Sunteți pe pagina 1din 71

IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA

ESCOLA DE DISCÍPULOS

MÓDULO III

LIÇÃO 21 - DOUTRINA DA EXISTÊNCIA DE DEUS

Textos: Gn. 1.1; Hebreus 11.6; João 4.24; - Oração - Duração do Estudo: 2 horas

A Realidade da Existência de Deus


De todas as doutrinas bíblicas, sem dúvida alguma a mais importante, a principal de
todas é a doutrina que trata especialmente da Pessoa de Deus. Sendo Deus a origem de tudo e
de todos, é necessário que nos voltemos para Ele antes de tratarmos de conhecer qualquer
outro assunto esposado nas Sagradas Escrituras.

O fato mais primário das Escrituras é a menção da existência de Deus. A Bíblia não se
preocupa em provar a existência de Deus, apenas expô-Ia, posto ser ela explicitamente auto-
evidente.

Deus é Espírito, perfeitamente bom, que, em santo amor, criou, sustenta e governa
tudo. Portanto o nosso objetivo não é provar a existência de um deus qualquer, mas a
existência de um Deus Soberano, revelado por Jesus Cristo.

Alguém poderá dizer que a prova da existência de Deus é desnecessária. Mas não é
assim, porque muitos poderão duvidar da existência de um Espírito Pessoal, perfeitamente
bom, que, em santo amor, criou, sustenta e governa todas as coisas. Heb. 1.3. Os cegos de
nascença podem negar a existência da luz, e teríamos muita razão em lhes provar que a luz é
uma realidade. Da mesma maneira, somos justificados em apresentar as razões porque
acreditamos em Deus tal como foi revelado por Jesus Cristo.

Façamos algumas considerações sobre o universo, a história, as percepções humanas,


a fé e a experiência cristã, como fonte que nos fornecem provas da existência de Deus.

1. O Universo Prova a Existência de Deus

Em se tratando da existência do universo, duas alternativas se nos deparam: Ou o


universo é uma criação sustentada e dirigida por um ser inteligente e onipotente, ou é produto
de uma evolução própria. Isto é, a força que cria tudo, sustenta e governa. Se for possível
provar que o universo é produto de uma evolução, produto de uma força que reside na
própria matéria, então não podemos provar a existência de Deus. Mas se, ao invés disso, ficar
demonstrado que o universo não é produto de uma evolução, teremos razão de procurar nele
as provas da existência de um Ser que é o Criador, sustentador e governador de tudo.

O universo do ponto de vista da Evolução. Se concluirmos que o universo não é


produto da evolução, então devemos buscar provas que atestem ser ele uma criação
sustentada e dirigi da por Deus.

Suponhamos que no princípio, ao invés de um Criador, houvesse 92 elementos


diferentes chamados átomos. Ensina-nos a física moderna que existem 92 destes elementos
irredutíveis de que se compõe os corpos materiais. Naturalmente, no princípio não haveria um
1
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

universo como o que temos hoje. Haveria somente estes 92 elementos simples e irredutíveis.
Note que, esses elementos são irracionais, cegos, surdos, mudos e sem poder algum de
comunicação entre si.

Como entender tais elementos se organizarem para a construção do universo, sem o


auxílio de qualquer inteligência? Como compreender esses átomos, sem saberem o que
estavam fazendo, por serem irracionais, construírem um mundo superior, dando sempre a
máxima atenção aos pormenores, às minúcias, a detalhes extremamente importantes? Crê em
tal teoria é fazer de cada átomo um Deus, e assim, multiplicar o problema pelo menos, 92
vezes. Diante dessas considerações, a nossa mente não acha possível crer que o universo que
hoje existe seja o resultado de forças que residem na própria matéria.

O universo do ponto de vista da Criação. O mundo que hoje existe foi criado por Deus,
pois, como já observamos no princípio, há apenas duas alternativas: ou Deus criou tudo, ou
tudo é resultado dos esforços dos átomos .. Já vimos que não nos é possível aceitar esta última
idéia, que considera o universo como resultado duma força irracional. Se afirmarmos que a
matéria em algum tempo começou a existir, teremos de afirmar também que a existência lhe
foi dada por outro ser já existente. Isto significa que teremos de considerar a matéria como
efeito, e não como causa primária.

É um princípio por todos aceito que cada efeito tem a sua causa correspondente e que
a causa não pode ser menor que O efeito. Tudo o que se encontra no efeito acha-se também
na causa. Que efeito maravilhoso é o universo, pense na sua ordem, na sua beleza, na sua
adaptação à vida dos homens, como dos animais e das plantas! Que efeito estupendo é esse
universo imenso, composto de milhões de mundos distribuídos no espaço infinito; a grandeza
do universo ultrapassa a nossa imaginação. Se o efeito é tão extraordinário, que dizer da causa
então? A causa que originou é superior ao efeito. Deus é a grande Causa do universo: grande
Deus!

Considerando as provas da existência de Deus, chegamos as seguintes conclusões: a) O


universo testifica de uma causa maravilhosamente grande. A imaginação não pode, de forma
alguma conceber a grandeza do universo.

b) No universo há ordens, leis, as ciências tornam-se uma possibilidade. Desta maneira o


universo testifica de uma causa inteligentíssima. Só a onisciência pode efetuar a organização
que existe no universo.

c) Fazendo parte do universo está o homem, que é um ser moral. Todo homem sente na
consciência uma lei que lhe impõe fazer o bem e fugir do mal. Toda lei supõe um legislador.
Esse legislador não pode ser o próprio homem, porque a nossa natureza mal, não suporta essa
lei. A lei vem de um legislador. Esse legislador é Deus.

2. A História Universal prova a Existência de Deus

Sabe-se que em todos os lugares, em todos os tempos, entre todos os povos, tem
havido uma crença na existência de Deus. A história universal não fala de uma só tribo, ainda
das menores e das mais insignificantes, que não tivesse alguma crença na existência dum Ser
2
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

Supremo. Desde os primórdios da história as idéias acerca de Deus têm sido uma realidade na
vida dos homens. Os egípcios tinham convicções tão fortes da realidade do mundo espiritual
que todas as outras coisas se subordinavam às idéias religiosas. Tinham pesados impostos
visando a manutenção do culto. Gastavam mais com a religião do que com as próprias
necessidades da vida terrena. Os babilônios também nos fornecem através das descobertas
realizadas pelos arqueólogos e exploradores, inúmeras provas da sua crença em Deus.
Milhares de tijolos e tabuletas de barro, que estão sendo desenterrados, nos dão a conhecer
as idéias religiosas daquele povo e a influência que tais idéias exerciam na sua vida e
costumes. Os israelitas, podem se ver quão poderosa era a influência que sobre eles exercia a
fé que tinha em Deus.

Se Deus não existe, todos os templos e casas de cultos, em todos os tempos e em


todas as partes, tem sido apenas um monumento à mentira. Se Deus não existe, até a
literatura sagrada é falsa. Ainda mais, os melhore homens de todos os tempos têm sido
propagandistas do erro e enganadores das massas. Se Deus não existe como explicar o
extraordinário livro, a Bíblia Sagrada, que tem mudado a vida de milhares de criaturas.

3. As Percepções Humanas Provam a Existência de Deus

As nossas percepções podem dividir-se em três classes: percepções do mundo


objetivo, isto é, das coisas que nos rodeiam; percepções do mundo subjetivo, isto é, o nosso
próprio ser; e percepções do mundo espiritual, isto é, percepções religiosas.

Toda percepção tem elementos essenciais, indispensáveis: quem percebe, uma coisa
percebida, e um ato de perceber. Se não há nada diante da mente, nada se percebe. Não se
pode ter percepção do nada. Só podemos ter percepção daquilo que existe, do que vimos em
algum tempo passado ou vemos no presente, porque todas as percepções dependem dos
objetos que as produzem. Se não existisse a árvore, não poderíamos ter percepções duma
árvore. A percepção duma árvore prova que ela existe. Assim são também as percepções em
relação a Deus. Todas as nossas percepções de Deus provam que há Deus. Ele é o objeto que
produz estas percepções no homem. Ele é a causa, a percepção é o efeito. Se ele não existe,
temos um efeito sem causa, uma percepção sem o percebido, é simples absurdo. Para provar
de que isto é absurdo, basta que procuremos pensar nalguma coisa que não existe. É
impossível ao homem pensar, ter percepção do que existe. As percepções que temos de Deus
dão-nos a teologia; e esta ciência prova a existência de Deus; da mesma maneira que a
geologia prova a existência da terra; a astronomia, a dos astros; psicologia a do homem.

4. A Fé Prova a Existência de Deus

Depois que Deus criou uma série de coisas ele criou o homem à sua própria imagem,
portanto esse homem pode revelar-nos alguma coisa acerca do seu Criador. Na fé temos esta
prova, que abrange o homem em seu todo. Desde que o homem foi feito à imagem de Deus,
nele encontramos a maior prova de que Deus existe.

O argumento baseado na fé não é um argumento vão, porque a fé é o alicerce central


da nossa vida.

3
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

Tudo quanto existe pode ser dividido em duas classes: o que está em nós e o que está
fora de nós. Mundo subjetivo é como chamamos tudo o que está em nós; e mundo objetivo o
que está fora de nós. O mundo objetivo é composto do céu, da terra e de tudo quanto para
nós é objeto. O mundo subjetivo, é o que está em nós e é mui pouco conhecido. São as
aspirações, desejos, apetites e as necessidades. Ninguém jamais ousou traçar um mapa da
alma humana. Nunca homem algum conseguiu sondar as profundezas da alma feita à imagem
de Deus.

A relação existente entre o mundo objetivo e o mundo subjetivo é muito interessante.


Um é complemento do outro. No mundo subjetivo só há necessidades, aspirações, fome, sede,
etc ... mas só no mundo objetivo é que se encontra a satisfação para essas existências do
mundo subjetivo.

Se o mundo subjetivo não se comunicasse com o mundo objetivo, o homem morreria,


mas também o mundo objetivo ficaria inteiramente estacionado.

A fé é o poder pelo qual o homem satisfaz às suas necessidades subjetivas, pelo


estabelecimento de uma relação íntima com o mundo objetivo. Se não fosse a fé, O homem
não poderia viver, e os dois mundos ficariam eternamente separados.

Portanto a fé tem pelo menos três objetivos, vejamos:

Em relação às coisas materiais. A fé nas coisas materiais pode dar bom testemunho quanto à
existência delas pela necessidade que delas sentimos. A fé nos dá a certeza tanto das nossas
necessidades como da satisfação delas. Pela fé o homem é levado a buscar no mundo objetivo
a satisfação das suas necessidades.

A fé revela a fome, e aponta para o pão; revela a sede, e indica água.

Em relação ao mundo intelectual. A maneira como a fé age no mundo intelectual não


diferente. Há no homem sede e fome da verdade. Todos querem aprender e conhecer a
verdade, mas, infelizmente, nem todos têm uma fé viva nas coisas intelectuais. Isto é, nem
todos reconhecem as suas necessidades intelectuais, e, portanto, não buscam satisfazê-las.
Não havendo fé, nada há que leve o homem a buscar a verdade.

Em relação ao mundo espiritual. A fé revela ao homem a grande necessidade de um Salvador.


Foi pela fé que o Salmista exclamou: "Assim como o cervo brama pelas correntes das águas,
assim suspira a minha alma por ti, o Deus" SI. 42.1. A fé que nos revela a necessidade, esta
mesma fé aponta-nos Deus como a única fonte onde encontraremos satisfação para as nossas
necessidades espirituais. Concluímos, pois, que a "fé é o firme fundamento das coisas que se
esperam, e a prova das coisas que se não vêem". Hb. 11.1. O apóstolo Paulo, tocado pela fé,
disse "eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que é poderoso para guardar o meu
depósito até aquele dia" II Tim. 1.12

5. A Experiência Cristã Prova a Existência de Deus.

4
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

Considerando a experiência cristã do homem, encontramos nela evidência clara da


existência de Deus. Sabemos que o pão existe e a fé nos leva a comê-lo; a verdade existe e a fé
nos leva a procurá-la. Deus existe e a fé leva o homem a procurar comunhão íntima com Ele.

O cristianismo ensina a existência de um só Deus, e este Deus está revelado em Cristo


Jesus. Portanto, a última prova da existência de Deus consiste de uma experiência íntima com
Ele. É pela experiência que a luz alumia os olhos e que o som se faz sentir aos ouvidos. É pela
experiência que podemos alcançar a mais absoluta certeza da existência de Deus.

A vida de milhares de cristãos constitui um dos mais poderosos testemunhos da


existência de Deus. O homem é transformado completamente pela experiência com Deus.
Veja o exemplo do apóstolo Paulo.

6. Considerações Finais

A Bíblia menciona especificamente 44 aparições pessoais de Deus na história.

As Escrituras mencionam ao todo 46 atributos pessoais de Deus.

Somente no livro do profeta Isaias encontramos 130 declarações que provam a


existência de Deus.

O homem que ousa negar a Deus é um néscio. SI. 14.1; 10.4; 5.1-3.

Podemos afirmar que Deus é BOM e ONIPOTENTE. Ele é Espírito Pessoal,


perfeitamente bom, que, em santo amor, criou, sustenta e governa tudo. As provas da sua
existência e da sua bondade, encontramo-las no universo, na história, em nossas concepções,
em nossa fé e em nossas experiências com ele.

Senhor, tu tens sido o nosso refugio de geração em geração. Antes que os montes
nascessem, ou que tu formasses a terra e o mundo, mesmo de eternidade em eternidade tu és
Deus. Salmos 90.1,2.

7. Maneiras de Conhecer a Deus

1. A principal dessas maneiras é a auto-revelação de Deus. A própria existência da Bíblia serve


de prova do fato de que Deus se revela a nós, embora essa revelação seja necessariamente
parcial. Mt . .11.27; João 17.3; Rm. 1.19,10. Ef. 1.17; Cl. 1.10.

2. A Revelação do Filho. O Logos, o princípio do Filho da deidade, manifesta-se em Jesus


Cristo, mediante a sua encarnação. Essa é a suprema revelação de Deus entre os homens. João
1.14,18.

3. Abordagem Racional. O primeiro capítulo de Romanos reconhece que a razão humana pode
chegar a obter certo conhecimento de Deus (vs. 19,10).

Os filósofos têm afirmado que Deus é o Grande Intelecto, e que o homem é um intelecto que
se deriva de Deus, o que explica a afinidade existente entre Deus e o homem.

5
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

4. A Abordagem Intuitiva. O homem tem acesso a um conhecimento que ultrapassa à


percepção dos sentidos e da razão. Ele é capaz de conhecimento imediato (intuição), sem
fontes conhecidas. Parte disso deve-se ao fato do homem ter sido criado à imagem de Deus.

Questionário
1. Por que a Doutrina da Existência de Deus é importante?

2. Quais as cinco provas da Existência de Deus?

3. Como o Universo Prova a Existência de Deus?

4. Como a História Universal Prova a Existência de Deus?

5. Como as Percepções Humanas Provas a Existência de Deus?

6. Como a Fé Prova a existência de Deus?

7. Como a Experiência Cristã Prova a Existência de Deus?

8. Quais as quatro maneiras de Conhecer a Deus?

9. O Que é Abordagem Racional?

10. O Que é Abordagem Intuitiva?

6
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

LIÇÃO 22

DOUTRINA DA PESSOA DE CRISTO

Texto: Lucas 1.26-35; João 1.1, 14 - Oração - Duração do Estudo: 2 horas

Há dois mil anos atrás, um homem entrou no cenário da história. Ele nasceu no mundo
e cresceu até alcançar a maturidade, exatamente igual a todos os seres humanos, mas este
homem era diferente de qualquer outra pessoa. Ele era o filho de Deus.

1. Preparação Histórica para a Vinda de Jesus

A história do mundo, desde a queda da raça até a vinda de Jesus, revela este grande propósito
de Deus. Antes da vinda de Jesus, todas as correntes da história convergiam para este grande
evento da mais alta significação para a história humana. E depois da vinda de Jesus as
correntes da história partem deste grande acontecimento, que é o nascimento do Messias.

Esta preparação do mundo feita por Deus para a vinda de Jesus é uma preparação de sentido
duplo, isto é, preparação negativa e preparação positiva.

1. Preparação Negativa da história pagã

É fato inegável que a mão de Deus tem guiado os destinos das nações pagãs desde o
princípio do mundo. "E de um sangue fez toda a geração dos homens para habitar sobre a face
da terra, determinando os tempos já dantes ordenados e os limites da sua habitação". Atos
D.26. Desde o inicio da história humana, Deus começou a guiar e dirigir todas as coisas de
acordo com sua vontade. Esta preparação revela-se também na política e nas religiões dos
povos pagãos.

Até certos homens do paganismo, como Ciro, foi escolhido por Deus para realizar o seu
plano a respeito da vinda de seu Filho ao mundo. Ler Esdras 1 2.3.

Uma das particularidades mais interessantes a respeito destes povos pagãos é que a
religião entre eles se ia esgotando cada vez mais, de sorte que, quando Jesus veio, já tinham as
religiões perdido quase completamente a confiança de seus adeptos. As religiões já não
satisfaziam às necessidades espirituais do povo, por isso mesmo, estava à espera de Alguém
que viesse de cima e o salvasse.

Além do que já mencionamos, aparecem-nos mais dois fatos nesta preparação para a
vinda de Jesus. Primeiro: a verdadeira natureza do pecado foi uma das primeiras verdades
reveladas por Deus a seu povo. Parece que Deus deixou os homens pecarem até o limite para
que eles reconhecessem a depravação moral a que podia chegar o homem corrompido. Antes
da vinda de Jesus, a raça humana chegou à beira do abismo. Os homens viram o destino
terrível que os aguardava, caso continuassem no pecado. Romanos 1.18-32. Segundo: Deus fez
a raça compreender que pela filosofia e pela arte não poderia salvar-se. Muitos dos filósofos
não tem feito nova criação nem novas descobertas; não passam, aliás, de copiadores da
filosofia dos antigos. Na verdade, Deus estava guiando os pagãos com sua poderosa mão para

7
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

o grande evento histórico da vinda de seu Filho amado, e, ao mesmo tempo, preparava o
coração dos homens para aceitá-Io como Salvador.

2. Preparação Positiva.

Esta é a que se realizou entre o próprio povo de Israel. Desde os dias de Abraão Deus
escolheu um povo e ensinou-lhe três grandes verdades, pelas quais procurou prepará-Io para a
vinda de Jesus. Estas verdades são:

a) A majestade, a unidade, a onipotência e a santidade de Deus.

b) A perversidade do homem e a sua impotência moral para tomar qualquer iniciativa tocante
a própria salvação.

c) Uma certeza de salvação.

Para ensinar estas três grandes verdades ao povo, Deus usou de três grandes meios:

1. A Lei. O Decálogo ou os dez mandamentos dados por Deus a Moisés constitui um dos meios
usados por Deus a fim de ensinar ao povo aquelas grandes e preciosas verdades já
mencionadas, despertando-lhe, assim, a consciência em relação ao pecado. E a mesma lei, por
meio de seus sacrifícios e de seu sacerdócio, deu ao povo a esperança de paz com Deus
mediante o perdão, e de um livre acesso à sua presença.

2. A Profecia. O segundo grande meio usado por Deus para ensinar aquelas verdades foi a
profecia, quer verbal quer escrita. Em Gn. 3.15 encontramos a palavra profética: "E porei
inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente: este te ferirá a cabeça; e
tu lhe ferirás o calcanhar".

3. O Cativeiro. O terceiro meio que Deus fez uso para ensinar o povo e prepará-lo para a vinda
de Jesus foi o cativeiro na Babilônia. Através do cativeiro Deus trouxe dois grandes e
apreciáveis resultados na vida dos israelitas, a saber: O primeiro foi o estabelecimento firme,
de uma vez para sempre do monoteísmo. Muitas vezes, na sua história, Israel caíra em
idolatria. O segundo resultado foi o de converter os judeus de um povo agrícola numa nação
mercantil e comercial. Desta maneira ia Deus preparando os seus mensageiros, aquele que
levariam o seu evangelho a toda parte. O simples fato de os israelitas se tornarem um povo
comercial já foi um grande passo na preparação para a vinda de Jesus.

2. A Pessoa de Jesus

A redenção da raça havia de realizar-se por um Mediador que em si mesmo reunisse as


duas naturezas: a divina e a humana. Isto porque o seu trabalho seria o de reconciliar o
homem com Deus e Deus com o homem. E para que o Mediador estivesse entre ambos, era
necessário que ele não somente conhecesse perfeitamente o homem, mas também a Deus.
Este Mediador ideal temos em Cristo Jesus, porque ele possuía as duas naturezas: ele era
Deus-Homem. vejamos a Doutrina de Cristo, primeiro, do ponto de visa da história e depois do
ponto de vista da Bíblia.

8
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

1. Do Ponto de vista da História.:

Vale a pena conhecer as opiniões que surgiram no transcorrer dos séculos a respeito da pessoa
de Jesus. Ele tem sido objeto dos mais profundos e prolonga-dos estudos. É nosso desejo
conhecer o que os homens têm pensado a seu respeito no decorrer dos anos especialmente
durante os primeiros séculos do cristianismo.

1.1. Os ebionitas.

Apareceram no ano 107 depois de Cristo, e negavam a realidade da natureza divina de


Cristo. Segundo os seus ensinos, Cristo era somente homem. Porém este homem Jesus Cristo
tinha uma relação muito íntima com Deus, especialmente depois do seu batismo. O ebionismo
era o judaísmo dentro das igrejas cristãs. Como sabemos, era difícil aos judeus crer na doutrina
da Trindade. É esta uma das razões mais fortes por que aos judeus não creram que Jesus era
Deus, e daí negarem a Sua divindade. Consideravam a Jesus simplesmente um homem extra-
ordinário, que se relacionava muito intimamente com Deus, e nada mais. Jesus era um grande
profeta, mas não era Deus.

