Sunteți pe pagina 1din 20

Temaa III : Os esp

paços organ
nizados pella populaçãão 

3.1 As áreaas rurais em
m mudança 

O pesso da agricultura no seto
or económicco 
À  sem
melhança  do  que  tem  aco
ontecido  nouttros  países  da 
d União  Euro opeia,  o  peso
o  da  agricultu
ura  na 
econoomia  nacionaal  tem  vindo
o  a  diminuir,  sendo,  no  entanto,  esse  valor  aind
da  elevado  quando 
comparado com a média da com munidade. Atu ualmente, o seetor primário representa ceerca de 10% do PIB. 
 
O esp
paço rural e as paisagenss agrárias 
Espaçço agrícola: occupado apenaas pelos campos de cultivo de produção aagrícola vegettal e animal. 
Espaçço agrário: para além de en nglobar o espaço agrícola, engloba tamb bém superfíciee florestal, terrenos 
inculttos, habitaçõees, estudas, ceeleiros, moinhos, etc. 
Espaçço  rural:  conjunto  de  esp paços 
agráriios  cuja  áreea  envolventte  é  Espaço rural Espaço aagrário Espaço agríícola
ocupaada  por  elem mentos  que  nãão  se 
relacionam  direttamente  com  a 
atividade agrícola ((indústrias, officinas, serviçoos). 
 
Tendo o  por  base  uma  certa  hom mogeneidadee  das  caracterrísticas  naturais,  da  estruttura  fundiáriaa  e  do 
sistem
ma  de  culturra  dominantee  estão  delim mitadas  em  Portugal  novve 
regiõe es agrárias. 
 
As  paisagens 
p a
agrárias  caraacterizam‐se  por  quatro  elementos 
fundaamentais: 
• Morfologiia  agrária:  fo orma  e  dimensão  das  parrcelas,  rede  de  d
caminhos,,  disposição  relativa  dos  campos,  da  floresta  e  das 
paisagens  no  espaço  rural. 
r As  paissagens  podem m  classificar‐sse, 
por exemp plo, em paisaagens de campo fechado o ou de paisagens 
de  campo o  aberto.  No  primeiro  caso o,  as  parcelass  encontram‐‐se 
vedadas  (por  sebes,  arbustos,  muro, 
m entre  outros) 
o e  sãão, 
geralmentte, de pequen na dimensão ee encontram‐‐se servidas por 
uma  redee  de  caminho os  mais  ou  menos 
m densaa.  Este  tipo  de 
d
paisagem  associa‐se, reegra geral, a u um relevo acidentado, clim ma 
húmido e  solos férteis. No segundo  exemplo, as  parcelas são d de 
maior  dimmensão  do  que  as  anterio ores  e  de  umma  forma  maais 
geométricca, não se enccontrando lim mitadas por qu ualquer tipo d de vedação e aa rede de cam minhos 
que  as  seervem  é  pouco  densa.  Esste  tipo  de  morfologia 
m en
ncontra‐se,  frequentementte,  em 
regiões dee relevo aplanado, clima áriido e solos po oucos férteis. 
• Sistema  de  d cultura:  foorma  de  utilizzar  o  solo  agrrícola  que  enggloba  as  espéécies  cultivadas  e  a 
forma  com mo  se  associaam,  bem  commo  as  técnicaas  ligadas  à  sua 
s cultura.  D Dentro  das  téécnicas 
utilizadas,  destacam‐see  a  monocultu ura/policultura,  rotação  de d culturas,  p pousio,  seque eiro  ou 
regadio e a agricultura intensiva/exttensiva. 
• Estrutura fundiária: microfúndios, m minifúndios, latifúndios 
• Povoamen nto rural: disp
perso, aglomeerado ou misto o. 
 
A superfície total das exploraçõees agrícolas é constituída po or: 
• Superfície agrícola utilizzada (SAU): é constituída p pelas culturas temporárias ee permanente es, por 
pastagens permanentes e pela horta familiar. 
• Superfície florestal; 
• Superfície  agrícola  não  utilizada  (SANU):  é  a  superfície  da  exploração  anteriormente  utilizada 
como  superfície  agrícola,  mas  que  já  não  o  é  por  razões  económicas,  sociais  ou  outras.  Não 
entra  em  rotações  culturais.  Pode  voltar  a  ser  utilizada  com  auxílio  dos  meios  geralmente 
disponíveis na exploração. 
• Outras  superfícies  da  exploração:  são  áreas  ocupadas  por  edifícios,  eiras,  pátios,  caminhos, 
barragens, albufeiras e ainda jardins, matas e florestas orientadas exclusivamente para fins de 
proteção do ambiente ou de recreio. 
 
O sistema agrário das diferentes regiões agrárias 
 
Região agrária  Alentejo  Algarve  Ribatejo e  Norte  Norte  Açores  Madeira
Oeste  Atlântico  Interior 

Regime  Extensivo  Extensivo  Intensivo Intensivo Extensivo Extensivo  Intensivo


Tamanho das  Latifúndios Minifúndios  Latifúndios  Minifúndios  Minifúndios Média  Microfundios
explorações  dimensão 

Sistema  Sequeiro  Regadio  Regadio Regadio Regadio Sequeiro  Regadio


Principais  Cereais –  Frutos  Arroz e  Milho,  Vinha Ananás e  Banana, 
culturas  trigo e  secos e  milho  feijão,  chá  cana‐de‐
cevada  citrinos  abóbora,  açúcar e 
carne e  vinha 
leite. 
 
Fatores físicos e humanos que condicionam a agricultura: 
  No nosso país, o clima é um dos fatores que mais condiciona a produção agrícola, pela 
temperatura mas sobretudo pela irregularidade da precipitação. Existem espécies, como o trigo, cuja 
produção pode ficar danificada com o excesso de água, e outras, como os produtos hortícolas, que se 
estragam com a coincidência das temperaturas altas e a ausência de precipitação 
 
  O  relevo  é  outro  fator  que  condiciona  a  agricultura.  Por  um  lado,  quando  é  muito,  chega 
mesmo  a  impossibilitar  a  prática  da  atividade,  pela  difícil  acessibilidade  e  consequente  introdução  de 
práticas mecanizadoras. Se o relevo é mais acidentado, a fertilidade dos solos torna‐se menor por não 
haver acumulação de detritos. 
 
  A  existência  de  recursos  hídricos  é  fundamental  para  a  produção  agrícola,  pelo  que  esta  se 
torna mais fácil e abundante em áreas onde a precipitação é maior e mais regular. Em áreas de menor 
precipitação é necessário recorrer‐se a sistema de rega artificiais. 
 
  A fertilidade do solo natural (depende das características geológicas, do relevo e do clima) e 
criada  pelo  Homem  (fertilização  e  correção  dos  solos),  influencia  diretamente  a  produção,  tanto  em 
quantidade como em qualidade. Os solos de origem vulcânica e os de aluviões são os mais férteis. Dada 
a riqueza mineral que os constituem, são pouco frequentes no espaço agrário português. Os primeiros 
predominam nas regiões insulares e os segundos nas bacias hidrográficas do Sado e do Tejo. 
 
Objetivo de produção‐ quando a produção se destina ao autoconsumo, as explorações são geralmente 
de  menor  dimensão  e,  muitas  vezes,  continuam  a  utilizar  técnicas  mais  artesanais.  Se  a  produção  se 
destina  ao  mercado,  as  explorações  tendem  a  ser  de  maior  dimensão  e  mais  especializadas  em 
determinados produtos, utilizando tecnologia moderna, o que contribui para uma maior produtividade 
do trabalho e do solo. 
Políticas agrícolas – orientações e medidas legislativas são atualmente fatores de grande importância, 
uma  vez  que  influenciam  as  opções  dos  agricultores  relativamente  aos  produtos  cultivados, 
regulamentam práticas agrícolas, criam incentivos financeiros, apoiam a modernização das explorações, 
etc… 

Passado histórico – É um dos fatores que permite compreender a atual ocupação e organização do solo. 
Aspetos  como  a  maior  ou  menor  densidade  populacional  e  acontecimentos  ou  processos  históricos 
refletem‐se, ainda hoje, nas estruturas fundiárias. 

