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Comércio Exterior

Brasília-DF.
Elaboração

Franciane Eufrade Siqueira

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 5

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7

UNIDADE I
INTRODUÇÃO........................................................................................................................................ 9

CAPÍTULO 1
DIREITO ADUANEIRO E PRINCIPAIS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS QUE REGEM O
COMÉRCIO INTERNACIONAL.................................................................................................... 9

CAPÍTULO 2
PRINCIPAIS TRATADOS INTERNACIONAIS................................................................................... 14

UNIDADE II
SISTEMÁTICA DE IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO.................................................................................... 31

CAPÍTULO 1
ATIVIDADES DE IMPORTAÇÃO E DE EXPORTAÇÃO E DESPACHO ADUANEIRO
DE MERCADORIAS.................................................................................................................. 31

UNIDADE III
INTRODUÇÃO ÀS POLÍTICAS DE COMÉRCIO EXTERIOR.......................................................................... 40

CAPÍTULO 1
INCOTERMS............................................................................................................................ 40

CAPÍTULO 2
DEFESA COMERCIAL............................................................................................................... 46

UNIDADE IV
LEGISLAÇÃO ADUANEIRA E TRIBUTÁRIA.................................................................................................. 53

CAPÍTULO 1
TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES ............................................... 53

CAPÍTULO 2
REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS............................................................................................ 57

PARA (NÃO) FINALIZAR...................................................................................................................... 81

REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 83
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos


conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da
área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que
busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica
impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para
aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Praticando

Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer


o processo de aprendizagem do aluno.

5
Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução
A globalização da economia exigiu, e ainda exige, das empresas melhorias contínuas
em seus produtos e processos. Além disso, a globalização propiciou maior abertura dos
mercados e maior dinâmica e competitividade nas negociações internacionais entre
países e empresas sediadas em seus territórios.

Nesse contexto, o presente trabalho tem como objetivo apresentar ao aluno as etapas
que envolvem os processos de Comércio Exterior. Pretende-se destacar informações
sobre as organizações internacionais que regulam o Comércio Internacional, bem como
os principais tratados e acordos.

Além disso, serão destacados os procedimentos de exportação e de importação, no que


diz respeito aos aspectos operacionais, cambiais, ao despacho aduaneiro e à legislação
aduaneira.

Objetivos
»» Apresentar aos alunos as etapas que envolvem os processos de comércio
exterior.

»» Destacar informações sobre as organizações internacionais que regulam


o comércio internacional, bem como os principais tratados e acordos.

»» Apresentar os procedimentos de exportação e de importação, no que diz


respeito aos aspectos operacionais, cambiais, ao despacho aduaneiro e à
legislação aduaneira.

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INTRODUÇÃO UNIDADE I

CAPÍTULO 1
Direito aduaneiro e principais
organizações internacionais que regem
o comércio internacional

Em termos gerais, entende-se o Direito Aduaneiro como o agrupamento de normas de


cunho jurídico que regulam a entrada e a saída de mercadorias do território de um país.
Nesse âmbito, essas normas estendem-se à regulamentação dos diretos e deveres dos
agentes que atuam nas operações de comércio exterior.

No que tange às normas regulatórias do comércio internacional, deve-se destacar a


atuação da OMC (Organização Mundial do Comércio). A OMC foi instituída em 1o de
janeiro de 1995 para administração do sistema multilateral de comércio, o qual resultou
da Rodada Uruguai do Gatt (realizada entre 1986 e 1993).

Ao longo dos anos de 1930 (e principalmente durante o período da “Grande Depressão”),


os Estados Unidos iniciaram a imposição de barreiras comerciais absurdas na tentativa
de deter a crescente inflação que afetava o país. Essa atitude levou outros países a
fazerem o mesmo em retaliação à política protecionista, dificultando o comércio entre
os países e desestabilizando a economia mundial. No entanto, as barreiras agravaram
ainda mais a crise, fazendo com que, após a Segunda Guerra e por meio do Conselho
Econômico e Social da ONU, os Estados Unidos e a Inglaterra convocassem uma
Conferência sobre comércio e emprego onde apresentaram o GATT. Inicialmente, o
objetivo não era regulamentar o “livre comércio”, mas sim garantir o acesso equitativo
dos países membros aos mercados através de um documento que seria provisório, até
a criação da OIC (Organização Internacional de Comércio, em inglês, Internacional
Trading Organization – ITO) que acabou não saindo do papel.

GATT é a sigla para General Agreement on Tariffs and Trade (significado em português:
“Acordo Geral de Tarifas e Comércio”), e corresponde a uma série de acordos de
comércio internacional destinados a promover a redução de obstáculos nas negociações

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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO

comerciais entre as nações, em particular as tarifas e taxas aduaneiras entre os membros


signatários do acordo. Sua sede, até sua substituição pela OMC (Organização Mundial do
Comércio), em 1995, localizava-se em Genebra, na Suíça, dividindo-se em certos órgãos
intercomunicáveis, sendo os principais o secretariado, o conselho de representantes e
uma assembleia anual.

O GATT configura, de fato, como o resultado da falta de êxito nas negociações entre os
países para formar a Organização Internacional de Comércio (a futura OMC). Essa falta de
êxito deve-se, em grande parte, aos Estados Unidos, cujos líderes não tinham interesse em
criar uma organização que inibisse o enorme e importante fluxo comercial internacional
que ajudava a economia norte-americana a obter resultados positivos constantes. A
Organização Internacional de Comércio deveria ser o terceiro pilar da administração da
economia e comércio mundiais, funcionando em conjunto com o FMI e o Banco Mundial.

O primeiro dos acordos foi estabelecido em 1947, em Genebra, no âmbito da reunião


das Nações Unidas por 23 países, entre eles o Brasil, que foi também um dos membros
fundadores do acordo. A partir de então, foram sendo estabelecidos outros acordos para
uniformização das normas do Comércio Internacional. Esses acordos foram denominados
como “rodadas”. São consideradas as mais importantes a “Rodada Kennedy” (1964-1967);
a “Rodada Tóquio” (1973-1979) e a “Rodada Uruguai” (1986-1993).

No transcorrer do tempo em que vigorou, apesar de ser um organismo provisório, o


GATT contribuiu grandemente para que as normas que regulamentam o comércio
internacional fossem alinhadas ao crescimento do comércio e ao dinamismo das
operações financeiras. Estima-se que as tarifas mundiais aplicadas às mercadorias
industriais tenham diminuído de 40% em 1947, para 5% em 1993, em decorrência das
negociações firmadas nas diversas rodadas realizadas.

Entretanto, em função do relativo fracasso da Rodada de Tóquio, observou-se o


surgimento de uma nova onda protecionista, o que propiciou a realização da Rodada
Uruguai, a qual culminou com a criação da OMC e grandes avanços na liberalização
do comércio internacional. É essencial evidenciar que a Rodada Uruguai foi a mais
importante das rodadas de negociações comerciais já realizadas. Ela foi assinada por
117 países e organizada de modo a reduzir os entraves ao comércio mundial, tornando
o sistema mais independente, com as sucessivas reduções das pautas aduaneiras. Sua
importância reside também no fato de, pela primeira vez, terem sido debatidos temas
como a situação dos produtos agrícolas e serviços em geral.

Em termos resumidos, na Rodada Uruguai, os países negociaram um código de


conduta e estipularam concessões de acesso a mercados, por meio da redução de tarifas
alfandegárias e/ou da remoção de barreiras não tarifárias.

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Nesse âmbito, a OMC surgiu com as atribuições de gerenciar os acordos multilaterais
e plurilaterais de comércio sobre serviços, bens e direitos de propriedade intelectual
comercial, além de servir de fórum para a resolução das diferenças comerciais e
para as negociações sobre novas questões. Ficou estabelecido, também, que a OMC
supervisionaria as políticas comerciais dos países e trabalharia junto ao Banco Mundial
e ao FMI (Fundo Monetário Internacional) na adoção de políticas econômicas em
nível mundial.

Com a instituição da OMC, o Comércio Internacional entrou em uma nova fase em


termos de direitos e deveres para os países nas negociações comerciais.

A OMC, segundo o site <http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/> (Acesso em


5/7/2015), é regida por cinco princípios que devem ser seguidos pelos seus membros:
o princípio da “não discriminação” garante tratamento igual a todos os membros no
que se refere aos privilégios comerciais e aos produtos importados e nacionais, os quais
não podem ter privilégios em detrimento dos importados; o segundo princípio é o da
“previsibilidade” de normas e do acesso aos mercados por meio da consolidação dos
compromissos tarifários para bens e das listas de ofertas em serviços; o princípio da
“concorrência leal” que visa coibir práticas desleais de comércio (exemplo, dumping e
anti-dumping); o princípio da “proibição de restrições quantitativas” como proibições
e quotas permitindo apenas as quotas tarifárias desde que previstas nas listas de
compromissos dos países; e o princípio do “tratamento especial e diferenciado para
países em desenvolvimento”.

A OMC é composta, principalmente, pelos seguintes órgãos principais: Conferência


Ministerial; Conselho Geral; Órgão de Solução de Controvérsias; Órgão de Revisão
de Política Comercial; Conselhos para Bens, Serviços e Propriedade Intelectual;
Secretariado. Além disso, conta com o apoio de grupos de trabalhos especializados
organizados em Comitês.

Tabela 1. Comparativo entre queixas e reclamações na OMC.

Quem mais se queixa... ...e quem mais recebe reclamações


1o Estados Unidos Estados Unidos
2o Europa Europa
3o Canadá Índia
4o Brasil China
5o México Argentina
6o Índia Canadá/ Japão
7o Argentina Brasil/ Coréia/ México

Fonte: <http://veja.abril.com.br/170310/imagens/economia5.jpg>.

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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO

A Conferência Ministerial é o órgão máximo da OMC, sendo composta pelos Ministros


das Relações Exteriores ou Comércio Exterior dos países-membros. Esse órgão tem
autoridade para decidir sobre todas as matérias inseridas em qualquer um dos acordos
multilaterais.

O Órgão de Revisão de Política Comercial foi criado, tendo-se como intuito a verificação
periódica das políticas de cada membro da OMC. Nesse âmbito, esse órgão tem como objetivo
confrontar a legislação e a prática comercial dos membros da OMC, considerando-se as
regras estabelecidas nos acordos. Além disso, ela fornece a seus membros uma visão global
acerca da política seguida por cada país, baseando-se no princípio da transparência.

Para a realização de um acompanhamento e para a implementação das regras


negociadas em cada uma das áreas resultantes da Rodada Uruguai (no que tange a
bens, serviços e propriedade intelectual), a OMC possui, em sua estrutura institucional,
três conselhos. Além desses conselhos, a organização também conta com o apoio de um
Secretariado, chefiado por um Diretor Geral, designado pela Conferência Ministerial
e vários vice-diretores. O diretor Geral e o Secretariado detêm responsabilidades de
caráter internacional, não devendo pedir e nem receber instruções de qualquer governo
ou de outra autoridade externa à OMC.

O Conselho Geral constitui o corpo diretor da OMC. Ele é composto por representantes
de todos os seus membros, os quais devem se reunir quando apropriado.

O Órgão de Solução de Controvérsias foi criado, tendo-se como objetivo a solução de


conflitos na área do comércio, com base em um sistema de regras e procedimentos.
No processo de resolução de controvérsias, é estabelecida uma fase de consultas e
conciliação entre as partes envolvidas. Se necessário, quando solicitado, é realizada a
consulta ao Órgão de Apelação.

Além dos órgãos já destacados, as atividades da OMC são desenvolvidas com o apoio de
30 comitês ou grupos de trabalho, os quais são subordinados aos conselhos. A figura 2
mostra um organograma simplificado da OMC.

Figura 1. Organograma da OMC.

Conferência
Ministerial

Órgão de Solução Conselho Órgão de Revisão de


de Controvérsias Geral Política Comercial

Comitês sobre questões Comitê de Negociações


Órgão de Apelação recorrentes na agenda GATT TRIPS GATS Comerciais da Agência
de Desenvolvimento de
da OMC Doha
Fonte: Adaptado de http://images.slideplayer.com.br/3/387095/slides/slide_20.jpg; Acesso em 08/07/2015.

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INTRODUÇÃO │ UNIDADE I

Em conclusão, é importante destacar que a OMC garante o acesso equitativo entre os


países através de quatro mecanismos: o processo de adesão, os princípios, as rodadas
de negociações comerciais e as soluções de controvérsias. Bem mais ampla que o
GATT, a OMC oferece uma base institucional semelhante ao FMI e ao Banco Mundial
para as negociações pertinentes ao comércio internacional e, a cada nova rodada de
negociações, (a última foi a Rodada de Doha) consegue ampliar ainda mais a abertura
dos mercados nacionais.

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CAPÍTULO 2
Principais tratados internacionais

Em uma economia já globalizada e dinâmica, foram elaborados e colocados em prática


importantes tratados e acordos internacionais, visando-se à facilitação e à ampliação
das relações comerciais entre os países. Nesses acordos, foram estabelecidas medidas
para a redução e/ou eliminação de tarifas alfandegárias nas transações comerciais
realizadas entre os países-membros. Além disso, também existem grupos internacionais
que realizam encontros para discutir a situação econômica global, como o G-8 e o G-20.

Dentre os principais tratados e acordos comerciais, destacam-se os seguintes:

Alca (Área de Livre Comércio das Américas)


O objetivo dos acordos entre os países latinos com outros como, por exemplo, a União
Europeia, tem sofrido pressão pelo governo norte-americano que tem como objetivo a
criação da ALCA.

Nesse âmbito, o objetivo dos Estados Unidos é instituir um bloco do qual todos os países,
salvo Cuba, seriam integrantes. Com a implantação desse bloco, seria possível o fluxo de
mercadorias entre seus integrantes, com baixas tarifas alfandegárias, que seriam extintas
posteriormente, facilitando o comércio e a movimentação de bens e capitais.

O déficit comercial americano é crescente, pois a importação é superior à exportação.


Nesse sentido, a implantação da ALCA propiciaria aos Estados Unidos a obtenção de
um crescimento nas exportações, considerando-se que eles têm um setor produtivo
mais completo e desenvolvido. Esse cenário os torna muito competitivos em relação às
outras economias mais fragilizadas.

A ALCA deveria ter entrado em funcionamento em 2005. Entretanto, existem países,


como o Brasil, que são contrários à sua implantação e querem realizar uma série de
negociações para análise da viabilidade de sua implantação. Diversos especialistas
apontam que a instituição da ALCA vem de encontro quase que exclusivamente aos
interesses comerciais e econômicos dos Estados Unidos devido a sua superioridade em
relação aos demais países.

Os Estados Unidos focam apenas nas relações comerciais e financeiras entre os países
membros. Outros aspectos como a agenda de imigração entre esses países fogem do
escopo da ALCA.

14
INTRODUÇÃO │ UNIDADE I

Outro aspecto que dificulta bastante o desenvolvimento efetivo da ALCA é o


protecionismo norte-americano que configura entre os mais exigentes do mundo,
restringindo a entrada de produtos estrangeiros por meio da imposição de elevadas taxas
alfandegárias, especialmente para produtos têxteis e agropecuários que se originam
de países latinos.

As negociações para a formação da área de Livre Comércio das Américas (Alca)


começaram em 1994, com a finalidade de expandir acordos como o Nafta e o Mercosul
para os 34 países do continente americano, exceto Cuba. Além dos aspectos econômicos
e comerciais, aspectos políticos, sociais e ambientais foram contemplados, de forma a
possibilitar o desenvolvimento dos países da América Latina.

Nas negociações da Alca, têm ocorrido posições divergentes defendidas pelo Brasil e
pelos EUA. Os EUA defendem a implementação de um cronograma de liberalização
comercial mais abrangente e realizado de forma mais rápida. Para o Brasil e demais
países da América Latina a integração do comércio nas Américas deve ser mais lenta,
de forma a permitir ajustamentos nesses países frente à maior potência comercial do
mundo, os EUA. Como discutido por Abreu (1995), para o Brasil, a liberação de comércio
pela eliminação de tarifas poderia deixar a economia muito exposta à concorrência
internacional, enquanto os ganhos que o país poderia obter estariam relacionados com
o acesso a determinados mercados, como o de suco de laranja, os quais não sofreriam
redução satisfatória de barreiras por parte dos EUA no curto prazo.

Diante dessas questões, a negociação de uma área de tarifa zero estava programada
para começar em 2005. Para isso, muitos países já estão procurando fazer ajustes
nesta direção, reduzindo taxa de juros, impostos e tarifas, procurando melhorar a
competitividade de suas indústrias. A análise dos possíveis impactos advindos da Alca
auxilia no entendimento e na elaboração de recomendações quanto à este processo.

O estreitamento das relações comerciais entre os países do Mercosul e o bloco da União


Europeia tem sido discutido recentemente, sendo considerado uma área promissora
para acordos comerciais. A 1a Cúpula dos Chefes de Estado e de Governo da União
Europeia, América Latina e Caribe, realizada no Rio de Janeiro em 1999, pode ter sido o
ponto de partida para tais acordos. Cabe ressaltar que a Cúpula envolveu todos os países
da América Latina, Caribe e a União Europeia, com o intuito de aproximar as relações
comerciais entre os continentes. O potencial de redução de barreiras ao comércio entre
eles parece ser imenso. Sendo esse assunto muito recente e mais distante da realidade
atual que a Alca, deve-se considerar que não existem metas claras para a redução de
tarifas e subsídios, cabendo, portanto, a suposição quanto aos possíveis valores a serem
negociados e o estudo dos impactos daí gerados.
15
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO

A teoria tarifária prevê que, para os países de pequenas economias, qualquer nível
tarifário tende a reduzir o bem-estar doméstico. Por outro lado, os países de grandes
economias podem ser melhorados com aplicações de tarifas, que gerariam aumentos
no bem-estar, quando a receita tarifária fosse maior do que as perdas sociais (tarifa
ótima) (HELPMAN; KRUGMAN, 1989).

A teoria de comércio internacional sugere que a formação de uma área de livre comércio
melhora o bem-estar da população do país se o volume total de comércio crescer em
todos os países do bloco, isto é, se a criação de comércio exceder o desvio de comércio
para países não membros. Haverá criação de comércio se o aumento do volume total
deste, dentro do bloco econômico, for maior que a redução do comércio com países não
membros. Vale ressaltar que não necessariamente o comércio entre os países do bloco
e fora dele deverá apresentar redução; caso ocorra aumento no fluxo comercial entre
eles, maior será o grau de criação de comércio.

Figura 2. Futuro da Alca??

Fonte: <http://www.lainsignia.org/imag2002/alca15.jpg>

BRICS
Em economia, BRICS é um acrônimo que se refere aos países membros fundadores
(Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que juntos formam um grupo político
de cooperação. Em 14 de abril de 2011, segundo o Almanaque Abril (2001), o “S” foi
oficialmente adicionado à sigla BRIC para formar o BRICS, após a admissão da África
do Sul (em inglês: South Africa) ao grupo. Os membros fundadores e a África do Sul são
considerados em um estágio similar de mercado emergente, comumente denominado de
países emergentes, devido ao seu desenvolvimento econômico. É geralmente traduzido
como “os BRICS” ou “países BRICS”.

Apesar de o grupo ainda não ser um bloco econômico ou uma associação de comércio
formal, como no caso do Mercosul ou União Europeia, existem fortes indicadores de que
16
INTRODUÇÃO │ UNIDADE I

os quatro países do BRIC têm procurado formar um “clube político” ou uma “aliança”, e
assim converter “seu crescente poder econômico em uma maior influência geopolítica.”
(FALCONBRIDGE, 2008) Desde 2009, os líderes do grupo realizam cúpulas anuais.

A sigla (originalmente “BRIC”) foi cunhada por Jim O’Neill em um estudo de 2001
intitulado “Building Better Global Economic BRICs”. Desde então, a sigla passou a
ser amplamente usada como um símbolo da mudança no poder econômico global,
distanciando-se das economias desenvolvidas do G7 (Grupo dos Setes Países Ricos) em
relação ao mundo em desenvolvimento.