1.2. Os docetas.

Esta palavra vem do grego doketes, de dokein, que significa "parecer", "crer numa
aparência". Os docetas apareceram no ano 70 da era cristã, e existiram até o ano 170. Eles
negavam a humanidade de Cristo. Segundo a filosofia dos docetas, as coisas materiais eram,
por natureza, más. O mal residia na matéria, e visto que Jesus não tinha pecado, logo, não
tinha também corpo material. Para os docetas toda a matéria era corrupta. Era a sede do
pecado e do mal. Jesus não podia ter corpo material, porque era inteiramente puro. Julgavam
que o corpo de Jesus era aparente, e não real. Os docetas negavam a humanidade de Jesus.
Esta doutrina não era mais do que a filosofia grega e pagã, que se introduzira na igreja de
Cristo.

1.3. O arianismo.

O arianismo surgiu no ano 325. Ário, o seu fundador, negava a integridade e a


perfeição da natureza divina de Cristo. O Verbo, que se fez carne, segundo o Evangelho de
João, não era Deus, senão um dos seres mais altos do Criador. O Verbo não era mais que uma
criatura de Deus. Esta teoria confunde o estado original de Jesus Cristo com o esta de
humilhação. Ao invés de estudar toda a questão, Ário estudou apenas a parte que se refere à
personalidade de Jesus enquanto estava aqui na terra, e, naturalmente, a sua idéia era
imperfeita e parcial, por isso que confundia o estado de humilhação ~om o estado original.

1.4. A teoria de Apolinário.

Esta teoria apareceu no ano 381 da era cristã, negando a integridade da natureza
humana de Cristo. Segundo os ensinos de Apolinário, Cristo não tinha mente humana. O que
ele tinha de humano era o corpo e o espírito. O Verbo que se fez carne tomou o lugar da
mente, e por isso Cristo não era homem perfeito. Cristo era, constituído de corpo, de verbo e

9
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

de espírito. E, como acabemos de ver desta teoria, este era o argumento em que se afirmava o
seu fundador para negar a integridade da natureza humana de Cristo.

1.5. A teoria de Nestório.

Esta teoria apareceu no ano 431. Nestório, seu fundador, negava a união verdadeira
entre as duas naturezas de Cristo. Ele atribuía a Cristo duas partes, uma humana, outra divina.
Quando Jesus estava dormindo, era a parte humana que dormia. Mas quando acordava e
repreendia os ventos, era a parte divina que estava em ação. Assim explicava Nestório a
Pessoa de Jesus. Esta idéia, é muito errônea. Jesus não se divide em duas partes. Ele não opera
parceladamente. Não é que ele agisse ora por meio da natureza humana, ora por meio da
natureza divina. Quando agia, fazia-o com toda a sua personalidade, e não só com a natureza
divina ou com a humana.

1.6. A teoria de Eutiques.

Segundo esta teoria, as duas naturezas de Cristo fundiram-se de maneira que


formavam uma terceira natureza, que nem era divina nem humana. Assim sendo, Jesus não
era humano e nem tampouco divino.

2. Do Ponto de vista da Bíblia

Segundo os ensinos da Bíblia, há uma só personalidade em Cristo, mas duas naturezas: a


humana e a divina, cada qual perfeita. Mas essas duas naturezas eram de tal modo unidas e
relacionadas que formavam uma única personalidade. O Novo Testamento revela, com toda a
clareza, que Jesus era uma unidade. Havia uma dualidade quanto à sua natureza, porém,
quanto à personalidade, havia uma unidade.

3. As Duas Naturezas de Cristo

Jesus não só tinha duas naturezas, divina e humana, mas também que cada uma
destas era real e perfeita.

3.1. A Humanidade de Cristo.

3.1.1. Trataremos, em primeiro lugar, da real idade da humanidade de Cristo, sobre o


que as Escrituras nos apresentam grande número de provas.

a) Jesus chamou-se e foi chamado homem. "Porém agora, procurais matar-me, a mim, um
homem, que vos tenho falado a verdade que de Deus tenho ouvido" João 8.40. "Porque há um
só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem". I Tm. 2.5; Rm. 5.15.

b) Jesus possui os elementos essenciais da natureza humana. Um corpo natural e uma alma
racional: "Então lhes disse: A minha alma está cheia de tristeza até a morte; ficai aqui, e velai
comigo" Mt. 26.38. "Jesus, pois, vendo-a chorar, e os judeus que com ela vinham também
chorando, moveu-se muito em espfrito, e perturbou-se" João 11.33. "Vede as minhas mãos e
os meus pés, que sou eu mesmo: apalpai-rne e vede; pois um espírito não tem carne nem
ossos, como vedes que eu tenho". Lucas 24.39

10
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

c) Jesus tinha poderes e característicos Que pertenciam à natureza humana. Ele sentia fome:
"E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome". Mt. 4.2. Sentiu cansaço:
"E estava ali a fonte de Jacó, Jesus, pois, cansado do caminho, assentou-se assim junto da
fonte". João 4.6

d) Jesus estava sujeito às leis de desenvolvimento: ''E o menino crescia, e se fortalecia em


espírito, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele". Lc. 2.40

e) Jesus padeceu e morreu. "E posto em agonia, orava mais intensamente. E o seu suor fez-se
como grandes gotas de sangue, que corriam até o chão". Lc. 22.44: João 19.30,33.

3.1.2. A integridade da natureza humana de Cristo. Integridade significa perfeição,


inteireza.

a) A natureza humana de Cristo foi sobrenaturalmente concebida: "E disse Maria ao anjo:
Como se fará isto? Pois não conheço varão. E, respondendo o anjo, disse-lhe: Descerá sobre ti
o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; pelo que também o
Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus". Lc. 1.34,35.

b) A natureza humana de Cristo sempre se revela livre de depravação.

"Quem dentre vós me convence de pecado? E, se digo a verdade, por que não credes?". João
8.46. "Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas
fraquezas, mas um que, como nós, em tudo foi tentado, exceto no pecado" H b. 4.14.

3.2. A Deidade de Cristo.

O Novo Testamento estabelece claramente a deidade de Jesus Cristo, da seguinte


forma:

3.2.1. Mostrando que Jesus tinha conhecimento da sua própria deidade. " E disse-lhes
Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão fosse feito eu sou". João 8.58.
João 3.12,13; João 14.9,10.

3.2.2. Mostrando que Jesus exercia poderes e prerrogativas divinas. "Mas o mesmo
Jesus não confiava neles, porque a todos conhecia e não necessitava de que alguém
testificasse do homem, porque ele bem sabia o que havia no homem". João 2.24,25. "Sabendo,
pois, Jesus todas as coisas que sobre ele haviam de vir, adiantou-se, e disse-lhes: A quem
buscais"? João 18.4; Marcos 2.7; 4.39

3.2.3. Mostrando a união das duas naturezas na Pessoa de Jesus. As Escrituras


mostram Jesus Cristo como uma só Pessoa, em que se unem as duas naturezas, divina e
humana, e cada uma delas perfeita quanto à essência e quanto aos seus atributos. a) Jesus
sempre falava de si mesmo e os outros também falavam a respeito dele como de uma só
pessoa. "E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um".
João 17.32. I João 4.2

11
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

b) Os atributos e os poderes de ambas as naturezas são consignadas a uma só pessoa. "Acerca


de seu Filho, que foi gerado da descendência de Davi, segundo a carne". Rm. 1.13; I Pedra
3.18; Hb. 1.2,3.

Devemos notar em primeiro lugar, a grande importância da união das duas naturezas, divina e
humana, em Cristo Jesus. O cristianismo é união espiritual entre Deus e o homem, e, para que
se realizasse esta união, Deus, na Pessoa de Jesus Cristo, uniu-se à humanidade. Assim Cristo
tomou-se o coração do cristianismo; e na sua própria Pessoa foram resolvidos todos os
problemas religiosos.

4. Os Dois Estados de Jesus

4.1. O estado de humilhação.

Existem várias teorias a respeito da humilhação de Jesus Cristo. A passagem mais importante,
sobre este assunto é a seguinte: "O qual, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser
igual a Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante
aos homens; e, achando em forma como homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente
até a morte, e morte de cruz". FI. 2.6-8.

4.1.1. A humilhação de Cristo:

a) O Verbo preexistente fez-se homem, deixando a sua glória divina para tomar o lugar de
servo. Jesus declara isto em João 17.5 "E agora glorifica-me, ó Pai, junto de ti mesmo, com
aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse".

b) A Submissão do Verbo ao Espírito Santo. "Então foi conduzido Jesus pelo Espírito Santo ao
deserto, para ser tentado pelo diabo" Mt. 4.1 "Até o dia em que foi recebido em cima, depois
de ter dado mandamento, pelo Espírito Santo, aos apóstolos que escolhera" At. 1.2. Atos 10.38

c) A humilhação é vista pelo fato de Jesus deixar de usar dos poderes lhe eram inerentes por
sua natureza divina. "E disse-lhe o diabo: Se tu és o Filho de Deus, dize a esta pedra que se
transforme em pão. E Jesus lhe respondeu, dizendo: Escrito está que nem só de pão viverá o
homem, mas de toda palavra de Deus" Lc. 4.3,4 "Ou pensas tu que não poderia eu agora orar a
meu Pai, e ele não me daria mais de doze legiões de anjos?". Mt. 26.53 Lc. 10.17,18

4.1.2. Épocas da humilhação de Jesus.

a) A primeira época da humilhação de Jesus foi quando o Verbo preexiste se fez carne.

b) A segunda foi durante o tempo da sua submissão ao Espírito e às leis humanas.

c) A terceira foi por ocasião da sua morte no Calvário.

4.2. O estado de exaltação.

Épocas da sua exaltação: Depois da sua morte, Jesus voltou para a destra do Pai,
recebeu novamente aquela glória que tinha antes que o mundo existisse, e entrou em pleno
uso daqueles poderes que tivera antes do período de humilhação.
12
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

"Mas ele, estando cheio do Espírito Santo, fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus e
JESUS, que estava à direita de Deus". At. 7.55

"E foi-lhe dado um nome que é sobre todo o nome, para que no nome de Jesus se dobre todo
joelho, dos que estão no céu, na terra e debaixo da terra". F1.2.11

Neste Nome Os Enfermos são curados, Mt. 4.24. Neste nome os demônios são
expulsos, Me. 5.1-17. Neste nome Milagres são realizados, McA.7-41. Neste nome os Mortos
são ressuscitados. João 11.43-44.

Questionário

1. O que você entende por Preparação Negativa da História Pagã?

2. O que você entende por Preparação Positiva?

3. Qual o Conceito Ebionita acerca da Pessoa de Jesus?

4. Qual o Conceito dos Docetas sobre a Pessoa de Jesus?

5. Qual o Conceito dos Arianistas?

6. Qual era a Teoria de Apolinário?

7. Qual era a Teoria de Eutiques?

8. Fale sobre a Natureza Humana de Jesus

9. Fale sobre a Deidade de Cristo?

10. Quais os dois Estados de Jesus?

11. O que você entende por Estado de Humilhação?

12.0 que você entende por estado de Exaltação?

13
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

LIÇÃO 23

DOUTRINA DO ESPIRITO SANTO

Texto: Gn. 1.2; I Co. 3.16; 6.19; - Oração - Duração do Estudo: 2 horas

Nomes e títulos dados ao Espírito Santo nos revelam muita coisa a respeito dele.
Embora o nome "Espírito Santo" não ocorra no Velho Testamento, mas a sua ação está
bastante explícita nas páginas das Sagradas Escrituras.

O título mais freqüente no Antigo Testamento é "o Espírito de Yahweh", ou o Espírito do


Senhor. "O Espírito de Yahweh estava ativo na criação, conforme revela Gn. 1.2.".

1. O Espírito Santo No Velho Testamento

Respondendo ao ataque dos críticos modernos quanto à presença do Espírito Santo no Antigo
Testamento, afirmamos que o Espírito Santo é revelado no Velho Testamento de três
maneiras: primeira, como Espírito criador, por cujo poder o universo e todos os seres foram
criados; segunda, como o Espírito dinâmico ou doador de poder; terceira, como Espírito
regenerador, pelo qual a natureza humana é transformada.

1. 1. Espírito criador.

O Espírito Santo é a terceira Pessoa da Trindade por cujo poder o universo foi criado.
Ele pairava por sobre a face das águas e participou da glória da criação. Gn. 1.2; JÓ. 26.13;
Sa1.33.6

O Espírito Santo criou e sustenta o homem. Gn. 2.7; Jó 33.4. Toda pessoa, seja ou não
servo de Deus, é sustentada pelo poder criador do Espírito de Deus. Dn. 5.23; Atos 17.28. O
homem deve a sua existência ao Verbo João 1.1,3 e ao Espírito. Foi a esses que Deus dirigiu
dizendo: "Façamos o homem ... ".

1.2. Espírito dinâmico.

A operação dinâmica do Espírito criou duas classes de ministros: primeira, obreiros


para Deus - homens de ação, organizadores, executivos; segunda, locutores de Deus - profetas
e mestres.

a) Obreiros para Deus. Como exemplo de obreiros inspirados pelo Espírito Santo,
mencionamos Josué. Num. 27.8-21; Otoniel, Juizes 3.9-10; José, Gn. 41.38-40; Moisés, Nm.
11.16-17; Gideão.Juízes 6.34; Sansão, Juizes 23.24,25; etc.

b) Locutores de Deus. O profeta de Israel, podemos dizer, era um locutor de Deus, um que
recebia mensagens de Deus e as entregava ao povo. Ele estava cônscio do poder celestial que
descia sobre ele de tempos em tempos capacitando-o para pronunciar mensagens não
concebidas por sua própria mente. Ezequiel. Ez . 8.1-3; Isaias, J eremias, Daniel e tantos outros.

14
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

1.3. Espírito regenerador.

O Espírito Santo no Antigo Testamento é descrito como regenerador da natureza


humana. Davi reconhecia o Espírito como aquele que esquadrinha os caminhos dos homens, e
revela à luz de Deus, o mais oculto em suas vidas. SI. 143.10. Davi orou para que o Espírito
Santo de Deus, santificasse o seu caráter. SI. 51.11.

2. O Espírito Santo no Novo Testamento

O Novo Testamento introduz a Dispensação do Espírito, cumprindo-se a promessa de


que Deus derramaria do seu Espírito sobre toda a carne, conforme profecia de J oel 2.

2.1. O Espírito Santo é uma pessoa.

a) O uso do pronome neutro no grego. Com referência ao Espírito Santo faz-se uso do
pronome no masculino, embora no grego apareça o gênero neutro. "Ele me glorificará, porque
há de receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar". João 16.14.

b) O termo Consolador significa uma pessoa. "Porém, digo-vos a verdade, que convém que eu
vá; porque, se eu não for, o Consolador não virá para vos ... " João 16.7

c) Seu nome é mencionado com outras pessoas, o que indica sua personalidade. "Porque
pareceu bem, ao Espírito e a nós, não vos impor mais encargo algum, senão estas coisas
necessárias". At. 15.28

d) O Espírito Santo pratica atos próprios de uma pessoa. "Então disse o Senhor: não
contenderá o meu Espírito para sempre com o homem; porque ele também é carne". Gn. 3.3;
Lc. 12.12; Atos. 8.29; 10.19

2.2. O Espírito Santo Tem os mesmos Atributos de Deus.

a) A primeira coisa que precisamos compreender sobre o Espírito Santo é que Ele é Deus.
"Disse então Pedro: Ananias, por que Satanás encheu teu coração de forma que você mentiu
Ao Espírito Santo ... Você não mentiu aos homens, mas a Deus. At. 5.3,4

b) O Espírito Santo é Eterno. "E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do
abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas". Gn. 1.2. "Quanto mais o sangue
de Cristo, que, pelo Espírito Eterno, se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará a
vossa consciência das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo". Hb.9.14

c) O Espírito Santo é Onipresente, Onipotente, e Onisciente. SI. 139.7-10; LC.1.35; I CO.2.1O,1l

d) As obras que o Espírito Santo realiza, testificam que ele tem os mesmos atributos de Deus.
Criação, regeneração, ressurreição. Gn. 1.2; Jó 33.4; João 3.5- 8; Rm. 8.11

2.3. O Espírito Santo e Cristo.

15
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

Desde o princípio até o fim de sua vida terrena, o Senhor Jesus esteve intimamente
ligado ao Espírito Santo. Tão íntima foi esta relação que Paulo descreve a Cristo como "um
Espírito vivificante". Vejamos:

a) No Seu Nascimento

O Espírito Santo é descrito como o agente na milagrosa concepção de Jesus. Mat. 1.20;
Lc. 1.35. Jesus esteve relacionado com o Espírito de Deus desde o primeiro momento da sua
existência humana. O Espírito Santo desceu sobre Maria, o Poder do Altíssimo cobriu-a com
sua sombra, e àquele que dela nasceu foi dado o direito de ser chamado santo, Filho de Deus.

O efeito dessa intervenção divina revela-se no estado imaculado de Cristo, sua perfeita
consagração ao Pai. O poder do pecado foi destruído, e Um nascido de mulher, ao mesmo
tempo que era homem e santo, era também o Filho de Deus. O segundo Homem é do céu. I
Co. 15.47. Sua vida era de cima, João 8.23; sua passagem pelo mundo representa a vitória
sobre o pecado. Aquele que nenhum pecado cometera e que salva o seu povo dos seus
pecados, necessariamente teria de ser gerado pelo Espírito.

b) No Seu Batismo.

Com o passar dos anos, começou uma nova relação com o Espírito. Aquele que havia
sido concebido pelo Espírito foi ungido com o Espírito. Assim como o Espírito desceu sobre
Maria na concepção, assim também no batismo o Espírito desceu sobre o Filho, ungindo-o
como Profeta, Sacerdote e Rei.

c) No Seu Ministério.

Logo foi levado pelo Espírito ao deserto Me. 1.12 para ser tentado por Satanás. Ali ele
venceu as sugestões do príncipe deste mundo.

Ele exerceu seu ministério com o conhecimento "íntimo de que o poder divino habitava nele.
Sabia que o Espírito do Senhor Deus estava sobre ele para cumprir o ministério predito acerca
do Messias Lc. 4.18; e pelo dedo de Deus expulsou demônios. Luc. 11.20, At. 10.38.

d) Na Sua Crucificação

O mesmo Espírito que o conduziu ao deserto e o sustentou ali também lhe deu força
para consumar seu ministério sobre a cruz, onde, "pelo Espírito eterno se ofereceu a si
mesmo, imaculado a Deus" Hb. 9.14. Ele foi à cruz com a unção ainda sobre ele. O Espírito
manteve diante dele as exigências inflexíveis de Deus. O Espírito Santo encheu-lhe a mente de
ardor, zelo e amor persistentes, os quais o conduziram a completar seu sacrifício. Seu espírito
humano estava de tal modo saturado pelo Espírito de Deus que vivia no eterno e invisível, e
pôde "suportar a cruz, desprezando a afronta". Hb. 12.2.

e) Na Sua Ressurreição.

O Espírito Santo foi o agente vivificador na ressurreição de Cristo. Rom. 1.4; 8.11.
Alguns dias depois desse evento, Cristo apareceu a seus discípulos, soprou sobre eles, e disse:

16
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

"Recebei o Espírito Santo"João 20.22; At. 1.2. Essas palavras não podem significar um símbolo
daquilo que havia de ocorrer cinqüenta dias depois, isto é, um lembrete do Pentecostes
vindouro.

f) Na Sua Ascensão.

Nota-se três graus na concessão do Espírito a Cristo: 1) Na sua concepção, o Espírito de


Deus foi, desde esse momento, o Espírito de Jesus, o poder vivificante e santificador. 2) Com o
passar dos anos começou uma nova relação com Espírito. O Espírito de Deus veio a ser o
Espírito de Cristo, para exercer o ministério messiânico. 3) Depois da ascensão, o Espírito veio
a ser o Espírito de Cristo no sentido de ser concedido a outros.

Depois da ascensão o Senhor Jesus exerceu a grande prerrogativa messiânica que lhe
foi concedida - enviar o Espírito sobre outros. At. 2.33; Apoc. 5.6

2.4. O Espírito Santo na Experiência Humana

Falando sobre o Espírito Santo, vejamos suas várias operações em relação com os
homens.

a) Operando Convicção.

Em João 6.7-11 Jesus descreve a obra do Espírito em relação ao mundo. O Espírito


trabalha no sentido de convencer os homens quanto ao conhecimento das verdades eternas,
até então rejeitadas pela humanidade. Os homens não sabem o que é pecado, a justiça e o
juízo; portanto, precisam ser convencidos da verdade espiritual. Por exemplo, seja inútil
discutir com uma pessoa que declarasse não ver beleza alguma numa rosa, pois sua
incapacidade demonstraria falta de apreciação pelo belo. Precisa ser despertado nela um
sentido de beleza; precisa ser "convenci da" da beleza da flor. Da mesma maneira, a mente e a
alma obscurecidas nada discernem das verdades espirituais antes de serem convencidas e
despertadas pelo Espírito Santo.

b) Do Pecado de Incredulidade

Quando Pedro pregou, no dia de Pentecostes ele nada disse acerca da vida licenciosa
do povo, do seu mundanismo, ou de sua cobiça; ele não entrou em detalhes sobre sua
depravação para os envergonhar. O pecado do qual os culpou, e do qual mandou que se
arrependesse, foi a crucificação de Cristo; o perigo do qual os avisou foi o de se recusarem a
crer em Jesus.

Portanto, descreve o pecado da incredulidade como o pecado único, porque, nas


palavras dum erudito, "onde esse permanece, todos os demais pecados surgem e quando esse
desaparece todos os demais desaparecem". A consciência poderá convencer o homem dos
pecados comuns, mas nunca do pecado da incredulidade. Jamais homem algum foi convencido
desse pecado, a não ser pelo próprio Espírito Santo.

c) Do Justiça de Cristo.

17
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

Da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais. João 16.10. Jesus Cristo foi
crucificado como malfeitor e impostor. Mas depois do dia de Pentecostes, o derramamento do
Espírito e realização do milagre em sua nome convenceram a milhares de judeus de que não
somente ele era justo, mas também era a fonte única e o caminho da justiça. O Espírito Santo
não somente convenceu os judeus de que haviam crucificado o Senhor da Justiça, At. 2.36,37,
mas também ele lhes assegurou que havia perdão e salvação em seu nome. At. 2.38

d) Do Juízo sobre Satanás.

