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1.1 - Conceito
locação é o contrato que se destina a proporcionar a alguém o uso e gozo temporários de uma coisa
infungível, mediante contraprestação pecuniária. Destaca-se que a locação só existe para coisas, e não
para serviços, empreitada etc. Os vocábulos locação e arrendamento são sinônimos, sendo arrendamento
mais usado para locação imobiliária rural. A coisa não precisa ser de propriedade do locador, de forma
que nem sempre o proprietário e o senhorio de confundem. Em eventual ação de despejo o sujeito ativo
será o locador, sendo necessária a prova de propriedade apenas nas ações que envolvem despejo (exceto
quando envolver infração legal, contratual ou inadimplemento de alugueis).
1.4 - Objeto
pode ser coisa móvel ou imóvel. A coisa móvel deve ser infungível, sob pena de ser contrato de mútuo.
Pode ser fungível quando o uso for cedido, por certo prazo e aluguel, ad pompam et
ostentationem (ornamentação). Como envolve retorno da coisa, não pode ser objeto coisa móvel
consumível (ex: energia) nem as que se exaurem progressivamente (ex: pedreira). A cláusula de
inalienabilidade não impede a locação. Pode ser objeto de locação bens incorpóreos ou direitos (ex:
patente, marca, usufruto e servidões prediais etc). O aluguel pode envolver um bem inteiro ou uma
fração (ex: parede para fixação de cartaz) e se nada estipular em contrário, o aluguel abrange os
acessórios. Coisas comuns também podem ser alugadas, desde que por deliberação da maioria (art. 1323,
CC). A locação de imóveis urbanos é regida pela Lei n.º 8245/91 e de imóveis rurais pelo Estatuto da
Terra (Lei n.º 4.504/64).
1.5 – Preço
denomina-se aluguel ou remuneração, e é essencial ao negócio, sob pena de configurar-se comodato.
Pode ser convencionado pelas partes, arbitramento administrativo ou judicial, ou por ato governamental
(ex: taxis). Não pode ser deixado ao arbítrio de uma das partes. Se estipulado em valor ínfimo,
descaracterizará o contrato. O pagamento deve ser feito em dinheiro, mas pode ser misto (ex: frutos,
benfeitorias etc), mas não pode ser feito totalmente em frutos ou produtos, sob pena de transmudar-se
em contrato inominado. O pagamento pode ser feito em parcelas ou de uma só vez, para todo o período
(ex: aluguel por temporada). Não pode ser feito em moeda estrangeira, nem vinculado à variação
cambial ou ao salário mínimo. Em regra, a obrigação locatícia é quesível, sendo paga no domicílio do
locatário (art. 327, CC), mas é possível a convenção, transformando-se a obrigação em portable. Na
locação de imóveis urbanos o pagamento se faz, em regra, no imóvel locado, quando outro local não
tiver sido convencionado. O preço é devido mesmo que a coisa não esteja sendo efetivamente usada.
1.6 – Consentimento
pode ser expresso ou tácito. Não precisa ser proprietário para alugar, a simples posse jurídica autoriza o
aluguel (ex: administrador, inventariante, usufrutuário, pais, representantes, credor anticrético etc). O
condômino não pode, sozinho, dar em locação coisa comum (nem mesmo parte dela), sem o
consentimento dos outros (maioria, art. 1323, CC). O CC não estipula prazo, mas a Lei n.º 8245/91,
exige vênia conjugal nos prazos superiores a 10 anos.
2) Manter a coisa no mesmo estado, pelo tempo do contrato (inciso I, segunda parte): o
locador deve realizar reparos para manter a coisa em condições de uso, salvo convenção em
contrário. O locatário pode até pedir redução proporcional do aluguel ou resolver o contrato,
caso a coisa se deteriore. Se houver destruição total o contrato se resolve, cabendo perdas e
danos ao locatário se a coisa de perdeu por culpa do locador.
3) Garantir o uso pacífico da coisa (inciso II): o locador deve abster-se da prática de
qualquer ato que perturbe o uso e gozo da coisa, inclusive proteger o locatário contra
embaraços e turbações de terceiros. O locatário é protegido mesmo contra o locador, por meio
de interditos possessórios (art. 1197, CC). Aplica-se a teoria dos vícios redibitórios,
responsabilizando-se o locador por vícios ocultos anteriores à locação. Se o locador conhecia
os vícios ou defeitos, restituirá o valor da locação mais perdas e danos. Se não conhecia,
restituirá o valor recedido, mais despesas do contrato.
2) Pagar o aluguel nos prazos ajustados (inciso II): o pagamento, na falta de convenção,
deve ser feito segundo o costume do lugar, até o 6º dia útil do mês seguinte ao vencido. Em
regra, a dívida é quérable, sendo paga no domicílio do devedor. O locador tem como garantia
o penhor legal sobre os bens móveis que guarnecem o prédio (art. 1467, II, CC). O débito,
comprovado por contrato escrito pode ser objeto de execução.