De acordo com Lopes e Junior (2013), o México e a Coreia do Sul seriam os únicos outros
países comparáveis ​​aos BRICS, mas suas economias foram inicialmente excluídas por
serem consideradas mais desenvolvidas, uma vez que já eram membros da Organização
para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. As relações bilaterais entre os
países dos BRICS têm sido conduzidas principalmente com base nos princípios de não
interferência, igualdade e benefício mútuo

Para entender mais sobre o papel do BRICS recomendo a leitura do seguinte site:

<https://www.brasil247.com/pt/colunistas/marcelozero/188672/BRICS-a-
Geoestrat%C3%A9gia-por-tr%C3%A1s-da-Nova-Geoeconomia.htm>. Acesso em
13/07/2015

Vamos falar um pouco das políticas comercias de China, Brasil e Índia:

China
Segundo Baumann (2010), a política de abertura comercial da China foi realizada a
partir da gestação de dois distintos regimes de comércio. O primeiro deles, conhecido
como regime ordinário, concentrou-se somente nas empresas estatais autorizadas,
responsáveis por realizar o comércio exterior (Tradings Companies – TC) de um volume
pré-estabelecido de certos bens. A partir das reformas econômicas, lançadas pelo país
em 1978, o governo expandiu o número dessas companhias estatais autorizadas a
efetuar o comércio exterior, ao mesmo tempo em que descentralizou a criação dessas
empresas por outros órgãos públicos que não o governo central. Contudo, esse regime de
comércio continuou exclusivamente concentrado nas estatais que, em última instância,
estavam plenamente submetidas ao planejamento central imposto pelo Estado chinês.

O segundo regime, denominado de processamento de exportações, reduziu o grau de


centralização do comércio exterior chinês nas estatais, mediante a extensão dos direitos
de comércio a outros tipos de companhias, em especial empresas de capital misto

17
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO

(formadas principalmente a partir de parcerias entre o capital estrangeiro e cooperativas


nacionais). Nesse sentido, a China integrou sua política de abertura à criação de um
novo regime de comércio, que foi comandado pela articulação entre o capital nacional e
o capital estrangeiro, ou seja, pela associação das empresas nacionais, principalmente
as cooperativas, com o investimento direto estrangeiro (IDE).

Apesar do avanço no sentido da descentralização ter ocorrido nos dois regimes, as políticas
de comércio impostas a cada um deles esteve longe de ser a mesma, fazendo com que
o comércio internacional chinês pudesse ser entendido sob duas perspectivas. Segundo
Baumman (2010), o regime de promoção de exportações foi estabelecido com as ZEE,
que baseia-se no processamento de importações com empresas locais contratadas por
empresas estrangeiras ou com empresas com participação estrangeira com autonomia de
exportação; as empresas que não se encontram sob o regime das ZEE, subordinam-se à
política chinesa de comércio exterior, fortemente protecionista, dirigida simultaneamente
para as exportações e para o desenvolvimento do mercado interno.

De fato, se no regime “ordinário” a preocupação central consistiu em descentralizar


e liberalizar as importações sem impedir o desenvolvimento das exportações e das
indústrias nascentes; no regime de processamento, o principal objetivo foi o de gerar
instrumentos capazes de impulsionar as exportações, mantendo o controle do governo
chinês sobre o raio de ação das empresas instaladas nas zonas especiais.

Assim, no caso desse último regime, ao lado da liberalização quase completa das
importações, já em meados da década de 1980 foram estipulados incentivos fiscais para
promover a participação das FIE no setor exportador chinês, principalmente naqueles
mais intensivos em tecnologia. Uma corporação estrangeira que se estabelecesse no
mercado chinês no setor de tecnologia poderia conseguir isenção do imposto de renda
em até dois anos. Adicionalmente, em 1986 passou a vigorar lei que protegia os lucros
das empresas estrangeiras, mesmo quando elas ingressavam no mercado chinês sem
nenhuma associação com empresas locais. Por sua vez, o governo chinês também podia
fornecer apoio financeiro para as FIE (Foreign Investiment Exchang – Investimento
Direto Estrangeiro), para o que foi criada uma nova regulamentação possibilitando a
essas empresas, no caso de reinvestirem seu lucro na China, terem acesso a uma linha
específica de crédito a taxas de juros mais baixas (BAUMANN, 2010).

Além disso, nesse mesmo período, os investidores estrangeiros receberam subsídios fiscais
e financeiros para formar aquelas parcerias com cooperativas locais (principalmente as
recém-criadas como TVE – Township & Village Enterprises). A associação com esse
tipo de companhia era extremamente conveniente para as FIE, em especial de países
vizinhos à China, uma vez que lhes permitia contar com vantagens tributárias regionais
e o acesso a um mercado de trabalho mais flexível e com salários mais baixos e, com isso,
18
INTRODUÇÃO │ UNIDADE I

aumentar sua competitividade. Ao incentivo proporcionado às FIE pela possibilidade


de formar alianças com as TVE, somava-se o desenvolvimento de um marco legal e de
procedimentos e regras que permitiam a atuação de empresas exportadoras. Foi criado
também um programa especial de incentivos para o processamento de exportações que
possibilitava a importação de insumos e bens intermediários, livre de impostos, desde
que fosse dirigida para a produção cujo destino seria a exportação.

Nos anos de 1990 novas políticas foram implementadas no sentido de liberalizar a


entrada do IDE, mas desde que dirigida para os setores exportadores de alta tecnologia.
A principal iniciativa nesse sentido foi a partir da formação do “Guiding Foreign
Investment – Industrial Catalogue”, em 1995, que restringia setorial e regionalmente
a entrada do IDE, concentrando os mecanismos de apoio aos capitais estrangeiros
intensivos em tecnologia e direcionados para o setor exportador. Para aqueles setores
econômicos classificados como “encorajados” ou “permitidos”, como era o caso das
indústrias de exportações e de alta tecnologia, os incentivos fiscais e financeiros,
inclusive para importar livremente, foram atrelados e expandidos (LAZZARI, 2005).

Em contraste com o amplo conjunto de incentivos concedidos ao setor de processamento,


o comércio exterior realizado pelo setor “ordinário”, embora também tenha sido
flexibilizado ao longo do tempo, permaneceu objeto de forte regulação. Certamente,
o monopólio comercial exercido por algumas poucas TC, que vigorou até o início das
reformas, foi eliminado, mas não emergiu no seu lugar um sistema totalmente liberalizado.
Em vez disso, foi substituído a princípio por um regime de licenciamentos compulsórios,
largamente utilizado na década de 1980, à medida que parcelas cada vez maiores do
comércio eram removidas do sistema de planejamento e escapavam aos controles
do Estado.

Num segundo momento, esse sistema de licenciamentos foi sendo substituído de modo
progressivo por um quadro de restrições baseado num conjunto de listas, tanto negativas,
abarcando itens cuja negociação somente poderia ser levada a cabo por empresas
determinadas, como positivas, nas quais grupos de produtos – não especificados nas
listas negativas – também só teriam a permissão de serem negociados por certas firmas.
As restrições ao comércio, nesse regime, se manifestaram não somente na introdução
de tais listas, mas também nas elevadas tarifas de importação e, principalmente, na
imposição de maiores barreiras não tarifárias ao comércio internacional, que se
mantiveram num nível muito elevado até a década de 1990. Entre 1980 e 1992, por
exemplo, a média ponderada das tarifas de importação para bens manufaturados
cresceu de 36,6% para 46,5%.

Portanto, longe de constituir um regime liberalizado, o comércio exterior do setor


“ordinário” esteve submetido a um quadro regulador do estado chinês, por meio de
19
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO

um conjunto abrangente de regras e restrições impostas pelo governo central. Assim,


a despeito de que, como resultado das reformas das últimas três décadas, o monopólio
comercial tenha sido suprimido e um número cada vez maior de empresas seja autorizado
a exportar e importar, importantes restrições continuaram presentes. Essas restrições
se materializaram, em especial, no ritmo mais lento da liberalização das importações
frente às exportações.

Essa diferença marcou o regime “ordinário” cujas exportações, apesar de também


sujeitas a restrições, foram mais rapidamente liberalizadas e, inclusive, receberam
incentivos, o que contrasta fortemente com o grande número de controles utilizados
pelo governo central sobre as importações com o objetivo de não expor as indústrias
nascentes à competição estrangeira. Os incentivos concedidos às exportações tomaram
principalmente a forma de autorizações para que novas cidades pudessem produzir para
exportar e a permissão para a associação das atividades das TC e das TVE – possibilitando
a subcontratação ou transferência das etapas de produção de exportações das TC para
as TVE, reduzindo os custos de produção daquelas –, o que aumentava a atratividade
da produção para a exportação também nesse sistema e elevava a participação direta
das TVE no total das exportações “ordinárias” (NAUGHTON, 1996). Esses movimentos
permitiram que a partir de meados da década de 1990 as exportações realizadas dentro
desse regime fossem, inclusive, capazes de acompanhar as altas taxas de crescimento
das exportações das zonas especiais.

Todavia, com a entrada do país na Organização Mundial do Comércio (OMC), em 2001,


que somente foi possível após a negociação de um extenso cronograma de ingresso,
ocorreu uma aproximação entre a legislação dos regimes “ordinário” de comércio e
de processamento de exportações. Em função disso, o governo avançou na redução
do número de bens sujeitos à exigência de licenças de exportação ou de importação e
garantiu maior acessibilidade do setor de serviços ao investidor estrangeiro mediante
a abertura, na forma de joint-ventures, para a entrada de empresas estrangeiras
especializadas no comércio internacional desse setor. Mas o movimento que mais
chamou a atenção nesse ínterim, segundo Baummang (2010), foi o da rápida diminuição
e aproximação dos níveis das tarifas de importação tanto no regime ordinário como no
de processamento de exportações.

Entre 1996 e 2001, o ritmo das minorações tarifárias foi bem lento, fazendo com que
o padrão de tarifas aplicado aos bens importados se mantivesse relativamente alto
em comparação a grande parte dos outros países. A diminuição das tarifas de bens
manufaturados, por exemplo, foi da ordem de sete pontos percentuais chegando ao valor de
16,2% em 2001. No entanto, desde então, essa diminuição se acelerou significativamente,
tanto para bens agrícolas quanto para bens manufaturados, permitindo que, em 2007, o

20
INTRODUÇÃO │ UNIDADE I

nível geral de tarifas se situasse em 6,8%. Além disso, também se observou a queda do
valor da tarifa máxima permitida. Assim, entre 2001 e 2002 o pico tarifário para todos os
bens caiu de 121,6% para 71%.

A despeito da adesão à OMC, o processo de abertura daqueles setores considerados


estratégicos – infraestrutura, agricultura, automotivo, energia etc. – permaneceu sujeito
a fortes intervenções do governo chinês. Na indústria automotiva, por exemplo, foram
introduzidas novas medidas resultantes de política específica para o setor em 2005.
Segundo as regras de importação dessa política, peças adquiridas no exterior passaram
a ser altamente tarifadas, inibindo sua importação pelos fabricantes automotivos locais.
Ainda foi estabelecido que se o valor das partes importadas de um veículo excedesse
determinado limite, a tarifa aplicada sobre cada parte importada seria equivalente à
cobrada de automóveis completos (25%), substancialmente superior à da importação de
autopeças (10%). Desse modo, para continuar regulando e coordenando a abertura, em
especial daqueles setores considerados estratégicos, o governo central ainda manteve
boa parte deles sob a tutela do regime ordinário, que ainda é bem mais protegido se
comparado ao regime de processamento.

Ficam, portanto, claramente identificadas duas clivagens no processo de reforma no


sistema de comércio exterior chinês. Por um lado, tem-se um regime de comércio exterior
fortemente liberalizado, tanto no que se refere às exportações como às importações,
apoiado pelo capital estrangeiro e realizado nas zonas especiais, e um regime de comércio
“ordinário”, sujeito a importantes controles do Estado e que executa um processo de
abertura bem mais controlado. Por outro lado, pode-se constatar também que as reformas
avançaram de forma mais intensa, especialmente no regime “ordinário”, no que se refere
às exportações do que no caso das importações, sujeitas a maiores restrições a despeito
dos avanços obtidos nas últimas décadas.

Brasil
Antes mesmo da inauguração do Plano Real, entre 1991 e 1993, as políticas de
liberalização do comércio internacional levadas a cabo no Brasil faziam com que já se
pudesse observar um rápido movimento de eliminação da estrutura de proteção da
indústria por meio da redução de barreiras tarifárias e não tarifárias de importação.

Segundo Baumann (2010), num primeiro momento, foram eliminadas as listas de


produtos que necessitavam de emissão de guias de importação e os regimes especiais
de importação, à exceção de alguns programas específicos, como o drawback. Num
segundo momento, iniciou-se um processo de reforma nas tarifas de importação, que
impôs metas para a redução das alíquotas. Essas deviam alcançar, de forma gradual, até
21
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO

1994, valores máximos de 40%. Nesse processo, o governo brasileiro não estabeleceu
nenhuma regra ou critério de diferenciação entre os setores industriais (exceto alguns
setores de alta tecnologia enquadrados no Programa de Competitividade Industrial)
afetados pela abertura, ou seja, a política de minoração das tarifas foi horizontal, sem
priorizar ou proteger setores específicos da indústria.

O processo de liberalização, iniciado de forma abrupta – o que provocou graves problemas


a muitas empresas levando ao quase desaparecimento de vários setores industriais –,
acelerou-se com a antecipação do cronograma de redução das tarifas a partir de 1992,
empreendida para criar as condições políticas para sustentar o próprio processo.

O processo de liberalização comercial não se encerrou com a introdução, em 1994,


do Plano Real, que veio a por fim ao período de altas taxas de inflação que vigorou
na economia brasileira desde o início dos anos de 1980. Ao contrário, como parte dos
esforços para alcançar o objetivo de queda da inflação verificou-se, nos meses que
antecederam e que se seguiram ao lançamento do plano de estabilização, uma acentuada
redução das tarifas de importação de muitos produtos, como metalurgia e siderurgia,
que tinham peso relevante na determinação dos índices de preços. Além disso, adiantou-
se a implementação da Tarifa Externa de Mercado Comum do MERCOSUL (TEC), que
realinhou todas as alíquotas de importação para o teto máximo de 20%.

Embora esse adiantamento tivesse permitido que, no caso daquelas reduções mais
acentuadas, como automóveis, eletroeletrônicos de consumo e química fina, fosse
estabelecida uma Lista de Exceção Nacional do Mercosul, o governo brasileiro somente
veio a utilizar esse mecanismo em 1995. Foi ainda instaurado “um regime de tributação
simplificada para as remessas postais dos bens para uso próprio”, que se traduziu
em proteção negativa para os produtos nacionais, pois os níveis tarifários praticados
internamente se tornaram superiores àqueles praticados externamente.

A estratégia de estabilização passava a subordinar completamente a estratégia de política


comercial, pois, segundo Baumann (2010), já no final de 1994, por conta das injunções
da política de estabilização, as tarifas nominais atingiram os índices mais baixos de todo
o período de liberalização. Assim, entre 1991 e 1994, observou-se rápida eliminação das
alíquotas de importação para maior parte dos produtos: no setor agropecuário, a tarifa
nominal média caiu de 5,1% para 3,2%, no de minerais não metálicos a queda foi de
19,6% para 9,2% e nos de material elétrico e vestuário a redução foi, respectivamente,
de 35,2% para 18,4% e de 48,3% para 19,4%.

A política tarifária, apoiada pela âncora cambial que mantinha o Real extremamente
apreciado, traduziu-se na forte expansão das importações que alimentou um crescente
déficit comercial e conduziu à rápida deterioração das contas externas. Com a crise

22
INTRODUÇÃO │ UNIDADE I

do México do final de 1994 e a consequente fuga de capitais, cuja entrada vinha até
então sendo responsável por manter o precário equilíbrio do balanço de pagamentos, o
governo iniciou uma política de reversão parcial do regime de tarifas.

Além de pequena desvalorização cambial, as medidas de política comercial passaram


a incentivar as exportações e a proteger alguns setores da indústria, muito embora
para outros o processo de redução das alíquotas tivesse sido mantido. O objetivo era
desincentivar a entrada de importações (de bens de consumo duráveis, basicamente) e
fortalecer as exportações de modo a que uma possível reversão das contas externas não
afetasse o ajuste inflacionário. Dessa forma, em 1995, a despeito do aumento das alíquotas
de importação para os setores de veículos, de materiais elétricos e farmacêutico, ocorreu
uma queda das tarifas dos insumos, como refino de petróleo e elementos químicos.

Adicionalmente, ao mesmo tempo em que foi elaborada a cota de importação para a


Zona Franca de Manaus e utilizada a lista de exceção do MERCOSUL, o governo permitiu
a entrada do capital estrangeiro em diversos setores da indústria, dando facilidades
financeiras para importar máquinas e equipamentos a fim de modernizar as plantas
produtivas locais.

Se, por um lado, procurou introduzir medidas para reduzir a expansão das importações,
pelo outro, a partir de 1996, o governo brasileiro também começou a dispor de instrumentos
capazes de impulsionar as exportações (BAUMANN, 2010). Nesse sentido, os benefícios
do regime drawback foram estendidos à exportação via terceiros, a Lei no 87/1996, que
determinava a isenção do ICMS sobre produtos primários e semimanufaturados, foi
aprovada e fez-se com que os regimes de Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC) e
de Adiantamento de Cambiais Entregues (ACE) se tornassem mais rentáveis.

Além disso, na década de 1990 ocorreu um rápido desenvolvimento do campo brasileiro,


que favoreceu as exportações. O setor agropecuário, que na década de 1980 apresentou
problemas produtivos importantes, iniciou um processo de reestruturação, com o
aumento de investimentos (em parte devido à entrada de grandes transnacionais no
agronegócio brasileiro), uso de novas tecnologias, expansão da fronteira agrícola,
liberalização comercial e suporte em pesquisa por organismos como a Embrapa. Tais
mudanças trouxeram consigo o aumento significativo da produtividade do setor ao longo
da década, impulsionando, consequentemente, a exportação de parcela expressiva da
produção. Com isso, especialmente a partir dos anos 2000, o setor agropecuário se
constituiria em elemento fundamental do grande crescimento das exportações do país.

A despeito das tímidas medidas para impedir o avanço das importações e para fomentar
as exportações, em linhas gerais, a política comercial do Brasil caminhou no sentido de
corroborar a estratégia de abertura no setor externo. As taxas de câmbio mantiveram-

23
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO

se efetivamente valorizadas, as tarifas de importação, depois de uma queda abrupta no


biênio 1993-1994, permaneceram relativamente estáveis, e os programas de incentivos
à exportação minguaram ao longo dos anos de 1990.

Todavia, devido à crise do balanço de pagamentos de 1999, que evidenciou o alto grau de
vulnerabilidade externa da economia brasileira, resultante dessa estratégia de abertura,
as políticas foram parcialmente modificadas. A partir de então, ainda que as políticas
de liberalização tivessem se mantido, principalmente no que se refere às importações,
o governo procurou realizar uma abertura mais prudente, viabilizando, também, o
desenvolvimento do setor exportador.

Em primeiro lugar, como resultado da crise, a taxa de câmbio foi desvalorizada e


passou a flutuar de forma mais livre, ao contrário do período anterior, quando o câmbio
valorizado se mantinha dentro de uma banda restrita. Em segundo lugar, por meio
da Emenda Constitucional no 42/2003 passaram a incidir sobre as importações a
Contribuição para Financiamento de Seguridade Social (COFINS), com uma alíquota
de 7,65%, e o Programa de Integração Social-Programa de Formação do Patrimônio
do Servidor Público (PIS-PASEP), com uma alíquota de 1,65%. Em terceiro lugar,
a partir da criação da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE),
em dezembro de 2001, as vendas no mercado interno e a importação de alguns bens
específicos foram oneradas, não abrangendo as exportações.

Em 2003, ocorreu o reajuste de todas as alíquotas, fazendo com que alguns produtos
tivessem suas tarifas ampliadas. Gasolina e álcool etílico para combustível, por exemplo,
desde esse ano, passaram a ter alíquotas de R$ 860,00 por m3 e R$ 37,20 por m3,
respectivamente, valores substancialmente maiores que os do período anterior.

Além da desvalorização cambial e da incidência de novas contribuições nas importações,


o governo passou a criar mecanismos para fortalecer as exportações. Em função
especialmente da rápida aceleração da economia mundial e da ampliação da demanda
internacional por bens primários, foi necessária a expansão do financiamento para as
exportações brasileiras. Essa expansão alcançou relativo sucesso desde o início dos anos
2000, sucesso no qual se destacou a expansão do volume de crédito dirigido às exportações,
concedido pelo BNDES. Entre 1999 e 2004, por exemplo, dobrou-se o valor de crédito
concedido pelo banco para essa finalidade, saindo de US$ 2 bilhões para US$ 4 bilhões.
Esse aumento foi capturado, principalmente, por grandes empresas, na modalidade pós-
embarque, e se destinou especialmente às atividades de prazo mais longo.

A despeito do redirecionamento dos instrumentos de política comercial de modo a


buscar outro tipo de inserção externa, o Brasil manteve praticamente estagnada sua
participação nas exportações e importações globais e avançou pouco na diversificação

24
INTRODUÇÃO │ UNIDADE I

da estrutura de comércio. De fato, embora o desempenho global das exportações


tenha crescido no pós-1999 permitindo a retomada do superávit comercial, sua pauta
continuou concentrada em produtos pouco elaborados e com baixa participação relativa
no comércio mundial.

