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FACULDADE DE EDUCAÇÃO
CURSO NORMAL SUPERIOR – PROJETO VEREDAS
Belo Horizonte
2010
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
CURSO NORMAL SUPERIOR – PROJETO VEREDAS
Belo Horizonte
2010
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho primeiramente a Deus, pois sem ele nada seria possível. Dedico ao
meu esposo e minha família. Dedico também aos meus alunos e colegas de trabalho.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por mais uma conquista, ao meu esposo Guilherme pelo amor
incontestável, aos meus pais pela vida e amor incondicional, aos meus irmãos Rodrigo,
Cláudio Saltini.
SUMÁRIO
Algumas questões nos estimulam na realização desta pesquisa, tais como: O que
é afetividade? A afetividade contribui na relação professor-aluno? Qual é o papel do
professor na Educação Infantil? É possível educar com afetividade? Como ser afetuoso
sem perder a autoridade?
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1 AFETIVIDADE E EDUCAÇÃO
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Exercer a profissão depois de formada foi uma realização muito grande, pois
estava habilitada para trabalhar com a Educação Infantil e Ensino Fundamental de 1ª a
4ª série e percebi que lecionar era o que queria fazer, e mesmo com todos os obstáculos
da escola particular, sentia muito prazer em ensinar.
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profissionais, amigos, solidários, sábios, excepcionais! Foram os nossos paraninfos na
formatura.
O ano de 2006 foi muito marcante em minha vida. Era o ano da minha
formatura, marco na minha vida profissional e o ano em que passamos por um problema
de saúde na minha família, descobrimos que minha irmã Tatiana estava com câncer. Em
meio à crise no meu ambiente de trabalho e a crise familiar na qual estava passando, não
hesitei em retornar para a Educação Infantil na Prefeitura Municipal de Belo Horizonte.
A possibilidade de retornar veio na hora certa, precisava de tempo para acompanhar
minha irmã no tratamento e a carga horária de 22h e 30m me proporcionaria isso, além
da estabilidade de um emprego.
Fui apresentada ao Diretor José Wilson e à Vice Diretora da Umei Céu Azul, a
Regina Mirian, que me apresentou a escola, e no dia 05 de junho de 2006 comecei a
trabalhar no apoio, onde tive um contato mais próximo com o Berçário, pois ficava a
maior parte do tempo auxiliando na higiene e alimentação das crianças. No ano de 2007
tive a oportunidade de ser regente de sala e comecei a trabalhar no Berçário. Foi algo
maravilhoso, eles eram tão cativantes! Minhas colegas me ajudaram bastante com os
seus saberes. Meu desejo de me aperfeiçoar me levou a fazer muitas pesquisas sobre a
idade e atividades a serem trabalhadas com os bebês. Juntamente com minhas colegas
fizemos o “Portifólio do bebê”, onde todas as fases das crianças são registradas e,
posteriormente, presenteadas aos pais ao final do ano.
No mesmo ano de 2007, pedi transferência para uma escola mais próxima da
minha casa, mesmo me identificando muito com o trabalho no 1º ciclo da Educação
Infantil (0 a 3 anos), resolvi trabalhar com o 2º Ciclo (3 a 5 anos). No dia 01/10/2007
iniciei o mais novo desafio, trabalhar na Escola Municipal Dr. José Xavier Nogueira,
recém inaugurada, na qual atualmente venho desenvolvendo o trabalho com alunos de
4/5 anos.
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Em 30/01/2009 tomei posse na Prefeitura de Ribeirão das Neves, região
metropolitana de Belo Horizonte, no cargo de Professor de Educação Básica I, atuando
com alunos do 1° ao 5° ano do Ensino Fundamental. Tive a fantástica experiência de
alfabetizar, foi algo inovador, já que minha vida profissional se resumia apenas à
Educação Infantil. Alfabetizar é algo mágico, era emocionante a conquista dos alunos,
foi maravilhoso! Pude perceber que nesse cenário, assim como na Educação Infantil, o
afeto é essencial!
