas a aposentadoria de todo o trabalho era rara naquela época;
Shakespeare não publicava suas peças, já que a dramaturgia não era bem
paga. Na época, não havia direitos autorais. Shakespeare pretendia que suas
peças fossem representadas em vez de publicadas. Com o dinheiro adquirido
na companhia teatral, tornou-se rico e continuou a visitar Londres. Por volta de
1611, ele aposentou-se em Stratford, sua cidade natal, local onde havia
estabelecido sua família; em Stratford era considerado um dos mais ilustres
cidadãos, comprou uma casa e muitas outras propriedades, tais como hectares
de terras férteis e uma casa em Londres. Escreveu então quatro tragicomédias,
subgênero que começava a ganhar espaço: Péricles, Cymbeline, The Winter’s
Tale (Conto de inverno) e The Tempest (A tempestade), sendo que esta última
foi encenada na corte em 1613. Em 1612, foi chamado como testemunha em
um processo judicial relativo ao casamento de sua filha Mary. Em março de
1613, comprou uma gatehouse no priorado de Blackfriars; a partir de novembro
de 1614, ficou várias semanas em Londres ao lado de seu genro John Hall.
Morreu em 23 de abril de 1616, no mesmo mês e dia tradicionalmente
atribuídos como sendo de seu nascimento. Susanna havia se casado com um
médico, John Hall, em 1607, e Judith tinha se casado com Thomas Quiney, um
vinificador, dois meses antes da morte do pai. A morte de Shakespeare envolve
mistério ainda hoje. No entanto, é óbvio que existem diversas anedotas. A que
mais se propagou é a de que Shakespeare estaria com uma forte febre,
causada pela embriaguez. Recebendo a visita de Ben Jonson e de Michael
Drayton, Shakespeare bebeu demais e, segundo diversos biógrafos, seu
estado se agravou.
Bom amigo, por Jesus, abstém-te
de profanar o corpo aqui enterrado.
Bendito seja o homem que respeite estas pedras,
e maldito o que remover meus ossos.
Epitáfio na tumba de Shakespeare

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Admite-se que Shakespeare deixou como herança sua segunda melhor
cama para a esposa. Em sua vontade, ele deixou a maior parte de sua
propriedade à sua filha mais velha, Susanna. Essa herança intriga biógrafos e
estudiosos porque, afinal, como Anne Hathaway aguentaria viver mais ou
menos vinte anos cuidando de seus filhos, enquanto Shakespeare fazia fortuna
em Londres? O escritor inglês Anthony Burgess tem uma explicação ficcional
sobre esse assunto. Em Nada como o Sol, um livro de sua autoria, ele cita
Shakespeare espantado em um quarto diante de seu irmão Richard e de sua
esposa Anne; estavam nus e abraçados.
Os restos mortais de Shakespeare foram sepultados na igreja da
Santíssima Trindade (Holy Trinity Church) em Stratford-upon-Avon. Seu túmulo
mostra uma estátua vibrante, em pose de literário, mais vivo do que nunca. A
cado ano, na comemoração de seu nascimento, é colocada uma nova pena de
ave na mão direita de sua estátua. Acredita-se que Shakespeare temia o
costume de sua época, em que provavelmente havia a necessidade de
esvaziar as mais antigas sepulturas para abrir espaços à novas e, por isso, há
um epitáfio na sua lápide, que anuncia a maldição de quem mover seus ossos.
Os eruditos costumam anotar quatro períodos na carreira de dramaturgia
de Shakespeare. Até meados de 1590, escreveu principalmente comédias,
influenciado por modelos das peças romanas e italianas. O segundo período
iniciou-se aproximadamente em 1595, com a tragédia Romeu e Julieta e
terminou com A Tragédia de Júlio César, em 1599. Durante esse tempo,
escreveu o que são consideradas suas grandes comédias e histórias. De 1600
a 1608, o que chamam de "período sombrio", Shakespeare escreveu suas mais
prestigiadas tragédias: Hamlet, Rei Lear e Macbeth. E de aproximadamente
1608 a 1613, escrevera principalmente tragicomédias e romances.
Em suas obras, Shakespeare teve o dom de captar com igual maestria
as paixões mais turbulentas e os sentimentos mais puros, a mais rica alegria e
o mais penoso desespero. Foi magistral o traço dos personagens que
povoaram seu mundo. De Romeu e Julieta fez a personificação do amor
irrealizado. De Otelo, o protótipo do ciumento. Do Mercador de Veneza, o
usuário materialista por excelência. De Macbeth, o resumo da ambição e do
remorso, sendo considerada a obra mais trágica do autor. A fase das tragédias
sérias e maduras é a mais importante na carreira de Shakespeare. Hamlet,

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embora criticada por muitos da época, é considerada sua maior criação. O
enredo encarna o dilema do homem de intensa vida espiritual, que busca a
essência das coisas enquanto é obrigado a tomar uma atitude decisiva. William
Shakespeare juntou em sua obra, aspectos e características do estilo de vida
inglês. As citações conhecidas da cultura anglo-saxônica e os folclores antigos
foram incrementados de forma organizada, num estilo peculiar. Seus textos
fizeram e ainda fazem sucesso, pois tratam de temas próprios dos seres
humanos, independentemente do tempo histórico. Amor, relacionamentos
afetivos, sentimentos, questões sociais, temas políticos e outros assuntos,
relacionados a condição humana, são constantes nas obras deste escritor.
Suas peças foram encenadas pela Europa inteira, influenciando outros
dramaturgos, inclusive, sobrepondo-se ao teatro francês, alemão e italiano.

