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TATUÍ - SP
2016
1
ASSOCIAÇÃO DE AMIGOS DO CONSERVATÓRIO DE TATUÍ
A MEGERA DOMADA
HAMLET
WILLIAM SHAKESPEARE
TATUÍ - SP
2
INFORMAÇÕES SOBRE O AUTOR
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Mary Arden, filha de um rico proprietário de terras. Muitos concordam que
William foi educado em uma excelente grammar schools da época, um tipo de
preparação para a Universidade. No entanto, Park Honan conta, em
Shakespeare, uma vida que John foi obrigado a tirá-lo desta escola, quando
William deveria ter quinze ou dezesseis anos (algumas fontes citam doze
anos). Na década de 1570, John passou a ter um declínio econômico que o
impossibilitou junto aos credores e teve um desagradável descenso da
sociedade. Acredita-se que, por causa disso, logo o jovem Shakespeare
possuiu uma formação colegial incompleta. Segundo certos biógrafos,
Shakespeare precisou trabalhar cedo para ajudar a família, aprendendo,
inclusive, a tarefa de esquartejar bois e até abater carneiros.
Com 18 anos, casa-se com a aldeã Anne Hathaway, oito anos mais
velha que ele. Suas dificuldades financeiras se agravaram com o nascimento
da filha Susanna, e em seguida dos gêmeos, Hamnet e Judith. Após o
nascimento dos gêmeos, há pouquíssimos vestígios históricos a respeito de
Shakespeare, até que ele é mencionado como parte da cena teatral de Londres
em 1592. Devido a isso, estudiosos referem-se aos anos 1585 e 1592 como os
Anos perdidos de Shakespeare. As tentativas de explicar por onde andou
William Shakespeare durante esses seis anos, foi o motivo pelo qual surgiram
dezenas de anedotas envolvendo o dramaturgo. Nicholagas Rowe, o primeiro
biógrafo de Shakespeare, conta que ele fugiu de Stratford para Londres devido
a uma acusação envolvendo o assassinato de um veado numa caça furtiva, em
propriedade alheia (provavelmente de Thomas Lucy). Outra história do século
XVIII é a de que Shakespeare começou uma carreira teatral com os Lord
Chamberlains. No ano de 1591 (alguns sites afirmam o ano de 1586, outros de
1588) foi morar na cidade de Londres (abandonando sua família) em busca de
oportunidades na área cultural, onde se emprega como guardador de cavalos
na porta do teatro. Logo estava prestando serviços nos bastidores, copiando
peças ou representando pequenos papeis.
Começa a escrever sua primeira peça, "Comédia dos Erros", no ano de
1590, e termina quatro anos depois. Nesta época escreveu aproximadamente
150 sonetos. Embora seus sonetos sejam até hoje considerados os mais lindos
de todos os tempos, por explorar todos os aspectos do amor, foi na
dramaturgia que ganhou destaque. Em 1592, ele já havia adquirido sucesso
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como ator e dramaturgo. Contudo, eram suas poesias - e não suas peças - que
eram aclamadas pelo público. Isto ocorreu devido ao fato de, entre 1592 e
1594, durante 21 meses, os teatros permaneceram fechados por consequência
da peste. Seus dois poemas que foram publicados são Vênus e Adônis em
1593, e O Rapto de Lucrécia em 1594. Estes dois poemas e seus Sonetos
(1609) trouxeram-lhe reconhecimento como poeta. Nessa época, período do
reinado de Elizabeth I, Londres vivia uma intensa atividade artística.
Shakespeare estudou muito e leu autores clássicos, novelas, contos e
crônicas, que foram fundamentais para sua formação de dramaturgo.
No ano de 1594, entrou para a Companhia teatral Lord Chamberlain’s
Men, depois consagrada como King’s Men, que possuía um excelente teatro
em Londres. Passou a ser o copista oficial da companhia, representava e
adaptava peças de autores anônimos. Os dois mais célebres dramaturgos do
período, Christopher Marlowe (1564-1593) e Thomas Kyd (1558-1594),
respectivamente autores de Tamburlaine, the Jew of Malta (Tamburlaine, o
judeu de Malta) e Spanish Tragedy (Tragédia espanhola), morreram por esta
época, e Shakespeare encontrava-se pela primeira vez sem rival. Neste
período, o contexto histórico favorecia o desenvolvimento cultural e artístico,
pois a Inglaterra vivia os tempos de ouro sob o reinado da rainha Elizabeth I.
