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Unidade 2 – A diversidade sociocultural e o mundo

indígena

Apresentação

TXAI!

É com essa saudação que abrimos esta segunda unidade do nosso módulo.

No início dos anos 1990, o cantor e compositor Milton Nascimento viajou pelas
terras amazônicas do Acre, região habitada pelos índios Kaxinawá e, a partir
dessa expedição, produziu um disco mesclando cantos de várias tribos
indígenas com suas próprias canções, numa bela homenagem aos “povos da
floresta”. Milton deu a esse seu trabalho o título de “TXAI” – palavra da língua
Kaxinawá, usada também pelos caboclos amazônicos, que significa: “Mais que
amigo, mais que irmão. A metade de mim que habita em você, a metade de
você que habita em mim”. Vejam como uma palavra de apenas 4 letras
sintetiza, no mundo indígena, a ideia de que eles reconhecem que existem
diferenças entre os indivíduos, como entre eu e você, mas que, acima das
nossas diferenças, todos temos algo em comum: nossa condição humana.
Apesar das nossas particularidades, somos todos, igualmente, seres humanos.

É o que Txai representa e, para ouvi-la clique no ícone a seguir.

Clique aqui

Como foi apresentado no tópico anterior, destacamos a necessidade de incluir


a História Indígena na História do Brasil, propondo uma “História Antiga do
Brasil”, que inclua a “História Indígena de longa duração”. Mas, para incluir os
índios na História do Brasil é necessário que reconheçamos as semelhanças e
as diferenças entre eles e nós, e este é o objetivo desta segunda unidade.

Objetivo

 Identificar as semelhanças e as diferenças entre nós (os não índios) e os


índios.
Para tanto, esta unidade está dividida em 2 itens:

 2.1 - A diversidade sociocultural indígena. Concepções e pré-conceitos


referentes aos povos indígenas: noções errôneas nas ciências sociais e
no senso comum sobre a diversidade sociocultural
(primitivo/bárbaro/selvagem).
 2.2 - Relativismo cultural. Estudo e análise de categorias antropológicas
para a compreensão da diversidade sociocultural indígena (nômade /
sedentário).

Então, vamos lá!


2.1 – A diversidade sociocultural indígena. Concepções e pré-
conceitos referentes aos povos indígenas: noções errôneas nas
ciências sociais e no senso comum sobre a diversidade
sociocultural (primitivo/bárbaro/selvagem).

s sociedades indígenas americanas são organizadas de maneira


bastante diferente das sociedades que seguem o padrão ocidental, como é o
caso do Brasil. Embora seja relativamente fácil identificar elementos culturais
indígenas no cotidiano dos brasileiros, o nosso modo de vida é mais próximo
do modo de vida europeu, trazido pelo colonizador português, por isso, ainda
hoje, temos uma sensação de estranhamento quando conhecemos mais de
perto as culturas indígenas. A dificuldade de lidar com a alteridade, de entrar
em contato com “o outro”, diferente de “nós”, muitas vezes gera preconceitos e
distorções. Neste tópico vamos falar um pouco sobre algumas noções
equivocadas a respeito dos povos indígenas que viveram aqui há milênios
atrás.

Quando os navegadores europeus chegaram ao nosso território, e entraram


em contato que seus primeiros habitantes, chamaram a todos eles pelo nome
genérico de “índios”. A palavra “índio”, portanto se refere a todos os povos
encontrados na América, inclusive no Brasil.
Mas é preciso destacar que esse termo, usado ainda hoje por nós com muita
tranqüilidade, é problemático!

Mas por quê?

1 - Primeiramente porque se 2 - Segundo, porque o rótulo


originou de uma noção “índio”, aplicado aos povos
geográfica errada por parte indígenas, dá a impressão de
dos europeus, que que todas as culturas
imaginaram ter chegado às indígenas eram iguais ou
Índias Orientais, batizando de muito parecidas, o que não é
“índios” os habitantes do verdade. A variedade de
Novo Mundo americano. grupos indígenas com
diferentes línguas, sistemas
socioculturais, políticos e
econômicos era tão grande
que fica difícil pensar em
qualquer conceito unificador.
O termo “índio”, aplicado a
todos os primeiros habitantes
da América só é útil para

Tronco Kuarup
diferenciá-los dos europeus.