PRINCIPAIS OBRAS
Comédias

 Sonho de uma Noite de Verão


 O Mercador de Veneza
 A Comédia dos Erros
 Os Dois Cavalheiros de Verona
 Muito Barulho por Nada
 Noite de Reis
 Medida por Medida
 Conto do Inverno
 Cimbelino
 A Megera Domada
 A Tempestade
 Como Gostais
 Tudo Bem quando Termina Bem
 As Alegres Comadres de Windsor
 Trabalhos de Amores Perdidos
 Péricles, Príncipe de Tiro

Tragédias

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 Tito Andrônico
 Romeu e Julieta
 Júlio César
 Macbeth
 Antônio e Cleópatra
 Coriolano
 Timão de Atenas
 Rei Lear
 Otelo, o Mouro de Veneza
 Hamlet
 Tróilo e Créssida
 A Tempestade

Dramas históricos

 Rei João
 Ricardo II
 Ricardo III
 Henrique IV, Parte 1
 Henrique IV, Parte 2
 Henrique V
 Henrique VI, Parte 1
 Henrique VI, Parte 2
 Henrique VI, Parte 3
 Henrique VIII
 Eduardo III

A MEGERA DOMADA

CONTEÚDO DA OBRA

A trama se dá diante de Bianca e Catarina, filhas de Batista. Bianca,


uma jovem doce, meiga e muito formosa tem muitos pretendentes aos seus
pés, porem seu pai lhe proíbe o casório: só poderá casar-se quando a
primogênita desposar.

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O problema é que Catarina possui um gênio forte, é grosseira e sem
farpas na língua; “uma diaba!” é sua reputação em Pádua.

Hortênsio, um dos admiradores de Bianca, consegue encontrar um velho


amigo que se interessa em casar-se com Catarina – mais ainda lhe interessa é
seu dote. Petrucchio leva alguns tapas e grosserias, mas no fim, consegue a
mão da moça. Deixando-a passa fome, impedindo que durma e fingindo
cortaja-la, pouco a pouco a obra vai se dando ao fim, com uma megera
totalmente domada.

EDITORA

Shakespeare, William – A Megera Domada . EDIÇÃO – Ridendo CastigatMores


– versão para eBook . PDF, 149. fonte digital: www.jahr.org

CITAÇÕES PERTINENTES

“NOBRE – Ó animal monstruoso! Está deitado como um porco.


Medonha morte, como tua pintura é feia e repulsiva! Vamos fazer
uma experiência, amigos, com este bêbado. Que tal a ideia de o
pormos numa cama e de o cobrirmos com lençóis bem macios,
colocarmos-lhes anéis nos dedos, um banquete opíparo junto ao leito
lhe pormos e solícitos serventes ao redor, quando ele a ponto estiver
de acordar? Não esquecera sua própria condição este mendigo?” (A
Megera Domada, SHAKESPEARE, p.09)

“SLY – Sou Cristóvão Sly; não me deis o nome de grandeza nem de


honra. Nunca na minha vida bebi xerez, e se querei oferecer-me
conserva, que seja de carne de vaca. Não me pergunteis que roupa
desejo vestir, pois nunca tive mais gibão do que dorso, nem mais
meias do que pernas, nem mais sapatos do que pés. Sim, algumas
vezes chego a ter mais pés do que sapatos, ou apenas desses
sapatos que deixam ver os dedos pelos furos do couro.” (A Megera
Domada, SHAKESPEARE, p.15)

“TRÂNIO – (...) Apenas, meu bom mestre, embora admiradores da


virtude, da moral disciplina, não devemos virar estóicos – penso – ou
mesmo estacas, nem ficar tão devotos de Aristóteles que a Ovídio
reneguemos como a réprobo. Com vossas relações falai de lógica
mas na prática usual sede retórico. Animai-vos com música e poesia;

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quanto pedir o estômago, servi-vos de matemática ou de metafísica.
Onde não há prazer não há proveito. Em resumo, senhor: é
aconselhável estudar o que mais vos for do agrado.” (A Megera
Domada, SHAKESPEARE, p.23)

“HORTÊNSIO - É certo. Como dizeis, entre batatas podres não há o


que escolher. Mas desde que este obstáculo legal nos fez amigos,
continuemos no mesmo tom até conseguirmos um marido para a filha
mais velha de Batista, deixando, assim, a mais nova sem empecilho
para casar-se... E recomecemos a luta! Adorável! Bianca! Feliz de
quem se casar com ela. Quem correr mais depressa, obterá o ael.
Que vos parece, signior Grêmio?” (A Megera Domada,
SHAKESPEARE, p.28)

“HORTÊNSIO – Petrucchio, deverei, sem mais rodeios, apresenta-te


a uma mulher ferina? Não me agradecerias o conselho. Mas posso
asseverar-te que ela é rica; sim, muito rica. Mas és meu amigo; não
convém que a desposes.” (A Megera Domada, SHAKESPEARE,
p.37)

“HORTÊNSIO – Bom Petrucchio, uma vez que andamos tanto, vou


prosseguir no que era, de começo, somente brincadeira. Tenho
meios, Petrucchio, de ensejar-te uma consorte bastante rica, mui
formosa e jovem, e educada no jeito fidalga. Seu único defeito – e
que defeito – e que defeito! – é ser intoleravelmente brava, teimosa e
cabeçuda sem medida, a tal ponto que, embora meus haveres
fossem menores, não a desposara por uma mina de ouro. (A Megera
Domada, SHAKESPEARE, p.37)

“LUCÊNCIO – Dai-lhe corda, senhor, que acabará por enroscar-se.”