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2 EDUCAÇÃO INFANTIL
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A metodologia de Montessori foi muito divulgada e até hoje inspira várias
propostas pedagógicas. Muitos pensadores contribuíram com seus estudos para que
possamos entender a história da infância e como estamos educando nossas crianças.
Uma grande parte das crianças, apesar de viverem inseridas no mundo dos
adultos, não são tratadas como cidadãos com direitos, pouco lhe oportunizam espaços e
momentos para viverem o lúdico, importante e necessário nessa etapa da vida. Pois é
através da brincadeira que a criança expressa seus conflitos e emoções. Segundo
Oliveira:
Para fazermos uma análise a atual fase da Educação Infantil hoje no Brasil,
precisamos nos remeter ao passado. Por isso, o próximo tópico nos fará entender um
pouco sobre a educação de crianças pequenas em nosso país.
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o avanço da industrialização a partir da década de 50, as creches passaram a ser um
serviço essencial para a família. É importante ressaltar que, até então, o atendimento era
apenas de cunho assistencial. Segundo Oliveira (1992):
[...] o trabalho junto às crianças nas creches nessa época era de cunho
assistencial-custodial. A preocupação com a alimentação, higiene e
segurança física das crianças. Um trabalho voltado para a educação,
para o desenvolvimento intelectual e afetivo das mesmas não era
valorizado. (OLIVEIRA, 1992, p. 19).
Com o avanço da industrialização, as mulheres de classe média começaram a
ocupar lugar no mercado de trabalho, aumentando a demanda por tal serviço. Havia, no
entanto, crianças de diferentes grupos sociais freqüentando a pré-escola. Porém, as
crianças pobres eram atendidas em creches, com propostas basicamente de
assistencialismo. A partir da década de 70, os movimentos trabalhistas conseguiram se
articular, de maneira que os órgãos públicos se sensibilizassem no sentido de aumentar o
número de creches e pré-escolas atendendo a todas as classes sociais existentes. A
Constituição de 1988, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96 e o
próprio Estatuto da Criança e Adolescente são dispositivos legais que atualmente
reconhecem a creche como uma instituição educativa, sendo um direito da criança, uma
opção da família e um dever do Estado, proporcionar o acesso a elas.
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3 CONCEPÇÕES DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL
Para entendermos, como cada um de nós chegou a ser o que é hoje, precisamos
adotar uma explicação para o desenvolvimento humano. Conforme Oliveira (1992),
podemos dividir as teorias do desenvolvimento humano a partir de 3 concepções:
inatista, ambientalista e interacionista.
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O contexto de desenvolvimento da criança é sócio-simbólico e com o tempo ela
entra no processo de individuação, onde é atraída por aquilo que lhe é familiar e
também pela novidade. É nesse momento que a criança começa a diferenciar o eu e o
outro, fazendo necessária a relação afetiva entre crianças/crianças e crianças/adulto para
ter um efetivo desenvolvimento infantil.
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aquisição de habilidades e ampliando gradativamente as possibilidades de comunicação
e interação social das crianças” (CARVALHO et al, 2002, p. 25).
Percebemos, no entanto, que a afetividade colabora para uma formação global da
criança. Ainda para Rosa (apud LOPES e XAVIER, 2007), a afetividade é fundamental
para que o homem possa construir suas ações, a afetividade deve ser estimulada,
provocada e vivida; e no contexto educacional, a afetividade leva o aluno à busca de
conhecimentos.
Ainda baseados nessa visão interacionista, as idéias de Piaget e Vygotsky são
valiosas para compreendermos a relação entre afetividade e cognocibilidade. Para
Vygotsky a unificação dessas duas dimensões é importante no funcionamento do
psicológico humano. Já para Piaget o desenvolvimento cognitivo apresenta-se paralelo
com o desenvolvimento afetivo.