"É do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado"João 16.11. Como se
convencerão as pessoas na atualidade de que o crime será castigado? Pela descoberta do
crime e seu subseqüente castigo; em outras palavras, pela demonstração da justiça. A cruz foi
uma demonstração da verdade de que o poder de Satanás sobre a vida dos homens foi
destruído, e de que sua completa ruína foi decretada. Heb. 2.14,15; I João 3.8. Pela morte de
Cristo todos os homens são resgatados do domínio de Satanás. Cabe ao homem ser
convencido pelo Espírito Santo de que na verdade já estão livres. João 8.32; 8.36.

2.5. O Espírito Santo na Vida do Cristão.

O Espírito Santo vem habitar dentro do cristão para ministrar-lhe pessoalmente.

a) Ele Testifica Sobre o Nosso Relacionamento Com Deus. "O próprio Espírito testifica com o
nosso espírito que somos filhos de Deus". Rom. 8.1; I João 3.24.

b) Ele Ensina. "Mas o Conselheiro, o Espírito Santo, que o Pai enviará em Meu nome, lhes
ensinará todas as coisas e lhes lembrará de tudo o que Eu Ihes disse". João 14.26.

c) Ele nos Guia. " ... porque os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus". Rom.
8.14

d) Ele nos ajuda Na Oração. "Da mesma forma o Espírito nos ajuda em nossas fraquezas. Não
sabemos o que deveríamos orar, mas o Próprio Espírito intercede por nós com gemidos que as
palavras não conseguem exprimir". Rom. 8.26

e) Ele Vivifica os Nossos Corpos. "E se o Espírito de Deus ressuscitou a Jesus dentre os mortos.
Aquele que ressuscitou a Cristo dentre os mortos também vivificará os seus corpos mortais
através do Seu Espírito, o Qual habita em vocês". Rom. 8.11

f) Ele Dar Poder e Intrepidez. "Mas recebereis poder e sereis minhas testemunhas em
Jerusalém, em toda a Judéia, e Samaria e em todos os confins da terra". At. 1.8; 2.14-40

O Novo Testamento fala do Espírito Santo como uma Pessoa, e nunca como uma
influência. Suas referências a Ele são sempre com o pronome masculino e nunca neutro.

Billy Graham, ao escrever para a revista "Decision', disse: "A maior necessidade do
mundo hoje é de cristãos espiritualmente maduros que não somente tenham professado sua
fé em Cristo, mas que vivam essa fé cada dia". E conclui: “Por que não entregas a tua vida ao

18
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

Senhor para deixá-Ia mudar a direção, rumo à maturidade espiritual”? Esta é a maior
necessidade atual.

Questionário

1. Qual o Título mais frequente para o Espírito Santo no Velho Testamento?

2. Quais as três maneiras pelas quais o Espírito Santo é Revelado no Novo Testamento?

3. O que você entende por Espírito criador?

4. O que você entende por Espírito dinâmico?

5. O que você entende por Espírito regenerador?

6. Fale sobre o Espírito santo como uma Pessoa?

7. Quais os Atributos do Espírito Santo?

8. Descreva o Espírito Santo no Nascimento de Jesus.

9. Descreva o Espírito Santo no Batismo de Jesus

10. Descreva o Espírito Santo no Ministério de Jesus.

11. Descreva o Espírito Santo na Crucificação de Jesus

12. Descreva o Espírito Santo na Ressurreição de Jesus

13. Fale sobre o Espírito Santo na Experiência Humana

14. Fale Sobre o Espírito Santo na Experiência do Cristão.

19
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

LIÇÃO 24

DOUTRINA DO HOMEM FEITO À IMAGEM DE DEUS

Texto: Gn. 1.26-28 Oração - Duração do Estudo: 2 horas

De acordo com a Bíblia, o homem foi criado à imagem de Deus. Os primeiros Pais da
Igreja concordavam plenamente de que o homem fora criado à imagem e semelhança de
Deus.

Ao criar o homem, Deus tinha um maravilhoso plano e propósito para ele. Ele desejava
ter seres que pensassem e sentissem como Ele, seres com os quais Ele pudesse compartilhar a
sua vida e que dominassem sobre a terra. Assim sendo, Ele criou o homem - à Sua própria
imagem.

Em que consiste a imagem de Deus no homem? Que efeito teve a queda do homem
sobre a imagem de Deus? O que realmente significa "imagem e semelhança" de Deus?

Antes de responder a estas questões, vamos analisar algumas características que


distinguem o homem dos animais irracionais:

1. Consciência própria

O primeiro ponto que serve de distinção entre o homem e os irracionais, é a consciência


própria. O homem tem o dom de fixar em si mesmo o pensamento, isto é, ele tem consciência
da sua própria personalidade. A faculdade que ele tem de proferir o pronome EU, faz surgir um
abismo intransponível entre ele e os outros animais. Os animais jamais pronunciariam EU,
porque eles não tem consciência própria.

2. O poder de pensar em coisas abstratas

Este é o segundo ponto que separa o homem dos outros animais. Qualquer animal
pode ser ensinado a pensar numa cor, será uma cor identificada com algum objeto. O homem
tem a capacidade de pensar não só na cor independente de qualquer objeto colorido, como
também em outras coisas abstratas, tais como: ódio, amor, prazer, etc.

A faculdade de cogitar das coisas abstratas é privilégio exclusivo do homem, privilégio


que lhe abre um campo vastíssimo de desenvolvimento, que ao irracional está completamente
fechado. Por exemplo: as artes como a pintura, a escultura, etc.

3. A lei moral

Em terceiro lugar, queremos chamar a atenção para o fato de que o homem reconhece
a existência de uma lei moral a que ele está sujeito. Por meio dela, o homem tem ciência da
diferença entre o bem e o mal, e compreende o dever de obedecer à lei moral, não somente
pelo respeito de qualquer autoridade exterior, como também por um constrangimento
interior.

4. A natureza religiosa do homem

20
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

A natureza religiosa estabelece um ponto de profundo contraste entre o homem e o


animal. A natureza religiosa revela que o homem é um ser espiritual, foi feito alma vivente.
Gen. 2.7. O espírito é imaterial e invisível. Ele habita no corpo e age por meio dele. Esta alma
tem três modos de agir:

a) Intelecto que é a capacidade que o homem tem de julgar, recordar, imaginar e raciocinar.

b) Afeição que é a capacidade de sentir dor, prazer, ódio, etc.

c) Vontade que é a capacidade de escolher, rejeitar, tomar decisões.

5. Somente o homem foi criado à semelhança de Deus

A capacidade intelectual que o homem tem o faz semelhante a Deus. Se não houvesse
conformidade, na estrutura mental, seria impossível a comunicação de um com outro. O fato
de Deus manifestar-se ao homem prova que o homem pode receber e compreender tal
revelação.

Há ainda a semelhança moral, porque assim foi o homem criado por Deus. Essa
semelhança moral consistia nas qualidades morais que faziam, e ainda hoje fazem parte do
caráter de Deus.

O homem não somente possui a imagem de Deus. A imagem de Deus não é algo
acidental, é algo essencial a natureza humana.

6. O que a Bíblia diz sobre a imagem de Deus no homem

6.1. As palavras "imagem" e "semelhança" são empregadas como sinônimos, portanto


não se refere a duas coisas diferentes. Em Gen. 1.26 são empregadas as duas palavras, mas no
verso 27, somente a primeira delas. Em Gen. 5.1, só ocorre a palavra "semelhança". Em Gen.
9.6 contém somente a palavra "imagem" como uma expressão completa da idéia. No Novo
Testamento, somente a palavra "imagem" é empregada em Col. 3.10 e só "semelhança"em
Tiago 3.9. Isto implica que o homem foi deveras criado também à semelhança de Deus, e que
esta semelhança não é algo de que ele foi revestido mais tarde. A opinião comum é que a
palavra "imagem" foi acrescentada para expressar a idéia de que a imagem era uma imagem
muito semelhante, perfeita. Deus é o original do qual o homem foi feito uma cópia.

6.2. A expressão "imagem de Deus" inclui o que geralmente se chama "justiça,


conhecimento e santidade". A Bíblia diz que Deus fez o homem bom e reto. Gen. 1.31;
Eclesiastes 7.29. Portanto, estes três elementos (um estado de verdadeiro conhecimento,
justiça e santidade), constituem ajustiça original. Mas não se deve restringir a imagem de Deus
ao conhecimento, à justiça e santidade; ela inclui também elementos que pertencem à
constituição natural do homem, como as faculdades intelectuais, os sentimentos naturais e a
liberdade moral.

6.3. Outro elemento que faz parte da imagem de Deus é o da espiritualidade. Deus é
espírito, e é simplesmente natural esperar que este elemento de espiritualidade também se
ache no homem.
21
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

6.4. Antes do cair em pecado, ele refletia perfeitamente a imagem de Deus, vejamos:

6.4.1. O homem reflete a imagem de Deus como um ser que é relacional. Ele não vive
isolado, assim como Deus não vive só. Deus é tri-pessoal. Gen. 1.26.

6.4.2. O homem reflete a imagem de Deus pela sua capacidade de dominar sobre as
outras coisas criadas. Gen. 1.26-28.

6.4.3. O homem reflete a imagem de Deus por ter atributos que são inerentes a sua
própria natureza.

a) Poder intelectual: É a faculdade de raciocinar, inteligência e outras que refletem aquilo que
Deus tem.

b) Afeições naturais: É a capacidade que o homem tem de ligar emocionalmente e


afetivamente a outros seres e coisas. Deus tem esta capacidade.

c) Liberdade moral: Capacidade que o homem tem de agir, obedecendo e respeitando


princípios morais.

7. Analisemos os quatro estágios da imagem de Deus no homem

7.1. Imagem Original. Gen 1.26-27

O que significa ser criado à imagem e semelhança? Significa que o homem foi criado
para refletir, espelhar e representar Deus. Agostinho diz que o homem foi criado "capaz de
não pecar". Berkhof diz que a imagem de Deus consiste na integridade original da natureza do
homem, que se expressa:

a) No conhecimento Verdadeiro - Col. 3.10 "E vos revestistes do novo homem, que se refaz
para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que ' o criou".

b) Na justiça - Ef. 4.24 "E vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e
retidão procedentes da verdade".

c) Na santidade - Ef. 4.24 "E vos revistais do novo homem, que, segundo Deus, é criado em
verdadeira justiça e santidade".

7.2. Imagem Desfigurada. Gen 5.3

O estado original não foi mantido pelos nossos primeiros pais. Veio a desobediência e
consequentemente a queda. Foram criados para refletir Deus e não passaram no teste.
Provados, caíram e deformaram a imagem de Deus neles.

Quando o homem caiu, perdeu completamente a imagem de Deus? Não. Com a


queda, o homem perdeu o verdadeiro conhecimento, à justiça e à santidade originais mas os
elementos que pertencem à constituição natural do homem, ele não perdeu, que são: as
faculdades intelectuais, os sentimentos naturais e a liberdade moral, sem os quais ele deixa de
ser homem. Esta parte da imagem de Deus no homem, foi corrompida pelo pecado, mas ainda

22
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

permanece no homem. Note que o homem mesmo após a queda, é apresentado como
imagem de Deus. Gen. 9.6; I Cor. 1l.7; Tiago 3.9

Para Calvino, a imagem de Deus não foi totalmente aniquilada com a queda, mas foi
terrivelmente deformada. Ele descreveu esta imagem depois da queda como "uma imagem
deformada, doentia e desfigurada". Rom. 3.10-19

7.3. Imagem Restaurada.

O homem antes criado para refletir Deus, agora após a queda, precisa ter esta
condição restaurada. Restauração esta que se estenderá por todo o processo da redenção.
Esta restauração da imagem só é possível através de Cristo, porque Cristo é a imagem perfeita
de Deus, e o pecador precisa agora tomar-se mais semelhante a Cristo. Col. 1.15 "Ele é a
imagem do Deus invisível" e em Rom. 8.29 diz que Deus nos predestinou para sermos
"Conforme a imagem de Seu Filho". I João 3.2; II Cor. 3.18.

7.4. Imagem Aperfeiçoada.

A perfeição da imagem de Deus no homem, somente na participação da glorificação de


Cristo. A glorificação dos cristãos ocorrerá junto com a glorificação do Senhor Jesus. Col. 3.4
"Quando Cristo que é a vossa vida, se manifestar, então vós também sereis manifestados com
ele, em glória".

A glorificação é voltar à perfeição com a qual fomos criados por Deus, é voltar a
imagem de Deus. Este é o propósito final da redenção. E isto só é possível em Cristo. Em Cristo,
o cristão não apenas volta ao que era Adão antes de pecar, mas vai um pouco mais além.

Adão ainda podia perder a impecabilidade, mas aos santos glorificados isso não poderá
mais ocorrer. Os santos na glória não serão capazes de pecar nem de morrer. Isaias 25.8; I Cor.
15.42,54; Ef. 5.27; Apoc. 21,4

Questionário.
1. O que você entende por Consciência Própria?

2. Fale sobre o poder de pensar nas coisas abstratas.

3. O que é Lei Moral?

4. O que você entende por Natureza Religiosa do Homem?

5. O que a Bíblia diz sobre a Imagem de Deus no Homem?

6. O que você entende por Imagem Original?

7. O que você entende por Imagem Desfigurada?

8. O que você entende por Imagem Restaurada?

9. O que você entende por Imagem Aperfeiçoada?


23
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

LIÇÃO 25

DOUTINA DO PECADO E SUAS CONSEQÜÊNCIAS

Texto: Rm. 5.12; 3.23 - Oração - Duração do Estudo: 2 horas

Apesar do homem admitir a realidade do pecado, ele não é capaz de explicar a sua
origem e sua presença na natureza humana. Neste estudo iremos considerar o pecado e suas
consequências na vida de nossos primeiros pais.

1. A Origem do Pecado

Considerando que há diversos pontos de vista quanto a questão da origem do pecado,


eliminemos primeiro os falsos para depois considerar o verdadeiro.

1.1. O Pecado Não é Eterno.

O dualismo cósmico afirma que há dois princípios auto-existentes e eternos: o bem e o


mal. Esta idéia significa que o pecado sempre existiu. O bem e o mal têm estado em conflito
um com o outro por toda a eternidade e continuarão sempre em conflito.

Rejeitamos esta teoria porque ela faz de Deus um ser finito e dependente. Não pode
duas coisas infinitas na mesma categoria, e Deus não pode ser ao mesmo tempo soberano e
limitado por algo que nem criou e nem pode evitar. Esta idéia elimina o conceito do pecado
como um mal moral. Se o pecado é uma parte inseparáve1 da nossa natureza, fica sem efeito
o sentido de responsabilidade ou culpabilidade humana.

1.2. O Pecado não é Resultado da Limitação humana.

Leibnitz e Spinoza afirmavam que o pecado tem sua origem na limitação humana.
Portanto não é mais do que um resultado necessário das limitações de nosso ser.

Esta teoria significa dizer que o mal moral é o antecedente e a condição necessária
para o bem moral. Não poderíamos conhecer o bem moral se não existisse o mal moral.

Rejeitamos esta teoria porque ela ignora a distinção entre o elemento físico e moral.
Mesmo que o homem tenha sido criado com algumas fraquezas e limitações físicas, ele não foi
criado com fraquezas e limitações morais. Ele poderia ter obedecido a Deus, se tivesse
escolhido fazer. I Co. 3.10

1.3. O Pecado não teve Origem na Sensualidade.

Com sensualidade queremos dizer o que é dos sentidos ou se refere aos sentidos.
Schleiermancher afirmou que o pecado se originava em nossa natureza sensual, que portanto,
seria ela mesma má. Seguidores desta linha de pensamento traçam o mal moral como uma
herança que o homem recebeu de seus antepassados animais. Alguns teólogos antigos
24
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

chegaram a afirmar que esta natureza sensual é resultado da ligação da alma com um
organismo físico.

Recusamos esta teoria porque os sentidos não são eles próprios as fontes de pecado,
mas frequentemente se transformam em instrumentos da natureza carnal. Além do mais essa
doutrina leva ao asceticismo, no qual o poder dos sentidos deve ser enfraquecido. Ao invés de
explicar a origem do pecado como uma escolha livre e deliberada do homem, afirmam que o
pecado foi resultado da constituição original da natureza humana; assim sendo, o homem
passa a ser a pena um infeliz e que não tem culpa alguma nesta questão de pecado.

1.4. O Pecado se Originou no Ato da Livre Escolha de Adão.

Se o pecado não é eterno, nem devido à limitação ou sensualidade do homem, como


foi que se originou? As escrituras explicam que através de um homem o pecado entrou no
mundo, e com ele todas as suas consequências. Rom.5.12-19; I Cor.15.21,22. Este homem foi
Adão e este pecado foi tomar do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Gen. 3.1-
8; I Tim. 2.13,14. A árvore do conhecimento do bem e do mal era boa em si mesma, e seu fruto
era bom; pois não era a árvore, como pensam alguns, mas, sim a desobediência que traria a
morte. Em outras palavras, Deus colocou diante do homem duas coisas boas: a árvore da vida
e a árvore do conhecimento do bem e do mal, e não uma coisa boa e outra coisa má. Ele
proibiu o comer da árvore não porque ela era má, mas porque ele queria fazer um simples
teste da obediência do homem à Sua vontade.

A narrativa da queda em Gn. 3.1-8 não é uma narração alegórica, mas sim histórica,
isto fica evidenciado pelo contexto de fatos históricos e por escritores posteriores
considerarem como histórica. Prova disto é que os nomes Adão e Eva não são simbólicos.
Também o Jardim, os rios, as árvores e os animais são claramente fatos históricos, literais. Não
podemos aceitar a hipótese da queda alegórica, pois o próprio Jesus e os apóstolos trataram a
narrativa do Gênesis como histórica. João 8.44; II Cor. 11.3; Apoc. 20.2.

2. As Consequências Imediatas do Pecado

Vamos considerar os efeitos do primeiro pecado sobre a relação de nossos primeiros


pais com Deus, sobre sua natureza, sobre seus corpos e sobre seu meio ambiente.

1.5. Seu Efeito Sobre o Relacionamento Deles com Deus.

Antes da queda, Deus e Adão estavam em comunhão um com o outro; após a queda,
essa comunhão foi quebrada. Nossos primeiros pais sentiram o peso do aborrecimento de
Deus sobre si; haviam desobedecido sua ordem explícita para não comer da árvore do
conhecimento do bem e do mal, eram culpados. Sabiam que haviam perdido seu lugar diante
de Deus, e que sua condenação repousava sobre eles. Portanto, ao invés de buscar sua
comunhão, eles agora tentavam fugir dEle. Suas consciências culpadas não lhes davam
sossego, por isso tentaram se livrar da responsabilidade. Adão disse que Eva, a mulher que
Deus ha via dado, o havia levado ao pecado; Eva acusou a serpente. Eram culpados, mas
tentaram jogar a responsabilidade por seu pecado sobre outrem.

25
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

2.2. Seu Efeito Sobre sua Natureza.

Quando saíram das mãos do Criador, eles eram não apenas inocentes, mas também
santos. Sua natureza não era pecaminosa. Agora tinham uma sensação de vergonha,
degradação e poluição. Havia algo a esconder. Estavam nus e não poderiam comparecer diante
de Deus em sua condição decaída. Foi esta sensação de impropriedade que os levou a fazer
para si mesmos vestes de folhas de figueira. Estavam moralmente arruinados. Deus havia dito
a Adão a respeito da árvore proibida: "No dia em que dela comeres, certamente morrerás".
Gn. 2.17. Portanto, por um só homem entrou o pecado no mundo. Rom.5.12

2.3. Seu Efeito Sobre Seus Corpos.

Quando Deus disse que se desobedecesse, o homem "certamente morreria". Ele


estava falando também à respeito do corpo imediatamente após o delito, Deus disse a Adão:
"Porque tu és pó, e ao pó tornarás". Gen. 3.19. As palavras de Paulo: "Pois assim como em
Adão todos morreram" I Cor. 15.22, fazem referência principalmente à morte física. Paulo
estava tratando aqui do assunto da ressurreição física e a sobrepõe ao fato da morte física.
Quando ele diz que "por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte"
Rm. 5.12, ele quer dizer todo mal penal, morte espiritual e eterna, bem como a morte física. O
hebraico de Gn. 2.17 pode ser traduzido como "morrendo, morrerás". A partir do momento
que o homem comeu da árvore proibida, já estava morrendo. Os germes destrutivos foram
introduzidos naquela mesma ocasião.

2.4. Seu Efeito Sobre o Meio Ambiente.

A serpente foi amaldiçoada "entre todos os animais domésticos e entre todos os


animais selváticos". Gen. 3.14. É evidente que a criação animal sofreu com o pecado de Adão.
Na era futura esta maldição será retirada, e as feras selvagens se deitarão com os dóceis
animais domésticos. Isaias 11.6-9; 65.25; Oséias 2.18. Maldita é a terra por tua causa: em
fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida. Ela produzirá cardos e abrolhos, e
tu comerás a erva do campo. No suor do teu rosto comerás o pão, até que tornes à terra. Gn.
3.17- 19. Aqui fica evidente que até a natureza inanimada sofre a maldição do pecado do
homem. As escrituras nos dizem que está chegando a hora em que a própria criação será
redimida do cativeiro da corupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque
sabemos que toda a criação tem estado "sujeita e suporta angústia até agora". Rm. 8.21,22

3. A Imputação do Pecado

A Teoria Traduciana mostra que a alma é derivada de Adão tanto quanto o corpo.
Acredito que esta teoria responde a questão da imputação do pecado sobre a raça humana.
Entretanto, os homens têm proposto outras teorias, e iremos examinar e refutar as principais
delas, e daí estabelecer aquilo que consideramos como a doutrina bíblica de maneira mais
detalhada.

3.1. A Teoria Pelagiana. Pelágio foi um monge inglês, que nasceu mais ou menos em
370 AD. Ele expôs uma teoria, onde afirma que o pecado de Adão afetou apenas a ele; que
toda a alma humana é criada por Deus imediatamente, e criada inocente, livre de tendências
26
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

depravadas e capaz de obedecer a Deus como o era Adão; que Deus imputa aos homens
apenas aos que eles fizerem pessoal e conscientemente; e que o único efeito de pecado de
Adão sobre sua posteridade é o de ser um mau exemplo.

