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Definir pessoas idosas é uma tarefa difícil e imprecisa, a idade não é certamente
definição suficiente e deixa em aberto muitas outras questões. A concretização de
um conceito encontra obstáculos na multivariedade de fatores que influenciam o
envelhecimento, nas diferenças culturais e sociais e sobretudo nas diferenças
individuais. As pessoas idosas não são todas iguais, motivo pelo qual não há uma
definição ou conceito onde possam caber todas elas.
Ainda assim, importa referir que a OMS (2008) aceitou a idade cronológica de 65
anos para as pessoas idosas em países desenvolvidos, ressalvando que a mesma não
se adapta à generalidade dos países, indicando a exceção dos países africanos. A
Organização das Nações Unidas, na maioria dos documentos considera, também, a
idade de 65 anos.
Em Portugal, a DGS no Programa Nacional para a Saúde das Pessoas Idosas, com o
fim de facilitar o tratamento estatístico dos dados demográficos, considera que as
pessoas idosas são homens e mulheres com idade igual ou superior a 65 anos.
(Portugal, 2004)
Corroborando aquilo que foi anteriormente dito, Moniz (2003) defende que a idade
cronológica tem vindo a perder algum sentido social, uma vez que a longevidade e a
qualidade de vida destas pessoas se vai alterando. A pessoa idosa não pode ser vista
como uma pessoa jovem envelhecida, denegrida e despersonalizada, mas sim como
uma pessoa com características próprias (biológicas, psicológicas, sociológicas,
culturais e espirituais) que interage com o meio ambiente.
Ser uma pessoa idosa não será apenas ter uma idade cronológica elevada, é um
conceito complexo que depende muito dos valores culturais da sociedade em que
este está inserido.
Para que a pessoa idosa possa passar o seu processo de envelhecimento de forma
saudável, é necessário estar continuamente a adquirir novas aprendizagens,
adaptações, participações e eventualmente aceitando determinado tipo de ajudas.
Isto significa que a pessoa deve encarar a vida de forma construtiva fazendo face aos
problemas que possam surgir, preservar a sua autonomia não sobrevalorizando os
aspetos negativos, mas dinamizando e valorizando ao máximo os aspetos positivos
(MONIZ, 2003).
Uma terceira perspetiva vem por parte dos profissionais e decisores políticos que se
ocupam de alguma forma com as pessoas idosas, estes acreditam que já existe
bastante pesquisa e teorias suficientes, o importante será implementar programas
de apoio aos idosos e famílias de forma a contornar as dificuldades e prevenir os
problemas associados ao envelhecimento. (Bengtson et al, 2005).
Envelhecer é um fenómeno que varia de pessoa para pessoa, motivo pelo qual se
considera errado associar as doenças da idade ao envelhecimento, até porque há
muitas pessoas idosas que envelhecem saudáveis. Segundo Moniz (2003) o
envelhecimento não ocorre de forma uniforme para todas as funções e uma mesma
função pode envelhecer a ritmos diferentes em pessoas diferentes. Ou seja, embora
o envelhecimento seja um processo natural e comum a todas as pessoas, resultante
do ciclo de vida biológico, composto pelo nascimento, crescimento e morte, este é
demonstrado de forma diferente, consoante o contexto e a forma de vida de cada
pessoa.
E se é verdade que se começa a envelhecer tão cedo, uma das maiores tarefas que o
homem tem hoje em dia é aceitar o envelhecimento, assumindo todo o conjunto de
mudanças que este acarreta. Berger e Mailloux-Poirier (1995) sugerem que para que
o processo de envelhecimento não seja uma fase de estagnação, apatia e com
problemas insolúveis, a pessoa idosa deve ajustar-se aos rendimentos, à perda do
cônjuge, às novas relações familiares, à conservação de obrigações cívicas e sociais e
às adaptações do novo ciclo da vida.