2.1 – Características
- Havendo mais de um locador ou locatário, entende-se que são solidários, se o contrário não se
estipulou (artigo 2.º).
- Pode ser fixado por qualquer prazo. Igual ou superior a dez anos, exige-se outorga conjugal (artigo 3.º).
- Ação do locador para reaver o imóvel é sempre despejo, que pode ser cumulada com cobrança de
aluguéis (artigo 5.º)
- É livre a convenção do aluguel, sendo vedada sua estipulação em moeda estrangeira e a vinculação à
variação cambial ou ao salário mínimo. Os índices e a periodicidade dos reajustes são previstos em
legislação específica (artigo 17). Pode ser revisto judicialmente a cada três anos, a partir do último
contrato (Ação Revisional de Aluguel – artigos 18 e 68 a 70).
- Se o bem for apartamento, o locatário pode votar nas assembleias que não envolvam despesas
extraordinárias de condomínio, caso o locador a elas não compareça (artigo 24, parágrafo 4.º, Lei
4.591/64).
2. Contratos fixados até 30 meses (artigo 47) - Findo o prazo estabelecido, a locação é
prorrogada automaticamente, por prazo indeterminado. Nesse caso, somente pode ser
retomado o imóvel (denúncia cheia):
- por mútuo acordo;
- em decorrência da prática de infração legal ou contratual;
- em decorrência da falta de pagamento do aluguel e demais encargos;
- para a realização de reparações urgentes determinadas pelo Poder Público;
- em decorrência de extinção do contrato de trabalho, se a ocupação do imóvel pelo locatário
for relacionada com seu emprego;
- se for pedido para uso próprio, de seu cônjuge ou companheiro, ou para uso residencial de
ascendente ou descendente que não disponha, assim como seu cônjuge ou companheiro, de
imóvel residencial próprio;
- se for pedido para demolição e edificação licenciada ou para a realização de obras aprovadas
pelo Poder Público;
- se a vigência ininterrupta da locação ultrapassar cinco anos.
3. Locação por temporada - Por até 90 dias, para lazer, tratamento de saúde ou realização de
obras. O aluguel e os encargos podem ser cobrados antecipadamente e de uma só vez (artigos
48 a 50).
2.10 - Espécies:
2.10.1 - Cessão - Transferência a outrem, mediante alienação, da posição de locatário, que e
desliga do contrato primitivo, desaparecendo sua responsabilidade.
2.10.2 - Sublocação - Concessão do gozo (parcial ou total) da coisa locada, pelo locatário a
terceiro, que se torna “locatário”, com os mesmos direitos e deveres. O locatário primitivo não
se exonera da locação original. Rescindida ou finda a locação, extinguem-se as sublocações,
salvo o direito de indenização que possa competir ao sublocatário contra o sublocador.
2.10.3 - Empréstimo - Locatário empresta imóvel gratuitamente a terceiro, mesmo que por
pouco tempo, continuando responsável perante o locador.
2.11 – Extinção
- Distrato ou resilição bilateral (acordo).
- Resilição unilateral por inexecução contratual ou infração à lei.
- Retomada do bem locado.
- Implemento de condição resolutiva.
- Perda ou destruição da coisa.
- Vencimento do prazo sem prorrogação ou renovação.
- Desapropriação.
- Morte do locatário sem sucessores.
- Extinção do usufruto, salvo se com ele anuiu, por escrito, ou nu-proprietário.
3.1 – Partes
- Depositante - Quem entrega a coisa em depósito.
- Depositário - Quem a recebe.
3.2 – Características
Unilateral (regra) - Obriga apenas o depositário: guardar e restituir o bem. Pode ser bilateral;
admite-se remuneração. O contrato não se desnatura se o depositário realizar algum serviço na
coisa (ex.: lavar o veículo).
Temporário - Ao final do contrato, o bem deve ser restituído (não há depósito perpétuo).
Intuitu personae - Decorre da confiança que o depositante tem no depositário.
- Exigir remuneração (se pactuada) e reter a coisa até que seja paga a retribuição.
- Requerer o depósito judicial, nos casos permitidos.
3.5 – Espécies
3.5.1. Voluntário ou convencional - Resulta de livre acordo entre as partes. Deve ser feito por
escrito. Pode ser regular (recai sobre bens infungíveis) ou irregular (bens fungíveis).
3.5.2 . Necessário - Presume-se oneroso.
a) Legal - No desempenho de obrigação legal: depósito de objeto achado, dívida
vencida, pendência de lide, etc.
b)Miserável - Por ocasião de calamidade: terremoto, incêndio, inundação, naufrágio,
saque, etc.
c) Hoteleiro ou hospedeiro (ver “Bagagem em hotel e similares”, a seguir).