Índia
A estratégia de inserção externa indiana, formulada no início das reformas de 1991,
foi extremamente pragmática, caracterizada por mudanças graduais em setores
específicos (BAUMMAN, 2010). Nesse sentido, as políticas de abertura do comércio na
Índia combinaram incentivos à modernização e à proteção da estrutura produtiva local
mediante a atração de investimentos estrangeiros em tecnologia e a colocação de altas
barreiras para importar, com o fortalecimento do setor exportador.

O roteiro de mudanças no comércio indiano foi preciso e limitado, apoiado por


fundamentos teóricos e empíricos sólidos, características que permaneceram até o começo
dos anos 2000. Dentre as primeiras medidas, destacaram-se a quebra do monopólio
estatal de importação de 55 produtos, o avanço da reforma tributária (com racionalização
da estrutura tarifária e redução de impostos), a queda dos controles de exportação (entre
1991 e 1992, cerca de 150 produtos foram retirados da lista de regulamentação) e a
pequena redução das restrições quantitativas e das licenças de importação.

A meta foi desenvolver a indústria e proteger as atividades agrícolas. Destarte, observou-


se a redução de barreiras não tarifárias para importações de insumos e de máquinas e
também de tarifas sobre o comércio de bens industrializados.

No entanto, mesmo no setor industrial, a liberalização comercial foi mais limitada


para alguns produtos, considerando que o governo continuou utilizando as licenças de
importação e manteve em níveis elevados as tarifas para bens específicos. A partir de
1997, por exemplo, ocorreu uma sensível expansão das taxas de importação para bens
intermediários, interrompendo o movimento anterior de persistente queda. As pressões
realizadas por grupos industriais específicos, como o automobilístico, e o interesse em
proteger a agricultura foram preponderantes para explicar o ritmo e o grau dos avanços
e retrocessos desta liberalização do comércio exterior.

Além da redução das tarifas e da eliminação de algumas restrições quantitativas, a Índia


também reformulou parte dos planos específicos de controle das importações. Dentre
as mudanças ocorridas podem-se destacar:

»» A extensão das Licenças Especiais de Importação – Special Import License


(SIL).

25
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO

»» A difusão do programa de Recomposição de Licenças de Importação –


Import Replenishment License (REP).

»» A ampliação das Licenças Gerais de Importação – Open General License


(OGL).

Em primeiro lugar, as SIL autorizaram a importação de bens de capital de segunda


mão sem o pagamento de nenhum tipo de imposto e, além do mais, foram estendidas
para uma gama de 300 produtos, dando ênfase para aqueles utilizados na produção
de bens exportados. Em segundo lugar, a REP, que permitia a compra de bens do
exterior administrados por outras listas de importações com recuperação de parte do
valor dos impostos, foi prolongada para diversos setores, em especial para aqueles que
tinham como foco a exportação. Por fim, as OGL, que autorizavam as importações de
qualquer produto, independente do controle previamente existente, também passaram
a abranger uma quantidade maior de bens.

Essas iniciativas de liberalização das importações ocorreram ao mesmo tempo em que


foram formuladas políticas para ampliar as exportações. Além da redução de tarifas, da
criação de linhas de financiamento e da desvalorização cambial, o governo desenvolveu
políticas setoriais para a promoção de exportações, como o programa de Promoção
de Exportação de Bens de Capital (Export Promotion Capital Goods – EPCG). Esse
programa, que foi elaborado em 1990 e efetivado apenas em 1992, permitiu a redução
de 25% para 15% do imposto de importação de bens de capital desde que a empresa
atingisse duas metas:

1. exportar a maior parte da produção e,

2. vender no exterior o triplo do total de bens adquiridos externamente.

Adicionalmente, os benefícios seriam maiores para empresas que tivessem projetos de


longo prazo e realizassem investimentos no setor da infraestrutura.

Todas essas ações do governo indiano fizeram com que ao longo dos anos de 1990,
as importações efetivamente se expandissem num ritmo controlado e inferior ao total
exportado. Contudo, o baixo crescimento e a pequena diversificação das exportações de
bens – mantendo a participação do país no comércio mundial estagnada – motivaram
o governo indiano a reestruturar sua política comercial por meio da liberalização das
importações e de novos instrumentos de fomento às exportações.

Essa abertura do comércio exterior, segundo Baumman (2010), ancorou-se em dois


mecanismos, que possibilitaram a obtenção da conversibilidade da conta corrente
indiana em 1994, sujeita a alguns limites, eliminados em 1997. O primeiro refere-se

26
INTRODUÇÃO │ UNIDADE I

à virtual extinção do sistema de licenciamento de importações. Entre o início desse


processo, em 2001, vigorou uma lista negativa de produtos ainda protegidos por
barreiras não tarifárias. Nesse ano, após contenciosos na OMC, essa lista foi amplamente
reduzida. O segundo mecanismo foi a reforma nas tarifas aduaneiras, as quais foram
reduzidas gradualmente, tanto para produtos agrícolas como para não agrícolas. Desde
2002, entretanto, o ritmo dessa redução foi acelerado.

A estratégia após 2002 era a de permitir o aumento das importações como forma de suportar
o crescimento do consumo interno. Além disso, essas importações poderiam acelerar a
expansão da competitividade da indústria local e apoiar o crescimento das exportações.
Nesse sentido, o governo formulou novo programa de comércio internacional, o New
Foreign Trade Policy (2004-2009), que seguiu o esquema de planejamento quinquenal,
cujo alvo principal era dobrar a participação do país nos fluxos globais de comércio de
bens até 2009, com crescimento médio de 20% a.a. nas exportações.

Essa política estava estruturada sob três pilares centrais:

1. Continuação do processo de liberalização comercial com redução de


tarifas e de custos de transação.

2. Estabelecimento de zonas de processamento de exportação para atrair


IDE em infraestrutura.

3. Estimulação das exportações de setores com maior potencial de geração


de empregos, particularmente em regiões rurais, por meio da redução de
tributos sobre matérias-primas desses setores.

A utilização de instrumentos liberalizantes nesse momento visava possibilitar o


crescimento das exportações em termos absolutos e como percentual sobre o PIB,
melhorar o acesso ao mercado interno e aumentar o nível de competitividade global da
estrutura produtiva da Índia.

Dentre esses instrumentos, destacaram-se a redução mais rápida das barreiras tarifárias
e a eliminação das barreiras não tarifárias. Em relação a essas últimas, o governo
eliminou as licenças de importação para quase todos os setores.

Quanto às tarifas de importação, ocorreram dois movimentos: um primeiro, de pequena


redução das tarifas para bens agroindustriais e, um segundo, de queda acentuada e
contínua para a indústria. Na agroindústria, os níveis tarifários em geral sofreram
quedas, mesmo que em alguns setores a tarifa média tenha aumentado de 2001 para
2005, como foi o caso do café, chá, mate e cacau. Entretanto, para a maior parte dos
setores, constatou-se uma pequena redução do nível de proteção.

27
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO

Para o setor de leite e laticínios, por exemplo, as tarifas médias no biênio 2001/2002,
que eram de 38%, caíram para 35% em 2005. Ou seja, ao contrário do período anterior,
quando as tarifas agrícolas foram mantidas e até aumentadas, nesse segundo momento
da abertura elas iniciaram pequena trajetória de queda.

No entanto, para a indústria, o nível de redução foi superior e mais acentuado. Em termos
gerais, os valores médios das tarifas desse setor passaram de 31,1% em 2001/2002 para
15,8% em 2005. Nesse período, as tarifas aplicadas em quase todos os subsetores industriais
apresentaram quedas vertiginosas, como o de máquinas e de equipamentos elétricos: em
2001/2002 a tarifa média, que era de 26,8%, caiu para menos da metade em 2005, 12,3%.
Não somente as tarifas médias da indústria como também as máximas, de modo geral,
apresentaram grande queda no período de 2001/2002 a 2005, e, possivelmente, atuaram
como um dos fatores responsáveis pela diminuição das tarifas médias.

De um lado, a Índia realizou mudanças na sua estrutura de proteção tarifária


para possibilitar uma maior integração do seu comércio exterior com o mercado
internacional, mas de outro, concentrou esforços para modernizar sua indústria e suas
exportações de maneira a aproximá-las das mais dinâmicas em âmbito global. A Índia
vem conseguindo, ainda que lentamente, especializar-se na exportação de alguns bens
mais dinâmicos na cadeia produtiva internacional.

Dentre os fatores que auxiliaram o crescimento das exportações, vale destacar, segundo
Baumman (2010), ainda no âmbito da New Foreign Trade Policy, a criação de três
novos programas de apoio ao setor exportador. O primeiro deles foi o Assistance to
States for Infrastructure Development of Exports (ASIDE) que, como sugere o próprio
nome, visou apoiar o desenvolvimento de infraestrutura para produção de bens cujo
destino era o mercado externo, mediante a construção de portos e rodovias, melhora
da oferta de energia e criação de novos parques industriais exclusivos para exportação.

O segundo foi o Market Access Initiative (MAI) que, em função do desenvolvimento


de estudos de mercado, promoção de marcas, realização de conferências intersetoriais,
dentre outros, buscou melhorar as condições do empresário indiano de penetrar no
mercado externo.

O último foi o Towns of Export Excellence (TEE) que definiu regiões especializadas
na produção de bens mais complexos e na realização de testes de qualidade para as
exportações.

Em resumo, os instrumentos de política comercial utilizados pelo governo indiano


caminharam em dois sentidos. Num primeiro momento, apesar do avanço da liberalização
comercial, houve grande cautela na introdução de políticas de abertura, principalmente em

28
INTRODUÇÃO │ UNIDADE I

setores-chaves como a agricultura e a energia. Nesse sentido, o processo de liberalização


das importações ocorreu gradualmente e pouco avançou para alguns setores, respondendo
aos avanços obtidos nas políticas de promoção às exportações.

Num segundo momento, depois de 2002, a despeito da alta proteção ainda existente
no comércio internacional indiano, houve nítido e progressivo movimento de abertura
comercial, liderado pelas importações. Desse modo, diferentemente do período anterior,
os instrumentos de política comercial dirigiram-se fortemente para apoiar a entrada
de bens importados, que passou a ser entendida como um caminho fundamental para
aumentar as exportações e a participação do país no comércio global.

Mercosul
Nos anos de 1990, houve o avanço da integração econômica, comercial e social entre
países envolvendo decisões que fogem do âmbito nacional, essas decisões eram tratadas
pelos líderes das nações integrantes a nível de blocos econômicos ou mercados comuns.
A União Europeia é um exemplo desse avanço.

Nesse novo cenário, em 1991, alguns países da América do Sul criaram o Mercosul como o
principal bloco econômico da América Latina, composto por Brasil, Argentina, Uruguai
e Paraguai e posteriormente por Venezuela que está em processo de adesão. Outros
países como Chile, Bolívia, Peru, Colômbia e Equador ingressaram como associados.

O Mercosul (Mercado Comum do Sul), segundo Wagner Cerqueira e Francisco (2015),


teve início a partir do Tratado de Assunção em 26 de março de 1991. Três anos depois,
no Protocolo de Ouro Preto, foi estabelecido o estatuto jurídico do bloco, que passou a
contar com uma estrutura internacional. A característica principal deste bloco é o livre
comércio buscando um crescimento comercial para a intensificação do crescimento
econômico ocupando novos espaços econômicos e comerciais. Atualmente, este bloco
possui um PIB (Produto Interno Bruto) de 1,1 trilhão de dólares e uma quantidade
aproximada de mais de 200 milhões de habitantes.

O Mercosul, segundo Wagner Cerqueira e Francisco (2015) surgiu a partir de crises


na década de 1980 estabelecidas na Argentina e no Brasil, ambas as economias
estavam fragilizadas com dificuldades no pagamento de dívidas externas, e por isso a
instabilidade não atraia os investimentos estrangeiros.

As grandes forças econômicas do Mercosul são respectivamente de Brasil e Argentina,


tendo Paraguai e Uruguai como coadjuvantes. Foi criada uma taxa tributária externa
comum a todos os integrantes, além de liberação de tarifas em relações comerciais
entre os países membros. Em 1995, segundo Wagner Ferreira e Francisco (2015), 90%

29
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO

das mercadorias importadas entre os países membros do bloco tiveram suas tarifas
eliminadas aumentando a circulação de bens entre os países. O comércio que em 1990
girava em torno de 4 bilhões de dólares e passou para 20 bilhões de dólares em 1998.

Dentro do bloco, havia tensões entre Brasil e Argentina, a qual esta última implantou
medidas protecionistas que afetou o Mercosul gerando uma incerteza quanto à sua
existência.

Porém, há a intenção de realizar uma nova etapa ou uma integração completa no bloco,
na qual todos os países membros deverão realizar uma abertura para a livre circulação
de bens, capitais e pessoas. Existe uma grande dificuldade para a realização dessa
medida que é a diferença econômica entre os países. Para solucionar tal dificuldade,
segundo Wagner Ferreira e Francisco (2015), devem ser criadas uma série de medidas
que garantam a equivalência entre os países.

Antes de 2004, havia um bloco econômico denominado de Comunidade Andina


formado por Bolívia, Equador, Peru, Colômbia e Venezuela a qual, a partir de 2004,
houve o pedido de associação ao Mercosul. Em 2005, a Venezuela pediu sua entrada
efetiva no Mercosul e foi aceita sua entrada.

Houve no Mercosul um aumento de aproximadamente 300% no volume comercializado


deste 1991 e ainda há um grande potencial de crescimento para o futuro.

Além de cinco membros efetivos e outros cinco países-membros associados, o Mercosul


ainda conta com dois membros observadores: o México, desde o ano de 2006, e a Nova
Zelândia, a partir de 2010. Esse último país vem se aproximando dos países da América
do Sul com o objetivo da realização futura de uma eventual zona de livre comércio. Um
membro observador é aquele que apenas participa das reuniões do bloco, no sentido de
melhor acompanhar o andamento das discussões, mas sem poder de participação ou voto.

Para maior aprofundamento da participação brasileira no Mercosul acesso o site


<http://www.mercosul.gov.br/>.

30
SISTEMÁTICA DE
IMPORTAÇÃO E UNIDADE II
EXPORTAÇÃO

CAPÍTULO 1
Atividades de importação e de
exportação e despacho aduaneiro
de mercadorias

Para a realização de procedimentos e práticas de exportação e de importação, as quais


estejam sujeitas a registro no Siscomex (Sistema Integrado de Comércio Exterior), as
empresas precisam estar devidamente habilitadas perante a Receita Federal do Brasil
(RFB). A habilitação possibilita a operação no sistema, bem como o credenciamento de
representantes legais para atuação nas atividades relacionadas ao despacho aduaneiro
das mercadorias.

A habilitação deve ser requerida pelo responsável legal da empresa por meio de
requerimento a ser preenchido e apresentado em qualquer unidade da RFB. As
especificações relativas às modalidades do procedimento de habilitação, bem como à
documentação necessária estão destacadas na Instrução Normativa RFB no 1.288, de
31 de agosto de 2012.

Após a concessão da habilitação, o responsável legal da empresa poderá credenciar,


no Siscomex, as pessoas físicas que poderão atuar como representantes da empresa
nas atividades que concernem o despacho aduaneiro das mercadorias. Nesse âmbito,
podem ser credenciados: despachantes aduaneiros; dirigente(s) ou empregado(s) da
empresa habilitada; empregado(s) de empresa coligada ou controlada pela empresa
habilitada; e servidor(res) designado(s), no caso dos órgãos públicos.

No registro da primeira operação de exportação ou de importação no Siscomex,


ocorrerá, de forma automática, a inscrição da empresa no Registro de Exportadores e
Importadores (REI) da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Não são necessárias
quaisquer providências adicionais por parte da empresa para manutenção do registro.
A inscrição no REI pode ser suspensa ou até mesmo cancelada em determinados casos,
nos quais ocorram punições em decisão administrativa final.

31
UNIDADE II │ SISTEMÁTICA DE IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO

As mercadorias a serem exportadas ou importadas, em caráter definitivo ou não, deverão


ser submetidas ao procedimento de despacho aduaneiro, em recintos alfandegados.
O despacho pode ser realizado em zona primária (aeroportos, portos ou pontos de
fronteira) ou em zona secundária (portos secos) e deve ser iniciado, obedecendo-se os
seguintes prazos:

»» em zona primária: até noventa dias, a serem contados a partir da descarga


da mercadoria;

»» em zona secundária: até cento e vinte dias da data de entrada da mercadoria


no porto seco (considerando-se regime comum de importação).

No caso dos portos secos, o armazém recebe a mercadoria (proveniente da zona


primária) por transferência, por meio do regime especial de Trânsito Aduaneiro.

O despacho de importação inicia-se com o registro da DI (Declaração de Importação)


ou da DSI (Declaração Simplificada de Importação) no Siscomex.

Existem dois tipos de despacho: normal e antecipado. No que diz respeito ao despacho
normal, o registro da DI é efetuado após a chegada da mercadoria no recinto alfandegado
(zona primária ou secundária). No despacho antecipado, a DI poderá ser registrada
antes da descarga da mercadoria no recinto alfandegado (de modo de que conferência
documental possa ser agilizada), quando tratar-se de:

»» produtos transportados a granel, cuja descarga deva ser realizada


diretamente em terminais de oleodutos; silos ou depósitos próprios; ou
veículos apropriados;

»» produtos perigosos (inflamáveis, corrosivos ou radioativos);

»» plantas e animais vivos;

»» frutas frescas e outros produtos perecíveis;

»» papel para impressão de livros, jornais ou periódicos;

»» produtos transportados por via terrestre, fluvial ou lacustre.

Em casos justificados, mediante autorização prévia da Receita Federal.

A Declaração de Importação deverá ser formulada pelo importador (ou por seu
representante legal) no Siscomex. No preenchimento, deverão ser fornecidas
informações gerais (referentes à operação de importação) e dados específicos sobre as
mercadorias nas adições (de cunho comercial, fiscal e cambial).

32
SISTEMÁTICA DE IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO │ UNIDADE II

A Declaração Simplificada de Importação (DSI) poderá ser utilizada no despacho


aduaneiro de produtos que sejam:

»» Importados por pessoa física, com ou sem cobertura cambial, em


frequência e quantidade que não configurem destinação comercial. O
valor não deve ultrapassar USD 3.000,00 (ou valor equivalente em
outra moeda).

»» Importados por empresas, com ou sem cobertura cambial, com valor que
não ultrapasse USD 3.000,00 (ou valor equivalente em outra moeda).

»» Inseridos em remessa postal internacional, com valor que não ultrapasse


USD 3,000.00 (ou valor equivalente em outra moeda).

»» Inseridos em encomenda aérea internacional, com valor que não


ultrapasse USD 3.000,00 (ou valor equivalente em outra moeda),
transportados por empresa de transporte internacional expresso (porta
a porta) quando forem: submetidos ao regime de admissão temporária,
reimportados, passíveis de isenção ou não incidência de impostos, ou
destinados à revenda.

»» Recebidos, como doação, de governo ou organismo estrangeiro por


órgãos públicos ou instituições de assistência social.

»» Submetidos ao regime de admissão temporária e reimportação.

»» Reimportados, no mesmo estado ou posteriormente a reparo ou


restauração realizada no exterior, sob o regime de exportação temporária.

»» Devolvidos ao país em decorrência dos seguintes fatores: não efetivação


da venda, no caso de envio ao exterior em consignação; defeito técnico,
para reparo ou substituição; mudança das normas aplicáveis à importação
no país importador; guerra ou calamidade pública.

»» Constituintes de bagagem desacompanhada.

»» Importados para serem utilizados na Zona Franca de Manaus (ZFM),


conforme benefícios descritos no Decreto-Lei no 288/1967, submetidos a
despacho aduaneiro para o restante do território nacional.

»» Importados com isenção de impostos, com ou sem cobertura cambial, pelo


Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
ou por cientistas, pesquisadores ou entidades sem fins lucrativos, em
frequência e quantidade que não configurem destinação comercial, com
valor máximo de USD 10.000,00 (ou valor equivalente em outra moeda).
33
UNIDADE II │ SISTEMÁTICA DE IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO

Despacho Aduaneiro de Mercadorias


Seguem, no fluxograma abaixo, as etapas pertinentes ao despacho de exportação:

Figura 3. Etapas de despacho de exportação.