Na verdade esta teoria nunca foi conhecida como bíblica, nem formulada em uma
confissão por qualquer ramo da igreja; que as Escrituras, pelo contrário, mostram que todo o
ser humano herdou uma natureza pecaminosa. Rm. 5.12; SI. 51.5; Ef. 2.3; Jó 14.4 que os
homens se tomam culpados de atos pecaminosos tão logo entrem de posse da consciência
moral. Sal. 58.3; Is. 48.8

3.2. A Teoria Arminiana. Armínio (1560-1609) foi um catedrático na Holanda. Sua


interpretação é considerada de semi-pelaganismo. É o ponto de vista definido pela igreja grega
e pelos metodistas. De acordo com esta teoria, o homem está doente. Como resultado da
transgressão de Adão, os homens estão por natureza destituídos da retidão original. Segundo
a teoria Arminiana, a tendência do homem para o mal pode ser chamada de pecado, mas não
envolve culpa ou castigo. Somente quando o homem consciente e voluntariamente se
apropria dessas tendências más é que Deus lhas impunha como pecado.

De acordo com as Escrituras, o homem pecou em Adão e, portanto, culpado antes de


cometer pecado pessoal; que a natureza pecaminosa do homem resulta de seu pecado em
Adão.

3.3. A Teoria Federativa. A teoria federativa parece ter começado com Coceceius
(1603-1669). Catedrático na Holanda, mas foi elaborada mais detalhadamente por Francis
Turretin (1623-1669), também catedrático holandês. Esta teoria diz que Deus fez Adão o
representante da raça humana e entrou em uma aliança com ele. Pelos termos desta aliança,
Deus prometeu conceder vida eterna a Adão e sua posteridade se ele, como o cabeça
representativo, obedecesse a Deus, e denunciou o castigo de morte, caso desobedecesse.
Como Adão pecou, Deus considera todos os seus descendentes como pecadores, e os condena
por causa da transgressão de Adão. Portanto, Ele cria imediatamente cada alma da
posteridade de Adão com uma natureza corrupta, que leva a atos de pecado.

Rejeitamos tal teoria, porque não há nenhuma menção de uma tal aliança com Adão; a
palavra hebraica traduzida "Adão" em Oséias 6.7 deve mais provavelmente ser traduzida como
"homem". Esta idéia contradiz à Escritura, por fazer do primeiro pecado de Adão o fato de
Deus considerar e tratar a raça como pecadores. A Escritura, pelo contrário, declara que a
ofensa se Adão nos constitui pecadores. Rom. 5.19. Não somos pecadores simplesmente
porque Deus nos considera e trate como tais, mas Deus nos considera como pecadores porque
o somos. Está escrito que a morte "passou a todos os homens", não porque foram
considerados e tratados como pecadores, mas "porque todos pecaram". Rom. 5.12.

4. Depravação Culpa e Castigo

Após termos feito nossa consideração acerca da doutrina da imputação do pecado e


suas consequências na vida de Adão e seus descendentes, faremos agora algumas
considerações sobre depravação, culpa e castigo.

27
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

4.1. Significado de Depravação. Com depravação queremos dizer a falta que o homem
tem de justiça original e de afeições santas para com Deus, e também a corrupção de sua
natureza moral e sua tendência para o mal. O ensinamento bíblico é claro sobre este assunto:
"Não há ninguém que não peque". I Reis 8.46; "porque a tua vista não há justo nenhum
vivente". SI. 143.2. "Quem pode dizer: Purifiquei o meu coração, limpo estou do meu pecado".
Pv. 20.9 "Não há homem justo sobre a terra, que faça o bem e que não peque". Ec. 20.9 "Não
há justo, nem sequer um ... não há quem faça o bem, não há nenhum sequer". Rm.3.19. "Pois
todos pecaram e carecem da glória de Deus". Rm. 3.23.

4.2. Culpa. O fato de considerarmos a culpa depois da depravação não significa que ela
venha mais tarde. Todas estas conseqüências caem sobre o homem simultaneamente como o
resultado da queda.

4.2.1. O Significado da Culpa. Culpa significa o merecimento do castigo. A santidade de


Deus, reage contra o pecado, esta é a "ira de Deus". Rm. 1.18. Portanto o pecado é uma ofensa
a Deus e sujeito à Sua ira.

4.2.2. Os Graus da Culpa. As Escrituras reconhecem diferentes graus de culpa que


resultam de diferentes tipos de pecados (Strong).

4.2.2.a) Pecado de Natureza. A natureza pecaminosa que existe dentro de cada ser
humano o leva cometer atos de transgressão. As palavras de Jesus "porque dos tais é o reino
dos céus" Mt.l9.14, falam da inocência relativa da criança; enquanto que suas palavras aos
escribas e fariseus: "Enchei-vos, pois, à medida de vossos pais" Mt. 23.32, se referem a
transgressão pessoal acrescentada à depravação herdada.

4.2.2.b) Pecado de Ignorância e de Conhecimento. Aqui a culpa é determinada de


acordo com a quantidade de informação que o indivíduo possua. Quanto mais conhecimento,
maior a culpa. Mt.l0.15; Luc.12.47-48; Rm.1.32: 2.12; ITm. 1.13,15,16.

4.2.2.c) Pecado de Fraqueza. A quantidade de força de vontade aqui envolvida, indica


o grau de culpa. “O profeta Isaias fala daqueles que puxam para si iniquidade com cordas de
injustiça, e o pecado como com tirantes de carro” Is. 5.18, isto é, com conhecimento e
determinação cedem ao pecado. Exemplo: Pedra ao negar Cristo demonstrou pecado de
fraqueza.

4.3. Natureza do Castigo. Embora seja verdade que as consequências naturais do


pecado já sejam uma forma de castigo, temos que lembrar que o castigo em sua plenitude
aguarda um dia futuro.

4.3.1. O Significado do Castigo. Castigo é aquela dor ou perda que é infligida pelo
Legislador em vindicação de sua justiça que foi ultrajada pela violação da lei. Em todo castigo
existe um elemento pessoal, a sabe, a ira santa do Legislador. À vista disto, é fácil ver que a
intenção essencial do castigo não é de produzir a reforma do transgressor. Existe uma
diferença entre correção e punição. A correção procede do amor e é dada como corretivo. Jer.
10.24; Heb. 12.6; mas castigo procede da justiça e portanto não tem a intenção de reformar o

28
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

transgressor. Ez.28.22; 36.21,22; Apoc. 15.1,4[ 16,5; 19.2. O castigo infligido pela lei não é unia
correção mas sim uma justa retribuição, não é um meio, mas um fim.

4.3.2. O Caráter do Castigo. Uma só palavra basta para declarar o castigo do pecado, e
assim é dada nas Escrituras: morte. E uma morte tríplice: física, espiritual e eterna.

4.3.2.a) Morte Física. A morte física é a separação entre a alma e o corpo. Gen.2.17;
3.19; Num. 16.29; 27.3; SI. 90.7-11; Is. 38.17,18 João. 8.44; Rm.5.12,14,16-17. Para o cristão, a
morte não é mais um castigo, pois Cristo sofreu a morte como castigo do pecado. Para ele, ela
se torna como um sono para o corpo, um portal para a alma, através do qual ele entra em
plena comunhão com seu Senhor. II Cor. 5.8; F1.l.21-23

4.3.2.b) Morte Espiritual. A morte espiritual é a separação entre a alma e Deus. O


castigo anunciado no Éden, que recaiu sobre a raça, é primeiramente esta morte da alma. Gen.
2.17, Rom. 5.21; Ef. 2.1,5. Por ela, o homem perdeu a presença e o favor de Deus, e também o
conhecimento de Deus e o desejo por Ele. Devido a isto, precisa se revivido dos mortos. Luc.
15.32; João.5.24; 8.51

4.3.2.c) Morte Eterna. A morte eterna é simplesmente a culminação e


aperfeiçoamento da morte espiritual. É a separação eterna entre a alma e Deus. Mat. 25.41;
10.28; II Ts.1.9; Hb.1O.31; Apoc. 14.11.

Questionário
1. O que você entende por "o pecado não é eterno"?

2. O que você entende por "o pecado não é Resultado da Limitação humana"?

3. O que você entende por "o pecado não tem origem na sensualidade"?

4. O que você entende por "o pecado originou no Ato da Livre Escolha de Adão"?

5. Quais as conseqüências imediatas do pecado?

6. Fale sobre o efeito do pecado no Relacionamento do homem com Deus.

7. Fale sobre o efeito do pecado sobre Sua Natureza

8. Fale sobre o efeito do pecado em seus corpos.

9. Fale sobre o efeito do pecado sobre o ambiente.

10. O que você entende por Imputação do pecado?

11. Fale sobre a Teoria Pelagiana.

12. Fale sobre a Teoria Arminiana

29
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

13. Fale sobre a Teoria Federativa

14. O que significa Depravação?

15. O que significa Culpa?

16. Fale sobre a Natureza do Castigo

17. Fale sobre o Caráter do Castigo

18. O que é morte física? Espiritual? Eterna?

30
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

LIÇÃO 26

DOUTRINA DA NOVA VIDA EM CRISTO

Texto. II Co. 5.17; João 1.12 - Oração - Duração do Estudo: 2 horas

A Nova Vida em Cristo está resumida nas palavras do apóstolo Paulo: "Pelo que, se
alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo"
li Cor. 5.17. Este versículo fala de uma experiência subjetiva, isto é. Todos os desejos e apetites
deste homem não-regenerado passaram e foram substituídos por um conjunto de desejos e
apetites inteiramente novo.

Os profetas ansiavam pelo dia em que Deus faria algo de novo. Is. 43.19; Jer. 31.22.
Quando Deus completar sua obra redentora, fará um novo trato com seu povo. Jer. 31.31; Ez.
34.25; 37.27; ele implantará um novo coração e um novo espírito dentro deles. Ez. 11.19;
36.26. A afirmação, de que, "em Cristo", o que é velho já passou e tudo se fez novo é um
enunciado escatológico, que teve seu cumprimento com a vinda de Cristo. Com ele veio a nova
criação, a criação de um novo homem. Em Cristo, os homens não precisam mais se conformar
com o século antigo. Rm. 12.2. O novo pacto com deus já existe. I Co. 11.25. Deus forjou uma
nova criação em Cristo, que deve se expressar em boas obras. Ef. 2.10. Ele criou um novo
homem, que é constituído de todos aqueles que estão em Cristo, sejam judeus ou gentios. Ef.
2.15.

1. Nova Vida É Viver Em Cristo

Em Cristo, os homens não precisam mais se conformar com o velho sistema. Rm. 12.2.
O novo pacto com Deus já existe. I cor. 11.25. Esta nova criação é uma nova natureza interior
que capacita a viver em justiça, porque já se despiram do velho homem e estão revestidos do
novo homem, "que se renova para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o
criou". Cal. 3.9-10.

Em Cristo, significa comunhão consciente com ele. Nada poderá nos separar do amor
de Deus em Cristo Jesus. Rom. 8.39. A nova vida significa justiça, paz e alegria no Espírito
Santo. Rm. 14.17. Em Cristo, equivale a estar no corpo de Cristo. Rm. 12.5. Todos os crentes
são um em Cristo Jesus. Gl. 3.28. Deus nos escolheu em Cristo. Ef. 1.4, e nos predestinou Ef.
1.7. Tanto a redenção Rm. 3.2 como a santificação I Co. 1.2 foram forjadas em Jesus Cristo. A
reconciliação do mundo se deu em Cristo. II Co. 5.19. A justificação chega aos homens em
Cristo. Ef. 4.32.

O apóstolo Paulo fala de duas raças de homens. Os homens naturais estão em Adão; os
homens renovados, em Cristo. Como Adão é o chefe e representante da velha raça, Cristo é o
chefe e representante da nova humanidade. Em Adão vieram o pecado, a desobediência, a
condenação e a morte; em Cristo, a justiça, a obediência, e a vida. Rm. 5.12. Aqueles que estão
em Adão pertencem a velha raça, que é escravidão ao pecado e a morte; aqueles que estão
em Cristo pertencem a nova humanidade que é liberdade e vida.

2. A Nova Vida É Viver No Espírito

31
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

O homem em Cristo está também "no Espírito". Se o oposto de "em Cristo" é estar em
Adão, o oposto de "no Espírito" é estar "na carne". Rm. 8.9. Aqueles que estão "em Adão"
estão também "na carne". Por outro lado, o homem que está "em Cristo", está também no
Espírito.

Em I Co. 6.11 estar escrito: "mas fostes lavados, mas fostes santificados, mas fostes
justificados ... no Espírito do nosso Deus". Lavados, significa primariamente, ser purificado do
pecado. Justificados, significa o ato de absolvição. Santificados, significa o processo daqueles
que estão vivendo em Cristo. Estes são fatos presentes na vida daqueles que estão vivendo em
Espírito.

3. A Nova Vida É Não Viver Na Carne

Correspondente ao fato de que os crentes estão no Espírito está o fato de que eles não
estão mais vivendo na carne. "Vos, porém, não estais na carne, mas no Espírito" Rm. 8.9;

Em Rm. 7.5 encontramos: "quando estávamos na carne", indica que aqueles que estão
no Espírito não estão mais na carne. Aqui encontramos dois modos de viver a vida: o velho, na
carne - do pecado e da morte; e o novo, no Espírito - da justiça e da vida.

No velho, isto é, na carne, as preocupações do mundo, da vida natural eram o foco e o


principal objetivo da sua existência; no novo, isto é, no Espírito, as coisas de Deus e de Cristo
tornaram-se seu amor principal.

4. A Nova Vida É Estar Morto Para A Carne

Uma outra maneira do apóstolo Paulo dizer a mesma verdade é através da expressão
de morrer e crucificar-se na carne. Quando uma pessoa passa a viver no Espírito, ela é liberta
do domínio da carne. Isto é visto como morte; a carne foi crucificada. Gl. 5.24. Paulo expressa
a mesma verdade quando diz que ele morreu: "Estou crucificado com Cristo". Gl. 2.20. Este
não é um enunciado subjetivo de algo que aconteceu na consciência cristã, mas uma
afirmação teológica da posição de alguém em Cristo. A mesma idéia se repete quando Paulo
afirma que foi crucificado para o mundo, e o mundo, para ele. Gl. 6.14.

Somos novas criaturas, a antiga vida de servidão à morte e ao pecado já passou, e a


nova vida de liberdade e justiça já chegou.

5. A Nova Vida É Morrer e Ressuscitar Com Cristo

Paulo usa a expressão de morrer e ressuscitar com Cristo para expressar a mesma
verdade. Rm. 6.1-11. O batismo em Cristo v.3, significa união com ele em sua morte e ser
sepultado com ele, o que, por sua vez, significa morte para o pecado; a crucificação do homem
velho e a destruição do "corpo do pecado" v.6, significa libertação do pecado e vida para Deus.
Nesta passagem, a ressurreição com Cristo é futura e escatológica v.5 e 7, mas Efésios 2.5,6
fala de uma ressurreição presente com Cristo, e a afirmação de que estamos vivos para Deus,
v. 11.

6. A Nova Vida É Ser Circuncidado Em Cristo


32
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

A metáfora da morte e da ressurreição é acoplada à circuncisão, em Colocenses


2.11,12. "No qual também fostes circuncidados com a circuncisão de Cristo; tendo sido
sepultados com ele no batismo, no qual também fostes ressuscitados pela fé no poder de
Deus, que o ressuscitou dentre os mortos". Muitos comentadores entendem a circuncisão de
Cristo como uma metáfora de sua morte, e "despir-se do corpo da carne" estar se referindo a
Cristo em sua crucificação. Contudo, visto que Paulo fala de uma circuncisão do coração, feita
não por mãos, portanto refere-se a uma circuncisão espiritual. Rm. 2.29. Seguindo este
raciocínio, "despir-se do corpo da carne" equivale a despir-se do homem velho. Cl. 3.9. Fora de
Cristo os homens estão mortos em transgressão e alienados dos pactos de Israel, Ef. 2.11,12;
Col. 2.13; porém, Deus os vivificou com Cristo.

A vida em que o crente foi introduzido é explicada em termos de perdão de nossos


pecados Cl. 2.13 e do cancelamento do "escrito de dívida que havia contra nós em suas
ordenanças", v. 14. Um "escrito" é um enunciado legal de dívida uma promissória assinada
pelo devedor. O judeu está em débito com Deus porque não cumpriu a Lei; o gentio está em
débito com Deus porque não seguiu nem a luz da natureza Rm. 1.20 nem a da consciência Rm.
2.15. Cristo em sua crucificação, tomou para si este escrito de débito, de pecado, de
condenação e revogou o débito, ao assumir sua penalidade - a morte. Assím, a morte de Cristo
vale para transferir o crente do domínio da dívida, 'da condenação e da morte para o domínio
da vida em Cristo Jesus.

7. A Nova Vida É Morrer Para O Mundo

A união do crente com Cristo, em sua morte, significa que ele também morreu para o
mundo Cl. 2.20. Esta não é uma experiência, mas um fato, em que o cristão deve aceitar pela
fé. Visto que ele morreu para o mundo, ele não tem mais que viver como se fosse um mero ser
legalista, definido por regras legalísticas de práticas ascéticas, para obter um nível mais
elevado de santidade, em vez de experimentar a liberdade que está em Cristo. Cristo
ressuscitou e está assentado no céu, à destra de Deus. O crente ressuscitou com Cristo e foi
elevado ao céu, e a sua "vida está escondida com Cristo em Deus". Gl. 3.3. Por haver sido
elevado ao céu, o crente tem que pensar "nas coisas que são de cima, e não nas que são da
terra". Cl. 3.2. Claro que esta ordem não significa total indiferença com os compromissos e
responsabilidades inerentes à nossa existência diária.

8. A Nova Vida É Ser Habitação de Cristo

O homem renovado não está apenas em Cristo e no Espírito; mas tanto Cristo como o
Espírito habitam nele. Estes são dois aspectos da mesma realidade. Rm. 8.9-10. "Vos, porém,
não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós ... Ora, se Cristo
está em vós .. ". Aqui encontramos os lados objetivo e subjetivo da mesma realidade. Aqui fica
claro que Cristo habita no crente. O crente foi crucificado com Cristo, mas tem uma nova vida,
porque Cristo vive nele. Gl. 2.20

É Cristo habitando no crente assegura-lhe a esperança da redenção. Cl. 1.27. Portanto


"que Cristo habite pela fé nos vossos corações". Ef. 3.17

Conclusão:
33
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

Concluímos dizendo que a união do crente com Cristo, em sua morte e ressurreição, a
habitação de Cristo e do Espírito, a bênção da vida eterna, são modos diferentes de descrever
a mesma realidade: a situação do homem de fé, que se tornou uma nova criatura em Cristo.

Quando Paulo diz que fora de Cristo os homens estão mortos Ef. 2.1, ele deve querer
dizer espiritualmente mortos. Ele não pode estar querendo dizer que os homens não
redimidos não têm espírito. Estar morto em seu espírito significa que eles não estão vivendo
em comunhão com Deus. Ao serem eles vivificados significa que foram trazidos a comunhão
corno Deus vivo.

Questionário.
1. O que é a Nova Vida em Cristo?

2. O que significa viver no Espírito?

3. O que significa viver na carne?

4. O que significa estar morto para a carne?

5. O que você entende por morrer e ressuscitar com Cristo?

6. O que você entende por Ser circuncidado em Cristo?

7. O que significa morrer para o mundo?

8. O que quer dizer ser habitação de Cristo?

34
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

LIÇÃO 27

DOUTRINA DA JUSTIFICAÇÃO

Texto: Rrn. 5.1; - Oração - Duração do Estudo: 2 horas

1. Justificação no Velho Testamento

O termo hebraico para "justificar" é hitsdik, que significa "declarar judicialmente que o estado
de uma pessoa está em harmonia com as exigências da lei". Ex. 23.7; Dt. 25.1; Pv. 17.5. Certos
representantes da teoria da influência moral e também alguns teólogos liberais modernos
negam o significado legal do termo "justificar" e lhe atribuem o sentido moral. Mas se
observarmos cuidadosamente as Escrituras, somos induzidos a aceitar o sentido legal de
justificação. Por exemplo: a) alguns termos postos em contraste como justificar e condenar,
Dt. 25.1; Pv. 17.15; IS.5.23; b) Outros termos que indicam um processo de julgamento, Gen.
18,25; Sal. 143.2; c) Outras vezes encontramos expressões equivalentes à declaração judicial,
Gn. 15.6; SI. 32.1,2. Há duas passagens em que a palavra significa mais que simplesmente
"declarar justo", que são, Is. 53.11 e Dn. 12.3. Mas mesmo nestes casos o sentido não é de
"tornar bom ou santo" mas sim, "alterar a condição de modo que o homem possa ser
considerado justo".

2. Justificação No Novo Testamento

a) O verbo dikaioo. Este verbo significa "declarar que uma pessoa é justa".
Ocasionalmente se refere a uma declaração pessoal de que o caráter moral da pessoa está em
conformidade com a lei. Mt.l2.37; Luc.7.29; Rm. 3.4.

b) A palavra dikaios nunca expressa o que uma coisa é em si mesma, mas sempre o
que é em relação a alguma outra coisa, a algum padrão que está fora dela, ao qual ela deveria
corresponder. No Grego clássico, o termo dikaios é aplicado a um carro, a um cavalo ou a
qualquer outra coisa, com o fim de indicar que a coisa referida é própria para o uso
pretendido. Nas Escrituras, um homem pode ser chamado dikaios quando, a juízo de Deus, a
sua relação com a lei é o que deve ser.

c) O substantivo dikaiosis, justificação. Vê-se apenas em dois lugares do Novo


Testamento, a saber em Rm. 4.25 e 5.18. Denota o ato de Deus declarar os homens livres da
culpa e aceitáveis a Ele.

3. A Doutrina da Justificação na História

A doutrina da Justificação pela fé nem sempre foi claramente compreendida. Na


verdade, até a época da Reforma, ela não era bem definida.

