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Leminski tradutor de Bashô

Jaqueline Mendes Santana


Daniel Abrão

Linguística, letras e Artes - Letras


O regional como questão – traços de regionalidade na literatura brasileira contemporânea

2016
Campo Grande – MS
1. INTRODUÇÃO E REVISÃO DA LITERATURA

1.1 – Introdução
O Projeto de pesquisa “O regional como questão – traços de regionalidade na
literatura brasileira contemporânea”, coordenado pelo Professor Daniel Abrão, tem como
marca a expansão do conceito de produção regional ou regionalista para o de
regionalidade, o que nos permite entender que os autores estudados no projeto são
advindos das mais variadas regiões, urbanizadas ou não, já que por regionalidade entende-
se a produção vinculada a um espaço e a uma materialidade e não exatamente a uma
condição cultural. No projeto, portanto, são investigados de que forma cada autor expande
o conceito de regional, região ou regionalismo para a criação de representação de
“espaços”, ou territórios (Deleuze), ainda que sejam territórios imaginários, plásticos ou no
interior do diálogo entre literaturas e de mais produções artísticas. Propomos, neste
sentido, um estudo sobre a obra e as representações inscritas nas traduções de Paulo
Leminski para o poeta Bashô.

Alicia Ruiz escreve em Ensaios e anseios crípticos (1997) que a poesia de


Leminski “[...] bebia em todas as fontes, estudou todas as épocas, fez pós-graduação no
concretismo e veio à público, pela primeira vez, em 1964, na revista Invenção” desta forma
pode-se entender que as produções de Leminski foram influenciadas por diversos modelos
diferentes com ênfase especial na poesia concreta. Amante da cultura asiática, a influência
oriental nas suas obras é amplamente explorada quanto ao habitus do autor, mas a seu
trabalho como tradutor não foi dada igual importância. Tendo sido fluente em 7 línguas,
entre elas o japonês, traduziu um romance (O sol e o aço) e em 1983 publicou a biografia
Bashô – a lágrima do peixe repleta de traduções japonês-português dos haicais1 do mestre
– nome importante no cenário japonês por ter difundido o haicai no século XVII a partir do
seu diário de viagem Oku no Hosomichi (奥の細道2) –, servindo também como um grande
propagador da literatura japonesa no Brasil.

A atividade tradutória embora muitas vezes posta em segundo plano nos estudos
literários apresenta grande influência na obra autoral do sujeito tradutor, desta maneira este
trabalho busca de forma analítica-descritiva observar a que ponto o conhecimento da
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Opta-se por utilizar a grafia ‘haicai’ por esta já ser dicionarizada no Brasil embora também sejam
encontradas frequentemente as grafias ‘haikai’ e ‘haiku’.
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Sendas de Ôku
língua asiática e dos ideogramas tão interessantes à poesia concreta e o minimalismo da
poesia japonesa se fez presente nos haicais publicados na obra La vie en close,
compreendendo primeiramente a teoria sobre haicai a partir de Paulo Franchetti e Olga
Savary, e da poesia concreta brasileira a partir das publicações de Décio Pignatari, Haroldo
e Augusto de Campos, e a singularidade do ato tradutório como uma negociata cultural
entre as obras a partir da compreensão da teoria e Homi K. Bhabha.

1.1 Revisão de literatura

Nome importante ao se mencionar poesia japonesa, Matsuo Bashô foi o grande


poeta difusor do estilo haicai no século XVII, foi um ronin - samurai sem mestre - e viveu
em diáspora por 27 anos escrevendo e sendo instrutor de haicai. O haicai conhecido hoje é
derivado do tanka, poesia tradicional que significa literalmente, poesia curta, formada por
5 versos, o primeiro composto por 5 sílabas, o segundo 7, o terceiro por 5 e os dois últimos
por 7 sílabas, os três primeiros versos ‘se desprenderam’ formando assim o que
conhecemos hoje por haicai. A arte produzida no oriente se difere muito daquilo que é
produzido no ocidente, este estilo de poesia não é diferente, a harmonia está sempre
presente, principalmente na integração de arte e religião (budismo zen), o ‘eu’ e o ‘outro’.

Atualmente a cultura oriental, em especial a japonesa, faz parte da realidade de


muitos brasileiros, há um grande consumo de sua produção tecnológica, musical, da
indústria de animações e interesse nas artes marcais, mas a literatura ainda não tem grande
destaque, porém pode-se afirmar que embora não tão mencionada em um contexto geral,
influiu na produção de grandes autores brasileiros.