DESPACHO DE EXPORTAÇÃO

VALIDAÇÃO: V
REGISTRO DE EXPORTAÇÃO - RE REGISTRO DE CRÉDITO - RC
• AUTOMÁTICA
• SECEX
• ÓRGÃOES
ANUENTES

SOLICITAÇÃO DE DESPACHO NO
DECLARAÇÃO DE EXPORTAÇÃO
ESTABELECIMENTO DO EXPORTADOS

CONFIRMAÇÃO DA PRESENÇÃO DE CARGA

REGISTRO DOS DADOS DE EMBARQUE VIAS RODOVIÁRIA, FLUVIAL E LACUSTRE

ENVIAR DECLARAÇÃO PARA DESPACHO

SELEÇÃO PARAMETRIZADA

REDI REDI
CANAL LARANJA CANAL VERMELHO CANAL VERDE

RECEPÇÃO DE DOCUMENTOS

DISTRIBUIÇÃO DE DESPACHO

CONFERÊNCIA ADUANEIRA

DESEMBARAÇO DESEMBARAÇO AUTOMÁTICO

INÍCIO DE TRÂNSITO

CONCLUSÃO DE TRANSITO

REGISTRO DOS DADOS DE EMBARQUE VIAS AÉREAS, MARÍTIMA E FERROVIÁRIA

AVERBAÇÃO DE EMBARQUE E TRANSPOSIÇÃO DE FRONTEIRA

EMISSÃO DE COMPROVANTE DE EXPORTAÇÃO 30

Fonte: <http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/LegisAssunto/ComExt.htm>.

34
SISTEMÁTICA DE IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO │ UNIDADE II

No fluxograma destacado abaixo, estão inseridas todas as etapas que permeiam o


desembaraço de mercadorias na importação.

Figura 4. Etapas de desembaraço de importação.

Licenciamento (quando exigível) Importador/ Órgãos Anuentes

Transportador/Operador Portuário/
Controle Informatizado da Carga – Siscomex Carga/ Mantra
Depositário

Disponibilidade da Carga Depositário

Registro da DI Importador

Parametrização Sistema

VERDE VERMELHO AMARELO CINZA

ANÁLISE Recepção de Documentos AFRB/ ATRFB

Fiscal
(Bloqueia/ Distribuição Supervisor

Libera)
Conferência Aduaneira AFRB

Desembaraço Aduaneiro AFRB

Entrega de Mercadoria Depositário


Fonte: <http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/LegisAssunto/ComExt.htm>.

No que diz respeito às operações de exportação e de importação, é essencial evidenciar


as modalidades de pagamento. A seguir, seguem algumas especificações.

Modalidades de Pagamento
Ao decidir por exportar ou importar um produto, deve-se, primeiramente, definir a forma
de pagamento para a negociação. A seguir, serão expostas as modalidades utilizadas nas
transações internacionais.

Pagamento Antecipado (Advanced Payment)


Nessa modalidade, o importador efetua o pagamento ao exportador, parcialmente ou
integralmente, antes do embarque da mercadoria.

35
UNIDADE II │ SISTEMÁTICA DE IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO

Após a efetivação da compra, o exportador envia a Proforma Invoice ao importador


para realização do pagamento. Na Proforma, deverão constar os dados completos do
fornecedor e do comprador, o termo de pagamento, o Incoterm e todas as informações
referentes à mercadoria (quantidade, unidade de medida, descrição completa, preço
unitário e valor total). Na Proforma, o fornecedor deverá inserir, também, o canal bancário
para fechamento de câmbio e remessa do dinheiro. Ao receber a Proforma, o importador,
efetua, com intermediação de seu banco, uma remessa financeira ao exportador (conforme
os termos definidos na Proforma Invoice), com fechamento de câmbio.

Após a comprovação da quitação do valor devido, o exportador inicia a produção ou


libera a mercadoria (caso esteja pronta) para embarque. Com o embarque realizado, o
exportador deverá enviar ao importador os documentos originais para o desembaraço
da mercadoria. No que diz respeito aos documentos, destacam-se comumente a
Commercial Invoice, o Packing List, o Certificado de Origem e o Conhecimento de
Transporte de Cargas (AWB ou B/L). É primordial que sejam vinculados à Declaração
de Importação, no ato de seu registro, todos os contratos de câmbio que tenham sido
fechados nessa modalidade de pagamento.

Todo o risco da operação, especialmente o comercial e o logístico (no que tange ao


atraso no embarque), é transferido ao importador. Além disso, o importador ainda
tem que lidar com a desvantagem de precisar desembolsar capital para efetuar o
pagamento da mercadoria, o que pode comprometer seu fluxo de caixa. Entretanto,
como vantagem, ao efetuar o pagamento antecipadamente, o importador pode se
prevenir contra uma possível variação cambial desfavorável e contra futuros aumentos
de preço dos produtos.

Essa modalidade de pagamento é amplamente utilizada nas transações em que:

»» o exportador necessite de recursos para a produção ou para a garantia de


preços de matéria-prima;

»» as empresas exportadora e importadora pertençam ao mesmo grupo;

»» o exportador e o importador tenham uma larga tradição comercial;

»» haja um forte poder de barganha por parte do exportador, de modo


que ele não aceite vender seus produtos em uma outra modalidade de
pagamento.

É importante destacar que, no Brasil, o exportador deve sempre ficar atento aos prazos
para antecipação dos recursos e para o embarque da mercadoria, conforme estabelecido
pela legislação cambial.

36
SISTEMÁTICA DE IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO │ UNIDADE II

Remessa sem Saque (Clean Collection)

Nesse caso, é estabelecido entre as partes (exportador/importador) um prazo para


realização do pagamento. Normalmente, após o embarque, o importador recebe do
exportador os documentos originais para desembaraço das mercadorias na alfândega e,
posteriormente, realiza a remessa do respectivo valor diretamente ao exportador (por
meio do fechamento de câmbio).

Essa modalidade é de alto risco para o exportador, considerando-se que, em caso


de inadimplência, não há nenhum tipo de crédito que lhe garanta a possibilidade de
protesto ou ação judicial. Entretanto, quando há confiança entre as partes envolvidas, a
modalidade em questão oferece agilidade na tramitação dos documentos e redução ou
isenção de despesas bancárias.

Deve-se destacar que, normalmente, o prazo fornecido pelo fornecedor começa a ser
computado a partir da data de emissão da Commercial Invoice ou da data de emissão
do Conhecimento de Transporte (B/L), no caso de realização de embarque marítimo.

Cobrança Documentária (Sight Draft /Time Draft)

Ao contrário das modalidades destacadas anteriormente, a cobrança documentária é


caracterizada pelo manuseio de documentos pelos bancos. No entanto, convém evidenciar
que os bancos intervenientes nesse tipo de operação apenas desempenham a função
de cobradores. Desse modo, não cabe aos bancos a responsabilidade pelo resultado da
cobrança documentária.

A transação é fechada entre o exportador e o importador. O exportador realiza o embarque


das mercadorias e envia os documentos originais a um banco, o qual os remete a outro
banco, na praça do importador, para que sejam apresentados para pagamento (cobrança
à vista) ou para aceite e posterior pagamento (cobrança a prazo).

Com a realização do pagamento (no caso da cobrança à vista) ou aceite para posterior
pagamento (no caso da cobrança a prazo), o banco procede com a liberação dos documentos
originais e os disponibiliza ao importador. Deve-se lembrar, nesse caso, do fato de que o
importador necessitará dos documentos originais para o desembaraço das mercadorias.

Carta de Crédito (Letter of Credit – L/C)

A Carta de Crédito é a modalidade de pagamento que oferece maiores garantias tanto para
o vendedor quanto para o comprador. Trata-se de um crédito documentário emitido por
um banco (denominado de emitente) a pedido de um cliente importador (denominado

37
UNIDADE II │ SISTEMÁTICA DE IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO

como tomador de crédito). Conforme instruções do importador, o banco compromete-


se a efetuar um pagamento a seu exportador (denominado como beneficiário) contra
a apresentação de uma série de documentos exigidos, dentro de um limite de tempo
determinado, e desde que os termos e condições de crédito sejam cumpridos. Em termos
gerais, a situação se desenvolve da seguinte maneira:

1. após fechar a compra com o exportador, o importador solicita a um banco


de seu país a abertura de um crédito em favor do fornecedor;

2. o banco determinado pelo importador emite a Carta de Crédito e notifica


o banco do exportador sobre a existência desse crédito;

3. o banco do exportador o comunica sobre a chegada da Carta de Crédito e


o notifica sobre suas condições;

4. o exportador providencia o embarque da mercadoria;

5. o exportador entrega a documentação exigida pelo crédito ao banco de


seu país, o qual procederá com a sua análise. Quando o pagamento for
à vista, o exportador/beneficiário receberá prontamente os recursos do
banco (a partir da comprovação do cumprimento das exigências feitas
pelo banco emitente e discriminadas no corpo da Carta de Crédito).
Dentre as exigências, está a comprovação da realização do embarque,
por meio da entrega ao banco de um jogo de documentos (Commercial
Invoice, Packing List e Conhecimento de Transporte). No caso de Carta de
Crédito a prazo, o pagamento será efetuado de acordo com o vencimento
estabelecido. Os documentos de embarque, no entanto, devem ser
apresentados ao banco na data determinada na Carta de Crédito ou na
data da realização do embarque;

6. o banco do exportador remeterá, então, a documentação original da


operação ao banco do importador;

7. o banco do importador realizada a entrega de tal documentação a ele e


cobra deste o reembolso pelo pagamento efetuado;

8. com os documentos em mãos, o comprador poderá proceder com o


desembaraço da mercadoria.

As Cartas de Crédito podem ser condicionadas como:

»» Irrevogáveis: não podem ser revogadas, canceladas ou modificadas no


que diz respeito às suas condições, sem anuência previamente concedida
por todas as partes envolvidas.

38
SISTEMÁTICA DE IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO │ UNIDADE II

»» Revogáveis: podem ser canceladas ou modificadas sem qualquer


notificação ao beneficiário, prescindindo sua anuência.

»» Transferíveis: permitem ao beneficiário, em cláusula expressa, a


transferência de parte ou de todos os seus direitos a terceiros.

»» Intransferíveis: contêm cláusula expressa, destacando a impossibilidade


de sua transferência.

»» Confirmadas: tem-se a garantia do banco emitente de que o pagamento


será efetuado pelo banco avisado ou pagador, sem que haja qualquer
restrição, mas desde que sejam obedecidas as instruções nelas contidas.

»» Divisíveis: contêm cláusulas expressas que autorizam sua utilização de


forma fracionada. Isso pode ocorrer quando há realização de embarques
parcelados das mercadorias.

»» Indivisíveis: contêm cláusulas que proíbem embarques parciais das


mercadorias.

Pesquises qual a modalidade de pagamento mais comumente praticada nas


transações internacionais.

39
INTRODUÇÃO ÀS
POLÍTICAS DE COMÉRCIO UNIDADE III
EXTERIOR

CAPÍTULO 1
Incoterms

Os Incoterms constituem termos comerciais internacionais utilizados em contratos


de compra e venda para determinação dos direitos e obrigações do exportador e do
importador no que tange os custos e riscos de transporte e demais serviços logísticos.
A determinação do termo a ser utilizado deverá ser adequada aos bens, devendo-se
levar em consideração os meios de transporte e, primordialmente, as obrigações que o
exportador e o importador pretendem assumir.

Nesse âmbito, o intuito principal é a harmonização das operações de compra e venda


por meio do estabelecimento de regras internacionais precisas e imparciais no que diz
respeito à entrega das mercadorias.

A primeira edição dos Incoterms foi elaborada e publicada em 1936, pela ICC
(International Chamber Of Commerce). Desde então, já foram realizadas sete revisões:
1953, 1967, 1976, 1980, 1990, 2000 e 2010. Essa última versão entrou em vigor no
dia 1o de janeiro de 2011. É importante ressaltar que a nova versão não revoga as
versões anteriores. Ela traz atualizações que se fizeram necessárias em decorrência das
evoluções tecnológicas e das melhorias ocorridas na infraestrutura mundial, as quais
tiveram e ainda têm um grande impacto nas operações de comércio exterior.

Desse modo, é primordial que conste, nos contratos de compra e venda, além do
Incoterm acordado, o ano da revisão que será utilizada para apuração dos custos e
riscos das operações.

Seguem abaixo os principais termos destacados no Incoterms 2010 e suas principais


designações.

EXW (Ex Works)


Essa condição pode ser aplicada em qualquer modalidade de transporte.
40
INTRODUÇÃO ÀS POLÍTICAS DE COMÉRCIO EXTERIOR │ UNIDADE III

Nesse caso, o vendedor entrega a mercadoria em seu próprio estabelecimento, no prazo


acordado. Nesse âmbito, o vendedor deve informar o comprador sobre a disponibilidade
da mercadoria para retirada.

O vendedor não tem a obrigação de contratar o transporte e o seguro, mas deve


fornecer ao comprador os dados para que ele possa providenciar a contratação dos
serviços. A responsabilidade pelo carregamento (no estabelecimento do vendedor) e
pelo transporte é do comprador (no que diz respeito aos custos e aos riscos).

No caso da exportação, no Brasil, considerando-se que o comprador estrangeiro não


dispõe de condições legais para proceder com o desembaraço aduaneiro das mercadorias,
fica subentendido que as providências para tal procedimento sejam adotadas pelo
vendedor (por sua conta e risco).

FCA (Free Carrier)


Essa modalidade pode ser utilizada em qualquer modalidade de transporte.

Nesse caso, o vendedor deve entregar as mercadorias já desembaraçadas para a


exportação ao transportador ou outra pessoa designada pelo comprador, em local
indicado por ele, no país de origem (normalmente nos terminais de carga).

O vendedor é responsável pelos custos até a entrega da mercadoria (inclusive os custos


das formalidades alfandegárias).

O comprador é responsável pela contratação do transporte e do seguro a partir do local


de entrega das mercadorias. O vendedor deve fornecer as informações necessárias ao
comprador para que ele possa realizar a contratação.

FAS (Free Alongside Ship)


Essa modalidade é utilizada exclusivamente no transporte aquaviário.

Nesse caso, o vendedor tem a obrigação de entregar a mercadoria, já desembaraçada


para a exportação, no cais ou embarcações utilizadas para carregamento da mercadoria,
no porto de embarque indicado pelo comprador. Até o momento da entrega, todos os
custos e riscos por perda ou danos às mercadorias são de responsabilidade do vendedor.

O comprador é responsável pela contratação do frete e do seguro. Nesse âmbito, o vendedor


pode auxiliar o comprador e deve fornecer a ele todas as informações necessárias para a
contratação dos serviços.

41
UNIDADE III │ INTRODUÇÃO ÀS POLÍTICAS DE COMÉRCIO EXTERIOR

FOB (Free On Board)


Essa condição é utilizada exclusivamente no transporte aquaviário.

Nesse caso, o vendedor tem a obrigação de entrega as mercadorias, já desembaraçadas


para a exportação, a bordo do navio no porto de embarque nomeado pelo comprador,
no prazo acordado.

O comprador é responsável pela contratação do frete e do seguro. O vendedor deve


fornecer todas as informações necessárias para que o comprador possa proceder com a
contratação dos serviços. A partir da entrega, o comprador passa a assumir os custos e
riscos envolvidos no processo.

CFR (Cost and Freight)


Esse termo é utilizado exclusivamente no transporte aquaviário.

Nesse caso, o vendedor tem a obrigação de entregar as mercadorias, já desembaraçadas


para a exportação, a bordo do navio. Nesse caso, o vendedor tem a responsabilidade de
contratar e pagar o frete e demais custos necessários até o porto de destino (nomeado
pelo comprador).

O comprador deve contratar o seguro. Nesse âmbito, o vendedor deve fornecer ao


comprador todas as informações necessárias para a contratação.

O comprador também é responsável pelos custos relacionados ao desembarque das


mercadorias no seu país de destino. Ele também deve arcar com todos os direitos
alfandegários e custos decorrentes do desembaraço aduaneiro.

CIF (Cost, Insurance and Freight)


Esses termos são utilizados exclusivamente no transporte aquaviário.

Nesse caso, o vendedor tem a obrigação de entregar as mercadorias, já desembaraçadas


para a exportação, a bordo do navio. Nesse caso, o vendedor é responsável por
contratar e pagar o frete, demais custos e também os seguros relativos ao transporte
das mercadorias até o porto de destino combinado.

O comprador é responsável pelo pagamento dos custos relacionados ao desembarque


no país de destino, ao desembaraço aduaneiro e ao transporte até sua planta.

42
INTRODUÇÃO ÀS POLÍTICAS DE COMÉRCIO EXTERIOR │ UNIDADE III

CPT (Carriage Paid To)


Esse termo pode ser utilizado em qualquer modalidade de transporte.

Nessa modalidade, o vendedor tem a obrigação de entregar as mercadorias, já


desembaraçadas para a exportação, ao transportador ou a outra pessoa indicada pelo
comprador, em local previamente nomeado, no país de origem (normalmente em um
terminal de cargas).

O vendedor tem a responsabilidade de contratar o transporte até o local de destino da


mercadoria e de arcar com todas as despesas relacionadas ao frete. Quanto ao seguro,
o vendedor não tem a obrigação de contratá-lo, mas deve fornecer as informações
necessárias para que o comprador o contrate. Todos os custos decorrentes das
formalidades alfandegárias e demais despesas, quando aplicáveis, deverão ser pagas na
exportação pelo vendedor. O comprador deverá apenas pagar os custos relacionados ao
desembaraço aduaneiro e ao transporte das mercadorias no país de destino.

CIP (Carriage and Insurance Paid To)


O termo em questão poder ser utilizado em qualquer modalidade de transporte.

Nesse caso, o vendedor tem a responsabilidade de entregar as mercadorias, já


desembaraçadas para a exportação, ao transportador ou a outra pessoa indicada pelo
comprador, em local pré-determinado no país de origem (normalmente no terminal
de carga).

O vendedor é quem contrata e paga o frete, os custos e seguro relativos ao transporte


das mercadorias até o local de destino combinado previamente.

O comprador terá a responsabilidade de arcar com os custos decorrentes do desembaraço


aduaneiro das mercadorias, bem como pelo transporte até sua planta.

DAT (Delivered At Terminal)


Essa condição pode ser utilizada em qualquer modalidade de transporte.

Nesse caso, o vendedor tem a responsabilidade de disponibilizar as mercadorias para


o comprador, na data acordada, em um terminal de destino pré-determinado (cais,
terminal de contêineres ou armazém de cargas), descarregadas do veículo transportador,
mas não desembaraçadas para importação.

Desse modo, o vendedor deverá contratar e pagar o frete até o terminal de destino. O
vendedor também deverá contratar o seguro.

43
UNIDADE III │ INTRODUÇÃO ÀS POLÍTICAS DE COMÉRCIO EXTERIOR

O comprador deverá responsabilizar-se pelos custos relativos ao desembaraço aduaneiro


e pelo transporte até sua planta.

DAP (Delivered At Place)


O termo em questão pode ser utilizado em qualquer modalidade de transporte.

Nesse caso, o vendedor tem a obrigação de disponibilizar as mercadorias para o


comprador, no prazo acordado, no destino indicado por ele (desde que não seja um
terminal), pronta para ser descarregada do veículo transportador e não desembaraçada
para importação.

O vendedor é responsável pela contratação e pagamento do transporte das mercadorias


até o local de destino acordados. O seguro também deve ser contratado pelo vendedor
com um segurado ou companhia seguradora, designando o comprador.

O comprador é responsável pelos riscos e custos decorrentes do processo de desembaraço


aduaneiro e pelo transporte até sua planta.

DDP (Delivered Duty Paid)


Esse termo pode ser utilizado em qualquer modalidade de transporte.

Nessa condição, o vendedor tem a obrigação de colocar a mercadoria à disposição do


comprador, conforme prazo acordado, no local de destino designado no país importador,
não descarregada do veículo transportador.

O vendedor é responsável pela contratação e pagamento do transporte e do seguro


da mercadoria até o local designado para entrega. Além disso, o vendedor também
será responsável pelos custos de desembaraço e demais taxas e encargos incidentes
na importação.

O comprador deve aceitar a entrega da mercadoria e arcar com os custos referentes ao


desembarque da mercadoria do veículo transportador no local de entrega acordado.

É importante evidenciar que, em função de o vendedor estrangeiro não dispor, no


Brasil, de condições legais para realizar o desembaraço aduaneiro das mercadorias, o
termo em questão não pode ser utilizado nas importações brasileiras.

Um bom domínio dos Incoterms é essencial para que o negociador possa incluir todos os
seus gastos nas transações em comércio exterior. É importante evidenciar que as regras
definidas pelos Incoterms são válidas somente entre os exportadores e importadores.
44
INTRODUÇÃO ÀS POLÍTICAS DE COMÉRCIO EXTERIOR │ UNIDADE III

Desse modo, elas não têm efeitos sobre as demais partes envolvidas no processo, tais
como: despachantes, seguradoras e transportadores.