3.1. A Doutrina da Justificação Antes da Reforma.

Alguns dos mais antigos Pais da Igreja, já falavam da justificação pela fé embora não
tivessem um claro entendimento da justificação e da sua relação COIL a fé. Não distinguiam
35
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

entre Santificação e Justificação. Nem mesmo Agostinho tinha uma correta compreensão da
Justificação como ato legal, distinto do processo moral de santificação.

Na Idade Média o assunto ainda era confuso, não havia uma distinção clara entre
Justificação e Santificação. Os Escolásticos afirmavam que justificação inclui dois elementos: os
pecados do homem são perdoados e ele é transformado em justo ou reto. Tomaz de Aquino,
inverteu a ordem dos Escolásticos, ensinava que a graça é infundia no homem e esta graça o
torna justo e a seguir teria seus pecados perdoados. Este conceito prevaleceu na Igreja
Católica Romana. Claro que este conceito contribuiu para o surgimento da doutrina dos
méritos humanos, que se desenvolveu gradativamente na Idade Média. O homem é justificado
com base nas suas boas obras. Nos Cânones e Decretos do Concílio de Trento, no Capítulo IX
está escrito; "Se alguém disser que somente pela fé o ímpio é justificado em termos tais que
signifique que nada mais se requer para cooperar para a obtenção da graça da justificação, e
que de modo nenhum é necessário que ele seja preparado e ajustado pelos impulsos da sua
própria vontade, seja anátema".

3.2. A Doutrina da Justificação Depois da Reforma.

A doutrina da justificação foi o grande princípio material da Reforma. Com respeito à


natureza da justificação, os Reformadores corrigiam o erro de confundir a justificação com a
santificação, salientando o seu caráter legal e descrevendo-a como um ato da livre graça de
Deus pelo qual Ele perdoa os nossos pecados e no aceita como justos aos Seus olhos.

Com relação ao meio da justificação, eles davam ênfase ao fato de que o homem é
justificado gratuitamente pela fé que recebe e descansa unicamente em Cristo para a salvação.
Além disso, eles rejeitaram a doutrina de uma justificação progressiva, e afirmavam que ela é
instantânea e completa e não depende para a sua consumação de mais nenhuma satisfação
pelo pecado.

4. Natureza e Características da Justificação

A justificação é um ato judicial de Deus, no qual Ele declara, com base na justiça de
Jesus Cristo, que todas as reivindicações da lei são satisfeitas com vistas ao pecador. A Bíblia
ensina que justificação é muito mais que o perdão. Os que são justificados têm "paz com
Deus", segurança da salvação, Rm. 5.1-10 e uma "herança entre os que são santificados". At.
26.18.

4.1. A justificação remove a culpa do pecado e restaura o pecador a seu estado de filho
de Deus, incluindo uma herança eterna.

4.2. A justificação acontece uma vez por todas. É completa e para sempre.

5. Conceitos Divergentes de Justificação

5.1. Conceito Católico Romano. Confunde a justificação com a santificação. Inclui os


seguintes elementos na justificação: a) a expulsão do pecado que há no homem: b) infusão da
graça divina; e c) perdão de pecados. O pecador recebe uma graça especial que o leva à

36
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

convicção de pecado, ao arrependimento, a uma segura confiança na graça de Deus, aos


princípios da nova vida e ao desejo de ser batizado.

5.2. Conceito Luterano. A justificação ocorre em dois tempos: objetiva ou passiva e


subjetiva ou ativa. A justificação objetiva ou passiva ocorre fora do pecador no tribunal de
Deus e não muda em nada a vida interior do pecador. Ela consiste apenas de uma declaração
feita no tribunal de Deus. O pecador é declarado justo em vista do fato de que a justiça de
Cristo lhe é imputada. Esta justificação se deu na eternidade passada, antes da criação do
homem. A justificação subjetiva ou ativa ocorre quando o pecador tem consciência do seu
pecado e pela fé toma posse desta declaração feita por Deus. A analogia usada é a seguinte: A
concessão de perdão a um prisioneiro não significaria nada, se as alegres novas não lhe fossem
comunicadas e as portas da prisão não fossem abertas.

Este conceito é extremamente perigoso porque, primeiro confunde o decreto eterno


de eleição com a justificação; segundo, esta posição significa que somos justificados antes de
crermos. A Bíblia ensina que a justificação se dá pela fé. Se a justificação se realiza pela fé,
certamente não precede à fé, no sentido cronológico. Rm. 4.25

5.3. Conceito Arminiano. Os arminianos ensinavam que o sacrifício de Cristo, não


atendeu plenamente à justiça de Deus, mas que foi aceito como satisfatório, para justificação
do pecador. Este sacrifício só serviu para zerar contas passadas. Deus imputa ao crente uma fé
para justiça. Neste caso a fé não é mais o simples instrumento da justificação, mas a base
sobre a qual a justificação repousa. Neste caso, a justificação não é um ato judicial, mas sim
um ato soberano de Deus.

6. Justificação Pela Fé

6.1. A relação da fé com a justificação. Diz a Escritura que somos justificados pela fé.
Rm.3.2S, 28, 30; 5.1; Gl. 2.16; FI.3.9. A fé é o instrumento pelo qual nos apropriamos da
justificação. A preposição "ek" indica que a fé precede a nossa justificação. A Bíblia não diz que
somos justificados por causa da fé, isto porque a fé nunca é apresentada como a base da nossa
justificação. Se fosse. então seria considerada como obra meritória do homem. Rm.3.21, 27,
28; 4.3, 4.

6.2. A fé é apenas o instrumento. A Bíblia diz que Deus justifica o pecador pela fé,
Rm.3.30. Pela fé, o pecador se apropria da justiça de Cristo e estabelece uma união consciente
entre ele e Cristo.

É maravilhoso saber que pelo fato de estarmos em Cristo Jesus somos tirados da
posição de culpa e da ira de Deus e inseridos numa posição de inocência diante de Deus e num
relacionamento de amor com Deus. Bendito seja o Senhor, o justo juiz que usando da sua
infinita misericórdia nos declara "não culpados" porque Jesus fez tudo o que era necessário.

Questionário.
1. O que significa o termo justificar no Velho Testamento?

37
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

2. Qual o sentido legal do termo justificar?

3. Qual o sentido moral do termo justificar?

4. Justificação no Novo Testamento tem três sentidos, quais são?

5. O que significa o verbo dikaioo?

6. O que significa a palavra dikaios?

7. O que significa o substantivo dikaiosis?

8. Fale sobre Justificação Antes da Reforma.

9. Fale sobre Justificação Depois da Reforma.

10. Qual a Natureza e Características da Justificação?

11. Qual o Conceito Católico Romano de Justificação?

12. Qual o Conceito Luterano de Justificação?

13. Qual o Conceito Arminiano de Justificação?

14. Qual a Relação da Fé com a Justificação?

38
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

LIÇÃO 28

DOUTRINA DA SANTIFICAÇÃO

Texto. I Co. 1.30; I Pedro 1.15,16 - Oração - Duração do Estudo: 2 horas

Temos a profunda convicção de que a verdadeira santidade prática e a inteira


consagração a Deus não são assuntos de interesse dos crentes modernos. O assunto da
santidade pessoal tem ficado em segundo plano. O padrão de vida que vivemos está muito
abaixo daquele que Cristo estabeleceu para nós em Mateus capo 5 a 7.

Analisando a doutrina da santificação na história, verificamos que os Pais da Igreja


deixaram muito pouca coisa a respeito da doutrina da santificação. Antes da Reforma, a
preocupação maior foi saber qual a relação da graça de Deus na santificação com a fé; qual a
relação da santificação com a justificação. A fé que justifica é a mesma que santifica.
Desenvolveram concepções defeituosas do pecado, abriu-se as portas para o legalismo, o
sacramentalismo, e na questão da santificação o ascetismo veio a ser considerado da maior
importância.

Será que podemos falar de fé como única coisa necessária e requerida para se obter
santificação? Será que a santificação se dá pela fé somente sem qualquer participação
humana? Será que a fé em Cristo é a base de toda a santidade e que devemos apenas confiar
em Cristo? Será que a fé purifica os corações porque a fé é a vitória que vence o mundo?

As Escrituras nos ensinam que para seguir a santidade o verdadeiro crente precisa ter
fé e também exercer esforço pessoal. Veja o que o apóstolo Paulo escreveu: "Antes corro,
assim luto, esmurro o meu corpo"; "purifiquemo-nos de toda impureza, esforcemos-nos por
entrar ... desembaraçando-nos de todo peso. I Co.9.26; II Co.7.1, Hb. 4.11; 12.1".

A Bíblia em parte alguma ensina que a fé nos santifica no mesmo sentido e da mesma
maneira como a fé nos justifica.

É correto dizer "a fé justifica". Rm. 4.5. Porém, não é igualmente correto dizer "a fé
santifica". A Bíblia nos ensina que somos justificados pela fé, independente das obras da lei.
Mas ela não diz que somos santificados pela fé independente das obras da lei.

Como crentes somos exortados a aperfeiçoar "a nossa santificação no temor do


Senhor" e "a deixar-se levar para o que é perfeito". II Co.7.1; Hb.6.1; II CO. 13. 11

1. Distinção Entre Justificação e Santificação

Saber distinguir a diferença entre justificação e santificação é extremamente


importante.

1.1. Vejamos primeiramente algumas semelhanças.

39
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

1. 1. a) Ambas procedem da graça gratuita de Deus. É somente pela graça inefável que
somos justificados e santificados.

1.l.b) Ambas fazem parte da Obra de Salvação que Jesus Cristo realizou em favor do
seu povo. Cristo é a fonte da vida, nele temos tanto o perdão dos pecados como modelo de
santificação.

1.1.c) Ambas começam no mesmo tempo. No momento em que uma pessoa torna-se
justificada, também começa o processo de santificação.

1.1.d) Ambas são necessárias à salvação. Ninguém jamais chegou ao céu sem a graça
da santificação. Hb. 12.14

1.2. Vejamos em segundo lugar algumas diferenças.

1.2.a) A justificação ocorre mediante uma declaração feita por Deus com base nos
méritos do Senhor Jesus Cristo. A santificação é o desenvolver progressivo da justiça no
interior do homem.

1.2.b) Na justificação, as nossas obras não desempenham qualquer papel, é a simples


fé na Obra redentora de Cristo; já na santificação as, obras desempenham papel importante.

1.2.c) A justificação é uma obra terminada, completa, o crente está perfeitamente


justificado a partir do instante em que crê. A santificação é obra progressiva, ela só será
completada quando deixarmos este corpo corruptível e recebermos o corpo incorruptível.

1.2.d) A justificação refere-se a nossa pessoa, no sentido posicional, diante de Deus. A


santificação está relacionada à nossa natureza' e a renovação moral dos nossos corações.

1.2.e) A justificação nos confere direitos de ir para o céu. A santificação nos torna
adequados para habitar no céu.

1.2.f) A justificação é um ato de Deus a nosso respeito, não podendo ser facilmente
percebido por outras pessoas. A santificação é uma obra de Deus dentro de nós, a qual pode
ser vista pelos homens. II Reis 4.

2. A Natureza da Santificação

Santificação é uma operação experimental interna que o Senhor Jesus Cristo realiza
em uma pessoa pelo Espírito Santo, quando Ele a chama para ser um verdadeiro crente.

1.1. Santificação é O resultado da união com Cristo. João 15.1; Tg.2.17-20; Tito 1.1;
Ga1.5.6; I João 1.7; 3.3.

1.2. Santificação é o resultado e conseqüência da regeneração. I João 3.6; 2.29; 3.9-14;


5.4-18

1.3. Santificação é a evidência da presença habitadora do Espírito Santo. Rom. 8.9; Gal.
5.22-23

40
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

1.4. Santificação é o resultado dos frutos produzidos. Lc. 6.44; Mt. 25.37

1.5. Santificação é um processo que se desenvolve em grau. Um cristão pode subir de


um nível para outro, em sua santidade. Esse é o sentido prático das palavras de Jesus "Pai
santifica-os na verdade". O mesmo Deus de paz, vos santifique em tudo. João 17.17; I Tess.
5.23. Essas expressões dão a entender a idéia de crescimento na santificação.

1.6. Santificação atende a necessidade mais profunda da alma humana.

Esta necessidade está registrada em Rm. 7. De acordo com o texto existe um inimigo
no interior do homem, chamado de "lei do pecado", v. 23; por isso há necessidade da obra
santificadora do Espírito Santo para que o pecador tenha prazer na lei de Deus, v. 22

1.7. Santificação capacita o crente para o serviço cristão. Santificação é algo


absolutamente necessário para promover, fortalecer o nosso testemunho diante dos homens.
Será inútil dizer que temos fé em Deus, a menos que a nossa fé demonstre santificação em
nossas vidas.

3. Evidências Visíveis da Santificação

A santificação tem as suas evidências, as quais são importantes que as consideremos,


vejamos:

2.1. A verdadeira santificação, não consiste em conversar sobre assuntos religiosos.


Algumas pessoas gostam de falar sobre suas doutrinas preferidas, assim, tentam passar a idéia
de que são crentes autênticos. Deus não quer que sejamos trombetas vazias, ou sino que
retinem. É necessário que sejamos santificados, não somente "de palavras, nem de línguas,
mas de fato e de verdade". I João 3.18

2.2. A verdadeira santificação não consiste de sentimentos religiosos passageiros. As


reuniões carismáticas podem atrair muitas pessoas e produzir nelas intensa sensação. A igreja
sempre movimentada, recebendo um novo influxo de vida, pode até exibir uma atividade
renovadora. Uma espécie de emoção pode contagiar pessoas, outras podem chorar, regozijar -
se ou ser afetadas, mas isto pode não ser santificação.

2.3. A verdadeira santificação não consiste em formalismo externo ou em devoção


exterior. Isso é ilusão. Muitos acham que a verdadeira santificação manifesta-se em grande
demonstração de religiosidade, como presença aos cultos, participação na Ceia, observação de
jejuns, austeridade auto-imposta, no uso de vestes peculiares ou em chavões evangélicos. Isso
não passa de religiosidade externa ocupando o lugar da verdadeira santificação.

2.4. A verdadeira santificação não consiste em isentarmos de nossas responsabilidades


comuns da vida, renunciando nossos deveres sociais. Centenas de eremitas se tem confinado
em algum deserto, outros tem se enclausurado dentro das muralhas dos mosteiros e dos
conventos, querendo escapar do pecado e tomarem-se santos. O verdadeiro homem
santificado não é aquele que se oculta em uma caverna, mas o que glorifica' a Deus como
Senhor de sua vida. Demonstramos santificação sendo um bom pai, um bom esposo, um bom

41
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

filho, uma boa esposa; quando procedemos honestamente no mundo dos negócios e do
comércio.

2.5. A verdadeira santificação consiste no respeito à lei de Deus, bem como no esforço
por viver em obediência a ela como regra de vida. O cristão não pode ser justificado pela
guarda da lei, mas a observação a lei produz santificação. O Espírito Santo convence o crente
do pecado por intermédio da lei. Não conhecemos o pecado se a lei não disser. Paulo disse:
"No tocante ao homem interior tenho prazer na lei de Deus". I Tm.1.8; Rm.7.22.

2.6. A verdadeira santificação consiste em viver em conformidade com a vontade de


Cristo. Essa vontade está revelada nos Evangelhos, especialmente no Sermão do Monte.

4. A Verdadeira Santidade Bíblica

A verdadeira Santidade consiste de duas partes:

4.1. A mortificação do velho homem, o corpo do pecado. Esta expressão significa a


remoção gradativa da contaminação e a corrupção da natureza humana. Esta mortificação é
exposta na Bíblia como a crucificação do velho homem. O velho homem é a natureza humana
na medida em que é dirigida pelo pecado. Rm.6.6; G1.5.24. "E os que são de Cristo Jesus
crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências".

4.2. Vivificação do novo homem, criado em Cristo Jesus, para boas obras.

Enquanto que a primeira parte da santificação é de caráter negativo, esta é de caráter


positivo. A velha estrutura do pecado vai sendo posta abaixo aos poucos, e uma nova estrutura
é erguida em seu lugar. Estas duas partes da santificação são simultâneas. Graças a Deus, o
levantamento gradual do novo edifício não precisa esperar até que o antigo esteja
completamente demolido.

Santificação é uma obra de Deus com a participação humana. Quando se diz que o
homem participa na obra de santificação, está se dizendo que Deus efetua essa obra em parte
pela instrumental idade do homem, o qual coopera com o Espírito Santo. Que o homem
precisa cooperar com o Espírito Santo é evidente: a) várias advertências são feitas ao homem
contra males e tentações, indicando que o homem deve agir no sentido de evitar o pecado.
Rm.12.9,16,17; I Co. (6.9,10; Gl. 5.16-23; e b) as constantes exortações a um viver santo. Estes
fatos implicam que o crente deve se esforçar no aperfeiçoamento moral e espiritual da sua
vida. Miq.6.8; João 15.2,8,16; Rm.8.12,l3; 12.1,17.

5. Os Meios Da Santificação

Deus estabeleceu os meios próprios para a nossa santificação:

5.1. Pela Palavra de Deus. Jesus assim orou: "Santifica-os na verdade; a tua palavra é a
verdade" João 17.17. A Palavra de Deus tem efeito purificador, e lava. Ef. 5.25. Ela tem efeito
penetrante. Hb.4.14; SI. 119.9-1l.

42
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

5.2. Pelo Sangue de Cristo. "E por isso também Jesus, para santificar o povo pelo seu
próprio sangue, padeceu fora da porta". Heb. l3.12. O Sangue de Jesus é a base de toda a
nossa pureza e vitória. I João 1.7; Ef. 1.7.

5.3. Pelo Espírito Santo. "E o mesmo Deus de paz vos santifica em tudo" I Tes.5.23.
"Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na
verdade". II Tes. 2.13.

6. Considerações finais:

Verifiquemos em que consiste a verdadeira santidade prática:

6.1. A Santidade é o hábito de ter a mente de Deus na medida em que tomamos


conhecimento da sua vontade descrita na Palavra. É o hábito de concordar com os juízos de
Deus, abominando aquilo que Ele abomina e amando aquilo que Ele ama.

6.2. Um homem santo se esforçará por evitar todo o pecado conhecido, observando
cada mandamento revelado. Terá prazer de cumprir a Vontade de Deus; um maior temor em
desagradar ao Senhor. "Porque no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus"
Rm.7.22

6.3. Um homem santo esforçar-se-á por ser semelhante ao Senhor Jesus Cristo. Rom.
8.29. Seu objetivo será de paciência e perdão aos outros, tal como Cristo perdoou. I João 2.6

6.4. Um homem santo seguirá a mansidão, a longanimidade, a paciência, a brandura


do seu Mestre. Mostrará controle sobre a sua própria língua.

6.5. Um homem santo, esforça-se por mortificar os desejos do corpo, crucificando a


carne com seus afetos e paixões, controlando seus maus desejos, restringindo suas inclinações
carnais. I Co. 9.27

6.6. Um homem santo seguirá o amor e a fraternidade. Será cheio de afete por seus
irmãos. "Aquele que ama ao próximo, tem cumprido a lei". Rm. 13.8. Abominará toda a
mentira, calúnia, maledicência, desonestidade, negócios injustos. I Co. 13

6.7. Um homem santo seguirá a humildade. Ele considera os outros superiores a si


mesmo. Verá mais maldade em seu próprio coração do que em qualquer outro coração. Dirá
como Abraão: "Eis que me atrevo a falar ao Senhor, eu que sou pó e cinza". Gn. 18.27 ou como
Jacó: "Sou indigno de todas as misericórdias que tens usado para com teu servo". Gn. 32.10;
ou como Paulo quando afirmou:

"Eu sou o principal dentre todos os pecadores". ITm. 1.15; ou como Bradford, fiemártir
de Cristo, usava escrever no final de suas cartas: "Um miserável pecador. John Bradford".

Questionário
1. O que é a verdadeira Santidade Prática?

2. O que os Pais da Igreja deixaram para nós sobre Santificação?


43
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

3. É a fé a base de toda a santidade?

4. Cite algumas semelhanças entre Santificação e Justificação.

5. Cite algumas diferenças entre Santificação e Justificação.

6. Qual a natureza da Santificação?

7. Fale sobre as evidências da Santificação.

8. Explique o que significa a verdadeira Santidade Bíblica

9. Quais os meios da Santificação?

44
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

LIÇÃO 29

DOUTRINA DA GRAÇA DE DEUS

Texto: Atos 4.33; 14.26; Ef. 2.8 - Oração - Duração do Estudo: 2 horas

Por que a graça de Deus foi tão importante na experiência dos primeiros cristãos? Por
que a Igreja de Antioquia orou para que a Graça de Deus estivesse sobre Paulo e Barnabé, e
mais tarde sobre Paulo e Silas, quando partiram em suas viagens missionárias? O que é a Graça
de Deus?

1. O Significado da Graça de Deus

A palavra graça tem vários sentidos: quer dizer favor que se recebe ou que se faz a
alguém. O conceito mais comum da palavra "graça" é o favor imerecido de Deus. Ef. 2.8,9; Tt.
3.5.

Nas cartas do apóstolo Paulo, graça geralmente significa a soma das bênçãos que o homem
recebe de Deus por meio de Jesus Cristo.

Graça é também o poder de capacitação de Deus. "Que o nosso Senhor Jesus e Deus,
nosso Pai, o Qual nos amou e pela Sua graça no deu um eterno encorajamento e uma boa
esperança, possa encorajar os seus corações, fortalecê-los em toda boa obra e palavra". II Ts.
2.16,17. A sua graça não somente nos toma aceitos na família de Deus, mas também supre o
poder que necessitamos para vivermos a vida cristã.

2. A Natureza da Graça

A mente humana não está devidamente capacitada para compreender a infinitude da


graça, em todas as suas múltiplas dimensões.

2.1. Ela é Grande. At. 4.33 "E os apóstolos davam, com grande poder, testemunho da
ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça". A grandeza da graça é a
própria grandeza de Deus. Por ser grande, ela envolve todo o mundo. Por ser grande, ela
alcança todas as épocas. Por ser grande, ela se toma o veículo eficaz para envolver toda a
humanidade, facultando-lhe a oportunidade de escapar da condenação eterna.