Os vestígios encontrados nos sítios arqueológicos mostram que, mesmo antes


da chegada dos portugueses, os grupos indígenas que viviam no nosso
território já apresentavam uma enorme diversidade cultural.
Havia grupos que não se fixavam em aldeias e que viviam da caça e da coleta
e outros que acampavam em certas regiões para poder cultivar suas roças; uns
produziam ferramentas de pedra lascada, outros usavam ferramentas de pedra
polida e outros ainda utilizavam as duas formas de trabalhar a pedra; havia
grupos que produziam cerâmica e outros que não usavam esse material...

Enfim, cada povo vivia de acordo com sua própria cultura. Os europeus tiveram
dificuldade de perceber essa variabilidade cultural e de reconhecer o alto grau
de organização social e técnica das sociedades indígenas. Fazendo uso de
uma comparação superficial entre os hábitos deles próprios com os hábitos dos
povos indígenas, os portugueses concluíram que os índios que viviam no
nosso território eram todos primitivos, ainda estariam na “infância da
evolução”. Essa ideia de achar que os índios eram ou são primitivos perdurou
durante muito tempo em nossa História e, algumas vezes, reaparece entre nós,
ainda nos dias de hoje. Nada mais equivocado!

A tendência de qualificar o outro de menos evoluído, ou primitivo, permaneceu


em vigor com o pensamento evolucionista que marcou as Ciências Sociais até
o século XIX, quando antropólogos, arqueólogos e historiadores faziam uso de
escalas evolutivas para classificar as sociedades humanas. Mas percebeu-se
que isso não fazia sentido e, hoje em dia, compreende-se que não há um povo
mais evoluído que outro, mas sim, apenas povos diferentes uns dos outros.
Os “paleoíndios” – primeiros habitantes da América e do Brasil – quando
chegaram ao nosso território, precisaram se adaptar aos recursos e matérias-
primas que nossa natureza oferecia. Ao longo do tempo, foram entendendo
cada vez melhor como funcionavam os ciclos naturais e passaram a participar
ativamente desses processos. A idéia, por exemplo, de que a floresta
amazônica é virgem, intocável, tem de ser relativizada. Alguns pesquisadores
apontam que a Amazônia só se transformou na maior floresta do mundo devido
à atuação das primeiras tribos humanas que ocuparam a região e que
ajudaram a ”domesticar” plantas e árvores, selecionando as úteis para as
atividades construtivas (como para a confecção de cestarias, casa, canoas) ou
medicinais. Para isso, usavam de uma parte da floresta para um horto seletivo
para o cultivo dessas plantas. Em áreas de antigas ocupações indígenas,
esses solos de grande fertilidade e alta capacidade de reter carbono é
chamada de “terra preta” da Amazônia.

Figura 1: “Terra preta” da Amazônia

Fonte: http://cienciahoje.uol.com.br/revista-ch/2011/281/terras-pretas-e-ferteis-de-indios.
Acesso: 15 Nov. 2014.
Essa “terra preta”, caracterizada pela cor escura e pela presença de
fragmentos de cerâmica, é resultado da ação dos paleoíndios que ocuparam a
região, podendo ser fruto de um processo intencional de melhoria do solo ou
um subproduto das atividades agrícolas e de habitação desses povos. De uma
forma ou de outra a “terra preta” é um produto gerado pela atuação dos grupos
indígenas na Amazônia, intimamente sintonizados com a natureza local e, nos
dias de hoje, nossos cientistas têm feito muitas pesquisas para decifrar a
composição e reproduzir as características da “terra preta” da Amazônia em
laboratório, pois ela é um excelente fertilizante para uma agricultura orgânica
mais produtiva que queremos alcançar.

Quer saber um pouco mais sobre o misterioso solo da Amazônia? Então


acesse:

 http://falacampo.wordpress.com/2014/02/03/terra-preta-de-indio-
os-misteriosos-solos-da-amazonia/

Continuando...