(A Megera Domada, SHAKESPEARE, p.45)

“BIANCA – Acreditai-me, irmã: nos homens vivos jamais notei


fisionomia alguma que particularmente me agradasse.” (A Megera
Domada, SHAKESPEARE, p.48)

“GRÊMIO – Petrucchio está catarinado, juro-o.” (A Megera Domada,


SHAKESPEARE, p.86)

CLASSIFICAÇÃO DA OBRA: Teatro Elisabetano

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ESTRUTURA DA OBRA

INTRODUÇÃO
1º CENA
SLY – Hei de vos dar uma tunda, palavra de honra.
2º CENA
SLY – Pelo o amor de Deus, uma caneca de cerveja fina.

1º ATO
1º CENA
LUCÊNCIO – Trânio, bem sabes que por teus desejos de ver a bela
Pádua, ama das artes, vim visitar a fértil Lombardia, agradável jardim da
grande Itália. (...)
2º CENA
PETRUCCHIO – Verona, adeus por uns momentos; quero ver em Pádua
uns amigos, e entre todos o mui querido e dedicado Hortênsio. Sua casa é esta
aqui, se não me engano. Grímio, maroto, bate! Estou mandando.
2º ATO
1º CENA
BIANCA – Querida irmã, não me façais a injúria, nem a vós mesma, de
tratar-me como criada ou baixa escrava. (...)
3º ATO
1º CENA
LUCÊNCIO – Rabequista, parai; sois muito ousado. Já não vos lembra,
acaso, o acolhimento que vos fez sua mana Catarina?
2º CENA
BATISTA – Hoje é o dia das núpcias de Petrucchio com Catarina, meu
senhor Lucêncio; mas não temos notícia do meu genro. (...)
3º ATO
1º CENA
GRÚMIO – A peste que carregue todos os cavalos aguados, os patrões
loucos e os caminhos intransitáveis!
2º CENA

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TRÂNIO – Será possível, caro amigo Lício, que outro, que não Lucêncio,
possa o afeto vir alcançar da senhorita Bianca? (...)
3º CENA
GRÚMIO – Não, não me atrevo. Não; por minha vida.
4º CENA
TRÂNIO – Está é a casa, senhor. Posso bater?
5º CENA
PETRUCCHIO – Depressa, pelo céu! Vamos à casa de vosso pai, de
novo. Oh Deus bondoso! Como brilha no céu a lua amiga!
5º ATO
1º CENA
BIONDELLO – Com jeito e bem depressa, senhor, porque o padra já
está à espera.
2º CENA
LUCÊNCIO – Até que enfim as notas dissonantes acordes se tornaram.
IDENTIFICAÇÃO DAS PERSONAGENS

UM NOBRE
CRISTÓVÃO SLY – caldeireiro
BATISTA – rico gentil-homem de Pádua
VICÊNCIO – velho gentil-homem de Pisa
LUCÊNCIO – filho de Vicêncio, apaixonado de Bianca
PETRUCCHIO – gentil-homem de Verona, pretendente de Catarina
GRÊMIO
HORTÊNSIO
TRÂNIO
BIONDELLO
GRÚMIO
CURTIS
Um professor, preparado para fazer o papel de Vicêncio
CATARINA – a megera
BIANCA
VIÚVA
Alfaiate, lojista e criados a serviço de Batista e de Petrucchio

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HOTELEIRA, PAJEM, ATORES, CAÇADORES E CRIADOS

ANÁLISE CRÍTICA DA OBRA

Não sei se a professora se recorda, mas eu havia comentado algumas


fichas atrás que pararia de relatar o quanto o machismo e a misoginia nas
obras que lemos me incomoda, por motivos de a) ser evidente meu desgosto,
nesse caso, já esperado b) para que eu não caia no anacronismo; todavia, em
A Megera Domada, Shakespeare traz consigo esse tema e sua opinião sobre,
então terei de me abster de não comentar.

Com todas as obras que tenho lido, os seminários que venho assistido e,
bom, tudo que aprendi no decorrer desse um ano, posso afirmar que toda obra
teatral sempre beberá de certas fontes: a histórica, isto é, de tempos em
tempos repetimos modelos passados da forma de se pensar/fazer teatro; de
seu contexto social. Partindo da segunda fonte, olhemos para o período
histórico em que Shakespeare está inserido: pela primeira vez, uma mulher
governa a Inglaterra, e mais que isso, com excelência raríssima vista; Elizabeth
I fez um reinado esplendido, onde a arte foi muito patrocinada e admirada.
Catarina reflete as mulheres da época (muitas consideradas bruxas,
queimadas na santa inquisição): gênio forte, questionando o poder dos
homens, contrariando-os, uma mulher que se impõe de fato, enquanto a irmã
Bianca representa o padrão e esperado, sendo gentil, doce e obediente.