2.2. Ela é Suficiente. II Co. 12.9. "E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu
poder se aperfeiçoa na fraqueza ... ". Graça é a resposta de Deus à necessidade do homem.
Posto que a sua necessidade é altamente vasta e profundamente abrangente, Deus sentiu a
importância de estender a sua mão ao home oferecendo-lhe uma graça suficiente. Assim, o
Senhor tranquilizou a Paulo, afirmando-lhe: a minha graça é suficiente, e a minha graça te
basta.

2.3. Ela é Rica. Ef. 2.7 "Para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da
sua graça, pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus Deus manifestou sua graça a

45
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

todos os homens, posto que haviam sido encerrado debaixo do pecado. Esta graça é rica em
perdoar, em reconciliar, em justificar, e regenerar e também em glorificar.

2.4. Ela é Soberana. Rm. 5.26 "Onde abundou o pecado superabundou graça". Por
longo tempo o pecado reinou soberanamente no coração do homem, Mas agora "assim como
o pecado reinou na morte, também a graça reina pela justiça para a vida, por Jesus Cristo
nosso Senhor". Rm. 5.21.

3. Operações da Graça

As operações da graça de Deus devem ser sentidas, provadas, experimentadas, na vida de


qualquer criatura.

1.1. Justificados pela Graça. Rm. 4.4,5; Gal. 5.4; Rm. 3.24; Tito 3.-7

Dinheiro algum deste mundo seria capaz de pagar a nossa culpa, demasiada a nossa
dívida e intolerável a nossa transgressão. Mesmo assim, o Senhor nos perdoou e justificou. Por
que o fez? Paulo nos afirma que fomos justificados por sua graça.

Esta justificação significa que Deus rasgou a cédula que havia contra nós cravando-a na
cruz do Calvário. Ele anulou a nossa "ficha", na qual os nossos débitos nos condenavam e
agora creditou em nossa conta o sacrifício expiatório de seu bem-amado Jesus Cristo.

1.2. Salvos pela Graça. At. 15.11; Ef. 2.5,8

A graça se manifesta em nossas vidas através da salvação que Deus nos proporciona. A
superabundante graça é experimentada através da provisão feita pelo Redentor para os que
anteriormente se encontravam debaixo da condenação da Lei.

É impossível a qualquer ser humano salvar-se pelas obras Tt. 3.5; Rom, 4.5,6; Ef. 2.8,9;
ou pela moralidade pessoal, Is. 64.6; Rom. 3.10 ou pela religiosidade, Fil. 3.3; At.7.36,50 ou por
mandamentos Tiago 2.10, Gal. 2.16-21. Salvação é exclusivamente pela graça. A graça de Deus
é uma força salvadora. Tito 2.1

1.3. Perdoados pela Graça. Ef. 1.7

Somente a graça explica o perdão que o Filho pródigo recebeu do Pai. Lc. 15.11-32.
Esse, pois, é o Deus que se mantém graciosamente disposto a perdoar tantos quantos o
busquem, ansiosos de uma reconciliação com ele.

A graça é o princípio operante em todo o nosso relacionamento com Deus.

É a graça que leva o Senhor a afirmar: "Com cordas de amor te atraí". Os. 11.4

1.4. Cheios de Fé pela Graça. At. 18.27

Deus nos abriu uma porta nova, através da qual podemos entrar em um mundo
completamente novo, o mundo maravilhoso da vida de fé, o único meio pelo qual podemos

46
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

agradar a Deus. Hb. 11.6, e gozar de suas plenas bênçãos como filhos amados. Nossa vida
somente pode ser vida de fé através da provisão da graça de Deus. II Pd. 3.18

4. A Graça de Deus na Vida dos Heróis da Fé

Esta força operacional da graça é revelada nas vidas de homens e mulheres em toda a
Bíblia. Todos os heróis da fé começaram a sua caminhada com Deus cientes das suas próprias
fraquezas e incapacidades.

Era somente quando permitiam que a graça de Deus (o seu poder de capacitação)
operasse em suas vidas que eles conseguiam tornar-se o tipo de pessoas que Deus queria que
fossem e a cumprir o plano e o propósito que Deus tinha para suas vidas.

4.1. A Graça de Deus na vida de Moisés. Ex. 3.11-13; 4.1-13

A ordem que o Senhor deu a Moisés não foi nenhuma tarefa medíocre. O Egito era o
império dominante da época. Era uma nação maligna, e Faraó, o seu líder satânico, possuía
uma autoridade incomum, era tido como divino. Todas as nações do mundo conhecido viviam
com temor de Faraó.

Quando Deus disse a Moisés para descer ao Egito e dizer a Faraó para libertar da
escravidão os Seus três milhões de pessoas, a resposta imediata de Moisés foi palavras
provenientes das suas fraquezas e incapacidades:

Vs. 3.11: "Quem sou eu?"

Vs. 3.13: "Quem és Tu"?

VS.4.1: "Eles não crerão em mim!"

V s. 4.10: "Eu não sou eloqüente"

Vs. 4.13: "Senhor, envia uma outra pessoa".

Mas com a GRAÇA de Deus, Moisés desceu de fato ao Egito, e com sinais e maravilhas
tirou o povo de Israel, assim como Deus lhe havia dito para fazer.

4.2. A Graça de Deus na vida de Gideão. Juízes 6.1-24

O chamado de Deus veio a Gideão para libertar o Seu povo dos exércitos
conquistadores dos medianitas. Israel havia conhecido somente derrotas durante muitos anos.
A resposta de Gideão foi de incapacidade:

"Mas senhor, replicou Gideão, se o Senhor está conosco, por que nos sobreveio tudo
iso? Onde estão todas as Suas maravilhas que nos contaram os nossos pais dizendo:
Porventura o Senhor não nos tirou do Egito? Mas agora o Senhor nos abandonou e nos
entregou nas mãos dos medianitas".

47
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

Até mesmo quando o Senhor o encorajou e prometeu estar com ele, Gideão
respondeu: "Como posso salvar a Israel? Sou o menor membro da menor família da nossa
tribo" v. 15

Mas, a despeito dos seus temores e incapacidades, com a GRAÇA de Deus, Gideão
salvou a Israel. E ele o fez com somente um pequeno grupo de homens.

4.3. A Graça de Deus na vida do Apóstolo Paulo. At. 15.40

Antes que Paulo e Silas partissem juntos em sua viagem missionária, Igreja de
Antioquia orou por eles e "os encomendou ... à graça do Senhor", para obra que estava diante
deles.

Quando lemos a descrição de Paulo em II Cor. 11.22-33, percebemos que é


compreensível que ele tenha sido encomendado primeiramente à graça de Deus. Ele
necessitava dela para sobreviver! A reposta do Senhor à confissão de fraqueza de Paulo foi: "
... A minha graça é suficiente para você, pois o Meu poder se aperfeiçoa na fraqueza". II Cor.
12.9

4.4. A Graça de Deus na vida do Crente. 11 Cor. 9.8

Em nosso relacionamento com Deus a medida em que caminhamos com Ele a cada dia,
constantemente nos deparamos com situações adversas, a resposta de Deus à nossa fé é "A
minha graça te basta". O Seu poder de capacitação nos faz triunfar em todas as situações.

4.4.1. O crente é fruto da Graça de Deus. Ef. 2.8; Rm. 3.24 4.4.2. O crente é filho de
Deus pela Graça. João 1.12; Ef. 1.5,6

4.4.3. O crente é Co-herdeiro de Cristo pela Graça. Rm. 8.17; Gn. 3.29

4.4.4. O crente é Vitorioso pela Graça. I Co. 15.57

4.4.5. O crente é Fortalecido na Graça. I Tm. 2.1

4.4.6. O crente deve crescer na Graça. II Pd. 3.18

Isto quer dizer que o caminho da graça é progressivo. Hoje podemos experimentar a
graça em maior porção que ontem. Amanhã, mais que hoje. E assim nunca cessaremos de ver
multiplicado em nosso viver a exuberante graça do Senhor.

Temos acesso ao Trono da Graça. "Aproximemo-nos do TRONO DA GRAÇA com


confiança, a fim de que possamos receber misericórdia e ENCONTRARMOS GRAÇA para nos
ajudar em nossas necessidades". Heb. 4.16

5. Função Múltipla da Graça de Deus

1.5. Graça para servir a Deus. Hb. 12.28

1.6. Graça para fortificar o coração. Hb. 13.9

48
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

1.7. Graça para ministrar. Rm. 12.6

1.8. Graça para contribuir. II Co. 8.6-9

1.9. Graça para cantar. Cl. 3.16

1.10. Graça para ser forte. II Tm. 2.1

1.11. Graça para sofrer por Cristo. FI. 1.29

A graça de Deus é como um combustível que alimenta a nossa vida espiritual. A graça é
a "ração" cotidiana que nos toma bem nutridos. A graça aumenta o potencial de nossa energia
espiritual. Pela graça avançamos. Pela graça triunfamos. Sempre pela graça. Estamos debaixo
da graça Rm. 6.14. "Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da
lei, mas debaixo da graça".

Questionário

1. Qual o significado da Palavra Graça?

2. Qual a natureza da Graça de Deus?

3. Fale sobre a Operação da Graça

4. Faça uma exposição sobre a Graça de Deus na vida dos Heróis da fé.

5. Explique como funciona a Graça de Deus na vida do Crente

6. Qual a Múltipla Função da Graça de Deus?

49
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

LIÇÃO 30

DOUTRINA DA LEI

Texto: Mt. 5.17,18; Rm.2.12,13. - Oração - Duração do Estudo: 2 horas

O pensamento do apóstolo Paulo a respeito da Lei é difícil de entender, devido suas


afirmações aparentemente contraditórias. Ele afirma que:

Os que praticam a lei serão justificados. Rm. 2.13

Os que praticam a lei encontrarão a vida. Rm. 10.5; Gl. 3.12

Que nenhum homem será justificado pelas obras da lei. Rm. 3.10

Que a lei conduz o homem a morte e não a vida. Gl. 3.21; II Co. 3.6

Que ele foi irrepreensível em sua obediência à lei. FI. 3.6

Essa aparente contradição se dá pelo fato do apóstolo Paulo fazer uma abordagem a
partir, primeiro, da experiência histórica, e segundo também come judeu típico do primeiro
século, sujeito à lei.

Na verdade, o seu pensamento deve ser visto apenas como uma interpretação
teológica, feita por um pensador cristão.

Nesta abordagem Paulo fala de duas maneiras de justiça: o legalismo e fé. Israel
buscou a Lei da justiça, Rm. 9.31. Israel fracassou porque fez mau uso da lei. Fez da lei um
meio de obter a justiça, isto é, através dos seus próprios feitos e não por meio da fé, Rm. 9.23.
Assim, mostraram-se ignorantes da justiça que vem de Deus e é recebida pela fé; pelo
contrario, tentaram estabelecer sua própria justiça pelas obras, e não se sujeitaram à justiça
de Deus através da fé. Rm. 10.1-3

1. Os Fundamentos Do Pensamento de Paulo Sobre a Lei

Para entender o pensamento de Paulo sobre o papel da lei, temos que interpretá-lo,
levando em consideração o fundamento da Religião do Velho Testamento, o judaísmo. A
essência da religião do Velho Testamento não pode ser caracterizado como legalismo, nem foi
a Lei dada como o meio de obtenção de um relacionamento justo com Deus através da
obediência. Pelo contrário, o pacto que precedeu a Lei, foi feito como um ato gracioso de
Deus, através do qual Israel foi constituído povo de Deus.

A Lei foi dada como o meio de unir Israel a seu Deus. A obediência à não constitui
Israel o povo de Deus; pelo contrário forneceu a Israel um padrão a ser obedecido, pelo qual o
relacionamento pactual tem que ser preservado. Assim o objetivo da Lei é estabelecer o
relacionamento da nação com Deus. Lv. 18.5 "o homem observando-as, viverá", isto é, gozará
das bênçãos de Deus. A vida não era uma recompensa adquirida; era em si uma dádiva de
Deus.

50
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

Quando uma nação se mostrava desobediente às exigências do pacto, os profetas


anunciavam que Deus havia rejeitado a nação como um todo e ergueria, em seu lugar, um
remanescente fiel. Da forma como Deus agia com Israel, age também com a Igreja, que tem a
Lei escrita em seu coração. Jer. 31.33

No período intertestamental, ocorreu uma mudança fundamental no papel da Lei na


vida das pessoas. A Lei sobrepujou-se ao pacto e transformou-se na condição de membro do
povo de Deus. Os judeus nos tempos de Jesus, criam que pelo fato de observarem a lei, eram
filhos de Abraão. Mt. 3.9. A Lei alcança uma posição intermediária entre Deus e o homem. Este
novo papel da Lei caracteriza o judaísmo legalista. A Lei toma-se a única mediadora entre Deus
e o homem; todos os outros relacionamentos entre Deus e o homem, estão subordinados à
Lei. Todos os mandamentos, tanto escritos como orais, têm que ser guardados. Violar um
deles era equivalente a rejeitar toda a Lei e a recusar a submissão a Deus. Paulo como judeu
tinha uma vida de obediência legalista à Lei. Ele mesmo diz que era um judeu submisso, um
fariseu irrepreensível em obediência à letra da Lei. FI. 3.5,6.

2. E Lei na Época Messiânica

Paulo representa uma interpretação cristã pura, que só pode ser entendida a partir da
perspectiva escatológica do próprio Paulo. Com Cristo, foi inaugurada a era messiânica. Em
Cristo, "as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo". II Co. 5.17. Antes de estar em
Cristo Paulo entendia a Lei a partir do ponto de vista humano, isto é, nos termos dos padrões
da velha natureza e neste caso a Lei era a base das boas obras, que levavam ao orgulho e à
ostentação.

A partir da nova era em Cristo, a Lei assume um papel inteiramente diferente no


propósito da redenção por parte de Deus. Os profetas haviam predito um dia quando Deus
faria um novo pacto com seu povo, quando a Lei não mais seria um código escrito externo,
mas uma Lei implantada dentro do homem, escrita em seu coração. Jer. 31.33. Baseado em
tais promessas do Velho Testamento, os judeus debateram o papel que a Lei teria na era
messiânica e no mundo vindouro.

Com Cristo veio uma nova era, na qual a Lei desempenha um novo e diferente papel.
Paulo chama estas duas eras da Lei e do Evangelho de dois pactos. O velho pacto é o da
"letra", e é uma dispensação da condenação e da morte, enquanto o novo pacto é o do
Espírito, uma dispensação de vida e justiça. II Co. 3.6.

Paulo diz aos romanos: "telos gar nomou Christos eis dikaiosunem panti to pisteuonti".
Pois Cristo é o fim da Lei para justificar todo aquele que crê. Rm. 10A. Este versículo pode ser
interpretado de dois modos diferentes: "Cristo é o fim da Lei, como o objetivo de justiça para
todo aquele que crê". Isto é, Cristo trouxe a Lei ao seu fim, para que a justiça baseada na fé
possa sozinha estar ao alcance de todos os homens. Outra interpretação é: "Cristo é o fim da
Lei até onde concerne a justiça para todo aquele que crê. Isto é, a Lei não é, em si, abolida,
mas chega ao seu fim como um modo de justiça, pois, em Cristo, a justiça é pela fé, e não pelas
obras.

51
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

A nova era em Cristo é a era da vida; e, desde que o crente foi identificado com Cristo
em sua morte e ressurreição, ele está morto para a antiga vida. incluindo a norma da Lei. Paulo
usa a metáfora de uma mulher sendo libertada de seu marido quando ele morre, e o aplica
dizendo que é o crente que morreu com Cristo, e que está, portanto, livre da Lei. Rm. 7.4.
Portanto não mais servimos a Deus sob servidão da Lei, mas com a nova vida do Espírito. Rm.
7.6. Atos aprova a Lei para os judeus cristãos. Atos 21.20; por esta razão Timóteo ao fazer
parte da obra missionária, teve que ser circuncidado, porque era meio judeu. At. 16.3. O
cristão gentio não está mais sujeito à Lei. "Pois nem a circuncisão nem a incircuncisão é alguma
coisa, mas sim o ser uma nova criatura". A circuncisão pertence ao velho pacto, e o homem em
Cristo foi crucificado para o velho pacto. Gl. 6.15. A Lei nunca foi dada para os gentios. Rom.
2.14,15. Paulo era judeu, portanto quando estava em um ambiente judeu, observava a Lei, I
Co. 9.20; mas como um homem em Cristo ele não estava sujeito à Lei, junto aos gentios, vivia
como se estivesse sem Lei. I Co. 9.21. Na verdade, porque a lei nunca.foi dada aos gentios. I
Co. 9.19-2:

3. A Lei Como Vontade de Deus

A Lei é e permanece sendo a Lei de Deus. Rm. 7.22,25 "Porque segundo o homem
interior tenho prazer na lei de Deus". A Lei não é pecado, Rm. 7.7, "Que diremos, pois, é a lei
pecado? De modo nenhum ... ". A Lei é santa, justa e boa. Rm, 7.12 "A lei é santa e o
mandamento é santo, justo e bom", porque vem de Deus.

Paulo fala da Lei, usando duas palavras com sentidos diferentes: Ele usa a palavra
grega "nomes", que significa costume, de origem humana. Ele usa também a palavra "Torah",
que significa instrução ou ensinamentos divinos. Paulo quando se refere ao Velho Testamento,
usa TORAH, para se referir, no sentido mais amplo, a vontade de Deus em geral. E usa a
palavra NOMOS, para designar, num sentido mais restrito, "a lei dos mandamentos contidos
em ordenanças". Efésios 2.15.

Do ponto de vista judaico, a Lei é um padrão para a vida, e Paulo como judeu, viveu
irrepreensivelmente. FI. 3.6. A Lei vista por este ângulo, produz orgulho e ostentação, porque
leva o homem a confiar nas obras. E a ostentação é a essência do pecado, pois, na verdade ela
exalta o ego contra Deus.

Ajustiça humana adquirida através de obras, FI. 3.6 é, em si, uma negação da
verdadeira justiça; é "a minha justiça", FI. 3.9 e é, portanto uma base para a ostentação. Rm.
2.23; Ef. 2.9.

Se a Lei de fato contém a vontade de Deus, então aqueles que vivem em conformidade
com a Lei ganham a vida. Rm. 7.10. Aqueles que cumprem a Lei, serão justificados Rm. 2.13.
Porém, Paulo vai além do judaísmo. O judaísmo baseava a salvação na conformidade à Lei,
mas reconhecia que a maioria dos homens não segue a Lei. Portanto, tinha que misturar sua
doutrina da salvação pela obediência à Lei com a doutrina do perdão e do arrependimento,
pela qual Deus, em sua misericórdia, oferece a salvação aos homens, que são parcialmente
justo e parcialmente pecadores".

4. O Fracasso da Lei
52
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

Embora a Lei seja a expressão justa e sagrada da vontade de Deus, ela fracassou em
transformar os homens em justos diante de Deus.

É impossível aos homens serem justificados pelas obras da Lei. Gl. 2.16 "Sabendo que o
homem não é justificado pelas obras da Lei, mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido
em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé de Cristo e não pelas obras da Lei, porquanto
pelas obras da Lei nenhuma carne será justificada" .

A fraqueza e pecaminosidade do homem o fazem incapaz de prestar a obediência que


a Lei exige. A Lei é um código escrito, não uma vida concedida pelo Espírito de Deus. Rm. 7.6. A
Lei declarava a vontade de Deus, mas não fornecia o poder aos homens, para obedecerem à
vontade de Deus.

5. A Reinterpretação da Lei

Reconhecendo o fracasso da Lei, Paulo chega a uma nova interpretação do papel da Lei
no propósito de Redenção por parte de Deus. Primeiro ele explica a incapacidade da Lei em
obter a salvação, mostrando que esta não era a intenção divina. A Lei é secundária à promessa,
e o modo de salvação de Deus pela fé é encontrado na promessa.

Ao escrever sua carta aos Gálatas, Paulo argumenta que Deus fez um pacto de
promessa com Abraão muito antes de dar a Lei a Moisés. GI. 3.15-18. Paulo esclarece que,
como um testamento humano válido não pode ser contestado ou alterado por acréscimos,
assim a promessa de Deus dada a Abraão não pode ser invalidada pela Lei, que veio mais
tarde. Este pacto era um pacto de promessa, a possibilidade de justiça através de obras é
excluída. A promessa não é mais promessa se tem algo a ver com a Lei.

Se a salvação é através da promessa e não da Lei, qual foi o papel da Le no propósito


redentor de Deus? Respondendo a esta questão, Paulo chega a conclusões que eram tanto
novas como inaceitáveis para o judaísmo. A Lei foi adicionada não para salvar os homens dos
seus pecados, mas para mostrar-lhes o que era o pecado. Rm. 3.20; 5.13,20; Gl. 3.19. A Lei é a
vontade de Deus, porque mostra o que Deus proíbe, a Lei mostra o que é o pecado. Ao proibir
a cobiça.

Lei mostra que ela é pecado. Rm.7.7. Assim, a força do pecado é a Lei. I 15.56, pois é
apenas através da Lei que o pecado é claramente definido.

A Lei é um instrumento de condenação. Rm. 5.l3, ira. Rm. 4.15 e more.

Rm. 7.24; II Co. 3.6. Na verdade não é a Lei, em si, que produz esta situação, mas
pecado no homem que faz da Lei um instrumento de morte. Rm. 7.l3. A dispensação da Lei
pode ser chamada de "dispensação da morte", II Co. 3.7; de escravidão mundo, Gl. 4.1-10, de
um pacto de escravidão, Gl. 4.21-31; de um período infância, quando se está sob o controle de
tutores. Gl. 3.23-26

A passagem de Rm. 7.13-25, descreve a experiência do crente derrotado que ainda


confia na carne, em contraste com o vitorioso, que aprendeu a confiar no Espírito. Rm.8. A

53
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

preocupação de Paulo nesta passagem, não é a natureza pecaminosa da Lei, mas a natureza
pecaminosa do homem.