Já na psicogênese de Wallon, a dimensão afetiva ocupa um lugar central, tanto
no ponto de vista da construção da pessoa quanto do conhecimento. Para ele a
afetividade está intimamente relacionada com a cognição. Concordando com Wallon,
Freire (1996) afirma que uma não exclui a outra, mas essa afetividade não pode
interferir no cumprimento do dever do professor e no exercício de sua autoridade.
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4 AFETIVIDADE
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Já Wallon, como Vygotsky via o desenvolvimento humano resultante das
condições do sujeito e as situações em que ele vive. Para ele, todos têm um sistema
específico que integra suas ações em um equilíbrio que envolve motricidade, afeto e
cognição. Para Wallon, em cada fase do desenvolvimento, uma forma particular de ação
predomina sobre a outra. No processo de desenvolvimento humano, o afeto tem um
papel importante:
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de assistência social e classes mais privilegiadas em instituições privadas estão
preocupadas com a aprendizagem e o desenvolvimento infantil desde o nascimento. No
entanto, cabe-nos ressaltar que tal divergência entre os objetivos na Educação Infantil
não faz sentido, pois o cuidar e o educar são indissociáveis.
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grupo, cultiva amizades e afetos; é onde também constrói e troca conhecimentos. Por
isso, concordamos com Pinto:
Para Oliveira (1992), a rotina também é útil para orientar a criança a perceber a
relação espaço-tempo. Para ter um ambiente interacional estimulador ao
desenvolvimento, é necessário ter parceiros envolvidos afetivamente e disponíveis a
interagir com elas. A rotina auxilia nesse processo, a medida que as crianças se sentem
mais seguras quanto às atividades que serão realizadas.
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suporte afetivo que serve como fio condutor, o educador serve de continente para a
criança. Segundo Oliveira:
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cumprimento ético de meu dever de professor no exercício de minha
autoridade. (FREIRE, 1996, p. 141).
O afeto é um norte da auto-estima. Após ser desenvolvido o vínculo afetivo, a
aprendizagem e a motivação são conseqüências do processo. Deve-se ter em mente que
para sermos educadores comprometidos com a formação para a cidadania, é preciso
incentivar e proporcionar momentos de interação e expressão de sentimentos, onde a
afetividade seja o alvo a ser alcançado em nossas salas de aula.
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independente um do outro, já que os atos biológicos se referem à adaptação e os atos
sociais se referem às organizações do meio ambiente.
Para Piaget, ainda, existem quatro conceitos cognitivos básicos: o esquema – são
estruturas mentais ou cognitivas pelas quais os indivíduos intelectualmente se adaptam e
organizam o meio. À medida que as crianças desenvolvem os esquemas, eles se tornam
mais generalizados e diferenciados. Os esquemas organizam os eventos que são
percebidos pelo organismo, que classifica-os em grupos. Ao nascer, o bebê tem
esquemas de natureza reflexa, inferidas nas atividades reflexas motoras, como sugar e
pegar. À medida que a criança se desenvolve, os esquemas tornam-se mais
diferenciados, menos sensórios e mais numerosos.
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acomodar. Do mesmo modo que nos adaptamos biologicamente ao mundo, o
desenvolvimento intelectual também é um processo de adaptação.
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Concordando, Saltini (2008) afirma que somente o homem pode educar o
homem, os meios de comunicação levam apenas à informação. Apenas o homem pode
conduzir o homem ao desenvolvimento. Ainda, segundo ele, a primeira estrutura que
Piaget descobriu na criança foi o Objeto Permanente, onde a criança vê, sente e toca,
mas ao retirar-se imagina se esse objeto vai continuar a existir. Quando há a ausência, a
frustração é causada e depois com a presença há a satisfação. Por isso quando a mãe ou
outra pessoa se retira, a criança reconstrói essa pessoa internamente. Na educação,
lidamos com o afeto e também com as leis e regras. O conhecimento precisa ter uma
interligação com a presença e a ausência. É aí que a afetividade entra, para fazer a
conexão com o pensamento futuro.