Mas o mais interessante é como a obra se finaliza. Vemos uma inversão


de papéis, e notamos uma megera que até então era indomável, domada; uma
irmã dócil e subserviente, inquieta; e um homem inteligente e espertalhão,
sendo subjulgado; acredito que é nesse momento em que Shakespeare
centraliza sua crítica, pois por mais que o discurso que Catarina dá ao final da
peça soe como uma mulher totalmente obediente ao marido, notamos ali como
ela também emprega certos valores da sociedade renascentista no homem.
Notemos um trecho retirado do simpósio de graduação de Flávia Peres:

“Catarina não só satiriza a sociedade em geral, como


também não perde a oportunidade de satirizar
Petrúquio: “[...] O marido é teu senhor, tua vida, teu
protetor, teu chefe e soberano. É quem cuida de ti, e,

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para manter-te, submete seu corpo a trabalho penoso
seja em terra ou no mar. Sofrendo a tempestade à
noite, de dia o frio, enquanto dormes no teu leito
morno, salva e segura[...]” (Shakespeare, 1998 - pág.
129) Como sabemos, Petrúquio fez tudo
contrariamente do que Catarina enalteceu. Portanto, o
intuito de Catarina é mostrar à Petrúquio o papel do
homem na sociedade (Feitosa, 2008), assim como
tantas vezes foi imposto a ela o papel da mulher na
sociedade. Dessa forma, Catarina diz disfarçadamente
que Petrúquio também não fazia parte dos padrões
renascentistas.”

Nessa obra, pelo menos ao meu mero mortal entendimento,


Shakespeare aponta/questiona o papel social da mulher, sempre
subrepresentada, tendo de acatar e obedecer às ordens dos homens, sempre
independentemente de sua vontade, mesmo que finalize ainda de forma
machista, demonstrando que de forma ou de outra, as mulheres acabam sendo
obrigadas a servi-los. No entanto, a historicidade da obra, seu contexto
eternizado e suas inúmeras críticas em relação ao papel social da mulher são
incomparáveis.

AVALIAÇÃO DA OBRA

Uma obra simplesmente hilária, A Megera Domada ultrapassa


expectativas; não simplesmente uma trama onde prezamos que tudo dê certo,
mas sim que consegue nos envolver a cada nova cena.

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CONTEÚDO DA OBRA - HAMLET

Frustrado com a morte do pai e inconformado com o casamento da mãe,


Hamlet descobre através do fantasma do pai algo que determina toda a obra: o
novo marido da mãe, seu tio Claudio, assassinou o pai para poder assumir o
trono. Hamlet, fora de si, jura vingança, e começa a observar o tio de perto.
Para ninguém desconfiar de suas segundas intenções, o jovem príncipe
começa a agir feito louco, fazendo com que sua mãe e seu tio procurem o
conselheiro da corte para descobrir o que se passava. O conselheiro informa-

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lhe que acredita ser amor não correspondido, nesse caso, de Ofélia, sua filha.
Polônio consegue convencer a filha a ir a procura de Hamlet, que a rejeita.

Hamlet, sem saber se o tio era de fato culpado, arma um plano para
descobrir se a culpa da tia procedia; quando descobre que sim, faz de tudo
para tentar mata-lo, onde comete um grande erro: acaba matando Polônio por
engano. Ofélia, arrasada, fica insana, andando pelo castelo a declamar
poesias.

Claudio traça planos para matar Hamlet, que descobre e consegue se


safar. Nesse momento, chega Laertes da Inglaterra, vendo a irmã Ofélia
arrasada e o pai morte, busca por vingança, momento o qual Claudio se
aproveita e que indica o clímax da obra.

EDITORA

Shakespeare, William – HAMLET . EDIÇÃO – Ridendo CastigatMores – versão


para eBook . PDF, 192. fonte digital: www.jahr.org

CITAÇÕES PERTINENTES

"HAMLET – Parente, mais; querido, muito menos.” (Hamlet,


SHAKESPARE, p.18)

“HAMLET – Oh, se esta carne sólida, tão sólida, se esfizesse,


fundindo-se em orvalho! Ou se ao menos o Eterno não houvesse
condenado o suicídio! Ó Deus! Ó Deus! Como se me afiguram
fastidiosas, fúteis e vãs as coisas deste mundo! Que horror! Jardim
inculto em que só medram ervas daninhas, cheio só das coisas mais
rudes e grosseiras. Chegar a isso! Morto há dois meses! Não, nem
tanto... Dois? Um rei tão bom, que, confrontado com este, era Apolo
na um sátiro... Tão terno para a esposa, que ao próprio vento obstava
de bater-lhe no rosto com violência. Oh céus! Recordá-lo-ei? Pendia
dele como se seus desejos aumentassem com a sociedade. E um
mês depois... Paremos. Fragilidade, nome de mulher... Só um ês,
sem ter gasto ainda os sapatos com que o corpo seguiu do meu bom
pai, qual Níobe, só lágrimas. Sim, ela – Ó céu! Um animal que é
destruído da faculdade da palavra, certo choraria mais tempo! –
desposada! Pelo irmão de meu pai, mas que tem tanto dele tal como
Eu de Hércules. Num mês, antes que o sal das lágrimas tão falsas

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secassem de seus olhos tumefeitos estar ela casada! Oh! Pressa
iníqua de subir para o tálamo incestuoso! Não pode acabar bem...
Mas despedaça-te, coração; é mister ficar calado.” (Hamlet,
SHAKESPARE, p.21)

“HAMLET – Economia, Horácio! Os bolos fúnebres serviram para os


frios do esposório, Preferira encontrar no céu o inimigo mas ferrenho,
a viver tal dia, Horácio. Meu pai! Às vezes julgo ver meu pai.”
(Hamlet, SHAKESPARE, p.23)

“MARCELO – Algo está a apodrecer na Dinamarca.” (Hamlet,


SHAKESPARE, p.38)