O teatro deste período, conhecido como teatro elisabetano, foi de grande
importância. Os teatros de madeira elisabetanos eram construções simples, a
céu aberto, com um palco que se projetava à frente, em volta do qual se punha
a plateia, de pé. Ao fundo, havia duas portas, pelas quais atores entravam e
saíam. Acima, uma sacada, que era usada quando se tornava necessário
mostrar uma cena que se passasse em uma ambientação secundária. Não
havia cenário, o que abria toda uma gama de versáteis possibilidades, já que,
sem cortina, a peça começava quando entrava o primeiro ator e terminava à
saída do último, e simples objetos e peças de vestuário desempenhavam
importantes funções para localizar a história. As ações se passavam muito
rápido. Devido à proximidade com o público, trejeitos e expressões dos atores
(todos homens) podiam ser facilmente apreciados. As companhias teatrais
eram formadas por dez a quinze membros e funcionavam como cooperativas:
todos recebiam participações nos lucros. Escrevia-se, portanto, tendo em
mente cada integrante da companhia.
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Em 1594, Shakespeare já havia escrito as três partes de Henry VI,
Richard III, Titus Andronicus, The Two Gentleman of Verona (Dois cavalheiros
de Verona), Love’s Labour’s Lost (Trabalhos de amor perdidos), The Comedy
of Errors (A comédia dos erros) e The Taming of the Shrew (A megera
domada). Em 1596, morreu o único filho homem de Shakespeare, Hamnet.
Logo em seguida, ele escreveu a primeira das suas peças mais famosas,
Romeo and Juliet, à qual seguiram-se A Midsummer’s Night Dream (Sonho de
uma noite de verão), Richard II e The Merchant of Venice (O mercador de
Veneza). Henry IV, na qual aparece Falstaff, seu mais famoso personagem
cômico, foi escrita entre 1597-1598. No Natal de 1598, a companhia construiu
uma nova casa de espetáculos na margem sul do Tâmisa. Os custos foram
divididos pelos diretores da companhia, entre os quais Shakespeare, que
deveria ter já alguma fortuna. Nascia o Globe Theatre. Também é de 1598 o
reconhecimento de Shakespeare como o mais importante dramaturgo de língua
inglesa: suas peças, além de atraírem milhares de espectadores para os
teatros de madeira, eram impressas e vendidas sob a forma de livro – às vezes
até mesmo pirateados. Seguiram-se Henry V, As You Like It (Como gostais),
Jules César – a primeira das suas tragédias da maturidade –, Troilus and
Cressida, The Merry Wives of Windsor (As alegres matronas de Windsor),
Hamlet e Twelfth Night (Noite de Reis). Shakespeare escreveu a maior parte
dos papéis principais de suas tragédias para Richard Burbage, sócio e ator,
que primeiro se destacou com Richard III.
Em março de 1603, morreu a rainha Elizabeth. A companhia havia
encenado diversas peças para ela, mas seu sucessor, o rei James, contratou-a
em caráter permanente, e ela tornou-se conhecida como King’s Men – Homens
do Rei. Eles encenaram diversas vezes na corte e prosperaram
financeiramente. Seguiram-se All’s Well that Ends Well (Bem está o que bem
acaba) e Measure for Measure (Medida por medida), suas comédias mais
sombrias, Othello, Macbeth, King Lear, Anthony and Cleopatra e Coriolanus. A
partir de 1601 Shakespeare escreveu menos. Em 1608, a King’s Men comprou
uma segunda casa de espetáculos, um teatro privado e fechado em Blackfriars.
Nesses teatros privados, as peças eram encenadas em ambientes fechados, o
ingresso custava mais do que nas casas públicas de espetáculos, e o público,
consequentemente, era mais seleto. Parece ter sido nessa época que
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Shakespeare aposentou-se dos palcos: seu nome não aparece nas listas de
atores a partir de 1607.