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a base do processo de ensino aprendizagem. Ela se dá o tempo todo e com um
planejamento adequado, se entrelaça nas atividades diárias do trabalho.
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Acreditamos que também deve haver uma constante avaliação das atividades,
procurando atender a diversidade em nossa sala de aula, gostos e preferências, segundo
Oliveira:
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Essa pesquisa foi de grande utilidade para mim, pois tinha sempre em mente que
afetividade seria apenas um toque ou uma palavra de carinho. Entretanto, ao longo da
pesquisa, pude perceber que gestos, olhares e oportunidades podem tornar o trabalho na
Educação Infantil mais eficaz. Essa pesquisa me fez amadurecer como profissional e
como pessoa, pois todas as relações que estabelecemos em nossas vidas são marcadas
pela afetividade. Em todos os momentos devemos respeitar, ouvir, cuidar e valorizar o
outro. Espero, no entanto, que esse texto possa ser útil também para outros educadores,
que, assim como eu, possuam uma visão restrita acerca da afetividade.
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pais, um especialista que não compete com o papel deles. Ele deve
possuir habilidades para lidar com as ansiedades da família e partilhar
decisões e ações com ela. Se assim ocorrer, a família terá no professor
alguém que lhe ajude a pensar sobre o seu próprio filho e a se
fortalecer como recurso privilegiado do desenvolvimento infantil
(OLIVEIRA, 2007, p. 181).
Além de todas essas habilidades, o professor deverá proteger, cuidar, tratar a
todos com equidade, estabelecer sempre o diálogo, promover espaço para interação e
expressão de sentimentos e o mais importante: carinho pelo seu aluno. O professor deve
ser dedicado, comprometido e mediar a aprendizagem do aluno. Acima de tudo, o
professor deve ser firme, manter uma rotina que transmita segurança para o aluno e que
não abra mão de sua autoridade em sala de aula. O professor afetuoso é aquele
polivalente, que domina as técnicas necessárias ao exercício de sua função, porém de
maneira criativa e lúdica.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBOSA, Maria Carmen Silveira. Por amor e por força: Rotinas na Educação
Infantil. Porto Alegre: Artmed, 2006.
FONSECA, Cristina Maria Duarte Teixeira da; BARBOSA, Rodney Alves; Um olhar
sobre a afetividade e a construção do conhecimento. Faculdade Nova Serrana. 2007,
47 f. enc.
LOPES, Maria Cristina L. Paniago, XAVIER, Selma Lucia da Costa. A afetividade nas
inter-relações professores e alunos no ambiente digital. Associação Brasileira de
Educação a Distância (ABED). Revista Brasileira de Aprendizagem Aberta a
Distância. Vol. 6, 2007.
OLIVEIRA, Zilma de Moraes. Creches: Crianças, faz de conta & Cia. Petrópolis, RJ:
Vozes, 1992.
OLIVEIRA, Zilma Ramos de. Educação Infantil: fundamentos e métodos. 3ª ed. São
Paulo: Cortez, 2007.
SALTINI, Cláudio João Paulo. Afetividade e inteligência. 5ª ed. Rio de Janeiro: Wark,
2008.
PINTO, Leila Mirtes Santos de Magalhães. Experiência educativa lúdica. In: Minas
Gerais, Secretaria de Estado da Educação. Veredas – Formação Superior de professores,
módulo 6, volume 4. Organizadores: Maria Umbelina Caiafa Salgado e Glaura Vasques
de Miranda. Belo Horizonte: SEE – MG, 2004. Componente: Educação Corporal, p. 31.
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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ALVES, Rubem. A escola com que sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir.
Campinas: Papirus, 2001.
ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: Editora LCT,
1981.
CHALITA, Gabrile. Educação: A educação está no afeto. São Paulo: Gente, 2001.
MORENO, Mont Serrat, SASTRE Genova, LEAL Aurora, BUSQUETS, Maria Dolors.
Falemos de sentimentos: a afetividade como um tema transversal. São Paulo:
Moderna, 1999.
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