“FANTASMA – Acho que podes. Mias lerdo do que a espessa planta


que nas margens do Letes apodrece, se isso não te abalasse,
Escuta, Hamlet! Contaram que uma cobra me picara, quando, a
dormir, eu no jardim me achava. Assim, foi ludibriado todo o ouvido
da Dinamarca por uma notícia falsa de minha morte. Mas escuta,
nobre mancebo! A cobra que peçonha lançou na vida de teu pai,
agora cinge a coroa dele.” (Hamlet, SHAKESPARE, p.41)

“HAMLET – Está bem; depois me dirás o resto. Caro senhor, quereis


incumbir-vos da hospedagem destes atores? Mas tomai nota: que
sejam bem tratados, porque o são o espelho e a crônica resumida da
época. Ser-vos-ia preferível um ruim epitáfio depois de morto, a
andardes em vida difamados por eles.” (Hamlet, SHAKESPARE,
p.75)

“HAMLET – Ser ou não ser... Eis a questão. Que é mais nobre para
alma: suportar os dardos e arremessos do fado sempre adverso, ou
armar-se contra um mar de desventurar e dar-lhes fim tentando
resistir-lhes? Morrer... dormir... mais nada... Imaginar que um sono
põe remate aos sofrimentos do coração e aos golpes infinitos que
constituem a natural herança da carne, é solução para almejar-se.
Morrer.., dormir... dormir... Talvez sonhar... É aí que bate o ponto. O
não sabermos que sonhos poderá trazer o sono da morte, quando
alfim desenrolarmos toda meada mortal, nos põe suspensos. É essa
ideia que torna verdadeira calamidade a vida assim tão longa! Pois
quem suportaria o escárnio e os golpes do mundo, as injustiças dos
mais fortes, os maus-tratos dos tolos, a agonia do amor não

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retribuído, as leis amorosas, a implicância dos chefes e o desprezo
da inépcia contra o mérito paciente, se estivesse em suas mãos obter
sossego com um punhal? Que fardos levaria nesta vida cansada, a
suar, gemendo, se não por temer algo após a morte – terra
desconhecida cujo âmbito jamais ninguém voltou – que nos inibe a
vontade, fazendo que aceitemos os males conhecidos, sem
buscarmos refúgios noutros males ignorados? De todos faz covardes
a consciência. Desta arte o natural frescor de nossa resolução
definha sob a máscara do pensamento, e empresas momentosas se
desviam da meta diante dessas reflexões, e até o nome de ação
perdem. Mas, silêncio! Aí vem vindo a bela Ofélia. Em tuas orações,
ninfa, recorda-te de meus pecados.” (Hamlet, SHAKESPARE, p.82)

“HAMLET – Tem a bondade de dizer aquele trecho do jeito que eu


ensinei, com naturalidade. Se encheres a boca, como costumam
fazer muitos dos nossos atores, preferia ouvir os meus versos
recitados pelo pregoeiro público. Não te ponhas a serrar o ar com as
mãos, por que até mesmo na torrente e na tempestade, direi melhor,
no turbilhão das paixões, é de mister moderação para torna-las
maleáveis. Oh! Dói-me até ao fundo da alma ver um latagão de
cabeleira reduzir a frangalhos uma paixão, a verdadeiros trapos,
trovejar no ouvido dos assistentes, que, na maioria, só apreciam
barulho e pantomima sem significado. Dá gana de açoitar o indivíduo
que se põe a exagerar no papel de Termagante e que pretende ser
mais Herodes do que ele próprio. Por favor, evita isso.” (Hamlet,
SHAKESPARE, p.88)

“HAMLET – Também não é preciso ser mole demais; que a discrição


te sirva de guia; acomoda o gesto à palavra e a palavra ao gesto,
tendo sempre em mira não ultrapassar a modéstia da natureza,
porque o exagero é contrário aos propósitos da representação, cuja
finalidade sempre foi, e continuará sendo, como que apresentar o
espelho à natureza, mostrar à virtude suas próprias feições, à
ignomínia sua imagem e ao corpo e idade do tempo e impressão de
sua forma. O exagero ou o descuido, no ato de representar, podem
provocar riso aos ignorantes, mas causam enfado às pessoas
judiciosas, cuja censura deve pesar mais em tua apreciação do que
os aplausos de quantos enchem o teatro. Oh! Já vi serem
calorosamente elogiados atores que, para falar com certa
irreverência, nem na voz, nem no porte mostravam nada de cristãos,

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ou de pagãos, ou de homens sequer, e que de tal forma rugiam e se
pavoneavam, que eu ficava a imaginar terem sido eles criados por
algum aprendiz da natureza, e pessimamente criados, tão abominável
era a maneira por que imitavam a humanidade.” (Hamlet,
SHAKESPARE, p.89)