Rowe foi o primeiro biógrafo a dizer que Shakespeare teria voltado para
Stratford algum tempo antes de sua morte. Suas atuações trouxeram-lhe
riqueza, mas a aposentadoria de todo o trabalho era rara naquela época;
Shakespeare não publicava suas peças, já que a dramaturgia não era bem
paga. Na época, não havia direitos autorais. Shakespeare pretendia que suas
peças fossem representadas em vez de publicadas. Com o dinheiro adquirido
na companhia teatral, tornou-se rico e continuou a visitar Londres. Por volta de
1611, ele aposentou-se em Stratford, sua cidade natal, local onde havia
estabelecido sua família; em Stratford era considerado um dos mais ilustres
cidadãos, comprou uma casa e muitas outras propriedades, tais como hectares
de terras férteis e uma casa em Londres. Escreveu então quatro tragicomédias,
subgênero que começava a ganhar espaço: Péricles, Cymbeline, The Winter’s
Tale (Conto de inverno) e The Tempest (A tempestade), sendo que esta última
foi encenada na corte em 1613. Em 1612, foi chamado como testemunha em
um processo judicial relativo ao casamento de sua filha Mary. Em março de
1613, comprou uma gatehouse no priorado de Blackfriars; a partir de novembro
de 1614, ficou várias semanas em Londres ao lado de seu genro John Hall.
Morreu em 23 de abril de 1616, no mesmo mês e dia tradicionalmente
atribuídos como sendo de seu nascimento. Susanna havia se casado com um
médico, John Hall, em 1607, e Judith tinha se casado com Thomas Quiney, um
vinificador, dois meses antes da morte do pai. A morte de Shakespeare envolve
mistério ainda hoje. No entanto, é óbvio que existem diversas anedotas. A que
mais se propagou é a de que Shakespeare estaria com uma forte febre,
causada pela embriaguez. Recebendo a visita de Ben Jonson e de Michael
Drayton, Shakespeare bebeu demais e, segundo diversos biógrafos, seu
estado se agravou.
Bom amigo, por Jesus, abstém-te
de profanar o corpo aqui enterrado.
Bendito seja o homem que respeite estas pedras,
e maldito o que remover meus ossos.
Epitáfio na tumba de Shakespeare
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Admite-se que Shakespeare deixou como herança sua segunda melhor
cama para a esposa. Em sua vontade, ele deixou a maior parte de sua
propriedade à sua filha mais velha, Susanna. Essa herança intriga biógrafos e
estudiosos porque, afinal, como Anne Hathaway aguentaria viver mais ou
menos vinte anos cuidando de seus filhos, enquanto Shakespeare fazia fortuna
em Londres? O escritor inglês Anthony Burgess tem uma explicação ficcional
sobre esse assunto. Em Nada como o Sol, um livro de sua autoria, ele cita
Shakespeare espantado em um quarto diante de seu irmão Richard e de sua
esposa Anne; estavam nus e abraçados.
Os restos mortais de Shakespeare foram sepultados na igreja da
Santíssima Trindade (Holy Trinity Church) em Stratford-upon-Avon. Seu túmulo
mostra uma estátua vibrante, em pose de literário, mais vivo do que nunca. A
cado ano, na comemoração de seu nascimento, é colocada uma nova pena de
ave na mão direita de sua estátua. Acredita-se que Shakespeare temia o
costume de sua época, em que provavelmente havia a necessidade de
esvaziar as mais antigas sepulturas para abrir espaços à novas e, por isso, há
um epitáfio na sua lápide, que anuncia a maldição de quem mover seus ossos.
Os eruditos costumam anotar quatro períodos na carreira de dramaturgia
de Shakespeare. Até meados de 1590, escreveu principalmente comédias,
influenciado por modelos das peças romanas e italianas. O segundo período
iniciou-se aproximadamente em 1595, com a tragédia Romeu e Julieta e
terminou com A Tragédia de Júlio César, em 1599. Durante esse tempo,
escreveu o que são consideradas suas grandes comédias e histórias. De 1600
a 1608, o que chamam de "período sombrio", Shakespeare escreveu suas mais
prestigiadas tragédias: Hamlet, Rei Lear e Macbeth. E de aproximadamente
1608 a 1613, escrevera principalmente tragicomédias e romances.