A figura 6 apresenta um quadro sobre as principais terminologias do Incoterms.

Figura 5. Terminologias dos Incoterms.

(produção, controlo, qualidade, medidas, pesos, etc)

(do porto, aeroporto ou terminal TIR até às instalações do


(Manuseamento no porto, aeroporto, terminal TIR)

(Manuseamento no porto, aeroporto, terminal TIR)


(da fábrica até ao porto, aeroporto, terminal TIR)

FORMALIDADES ADUANEIRAS
FORMALIDADES ADUANEIRAS

DESPESAS LOCAIS - DESTINO


EMBALAGEM E VERIFICAÇÃO

DESPESAS LOCAIS - ORIGEM

RECEPÇÃO E DESCARGA
TRANSPORTE INTERNO
TRANSPORTE PRINCIPAL
TABELA DO CUSTO / RISCO DE ACORDO

TRANSPORTE INTERNO
COM O "INCOTERM" ACORDADO

(nas instalações do destinatário)


(no armazém do vendedor)

IMPORTAÇÃO
EXPORTAÇÃO

SEGURO

destinatário)
CARGA

INCOTERMS 2010

PARA QUALQUER MODALIDADE DE TRANSPORTE (INCLUSIVE MULTIMODAL)


Ex Works
EXW Na origem, local designado
Free Carrier
FCA Livre no transportador, local designado
Carrier Paid To
CPT Transporte pago até, local de destino designado
Carriage and Insurance Paid
CIP Transporte e seguro pago até, local de destino designado
Delivered at Place
DAP Entregue no local de destino designado
Delivered at Terminal
DAT Entregue no terminal designado
Delivered Duty Paid
DDP Entregue no destino designado, com direitos pagos

PARA TRANSPORTE MARÍTIMO


Free Alongside Ship
FAS Livre no costado do navio, porto de embarque designado
Free On Board
FOB Livre a bordo, porto de embarque designado
Cost and Freight
CFR Custo e frete, porto de destino designado
Cost, Insurance and Freight
CIF Custo, seguro e frete, porto de destinodesignado

Legenda:

Custo / Risco do vendedor


Custo / Risco do comprador

Fonte: <http://www.alpiportugal.com/fich/userfiles/image/incoterms.jpg>.

45
CAPÍTULO 2
Defesa comercial

No âmbito de defesa comercial, existem as medidas antidumping, compensatórias e de


salvaguarda. As duas primeiras medidas foram criadas para o combate de atividades
desleais de comércio internacional. Já a última foi criada em face de atividade leal,
porém danosa ou com ameaça de dano à indústria doméstica. Aplica-se uma sobretaxa
na alíquota de importação.

A prática de dumping é verificada quando uma empresa exporta seus produtos com preço
inferior ao praticado por ela na venda de produtos similares em seu mercado interno.

Há necessidade de nexo causal entre a prática e o prejuízo material em razão de produto


exportado por preço inferior ao praticado com produto similar nas vendas de seu
mercado interno. Os subsídios dividem-se em:

»» proibidos (vinculados ao desempenho exportador ou vinculados ao uso


de bens domésticos em preferência a bens importados);

»» acionáveis (causadores de prejuízo à indústria doméstica de outro Estado-


Membro);

»» não acionáveis.

No processo de defesa comercial, na fase de instrução e defesa, há a possibilidade de


determinação de direitos antidumping provisórios (não superior a quatro meses ou
seis meses em determinadas circunstâncias) e medidas de salvaguarda provisórias
(não deve exceder 200 dias), sendo a vigência do direito antidumping e da medida
compensatória de no máximo 5 anos, podendo ser prorrogado por mais 1 ano, por meio
de processo de revisão, se o requerimento estiver dentro do prazo de 5 meses antes da
data de término dos direitos antidumping ou das medidas compensatórias.

As importações brasileiras mais que triplicaram na última década. O crescimento


foi de 361,77% comparando dados de 2012 com os de 2003, segundo a
Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). As estatísticas mostram que
o País está cada vez mais aberto às negociações com outros países, mas isso
também tem aumentado a preocupação com a defesa da produção nacional.

A presença massiva de produtos importados no País pode gerar uma concorrência


desleal com a indústria brasileira. E os números da Organização Mundial do
Comércio (OMC) mostram que o governo está atento para resguardar o que é

46
INTRODUÇÃO ÀS POLÍTICAS DE COMÉRCIO EXTERIOR │ UNIDADE III

produzido aqui. Em seu mais recente relatório submetido ao G-20, a entidade


informou que o Brasil lidera o número de pedidos de investigações antidumping
no mundo, são 18 no total.

“A abertura de investigações não significa que a prática de dumping será


comprovada”, afirma o vice-presidente executivo da AEB, Fábio Faria. O
dumping consiste em exportar produtos com preços abaixo do custo praticado
por itens semelhantes no mercado brasileiro. É uma ação que visa eliminar a
concorrência e conquistar o mercado. O Brasil desconfia que seus parceiros
comerciais estejam fazendo exatamente isso ao enviar seus produtos para
cá, países como Coreia do Sul, Tailândia, China, África do Sul, Ucrânia e
Estados Unidos.

O Departamento de Defesa Comercial (DECOM), órgão ligado ao Ministério do


Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, fica responsável por investigar
as suspeitas e definir o destino dos processos. Segundo a AEB, 48% das
solicitações geram processo e metade delas resulta em cobrança de sobretaxa
para o produto ingressar no país. Geralmente, os pedidos de investigação
são feitos para produtos industrializados como pneus, tubos de aço, garrafas
térmicas e louças, entre outros.

No início de 2013, o decreto 1.602/1995, que regulamenta as investigações


antidumping, foi atualizado para agilizar os prazos. Antes, os processos poderiam
permanecer em análise por até 15 meses, hoje, a DECOM tem até 10 meses para
dar andamento aos pedidos. “O Brasil cumpre fielmente a regras estabelecidas
no acordo antidumping da OMC”, afirma Faria. Para ele, o novo prazo pode
não significar agilidade. “Em alguns casos, essa meta é cumprida, mas às vezes
demora mais devido às peculiaridades de cada caso”, diz.

Diferenças entre antidumping e salvaguarda


“Aplicação de antidumping não pode ser caracterizada como medida
protecionista, mas dependendo de como é aplicada pode ser vista como tal”,
comenta Faria. Tanto as medidas antidumping quanto a salvaguarda protegem
os produtos nacionais, mas com diferenças de aplicação. Enquanto a primeira
tem como objetivo principal o combate às práticas desleais, no caso da segunda,
as relações comerciais, que são legais, acabam restringidas por acarretar prejuízo
à indústria nacional.

Fonte: <http://economia.terra.com.br/operacoes-cambiais/operacoes-empresariais/brasil-lidera-
a-lista-mundial-de-processos-contra-o-dumping,7014026dccb7f310VgnVCM20000099cceb0aRC
RD.html>.

47
UNIDADE III │ INTRODUÇÃO ÀS POLÍTICAS DE COMÉRCIO EXTERIOR

À CAMEX incumbe a política de comércio exterior de bens e serviços, para:

»» Aplicar medidas compensatórias provisórias sugeridas pelo DECOM.

»» Homologar compromissos de preços.

»» Aplicar medidas compensatórias definitivas ao final da investigação.

»» Suspender, prorrogar ou alterar as medidas definitivas aplicadas.

»» Decidir sobre a revisão de direitos definitivos e de compromissos de preços.

Estrutura da CAMEX

O que é a CAMEX e como é o seu funcionamento?

A CAMEX é uma câmara do Conselho de Governo com atribuição de formular


políticas públicas, cujas ações e políticas ultrapassem as competências de um
único Ministério (Lei no 10.683/2003), relacionadas com o comércio exterior.
Atualmente, compõem a CAMEX os seguintes ministérios:

»» Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que o


presidirá.

»» Chefe da Casa Civil da Presidência da República.

»» Ministro das Relações Exteriores.

»» Ministro da Fazenda.

»» Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.

»» Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

»» Ministro do Desenvolvimento Agrário.

O órgão de deliberação superior e final da CAMEX é o Conselho de Ministros.


Os outros órgãos que compõem a CAMEX são a Secretaria-Executiva (SE), o
Comitê Executivo de Gestão (GECEX), o Comitê de Financiamento e Garantia às
Exportações (COFIG) e o Conselho Consultivo do Setor Privado (CONEX). A SE/
CAMEX é o órgão permanente da CAMEX com competências próprias previstas
no Decreto no 4.732/2003 e no Decreto no 7.096/2010, com destaque para:

»» a assistência direta ao Presidente do Conselho de Ministros da CAMEX,

»» a preparação das reuniões do Conselho de Ministros, do GECEX e do


CONEX,

48
INTRODUÇÃO ÀS POLÍTICAS DE COMÉRCIO EXTERIOR │ UNIDADE III

»» o acompanhamento da implementação das deliberações e diretrizes


fixadas pelo Conselho de Ministros e pelo GECEX,

»» o acompanhamento do trabalho do COFIG,

»» a coordenação de grupos técnicos interministeriais,

»» promover estudos, pareceres, reuniões e publicações sobre assuntos


pertinentes ao comércio exterior.

Como eu posso encaminhar propostas de


comércio exterior para a CAMEX?
Propostas podem ser encaminhadas à Secretaria-Executiva da CAMEX,
direcionadas para os Grupos Técnicos que tratam de temas ligados ao comércio
exterior, tais como:

»» o Grupo Técnico de Facilitação do Comércio (GTFAC);

»» o Grupo Técnico de Defesa Comercial (GTDC);

»» o Grupo sobre Alterações Temporárias da Tarifa Externa Comum do


Mercosul (GTAT-TEC);

»» o Grupo Técnico de Contratações Públicas (GTCOP);

»» o Grupo Técnico de Acompanhamento da Resolução Grupo Mercado


Comum (GMC no 08/2008-GTAR 08/2008);

»» o Grupo Técnico de Consolidação da União Aduaneira do MERCOSUL;

»» o Grupo Técnico de Coordenação Mercosul-União Europeia (GC


MERCOSUL-EU);

»» o Grupo Técnico Interministerial de Consolidação da legislação interna


de comércio Exterior (GTIC);

»» o Grupo Técnico de Avaliação de Interesse Público (GTIP);

»» o Grupo Técnico de Estudos Estratégicos para Comércio Exterior (GTEX).

Maiores informações podem ser encontradas em: Grupos Técnicos.

Onde posso saber sobre a data da reunião


CAMEX ou GECEX?
Os cronogramas previstos, sujeitos a alteração, de reuniões estão disponíveis
nos seguintes links:

49
UNIDADE III │ INTRODUÇÃO ÀS POLÍTICAS DE COMÉRCIO EXTERIOR

Reuniões CAMEX: <http://camex.gov.br/conteudo/exibe/area/1/menu/63/


Cronograma>.

Reuniões GECEX: <http://camex.gov.br/conteudo/exibe/area/1/menu/73/


Cronograma>.

Qual é a empresa elegível para o Programa


de Financiamento à Exportação – PROEX?
O PROEX Financiamento está voltado fundamentalmente para o atendimento
às empresas com faturamento bruto anual de até R$ 600 milhões. Por sua vez, o
PROEX Equalização atende empresas com qualquer faturamento.

Quais bens e serviços são financiáveis?


Os bens e serviços elegíveis ao PROEX estão elencados na Portaria MDIC no 208,
de 20 de outubro de 2010.

Como contratar o PROEX Financiamento?


O Banco do Brasil atua com exclusividade como o agente financeiro da União
responsável pela gestão do PROEX. Assim, para obter informações mais
detalhadas acerca o Programa, contate diretamente uma das 18 Gerências
Regionais de Apoio ao Comércio Exterior do Banco do Brasil (GECEX).

Como obter o financiamento via BNDES?


O BNDES concede financiamento à produção de bens e de serviços brasileiros
destinados à exportação e à comercialização destes itens no exterior. Para mais
informações, consulte o site do banco <www.bndes.gov.br>.

Quais as formas de alteração do imposto de


importação?
A alíquota do imposto de importação pode ser alterada de forma definitiva, por
meio da alteração permanente da Tarifa Externa Comum do MERCOSUL (TEC),
ou de forma provisória, por meio:

»» da redução da alíquota do Imposto de Importação ao Amparo da Decisão


Grupo Mercado Comum do MERCOSUL 08/2008, por abastecimento,

50
INTRODUÇÃO ÀS POLÍTICAS DE COMÉRCIO EXTERIOR │ UNIDADE III

»» da redução ou majoração da alíquota de Imposto de Importação na


Lista de Exceções à TEC,

»» de reduções temporárias da alíquota do Imposto de Importação


para bens de capital e bens de informática e telecomunicações não
produzidos por mecanismo de ex-tarifário,

»» da elevação tarifária temporária ao amparo da Decisão Conselho


Mercado Comum do MERCOSUL 39/2011, sendo que esta última
entrará em vigor brevemente.

Todos as formas de alteração são deliberadas pela CAMEX e mais informações


podem ser encontradas em: <http://www.camex.gov.br/conteudo/exibe/
area/3/menu/41/Tarifa%20Externa%20Comum%20-%20TEC>.

O que é a Facilitação de Comércio e qual o


papel da CAMEX nesse contexto?
A Facilitação de Comércio visa à simplificação, harmonização, padronização e
modernização de procedimentos de comércio. O seu objetivo principal é reduzir
barreiras e custos de transação relativos ao comércio internacional. O papel
da CAMEX é coordenar esforços de Governo para a ampliação do comércio
em um contexto de competição mais agressiva e de necessidade de recursos
logísticos mais eficientes (infraestrutura, transporte, prestadores de serviços e
controle governamental). A CAMEX promove reuniões com as agências e órgãos
do Governo intervenientes no comércio exterior para avaliar procedimentos
e modernizar a legislação, buscando racionalizar o controle de exportações,
importações e trânsito de mercadorias.
Fonte: <http://www.camex.gov.br/conteudo/exibe/area/1/menu/77/CAMEX%20-%20
%C3%81reas%20de%20Atua%C3%A7%C3%A3o>

Na OMC, existe o procedimento geral para solução de controvérsia, “solução mutuamente


satisfatória”. No mecanismo institucional da OMC há a faculdade de utilização da
via arbitral. A primeira etapa de solução de controvérsias consiste na consulta e na
composição. No Conselho Geral da OMC, existem dois órgãos permanentes: órgão de
solução de controvérsias e órgão de apelação. O órgão de solução de controvérsias:

»» Julga controvérsias.

»» Se não houver acordo na fase de consultas são formados grupos especiais.

»» Vigia e dá cumprimento às recomendações dos relatórios produzidos pelos


Grupos Especiais ou do Órgão de Apelação para alteração de políticas ou
determinação das resoluções previstas nos acordos questionados.
51
UNIDADE III │ INTRODUÇÃO ÀS POLÍTICAS DE COMÉRCIO EXTERIOR

»» Sustenta Conselhos e Comitês temáticos sobre o andamento das


controvérsias.

»» O país vencedor no julgamento autoriza a suspensão das facilidades


comerciais. Sete pessoas do órgão de apelação julgam os recursos contra
os relatórios dos Grupos Especiais, analisa a matéria de direito e indica
a decisão que deverá ser acatada, exceto que o órgão de solução de
controvérsias negue cumprimento por unanimidade.

Há três fases: consultas, investigação e implementação. Durante todo o procedimento de


solução de controvérsias, deve-se considerar a possibilidade de conciliação e a mediação,
se não houver acordo depois das consultas, cria-se um grupo especial, há a elaboração de
termos de referência, inicia-se a análise do grupo especial com julgamentos com as partes
e terceiros (possibilidade de grupo de especialistas de revisão). Há a revisão interna com
envio para as partes para comentários (possibilidade de audiência de revisão), emissão
do relatório do grupo especial para as partes e depois envio para o órgão de solução de
controvérsias com adoção ou não do relatório (possibilidade de apelação).

Na fase de implementação, é possível, por meio da arbitragem, estabelecer o prazo


razoável de implementação, e ainda há a possibilidade de se instaurar grupo especial de
implementação, se não houver implementação, as partes podem negociar compensações,
e em não havendo implementação das recomendações depois de um certo prazo, há a
possibilidade de retaliação ou retaliação cruzada (outro setor ou outro acordo).

52
LEGISLAÇÃO ADUANEIRA UNIDADE IV
E TRIBUTÁRIA

CAPÍTULO 1
Tratamento tributário das exportações
e importações

Nas exportações Art. 53, II CF/1988

Dentro do que é realizado mundialmente, o tratamento fiscal das exportações brasileiras


'
busca a desoneração dos tributos indiretos sobre as exportações. Dessa forma, a
Constituição Federal de 1988 definiu que não incidem sobre as exportações o IPI, o
PIS, o Cofins e o ICMS. Além disso, o exportador mantém o direito ao crédito gerado
pela incidência desses tributos sobre a compra dos insumos empregados nos produtos
exportados. Portanto, os valores referentes a esses tributos não devem fazer parte do
preço do produto exportado.

Em 14 de dezembro de 2011, foi instituído o Regime Especial de Reintegração de Valores


Tributários para as Empresas Exportadoras (REINTEGRA). A criação desse regime
originou-se pelo fato de haver no sistema tributário brasileiro tributos indiretos dos
quais as exportações não eram desoneradas. Para reaver esses gastos tributários nas
exportações de bens manufaturados, a empresa exportadora poderá receber um crédito
equivalente a 3% da receita de exportação. O crédito apurado no REINTEGRA poderá
ser indenizado ao exportador em espécie ou utilizado para compensar outros débitos
relativos a tributos administrados pela Receita Federal.

Nas importações
Em janeiro de 1995, o Brasil adotou a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), com
base no Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadorias (SH).

A Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) trata-se de um código de oito


dígitos estabelecido pelo Governo Brasileiro para identificar a natureza das
mercadorias e promover o desenvolvimento do comércio internacional, além de
facilitar a coleta e análise das estatísticas do comércio exterior.

53
UNIDADE IV │ LEGISLAÇÃO ADUANEIRA E TRIBUTÁRIA

Qualquer mercadoria, importada ou comprada no Brasil, deve ter um código


NCM na sua documentação legal (nota fiscal, livros legais etc.), cujo objetivo é
classificar os itens de acordo com regulamentos do Mercosul.

A NCM foi adotada em janeiro de 1995 pela Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai
e tem como base o SH (Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de
Mercadorias). Por esse motivo existe a sigla NCM/SH.

O SH é um método internacional de classificação de mercadorias que contém uma


estrutura de códigos com a descrição de características específicas dos produtos,
como por exemplo, origem do produto, materiais que o compõe e sua aplicação.

Dos oito dígitos que compõem a NCM, os seis primeiros são classificações do
SH. Os dois últimos dígitos fazem parte das especificações próprias do Mercosul.

Figura 6. Nomenclatura do NCM.

Fonte: <http://www.significados.com.br/ncm/>.

Uma pesquisa pelo código NCM 0102.10.10 permite determinar que se trata de:

»» 01 - Animais vivos.

»» 0102 - Animais vivos da espécie bovina.

»» 010210 - Reprodutores de raça pura.

»» 01021010 - Prenhes ou com cria ao pé.

A classificação fiscal de mercadorias é de competência da SRF (Secretaria da


Receita Federal). A partir do dia 1o de janeiro de 2010 passou a ser obrigatória a
inclusão da categorização NCM/SH dos produtos nos documentos fiscais.

É possível encontrar tabelas com os códigos NCM. Também há a possibilidade


de pesquisar no site da Receita Federal, introduzindo a descrição do produto ou
pesquisando de acordo com os códigos de capítulo, posição, subposição, item
e subitem.
Fonte: <http://www.significados.com.br/ncm/>.

54
LEGISLAÇÃO ADUANEIRA E TRIBUTÁRIA │ UNIDADE IV

A partir da entrada em vigor da Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul, o Brasil


passou a aplicar, para a maioria dos produtos importados de países terceiros, o mesmo
nível de direitos alfandegários que seus parceiros. Nesse âmbito, deve-se destacar que,
periodicamente, são estabelecidas exceções (as quais constituem redução ou aumento
temporário do imposto de importação) para determinados produtos.

Em uma importação de produtos, devem ser pagos pelo importador os seguintes impostos:

»» II (Imposto de importação);

»» IPI (Imposto sobre produtos industrializados);

»» PIS Importação (Contribuição para os programas de Integração social e


de formação do patrimônio do servidor público);

»» Cofins Importação (Contribuição para o financiamento da Segurança


Social);

»» ICMS (Imposto sobre a circulação de mercadorias e serviços).