O primeiro contato do Brasil com o Japão se deu em 1908 com a imigração, mas ao
contrário do que se imagina no senso comum a literatura não acompanhou os imigrantes
japoneses, o haicai só foi conhecido em terras tupiniquins por meio das traduções francesas
na década de 20, principalmente através de Paul-Louis Couchoud (1879-1959) que definia
haicai como:

“Uma poesia japonesa em três versos, ou antes em três pequenas partes da


frase, a primeira de cinco sílabas, a segunda de sete, a terceira de cinco:
dezessete sílabas ao todo. É o mais elementar dos gêneros poéticos [...] Um
haicai não é comparável nem a um dístico grego ou latino, nem a um quarteto
francês. Não é tampouco um “pensamento”, nem um “dito espirituoso”, nem
um provérbio, nem um epigrama no sentido moderno, nem um epigrama no
sentido antigo, isto é uma inscrição, mas um simples quadro em três
pinceladas, uma vinheta, um esboço, às vezes um simples registro (touche),
uma expressão” (COUCHOUD, apud, FRANCHETTI, 2008, p. 259)

Desta forma nossos escritores passaram a conhecer o oriente além dos guias de
viagem que transformava os orientais em seres exotizados, mas pela visão atravessada da
cultura europeia, neste período, Guilherme de Almeida foi um nome importante no cenário
de produção e divulgação da poesia curta japonesa no país, segundo Leminski,
“(...)fez os primeiros "hai-kais", adotando as três linhas (versos com cinco,
sete e cinco silabas), mas introduzindo um artificioso e maneirista sistema de
rimas, que não existem em japonês (o super-ego parnasiano do soneto era
muito forte.)”. (LEMINSKI, 1986, p. 37/38)

Segundo Franchetti este primeiro contato brasileiro com o haicai e a criação de


Guilherme de Almeida tenha consistido na verdade “(...) num apagamento da sua
singularidade e na sua adoção como mera forma (...) quase como se fosse uma espécie de
micro-soneto”.

Em um segundo momento a repercussão é causada novamente por influências


externas, desta vez por meio de traduções e artigos ingleses com Ernest Fenollosa – que
viveu muitos anos no Japão e escreveu “Os caracteres da escrita chinesa3 como
instrumento para a poesia”– e Erza Pound – influenciado por Fenollosa e que, segundo
Augusto de Campos há:
“(...) Marcada influência, em toda a sua obra, da estrutura da poesia e do idioma
chinês (...) Mais do que reviver o chinês, (Pund) incorpora a estrutura linguística
chinesa, como um valor definido, à problemática da poesia moderna” (CAMPOS,
Augusto de, 1975, p. 118)

E a partir deste contato secundário Décio Pignatari, Augusto de Campos e Haroldo


de Campos colocam o ideograma presente na língua japonesa como um ponto muito
importante para poesia concreta, em “olho por olho a olho nu” Haroldo (1975, p. 47)
aponta o método ideogrâmico de Pound no primeiro tópico do paideuma do movimento
concretista brasileiro, estes autores também vieram a produzir traduções dos haicais do
mestre Bashô – Leminski considera Haroldo de Campos “inventor da poesia japonesa no
Brasil” embora ainda existisse a visão focada principalmente na questão do ideograma e da
forma.

O terceiro e importante momento do contato entre haicai e poetas brasileiros se dá a


partir de Millôr Fernandes e Paulo Leminski, sendo este último encantado no que está além
da forma, se apropria do haicai em toda sua ideia, traduzindo algo que ele mesmo afirma
ser traído na tradução: “nenhum tipo de poema é mais traído na tradução do que um haikai
japonês” (LEMINSKI, 1990, p.88).

Mas, segundo o próprio Leminski, “A principal influência sobre um texto literário


são os textos literários anteriores” (LEMINSKI, 1997, p.74) desta forma pode-se pensar
que a realização da tradução dos haicais de Bashô influenciou de forma direta em sua obra
e esta traição realizada contribuiu para o caráter palimpsestuoso e ao mesmo tempo
original de sua produção.

Traduzir é um ato antropofágico, principalmente quando este é realizado por


autores-tradutores, desta forma o melhor acaba sendo absorvido para sua própria obra,
como Souza afirma:

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Usa-se a expressão ‘caracteres chineses’ para se referir aos kanjis existentes no idioma japonês, amplamente
usados na literatura.
O enlace da tradução com a antropofagia se dá especificamente no nível da
linguagem, quando o texto traduzido tanto contamina a escrita do outro
quanto serve de substrato para a metalinguagem do tradutor. (...) [assim, a
tradução] não só absorve, aglutina e devora o original, como retira daí as
metáforas de seu trabalho com a tradução. (SOUZA, apud, FERREIRA, R.
M. C., 2008, p.11)

Com os estudos de tradução sendo realizados, cada vez mais se pensa além da
relação linguística existente, mas as apropriações entre as obras e suas relações culturais, já
que, segundo Bhabha (2014, p. 359) “A tradução é a natureza performativa da
comunicação cultural. É antes a linguagem in actu (enunciação, posicionalidade) do que a
linguagem in situ (énoncé, ou proposicionalidade), ou seja, pensar na experiência de
sujeito tradutor como vantagem na produção de um novo texto atravessado pelo âmbito em
que este está inserido e da interpretação que dá ao texto tido como original em seu contexto
de partida.