Em suas obras, Shakespeare teve o dom de captar com igual maestria
as paixões mais turbulentas e os sentimentos mais puros, a mais rica alegria e
o mais penoso desespero. Foi magistral o traço dos personagens que
povoaram seu mundo. De Romeu e Julieta fez a personificação do amor
irrealizado. De Otelo, o protótipo do ciumento. Do Mercador de Veneza, o
usuário materialista por excelência. De Macbeth, o resumo da ambição e do
remorso, sendo considerada a obra mais trágica do autor. A fase das tragédias
sérias e maduras é a mais importante na carreira de Shakespeare. Hamlet,
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embora criticada por muitos da época, é considerada sua maior criação. O
enredo encarna o dilema do homem de intensa vida espiritual, que busca a
essência das coisas enquanto é obrigado a tomar uma atitude decisiva. William
Shakespeare juntou em sua obra, aspectos e características do estilo de vida
inglês. As citações conhecidas da cultura anglo-saxônica e os folclores antigos
foram incrementados de forma organizada, num estilo peculiar. Seus textos
fizeram e ainda fazem sucesso, pois tratam de temas próprios dos seres
humanos, independentemente do tempo histórico. Amor, relacionamentos
afetivos, sentimentos, questões sociais, temas políticos e outros assuntos,
relacionados a condição humana, são constantes nas obras deste escritor.
Suas peças foram encenadas pela Europa inteira, influenciando outros
dramaturgos, inclusive, sobrepondo-se ao teatro francês, alemão e italiano.
PRINCIPAIS OBRAS
Comédias
Tragédias
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Tito Andrônico
Romeu e Julieta
Júlio César
Macbeth
Antônio e Cleópatra
Coriolano
Timão de Atenas
Rei Lear
Otelo, o Mouro de Veneza
Hamlet
Tróilo e Créssida
A Tempestade
Dramas históricos
Rei João
Ricardo II
Ricardo III
Henrique IV, Parte 1
Henrique IV, Parte 2
Henrique V
Henrique VI, Parte 1
Henrique VI, Parte 2
Henrique VI, Parte 3
Henrique VIII
Eduardo III
A MEGERA DOMADA
CONTEÚDO DA OBRA
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O problema é que Catarina possui um gênio forte, é grosseira e sem
farpas na língua; “uma diaba!” é sua reputação em Pádua.
EDITORA
CITAÇÕES PERTINENTES
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quanto pedir o estômago, servi-vos de matemática ou de metafísica.
Onde não há prazer não há proveito. Em resumo, senhor: é
aconselhável estudar o que mais vos for do agrado.” (A Megera
Domada, SHAKESPEARE, p.23)
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ESTRUTURA DA OBRA
INTRODUÇÃO
1º CENA
SLY – Hei de vos dar uma tunda, palavra de honra.
2º CENA
SLY – Pelo o amor de Deus, uma caneca de cerveja fina.
1º ATO
1º CENA
LUCÊNCIO – Trânio, bem sabes que por teus desejos de ver a bela
Pádua, ama das artes, vim visitar a fértil Lombardia, agradável jardim da
grande Itália. (...)
2º CENA
PETRUCCHIO – Verona, adeus por uns momentos; quero ver em Pádua
uns amigos, e entre todos o mui querido e dedicado Hortênsio. Sua casa é esta
aqui, se não me engano. Grímio, maroto, bate! Estou mandando.
2º ATO
1º CENA
BIANCA – Querida irmã, não me façais a injúria, nem a vós mesma, de
tratar-me como criada ou baixa escrava. (...)
3º ATO
1º CENA
LUCÊNCIO – Rabequista, parai; sois muito ousado. Já não vos lembra,
acaso, o acolhimento que vos fez sua mana Catarina?
2º CENA
BATISTA – Hoje é o dia das núpcias de Petrucchio com Catarina, meu
senhor Lucêncio; mas não temos notícia do meu genro. (...)
3º ATO
1º CENA
GRÚMIO – A peste que carregue todos os cavalos aguados, os patrões
loucos e os caminhos intransitáveis!