Começam a surgir pesquisas também nos cerrados do Planalto Central


brasileiro, tentando identificar como a ação de grupos indígenas ancestrais
contribuiu para a configuração atual dessa paisagem. Outras pesquisas que
tem se desenvolvido na área de cerrado tratam de investigar as técnicas de
confecção e utilização de ferramentas criadas pelos paleoíndios em pedra
lascada e polida. Esses artefatos até hoje impressionam os pesquisadores pelo
refinamento no uso do material, pela eficiência e até pela beleza estética.
Alguns arqueólogos atuam na área da Arqueologia Experimental, se
empenhando para entender como tribos, antes chamadas de “primitivas”, com
poucos recursos, e fazendo uso de uma habilidade incomum, conseguiam
dominar perfeitamente o trabalho com a pedra. Eles procuram analisar
graficamente e também reproduzir esses artefatos com as mesmas técnicas e
materiais utilizados pelos indígenas.
Assista ao vídeo que se segue. Nele arqueólogos simulam a produção de
objetos como o picão, batedor, faca e a raspadeira.

Clique aqui

Nessa oficina experimental foi demonstrado como as técnicas de confecção de


artefatos líticos, conhecidas como “cadeia operativa”, eram muito elaboradas,
resultando em um gama variada e sofisticada de instrumentos.

Cada grupo indígena criou um arsenal de artefatos e tecnologias para


sobreviver e lidar com o meio. Esses artefatos e técnicas também podiam ser
aprendidos e repassados a outros grupos, num processo contínuo de
invenções e reinvenções, de acordo com a aceitação de cada cultura. A
diversidade cultural entre os grupos indígenas ancestrais é um indício de que
esses povos viveram aqui por muito tempo antes da chegada dos europeus e,
nesse longo período de contato com as condições ambientais do nosso
território, produziram respostas culturais diferentes, criando objetos refinados,
ricamente elaborados, para suprir suas necessidades.
Dizer que nossos paleoíndios eram primitivos seria desmerecer toda uma
história de adaptação e criação vivida por eles no nosso território – uma história
fundamental que serviu de base para o estabelecimento de todas as outras
sociedades humanas no nosso país e que resultou no que somos hoje.

Nossa cultura ocidental, herdada A História das sociedades indígenas


dos portugueses, tende a priorizar a no Brasil aponta o contrário: a
produção em larga escala, o produção e o acúmulo de bens
acúmulo de bens e a exploração almejados pelos índios deveriam ser
desenfreada do meio natural. apenas o suficiente para o grupo
viver e crescer num ritmo que não
esgotasse os recursos naturais.
Eles entendiam, muito melhor que
nós e até melhor que muitos dos
nossos cientistas atuais, as
condições do local onde viviam,
visando uma relação harmônica
com o meio.

Diante dessas constatações pensamos que seria preciso refletir:


que modelo de sociedade seria, realmente, mais “evoluído”?

No universo científico ocidental, a cultura, a técnica e a relação homem-meio


das sociedades indígenas não são “coisa do passado”. Qualquer pesquisa que
aponte para uma relação futura mais saudável com nosso planeta tem nas
sociedades indígenas uma fonte de inspiração inesgotável!
Precisamos aprender com eles! É o que veremos no próximo item “A
diversidade sociocultural e o mundo indígena”.

Vamos lá!
REFERÊNCIAS

BRAUDEL, Fernand. “História e Ciências Sociais: a longa duração”. Escritos


sobre a História. São Paulo: Perspectiva, 1978.
CUNHA, Manuela Carneiro da. (org.). História dos índios no Brasil. São Paulo:
Companhia das Letras: Secretaria Municipal de Cultura: FAPESP, 1992.

FUNARI, Pedro Paulo; NOELLI, Francisco Silva. Pré-história do Brasil. São


Paulo: Contexto, 2002. Ed 2005.
NEVES, Walter Alves; PILÓ, Luiz Beethoven. O Povo de Luzia – em busca dos
primeiros americanos. São Paulo: Globo, 2008.
PROUS, André. Arqueologia Brasileira. Brasília: Ed. UNB, 1992.

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