Os problemas estruturais da agricultura portuguesa 
→ Solos pouco férteis 
→ Irregularidade na distribuição da precipitação 
→ Predomínio das técnicas e tecnologias tradicionais 
→ As características da população agrícola 
 
As características da população agrícola 
Estrutura  etária:  o  crescente  envelhecimento  da  população  agrícola  é  o  resultado  do  abandono  da 
atividade  pelos  mais  jovens,  o  que  constitui  um  dos  maiores  obstáculos  ao  desenvolvimento  da 
agricultura.  O  envelhecimento  da  mão‐de‐obra  traduz‐se  numa  menor  capacidade  de  abertura  às 
inovações, de adaptação a novas tecnologias e técnicas de produção e até de capacidade física para o 
trabalho, responsável pela manutenção dos baixos níveis de rendimento e de produtividade. 
Nível de instrução e de formação profissional: A maioria dos agricultores portugueses apresenta níveis 
muito baixos de instrução, inferiores ao 2º ciclo. Este tipo de problema tem vindo a ser resolvido de vido 
à  implementação  da  escolaridade  obrigatória.  A  formação  profissional  da  grande  maioria  dos 
produtores agrícolas, apesar de ter evoluído de forma positiva, continua a ser exclusivamente prática, 
isto é, a transmissão de conhecimentos e experiências faz‐se de pais para filhos, o que explica a falta de 
competitividade da agricultura portuguesa, nomeadamente com os países comunitários. 
Pluriatividade:  os  baixos  salários  auferidos  pela  maior  parte  dos  agricultores  portugueses,  revelam‐se 
claramente insuficientes para dar resposta às necessidades familiares, levando‐os a procurar emprego 
noutras  atividades  onde  beneficiem  de  remunerações  fixas  e  mais  elevadas.  Não  abandonando  as 
explorações  agrícolas,  a  agricultura  passa  a  ser  exercida  a  tempo  parcial,  na  qualidade  de  atividade 
secundária,  destinada  à  produção  para  autoconsumo.  Esta  pluriatividade  que  conduz  ao 
plurirrendimento  permite  melhorar  o  nível  de  vida  do  agricultor,  ajudando  a  travar  o  abandono  das 
áreas rurais.  
 
O uso da SAU 
Aproximadamente um terço da área total nacional está coberta por floresta e a SAU ocupa cerca de 50% 
da área total nacional. A SAU pode ser ocupada com: 
→ Culturas temporárias: cujo ciclo vegetativo não excede um ano, como os cereais. 
→ Culturas permanentes: ciclo vegetativo excede um ano, como pomares, vinhas, olivais. 
→ Pastagens  permanentes:  culturas,  geralmente  herbáceas,  que  permanecem  por  períodos 
superiores a cinco anos e se destinam a pasto para gado. 
→ Hortas familiares: superfícies de pequena dimensão, onde cultivam produtos destinados, regra 
geral, ao autoconsumo. 
 
A gestão e utilização do solo arável 
O  setor  agrícola  português  apresenta  uma  balança  comercial  francamente  negativa,  o  que,  em  certa 
medida, traduz a crise com que se debate. O aumento das importações agroalimentares tem sido, desde 
a adesão à então CEE, exponencial e, se bem que a produção nacional tenha aumentado, esta tem sido 
incapaz de responder ao crescimento da procura. O grau de aprovisionamento do setor não satisfaz as 
necessidades do consumo, o que tem conduzido ao aumento da dependência externa. 
As  causas  a  assinalar  para  explicarem  a  crise  que  o  setor  agrícola  atravessa,  prendem‐se  com  um 
deficiente gestão e utilização do solo arável. Como: 
→ Desajustamento  entre  a  área  cultivada  e  a  sua  aptidão para  a  agricultura,  pelo  menos  para 
uma  exploração  intensiva  de  culturas  anuais.  Apesar  de  apenas  26%  do  território  português 
apresentar  aptidão  para  a  agricultura,  esta  atividade  apenas  se  desenvolvem  em  43%  dessa 
área. 
→ Desajustamento  entre  as  características  dos  solos  e  as  culturas  praticadas.  Em  Portugal  é 
frequente  observar‐se  uma  total  desadequação  entre  os  produtos  cultivados  e  as 
características físicas e químicas dos solos. 
→ Vulnerabilidade  dos  solos  face  à  erosão.  O  risco  de  erosão,  para  além  das  características  do 
solo,  resulta  ainda  do  regime  pluviométrico,  com  concentração  das  chuvas  num  período 
relativamente  curto  do  ano,  a  rápida  perda  de  matéria  orgânica  por  mineralização,  devido  a 
temperaturas elevadas no verão. 
→ Utilização de fertilizantes químicos que pode conduzir à degradação dos solos e dos aquíferos, 
se não for feita de forma racional.  
 
A agricultura portuguesa e a Política Agrícola Comum 
 
A  PAC  constitui  uma  das  bases  do  Tratado  de  Roma  (1957).  As  primeiras  medidas  tomadas  no  seu 
âmbito só surgem em 1962, altura em que os países comunitários apresentavam muita dependência do 
estrangeiro relativamente ao aprovisionamento de produtos agroalimentares.  
 
O Fundo Europeu de Orientação e Garantia Agrícola (FEOGA) foi criado em 1962 e separado em duas 
secções em 1964: 
→ A  secção  “Orientação”  que  faz  parte  dos  fundos  estruturais,  contribui  para  as  reformas 
estruturais na agricultura e desenvolvimento das áreas rurais. 
A secção “Garantia” que financia as despesas relativas à organização comum dos mercados  
 
A PAC tinha, em 1962, os seguintes objetivos: 
→ Aumentar a produção agrícola; 
→ Melhorar o nível de vida dos agricultores; 
→ Assegurar preços razoáveis dos produtos agrícolas junto dos consumidores; 
→ Proteger os produtos comunitários da concorrência estrangeira. 
 
A  PAC  conseguiu  alcançar  grande  parte  dos  seus  objetivos,  mas  teve  igualmente  consequências 
negativas  para  a  própria  agricultura  (criação  de  excedente  agrícolas,  dificuldade  de  escoamento, 
degradação  ambiental).  Surgiu  assim, em 1992  uma  reforma  da  PAC com  o  objetivo  de  resolver  estes 
problemas. Esta reforma tinha por objetivos: 
→ Controlar a produção: redução dos preços dos produtos 
→ Apoiar o rendimento dos agricultores: cessação da ajuda à produção. Criação de um subsídio 
direto aos agricultores em função da dimensão da exploração. 
→ Acabar com os excedentes agrícolas: diminuição da área cultivada: set aside 
→ Evitar  o  êxodo  rural  e  renovar  a  população  agrícola:  atribuição  de  pré‐reformas  aos 
agricultores e subsídios para os jovens agricultores. 
→ Respeitar  e  valorizar  o  ambiente:  incentivos  e  ajudas  à  florestação,  financiamento  para  a 
proteção  das  águas,  incentivos  à  agricultura  biológica,  redução  dos  adubos  químicos  e 
pesticidas. 
 
 
A PAC no período 2014‐2020: 
→ Contribuir para uma produção alimentar viável 
→ Gerir de forma sustentável os recursos naturais, tendo em atenção as alterações climáticas 
→ Desenvolver os territórios de forma equilibrada 
 
O Impacte da PAC na agricultura portuguesa 
O  PEDAP  (Programa  Específico  de  Desenvolvimento  da  Agricultura  Portuguesa)  permitiu  a 
implementação de várias medidas tendo em vista conduzir à rápida modernização do setor agrário. 
Na  sequência  de  adesão  à  União  Europeia,  registaram‐se  grandes  transformações  na  agricultura 
portuguesa: 
→ Aumento do valor da produção; 
→ Aumento da produção animal; 
→ Aumento da dimensão média das explorações; 
→ Redução do peso da agricultura no emprego; 
→ Redução do número de explorações, especialmente de menor dimensão. 
 
As transformações do setor agrário 
A potencialização do setor agrário é fundamental, mas exige a implementação de uma série de medidas 
que  conduzam  a  transformações  profundas,  capazes  de  aumentar  a  produtividade.  Estas  medidas 
passam por: 
→ Redimensionar  as  estruturas  fundiárias  para  introduzir  mecanização,  diminuir  os  custos  de 
produção e viabilizar economicamente a construção de infraestruturas. 
→ Promover  o  associativismo:  ajudando  à  organização  dos  agricultores  em  cooperativas  ou 
associações de forma a garantir a defesa dos seus direitos, o acesso ao crédito, a melhorar as 
redes de comercialização e armazenamento, o acesso a formação profissional ou o escoamento 
de produtos. 
→ Incentivar a especialização produtiva e introduzir ou desenvolver novas culturas 
→ Aumentar  o  nível  de  instrução  e  qualificação  profissional:  tornado  os  agricultores 
competentes para a utilização de novas técnicas e tecnologias 
→ Rejuvenescer  a  população  ativa:  atraindo  jovens  para  a  agricultura,  através  da  criação  de 
facilidades de crédito, apoio técnico e subsídios. 
→ Modernizar  os  meios  de  produção:  promovendo  a  aquisição  de  máquinas  e  divulgando  a 
utilização de técnicas de cultivo modernas, assentes na investigação científica. 
→ Adequar  a  qualidade  dos  solos  às  culturas  produzidas  para  aumentar  o  rendimento  e  a 
produtividade 
→ Promover  sistemas  de  produção  amigos  do  ambiente  para  garantir  a  conservação  dos 
recursos naturais e a qualidade dos produtos. A agricultura biológica constitui um sistema de 
produção que, neste âmbito, é apoiado pela PAC. 
 