2º CENA
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TRÂNIO – Será possível, caro amigo Lício, que outro, que não Lucêncio,
possa o afeto vir alcançar da senhorita Bianca? (...)
3º CENA
GRÚMIO – Não, não me atrevo. Não; por minha vida.
4º CENA
TRÂNIO – Está é a casa, senhor. Posso bater?
5º CENA
PETRUCCHIO – Depressa, pelo céu! Vamos à casa de vosso pai, de
novo. Oh Deus bondoso! Como brilha no céu a lua amiga!
5º ATO
1º CENA
BIONDELLO – Com jeito e bem depressa, senhor, porque o padra já
está à espera.
2º CENA
LUCÊNCIO – Até que enfim as notas dissonantes acordes se tornaram.
IDENTIFICAÇÃO DAS PERSONAGENS
UM NOBRE
CRISTÓVÃO SLY – caldeireiro
BATISTA – rico gentil-homem de Pádua
VICÊNCIO – velho gentil-homem de Pisa
LUCÊNCIO – filho de Vicêncio, apaixonado de Bianca
PETRUCCHIO – gentil-homem de Verona, pretendente de Catarina
GRÊMIO
HORTÊNSIO
TRÂNIO
BIONDELLO
GRÚMIO
CURTIS
Um professor, preparado para fazer o papel de Vicêncio
CATARINA – a megera
BIANCA
VIÚVA
Alfaiate, lojista e criados a serviço de Batista e de Petrucchio
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HOTELEIRA, PAJEM, ATORES, CAÇADORES E CRIADOS
Com todas as obras que tenho lido, os seminários que venho assistido e,
bom, tudo que aprendi no decorrer desse um ano, posso afirmar que toda obra
teatral sempre beberá de certas fontes: a histórica, isto é, de tempos em
tempos repetimos modelos passados da forma de se pensar/fazer teatro; de
seu contexto social. Partindo da segunda fonte, olhemos para o período
histórico em que Shakespeare está inserido: pela primeira vez, uma mulher
governa a Inglaterra, e mais que isso, com excelência raríssima vista; Elizabeth
I fez um reinado esplendido, onde a arte foi muito patrocinada e admirada.
Catarina reflete as mulheres da época (muitas consideradas bruxas,
queimadas na santa inquisição): gênio forte, questionando o poder dos
homens, contrariando-os, uma mulher que se impõe de fato, enquanto a irmã
Bianca representa o padrão e esperado, sendo gentil, doce e obediente.
15
para manter-te, submete seu corpo a trabalho penoso
seja em terra ou no mar. Sofrendo a tempestade à
noite, de dia o frio, enquanto dormes no teu leito
morno, salva e segura[...]” (Shakespeare, 1998 - pág.
129) Como sabemos, Petrúquio fez tudo
contrariamente do que Catarina enalteceu. Portanto, o
intuito de Catarina é mostrar à Petrúquio o papel do
homem na sociedade (Feitosa, 2008), assim como
tantas vezes foi imposto a ela o papel da mulher na
sociedade. Dessa forma, Catarina diz disfarçadamente
que Petrúquio também não fazia parte dos padrões
renascentistas.”
AVALIAÇÃO DA OBRA
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lhe que acredita ser amor não correspondido, nesse caso, de Ofélia, sua filha.
Polônio consegue convencer a filha a ir a procura de Hamlet, que a rejeita.
Hamlet, sem saber se o tio era de fato culpado, arma um plano para
descobrir se a culpa da tia procedia; quando descobre que sim, faz de tudo
para tentar mata-lo, onde comete um grande erro: acaba matando Polônio por
engano. Ofélia, arrasada, fica insana, andando pelo castelo a declamar
poesias.
EDITORA
CITAÇÕES PERTINENTES
17
secassem de seus olhos tumefeitos estar ela casada! Oh! Pressa
iníqua de subir para o tálamo incestuoso! Não pode acabar bem...