6. A Permanência da Lei

Jesus findou a era da Lei e inaugurou a era de Cristo, que significa libertação da
servidão e o fim da Lei para o crente. Porém, está claro que Paulo sempre menciona a Lei
como santa, justa e boa, e ele nunca pensa nela como sendo abolida. Ela permanece sendo a
expressão da vontade de Deus.

Isto está claro devido a frequente afirmação de Paulo de que a redenção em Cristo
habilita os crentes, de algum modo, a cumprir a Lei. Em Cristo, Deus fez o que a Lei não
poderia realizar, a saber, condenou o pecado na carne, para que a justa exigência da Lei fosse
cumprida naqueles que andam segundo o Espírito Rm. 8.3,4. Aqui temos aparentemente um
paradoxo: libertando-nos da Lei, confirmamos a Lei. Rm. 3.31. É obvio que a nova vida em
Cristo habilita o crente a guardar a Lei não como um código externo, mas em termos de sua
mais alta exigência, isto é, no próprio ponto onde a Lei era impotente, por ser um código
externo. Por esta razão é que Paulo afirma que a ética cristã essencial é o amo que por sua vez
é uma dádiva do Espírito Santo. I Cor. l3; e quem ama cumpre Lei. Toda a Lei se cumpre em
uma única palavra: "Amarás o teu próximo como ti mesmo". Gl. 5.14. No lugar da Lei como
código externo, está, agora, a Lei d'" Cristo. Esta "nova Lei" não pode ser resumida a regras
específicas, mas vai muito além da legislação. Nenhum conjunto de regra pode fazer alguém
suportar o peso de outrem, Gl. 6.2; somente o amor pode nos ajudar a viver tal conduta.
Portanto, a Lei de Cristo, que é a Lei do Amor, cumpre toda a Lei Antiga. O verdadeiro amor,
não permite cometer adultério, mentira, roubo, cobiça ou qualquer outra coisa contra o
próximo. Rm. 12.8-10.

Com relação a permanência da Lei, é interessante notar o fato de Paulo apelar a


mandamentos específicos na Lei, como norma para a conduta cristã. Ele apela para vários
mandamentos que são cumpridos pelo amor. Por exemplo: Paulo cita o mandamento de amar
pai e mãe como o primeiro mandamento, com promessa. Ef. 6.2. Assim fica evidente que o
aspecto permanente da Lei é o ético e não o cerimonial. Paulo distingue entre os aspectos
éticos e cerimoniais da Lei. Embora a circuncisão seja um mandamento de Deus e uma parte
da Lei, Paulo coloca a circuncisão como um mandamento cerimonial. Ele separa o ético do
cerimonial - o permanente do temporal.

Assim, ele ensina aos gentios rejeitar o que é cerimonial, tais como a circuncisão, a
comida, as festas e até a guarda do sábado, pois estes são nada mais que uma sombra da
realidade que chegou com Cristo.

Questionário

1. Por que o Pensamento do apóstolo Paulo a respeito da Lei é difícil de entender?

2. Fale sobre os fundamentos do pensamento de Paulo sobre a Lei.

54
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

3. Como era interpretada a Lei na Época Messiânica?

4. Explique a Lei como sendo Vontade de Deus

5. O que você entende por fracasso da Lei.

6. O que significa Reinterpretação da Lei?

7. O que você entender por Permanência da Lei?

55
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

LIÇÃO 31

DOUTRINA DA FÉ

Texto: Hebreus 11.1; Judas 1.3 - Oração - Duração do Estudo: 2horas

A fé sempre foi a marca de um verdadeiro cristão. Os primeiros discípulos eram


conhecidos como CRENTES. Jesus disse: "Tudo é possível para aquele que crê". Mc.9.23

A fé significa uma total dependência de Deus. Quando Adão pecou, ele saiu da
dependência de Deus e entrou numa "in-dependência", que significa incredulidade.

A fé é a forma pela qual somos restaurados a um relacionamento com Deus


(dependência de Deus). Esta dependência é chamada de fé. A fé leva além dos seus cinco
sentidos: visão, audição, paladar, olfato e tato.

1. Termos Bíblicos Para Fé

1.1. Significado de Fé no Velho Testamento.

Embora o Velho Testamento não tenha nenhum substantivo para fé, no entanto, há
três palavras que expressam nossa plena confiança em Deus.

a) A primeira palavra é EMUNAH, em Hc. 2.4. Esta palavra significa "fidelidade". Comparando
com Rm. 1.17, concluímos que realmente o profeta empregou o termo no sentido de fé.

b) A segunda palavra é BATACH, que quer dizer "confiar-se a" "apoiar-se" "confiar". O homem
que confia em Deus é alguém que fixa nele toda a sua esperança quanto ao presente e ao
futuro.

c) A terceira palavra é CHASAH, que é usado menos frequente e significa "esconder-se" ou


"fugir em busca de refúgio". Também nesta é evidente que o elemento confiança está
presente.

1.2. Significado de Fé no Novo Testamento.

Duas palavras são empregadas em todo o Novo Testamento, a saber: pistis e o verbo
pisteuein.

1.2.1. A palavra "pistis" tem dois sentidos no Grego clássico, ela indica:

a) Uma convicção baseada na confiança em uma pessoa e no seu testemunho.

b) Uma confiança propriamente dita, na qual essa convicção descansa.

1.2.2. A palavra "pisteuein" expressa a idéia de fé no sentido de confiança tanto na


Palavra de Deus, como no próprio Deus.

56
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

No Velho Testamento a palavra fé tem um sentido passivo, significando fidelidade. Rm.


3.3; G1.5.22.

No Novo Testamento a palavra fé tem sentido ativo, isto é, uma crença no testemunho
de outrem. FI. 1.27; II Co. 4.l3; II Ts. 2.l3 e também significa uma completa confiança em Deus
ou mais particularmente em Cristo com vistas à redenção do pecado. Rm. 3.22,25; GI. 2.16; Ef.
2.8; 3.12

2. Expressões Que Descrevem a Atividade da Fé

Há na Bíblia várias expressões que descrevem a atividade da fé. As mais importantes


são as seguintes:

2.1. É descrita como um Olhar para Jesus. João 3.14,15 (comp. Nm.21.9). É uma figura
muito apropriada, porquanto abrange vários elementos da fé, especialmente quando esta se
refere a um firme olhar para alguém, como na passagem indicada.

2.2. É representado também por fome e sede, comer e beber. Mt. 5.6; João 6.50-58.
Quando os homens têm de fato fome e sede espirituais, sentem que algo está faltando, têm
consciência do caráter indispensável daquilo que está faltando, e se esforçam para obtê-Ia.
Tudo isso é típico da atividade da fé. Quando comemos e bebemos, temos a convicção de que
o alimento e a bebida nos satisfarão. Da mesma forma quando nos apropriamos de Cristo pela
fé, temos confiança que ele nos salvará.

2.3.Finalmente há também as figuras do vir a Cristo e recebê-lo. João 5.40; 7.37,38;


6.44,65. A figura do vir a Cristo retrata a fé como uma ação na qual o homem olha para longe
de si e dos seus próprios méritos, para ser revestido da justiça de Jesus Cristo; e a do receber a
Cristo ressalta o fato de que a fé é um órgão de apropriação.

3. A Idéia de Fé na Bíblia

3.1. No Antigo Testamento. É evidente que os escritores do Novo Testamento, ao


salientarem a fé como o princípio fundamental da vida religiosa, não estavam querendo
substituir as bases e abandonar o ensino do Antigo Testamento. Eles consideravam Abraão,
como tipo de todos os crentes Rm.4; Gl. 3; Heb. 11; Tiago 2 e os crentes pela fé são filhos de
Abraão. Rm. 2.28,29; 4.12,16; Gl. 3.9. Em ambos os Testamentos a fé é a mesma entrega
radical a Deus, como o gracioso Salvador.

3.1.a) No período patriarcal. Nas primeiras páginas do Antigo Testamento há escassas


declarações a respeito do método de salvação. A essência da religião dos patriarcas, é-nos
demonstrado pela ação. A promessa de Deus ocupa o primeiro plano, e a resposta do homem
a esta promessa é a fé.

3.1.b) No período da Lei. A entrega da Lei não efetuou uma mudança na religião de
Israel, mas apenas introduziu uma alteração em sua forma externa. A Lei não substituiu a
Promessa; tão pouco a fé foi suplantada pelas obras. Claro que muitos israelitas viam a Lei com
espírito legalista e procuravam basear o seu direito à salvação num escrupuloso cumprimento

57
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

da lei. No entanto, sabemos que, a essência da vida piedosa real consistia na confiança em
Deus.

3.2. No Novo Testamento. Quando o Messias veio cumprindo as profecias, trazendo a


esperada salvação, tornou-se necessário que o povo fosse guiado para a pessoa do Redentor.

3.2.a) Nos Evangelhos. A exigência de fé em Jesus como o Redentor prometido e


esperado, apareceu como algo característico da era cristã. "Crê" significava tornar-se cristão. O
princípio desta nova dispensação é descrito como "a vinda da fé". Gl. 3.23,25. O que
caracteriza os Evangelhos é que neles Jesus está constantemente se oferecendo como objeto
da fé, o que corresponde aos altos interesses da alma.

3.2.b) Em Atos. Em Atos, verifica-se, que pela pregação dos apóstolos. os homens são
levados à obediência da fé em Cristo; e esta fé vem a ser o princípio formativo da nova
comunidade.

3.2.c) Em Tiago. Tiago teve que censurar a tendência judaica de conceber a fé como
um simples assentimento intelectual à verdade, fé que não dava o fruto apropriado. Sua idéia
da fé que justifica não difere da de Paulo, mas ele ressalta o fato de que esta fé tem que se
manifestar em boas obras. Se não, é fé morta, e de fato. inexistente. A Fé é uma ação de
obediência em resposta ao que Deus falou. A verdadeira fé é expressa em: 1) Obediência e
Ação; 2) ao nosso ouvir a Palavra de Deus.

4. Distinção Entre os Quatro Tipos de Fé

4.1. Fé Histórica. Pura e simples apreensão da verdade, vazia de qualquer proposito


moral ou espiritual. Ela abrange somente fatos e eventos históricos. Exemplo: Aceitar as
verdades da Escritura da mesma forma como uma pessoa aceita um relato histórico. Esta fé
pode ser resultado da tradição, da educação, da opinião pública, porém, não está arraigada no
coração. Mt.7.26; At. 6.27; Tg.2.19.

4.2. Fé Miraculosa. Deus pode dar a uma pessoa um trabalho para fazer, que
transcende os seus poderes naturais, e capacitá-la para fazê-la. Para realizar uma obra dessa
espécie requer fé. Isso é bem patente nos casos em que o homem aparece apenas como um
instrumento de Deus. Mt. 17.20; Me. 16.17,18

4.3. Fé Temporal. O nome é derivado de Mt. 13.20,21. É a chamada fé temporária


porque não é permanente e não se mantém nos dias de provação e perseguição. É bem
provável que só apareça em tempo de crise pessoal. Pode-se dizer que a fé temporal se baseia
na vida emocional e na busca de satisfação pessoal, em vez da gloria de Deus. É aquela fé que
motiva os homens a buscarem benefícios materiais (curas, empregos, aquisição de bens, etc).

4.4. Fé Salvadora. A verdadeira fé salvadora tem sua sede no coração e suas raízes na
vida regenerada. Essa fé é uma potencialidade produzida por Deus no coração do pecador.
Somente depois que Deus implantou a semente da fé no coração do homem é que ele pode
exercitá-Ia.

58
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

Podemos definir a fé salvadora como uma convicção produzida no coração do homem


pelo Espírito Santo quanto à veracidade do Evangelho e nas Promessas de Deus em Cristo.
Cristo é o objeto da fé salvadora.

5. Os Elementos da Fé

Ao falarmos sobre os elementos da fé, não devemos esquecer o fato de que a fé é uma
atividade do homem. Além disso, no exercício da fé, a alma funciona através das suas
faculdades comuns. Portanto, para se obter uma concepção da fé, é necessária distinguir entre
os vários elementos que ela compreende.

5.1. Um elemento intelectual ou do conhecimento. A fé consiste de um


reconhecimento da verdade, em que o homem aceita como verdadeiro tudo quanto Deus diz
em Sua Palavra, e especialmente o que Ele diz a respeito da profunda depravação do homem
e da redenção que há em Cristo Jesus. Hb. 11.1 fala que a fé é a certeza de coisas que se
esperam e a convicção de fatos que se não vêem". Esse conhecimento é-nos comunicado pelo
testemunho de Deus em Sua Palavra, e é aceito por nós como certo e confiável, pois tem base
na veracidade de Deus.

5.2. Um elemento emocional ou assentimento. Quando alguém abraça a Cristo pela


fé, tem uma profunda convicção da veracidade e da realidade do objeto da fé, sente que ele
preenche uma importante necessidade de sua vida, e tem consciência do seu real interesse
por ele - isto é assentimento.

5.3. Um elemento volitivo ou vontade. A fé não é apenas questão de intelecto e de


sentimento, mas também é uma questão de vontade. Este elemento consiste de uma
confiança pessoal em Cristo como Salvador e Senhor, incluindo a rendição da alma, culpada e
corrupta, a Cristo e o recebimento e apropriação do perdão e da vida espiritual.

6. A Base da Nossa Fé

A base para termos fé em Deus encontra-se em três importantes realidades:

6.1. A Natureza de Deus. "Ao fazer a sua promessa a Abraão, já que não havia
ninguém maior por quem Ele pudesse jurar, Ele jurou por Si Próprio". Hb.6.13

6.1.a) Ele não pode mudar. "Eu, o Senhor, não mudo .. " MI. 3.6; Tg. 1.17

6.1.b) Ele não falha. "Sei que Tu podes fazer todas as coisas. Nenhum plano Teu pode
ser impedido" Jó 42.2; I Cr. 28.20

6.1.c) Ele não pode mentir. "Deus não é homem para que minta, nem filho do homem
para que mude de idéia. Porventura Ele fala e não age? Porventura Ele promete e não
cumpre? Tito 1.2; Nm. 23.19".

6.2. A Obra Redentora de Seu Filho. "Fixemos os nossos olhos em Jesus, o autor e
aperfeiçoador da nossa fé, o Qual, pela alegria que Lhe foi proposta, suportou a Cruz,

59
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

desprezando a sua afronta e assentou-Se à destra do Trono de Deus". Hb. 12.2. Cristo tomou-
se a fonte da nossa fé em Deus.

6.3. A Palavra de Deus. "Os céus e a terra passarão, mas as Minhas Palavras nunca
passarão". Mt. 24.35; Is. 40.8. A Sua Palavra permanece para sempre. A fé vem quando Deus
traz uma palavra específica - de tudo o que Ele já disse - diretamente a nós, em nossas
circunstâncias.

" ... porque todos os que são nascidos de Deus venceram o mundo. Esta é a nossa
vitória que vence o mundo, a NOSSA FÉ. I João 5.4. "Amados, procurando eu escrever-vos com
toda a diligência acerca da comum salvação, tive por necessidade escrever-vos e exortar-vos a
batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos". Judas 1.3.

Cristo tomou-se a fonte da nossa fé em Deus. O fato da Sua morte e ressurreição


fornece as bases para a nossa crença.

Sem fé é impossível agradar a Deus. Hb. 11.6

A fé é necessária para uma vida vitoriosa I Tm. 1.18

A fé elimina a autoglorificação. Rm. 10.3,4

A fé opera o amor. Gl. 5.6

A fé produz esperança nocoração do servo de Deus. Rm. 5.2

A fé é necessária para uma oração eficaz. Mt. 21.22

A fé vence todas as dificuldades. Mt. l7,20; 21.21

Portanto, a fé é mais do que certeza. Esta é um dos resultados da fé.

Temos certeza e convicção sobre o mundo espiritual e suas exigências, a nós impostas;
e isso nos vem pela fé.

Questionário
1. Qual é a marca do verdadeiro cristão?

2. O que significa fé para nós?

3. Quais os três significados da palavra fé no Velho Testamento?

4. Quais os dois sentidos da palavra fé no Novo Testamento?

5. Quais as três expressões que descrevem a atividade da fé?

6. Fale sobre a idéia de fé no Antigo Testamento.

7. Fale sobre a idéia de fé no período patriarcal.

60
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

8. Fale sobre a idéia de fé no período da lei.

9. Fale sobre a idéia de fé no Novo Testamento.

10. O que é fé histórica?

11. O que é fé miraculosa?

12. O que é fé temporal?

13. O que é fé salvadora?

14. Quais os elementos da fé?

15. O que é elemento intelectual?

16. O que é elemento emocional?

17. O que é elemento volitivo?

18. Fale sobre a base da nossa fé.

61
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

LIÇÃO 32

DOUTRINA DO BATISMO CRISTÃO

Texto: Mateus 28.19-20 - Oração - Duração do Estudo: 2 horas

Jesus ordenou que todos os que cressem n'Ele fossem batizados. "Ai então Jesus veio a
eles e lhes disse: Toda autoridade no céu e na terra me foi dada. Portanto, ide e fazei
discípulos de todas as nações, batizando-as em nome do Pai.. e do Filho, e do Espírito Santo".
Mt. 28.18,19; Atos 2.38-41.

1. Analogia do Batismo Cristão

1.1. O Batismo no Mundo Gentílico. O batismo não era uma coisa nova nos dias de
Jesus. Os egípcios, os persas e os hindus tinham todos as suas purificações religiosas. O
batismo era um ritual de iniciação nas religiões pagã. Essas purificações pagãs, mesmo em sua
forma externa, têm muito pouco em comum com o nosso batismo cristão.

1.2. O Batismo entre os Judeus. Os judeus tinham muitas purificações, mas não
tinham caráter sacramental. O chamado batismo dos prosélitos tinha maior semelhança com o
batismo cristão. Quando gentios eram incorporados em Israel, eles eram circuncidados e, pelo
menos em tempos mais tarde também eram batizados. De acordo com as autoridades
judaicas, esse batismo tinha que se ministrado na presença de duas ou três testemunhas.

Outra questão que requer consideração é a relação entre o batismo de João e o de


Jesus. Os teólogos mais antigos identificavam os dois batismos, enquanto que os de uma
época mais recente dão atenção a certas diferenças. O que parece correto é dizer que os dois
são essencialmente idênticos, embora diferindo nalguns pontos.

1.2.a) Semelhança entre os dois batismos: O batismo de João, como o batismo cristão,
(l) foi instituído pelo próprio Deus, Mt. 21.25; João 1.33; (2) estava relacionado com uma
radical mudança de vida, Lc. 1.1-17; João 1.20-30; (3) estava relacionados como perdão dos
pecados, Mt. 3.7,8; Me. 1.4; Luc. 3.3; (4) empregava o mesmo elemento material, água.

1.2.b) Diferenças entre os dois batismos: (1) o batismo de João pertencia à antiga
dispensação e, como tal, apontava para Cristo, no futuro; (2) batismo de João estava em
harmonia com a dispensação da lei, pois acentuava necessidade de arrependimento; (3) o
batismo de João foi exclusivo para os judeus e representava mais o particularismo do Velho
Testamento do que o universàlismo do Novo; (4) o batismo de João não era acompanhado dos
dons espirituais.

2. A Instituição do Batismo Cristão

2.1. Foi Instituído Com Autoridade Divina. O batismo foi instituído por Cristo depois
que Ele consumou a obra de reconciliação. Ao instituir o batismo, tomou-o obrigatório para
todas as gerações subseqüentes. A grande comissão foi colocada nas seguintes palavras: "Ide,

62
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do


Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado". Mt. 28.19-20;
Me, 16.15,16. Observando esta ordem, vemos os seguintes elementos: (a) Os discípulos
deveriam ir por todo O mundo e pregar o Evangelho a todas as nações, a fim de levar as
pessoas ao arrependimento e ao reconhecimento de Jesus como o Salvador prometido; (b) Os
que aceitavam a Cristo pela fé deveriam ser batizados em nome do Deus triúno, como sinal e
selo do fato de viver de acordo com as leis do reino de Deus; (c) Deveriam ser colocados sob o
ministério da Palavra, participando assim dos privilégios e deveres da nova aliança.

2.2. A Fórmula Batismal. Os apóstolos receberam instruções específicas para


batizarem, "eis to onoma tou patros kai tou huiou kai tou hagiou pneumatos" - significa para
uma relação com o nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. A Vulgata traduziu as primeiras
palavras, "eis to onoma" pela expressão latina "in nomine" (em nome). Dando assim o sentido
de "na autoridade do trino Deus". A preposição "eis" (para dentro de) indica um fim, portanto
pode ser interpretada no sentido de "em relação à". A pessoa batizada era simbolicamente
introduzida no "nome de Cristo", isto é, tomava-se Seu discípulo, entrava num estado de
lealdade a Ele e de comunhão com Ele. A forma batismal indica que pelo batismo, o
participante é colocado num relacionamento especial com Deus.

Concernente ao batismo ministrado pelos apóstolos, At. 2.48; 8.16; 10.48; 19.5; devemos
notar que embora haja uma variação nas preposições, por exemplo:

Atos 2.38 fala do batismo "epi toi anomai lesou Christou", não altera a forma, apenas
indica que o batismo foi realizado conforme a autoridade (ou ensino) de Jesus. Essa fórmula já
estava em uso quando a Didaquê (O Ensino dos Doze apóstolos) foi escrita (100 AD).

3. A Doutrina do Batismo na História

3.1. Antes da Reforma. Os "pais primitivos" relacionavam o batismo ao perdão de


pecados e à comunicação da nova vida. Agostinho, considerava absolutamente necessário o
batismo. Segundo ele, o batismo elimina a culpa original. mas não remove totalmente a
corrupção da natureza. Essa teoria levou a Igreja Católica Romana a considerar o batismo
como um sacramento de regeneração e da iniciação na Igreja. Para a Igreja Católica, o batismo
contém uma graça que confere a todos os batizandos os seguintes benefícios: (a) marca o
participante como membro da Igreja: (b) livra da culpa do pecado original e de todos os
pecados atuais cometidos até à hora do batismo, liberta o homem da punição eterna; (c)
produz renovação espiritual pela infusão da graça santificante e (d) incorpora o participante na
comunhão dos santos e na Igreja visível.