 
A Agricultura Biológica 
É um sistema de produção agrícola (vegetal e animal) que:  
→ Procura a obtenção de alimentos de qualidade superior 
→ Recorrendo a práticas agrícolas sustentáveis 
→ Preservando o solo e o meio ambiente 
→ Evitando  o  recurso  a  adubos  facilmente  solúveis  e  a  produtos  químicos  e  privilegiando  a 
utilização dos recursos locais 
 
IMPACTOS AMBIENTAIS 
 
A (re)descoberta da multifuncionalidade do espaço rural 
O  espaço  rural  português,  pela  extensão  que  ocupa,  pela  população  que  nele  reside  e  pelo  grande  e 
diversificado  potencial  de  recursos  naturais,  humanos  e  culturais  que  encerra,  deve  ser  valorizado  de 
forma a promover o desenvolvimento económico e social.  
A  multifuncionalidade  das  áreas  rurais  pressupõe  uma  diversificação  ao  nível  das  atividades 
económicas a desenvolver, promotora da pluriatividade. A população ativa passará, assim, a dispor de 
atividades  alternativas  e  complementares  que,  além  de  contribuírem  para  melhorar  o  seu  nível  e 
qualidade  de  vida,  ajudarão  à  preservação  dos  recursos,  à  diminuição  das  assimetrias  nacionais,  ao 
mesmo tempo que determinarão a contenção do êxodo rural. 
A multifuncionalidade poderá ser promovida por atividades como: o turismo, a indústria, os serviços, a 
silvicultura ou as energias renováveis. 
→ Turismo  pode  ser  feito  em  casas  de  campo,  agroturismo  e  hotéis  rurais.  As  principais 
vantagens do turismo em espaço rural residem na: 
⇒ Diversificação das atividades económicas e da oferta turística 
⇒ Promoção e conservação dos recursos humanos e naturais das áreas rurais 
⇒ Melhoria da qualidade de vida das populações residentes. 
⇒ Potencialização dos recursos endógenos 
→ Indústria  que  no  espaço  rural  é  maioritariamente  ligada  à  transformação  dos  produtos 
agrícolas, como o leite e fruta. A indústria é um fator importante de dinamização, na medida 
em que: 
⇒ Incentiva o aumento da produção agrícola 
⇒ Serve de complemento ao rendimento dos agregados familiares 
⇒ Impede o abandono generalizado da atividade agrícola  
⇒ Descongestiona as cidades 
⇒ Revaloriza o artesanato 
→ Serviços  a  implantação  e  a  diversificação  dos  serviços  nas  áreas  rurais  revelam‐se 
fundamentais. Permitem melhorar as condições de vida da população, uniformizando o acesso 
à sua utilização e contribuindo para a criação de novos empregos. Simultaneamente, servem de 
suporte ao desenvolvimento das atividades ligadas ao turismo e à indústria. 
 
Programa LEADER 
Foi lançado em 1991 com o objetivo de apoiar ações inovadoras de desenvolvimento rural nas regiões 
desfavorecidas da União. Os projetos associados ao programa LEADER são desenvolvidos a nível local, 
envolvendo  parcerias  entre  diferentes  agentes,  como  autarquias,  associações  profissionais  ou 
recreativas. Entre os principais aspetos do programa LEADER apontam‐se: 
→ Agilidade e eficiência dos apoios financeiros; 
→ Incremento  dado  ao  turismo  em  espaço  rural,  permitindo  aumentar  de  forma  muito 
significativa a oferta existente; 
→ Criação de emprego nas áreas rurais; 
→ Apoio a iniciativas inovadoras e diversificadas, enquadradas por princípios de sustentabilidade; 
→ Promoção,  a  nível  local,  de  novas  competências  ao  nível  da  organização,  preparação  e 
candidatura a novos projetos. 
 
 
 
 
3.2 As áreas urbanas: dinâmicas internas 

Espaço urbano e espaço rural 

Espaço urbano: espaço de grande concentração populacional e construções que funciona como polo de 
atração e onde a terciarização é uma característica fundamental. 

Espaço  rural:  espaço  com  povoamento  menos  denso  com  casas  térreas,  cujos  habitantes  trabalham 
sobretudo na agricultura. 

Definir cidade 
Atualmente, é a Assembleia da República e as Assembleias Regionais das Regiões Autónomas dos Açores 
e da Madeira que conferem a categoria de cidade aos aglomerados que combinam o total de 8000 
eleitores com um determinado conjunto de equipamentos e infraestruturas. É de salientar que nem 
sempre o processo de elevação de um aglomerado à categoria de cidade segue estes critérios, 
constituindo iniciativas de caráter fundamentalmente político‐administrativo, já que, ao abrigo do artigo 
14 da lei nº11/82 de 2 de Junho, “importantes razões de natureza histórica, cultural e arquitetónica 
poderão justificar uma ponderação”. 
As cidades apresentam, porém, alguns aspetos comuns que permitem caracterizá‐las:  
→ Estão dotadas de certos equipamentos sociais e culturais (hospitais, escolas, cinemas, 
transportes públicos, teatros, etc.) 
→ Apresentam uma forte concentração de imóveis 
→ Movimento intenso de pessoas e veículos 
→ Exercem influência económica, cultural, social e político‐administrativa na área envolvente. 
 
Os transportes e a organização do espaço urbano 
A tendência para o aumento da taxa de urbanização em Portugal é, em parte, o resultado da evolução 
verificada  nos  transportes,  que  veio  melhorar  a  acessibilidade  em  todo  o  território  nacional.  Ao 
aumentar a mobilidade, aumenta também o número de ligações entre cidades e o restante território, 
além  de  que  liga  a  própria  cidade  e  a  sua  periferia,  levando  ao  crescimento  dos  subúrbios  e  ao 
despovoamento dos centros. 
 
As áreas funcionais de uma cidade 
→ Áreas terciárias: caracterizam‐se pelo predomínio do comércio, que garante a oferta de bens 
necessários à satisfação das necessidades da população e das empresas, e os serviços públicos 
e  privados,  onde  se  incluem  a  administração  pública,  a  educação,  os  transportes  ou  as 
atividades de lazer.  NO CBD, concentra‐se um grande número de sedes bancárias, companhias 
de seguros, escritórios de grandes empresas, o que o torna o centro financeiro da cidade. Nesta 
áreas,  a  procura  é  maior  que  a  oferta  o  que  faz  com  que  seja  necessária  a  construção  em 
altura. 
→ Áreas  residenciais:  dispersa‐se  por  toda  a  cidade,  segregada  em  função  do  nível 
socioeconómico  da  população.  As  classes  sociais  de  rendimentos  mais  elevados  procuram  os 
subúrbios,  menos  poluídos  e  congestionados.  As  residências  de  população  mais  carenciada 
ocupam,  regra  feral,  os  espaços  mais  degradados  e  insalubres  das  cidades,  muitas  vezes  de 
construção  ilegal,  pelo  que  não  dispõem  de  infraestruturas  e  equipamentos  não  oferecendo 
conduções de habilidade condigna. 
→ Áreas industriais: Os estabelecimentos fabris tendem a situar‐se na periferia das cidades, onde 
existe  uma  menor  renda  locativa,  mais  espaços,  menos  congestionamentos.  No  interior  das 
cidades subsistem as industrias não poluentes, pouco exigentes em espaço, consumidoras de 
matérias‐primas  pouco  volumosas  e  que,  para  subsistirem,  necessitam  de  estar  próximas  da 
clientela, em lugares de grande acessibilidade. 
 