“O REI – Está podre o meu crime; o céu já o sente. A maldição


primeira pôs-lhe o estigma: fratricida. Rezar, não me é possível, muito
embora o pendor siga à vontade; a culpa imana vence o belo intento.
Tal como alguém que empreende dois negócios ao mesmo tempo,
mostro-me indeciso sobre qual inicie, acontecendo vir ambos a
perder. Se esta maldita mão de sangue fraterno se cobrisse, não
haveria chuva suficiente no céu, para deixa-la como a neve? Para
que serve a Graça, se não serve para enfrentar o rosto do pecado? E
a oração, não contem dupla virtude, de prevenir a queda e obter
completo perdão para os que caem? Alço os olhos. Meu crime já
passou. Mas, que modelo de oração servirá para o meu caso?
“Perdoai0me o crime monstruoso e horrendo?” Não pode ser, que me
acho, ainda de posse de quanto me levou a praticá-lo: o trono, meus
anelos e a rainha. Perdão alcança quem retêm o furto? Nos
processos corruptos deste mundo pode a justiça ser desviada pela
mão dourada do crime, muitas vezes o prêmio compra a lei; mas não
lá em cima, onde não valem manhas; o que processo não padece
artifícios, e até mesmo nos dentes e na fronte do delito teremos de
depor. Que ainda me resta? Tentar o que o arrependimento pode.
Oh! Como é poderoso! Mas que pode fazer com quem não sabe
arrepender-se? Terrível situação! Ó peito mais escuro do que a
morte! Ó alma viscosa, quanto mais te esforças, mais te sentes
enleada! Anjos, socorro! Dobra-te, joelho altivo! Coração de aço, fica
tão brando quanto os músculos de um recém-nato. Tudo talvez volte
a ser como era.“ (Hamlet, SHAKESPARE, p.110)

“HAMLET – Ação precipitada e sanguinária? Tão ruim, boa mãe,


quanto matar um rei e desposar o irmão do morto.” (Hamlet,
SHAKESPARE, p.114)

“PRIMEIRO COVEIRO – Poderá ser-lhe dada sepultura cristã, se foi


ela quem procurou a salvação?” (Hamlet, SHAKESPARE, p.156)

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“PRIMEIRO COVEIRO – Tu o disseste; é pena que neste mundo os
grandes tenham mais direito de se enforcarem e afogarem do que os
seus irmãos em Cristo. Dá-me a pá. Não há nobreza mais antiga do
que a dos jardineiros, dos abridores de fossas e dos coveiros; todos
exercem a profissão de Adão.” (Hamlet, SHAKESPARE, p.157)

PRIMEIRO COVEIRO – A lá fé, se já não começara a apodrecer em


vida, que hoje em dia há muitos bexiguentos que mal esperam pela
inumação, poderá durar-vos coisa de oito anos ou nove; um curtidor
demora nove anos.” (Hamlet, SHAKESPARE, p.165)

“HAMLET – Incestuoso assassino, Dinamarquês maldito, nenê, bebe


tua parte, também. Contém tua pérola? Vai, vai com minha mãe.”
(Hamlet, SHAKESPARE, p.188)

CLASSIFICAÇÃO DA OBRA: Teatro Elisabetano

ESTRUTURA DA OBRA

1° ATO
1º CENA
BERNARDO – Quem está aí?
2º CENA
O REI – Conquanto esteja fresca, ainda, a memória do traspasso de
Hamlet, o irmão saudoso, e chorá-lo devêssemos, contraindo toda a corte em
tristeza e sobrecenho: tanto a razão se impõe à natureza que com sábia tristura
o relembramos ao tempo em que pensamos em nós mesmos. (...)

3º CENA
LAERTES – Tudo o que é meu já se acha a bordo; adeus. (...)
4º CENA
HAMLET – Que vento forte! O frio é insuportável.
5º CENA
HAMLET – Para onde me conduzes? Não darei mais um passo.
2º ATO
1º CENA

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POLÔNIO – Reinaldo, dá a meu filho este dinheiro, juntamente com as
notas.
2º CENA
O REI – Bem-vindos, Rosencrantz e Guildenstern! (...)
3º ATO
1º CENA
O REI – Não tivestes ensejo, na conversa, de saber o que o pôs nessa
desordem que seus dias de calma tanto abala com demência inquieta e
perigosa?
2º CENA
HAMLET – Tem a bondade de dizer aquele trecho do jeito que eu
ensinei, com naturalidade. (...)
3º CENA
O REI – Não me agrada. (...)
4º CENA
POLÔNIO – Ele aí vem; repreendei-o asperamente; (...)
4º ATO
1º CENA
O REI – Devem ter uma causa esses suspiros. (...)
2º CENA
HAMLET – Está em lugar seguro.
3º CENA
O REI – Mandei chama-lo e procurar o corpo. (...)
4º CENA
FORTIMBRÁS – Saudai de minha parte a Dinamarca, acrescentando
que com sua licença Fortimbrás pede franco e livre trânsito por seu reino.
5º CENA
A RAINHA – Não quero falar a ela.
6º CENA
HORÁCIO – Quem quer falar comigo?
7º CENA
O REI – Vossa consciência, agora, me confirma quitação mais que
plena.
5º ATO

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1º CENA
PRIMEIRO COVEIRO – Poderá ser-lhe dada sepultura cristã, se foi ela
quem procurou a salvação?
2º CENA
HAMLET – Sobre esse assunto, é quanto basta; agora cuidemos do
outro. (...)
IDENTIFICAÇÃO DAS PERSONAGENS

CLÁUDIO – rei da Dinamarca


HAMLET – filho de defunto rei e sobrinho do rei reinante
FORTIMBRAS - príncipe da Noruega
HORÁCIO – amigo de Hamlet
POLÔNIO – camareiro-mor
LARTES – seu filho
VOLTIMANDO – cortesão
CÓRNELIO – cortesão
ROBENCRANTZ – cortesão
GUILDENSTERN – cortesão
OSRICO – de Pantaleão
Um Nobre
Um padre
BERNARDO – oficial
MARCELO – oficial
FRANCISCO – soldado
REINALDO – criado de Polônio
Um capitão
Embaixadores ingleses
Atores, coveiros
GERTRUDES – rainha da Dinamarca, mãe de Hamlet
OFÉLIA – filha de Polônio

Nobres, senhoras, oficias, soldados, marinheiros, mensageiros e criados

O fantasma do pai de Hamlet

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ANÁLISE CRÍTICA DA OBRA

Não acredito ser capaz de fazer uma análise crítica digna de tamanha
nota, porem cá estou a tentar. Acredito que nesta obra, um dos focos de
Shakespeare foi criticar a ética e a moral do homem de todas as maneiras
possíveis, e mesmo que seu contexto social fosse o renascimento – e com isto,
levemos em conta o humanismo e a ascensão do antropocentrismo - ele
consegue ir além. Mas vamos analisar por partes.