Nossa tradução de qualquer texto, poético ou não, será “fiel” não ao texto
original, mas àquilo que consideramos ser o texto original, àquilo que
consideramos constituí-lo, ou seja, a nossa interpretação do texto de partida,
que será, como sugerimos, sempre produto daquilo que somos, sentimos e
pensamos. (ARROJO, 2003, p.44)

Como mencionado na introdução esta pesquisa será realizada em duas etapas:


Em um primeiro momento a leitura de um arcabouço teórico referente à poesia
japonesa e a arte do haicai, o concretismo brasileiro, tradução cultural e textos teóricos
escritos pelo próprio Leminski.
A segunda, tendo sido o tema definido como a tradução influindo nas obras autorais
de Leminski, serão analisadas duas obras: “La vie en close” e “Vida”.
O intuito dessas análises consiste em verificar: quais os pontos de intersecção entre
a obra traduzida e a obra produzida pelo autor curitibano.

1. OBJETIVOS

2.1. Objetivo(s) Geral(s)

O objetivo geral deste estudo consiste em realizar uma análise com base na teoria de
tradução cultural para obter resultados quanto a influência da tradução na produção autoral
do poeta curitibano Paulo Leminski.

2.2. Objetivos Específicos

 Apresentar o modelo artístico japonês, Bashô, e o haicai para então tratar as


questões de traduções realizadas;
 Com base na teoria de tradução cultural fazer a leitura dos haicais produzidos por
Leminski e identificar traços da influência oriental nestes;
 Abrir espaço nas questões de produção tradutória do autor Paulo Leminski;
 Produzir trabalhos científicos que mostrarão os resultados da pesquisa e apresentá-
los posteriormente em eventos na área.

3. METODOLOGIA

3.1 Método

Esta pesquisa será exclusivamente teórica, centrada na leitura de obras literárias do


autor Paulo Leminski, em especial na obra póstuma La vie en close por esta possuir uma
seção dedicada aos haicais leminskianos e na biografia Bashô – A lágrima do peixe que se
constitui de recortes biográficos e traduções de haicais realizadas pelo poeta brasileiro.
Também serão exploradas obras teórico-críticas voltadas ao haicai e a tradução cultural nos
estudos literários e culturais.

Mediante as análises, com base na teoria de tradução cultura, será possível traçar até
que ponto o orientalismo dos haicais se fez presente no concretismo brasileiro que influiu
Leminski e de forma mais específica como as traduções realizadas pelo autor influenciou
suas próprias obras.

3.2. Local de desenvolvimento da ação

A pesquisa será desenvolvida na Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul


(UEMS), Unidade de Campo Grande.
2. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES DETALHADO

Ano: 2016
A S O N D
Plano de atividades – AÇÕES - 1º semestre
Estudo da fundamentação teórica x x x x x

Estudo da obra de Paulo Leminski x x x x x

Estudo da obra de Bashô x x x

Pesquisa da Teoria poética e do haikai no Brasil x x x


Apresentação das pesquisas parciais

Ano: 2017
J F M A M J J
Plano de atividades – AÇÕES 2º semestre
Estudo da fundamentação teórica
Estudo da obra de Paulo Leminski x x
Estudo da obra de Bashô x x x
Pesquisa da Teoria poética e do haikai no Brasil x x

Redação de artigo x
Apresentação das pesquisas parciais
5. RESULTADOS ESPERADOS

A partir da realização deste trabalho, espera-se compreender a trajetória do haicai


no Brasil, prestar contribuições à fortuna crítica de Paulo Leminski e aos estudos de
tradução e posteriormente realizar apresentações da pesquisa em eventos científicos da
área.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARROJO, Rosemary. Oficina de tradução: a teoria na prática. 4ª ed. São Paulo: Ática,
2003.

BHABHA, Homi K. O local da cultura. 2ª ed. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2014.

CAMPOS, Augusto de; CAMPOS, Haroldo de; PIGNATARI, Décio. Teoria da poesia
concreta. 2ª ed. São Paulo: Duas cidades, 1975.

FRANCHETTI, Paulo. O haicai no Brasil, 2008.

FERREIRA, Rony. M. C. ; NOLASCO, Edgar Cézar. Tradução cultural em A HORA DA


ESTRELA de Clarice Lispector, 2008.

LEMINSKI, Paulo. Ensaios e anseios crípticos. Curitiba: Pólo editoral do Paraná, 1997.

. Vida: Cruz e Sousa, Bashô, Jesus e Trótski. Sulina, 1990.

. Bonsai: niponização e miniaturização da poesia brasileira. In: Revista Ímã,


Espírito Santo, Brasil, nºIII, p. 37/38. Disponível em: <
http://www.elsonfroes.com.br/kamiquase/ensaioPL5.htm> (Último acesso em: 24 de Abril
de 2016).

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