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O presente estudo visa fazer uma singela apresentação do livro Bom dia
camaradas, do escritor angolano Ondjaki publicado pela primeira vez em dezembro de
2000, pelas Edições Chá de Caxinde, na coleção Independência.
No curso deste trabalho, nosso objetivo será o de proceder a uma breve biografia
do autor; a uma análise do romance, levando em consideração o gênero literário
escolhido pelo escritor e os elementos que marcam a narrativa, bem como uma breve
contextualização do panorama histórico-político de Angola, para a compreensão do
ambiente onde se passam as aventuras do menino Ndalu, personagem principal da
história.
O livro
A Angola de Ndalu
O autor
Considerações finais
Apesar de ser possível identificar em Bom dia camaradas vários elementos que
caracterizam um Bildungsroman, tais como: a capacidade do protagonista de, sendo
agente, objeto e destinatário da ação, contruir sua identidade, em integração com o
mundo e a narrativa muito próxima da autobiografia mantendo, contudo, o cunho
ficcional, há no livro uma situação diferente das que, em geral, ocorrem nos romances
de aprendizagem: aqui, não há habitual deslocamento do protagonista, o afastamento de
casa, onde ele vai passar por toda sorte de aventuras e desventuras, que servirão para
moldar seu caráter e trazê-lo de volta à casa, já um pouco mais amadurecido e pronto
para assumir seu lugar na sociedade.
O tom alegre, coloquial e quase naive da narrativa de Ondjaki deixa no leitor uma
sensação de que, apesar do cenário conturbado da guerra civil que acontecia em Angola
no período em que se passa ação do livro, Ndalu é um menino que não perde a
meninice. Ele vive “aventuras” condizentes aos garotos de sua idade, tem uma vida
familiar tranquila, cria laços com os professores cubanos e se entristece com a partida
compulsória deles, uma vez que por razões políticas, Cuba chama de volta seus
cidadãos que estavam destacados em Angola. A visita da tia que mora em Portugal
desperta nela a natural curiosidade dos meninos em relação às diferenças na vida
cotidiana dos dois países; o primeiro sentimento de perda real com a morte do camarada
António, que era, em alguma medida, o referencial para o conhecimento de uma Angola
anterior à independência, que ele não teve contato dada a sua idade. Ondjaki relata, com
intimidade de quem conheceu a vida em Luanda nos anos 80/90 e com excelente senso
de humor e simplicidade, cenas da vida diária do menino e de suas relações
interpessoais.
Ao longo de quase todo o livro, o menino não é nomeado. Somente uma vez, e lá
pelo fim do livro é que se menciona, quase que de “raspão”, o nome Ndalu. E o leitor
desavisado que, por acaso não conheça o autor e muito menos tenha conhecimento de
que Ondjaki, que significa “aquele que enfrenta desafios”, é o pseudónimo de Ndalu de
Almeida só se dará conta da dimensão autobiográfica do livro, quando obtiver mais
informações a respeito do autor.
Ao fim e ao cabo Bom dia camaradas proporciona uma leitura muito interessante,
leve e divertida, apesar de reduzida, do universo cotidiano das crianças de classe média
de Luanda, bem como aspetos da vida social e política percebidos através das lentes
infantis de Ndalu e seus amigos nos anos 80/90.
Referências
Ondjak. (2003).Bom dia camaradas. Lisboa. Editorial Caminho.
Recursos eletrônicos
Borhz, J. (2013). Independência e poesia: Angola em Bom dia camaradas, de Ondjaki.
Revista Crátilo, 6 (1), 38-45
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Rosa, J.S. (2012). Entre a ficção e a realidade: Bom dia camaradas e a esperança de dias
melhores através do olhar infantil. Ao Pé da Letra. Revista dos alunos de
graduação em Letras, volume 14.2, 67-76
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