Mas despedaça-te, coração; é mister ficar calado.” (Hamlet,
SHAKESPARE, p.21)
“HAMLET – Ser ou não ser... Eis a questão. Que é mais nobre para
alma: suportar os dardos e arremessos do fado sempre adverso, ou
armar-se contra um mar de desventurar e dar-lhes fim tentando
resistir-lhes? Morrer... dormir... mais nada... Imaginar que um sono
põe remate aos sofrimentos do coração e aos golpes infinitos que
constituem a natural herança da carne, é solução para almejar-se.
Morrer.., dormir... dormir... Talvez sonhar... É aí que bate o ponto. O
não sabermos que sonhos poderá trazer o sono da morte, quando
alfim desenrolarmos toda meada mortal, nos põe suspensos. É essa
ideia que torna verdadeira calamidade a vida assim tão longa! Pois
quem suportaria o escárnio e os golpes do mundo, as injustiças dos
mais fortes, os maus-tratos dos tolos, a agonia do amor não
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retribuído, as leis amorosas, a implicância dos chefes e o desprezo
da inépcia contra o mérito paciente, se estivesse em suas mãos obter
sossego com um punhal? Que fardos levaria nesta vida cansada, a
suar, gemendo, se não por temer algo após a morte – terra
desconhecida cujo âmbito jamais ninguém voltou – que nos inibe a
vontade, fazendo que aceitemos os males conhecidos, sem
buscarmos refúgios noutros males ignorados? De todos faz covardes
a consciência. Desta arte o natural frescor de nossa resolução
definha sob a máscara do pensamento, e empresas momentosas se
desviam da meta diante dessas reflexões, e até o nome de ação
perdem. Mas, silêncio! Aí vem vindo a bela Ofélia. Em tuas orações,
ninfa, recorda-te de meus pecados.” (Hamlet, SHAKESPARE, p.82)
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ou de pagãos, ou de homens sequer, e que de tal forma rugiam e se
pavoneavam, que eu ficava a imaginar terem sido eles criados por
algum aprendiz da natureza, e pessimamente criados, tão abominável
era a maneira por que imitavam a humanidade.” (Hamlet,
SHAKESPARE, p.89)
20
“PRIMEIRO COVEIRO – Tu o disseste; é pena que neste mundo os
grandes tenham mais direito de se enforcarem e afogarem do que os
seus irmãos em Cristo. Dá-me a pá. Não há nobreza mais antiga do
que a dos jardineiros, dos abridores de fossas e dos coveiros; todos
exercem a profissão de Adão.” (Hamlet, SHAKESPARE, p.157)
ESTRUTURA DA OBRA
1° ATO
1º CENA
BERNARDO – Quem está aí?
2º CENA
O REI – Conquanto esteja fresca, ainda, a memória do traspasso de
Hamlet, o irmão saudoso, e chorá-lo devêssemos, contraindo toda a corte em
tristeza e sobrecenho: tanto a razão se impõe à natureza que com sábia tristura
o relembramos ao tempo em que pensamos em nós mesmos. (...)
3º CENA
LAERTES – Tudo o que é meu já se acha a bordo; adeus. (...)
4º CENA
HAMLET – Que vento forte! O frio é insuportável.
5º CENA
HAMLET – Para onde me conduzes? Não darei mais um passo.
2º ATO
1º CENA
21
POLÔNIO – Reinaldo, dá a meu filho este dinheiro, juntamente com as
notas.
2º CENA
O REI – Bem-vindos, Rosencrantz e Guildenstern! (...)
3º ATO
1º CENA
O REI – Não tivestes ensejo, na conversa, de saber o que o pôs nessa
desordem que seus dias de calma tanto abala com demência inquieta e
perigosa?
2º CENA
HAMLET – Tem a bondade de dizer aquele trecho do jeito que eu
ensinei, com naturalidade. (...)
3º CENA
O REI – Não me agrada. (...)
4º CENA
POLÔNIO – Ele aí vem; repreendei-o asperamente; (...)
4º ATO
1º CENA
O REI – Devem ter uma causa esses suspiros. (...)
2º CENA
HAMLET – Está em lugar seguro.
3º CENA
O REI – Mandei chama-lo e procurar o corpo. (...)
4º CENA
FORTIMBRÁS – Saudai de minha parte a Dinamarca, acrescentando
que com sua licença Fortimbrás pede franco e livre trânsito por seu reino.