Logo de início, já reconhecemos as características da tragédia de


vingança do teatro elisabetano presentes na obra:

1ª) vingança é a principal ação da peça, temos que ver


o que a provoca, como ela é planejada e sua execução;
2ª) a vingança é a causa da catástrofe: não pode
aparecer depois da crise, tem de ser parte dela; 3ª)
normalmente mostra fantasma(s) exigindo vingança;
4ª) há hesitação na execução da vingança; 5ª) há
demora na execução, que não é repentina mas, sim,
longamente planejada; 6ª) aparecem elementos de
loucura real ou fingida e 7ª) a contra-intriga do
antagonista é forte, bem armada e recebe considerável
ênfase. (HELIODORA, 1998, p. 103).

Mesmo Hamlet sendo considerado um clássico, por conter todas as


questões éticas e sócias pertinentes até os dias de hoje, não podemos
esquecer de comentar que Shakespeare foi deveras criticado por diversos
autores no decorrer dos séculos, por sua obra ser extremamente longa
contendo: 4.042 linhas com 29.551 palavras, 73% delas em verso e 27% em
prosa, segundo o site educaterra.terra.com.br. Em vários sites encontramos
afirmações também de que Shakespeare nunca escreveu nada, isto é,
simplesmente juntava ou reescrevia algo que havia lido ou acontecido; não
seria diferente com Hamlet, também segundo o site educaterra.terra.com.br:

“A fonte original da história do príncipe dinamarquês


encontrou-se na Gesta Danorum, obra de Saxo
Gramaticus, (1150-1206), escrita em latim mas que
recebeu o título de Danish History, na edição inglesa de
1514. A versão que chegou nas mãos de Shakespeare

24
é de se supor que tenha sido a de Belleforest, intitulada
de Histoires Tragiques, de 1570. Coube ao bardo
alterar alguns aspectos do enredo e os nomes originais
dos personagens. No Hamlet de Shakespeare, por
exemplo, Fergon, o rei criminoso que mata o irmão
para ficar com o trono e a cunhada chama-se Cláudio;
o rei morto Horwendil passou a ser Hamlet-pai,
enquanto a rainha Gerutha tornou-se simplesmente
Gertudres. Amleth, o filho vingador, foi regrafado como
Hamlet (o mesmo nome que Shakespeare deu ao seu
filho Hamnet, que morreu na infância). Tudo indica que
a tragédia, que se passa no castelo de Elsenor, na
Dinamarca, era muito popular entre os escandinavos
em geral, havendo uma série de lendas dela derivada.
Acredita-se que mesmo na época de Shakespeare,
uma versão alemã da tragédia do príncipe dinamarquês
corria encenada pela Europa.”

Avançando em nossa analise, comecemo-nos a analisar os


personagens. Um dos personagens mais significantes da obra sem dúvidas é
Polônio, pai de Laertes e Ofélia, primeira morte da obra pelas mãos de Hamlet.
Para alguns autores, Polônio representava todo o povo, a classe baixa, ralé da
sociedade – e por esse motivo Hamlet não se importa em mata-lo, sendo
Polônio até comparado a um rato no momento de sua morte; já em outras
análises, Polônio representa uma das críticas de Shakespeare a política da
época, sendo o personagem uma sátira a William Cecil, conhecido como Lorde
Burghley, conselheiro-chefe de Isabel l da Inglaterra. Em todo caso, não
podemos negar que Polônio tinha sem dúvidas muito talento com a oratória,
porém, uma oratória chula e até entediante (numa cena a rainha tenta corta-lo)
que, particularmente, só se fez significativa no momento em que este
aconselha os filhos (a cena que Laertes embarca para Paris). Também
podemos considerar Polônio o homem das etiquetas, dos bons modos a se
portar na corte, dos valores reais da época.

Continuando, não se pode demorar mais para que adentremos uma


questão de extrema importância quando se analisa Hamlet: o complexo de
Édipo.

25
O complexo de Édipo é uma teoria (ou uma ferramenta de análise?)
criada por Freud para se analisar a obra. Segundo a o mestrado em letras de
Anaclécia Maria Santos:

“Quando a criança atinge o período sexual fálico


começa o descobrimento da diferença de sexos, então
toda atenção libidinosa volta-se para aqueles de sexo
oposto que fazem parte do ambiente em que a criança
está inserida, que é o seu ambiente familiar. Freud
baseou-se na tragédia de Sófocles, Édipo Rei,
chamando Complexo de Édipo à preferência velada do
filho pela mãe, acompanhada de uma aversão clara
pelo pai. Na peça (e na mitologia grega), Édipo matou
seu pai Laio e desposou a própria mãe, Jocasta. Após
descobrir que Jocasta era sua mãe, Édipo fura os seus
olhos e Jocasta comete suicídio. Várias abordagens
psicológicas são feitas por muitos psicólogos sobre o
complexo de Édipo. Segundo alguns autores essa
relação edipiana é assunto fundamental para a
psicanálise, para alguns é característico dos seres
humanos. Na verdade há uma contradição de
sentimentos no complexo de Édipo. Trata-se de um
amor à mãe e "ódio" ao pai fomentado nas figuras
parentais que estão mais presentes no mundo da
criança. É nesse momento que se faz a diferenciação
do sujeito em relação aos pais. Ou seja, a criança
deseja o pai ou a mãe alimentada pelo id.”