O preço do solo urbano 
O preço do solo é tanto maior quanto menor for a distância ao centro, uma vez que é aí que se cruzam 
os eixos de comunicação, constituindo a área de maior acessibilidade no interior do espaço urbano e, 
por  isso,  a  mais  atrativa  para  muitas  atividades  do  setor  terciário  que  aí  tendem  a  instalar‐se.  A 
concentração de atividades resulta uma forte competição pelo espaço, verificando‐se, frequentemente, 
uma procura superior à oferta. Criam‐se, assim, as condições de especulação imobiliária com a subida 
do preço dos solos. Além da distância ao centro, outros fatores podem condicionar a ocupação do solo, 
existindo  áreas  que,  apesar  de  muito  afastadas  do  centro,  podem  ser  objeto  de  grande  procura, 
assistindo‐se, portanto, à subida do preço dos terrenos. Como causas dessa situação, podem apontar‐se 
a proximidade de boas vias de comunicação, a existência de um bom serviço de transportes públicos, 
um meio ambientalmente bem conservado. 
 
Expansão urbana 
O  crescimento  das  cidades  caracteriza‐se,  numa  primeira  fase  designada  por  fase  centrípeta,  pela 
concentração  de  população  e  das  atividades  económicas  no  seu  interior.  Esta  situação  vai  conduzir  à 
alteração das condições de vida urbana, o que se traduz, quase sempre, na diminuição da qualidade de 
vida  da  população.  A  falta  de  habitação,  a  poluição  sonora  e  atmosférica,  a  insuficiência  de  espaços 
verdes e de lazer e o aumento do trânsito são exemplos de alguns dos problemas com que a população 
passa  a  debater‐se  e  que  estão  na  origem  do  movimento  no  sentido  contrário.  Assiste‐se,  então,  à 
deslocação da população e das atividades económicas para a periferia das aglomerações urbanas. Este 
movimento  corresponde  à  fase  centrífuga  do  crescimento  das  cidades,  ou  seja,  à  fase  de 
desconcentração urbana. 
  O espaço da periferia vai sendo ocupado de uma forma tentacular, pois a expansão faz‐se ao 
longo das vias de comunicação, urbanizando‐se progressivamente, segundo um processo a que se dá o 
nome  de  suburbanização.  A  deslocação  da  população  e  das  atividades  económicas  resulta  da 
conjugação de vários fatores, nomeadamente do desenvolvimento dos transportes públicos suburbanos 
e do aumento do número de automóveis particulares, responsável pela maior mobilidade da população, 
tornando possível a separação entre o local de trabalho e o local de residência. Aponta‐se, também, a 
maior disponibilidade dos terrenos da periferia e o  menor valor do solo como importantes fatores de 
atração para a instalação de atividades económicas exigentes em espaço, assim como para a aquisição 
de habitação. 
  O crescimento das cidades para além dos seus limites torna cada vez mais difícil estabelecer as 
fronteiras  do  espaço  urbano  e  do  espaço  rural,  podendo  observar‐se,  para  além  da  cintura  formada 
pelos subúrbios, áreas onde atividades e estruturas urbanas se desenvolvem, misturando‐se com outras 
de  caráter  rural,  processo  conhecido  pela  designação  de  periurbanização. 
  A  rurbanização  constitui  uma  nova  tendência  de  deslocação  da  população  urbana  para  os 
espaços rurais, em busca de condições de vida com mais qualidade do que as que encontra nas cidades 
e nos subúrbios. Reflete‐se em alterações significativas de aspetos sociais e culturais que caracterizam 
os meios rurais. 
 
As áreas metropolitanas 
  As AM detém um elevado potencial polarizador do território, uma vez que o seu dinamismo 
económico atrai população e emprego. O dinamismo funcional e territorial assenta numa densa rede de 
transportes intermodal, onde se concretizam intensos fluxos de pessoas e bens, motivados, para além 
do  trabalho,  por  razões  ligadas  ao  ensino,  à  cultura  ou  ao  desporto.  Os  movimentos  pendulares 
constituem um dos aspetos relevantes desses fluxos que atingem o seu auge nas horas de ponta e que 
traduzem  uma  organização  territorial  nova,  em  que  não  se  verifica  coincidência  entre  o  local  de 
residência e o local de trabalho. 
 
As Áreas Metropolitanas surgiram devido: 
• Ao forte êxodo rural, em particular, a partir da década de 60 do século XX; 
• Ao reforço do processo de suburbanização particularmente à volta de Lisboa e do Porto; 
• À instalação de atividades económicas e aumento da oferta de emprego; 
• À criação de infraestruturas de transporte e de equipamentos públicos. 
 
Os problemas urbanos 
→ Saturação  das  infraestruturas  nomeadamente  nas  carências  nos  equipamentos  sociais  de 
educação  e  saúde,  elevada  produção  de  lixos  domésticos,  que  obriga  a  um  tratamento  e 
eliminação dos mesmos, deficiente limpeza das ruas, contaminação dos aquíferos e cursos de 
água. 
→ Redução da mobilidade e da acessibilidade devido à insuficiência dos sistemas de transportes 
públicos,  ao  intenso  tráfego  automóvel  que  desencadeia  frequentes  congestionamentos,  ao 
estacionamento caótico, tudo isto fatores que provocam poluição atmosfera, sonora, fadiga e 
stress. 
→ Aumento da pobreza e da exclusão social devido à desqualificação da população, aliado a um 
nível baixo de salários e aos fracos apoios da segurança social, baixas reformas e pensões de 
velhice, abandono de idosos, etc. 
→ Despovoamento  e  envelhecimento  do  centro  predomínio  dos  habitantes  mais  envelhecidos, 
sem  recursos  económicos  para  reabilitar  os  edifícios,  desinteresse  dos  proprietários  pela 
conservação dos edifícios, fraca qualidade do parque habitacional do centro, despovoamento. 
→ Habitação  clandestina  e  bairros  de  lata  que  traduzem  uma  segregação  espacial  e  ética, 
geradora  de  vários  tipos  de  marginalidades.  Assim,  assiste‐se  a  uma  degradação  estética  da 
paisagem urbana provocada pelos edifícios devolutos, reduzindo o interesse turístico. 
 
O planeamento urbano 
Uma política coerente de desenvolvimento urbano tem como preocupações centrais: 
→ A qualidade de vida e sustentabilidade das cidades 
→ Viabilidade económica cas cidades 
→ Atenuação dos desequilíbrios territoriais. 
→ Valorização do património e das manifestações culturais 
→ A coesão social e a promoção da cidadania 
 
O planeamento urbano surge, então, como um processo que visa a resolução dos problemas nas áreas 
urbanas, mas também a sua prevenção.  
 
De entre os vários instrumentos de planeamento, destacam‐se os instrumentos de gestão territorial de 
caráter municipal: 
• Plano  diretor  municipal  (PDM):  plano  de  ordenamento,  estabelece  o  modelo  de  estrutura 
espacial do território municipal, estratégia de desenvolvimento e ordenamento (classificação e 
qualificação do solo). 
• Plano  de  urbanização  (PU):  plano  de  zonamento,  define  a  organização  espacial  de  parte 
determinada do território municipal integrada no perímetro urbano. 
• Plano  de  pormenor  (PP):  plano  de  implantação,  desenvolve  e  concretiza  propostas  de 
organização espacial de qualquer área específica do território municipal, definido com detalhe 
a correção e aforma de conceção, servindo de base aos projetos de execução. 
3.3 A rede urbana e as novas relações cidade‐campo 
 
As características da rede urbana 
É de assinalar a localização do maior número de cidades junto do litoral, especialmente na proximidade 
do  Porto  e  de  Lisboa.  Contrastando  com  esta  situação,  o  interior  do  país  apresentam  um  número  de 
cidades muito inferior ao litoral e algumas delas com dimensões populacionais reduzidas. Tal como no 
continente,  também  nas  RA  dos  Açores  e  da  Madeira  os  principais  aglomerados  populacionais  se 
localizam junto ao litoral, próximos dos portos marítimos, elos fundamentais na ligação ao exterior. 
 
Padrões de distribuição das cidades 
No estudo das redes urbanas identificam‐se diversos padrões de distribuição das cidades, como: 
→ Rede monocêntrica: uma metrópole, normalmente a capital do país, que se sobrepõe ao resto 
das cidades. Ex. França, Reino Unido 
→ Rede policêntrica: na qual não se identifica uma metrópole principal, mas duas ou mais cidades 
de grande dimensão e que apresentam funções urbanas de nível superior de tipos diferentes, 
mas que se complementam.  
 