Os impostos em questão são calculados tomando-se como base o Valor Aduaneiro (VA)
da mercadoria. O Valor Aduaneiro é obtido a partir do seguinte cálculo:

Valor Aduaneiro (VA) = Valor da mercadoria + frete internacional + seguro +


capatazia (no caso do modal marítimo).

As alíquotas do II, do IPI, do PIS e do Cofins são determinadas pelo enquadramento


do NCM da mercadoria a ser nacionalizada. No que diz respeito ao ICMS pago no
desembaraço aduaneiro, a alíquota varia de acordo com o estado do estabelecimento
importador da mercadoria.

É necessário ressaltar que, desde janeiro de 2013, vigora uma alíquota única de 4%,
em todos os estados brasileiros, na operação interestadual subsequente à respectiva
importação. Essa alíquota única incide sobre a primeira saída da mercadoria do
estabelecimento importador para outro estado da Federação, desde que a mercadoria
não tenha sido submetida a processo de industrialização ou, apesar de submetida à
industrialização, o conteúdo de importação seja superior a 40%.

A regra em questão não se aplica às operações interestaduais com mercadorias


importadas que não tenham similar nacional.

Para melhor entendimento, segue nas tabelas 2 e 3 uma exemplificação do cálculo dos
impostos incidentes em um processo de importação.

55
UNIDADE IV │ LEGISLAÇÃO ADUANEIRA E TRIBUTÁRIA

Tabela 2. Exemplo de cálculo de Impostos de Importação.

Cálculo Valor Aduaneiro (VA)


Taxa de Conversão 2,90

Em USD Em R$
Valor Mercadoria 70.680,00 204.972,00
Frete Internacional 2.000,00 5.800,00
Seguro 150,00 435,00
Capatazia 0,00 600,00

Total: 72.830,00 211.807,00

Fonte: Adaptado pelo autor.

Tabela 3. Exemplo de cálculo de Impostos de Importação.

Cálculo dos Impostos (em R$)


NCM do Produto: 8535.30.17 Descrição das fórmulas de cálculo
Imposto Base Alíquota Valor a Recolher
II 211.807.00 16% 33.889,12 II = VA*alíquota II
IPI 245.696,12 5% 12.284,81 IPI = (VA + valor II)* alíquota IPI
PIS 211.807,00 1,65% 3.494,82 PIS = VA* alíquota PIS
Cofins 211.807,00 8,60% 18.215,40 Cofins = VA* alíquota Cofins
ICMS 343.299,57 18% 61.793,92 ICMS = Base * alíquota ICMS
Base ICMS = (VA + valor II + valor IPI + valor PIS +
Total: 129.678,07
valor Cofins + taxa Siscomex + AFRMM)/0,82

Fonte: Adaptado pelo autor.

*Para o cálculo do ICMS, foi utilizada alíquota de 18% (considerando-se que o


estabelecimento importador esteja sediado no estado de São Paulo). Além disso, foram
considerados os seguintes valores (previamente calculados) para as despesas aduaneiras:

»» Taxa do Siscomex: R$ 214,50

»» AFRMM: R$ 1.600,00

Existem alguns mecanismos para obtenção de reduções tarifárias.

Para bens de capital, informática e telecomunicações a solução viável de redução


tarifária é o conhecido “Ex-tarifário”, de concessão cada vez mais lenta e complicada,
em virtude do protecionismo aos fabricantes de máquinas nacionais.

56
CAPÍTULO 2
Regimes aduaneiros especiais

Regimes Aduaneiros Especiais constituem regimes com obrigações e controles


fiscais tributários distintos. Nesses casos, com o cumprimento dos requisitos
específicos e exigências legais de enquadramento nos regimes, pode-se obter
isenção, suspensão parcial ou total dos tributos.

Admissão temporária
O regime em questão permite a entrada no país de mercadorias, sem cobertura cambial,
com finalidade específica e por um prazo determinado. Nesse caso, há suspensão
parcial ou total dos tributos aduaneiros que incidem no processo de importação, com o
compromisso da realização da reexportação. A análise e concessão desse regime são de
alçada da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) e da Receita Federal do Brasil (RFB).
As regulamentações desse regime estão destacadas na IN SRF no 285/2003.

Nesse caso, enquadram-se, principalmente:

»» Mercadorias a serem utilizadas em eventos culturais, artísticos, científicos,


esportivos, em feiras, exposições, para fins de assistência e salvamento,
para acondicionamento e transporte de itens para ensaios e testes.

»» Máquinas e equipamentos destinados à utilização econômica (em


prestação de serviços ou no processo produtivo de bens), na condição de
arrendamento operacional, aluguel ou empréstimo. Nesse caso, pode-se
obter a suspensão parcial dos tributos e pagamento proporcional ao
tempo de permanência no país.

»» Produtos que serão submetidos a aperfeiçoamento ativo (como: montagem,


renovação, recondicionamento, conserto, restauração etc.). Nesse caso,
pode-se obter a suspensão total dos tributos.

A empresa beneficiária do regime tem que assinar um termo, responsabilizando-se


pelo pagamento dos tributos suspensos e de multa de 10% do valor aduaneiro das
mercadorias, caso haja descumprimento das normas e procedimentos instituídos.
Dependendo do valor e da finalidade dos bens, pode ser necessária a apresentação de
garantia dos tributos suspensos (por meio de depósito ou fiança bancária).

57
UNIDADE IV │ LEGISLAÇÃO ADUANEIRA E TRIBUTÁRIA

O prazo concedido para permanência no regime é de controle da Receita Federal (com


prazo máximo de 5 anos). Com a finalização do prazo estabelecido, o importador deve
formalizar a extinção do regime junto ao órgão controlador, concluindo-se, assim,
o processo.

Drawback
Esse regime constitui um incentivo à exportação. Nesse caso, pode-se obter a suspensão,
isenção ou restituição dos tributos incidentes na importação de insumos a serem
utilizados em produtos destinados à exportação.

Esse tipo de regime possui considerável flexibilidade para ajustar-se às necessidades


de cada beneficiário, pois existem diversas modalidades de uso como Suspensão
Integrado, Suspensão Fornecimento de Mercado Interno, Suspensão Embarcação,
Isenção Integrado, e Restituição. De modo geral, o regime concede aos seus beneficiários
diversas vantagens relacionadas às tributações de impostos e taxas sobre as matérias
primas adquiridas (locais ou importadas), essas vantagens podem ser até a eliminação
do tributo, com o objetivo de serem empregadas na produção de bens com maior
valor agregado e em seguida compulsoriamente exportados ou utilizados em venda
equiparada a exportação.

A concessão, segundo a Receita Federal, que é feita no regime de drawback chamado


de Ato Concessório é emitido em nome da empresa industrial ou comercial, que, após
realizar a importação, envia a mercadoria a estabelecimento para industrialização,
devendo a exportação do produto ser realizada pela própria detentora do drawback.

Dessa forma, há uma redução do custo industrial, há um menor dispêndio financeiro


que melhora devido a não necessidade de tirar do caixa o pagamento dos impostos e
taxas no momento da compra e se possível eliminar a tomada de crédito nas compras
locais evitando acúmulos desses créditos com as exportações futuras.

Todos os conceitos sobre os controles e conceitos operacionais do drawback são


amparados e baseados nas seguintes legislações:

»» Regulamento Aduaneiro;

»» Decretos de Lei;

»» Instruções Normativas;

»» Portarias; e

»» Comunicados Oficiais (Siscomex, DECEX, Órgão Anuentes e Intervenientes).

58
LEGISLAÇÃO ADUANEIRA E TRIBUTÁRIA │ UNIDADE IV

Todos os beneficiários do regime precisam conhecer tais legislações, conceitos,


observações e se especializar na operação de drawback para evitar a sobra de mercadorias
adquiridas no mercado interno sem utilização e uma posterior nacionalização desses
materiais para a variação da modalidade Suspensão.

O Ato Concessório não pode ter falhas, por isso o beneficiário se organiza em suas áreas
operacionais como compras, produção e comércio exterior, porém na organização há
também muitas vantagens, sendo elas:

»» maior competitividade no mercado interno e no mercado externo;

»» abertura de novos mercados;

»» ganhos financeiros;

»» aumento da lucratividade;

»» organização de processos.

As informações dos Atos Concessórios dentro do acompanhamento do governo brasileiro


e do Siscomex são armazenadas no sistema Drawback Web na modalidade Integrado
Suspensão. Ele serve como um sistema de comprovação da realização do ato concessório.

Drawback verde-amarelo
A partir de 1o de outubro de 2008, com base na Portaria Conjunta (Secretaria da Receita
Federal do Brasil – RFB e Secretaria de Comércio Exterior – SECEX), o beneficiário do
regime aduaneiro especial de drawback modalidade Suspensão obteve a ampliação na
aplicação desse incentivo fiscal à exportação, que passou a permitir que seu beneficiário,
além de importar com suspensão de tributos, passasse a adquirir insumos nacionais
no mercado interno, também com suspensão de tributos. Ou seja, estava normatizado
então, o “novo” drawback verde-amarelo.

O drawback verde-amarelo permite ao beneficiário realizar aquisições de matérias


primas no mercado interno com suspensão de tributos, porém essa matéria-prima só
pode ser utilizada para a fabricação de produtos a serem exportados. Ou seja, esta é a
razão que o beneficiário do drawback verde-amarelo não poderá, por exemplo, adquirir
mercadorias nacionais que, embora não integrem o produto a ser exportado, sejam
utilizadas na industrialização (elaboração) desse produto.

O Governo Federal, por meio do artigo 17 da Medida Provisória no 451, de 15 de


dezembro de 2008, disciplinou que “A aquisição no mercado interno, ou a importação,
de mercadoria para emprego ou consumo, poderá ser realizada com suspensão do IPI,

59
UNIDADE IV │ LEGISLAÇÃO ADUANEIRA E TRIBUTÁRIA

da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, da Contribuição para o PIS/PASEP-


Importação e da COFINS-Importação”.

O drawback verde-amarelo somente pode ser concedido na modalidade suspensão e


sua habilitação deverá ser requerida no MDIC.

Contadores devem orientar seus clientes


sobre a suspensão de tributos federais nas
operações de comércio exterior.
Apenas as empresas exportadoras que se habilitaram no Drawback Verde-
Amarelo nos termos da Portaria RFB/Secex no 1.460/2008, mas não fizeram
a opção pelo Drawback Integrado disciplinado pela Portaria RFB/Secex no
467/2010, poderão adquirir matérias-primas, produtos intermediários e material
de embalagem e obter o benefício da suspensão do pagamento do Imposto de
Importação (II), do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), da contribuição
para o PIS-Pasep, da Cofins, da contribuição para o PIS/Pasep-Importação e
da Cofins-Importação, conforme estabelecido na Instrução Normativa RFB no
845/2008. A definição, bem como outras regras da modalidade de comércio
exterior estão na Solução de Consulta Cosit no 74, publicada no Diário Oficial da
União na última sexta-feira, 20 de março 2015.

Conforme explica o consultor tributário IOB|Sage, Valdir de Oliveira Amorim,


“os contadores que atuam no segmento de comércio exterior deverão orientar
seus clientes que ainda não se habilitaram ao Drawback Verde-Amarelo ou que
haviam se habilitado a este regime, e não optaram pelo Drawback Integrado,
poderão valer-se da suspensão do recolhimento dos tributos federais, conforme
estabelecido nos artigos 12 a 14 da Lei no 11.945/2009, alterada pela Lei no
12.058/2009.”

“A norma estabelece ainda que as empresas brasileiras de navegação, no que se


refere à aquisição de materiais para a construção, conservação, modernização
e reparo das embarcações pré-registradas ou constantes no Registro Especial
Brasileiro (REB), não poderão ser beneficiárias do Drawback Verde-Amarelo nem
do Drawback Integrado”, salienta Amorim.

Fonte: <http://jornalcontabil.com.br/portal/?p=2323>.

Entreposto Aduaneiro
Na importação, o regime em questão propicia a armazenagem de mercadorias importadas,
com ou sem cobertura cambial, anteriormente ao processo de desembaraço aduaneiro,

60
LEGISLAÇÃO ADUANEIRA E TRIBUTÁRIA │ UNIDADE IV

com suspensão dos tributos incidentes. A análise e concessão é de responsabilidade da


Receita Federal do Brasil.

A solicitação deve ser realizada através do registro da Declaração de Admissão no


Siscomex. Uma vez autorizada a adoção do regime, as mercadorias podem permanecer
armazenadas em recinto alfandegado pelo período de um ano, prorrogável por mais um
ano. Em casos excepcionais, a permanência pode ser de até três anos. As prorrogações
devem ser solicitadas à Receita Federal, com as devidas justificativas.

A admissão no regime será autorizada para estocagem em aeroporto, instalações


portuárias, porto organizado e porto seco antecipadamente autorizados pela Receita
Federal.

Seguem abaixo especificações sobre os bens que podem ser admitidos em entreposto:

»» No caso de aeroporto: materiais de todos os tipos para reposição de


estoque, maquinário, manutenção e reparo de aeronaves, provisões de
bordo e quaisquer outros importados e consignados e terceiro à pessoa
jurídica estabelecida no país.

»» No caso de porto organizado: materiais de todos os tipos para reparo,


equipamentos, manutenção ou reposição de embarcações, provisões de
bordo e bens destinados à manutenção, substituição e reparo de cabos
submarinos.

»» No caso de porto seco: materiais de topos os tipos de manutenção ou


reposição de aeronaves e embarcações, assim como todos os instrumentos
envolvidos.

Não é permitido o Regime de Entreposto Aduaneiro quando o produto a ser consumido


se tratar de mercadoria cuja importação ou exportação esteja vetada.

No regime de entreposto aduaneiro tem-se as seguintes vantagens do Regime:

»» suspensão dos impostos federais;

»» admissão de mercadorias importadas e nacionais;

»» não é obrigatória a Licença de Importação (LI), com algumas exceções;

»» suspensão em 100% do Regime Tributário na Importação;

»» não exige Termo de Responsabilidade.

61
UNIDADE IV │ LEGISLAÇÃO ADUANEIRA E TRIBUTÁRIA

O Sistema Entreposto Aduaneiro


A Receita Federal exige para poder estar habilitado nesse tipo de regime que a organização
possua controle eletrônico de entrada, transações internas, estoque, produção de bens
industriais e/ou serviços e saída das mercadorias autorizadas no regime, bem como
controle tributário referente às atividades de comércio exterior.

O Sistema Entreposto Aduaneiro controla:

»» a entrada, estadia e saída de mercadorias autorizadas no regime;

»» a movimentação de mercadorias enviadas para industrialização;

»» a produção: registro das matérias-primas e insumos, do detalhamento do


processo de industrialização, das atividades de produção e de refugos e
resíduos gerados;

»» a passagem de produtos expedidos para prestação de serviços;

»» a prestação de serviços: registro dos insumos utilizados, dos tipos de


serviços oferecidos, descrição do processo de execução do serviço e de
seus registros e controles internos, registro de perdas e resíduos;

»» com base nos registros aduaneiros e fiscais, é controlado o estoque dos


insumos pelo código NCM e Part Number,;

»» com base nos registros obtidos pelos apontamentos de ordem de produção


ou prestação de serviços é controlado o estoque dos produtos por seus
códigos NCM e Part Number;

»» todo o processo da suspensão de exigibilidade dos impostos diretos e


indiretos à importação;

»» o prazo de permanência no regime; e

»» de acordo com seu Ato Declaratório são gerados os relatórios determinados


pela Receita Federal.

Trânsito Aduaneiro
O regime de Trânsito Aduaneiro constitui um benefício concedido a importadores
e exportadores. Esse regime permite o transporte de mercadorias de um recinto
alfandegado a outro para o desembaraço da carga, por meio dos modais aéreo
ou rodoviário. Normalmente ele é utilizado por importadores que optam por

62
LEGISLAÇÃO ADUANEIRA E TRIBUTÁRIA │ UNIDADE IV

desembaraçar suas mercadorias em um recinto alfandegado mais próximo de sua


planta, ou de exportadores que queiram realizar tais operações perto dos pontos de
saída do país.

Para poder realizar essa operação, o importador/exportador precisa ser credenciado pela
Receita Federal para operar suas mercadorias sob o regime de trânsito, e a opção para o
regime Trânsito deve ser definida antes da chegada da carga na zona de desembaraço,
para que a operacionalização seja feita em tempo adequado e custos mínimos para
isso. O trânsito aduaneiro pode ser aplicado de acordo com o interesse e a necessidade
do beneficiário.

Ao optar pelo Trânsito, o importador/exportador deverá liberar a atuação dos prestadores


de serviços logísticos. Os tratamentos que podem ser dados à carga variam de acordo com
a necessidade da empresa e o grau de credenciamento que ela possui.

O beneficiário/transportador, com a chegada da mercadoria em território nacional, deve


solicitar a concessão da autorização do trânsito à Receita Federal por meio de registro
e emissão de documentação específica, sendo a mais comum a DTA, Declaração de
Trânsito Aduaneiro, e conforme referenciado DTI, Declaração de Transito Internacional,
e além dessas temos ainda, o DTT, Declaração de Trânsito de Transferência, o DTC,
Declaração de Trânsito de Contêiner, MIC-DTA, Manifesto Internacional de Carga,
TIF-DTA, Conhecimento Carta de Porte Internacional.

O trânsito aduaneiro é um processo relativamente simples, só que na prática gera muitos


transtornos devido a problemas de comunicação entre os diferentes participantes
do processo.

Até o destino onde será executado o desembaraço o regime de trânsito aduaneiro em


processo de transferência mantém a suspensão de tributos. O que acontece na prática é
que os impostos e taxas são suspensos enquanto a carga está sendo transportada. Nessa
suspensão, dois atores são importantes: o beneficiário do regime e o transportador.

O beneficiário porque orienta/solicita o processo de Trânsito à RF, e o transportador,


por ser responsável pela remoção da mercadoria e apresentação de garantia à Alfândega,
relativa aos tributos suspensos, podendo responder pela carga em caso de sinistro pela
carga e pelos tributos. O transportador precisa estar credenciado segundo às normas da
RF, sendo essa uma condição a concessão do regime.

As peculiaridades do regime de trânsito aduaneiro podem ser conferidas na Instrução


Normativa no 262, publicada em 2002, segundo a Receita Federal, que explica em
detalhes as condições e parâmetros colocados para o Regime de Trânsito Aduaneiro.
63
UNIDADE IV │ LEGISLAÇÃO ADUANEIRA E TRIBUTÁRIA

A habilitação para o trânsito aduaneiro e os


seus requisitos
Como visto anteriormente, existe a necessidade do Transportador Nacional de
Trânsito Aduaneiro (TNTN) possuir uma habilitação conferida pela Secretaria
da Receita Federal para operar nessa espécie de regime, ante a incidência do
controle aduaneiro no transporte de mercadoria entre as zonas aduaneiras.

O Regulamento Aduaneiro regulamenta a habilitação no Art. 3o, mas é a Instrução


Normativa SRF no 248/2002 que detalha, especificamente, as características
da habilitação e os seus requisitos, de modo a regular a matéria perante seus
respectivos beneficiários do trânsito aduaneiro.

Em análise da referida instrução normativa, pode-se extrair a necessidade da


empresa encontrar-se ativa no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica e possuir
regularidade fiscal para concessão do benefício perante a Secretaria da Receita
Federal, mediante a apresentação de certidões negativas ou de efeitos negativos
dos órgãos trabalhistas, previdenciários e fiscais e do Sistema Integrado de
Cobrança (Sincor).

Com a aptidão fiscal do transportador nacional, deve-se apresentar o Termo de


Responsabilidade para Trânsito Aduaneiro (TRTA) órgão da receita federal do
jurisdicional que servirá de instrumento para responsabilizar beneficiário pelo
cumprimento das obrigações tributárias suspensas em decorrência do regime de
Trânsito Aduaneiro. Tal termo sempre será exigido ao transportador a cada 3 (três)
anos e será cadastrado no Siscomex – Trânsito como fiel depositário da mercadoria.

O Termo de Responsabilidade para o Trânsito Aduaneiro será formalizado no


processo administrativo de habilitação e conterá prova dos poderes do seu
signatário, além da prestação de garantia em favor da União para assegurar o
cumprimento das respectivas obrigações tributárias suspensas em decorrência
do regimento de trânsito aduaneiro. Tal garantia poderá ser feita por meio
de depósito em dinheiro, fiança idônea ou seguro aduaneiro, a critério do
transportador, conforme autoriza o Art. 22, § 2o da IN/SRF 248/2002.

