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Tem-se, pois, que a prescrição é o instituto jurídico, de direito material, que extingue
a pretensão relativa a determinado direito após o decurso do lapso temporal fixado em lei.
Pois bem, feitos esses registros, cumpre analisar o tema proposto.
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GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Direito Civil. Parte Geral. São Paulo: Saraiva,
2002, p. 476.
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PEREIRA, Ricardo José Macedo de Britto. Breves considerações sobre a interrupção da prescrição
trabalhista. Revista do Ministério Público do Trabalho, Brasília, n. 9, p. 54, mar. 1995.
seio da sociedade, tendo como características marcantes a indivisibilidade, a
indisponibilidade, a essencialidade e a ausência de conteúdo econômico".3
Entendemos que essa última corrente mostra-se mais consentânea com os princípios
processuais que regem o instituto da prescrição. Não há como se reconhecer a
prescritibilidade dos direitos coletivos, uma vez que, não sendo possível a sua tutela
individual, os seus titulares ficam a depender da atuação dos legitimados extraordinários, não
podendo arcar com o ônus da inércia ou mesmo da atuação retardada desses.
Como nas ações coletivas se discute o direito de todo o grupo, classe ou categoria de
pessoas em abstrato, sem individualização dos substitutos e independentemente de
autorização destes, não há como delimitar nas respectivas sentenças o "quantum" devido a
cada uma dessas pessoas em particular. Se assim não fosse, restaria frustrada a própria
finalidade das ações coletivas, bem como suas principais vantagens: a socialização (função
social), democratização e a efetividade do processo.
Diante desse quadro, e tendo em vista a condenação genérica, é evidente que o Juiz
não dispõe de dados suficientes para declarar a prescrição na sentença que proferir, até porque
muitas vezes incidirão no caso concreto e em favor de determinado(s) substituído(s) causas
impeditivas e suspensivas da prescrição ou, ainda, causas que interrompem o prazo
prescricional. E isso decorre do fato de muitas das causas impeditivas, suspensivas e
interruptivas da prescrição não se comunicarem, ou seja, não beneficiarem outros
substituídos, senão aqueles que se enquadrarem nas respectivas hipóteses legais (arts. 197 a
204 do Código Civil, art. 440 da Consolidação das Leis do Trabalho, entre outras).
3
Idem.
Um exemplo esclarecedor é a situação do trabalhador menor de 18 anos, contra o
qual não corre nenhum prazo de prescrição, conforme o art. 440 da Consolidação das Leis do
Trabalho. Assim, se o trabalhador menor for beneficiário de uma determinada ação coletiva,
não haverá prescrição a ser declarada, muito embora possa ocorrer de a pretensão de outros
substituídos restar prejudicada (total ou parcialmente) pela consumação da prescrição.
Referências bibliográficas
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Direito Civil. Parte Geral. São
Paulo: Saraiva, 2002, p. 476.