A hierarquia dos lugares na rede 
Por meio dos bens e das funções que oferecem, as áreas urbanas estabelecem entre si e com as áreas 
rurais  relações  de  complementaridade  que  levam  a  existência  de  interações  espaciais  e  de 
interdependências. 
A área que envolve a cidade e se encontra sob a sua dependência direta denomina‐se área de influência 
ou hinterland. 
Designa‐se  por  lugar  central  qualquer  aglomerado  onde  ser  exerça  pelo  menos  uma  função  central, 
entendida como qualquer atividade económica, social e cultural que assegure o fornecimento de bens 
centrais. 
A  área  de  influência  de  cada  lugar  central  é  determinada  pelo  alcance  da  função  central  mais  rara, 
prestada nesse lugar central, entendendo‐se por raio de eficiência de um bem central. 
Os centros urbanos hierarquizam‐se, deste modo, por níveis ou ou ordens, com base nos bens e serviços 
que fornecem: os centros de ordem inferior correspondem aos que apresentam a menor centralidade e 
os de nível superior aos que, além de disporem de bens e serviços vulgares, oferecem igualmente bens 
e serviços raros, com um maior raio de eficiência. As capitais ocupam, geralmente, o topo da hierarquia. 
Em Portugal, esse nível é ocupado por Lisboa, capital do país, cidade com a máxima centralidade e com 
a maior área de influência. Na hierarquia dos centros urbanos portugueses, à cidade de Lisboa segue‐se 
a cidade do Porto. 
A  rede  urbana  portuguesa  caracteriza‐se  igualmente  por  uma  litoralização,  com  o  reforço  da 
bipolarização  –  as  AM  de  Lisboa  e  do  Porto  concentram,  atualmente,  cerca  de  40%  da  população 
portuguesa.   População Residente (Milhares)
Hierarquia Urnana
  3000000

 
2500000

 
  2000000

 
  1500000

 
  1000000

500000

0
 
 
 
A rede urbana portuguesa no contexto europeu 
  A afirmação internacional exige a existência de cidades que exerçam funções de nível superior, 
que  lhes  permitam  desempenhar  um  papel  com  relevância  a  nível  económico,  tecnológico,  cultural  e 
científico, no cenário internacional. 
  A  pequena  dimensão  das  cidades  portuguesas  e  das  duas  áreas  metropolitanas,  quando 
comparadas  com  áreas  metropolitanas  de  outros  países,  não  lhes  permite  assegurar  um  papel 
importante na rede urbana europeia. 
  Na  Península  Ibérica  evidencia‐se  o  domínio  de  Madrid  e  a  localização  marginal  de  Lisboa, 
posicionada ao nível de cidades como Barcelona, Valência ou Sevilha. Em oposição a Portugal, Espanha 
apresentada  uma  rede  urbana  mais  equilibrada,  com  várias  cidades  a  posicionarem‐se  a  níveis 
relativamente próximos do da capital.  
  A hierarquização das cidades na rede internacional avalia‐se através de vários critérios, entre 
os  quais  se  salienta  o  total  da  população,  o  número  de  feiras  e  exposições  de  cariz  internacional 
realizadas, o tráfego aéreo, o desenvolvimento de atividades de caráter cultural, a presença de sedes 
de multinacionais, etc. 
 
Medidas conducentes ao equilíbrio da rede urbana 
  Para combater o desequilíbrio da rede urbana deve‐se Apostar num equilíbrio da rede urbana 
nacional  para  atingir  uma  maior  coesão  territorial  e  social,  daí  a  importância  das  Políticas  de 
Ordenamento  Urbano,  que  poderão  promover  o  desenvolvimento  regional  pela  adoção  de  medidas 
que: 
⇒ Potencializem as especificidades de cada região; 
⇒ Facilitem a coordenação de ações ao nível da administração local; 
⇒ Reforcem a complementaridade entre os diferentes centros urbanos; 
⇒ Permitam  desenvolver  cidades  e  sistemas  urbanos  do  Interior  que  funcionem  como  polos 
regionais de desenvolvimento; 
⇒ Apostem claramente num desenvolvimento sustentável das cidades. 
 
O papel das cidades médias 
  O  desenvolvimento  do  nosso  país  passa  pela  reorganização  do  sistema  urbano  e  este  pela 
revitalização  das  cidades  de  média  dimensão.  Estas  cidades  poderão  contribuir  para  atenuar  o 
crescimento das grandes aglomerações que se debatem, atualmente, com excesso de população, face 
às  infraestruturas  e  equipamentos  de  que  dispõem,  de  que  resultam  graves  problemas  sociais, 
económicos e ambientais, entre vários outros a enunciar.  
  O investimento nas redes de transportes, no desenvolvimento de estruturas e equipamentos 
contribui  para  ultrapassar  problemas  de  desfasamentos  entre  cidades  médias  e  cidades  de  maior 
dimensão, permitindo 
• A redução dos tempos de deslocação 
• Uma organização do território mais equilibrada 
• Desenvolvimento de atividades de hierarquia superior 
• Terciarização da economia e consequente capacidade polarizadora 
 
Consequências da concentração urbana 
→ Redução do nível de serviço às populações e atividades; 
→ Dificuldade na circulação de informação; 
→ Agravamento do congestionamento das áreas metropolitanas; 
→ Perda de competitividade económica no quadro internacional. 
 
 
A complementaridade cidade‐campo 
A  cidade  sempre  foi  procurada  pela  população  rural  como  local  de  comércio  por  excelência  e  de 
concentração de serviços altamente especializados no âmbito da saúde, da educação ou da justiça, ou 
ainda  como  polo  de  difusão  cultural  e  de  oferta  de  trabalho.  No  sentido  contrário,  as  áreas  rurais 
sempre  foram  fundamentais  para  a  dinâmica  urbana  como  áreas  produtoras  de  bens  alimentares  e 
como  reserva  de  mão‐de‐obra.  Atualmente,  as  áreas  ruais  são  procuradas  também  pela  paisagem, 
como espaço de lazer, de habitação e pelas oportunidades de emprego que geram ao nível de variados 
serviços e até de alguma indústria.   
O  crescimento  harmonioso  do  país  passa  pela  redução  das  disparidades  internas  e  estas  pelo 
desenvolvimento  das  áreas  rurais,  que  se  desejam  mais  equipadas  e  infraestruturadas,  de  forma  a 
oferecer  à  população  residente  condições  de  vida  mais  atrativas  e  com  mais  qualidade.  É  também 
fundamental  promover  a  implantação  de  serviços  e  potencializar  os  recursos  endógenos,  de  modo  a 
aumentar a dinâmica económica destes espaços. 
 
Tema IV : A população, como se movimenta e comunica 

4.1 A diversidade dos modos de transporte e a desigualdade espacial das redes 

  As redes de transporte e de comunicação constituem o “sistema circulatório” que mantém viva 
a economia mundial, profundamente globalizada. É nestas redes que circulam pessoas, capitais, bens, 
serviços  e  informação  variada,  fundamentais  nas  sociedades  modernas.  O  desenvolvimento  dos 
transportes veio, segundo o geógrafo americano Ronald Abler, “encolher” o mundo, proporcionando 
a compressão espaço‐tempo. 
  A  crescente  interação espacial  tem  como  suporte a  rede de  transportes  e  os  vários  meios  de 
transporte, que, ao longo do século XX sofreram uma enorme evolução. 
  O  aumento  da  mobilidade  permitiu  desenvolver  o  comércio  e,  consequentemente,  as 
atividades produtivas, quer a nível regional quer a nível internacional, diminuir as assimetrias regionais 
e, portanto, melhorar as condições de vida e de bem‐estar da população. Ao mesmo tempo, ajudou à 
expansão de novas formas de organização de espaço, referindo‐se, a título de exemplo, o crescimento 
dos subúrbios das grandes cidades e a redistribuição espacial da população. 
 
Quanto à competitividade, a escolha do modo de transporte a utilizar depende de vários fatores como o 
custo do transporte, o tipo de mercadoria a transporte, a distância a vencer, o tempo gasto no percurso 
e o tipo de trajeto a percorrer. 
 
  O transporte rodoviário apresenta uma grande flexibilidade, permitindo o transporte porta a 
porta,  que  elimina  a  necessidade  de  transbordo  e,  por  outro  lado,  revela‐se  rápido  e  cómodo.  Este 
modo de transporte tem vindo a ser objeto de uma considerável evolução tecnológica que se traduz no 
aumento da capacidade de carga e de especialização para o transporte de mercadorias diversificadas. 
Tudo isto se reflete na diminuição dos custos de transporte e no aumento da sua competitividade face a 
outros  meios.  Apesar  disto,  o  transporte  rodoviário  também  se  apresenta  como  um  fator  de 
congestionamento  dos  centros  urbanos,  de  um  elevado  consumo  de  combustível,  um  aumento  da 
poluição e do desgaste psicológico, entre outros. Este transporte também tem como condicionador da 
competitividade uma elevada sinistralidade.  
 