5º CENA
A RAINHA – Não quero falar a ela.
6º CENA
HORÁCIO – Quem quer falar comigo?
7º CENA
O REI – Vossa consciência, agora, me confirma quitação mais que
plena.
5º ATO
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1º CENA
PRIMEIRO COVEIRO – Poderá ser-lhe dada sepultura cristã, se foi ela
quem procurou a salvação?
2º CENA
HAMLET – Sobre esse assunto, é quanto basta; agora cuidemos do
outro. (...)
IDENTIFICAÇÃO DAS PERSONAGENS
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ANÁLISE CRÍTICA DA OBRA
Não acredito ser capaz de fazer uma análise crítica digna de tamanha
nota, porem cá estou a tentar. Acredito que nesta obra, um dos focos de
Shakespeare foi criticar a ética e a moral do homem de todas as maneiras
possíveis, e mesmo que seu contexto social fosse o renascimento – e com isto,
levemos em conta o humanismo e a ascensão do antropocentrismo - ele
consegue ir além. Mas vamos analisar por partes.
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é de se supor que tenha sido a de Belleforest, intitulada
de Histoires Tragiques, de 1570. Coube ao bardo
alterar alguns aspectos do enredo e os nomes originais
dos personagens. No Hamlet de Shakespeare, por
exemplo, Fergon, o rei criminoso que mata o irmão
para ficar com o trono e a cunhada chama-se Cláudio;
o rei morto Horwendil passou a ser Hamlet-pai,
enquanto a rainha Gerutha tornou-se simplesmente
Gertudres. Amleth, o filho vingador, foi regrafado como
Hamlet (o mesmo nome que Shakespeare deu ao seu
filho Hamnet, que morreu na infância). Tudo indica que
a tragédia, que se passa no castelo de Elsenor, na
Dinamarca, era muito popular entre os escandinavos
em geral, havendo uma série de lendas dela derivada.
Acredita-se que mesmo na época de Shakespeare,
uma versão alemã da tragédia do príncipe dinamarquês
corria encenada pela Europa.”
25
O complexo de Édipo é uma teoria (ou uma ferramenta de análise?)
criada por Freud para se analisar a obra. Segundo a o mestrado em letras de
Anaclécia Maria Santos:
26
de consciência que o fazem lembrar que ele próprio,
literalmente, não é melhor do que o pecador a quem
deve punir. No Oedipus, a fantasia infantil imaginária
que subjaz ao texto é abertamente exposta e realizada,
como o seria num sonho. Em Hamlet, ela permanece
recalcada e - tal como no caso de uma neurose - só
ficamos cientes de sua existência através de suas
consequências inibidoras. ” FREUD.
Hamlet fica frustrado ao ver a mãe casada novamente tão depressa, mas não
em consideração ao pai, mas sim por si mesmo – de certo se imaginara ao
lado da mãe, recebendo todas as atenções, em diversos sentidos, e agora o
teria de dividir com o tio. Hamlet já demonstrava sua ira ao tio muito antes de
descobrir sobre tal homem ser o assassino de seu pai. O interessante é que no
decorrer da obra toda, Hamlet julga o quão depressa a mãe se casou, e o quão
errado foi o ato do tio, como se muito pior de ter matado o rei – coisa que,
segundo Freud, ele mesmo sonhava em fazer – foi ter se casado com a mãe.
No filme de 1990 da obra, podemos ver desde o início, se repararmos, a forma
em que o ator Mel Gibson observa e fala da mãe, interpretada por Glenn Close;
a pesquisa de criação do personagem por parte do ator já deixa claro o
complexo de édipo muito antes do espectador tomar conhecimento.
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questão de morrer ou viver, o “amor” por Ofélia, pela mãe, pelo pai... o quão
solitário, melancólico e sozinha é/está, o quanto não pode confiar em
ninguém... “pobre homem que vê nos outros o problema de tudo, e não
enxerga a si mesmo.”
AVALIAÇÃO DA OBRA
DATA DE LEITURA
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ANÁLISE DE ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DA PERSONAGEM HAMLET DA PEÇA
HOMÔNIMA DE WILLIAM SHAKESPEARE – Valdomiro Polidório
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