O valor da garantia deverá ser de 100% dos tributos médios suspensos e ser
suficiente, também, para cobrir as despesas ocorridas dentro de sua vigência,
mesmo que a sua execução seja efetuada após esse período. Aqui, é importante
informar que o percentual de garantia para cada transportador poderá ser
reduzido automaticamente pelo sistema, considerando os seguintes fatores:
tempo de estabelecimento da empresa, tempo de atuação como transportador
de trânsito aduaneiro, quantidade de trânsitos realizados nos últimos seis meses,

64
LEGISLAÇÃO ADUANEIRA E TRIBUTÁRIA │ UNIDADE IV

patrimônio líquido declarado à SRF e ocorrências registradas no sistema nos


últimos 24 (vinte e quatro) meses.

A exigência da referida garantia para o transportador beneficiário do regime


de trânsito aduaneiro (TNTN) poderá, ainda, ser dispensado em alguns casos
específicos de forma automática, nas seguintes hipóteses:

»» cujo beneficiário do regime seja concessionário ou permissionário de


recinto alfandegado de destino, na condição de depositário;

»» cujo transportador possua patrimônio líquido superior a R$


2.000.000,00 (dois milhões de reais);

»» amparadas por MIC-DTA, TIF-DTA, DTI, DTT, DTC, e DTA de entrada


especial e de passagem especial;

»» dispensadas de indicação da correspondente fatura comercial, no


sistema.

No entanto, a legislação aduaneira não prevê qualquer hipótese de dispensa da


assinatura do termo de responsabilidade para o transporte aduaneiro (TRTA),
pois, ele é o instrumento pelo qual se reconhece a responsabilização solidária
do pagamento dos tributos suspensos por ocasião da vigência do trânsito
aduaneiro por parte do transportador, haja vista a interpretação sistemática do
Art. 32, I c/c parágrafo único do referido dispositivo do Decreto-Lei no 37, de 18
de novembro de 1966.

Além das referidas cautelas fiscais e financeiras, exige-se a necessidade de


adoção de algumas medidas de caráter técnicas a serem aplicadas na frota
do transportador para se garantir o controle aduaneiro efetivo da mercadoria,
durante o seu deslocamento entre as respectivas zonas de fiscalização. Tais
medidas visam à proteção da mercadoria e a uniformidade de mecanismos de
segurança na realização dos respectivos atos fiscalizatórios.

A Instrução Normativa SRF no 248/2002 especifica nos seus Art. 11 e Art. 12 e


anexos os mecanismos de segurança para garantia de integralidade dos atos
fiscalizatórios na conclusão do desembaraço aduaneiro da mercadoria, mediante
a estipulação de sistemas que permitem a inviolabilidade do veículo durante
o percurso entre as respectivas zonas aduaneiras, tal como travas, trancas
especiais, lacres etc.

Com efeito, a existência dessas precauções permite um controle no fluxo das


mercadorias e dificulta a incidência de fraude durante o percurso entre a zona

65
UNIDADE IV │ LEGISLAÇÃO ADUANEIRA E TRIBUTÁRIA

aduaneira inicial e a de destino, de maneira a proporcionar à autoridade fiscal


final as mesmas condições aduaneiras que se encontravam no início do regime
de trânsito aduaneiro.

Assim, vê-se que o Transportador Nacional de Trânsito Aduaneiro (TNTN) será um


beneficiário do referido regime aduaneiro, desde que se habilite previamente
perante o órgão da Receita Federal e, para tanto, não deve possuir restrições
fiscais, documentais; assumir a responsabilidade pelo cumprimento das
obrigações suspensas; e ajustar a sua frota às condições técnicas para garantir o
fiel controle aduaneiro sob as mercadorias por ele transportadas.

Fonte: COSTA, Francisco Sylas Machado. O trânsito aduaneiro e a responsabilidade tributária do


transportador nacional de trânsito nacional (TNTN). In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XVI, n. 110,
mar 2013. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php/?n_link=revista_
artigos_leitura&artigo_id=13033&revista_caderno=26>.

RECOF
Trata-se de um regime de entreposto industrial sob controle aduaneiro informatizado.
Nesse caso, permite-se que as empresas importem mercadorias, com ou sem cobertura
cambial, com suspensão dos tributos, sob controle aduaneiro informatizado.

As mercadorias devem ser destinadas a operação de industrialização para posterior


exportação. O prazo de concessão é de um ano, prorrogável por igual período. Em casos
justificáveis, poderá haver prorrogação por período não superior a cinco anos.

RECOM
Trata-se de regime especial de importação de insumos destinados à industrialização
por encomenda de produtos classificados nas posições 8701 a 8705 da Nomenclatura
do Mercosul, com suspensão do IPI, do PIS e do Cofins.

A análise e a concessão são de responsabilidade da Secretaria da Receita Federal do


Brasil e depende de habilitação prévia.

Exportação Temporária
O regime em pauta permite a saída do país, com suspensão do imposto de exportação,
de mercadorias nacionais ou nacionalizadas, condicionadas à reexportação em prazo
determinado, no mesmo estado que foi exportada. O prazo de concessão é de um ano,
prorrogável por igual período.

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LEGISLAÇÃO ADUANEIRA E TRIBUTÁRIA │ UNIDADE IV

Exportação Temporária para


Aperfeiçoamento Passivo

Esse regime permite a exportação de mercadoria nacional ou nacionalizada para que ela
seja submetida a processo de transformação, elaboração, beneficiamento ou montagem
no exterior. A análise e a concessão desse regime são de alçada do Ministério da Fazenda.
O prazo de concessão será definido, considerando-se o objetivo da exportação temporária.

Repetro
O Repetro é um regime aduaneiro especial possibilita a importação de bens destinados
às atividades de pesquisa e lavra de jazidas de gás natural e de petróleo com utilização
econômica. É gerado um ato da Secretaria da Receita Federal com a suspensão dos
impostos no caso de admissão temporária. Permite, ainda, a exportação de bens sem a
saída do território nacional.

Habilitação

O Repetro poderá ser utilizado por uma pessoa jurídica em regime de concessão ou
autorização. São quatro os tipos de contratos que podem ser estabelecidos com a detentora
da concessão:

1. afretamento;

2. aluguel;

3. arrendamento operacional;

4. empréstimo;

Vantagens:

»» Suspensão dos impostos federais.

»» Compartilhamento dos bens utilizados pelo mesmo beneficiário, mesmo


sendo contratos diferentes.

»» Não necessita de Licença de Importação (LI), salvo exceções.

»» Não é exigida a comunicação da utilização compartilhada para os bens


acessórios quando esses acompanharem o bem a que se vinculem.

»» Suspensão total do Regime Tributário na Importação.

67
UNIDADE IV │ LEGISLAÇÃO ADUANEIRA E TRIBUTÁRIA

O Sistema Repetro
Para o beneficiário ser credenciado no regime é necessário que ele tenha o seu sistema
contábil de transações de dados para o monitoramento do regime a qual foram admitidos
determinados bens para autorização.

REPEX

Esse regime permite a importação de petróleo bruto e de seus derivados, com suspensão
dos tributos, visando à exportação no mesmo estado em que foram importados. A análise
e concessão de tal regime é da alçada da Secretaria da Receita Federal do Brasil. O prazo
é de noventa dias, prorrogável por igual período. Nesse caso, há controle aduaneiro de
entradas e de saídas, mediante processo informatizado.

Reporto

Trata-se de um regime tributário para incentivo à modernização e ampliação da


estrutura portuária. Nesse caso, permite-se a importação de bens a serem utilizados
em serviços de carga, descarga, movimentação de mercadorias, dragagem e na
execução de treinamento e formação de trabalhadores em Centros de Treinamento
Profissional.

Loja Franca

O regime em questão permite que o seu beneficiário mantenha mercadoria nacional ou


importada em estabelecimento localizado em zona primária de porto ou aeroporto, em
regime de armazém alfandegado para venda a passageiros de viagens internacionais
em moeda nacional ou estrangeira. A regime do regime ocorre mediante concorrência
pública a pessoa jurídica.

Depósito Especial

O regime em pauta permite a estocagem de partes, peças, componentes e materiais


de reposição ou de manutenção, para veículos, máquinas, equipamentos, aparelhos
e instrumentos estrangeiros, nacionalizados ou não, e nacionais nos quais tenham
sido agregados itens importados, com suspensão dos tributos, em casos definidos pelo
Ministério do Estado da Fazenda. O prazo de vigência é de cinco anos. O controle de
permanência e de saída da mercadoria é realizado via sistema informatizado desenvolvido
pelo beneficiário.
68
LEGISLAÇÃO ADUANEIRA E TRIBUTÁRIA │ UNIDADE IV

Depósito Franco

Trata-se de um regime condicionado à autorização em acordo ou convênio internacional


firmado pelo Brasil, o qual vise atender a fluxo comercial de países limítrofes com terceiros
países.

Depósito Afiançado

O regime aduaneiro especial de depósito afiançado é o que permite a estocagem, com


suspensão do pagamento de impostos, de materiais importados sem cobertura cambial,
destinados à manutenção e ao reparo de embarcação ou de aeronave pertencentes à
empresa autorizada a operar no transporte comercial internacional, e utilizadas nessa
atividade. A autorização para empresa estrangeira operar no regime, pela autoridade
aduaneira, é condicionada a previsão em ato internacional firmado pelo Brasil, ou a que
seja comprovada a existência de reciprocidade de tratamento.

Depósito Alfandegado Certificado

O regime de Depósito Alfandegado Certificado permite considerar exportada, para todos


os efeitos fiscais, creditícios e cambiais, a mercadoria nacional depositada em recinto
alfandegado, vendida a pessoa sediada no exterior, mediante contrato de entrega no
território nacional e à ordem do adquirente.

O regime será operado, mediante autorização da Secretaria da Receita Federal, em


recinto alfandegado de uso público. Exigências para utilização do regime:

»» a mercadoria seja vendida mediante um contrato DUB*;

»» a operação deverá estar inscrita em um Registro de Exportação (RE) do


SISCOMEX;

»» o depósito da mercadoria deverá ser feito pelo vendedor, à ordem do


comprador, em local autorizado pela Secretaria da Receita Federal; e

»» a mercadoria deverá ser conferida e desembaraçada para exportação.

* DUB (Delivered Under Customs Bond/Entregue ou liberado sob custódia da alfândega)

É a cláusula que obriga o vendedor a colocar a mercadoria à disposição do comprador


em local alfandegado autorizado, por este designado.

O regime DAC será operado em recinto de uso público ou em instalação portuária de


uso privativo misto autorizado pela Secretaria da Receita Federal.

69
UNIDADE IV │ LEGISLAÇÃO ADUANEIRA E TRIBUTÁRIA

A admissão no regime ocorrerá com a emissão, pelo depositário, de conhecimento


de depósito alfandegado, que comprova o depósito, a tradição e a propriedade da
mercadoria.

As mercadorias poderão permanecer no regime pelo prazo de 1 ano, podendo ser


prorrogável por mais 1 ano, contado da emissão do conhecimento de depósito alfandegado.

A extinção da aplicação do regime será feita mediante:

»» comprovação do efetivo embarque ou da transposição da fronteira, da


mercadoria destinada ao exterior;

»» despacho para consumo; ou

»» transferência para outros regimes aduaneiros: drawback; admissão


temporária, inclusive para as atividades de pesquisa e exploração de
petróleo e seus derivados (Repetro); loja franca ou entreposto aduaneiro.

Zona Franca de Manaus (ZFM)


Necessita-se perscrutar os períodos históricos do modelo/ZFM, analisando-os quanto
às mudanças ocorridas em cada momento; os reflexos e a reação da ZFM, em face da
atuação da administração federal, como agente interventor/regulador dos interesses
econômicos nacionais, como um todo. Assim, a SUFRAMA entende que a História da
ZFM é dividida em:

»» Primeira fase: entre 1957 e 1967, a ZFM era eminentemente comercial.


Era uma área de livre comércio de importação. O objetivo era gerar um
comércio intenso, por meio da redução das alíquotas do Imposto de
Importação, além de elevar as receitas portuárias e, consequentemente,
criar postos de trabalho.

Na primeira delas, entre os anos de 1967 e 1976, a ZFM era


predominantemente comercial. A importação de produtos incrementou o
turismo local e atraiu a atenção de grandes comerciantes a se instalarem
na região, uma vez que não eram permitidas operações de importações
de produtos destinados ao comércio. Nesse mesmo período, foi lançada a
pedra fundamental para a construção do distrito industrial de Manaus, que
mais tarde daria possibilidades de iniciar atividades industriais na área.

»» Segunda fase: iniciou-se em 1967. O Decreto Lei no 63.105/1968,


desapropriou uma área de 1.700 hectares, distante cinco quilômetros do

70
LEGISLAÇÃO ADUANEIRA E TRIBUTÁRIA │ UNIDADE IV

centro da cidade, no início da rodovia BR-319. Indústrias, sobretudo de


capital estrangeiro, se instalaram no local, atraindo mão de obra oriunda,
especialmente do interior do Estado, em função da chance de emprego,
apesar dos baixos salários.

Essa fase caracterizava-se pelo incentivo à substituição de importações


pela produção de bens finais e formação de mercado interno. Isso
estimulado pela venda de produtos cuja importação estava proibida no
restante do país. A ZFM funcionou como um grande shopping center,
atraindo turistas e investidores. A segunda fase foi caracterizada pelo
contingenciamento cambial, porque restringia as importações por meio
de quotas anuais e detinha assim o avanço industrial do modelo que
começava a prosperar.

»» Terceira fase: segue de 1975 a 1990. Seus predicados principais foram a


edição dos Decretos Leis nos 1435/1975, 1455/1976, estabelecendo índices
mínimos de nacionalização e os limites máximos globais anuais de
importação. Prorrogação do prazo de vigência do modelo ZFM, de 1997 para
2007, via Decreto Lei no 92.560/1986. Dois anos após, com o advento da
nova Constituição em 1988, por meio do artigo 40, do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias, foi novamente prorrogado até 2013.

Essa mesma fase apresentou um crescimento da atividade das indústrias


de montagem. Maior desenvolvimento da indústria nacional de
componentes. Somente em 1990, a indústria manauara faturou US$ 8,4
bilhões e gerou cerca de 80 mil empregos diretos. O comércio continuou
com o papel de dinamizador da economia. Além disso, os incentivos da
ZFM foram estendidos para toda Amazônia Ocidental.

»» Quarta fase: transcorre dos anos de 1991 a 1996. Nesse quinquênio, entrou
em vigor a nova política industrial de comércio exterior, já marcada pela
abertura da economia brasileira. O país todo passou a receber produtos
importados, com baixo preço por meio da redução do Imposto de
Importação, algo do qual só Manaus desfrutava. Era o Brasil que entrava
na era da globalização.

Isso provocou mudanças radicais no modelo. A ZFM foi obrigada a


adaptar-se à nova política industrial do país, com maior observância à
qualidade, produtividade e competitividade.

Com a abertura nacional aos produtos importados, o comércio manauara


perdeu a relevância do passado. A fim de contornar, ao menos em parte,
71
UNIDADE IV │ LEGISLAÇÃO ADUANEIRA E TRIBUTÁRIA

essa conjuntura, o Governo Federal eliminou os limites máximos anuais


de importação, adotou redutor de 88% do Imposto de Importação para
a ZFM e substituiu o Índice Mínimo de Nacionalização pelo Processo
Produtivo Básico.

Durante a primeira metade da década de 1990, as indústrias do PIM


(Polo Industrial de Manaus) deram início ao processo de modernização,
implantando a automação, com ênfase na qualidade e produtividade.
Com a reestruturação, houve em 1996 um faturamento recorde, de US$
13,2 bilhões.

A Superintendência da Zona Franca de Manaus, SUFRAMA, promove


pela primeira vez a Feira Internacional da Amazônia em 2001. Essa feira
tinha por meta a promoção da indústria amazônica no mundo globalizado.

Nos últimos anos do século XX e início do XXI, o PIM passa a exportar


produtos. Com isso, as vendas externas passam de US$ 140 milhões
em 1996 para US$ 2 bilhões em 2005. Por outro lado, as Áreas de
Livre Comércio perderam relevância como política de interiorização do
desenvolvimento regional devido à abertura comercial do Brasil.

»» Fase atual – desde 2003: Entrou em vigor a Política de Desenvolvimento


Produtivo PDP, uma extensão da Política Industrial Tecnológica e de
Comércio Exterior. Ela preconiza mais eficiência na produção e maior
capacidade inovadora das empresas, com vistas ao incremento das
exportações.

Entre os tópicos abordados pelo PDP está a pesquisa e desenvolvimento,


onde o setor privado terá de investir mais, a fim de se gerar tecnologia.
O Plano preconiza a ampliação das exportações, inclusive para as micros
e pequenas empresas. Em 2006 foi regulamentada, por meio de decreto
presidencial, a nova Lei de Informática, prorrogando de 2009 até 2019 os
incentivos para o setor em todo país.

O prazo de vigência da ZFM foi prorrogado de 2013 para 2023, por meio
da Emenda Constitucional no 42, assinada pelo presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, em dezembro de 2003.

O atual Projeto ZFM, vem se despontado na última década como um


modelo interessante pela promoção do crescimento econômico do Estado
do Amazonas. O PIM impulsionou o Amazonas até alcançar a terceira
posição no ranking de estados brasileiros que mais arrecadam com o
setor industrial.

72
LEGISLAÇÃO ADUANEIRA E TRIBUTÁRIA │ UNIDADE IV

No Distrito Industrial do PIM se reúnem mais de 600 indústrias nacionais e multinacionais


dispondo de elevado grau de competitividade. São capacitadas para atender o mercado
interno e ajudam o Brasil a ampliar a sua inserção no mercado internacional.

O PIM criou também empregos diretos e indiretos em outros estados brasileiros: na


rede de distribuição ou de assistência de seus produtos e nas unidades de produção de
fornecedores de componentes que se estabeleceram para atender a demanda de insumos
do seu parque industrial. Usualmente, se passa por cima desse fato, por desconhecimento
ou preconceito.

Prossegue evidenciando mais contribuições e o seu relevo dentro do cenário


socioeconômico brasileiro, manifestado com o advento da crise recessiva pós 1990.
Demonstra que apesar das crises, o modelo continuou a se desenvolver e auxiliar o
desenvolvimento da indústria de componentes estabelecida no sul.

A invasão de fornecedores asiáticos, fortemente subsidiados por seus governos,


dispondo de mão de obra dócil e extremamente barata, livre da influência de sindicatos
organizados e submetidos a um regime ditatorial, não deu chances de sobrevivência de
muitas de nossas empresas.

Isso mudou a composição dos insumos consumidos pela indústria nacional e em


consequência pelo PIM. Assim, em 1996 – o ano do pico de todos os faturamentos do
PIM que atingiu US$ 13,3 bilhões – a aquisição total de insumos foi de U$$ 6,8 bilhões,
sendo que 53,26% desses insumos, no valor de US$ 3,6 bilhões foram adquiridos no
mercado interno.

É uma significativa fonte de tributos para o Brasil. Banca em torno de 54% da arrecadação
da 2a Região Fiscal. Consta na parte histórica, a ZFM é caracterizada pela isenção
de alguns tributos. A União renuncia 75% do (IR) sobre a pessoa jurídica, inclusive
adicionais de empreendimentos classificados como prioritários para o desenvolvimento
regional, calculados com base no Lucro da Exploração; mas cobra a totalidade dos que
não estiverem acobertados com essa finalidade e, 15% restantes. O mesmo acontece
com a redução de até 88% do Imposto de Importação (II) sobre os insumos destinados
à industrialização; o que estiver fora do contexto é cobrado, mais os 12%. Apesar dessa
renúncia fiscal, há outro agente responsável por esse montante de arrecadação de
tributos federais é o principal tributo estadual (ICMS) repassado à União.

Espera-se, mesmo que resumidamente, ter demonstrado o quanto o modelo ZFM tem se
destacado no país. Contudo, na última década, os ganhos econômicos não se refletiram
na mesma medida em ganhos sociais. Manaus é um contrassenso, um dos municípios
que mais cresce, porém coexiste com um quadro de exclusão social agudo. Permanece
marcante a desigualdade.
73
UNIDADE IV │ LEGISLAÇÃO ADUANEIRA E TRIBUTÁRIA

Percebeu-se por meio dos dados disponibilizados pelos órgãos oficiais que as
autoridades públicas, precisamente em Manaus, não se converteram por inteiro ao
teor contido ao Estado Democrático de Direito, onde a pessoa humana é sujeito de
direitos. Os interesses econômicos têm se destacado no Amazonas. É sabido que,
no ano 2023, terminará o prazo de incidência dos incentivos fiscais, instrumento
jurídico mantenedor do atual modelo ZFM. Representantes do povo apresentaram
Proposta de Emenda a Constituição, com objetivo de prorrogar o vencimento desse
prêmio estatal.