  A via ferroviária apresenta‐se como um meio de transporte economicamente vantajoso para o 
tráfego de mercadorias pesadas e volumosas, a médias e longas distâncias, com maior capacidade de 
carga,  menor  consumo  de  energia  e  menor  poluição  do  que  o  transporte  rodoviário.  Caracteriza‐se, 
ainda,  por  uma  baixa  sinistralidade  e  um  aumento  da  velocidade  média.  Como  aspetos  negativos,  é 
importante destacar que é um meio de itinerários fixos, o que se traduz numa menor flexibilidade e na 
exigência de transbordo, aumentando o custo de transporte, não só pela perda de tempo que implica 
como pela mão‐de‐obra utilizada. Por fim, é importante referir que é um meio com elevados encargos a 
nível de manutenção e funcionamento das infraestruturas e equipamentos, quando comparado com o 
transporte rodoviário. 
 
  O transporte marítimo revela‐se especialmente vantajoso, sob o ponto de vista económico, no 
tráfego de  mercadorias pesadas  e  volumosas,  a  longas  distâncias,  revelando‐se  muitas  vezes  o  único 
possível  quando  se  trata  de  trajetos  intercontinentais.  A  crescente  especialização  que  vem 
apresentando torna‐o  cada  vez  mais  atrativo,  pois  confere‐lhe  a  possibilidade  de  transportar  variados 
tipos  de  mercadorias  em  boas  condições  de  acondicionamento.  Este  meio  de  transporte  apresenta, 
como maiores inconvenientes, a menor velocidade média alcançada e a necessidade de transbordo. 
 
  O transporte aéreo encontra‐se especialmente vocacionado para o transporte de passageiros, 
dada  a  sua  rapidez,  comodidade  e  até  segurança  que  oferece.  Relativamente  ao  transporte  de 
mercadorias,  a  sua  utilização  é  restrita,  dada  a  fraca  capacidade  de  carga  e  os  elevados  custos  de 
transporte.  É  especialmente  indicado  para  o  transporte  de  mercadorias  leves,  pouco  volumosas,  de 
elevado valor unitário e perecíveis. Como aspetos negativos, aponta‐se a poluição que afeta, sobretudo, 
a população que séride ou trabalha próximo dos aeroportos, o enorme consumo de energia que implica, 
a saturação do espaço aéreo, que se reflete no decréscimo da segurança. 
 
  Já  quanto  à  complementaridade,  o  transporte  multimodal  apresenta‐se  como  uma  solução 
para reduzir a utilização excessiva do transporte rodoviário, ao permitir que a mercadoria, numa parte 
do seu percurso, viaje utilizando outro meio de transporte, designadamente o ferroviário. São várias as 
vantagens que daí resultam, pois permite diminuir o trânsito das vias rodoviárias, reduzir a poluição e o 
consumo de energia, assim como o tempo de deslocação. 
 
A distribuição espacial das redes de transporte em Portugal 
 
→ Rede Rodoviária Nacional 
 
  Com  o  PNR  2000  a  rede  de  estradas  passou  a  apresentar  a  seguinte  estrutura:  Rede 
Fundamental, Rede Complementar e Estradas Nacionais. 
  A  Rede Fundamental  é constituída  por nove  Itinerários 
Principais  (IP),  onde  se  incluem  autoestradas  que  asseguram  a 
ligação entre os principais centros urbanos com influência supra 
distrital e com os principais portos, aeroportos e fronteiras. Esta 
rede  integra‐se  também  na  Rede  Internacional,  permitindo,  por 
isso, uma ligação mais rápida ao centro da Europa. 
  A Rede Complementar é constituída pelas estradas que 
fazem a ligação entre a Rede Fundamental e os centros urbanos 
de  influência  concelhia  ou  supraconcelhia,  mas  infradistrital,  e 
pelas estradas que asseguram a ligação dentro das AM de Lisboa 
e do Porto. Os Itinerários Complementares (IC) permitem, assim, 
estabelecer  as  ligações  intermédias.  Nesta  rede  incluem‐se  as 
Estradas Nacionais (EN) e Estradas Municipais (EM). As primeiras 
estabelecem  ligações  supramunicipais  e  complementam  a  Rede 
Rodoviária Nacional, as segundas têm como função ligar as sedes de concelho às diferentes freguesias e 
povoações e estas entre si. São vias hierarquicamente inferiores às outras, mas de grande importância 
para a área que servem. 
 
  Há  claras  assimetrias  na  distribuição  da  rede  rodoviária  em  Portugal,  principalmente  entre  o 
litoral e o interior. Portugal criou estas assimetrias regionais ao ter dado privilégio à construção das vias 
do litoral. Existe um claro desequilíbrio entre o litoral norte e centro (de Braga a Setúbal) e o restante 
território. Assim, a rede rodoviária nacional pretende ligar as duas principais cidades de Portugal, criar 
ligações  eficazes  entre  capitais  de  distrito  e  criar  conexões  com  Espanha  e  a  Europa,  não  se  focando 
tanto no interior. 
 
→ Rede Ferroviária Nacional 
  A  Rede  Ferroviária  Nacional  (RFN)  não  se  distribui  de 
forma regular no território nacional e apresenta‐se hierarquizada. 
Revela, na sua distribuição, fortes assimetrias regionais, quer no 
que  diz  respeito  à  densidade  quer  ao  total  de  passageiros  e 
mercadorias transportados, mais concentrados na Linha do Norte 
e nas linhas suburbanas do que nas restantes. A rede apresenta‐
se então estruturada em três categorias:  
⇒ Rede Fundamental:  
→ Eixo  Norte‐Sul  de  Braga  a  Olhão,  tendo  um 
trajeto  litoral  no  Norte  e  Centro  e  um  trajeto 
mais interior no Sul 
→ Eixo Transversal no sentido sudoeste‐nordeste, 
com  ligação  internacional.  É  a  linha  da  Beira 
Alta, de Pampilhosa a Vilar Formoso. 
→ Eixo  Barreiro‐  Évora,  correspondente  em 
grande parte à linha do Alentejo 
⇒ Rede  Complementar:  constituída  por  linhas 
consideradas  de  utilidade  pública,  mas  pouco  rentáveis 
economicamente,  cuja  manutenção  e  funcionamento 
são de competência do Estado. 
⇒ Rede Secundária: constituída por linhas que, não sendo 
de interesse nacional, são de interesse local e regional e cuja manutenção e funcionamento é 
da responsabilidade das autarquias locais.  
 
→ Rede Nacional de Portos 
  O  Porto  de  Sines  é  o  mais  recente  dos  portos  portugueses  e  é  constituído  por  terminais 
vocacionados  para  produtos  petrolíferos,  petroquímicos,  carboníferos  e  de  carga  geral.  É  considerado 
um dos melhores portos portugueses para a receção de navios de grande calado (devido às suas águas 
profundas),  encontrando‐se  bem  servido  de  infraestruturas  rodoviárias  e  ferroviárias  que  asseguram 
ligações rápidas ao resto do país. Concretizando‐se os investimentos ferroviários previstos, com ligação 
a Espanha, a sua importância estratégica será significativamente valorizada.  
  O Porto de Setúbal serve uma região de franco desenvolvimento industrial (localizado perto do 
maior cluster automóvel português) e é atualmente considerado um dos principais portos portugueses. 
Dada  a  sua  proximidade  ao  porto  de  Lisboa,  que  se  apresenta  muito  congestionado  face  aos 
movimentos que nele se registam, pode vir a constituir‐se como uma alternativa, tanto mais que dispõe 
de ótimas condições naturais e grandes possibilidades de expansão 
  O Porto de Leixões está localizado em Matosinhos, próximo da foz do Douro e insere‐se numa 
região  de  forte  dinamismo  industrial.  É  considerado  o  terceiro  porto  mais  importante  do  país, 
relativamente  ao  volume  das  cargas  movimentadas.  Envolvido  por  uma  área  densamente 
urbanizada, que condiciona o seu desenvolvimento e expansão, tem previstas importantes obras de 
intervenção, com o objetivo de melhorar a sua acessibilidade, quer por mar quer por terra, assim 
como a sua modernização. 
  O  Porto  de  Lisboa  tem  uma  vasta  importância  por  se  localizar  perto  do  maior  centro  de 
consumo  do  país.  Neste  porto,  é  importante  destacar  que  existe  um  grande  movimento  de 
cruzeiros e de barcos de lazer em geral, mas também é um porto de referência na movimentação 
de carga contentorizada e de graneis sólidos agroalimentares.   
 