É pelo complexo de Édipo que muitos autores propõe um porquê de


Hamlet hesitar em matar o tio: seria, pois, este não se sentir capaz de matar
aquele que simplesmente deu vida aos seus desejos incestuosos. Como
poderia julga-lo sendo que ele mesmo, inconscientemente, já havia traído o pai
da mesma forma?

“Hamlet é capaz de fazer qualquer coisa - salvo vingar-


se do homem que eliminou seu pai e tomou o lugar
deste junto a sua mãe, o homem que lhe mostra os
desejos recalcados de sua própria infância, realizados.
Desse modo, o ódio que deveria impeli-lo à vingança é
nele substituído por auto recriminações, por escrúpulos

26
de consciência que o fazem lembrar que ele próprio,
literalmente, não é melhor do que o pecador a quem
deve punir. No Oedipus, a fantasia infantil imaginária
que subjaz ao texto é abertamente exposta e realizada,
como o seria num sonho. Em Hamlet, ela permanece
recalcada e - tal como no caso de uma neurose - só
ficamos cientes de sua existência através de suas
consequências inibidoras. ” FREUD.

Hamlet fica frustrado ao ver a mãe casada novamente tão depressa, mas não
em consideração ao pai, mas sim por si mesmo – de certo se imaginara ao
lado da mãe, recebendo todas as atenções, em diversos sentidos, e agora o
teria de dividir com o tio. Hamlet já demonstrava sua ira ao tio muito antes de
descobrir sobre tal homem ser o assassino de seu pai. O interessante é que no
decorrer da obra toda, Hamlet julga o quão depressa a mãe se casou, e o quão
errado foi o ato do tio, como se muito pior de ter matado o rei – coisa que,
segundo Freud, ele mesmo sonhava em fazer – foi ter se casado com a mãe.
No filme de 1990 da obra, podemos ver desde o início, se repararmos, a forma
em que o ator Mel Gibson observa e fala da mãe, interpretada por Glenn Close;
a pesquisa de criação do personagem por parte do ator já deixa claro o
complexo de édipo muito antes do espectador tomar conhecimento.

Para finalizarmos, há dois pontos mais que gostaria de ressaltar: a


crítica a corrupção e o antropocentrismo, por assim dizer, visíveis na obra. Pela
primeira vez numa obra, por mais que Hamlet tenha medo do Criador e que
Shakespeare fosse, possivelmente, um católico, todas as ações da peça são
pensadas e lógicas, por mais impulsivo que o personagem parecesse ser; pois
bem, em seus monólogos, notamos um Hamlet pensador, questionador – “Ser
ou não ser?” – tentando encontrar razão em seus atos. Planeja, como ninguém,
a trama para descobrir se seu tio era ou não culpado, e mais tarde, a caminho
da morte na Inglaterra, mata os velhos parceiros com tamanha genialidade que
alguns autores afirmam ser oriundas das leituras de Maquiavel por
Shakespeare. Demonstrando certo estoicismo, Hamlet nos demonstra ser um
homem da consciência brutal, da ordem e da melancolia. Por falar em
melancolia, não podemos deixar de citar aqui como o jovem Hamlet tem uma
luta eterna durante toda a obra em relação a seu possível pecado, sua alma, a

27
questão de morrer ou viver, o “amor” por Ofélia, pela mãe, pelo pai... o quão
solitário, melancólico e sozinha é/está, o quanto não pode confiar em
ninguém... “pobre homem que vê nos outros o problema de tudo, e não
enxerga a si mesmo.”

Quando Shakespeare afirma que “há algo de podre na Dinamarca”,


podemos entender ali uma crítica a toda e qualquer forma de corrupção. A
mudança de um governo não muda sua estrutura, ou seja: mudou-se o rei, e
continuou-se a corrupção, uma vez que tal rei chegou ao trono de forma
ilegítima.

AVALIAÇÃO DA OBRA

Uma obra de difícil entendimento, provavelmente terei de ler mais


algumas milhões de vezes para que talvez comece a captar as suas diversas
mensagens... porém, já consigo minimamente entender certos pontos, algumas
analises e algumas mensagens, e esse pouco, já me fascinou. Acredito ser
uma das obras mais incríveis já escritas, mesmo que sua origem seja um
mistério para toda a humanidade. As milhões de interpretações e de segredos
em suas entrelinhas são um convite para que não paremos nunca de analisa-
la, questiona-la, enfim, dialogar com a obra, não importando quando tempo se
passe desde sua concepção.

DATA DE LEITURA

INÍCIO: 17/10/2016 - 14h00m


TÉRMINO: 20/10/2016 - 18h40m

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS

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 http://setelagoas.com.br/component/content/article?id=3293:william-
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 ANÁLISE DE ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DA PERSONAGEM HAMLET DA PEÇA
HOMÔNIMA DE WILLIAM SHAKESPEARE – Valdomiro Polidório

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