3.5.3. Judicial ou sequestro - Determinação do juiz, que entrega a terceiro coisa litigiosa
(móvel ou imóvel) para preservar sua incolumidade, até decisão da causa principal.
4.1 – Características
Acessório - É imprescindível o contrato principal. Se este for nulo, nula também será a fiança.
A recíproca não é verdadeira. Abrange acessórios da dívida principal (juros, cláusula penal,
despesas judiciais, etc.). O valor da fiança não poderá exceder o do débito principal, sob pena de
ser reduzido ao nível da dívida afiançada.
Unilateral - A obrigação é só do fiador, que se obriga com o credor; este nenhum compromisso
assume.
Gratuito - Em regra, o fiador nada recebe. Pode ser pactada remuneração (ex.: fiança bancária).
Forma escrita obrigatória - Instrumento público ou particular. Pode constar do instrumento do
contrato principal. Pode ser benéfico, é sempre interpretado restritivamente. A forma verbal é
inadmissível.
4.3 – Substituição
O credor pode exigir a substituição do fiador se este se tornar insolvente ou incapaz.
4.4 – Fiadores
Pessoas maiores ou emancipadas, com livre disposição de seus bens (idoneidade moral e financeira) e
residentes no município em que prestam fiança.
4.5 - Não podem ser fiadores
- Absolutamente incapazes e menores de 18 anos, mesmo que representados ou assistidos.
- Pródigos, sem assistência do curador.
- Cônjuge, sem a outorga conjugal, exceto no regime da separação total de bens.
- Analfabeto, salvo se por procurador constituído por instrumento público, com poderes especiais.
- Em razão de ofício: tesoureiros, leiloeiros, tutores, curadores, etc.
Observação: se a fiança foi dada diante de obrigação contraída por menor, mesmo que a
principal seja nula ou anulável, a fiança prevalece. É exceção à regra de que uma obrigação nula
não pode ser objeto de fiança. Mas, se se referir a contrato de mútuo contraído por menor, sendo
este nulo, nula também será a fiança (exceção da exceção).
4.8 - Sub-rogação
Fiador que paga a dívida fica sub-rogado nos direitos do credor. Só poderá demandar os outros fiadores
pela respectiva quota.
4.10 – Extinção
- Iniciativa do fiador, se o contrato for sem limitação de tempo (por consenso entre fiador e credor ou
por decisão judicial.
- Morte do fiador.
- Anulação judicial (falta de outorga, vícios do ato jurídico, etc.).
- Concessão de moratória ao devedor, sem anuência do fiador.
- Aceitação, pelo credor, de objeto diverso do que venha a perdê-lo por evicção.
- Fiador indica bens do devedor para serem executada em primeiro lugar, demorando o credor a executá-
los e caindo, posteriormente, o devedor em insolvência.
4.11 – Aval
Figura do Direito Cambiário, própria dos títulos de crédito, é garantia pessoal, em que o avalista se
obriga a pagar a dívida do avalizado. Este é devedor solidário, diferentemente da fiança, em que o fiador
é devedor subsidiário. A responsabilidade do avalista é autônoma; independe da validade da obrigação
garantida, sem necessidade de outorga conjugal.
5.1 – Partes
- Seguradora - Entidade autorizada pelo governo federal que suporta o risco, assumindo mediante
recebimento de valor periódico e moderado (prêmio), obrigando-se a pagar indenização.
- Segurado - Quem tem interesse direto na conservação da pessoa ou coisa, pagando o prêmio em troca
do risco da seguradora.
5.2 – Características
Bilateral e oneroso - Gera obrigações recíprocas para as partes.
Aleatório - Não há equivalência entre as prestações. O segurado não antevê o que receberá em
troca do prêmio.
Formal - Obrigatória forma escrita.
Adesão - Não há possibilidade de discussão das cláusulas estabelecidas pela seguradora.
5.3 – Elementos
1. Prêmio - Contribuição periódica, determinada e moderada, fixada pelas partes, que o segurado
fornece em troca do risco que a seguradora assume.
2. Risco - Acontecimento futuro e incerto que pode prejudicar interesses do segurado e provocar
diminuição patrimonial evitável pelo seguro.
3. Indenização - Importância paga pela seguradora, compensando eventual prejuízo econômico
decorrente do risco assumido. Basta a prova do dano, independentemente de apuração da culpa no
evento.
4. Apólice - Documento que comprova a existência do contrato; em sua falta, documento
comprobatório do pagamento do prêmio.
5.5 – Extinção
- Decurso do prazo estipulado.
- Distrato.
- Inadimplemento de obrigação legal.
- Superveniência do risco (o contrato perde o objeto e a seguradora para a indenização).
- Cessação do risco.
- Nulidades.