→ Rede Nacional de Aeroportos 
  Aeroporto  de  Lisboa  (Portela):  detém  o  maior  tráfego  de  passageiros  e  mercadorias  que  se 
regista  a  nível  nacional.  Apesar  dos  avultados  investimentos,  debate‐se  com  graves  problemas, 
especialmente  ligados  ao  progressivo  aumento  do  tráfego  de  passageiros  e  mercadorias  e  à 
impossibilidade de ampliação, condicionada pelo crescimento da cidade de Lisboa.  
  Aeroporto  Francisco  Sá  Carneiro:  é  o  segundo  aeroporto  mais  importante  do  país 
relativamente  ao  tráfego  de  passageiros  e  ao  nível  do  movimento  de  mercadorias.  Nos  últimos  anos 
sofreu  profundas  obras  de  ampliação  e  a  sua  acessibilidade  foi  melhorada  com  a  construção  de  um 
ramal de ligação da rede do metropolitano do Porto. 
  Aeroporto  de  Faro:  especialmente  vocacionado  para  voos  internacionais  não  regulares,  é  o 
terceiro maior aeroporto do país quanto ao tráfego de passageiros, na sua maioria turistas que visitam o 
Algarve em férias. O tráfego de mercadorias é pouco significativo. 
 
 
Corredores intermodais da Península Ibérica 
  A  integração  europeia  dos  corredores  estruturantes  nacionais  assenta  numa  rede  que  se 
organiza  a  partir  de  um  eixo  norte‐sul  e  de  quatro  eixos  transversais  e  diagonais,  materializados  nos 
modos rodoviário (rede fundamental), ferroviário e em alguns projetos portuários e aeroportuários. Os 
quatro grandes corredores (excluindo‐se o do Ebro por não afetar diretamente Portugal) são:  
⇒ O  corredor  galaico‐português:  eixo  de  orientação  norte‐sul  que  liga  por  via  rodoviária  e 
ferroviária Vigo, Orense, Porto e Lisboa. Está diretamente conectado com os portos de Leixões 
e de Lisboa/Setúbal, assim como aos aeroportos de Lisboa e do Porto. 
⇒ O corredor Irún‐Portugal: eixo que liga por via rodoviária e ferroviária Irún, Valladolid, Guarda, 
Lisboa  e  Porto:  podendo  conectar‐se  com  os  portos  de  Leixões,  Aveiro,  Lisboa/Setúbal  e  o 
Aeroporto  do  Porto.  É  um  corredor  que  deriva  para  sul,  constituindo  um  percurso 
complementar assente na linha da Beira Baixa e nas novas autoestradas do IP6 e do IP2. 
⇒ O corredor da Estremadura: ligação ferroviária entre Lisboa e Madrid, podendo incluir no seu 
trajeto Évora/Badajoz, em articulação com as plataformas portuárias de Lisboa/Setúbal e Sines, 
e ainda as plataformas logísticas programadas para a região de Setúbal e de Sines 
⇒ O corredor mediterrânico: eixo orientado para o transporte de passageiros, que ligará por via 
rodoviária e ferroviária Lisboa, Faro e Huelva/Sevilha, em articulação com o aeroporto de Faro. 

As políticas de transportes 
O  programa  da  Política  Comum  de  Transportes  (PCT)  prevê  a  implementação  de  um  conjunto  de 
medidas que assentam, em síntese, nas seguintes orientações: 
→ Revitalizar o caminho‐de‐ferro; 
→ Promover o maior uso do transporte marítimo e fluvial; 
→ Criar a Rede Transeuropeia de Transportes; 
→ Desenvolver transportes urbanos de qualidade; 
→ Reforçar a segurança rodoviária; 
→ Conciliar o previsto crescimento do transporte aéreo com o meio ambiental.   
 
4.2 A revolução das telecomunicações e o seu impacto nas relações interterritoriais 
 
  A  sociedade  moderna  em  que  vivemos  caracteriza‐se  pela  crescente  internacionalização  da 
economia, pela rapidez e facilidade de acesso à informação, pela uniformização de padrões de vida, 
pela simplificação de complexos processos de gestão e administração. 
  A  partir  dos  anos  80  e,  em  parte,  devido  À  adesão  de  Portugal  à  UE,  as  telecomunicações 
nacionais registaram uma modernização notável, apresentando‐se hoje ao nível dos mais desenvolvidos 
da Europa. 
 
A distribuição espacial das redes de comunicação 
O território nacional está praticamente coberto, apenas havendo áreas como as mais montanhosas, as 
menos  povoadas  e  em  algumas  áreas  das  ilhas  atlânticas  que  têm  uma  cobertura  deficiente.  À  escala 
europeia, é nos países mais periféricos onde se verifica uma maior penetração dos telefones móveis. 
 
Papel das TIC no dinamismo dos espaços geográficos 
O acesso às TIC revela‐se fundamental para o desenvolvimento equilibrado da sociedade e do território, 
desempenhando um papel novo na criação de emprego e de riqueza. Com as TIC, o mundo que vivemos 
é  cada  vez  mais  global,  sem  fronteiras  e  os  contactos  entre  regiões  são  cada  vez  mais  intensos  e 
frequentes, apesar das enormes distâncias que as podem separar.~ 
 
4.3 Os transportes, as comunicações e a qualidade de vida da população 
 
  O  aumento  da  mobilidade  e  da  difusão  de  informação  tem  conduzido  ao  aparecimento  de 
novos estilos de vida, de novas formas de trabalho e comércio, de novos modelos de organização do 
espaço.  São  responsáveis,  sem  dúvida,  pela  redução  das  assimetrias,  pela  quebra  do  isolamento  de 
regiões mais periféricas e pela melhoria da qualidade de vida da população. 
  Também em Portugal, os setores dos transportes e das comunicações assumem cada vez maior 
relevância  em  vários  domínios  da  sociedade.  Além  de  contribuírem  de  forma  significativa  para  o 
aumento  do  PIB,  os  seus  efeitos  multiplicadores  noutros  setores  da  economia  devem  ser  também 
considerados.  Assim,  têm  contribuído  para  a  modernização  das  empresas  nacionais  e  para  apoiar  a 
fixação  de  empresas  estrangeiras  no  território  nacional.  Salienta‐se,  igualmente,  o  seu  papel  na 
aproximação das áreas mais desenvolvidas com as mais periféricas. 
 
Tema V: A integração de Portugal na União Europeia: Novos Desafios, Novas 
Oportunidades 

5.1 Os desafios, para Portugal, do alargamento da União Europeia 

Formação e alargamento da União Europeia 

Até 2013 tiveram lugar os seguintes alargamentos: 
1957 – Bélgica, Luxemburgo, Itália, França, Alemanha, Holanda  
1973 – Dinamarca, Reino Unido e Irlanda 
1981 ‐ Grécia 
1986 – Portugal e Espanha 
1995 – Áustria, Finlândia e Suécia 
2004  –  Chipre,  Eslovénia,  Eslováquia,  Estónia,  Letónia,  Lituânia,  República  Checa,  Hungria,  Malta  e 
Polónia 
2007 – Bulgária e Roménia 
2013 – Croácia 
 
  O processo de alargamento constituiu uma das principais componentes estratégicas da União 
Europeia,  atingindo  o  alargamento  de  2004  um  enorme  significado,  tanto  pela  dimensão  como  pelo 
número  de  países  envolvidos.  Foi,  por  isso,  um  processo  preparado  com  rigor  e  antecedência, 
nomeadamente  pelas  repercussões  políticas,  económicas  ou  sociais  decorrentes,  com  efeitos 
significativos para os estados aderentes como para os já integrantes da União Europeia, como Portugal. 

  Constituem  propósitos  do  alargamento,  a  reunificação  do  continente  europeu,  o  reforço  da 
paz  e  da  estabilidade,  o  consolidar  da  segurança  e  da  prosperidade  na  Europa,  recuperando  o 
dinamismo  económico  e  a  competitividade,  dando  respostas  efetivas  às  exigências  dos  cidadãos, 
proporcionando melhores respostas aos desafios 

Critérios de adesão  
O  Conselho  Europeu,  reunido  em  Copenhaga,  em  1993,  enunciou  pela  primeira  vez  as  condições  de 
adesão  dos  países  da  Europa  central  e  oriental  (PECO),  que  ficaram  conhecidas  por  critérios  de 
Copenhaga. Os países candidatos à UE deveriam estar enquadrados por três critérios: 
→ Critério  político:  os  países  candidatos  devem  possuir  instituições  estáveis  que  garantam  a 
democracia, o Estado de direito, os direitos do Homem e o respeito e a proteção das minorias. 
→ Critério  económico:  os  países  candidatos  devem  ter  uma  economia  de  mercado  em 
funcionamento  e  a  capacidade  para  fazer  face  à  pressão  da  concorrência  e  às  forças  do 
mercado no interior da União Europeia. 
→ Critério  do  acervo  comunitário:  os  países  candidatos  devem  ter  a  capacidade  de  assumir  as 
obrigações  decorrentes  da  adesão,  incluindo  a  adesão  aos  objetivos  de  união  política, 
económica e monetária. Isto significa que os países candidatos devem adotar integralmente o 
corpo legislativo da UE – o designado acervo comunitário. 
 