A seleção brasileira de futebol ainda não era tricampeã do mundo e os Beatles


dominavam as paradas de sucesso em 1967, quando a Zona Franca de Manaus
foi criada. O projeto previa a formação de um polo industrial no coração da
floresta amazônica.

Para atrair empresas era necessário conceder benefícios fiscais, como isenções
e desonerações tributárias, até a economia local se tornar competitiva. Mais de
cinco décadas depois, Manaus de fato se tornou um centro de grandes indústrias.

Em 2012, as 508 empresas instaladas na Zona Franca – como a montadora


de motos Honda e as fabricantes de eletroeletrônicos Lenovo e Samsung –
faturaram, juntas, 75 bilhões de reais, além de gerar 127.000 empregos diretos e
500.000 indiretos. Só não foi possível se livrar dos incentivos, sem os quais o polo
correria o risco de desandar.

Inicialmente previstos para durar até 1997, eles primeiro foram esticados até
2013. Depois, até 2023. Agora o governo federal enviou ao Congresso uma
proposta de Emenda Constitucional para estender o regime por mais 50 anos,
até 2073.

Por que 50, e não 40 ou 60? O prazo foi anunciado pela presidente Dilma
Rousseff em 2011, numa viagem a Manaus. Procurada para responder à questão,
a assessoria da Presidência repassou a responsabilidade ao Ministério de
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Este, por sua vez, informou não saber o porquê do prazo. Caso a proposta vingue,
a Zona Franca somará, desde a fundação, mais de um século de proteção. Vale
a pena seguir com incentivos que, em troca de desenvolvimento, criaram na
região uma relação de dependência?

Em Manaus, como seria de esperar, é difícil encontrar alguém contrário à


existência da Zona Franca. As empresas lá instaladas estão entre as maiores
defensoras do modelo.

74
LEGISLAÇÃO ADUANEIRA E TRIBUTÁRIA │ UNIDADE IV

“Só o impacto social provocado na região com a geração de empregos já justificaria


a Zona Franca”, afirma Carlos Lauria, diretor de relações governamentais da
Nokia, fabricante de equipamentos eletrônicos que emprega 2.000 funcionários
em Manaus.

Fora do Amazonas, no entanto, muitos analistas defendem a revisão do modelo.


Para eles, após cinco décadas de incentivos, ainda não foi criada uma indústria
competitiva.

“A Zona Franca não trouxe mais produtividade ao Brasil”, diz o economista


Mansueto Almeida, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Manaus ainda
não conquistou uma posição relevante no comércio exterior. Suas empresas
importam cerca de 10 bilhões de dólares por ano em material e peças.

O valor exportado, de 1 bilhão de dólares, resulta em déficit de 9 bilhões de


dólares. Os custos também não compensariam os resultados. Segundo um
levantamento dos economistas José Roberto Afonso e Érica Diniz, da Fundação
Getúlio Vargas, os benefícios fiscais concedidos às empresas chegam a 24 bilhões
de reais ao ano.

O montante inclui isenções de tributos federais e contribuições previdenciárias


– um dinheiro que não entra nos cofres públicos e deixa de ser aplicado em
serviços como saúde, educação e infraestrutura.

Ninguém está dizendo que o ideal seria eliminar de uma só vez os benefícios da
Zona Franca. A consequência mais provável seria a saída das indústrias, causando
desemprego num pedaço do país onde não há outra atividade econômica capaz
de absorver mão de obra.

“Sem os benefícios fiscais, não teríamos os empregos que temos hoje”, diz
Arthur Virgílio, prefeito de Manaus. “Antes de morrer de fome, as pessoas fariam
qualquer outra coisa para sobreviver, como derrubar a mata ou trabalhar para
o tráfico.”.

O ponto é outro. Não faz sentido renovar por mais meio século um pacote
de benefícios exatamente igual ao que até agora não criou as bases de uma
economia que se sustente com as próprias pernas.

“As políticas públicas devem ter custos e benefícios avaliados periodicamente”, diz
o economista Cláudio Frischtak, diretor da Inter.B Consultoria. “Só assim é possível
saber se os objetivos estão sendo alcançados ou se é preciso fazer mudanças. É um
absurdo estender os benefícios da Zona Franca sem uma revisão.”.

75
UNIDADE IV │ LEGISLAÇÃO ADUANEIRA E TRIBUTÁRIA

Segundo ele, o governo tem de deixar claro que metas pretende alcançar e em
quanto tempo. Políticas públicas são feitas com dinheiro dos cidadãos e devem,
portanto, gerar ganhos para a sociedade.

Razão de existir
Uma das dificuldades para avaliar a Zona Franca é justamente saber para que
ela existe. Na década de 1960, havia pelo menos uma razão clara para incentivar
as empresas no Norte do Brasil. Na época, os militares temiam que os recursos
naturais disponíveis numa Amazônia isolada e despovoada despertassem a
cobiça dos estrangeiros – seu lema para a região era “Integrar para não entregar”.

Com o tempo, os aspectos econômicos e comerciais tornaram-se mais relevantes.


Hoje, os críticos do modelo da Zona Franca olham para a Ásia quando pensam
em políticas econômicas. A China se tornou a manufatura do mundo com a
criação das chamadas Zonas Econômicas Especiais no começo dos anos 1980.

As primeiras quatro zonas especiais foram instaladas na costa sudoeste para


facilitar o escoamento das exportações. O objetivo não era simplesmente criar
empregos, mas levar tecnologia e fazer do país um polo exportador.

Lá, as empresas que se beneficiam do apoio estatal precisam cumprir metas de


investimento em tecnologia e inovação. Atualmente, existem cerca de 250 zonas
especiais na China. “É um modelo que obriga as empresas a investir em inovação
para competir globalmente”, diz o economista Jorge Arbache, da Universidade
de Brasília.

Entre os defensores da Zona Franca, o principal argumento para a prorrogação


dos incentivos é a conservação da floresta, que para eles teria se beneficiado da
existência do polo industrial.

Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, responsável por monitorar


o desmatamento no país, quase 98% da floresta permanece de pé no Amazonas,
a maior taxa de preservação entre os nove estados que abrigam o bioma.

A explicação: o polo industrial de Manaus concentrou a atividade econômica e a


população numa área correspondente a apenas 0,5% do estado. Hoje, 52% dos
amazonenses vivem em Manaus e arredores, ante 28% que viviam na cidade
antes da criação da Zona Franca.

“A migração foi provocada pelos empregos nas fábricas, cujos salários e benefícios
são geralmente melhores do que os oferecidos por outras atividades fora da

76
LEGISLAÇÃO ADUANEIRA E TRIBUTÁRIA │ UNIDADE IV

Zona Franca, como a pecuária e a agricultura”, diz Alexandre Rivas, pós-doutor


em economia pela Washington and Lee University e professor da Universidade
Federal do Amazonas. “As indústrias têm um potencial desmatador menor do
que as demais atividades na região amazônica.”.

Mesmo entre os defensores, no entanto, há certo consenso de que dificilmente o


modelo atual vá resistir à evolução do mercado. “Se a Zona Franca não se adaptar
à globalização, vai desaparecer, mesmo com os atuais incentivos”, diz Rivas. Uma
das providências mais urgentes é melhorar a logística da região.

Hoje, o frete de uma carga da China para Santos sai mais barato do que de
Manaus para o porto paulista. A avaliação racional da região também passa
pela exploração de ativos, como o gás natural da bacia do Solimões. Ali
poderia ser criado um polo gás-químico, com potencial para abastecer várias
empresas, incluindo as da Zona Franca, que importam plástico para fabricar
eletroeletrônicos.

Riqueza natural única no planeta, a biodiversidade amazônica está à espera de


ideias para criar negócios de biotecnologia, remédios e cosméticos. Essas são
algumas possibilidades que poderiam reduzir ou eliminar a dependência que a
região tem de muletas fiscais.

A hora da renovação dos incentivos deveria ser um bom momento para uma
reflexão sobre o que a Zona Franca em particular e a Amazônia como um todo
precisam de fato para dar um salto de competitividade nos próximos anos.

Fonte: <http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/1057/noticias/cem-anos-de-
protecao>.

Zonas de Processamento de Exportação


As Zonas de Processamento de Exportação (ZPE) caracterizam-se como áreas de livre
comércio com o exterior, destinadas à instalação de empresas voltadas para a produção
de bens a serem comercializados no exterior, sendo consideradas zonas primárias
para efeito de controle aduaneiro. As empresas que se instalam em ZPE têm acesso a
tratamentos tributários, cambiais e administrativos específicos. Para o Brasil, além do
esperado impacto positivo sobre o balanço de pagamentos decorrentes da exportação
de bens e da atração de investimentos estrangeiros diretos, há benefícios como a difusão
tecnológica, a geração de empregos e o desenvolvimento econômico e social.

O regime aduaneiro especial das ZPE foi instituído no País pelo Decreto-Lei no 2.452,
de 29 de julho de 1988. Na época, esse instrumento legal autorizou o Poder Executivo a
77
UNIDADE IV │ LEGISLAÇÃO ADUANEIRA E TRIBUTÁRIA

criar ZPE por meio de edição de decreto presidencial. Para traçar a orientação da política
das ZPE, estabelecer requisitos, analisar propostas, dentre outras atividades, o normativo
criou o Conselho Nacional das Zonas de Processamento de Exportação (CZPE).

Em 2007, o referido Decreto-Lei foi revogado pela Lei no 11.508/2007, que manteve a
competência do Conselho para definir as normas, os procedimentos e os parâmetros
do programa, segundo os quais os agentes envolvidos devem balizar suas ações. Para
regulamentar a Lei no 11.508/2007 foram publicados o Decreto no 6.634/2008, que
dispõe sobre o CZPE, e o no 6.814/2009, que dispõe sobre o regime tributário, cambial
e administrativo das ZPE.

Atualmente, 22 ZPE encontram-se em diferentes fases pré-operacionais, distribuídas


em dezoito estados brasileiros:

»» ZPE do Acre (AC)

»» ZPE de Aracruz e Vila Velha (ES)

»» ZPE de Araguaína (TO)

»» ZPE de Barcarena (PA)

»» ZPE de Bataguassú e Corumbá (MS)

»» ZPE de Barra dos Coqueiros (SE)

»» ZPE de Boa Vista (RR)

»» ZPE de Cáceres (MT)

»» ZPE de Fernandópolis (SP)

»» ZPE de Ilhéus (BA)

»» ZPE de Imbituba (SC)

»» ZPE de Itaguaí (RJ)

»» ZPE de Macaíba e Sertão (RN)

»» ZPE de Paranaíba (PI)

»» ZPE de Pecém (CE)

»» ZPE de São Luís (MA)

»» ZPE de Suape (PE)

»» ZPE de Teófilo Otoni e Uberaba (MG)

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LEGISLAÇÃO ADUANEIRA E TRIBUTÁRIA │ UNIDADE IV

O artigo abaixo traz considerações importantes sobre a situação atual e as perspectivas


para o futuro das Zonas de Processamento de Exportação.

Em 2016, Zona de Processamento de


Exportação começa a operar no País
DCI, SÃO PAULO, 29/1/2015

Paula Salati

A primeira indústria a ser instalada em uma Zona de Processamento de


Exportação (ZPE) no Brasil deve iniciar as suas atividades no início de 2016,
segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
A previsão é que as obras da Companhia Siderúrgica de Pecém (CSP) – localizada
na ZPE do Ceará, na cidade de Pecém – terminem em novembro deste ano e que
a empresa comece a exportar no início de 2016.

“Atualmente, temos três Zonas de Processamento de Exportação com projetos


industriais aprovados pelo Conselho Nacional das ZPE. Essas estão localizadas
no Ceará, Acre e Piauí”, informa o secretário executivo do Conselho Nacional
das ZPE do MDIC, Gustavo Saboia, em entrevista ao DCI. Além das três regiões,
outros 22 complexos industriais ainda estão em fase pré-operacional, em 18
estados pelo País.

O presidente da administradora da ZPE de Fernandópolis, José Carlos Zambon,


conta, por exemplo, que a região ainda está em processo de licitação, que deve
ser finalizado no próximo dia 26.

Por terem um regime de incentivo fiscal, Zambon acredita que as ZPE podem
atrair, nos próximos anos, mais empresas para essas regiões e fomentar o
comércio exterior brasileiro. Para se estabelecer em uma ZPE, a indústria precisa
destinar 80% de sua produção para o mercado internacional, que fica suspensa
de tributação.

Os impostos federais suspensos são o IPI, PIS e Cofins, Imposto de Importação


(II), o Cofins-Importação, PIS/Pasep-Importação e Adicional de Frete para
Renovação da Marinha Mercante (AFRMM). No âmbito estadual, há isenção de
ICMS, a depender da Unidade Federativa. A indústria pode destinar até 100%
de sua produção ao mercado exterior. Já o que for produzido para o mercado
interno, está sujeito a pagamento de impostos.

Segundo um estudo feito pelo MDIC, a instalação em uma ZPE chega a reduzir
em 60% os custos de produção. Saboia acrescenta que incentivos fiscais

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UNIDADE IV │ LEGISLAÇÃO ADUANEIRA E TRIBUTÁRIA

também são oferecidos no processo de construção das indústrias. “Durante a


construção de uma fábrica em uma Zona de Processamento de Exportação, há
desoneração tributos federais para a compra de bens de capital, como máquinas
e equipamentos”, explica o secretário do MDIC. As ZPE foram regulamentadas
em 2007, por meio da Lei no 11.508/2007.

Apesar de ser um sistema atrativo, Saboia diz que o setor privado ainda tem
pouco conhecimento sobre essas regiões. Por isso, informa que o governo
tem atuado junto às associações de indústria e de agricultura para divulgar os
benefícios das ZPE. “As ZPE são uma forma das indústrias agregarem valor aos
seus produtos e poder competir com mais igualdade no mercado internacional”,
afirma o secretário.

Zambon acrescenta que o regime pode incentivar as nossas exportações de


produtos manufaturados, melhorando os números da balança comercial do País.
“É uma forma de nos concentrarmos menos em exportações de commodities, já
que essas regiões são voltadas para a instalação de indústrias”, diz o administrador
da ZPE de Fernandópolis.

Outra fonte de economia para a operação nas ZPEs decorre da melhoria logística
que permite a redução de custos e prazos do despacho aduaneiro. No caso
das importações, por exemplo, as mercadorias são transferidas, sob controle
aduaneiro, dos portos e aeroportos brasileiros para o interior da ZPE, onde
são armazenadas em recinto alfandegado e despachadas para consumo das
empresas ali instaladas. Nas exportações, as mercadorias das ZPEs chegam aos
portos, também sob controle aduaneiro, prontas para o embarque, reduzindo
o tempo de espera, desburocratizando as operações de comércio exterior, que
traz mais competitividade ao produto brasileiro.

Fonte: <http://www.abrazpe.org.br/index.php/noticias/1150-em-2016-zona-de-processamento-
de-exportacao-comeca-a-operar-no-pais>.

80
Para (não) finalizar

O texto abaixo destaca de que maneira os países da América Latina podem tirar
proveito da taxa de câmbio em alta para alavancar suas exportações, tornando-se mais
competitivos no mercado internacional.

Texto disponível em: <http://exame.abril.com.br/economia/noticias/america-latina-


pode-aproveitar-desvalorizacao-de-suas-moedas>. Acesso em: 20/05/2015.

América Latina pode aproveitar


desvalorização de suas moedas
A América Latina pode aproveitar a desvalorização de suas moedas em relação ao dólar
para tornar suas exportações mais competitivas, favorecendo-as com uma taxa de
câmbio mais alta, o que pode impulsionar suas economias em desaceleração.

Os países da região recebem em dólares por suas transações comerciais, e com a taxa de
câmbio mais alta as receitas ficam maiores. Por isso, há margem, inclusive, para baixar
o preço em dólares dos produtos, tornando-os mais competitivos, sem que deixem de
lucrar.

“No nível macroeconômico, convém à América Latina que o dólar continue subindo
porque torna suas exportações mais competitivas. Pode ajudar uma recuperação mais
rápida”, disse à AFP o economista da peruana Universidad del Pacífico, Jorge González
Izquierdo.

“E não só para as exportações, mas também para reduzir as importações, porque trazer
coisas de fora fica mais caro. Assim, se privilegiam produtos locais, favorecendo a
indústria nacional”, explicou André Leite, economista da TAG Investimentos, no Brasil.

Para analistas, o mais favorecido com essa situação pode ser o México, forte nas
exportações industriais em relação a seus vizinhos, que dependem mais da venda de
matérias-primas e cuja demanda é menor devido à desaceleração econômica mundial.

O que aconteceu com o dólar?

Em meio a um crescimento fraco, os Estados Unidos mantiveram por anos uma política
monetária expansiva, que se traduziu em taxas de juros baixas e mecanismos que
injetavam liquidez no mercado para estimular a economia.

81
PARA (NÃO) FINALIZAR

Sua taxa de juros próxima de zero motivou os mercados a buscarem maior rentabilidade
em países com taxas mais altas que os mercados com economias mais sólidas, o que é
oferecido pelas nações latino-americanas. Com a presença de mais dólares no mercado,
seu preço caiu em favor das moedas de mercados emergentes.

Os sinais recentes de recuperação da maior economia do mundo levaram os Estados


Unidos a diminuírem seus estímulos e abriram a possibilidade de elevação das taxas.
Essa decisão pode levar novamente mais investidores aos Estados Unidos em prejuízo
à América Latina. Esse é, inclusive, um dos fatores que tem levado à alta do dólar.

No Brasil, o real caiu em março ao seu menor valor em 12 anos, a 3,29 dólares, por
causa de fatores externos e pela incerteza política no país. Embora a moeda tenha se
estabilizado, nos últimos dias, em torno dos 3 dólares, o mercado o vê a 3,20 caso o
Federal Reserve eleve sua taxa de juros.

Até onde vai cair?

Apesar de as moedas da América Latina terem se estabilizado nos últimos dias, depois
de uma eufórica reação dos mercados em janeiro e fevereiro, analistas esperam uma
nova depreciação no médio prazo, pressionado ainda mais pelo fraco crescimento na
região, que será de 1% em 2015 e de 2,1%, segundo a Cepal.

“O dólar continuará se valorizando porque todos estão olhando agora para os Estados
Unidos. A Europa vai demorar a elevar suas taxas, o Japão vai demorar a elevar suas
taxas e a América Latina está crescendo menos”, considerou Pedro Tuesta, economista
da consultoria 4CAST, em Washington.

No caso da Colômbia, com uma significativa exportação de petróleo, sua moeda sofreu
uma deterioração de quase 5% nesse ano, a 2.500 dólares. Há espaço para que caia
ainda mais, para 2.550 dólares.

“O peso mexicano – que registrou mínimos históricos em meados de março, cotado a


15,62 dólares – pode não voltar mais aos 15 dólares. O peso chileno (que teve a menor
cotação em seis anos), também não deve ficar abaixo dos 600”, considerou Tuesta.

“A região em seu conjunto depende das matérias-primas. Se o ciclo baixista (dos


preços das commodities) for mantido com a desaceleração da China, isso nos afetará”,
completou Sergio Tricio, chefe de análise do Forex Chile. “As moedas continuarão se
desvalorizando”, prevê.

82
Referências
BAUMANN, R. O Brasil e os demais BRICS: Comércio e Política. Disponível em:
<http://repositorio.cepal.org/bitstream/handle/11362/1396/S3821B823D2010_
pt.pdf?sequence=1>.

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do transportador nacional de trânsito nacional (TNTN). In: Âmbito Jurídico, Rio
Grande, XVI, no 110, 2013. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/
index.php/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=13033&revista_caderno=26>.

FALCONBRIDGE, Guy. BRICs helped by Western finance crisis: Goldman.


Reuters, 2008. Disponível em: <http://www.reuters.com/article/2008/06/08/us-
russia-forum-bric-idUSL071126420080608>.

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Context: The Case for Comparative Public Budgeting Legal. Research Wisconsin
International Law Journal. Disponível em: <http://www.migalhas.com.br/
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Sites
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lidera-a-lista-mundial-de-processos-contra-o-dumping,7014026dccb7f310VgnVCM2
0000099cceb0aRCRD.html>

<http://exame.abril.com.br/economia/noticias/america-latina-pode-aproveitar-
desvalorizacao-de-suas-moedas>

83
REFERÊNCIAS

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protecao>

<http://images.slideplayer.com.br/3/387095/slides/slide_20.jpg>

<http://jornalcontabil.com.br/portal/?p=2323>

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Geoestrat%C3%A9gia-por-tr%C3%A1s-da-Nova-Geoeconomia.htm>

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84

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