3.2. Depois da Reforma. A Reforma Luterana não se desfez totalmente da concepção


católica romana dos sacramentos. Para Lutero, a água do batismo não é água comum, mas
uma água que, mediante a Palavra com seu poder divino inerente, veio a ser uma água da vida,
cheia de graça, uma espécie de lavamento de regeneração. Em outras palavras, o sacramento
efetua a regeneração. Esta concepção fez surgir o batismo infantil. Para Lutero, o batismo só
tinha validade. se o participante tivesse fé. Surgiu assim, um sério problema, o caso das
crianças. que ainda não podiam exercer fé. Teólogos luteranos mais recentes criaram a idéia

63
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

de uma fé infantil como pré-condição para o batismo, ao passo que outros entendiam que o
batismo produz essa fé imediatamente.

Os Anabatistas cortaram a legitimidade do batismo de crianças. Eles insistiam em


batizar todos os candidatos à admissão no seu círculo, mesmo aqueles que já haviam recebido
o sacramento na infância.

Calvino e a Teologia Reformada partiam da pressuposição de que o batismo foi


instituído para os crentes, e não produz, mas fortalece a nova vida.

4. O Modo do Batismo

Aqui, temos duas questões importantes com respeito ao Modo do Batismo:

O que é essencial no Batismo? A Purificação ou O Simbolismo?

4.1. A Teologia Reformada. Na concepção da Teologia Reformada o essencial é a idéia


de Purificação. O Catecismo de Heidelberg, na Pergunta 69: "Como é que está simbolizado e
selado em seu favor no santo batismo que você participa do sacrifício de Cristo na cruz" ? E
responde: "Assim; que Cristo determinou o lavamento externo com água e acrescentou a
promessa de que eu sou lavado com o Seu sangue que me purifica da corrupção da minha
alma, isto é, de todos os meus pecados, tão certamente como a água me lava exteriormente,
pela qual a sujeira do corpo é removida". Essa idéia de purificação já era comum entre os
egípcios, os persas e os hindus tinham todos as suas purificações religiosas.

4.2 A Teologia Evangélica. Uso o termo Teologia Evangélica, para me referir ao


conceito que a grande maioria das igrejas evangélicas têm acerca do batismo nas águas. Para a
maioria das igrejas evangélicas o essencial no batismo é o Simbolismo e não a Purificação. O
batismo simboliza a participação do crente na morte e na ressurreição de Cristo. O ato de
sermos submersos e sermos levantados da águas novamente é um quadro que demonstra
quatro coisas, Vejamos:

(1) Ele morreu •. Eu morri com Ele. "Pois sabemos que o nosso antigo ego foi
crucificado com ele, a fim de que o corpo do pecado pudesse ser aniquilado para que não mais
fôssemos escravos do pecado - porque qualquer pessoa que morreu já foi liberta do pecado".
Rom. 6.6,7; (2) Ele foi Sepultado •.• Eu Fui Sepultado Com Ele. "Ou vocês sabem que todos
nós, os que fomos batizados em Cristo Jesus, fomos batizados em Sua Morte? Fomos,
portanto, sepultados com ele através do batismo na morte" Rom. 6.3,4; (3) Ele Ressuscitou ...
Tenho Uma Nova Vida N'Ele. " ... a fim de que, assim como Cristo ressuscitou dentre os
mortos através da glória do Pai, nós também pudéssemos viver uma nova vida. Se nos unirmos
com ele em Sua morte, certamente também nos uniremos com Ele em Sua ressurreição". Rm.
6.4,5; (4) Ele Subiu ao Céu .•. Também Subi Ao Céu N'Ele. "E Deus nos ressuscitou com Cristo
e nos assentou com ele nos lugares celestiais com Cristo Jesus" Ef. 2.6; Cl. 3.1. Água não tem
poder de purificar o pecador, quem nos purifica é o Sangue de Jesus.

5. Batismo de Criança

64
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

Sobre a questão do batismo de Criança, se acha uma grande divergência entre algumas
igrejas evangélicas. As que defendem o batismo de crianças apresentam os seguintes pontos
de vista:

5.1. Primeiro: A aliança feita com Abraão era uma aliança espiritual e nesta aliança
espiritual incluía como sinal e selo a circuncisão. A circuncisão evidentemente era um rito que
tinha significação espiritual. Dt. 10.16; 30.6; Jr.4.4; 9.25;At.15.1

5.2. Segundo: Esta aliança ainda está em vigência, e é essencialmente idêntica à "nova
aliança" da presente dispensação. A unidade e continuidade da aliança em ambas as
dispensações segue-se do fato de que o Mediador é o mesmo. At. 4.12; 10.43; Gl, 3,16; a
condição é a mesma, a saber, a fé, Gn. 15.6; Rm. 4.3; Hb. 2.4

5.3. Terceiro: Pela determinação de Deus, as crianças participavam dos benefícios da


aliança e, portanto, recebiam a circuncisão como sinal e selo. Durante a antiga dispensação, as
crianças eram consideradas parte integrantes de Israel como o povo de Deus. Estavam
presentes quando era renovada a aliança. Dt. 29.10-13; Js. 8.35.

5.4. Quarto: Na nova dispensação o batismo, pela autoridade divina, substitui a


circuncisão como o sinal e selo da aliança da graça. At. 15.1,2; 21.21; Gl. 2.3-5. Como a
circuncisão se referia à eliminação do pecado e à mudança de coração, Dt. 10.16; 30.6, assim o
batismo se refere ao lavamento purificador do pecado. At. 2.38; I Pd. 3.21

6. Objeções ao batismo de Crianças

Daremos a seguir algumas objeções a questão do batismo de crianças, vejamos:

6.1. Primeiro: A circuncisão era apenas uma ordenança tipicamente mosaica , e como
tal, era destinada a extinguir-se. Colocar o batismo no lugar da circuncisão é simplesmente dar
continuidade à ordenança mosaica.

6.2. Segundo: Não existe em toda a Bíblia, sequer, uma ordem para batizar crianças;
há apenas suposições. O fato da criança não ser batizada em águas, não significa que ela está
excluída do povo de Deus.

6.3. Terceiro: O batismo está condicionado a uma fé ativa, que se revela numa
profissão de fé. Me. 16.16; At. 10.44-48. A Bíblia indica claramente que somente os adultos
que criam eram batizados.

6.4. Quarto: Segundo a Palavra de Deus, duas coisas são necessárias para uma pessoa
ser batizada: (1) Fé e (2) Arrependimento. Fé para crer que Jesus é o Filho de Deus. Crer que
Ele morreu por nossos pecados. Crer que Deus o ressuscitou dentre os mortos. Confessar Jesus
como Senhor de suas vidas. Arrependimento é mudança de atitude para com Deus. Me.
1.14;,15; antes éramos rebeldes, hoje somos submissos; antes éramos independentes, hoje
somos dependentes; antes vivíamos como queríamos, hoje vivemos como Ele quer. Ef. 2.2,3:
antes éramos senhores de nossas vidas, hoje Jesus é o Senhor.

65
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

O batismo em água foi obviamente ordenado aos crentes. Mt.28.19. Jesus ordenou
que Seus discípulos fizessem discípulos e os batizassem. Nunca os ensinou a batizar crianças ou
não convertidos.

Fiquemos com as Escrituras. Que cada irmão apanhe a sua concordância e que
examine todas as referências ao batismo. Então verificará os seguintes pontos: a) não há na
Bíblia qualquer menção a batismo infantil. b) O batismo em água está reservado a pessoas
convertidas. É um erro supor que quando o evangelho é pregado em algum novo lugar, que
então é próprio que também se realize o batismo logo em seguida.

Os argumentos baseados na história, que incluem citações dos pais da Igreja, em favor
do batismo de infantes, são duvidosos, pelos seguintes motivos: a antes de tudo, quanto à
exatidão desses argumentos; b) mesmo que esses argumentos sejam exatos, a nossa fé e
nossa prática devem alicerçar-se exclusivamente sobre as Escrituras Sagradas.

Questionário
1. O batismo é uma ordenança. Explique isso.

2. Fale sobre o batismo no mundo gentílico.

3. Fale sobre o batismo entre os judeus

4. Quais as semelhanças entre o batismo de João e de Jesus?

5. Quais as diferenças entre o batismo de João e de Jesus?

6. Qual era a fórmula de batismo na época dos apóstolos?

7. Qual o conceito do batismo Antes da Reforma?

8. Qual o conceito do batismo Depois da Reforma?

9. Qual o modo do Batismo na Teologia Reformada?

10. Qual o modo do Batismo na Teologia Evangélica?

11. Quais os argumentos a favor do batismo de crianças?

12. Quais as objeções ao batismo de crianças?

13. Qual a orientação que devemos seguir, dos Pais da Igreja ou das Escrituras?

66
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

LIÇÃO 33

DOUTRINA DA CEIA DO SENHOR

Texto: I Co. 10.16; 11.23-24 - Oração - Duração do Estudo: 2 horas

A Ceia do Senhor é uma das cerimônias mais importantes dos crentes.

Nós consideremos a Ceia do Senhor como uma Ordenança e não como um


sacramento. Sacramento quando criado pela Igreja, e Ordenança quando é estabelecido pelo
próprio Senhor.

1. Analogia da Ceia do Senhor em Israel

Assim como havia analogias do batismo cristão em Israel, havia também analogias da
Ceia do Senhor. Não somente entre os gentios, mas também entre os israelitas, os sacrifícios
muitas vezes eram acompanhados de refeições sacrificiais. Isto era um traço característico das
ofertas pacíficas. Destes sacrifícios, somente a gordura ligada às entranhas era consumida no
altar; o peito movido era dado ao sacerdotes, e a coxa da oferta alçada ao sacerdote oficiante.
Lv. 7.28-34, enquanto que o restante era consumido numa refeição sacrificial para o ofertante
e seu amigos, desde que estivessem leviticamente limpos. Lv. 7.19-21; Dt.l2.7, 12. De maneira
simbólica, estas refeições ensinavam que, "justificados, pois, mediante a fé, temos paz com
Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo" Rom. 5.1. Expressam o fato de que com base no
sacrifício oferecido e aceito. Deus recebia Seu povo como hóspedes em Sua casa e se unia a
eles em jubilosa comunhão, a vida comunitária da aliança.

Era proibido a Israel tomar parte nas refeições dos gentios exatamente porque isto
expressaria sua lealdade a outros deuses. Ex. 34.15; Nm. 25.3,5; SI. 106.28. As refeições
sacrificiais, atestavam a união de Jeová com seu povo, eram ocasiões de júbilo e alegria, e,
nesta qualidade, às vezes sofriam abusos e davam lugar a orgia e bebedeira, I Sam. 1.l3; Pv.
7.14; Is. 28.8. O sacrifício da Páscoa também se fazia acompanhar de semelhante refeição
sacrificial.

2. A Doutrina da Ceia do Senhor na História

2.1. Antes da Reforma. Já na era apostólica a celebração da Ceia do Senhor era


acompanhada de ágape ou festa do amor, para as quais o povo trazia os ingredientes
necessários e que às vezes levavam a tristes abusos: I Co. 1l.20- 22. Alguns dos pais primitivos
(Origenes, Baílio, Gregório) tinham uma concepção simbólica ou espiritual da Ceia, outros
(Cirilo, Gregório de Nyssa, Crisóstomo) afirmavam que a carne e o sangue de Cristo de algum
modo se combinavam com o pão e o vinho no sacramento.

Agostinho, embora falasse do pão e do vinho como o corpo e o sangue de Cristo, ele distinguia
entre o sinal e a coisa significada, e não cria numa transformação da substância.

67
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

Durante a Idade Média o conceito Agostiniano aos poucos foi sendo substituído pela doutrina
da transubstanciação. No século onze, Lanfranc, fez a seguinte afirmação: "o verdadeiro corpo
de Cristo estava de fato nas mãos do sacerdote, e era partido e mastigado pelos dentes dos
fiéis". Esta concepção foi definida finalmente por Hildebert de Tours em 1.134 e designada
como doutrina da transubstanciação. Foi adotada formalmente pelo quarto Concílio de Latrão,
em 215. Mais tarde no Concílio de Trento, o assunto foi debatido e confirmado com as
seguintes palavras: "Pelas palavras de consagração, a substância do pão e do vinho é
transformada no corpo e no sangue de Cristo. Cristo completo está presente sob cada espécie
e sob cada partícula de uma e outra espécie. Cada pessoa que receber uma partícula da hóstia,
receberá o Cristo Completo".

2.2. Depois da Reforma. Os reformadores, rejeitaram a teoria sacrificial da Ceia do


Senhor e a doutrina medieval da transubstanciação. Lutero, substituiu a doutrina da
transubstanciação pela da consubstanciação, e segundo ele, Cristo está "em, com e sob" os
elementos. Calvino defendia uma posição intermediária, negava a presença corporal do
Senhor no sacramento, mas insistia na presença espiritual, do Senhor na Ceia, na presença
dele como uma fonte de virtude ou poder e eficácia. Arminianos, viam na Ceia do Senhor
apenas um memorial, um ato de profissão e um meio para melhoramento moral.

3. Nomes Bíblicos para a Ceia do Senhor

Há vários nomes para a Ceia do Senhor, todos os quais são derivados da Escritura. São
os seguintes:

3.1. A Ceia do Senhor. Nome derivado de I Co. 11.20. Nos círculos evangélicos, este é o
nome mais comum. A ênfase especial recai no fato de que a Ceia é do Senhor. Não é uma ceia
para a qual os ricos convidam os pobres e depois os tratam mesquinhamente, mas uma festa
na qual o Senhor oferece provisão a todos com abundância.

3.2. A Mesa do Senhor. Este nome se acha em I Co. 10.21. Os gentios Coríntios faziam
suas ofertas aos ídolos e, depois dos seus sacrifícios, assentavam-se para as refeições
sacrificiais; e o que se infere é que alguns da Igreja de Corinto achavam que lhes era
permissível juntar-se a eles, entendendo que toda carne é igual. Mas Paulo assinala que
sacrificar aos ídolos é sacrificar aos demônios, e que se associar a essas refeições sacrificiais é
equivalente a exercer comunhão com os demônios.

3.3. O Partir do Pão. Esta expressão se acha em Atos 2.42; Atos 20.7. Embora seja uma
expressão que, com toda a probabilidade, não se refere exclusivamente à Ceia do Senhor, mas
também às festas do amor, certamente inclui também a Ceia do Senhor.

3.4. Ação de Graças. Este termo significa bênção, e está em I Co. 10.16: 11.24. Em
Mateus 26.26-27 lemos que o Senhor tomou um pão e abençoou, e tomou um cálice e deu
graças. Com toda a probabilidade, as duas palavras foram usadas uma pela outra e se referiam
a uma bênção e a uma ação de graças combinadas. O cálice da ação de graças e da bênção é o
cálice consagrado.

4. Significado da Ceia do Senhor


68
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

4.1. Ceia Como Um Memorial. Uma das características da Ceia é que ela representa
uma ou mais verdades espirituais. No caso da Ceia do Senhor, representa um memorial pois
lembra algo que aconteceu, neste caso, a morte de Cristo. Jesus disse: Fazei isto em memória
de mim".

4.1.a) A Ceia é uma representação figurada da morte do Senhor. I Co. 11.26. O fato
central da redenção, figurado nos elementos visíveis. As palavras "dado por vós" e "derramado
em favor de muitos", indicam uma analogia entre a Ceia e a morte de Cristo. A nova aliança
instituída por Jesus é um pacto de sangue. Deus aceitou o sangue de Cristo. Hb. 9.14-24;
portanto, comprometeu-se, por causa de Cristo, a perdoar e salvar a todos os que vierem a
ele.

4.1. b) A Ceia indica também a participação do crente no Cristo crucificado. Na


celebração da Ceia do Senhor, os participantes não ficam apenas a olhar para os elementos,
mas os recebem e se alimentam deles. Simbolicamente comem a carne do Filho do homem e
bebem o Seu sangue. João 6.53.

4.1.c) A Ceia representa não somente a morte de Cristo como objeto de fé, que une o
crente a Cristo, mas também o efeito desse ato, dando vida, força e alegria à alma. Isso está
implícito nos elementos utilizados. Assim como o pão e o vinho nutrem e fortalecem a vida
corporal do homem, assim Cristo sustenta e revigora a vida da alma.

4.1.d) A Ceia retrata também a comunhão dos crentes uns com os outros. Como
membros do Corpo de Cristo, constituímos uma unidade espiritual, comemos o mesmo pão e
bebemos o mesmo vinho, I Co. 10.17; 12.13. Essa participação em conjunto exerce íntima
comunhão uns com os outros.

4.2. Ceia Como Simbolismo. A Ceia do Senhor não é somente um ato memorial, mas
também um símbolo. Em nossos dias esta visão foi perdida por muitos que têm um conceito
superficial da Ceia do Senhor, e a consideram apenas como um memorial de Cristo.
Memoriallembra apenas o passado, o que Cristo fez por nós, mas a Ceia também aponta para
o presente e para o futuro.

4.2.a) Símbolo do grande amor de Cristo, revelado no fato de que Ele se rendeu a uma
vergonhosa e amarga morte por nos. Ao participarmos da Ceia, devemos ter em mente que
Cristo Jesus nos ama com amor incomparável.

4.2. b) Símbolo não somente do amor e da graça de Cristo, mas também de uma
afiança onde é assegurada aos crentes a certeza de que todas as promessas da aliança são
suas.

4.3.c) Finalmente, a Ceia do Senhor é uma festa espiritual onde aqueles que comem o
pão e bebem o vinho professam sua fé em Cristo como o seu Salvador, e sua fidelidade a Ele
como o seu Senhor, e solenemente se comprometem a uma vida de obediência aos seus
divinos mandamentos. A expressão "qualquer que comer este pão, ou beber este cálice do
Senhor indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor" I Co. 11.20-34. O
apóstolo nos avisa contra os atos indignos e a atitude indigna ao participar da mesa do Senhor.
69
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

Como pode alguém participar indignamente? Praticando alguma coisa que nos impeça de
claramente apreciar o significado dos elementos e de nos aproximarmos em atitude solene,
meditativa e reverente. No caso dos coríntios o impedimento era sério, a saber, a embriaguez.

5. As Pessoas Para as Quais Foi Instituída a Ceia do Senhor

5.1. Os Que Devem Participar da Ceia do Senhor. A Ceia do Senhor não foi instituída
para todos os homens, indiscriminadamente, nem mesmo para todos os que acham espaço na
Igreja visível de Cristo, mas unicamente para os que se arrependem fervorosamente dos seus
pecados, confiam que estes foram cobertos pelo sangue expiatório de Jesus Cristo, e estão
desejosos de aumentar sua fé e de crescer num viver verdadeiramente santo. Os participantes
da Ceia do Senhor têm que ser pecadores arrependidos, prontos a admitir que, por si mesmos,
estão perdidos. Devem ter uma fé viva em Jesus Cristo, de modo que, para a sua redenção,
confiam no sangue expiatório do Salvador. Lembre-se, Jesus ministrou a Ceia unicamente aos
Seus seguidores professas; conforme At. 2.42,46.

5.2. Os Que Não Devem Participar da Ceia do Senhor. Nem todos os que se acham na
Igreja podem ser admitidos na mesa do Senhor. Devemos notar as seguintes exceções:

5.2.a) As Crianças. Embora tenham tido permissão para comer a páscoa nos tempos
do Antigo Testamento, não podem ter permissão para participar da mesa do Senhor, visto não
poderem satisfazer as exigências que se requerem para uma participação digna. Paulo insiste
na necessidade de exame próprio antes da celebração, quando diz: "Examine-se, pois, o
homem a si mesmo, e, assim, coma do pão, e beba do cálice", I Co. 11.28, e as crianças não
capazes de exarminar-se a si mesmas. Além disso, ele afirma que, para uma digna participação
da Ceia. e necessário discernir o corpo. I Co. 11.29, isto é, distinguir apropriadamente entre os
elementos utilizados na Ceia do Senhor e o pão comum, reconhecendo aqueles elementos
como símbolos do corpo e do sangue de Cristo. Somente depois de terem elas atingido a idade
da discrição é que poderão participar da celebração da Ceia do Senhor.

5.2.b) Os descrentes. Caso haja dentro dos limites da Igreja não tem direito de
participar da mesa do Senhor. A Igreja já deve exigir de quantos desejarem celebrar a Ceia do
Senhor uma confiável profissão de fé. Determinados grupos adotam a CEIA RESTRISTA, isto é,
celebrada somente para os membros que pertencem àquela denominação. Outros grupos
adotam a CEIA ULTRA-RESTRITA isto é, celebrada somente para os membros da igreja local.
Entendemos que Ceia é do Senhor, não pertence a determinada igreja ou denominação,
portanto, qualquer irmão que seja membro genuinamente da Igreja do Senhor e esteja em
plena comunhão com Deus e com a sua Igreja, pode participar da Ceia do Senhor .

Não possuímos qualquer informação específica acerca de quem costumava presidir o


rito da Ceia do Senhor, embora seja provável que os ministros regulares é quem dirigiam o
mesmo. A Ceia não era nenhum "profundo mistério", capaz de ser manipulado somente por
um Clero devidamente credenciado. Meio século mais tarde, entretanto, fixou-se a prática de
somente ministros presidirem essa ordenança.

Questionário
70
IGREJA BATISTA MINISTÉRIO VIDEIRA
ESCOLA DE DISCÍPULOS

1. Por que consideramos a Ceia como Ordenança e não como Sacramento?

2. Faça uma analogia da Ceia do Senhor em Israel.

3. Como era a doutrina da Ceia Antes da Reforma?

4. Como era a doutrina da Ceia Depois da Reforma?

5. Quais os outros nomes dados à Ceia do Senhor?

6. Qual o Significado da Ceia do Senhor, como Memorial?

7. Qual o Significado da Ceia do Senhor, como Simbolismo?

8. Quem deve participar da Ceia do Senhor?

9. Quem não deve participar da Ceia do Senhor

10. O que quer dizer Ceia Restrita?

11. O que significa Ceia Ultra-Restrita?

71

S-ar putea să vă placă și