As implicações, em Portugal, do alargamento a Leste 
→ Aumento do caráter periférico 
→ Desvio dos fundos de investimento estrangeiro; 
→ Deslocalização de algumas empresas; 
→ Aumento ad concorrência das exportações portuguesas; 
→ Redução dos fundos estruturais. 
 
5.2 A valorização ambiental em Portugal e a política ambiental da União Europeia 
 
Na UE, está atualmente em vigor, em matéria ambiental, o 7º Programa Geral de Ação, até 2020. Este 
programa assenta em 4 vetores fundamentais: 
→ Resolução de grandes problemas ambientais e oportunidades para tornar o ambiente mais 
resiliente a riscos e alterações sistémicas; 
→ Orientação de políticas em torno da Estratégia Europa 2020, para um crescimento inteligente, 
sustentável e inclusivo; 
→ Necessidade de reformas estruturais e a possibilidade de novas oportunidades para o avanço 
da UE para uma economia verde inclusiva. 
→ Realce da CimeiraRio+20 para a dimensão das preocupações ambientais a nível mundial. 
Os seus principais objetivos são: 
→ Proteger, conservar e forçar o capital natural da UE; 
→ Tornar a União numa economia hipocarbónica, eficiente na utilização dos recursos, verde e 
competitiva; 
→ Proteger os cidadãos da União contra pressões de caráter ambiental e riscos para a saúde e o 
bem‐estar; 
→ Melhorar a integração e a coerência das políticas ambientais; 
→ Aumentar a sustentabilidade das cidades da União; 
→ Melhorar a fundamentação da política do ambiente. 
 
Os impactos das políticas ambientais europeias e a realidade portuguesa 
Como país‐membro da UE, Portugal tem de acompanhar as diretivas europeias em matéria ambiental. 
Após a sua adesão à UE, Portugal publicou, em 1987, a sua Lei de Bases do Ambiente, que se encontra 
em vigor até hoje. 
Em Portugal, as prioridades em termos ambientais têm sido: 
→ O tratamento dos resíduos sólidos urbanos e industriais; 
→ A gestão e conservação dos recursos hídricos; 
→ Requalificação da orla costeira; 
→ Preservação da biodiversidade. 
 
  A Água  
O  Plano  Nacional  de  Água  (PNA)  e  os  Planos  da  Bacia  Hidrográfica  (PBH)  são  documentos  de 
enquadramento  que  integram  a  política  de  planeamento  e  de  gestão  dos  recursos  hídricos  nacionais, 
sobretudo  porque  a  água  é  um  bem  escasso,  sujeito  a  uma  grande  irregularidade  e  com  uma 
distribuição no país. Nestes Planos estão propostas, entre outras, as seguintes medidas: 
→ Garantia dos caudais ambientais permanentes; 
→ Reabilitação e conservação dos ecossistemas; 
→ Eficiência da rega e controlo das perdas; 
→ Proteção das origens da água destinada ao consumo humano; 
→ Minimização dos efeitos das secas e de acidentes de poluição. 
 
  A Orla Costeira 
O  Plano  de  Ordenamento  da  Orla  Costeira  (POOC)  é  um  plano  que  visa,  em  simultâneo,  reduzir  as 
situações de risco numa costa submetida a processos de forte erosão e articular os valores, ecológicos e 
patrimoniais com o crescimento de uma atividade económica sustentável orientada para o lazer e para 
o turismo. 
 
  Os resíduos 
A  produção  de  resíduos  urbanos  dá  lugar  a  processos  de  sinal  contrário:  a  produção  de  resíduos  tem 
sido encarada com um indicador de desenvolvimento e o desenvolvimento exige a redução na produção 
de resíduos, apontando, nomeadamente, para a importância da reutilização e da reciclagem. 
O Plano Estratégico Setorial de Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos (PERSU) constitui um documento 
criado para a harmonização com a norma comunitária, visando a “prevenção (redução e reutilização), a 
valorização (reciclagem e recuperação) e, finalmente, o confinamento seguro”. 
 
  Rede natura 2000 
É  uma  rede  ecológica  no  âmbito  europeu  que  tem  por  objetivo  “contribuir  para  assegurar  a 
biodiversidade através da conservação dos habitats naturais e da fauna e flora selvagens” no território 
da  União  Europeia.    É  composta  por  áreas  de  importância  comunitária  para  a  conservação  de 
determinados  habitats  e  espécies,  nas  quais  as  atividades  humanas  deverão  ser  compatíveis  com  a 
preservação  desses  valores  naturais,  visando  uma  gestão  sustentável  do  ponto  de  vista  ecológico  e 
tomando, simultaneamente, em consideração as exigências económicas, sociais, culturais, bem como as 
particulares regionais e locais. 
 
5.3 As regiões portuguesas no contexto das políticas regionais da União Europeia 
  As assimetrias regionais constituem uma das características mais evidentes da UE. Através de 
vários indicadores tornam‐se claros os múltiplos desequilíbrios e a forte heterogeneidade registada na 
UE  tanto  entre  estados‐membros,  mas  sobretudo  entre  regiões,  mais  e  menos  desenvolvidas,  como 
entre territórios centrais e periféricos.  
  A  Política  Regional  da  União  Europeia  visa  reduzir  estas  desigualdades  promovendo  a  coesão 
económica e social do território. Os mecanismos utilizados passam pela criação do Comité das Regiões, 
que contribui para a definição das políticas da UE, e pela existência de apoios comunitários agrupados 
nos  “fundos  estruturais”. Os  instrumentos de  apoio  encontram‐se  organizados  em  três  fundos: Fundo 
Europeu  de  Desenvolvimento  Regional  (FEDER),  Fundo  Social  Europeu  (FSE)  e  Fundo  Europeu  de 
Orientação e Garantia Agrícola (FEOGA). 
  Com  o  mais  recente  alargamento,  não  só  aderiram  países  com  menor  índices  de 
desenvolvimento,  fazendo  baixar  os  valores  médios  da  UE,  como  são  mais  amplos  os  territórios 
incluídos nos “objetivos estruturais”, ou seja, as áreas prioritárias para apoio preferencial em processos 
designáveis por discriminação positiva.  
  As  assimetrias  constatam‐se  através  de  indicadores  tão  diversos  quanto  a  densidade 
populacional, o PIB per capita, o nível de instrução ou o pessoal de saúde. São indicadores que revelam 
as grandes diferenças entre uma Europa central, com maiores densidades populacionais, face ao norte 
e ao sul, mais despovoados. 
 
  A Europa nunca foi um espaço sem diferenças a nível económico, social e cultural. Os principais 
contrastes na comunidade europeia existem, sobretudo, a um nível norte‐sul mas, também, a um nível 
oeste‐este.  Estas  assimetrias  regionais  têm  sido  combatidas  pelo  meio  de  diversos  fundos  estruturais 
que, apesar do esforço da comunidade, não têm surtido grandes efeitos. Isto deve‐se, principalmente, à 
incapacidade das regiões do Sul de se desenvolverem e também pelos constantes alargamentos a Este, 
onde existem economias necessitadas de apoios comunitários. Analisando o mapa da página 213 (fig.9, 
que nos mostra a relação entre a produtividade e o PNB per capita dos países) concluímos que os países 
em  melhor  situação  económica  situam‐se  no  Norte  e  Ocidente  da  Europa,  nomeadamente  o 
Luxemburgo, a Dinamarca, a Suécia, a Irlanda e a Holanda. Apesar do fraco desenvolvimento dos países 
de  Leste,  estes  apresentam  uma  grande  potencialidade  a  nível  de  crescimento  socioeconómico  pela 
competitividade da sua mão‐de‐obra. Os países menos desenvolvidos são, então, a Bulgária, a Roménia 
e a Letónia, ocupando Portugal o lugar número 17 no espaço da UE27, no indicador em causa. 
 
  Os  fundos  comunitários  são  distribuídos  de  forma  a  promover  a  equidade,  não  sendo, 
portanto,  distribuídos  nem  recolhidos  de  forma  igualitária.  Desta  forma,  a  Áustria,  a  Dinamarca,  a 
Finlândia, a Alemanha, a Suécia e o Reino Unido são os países que contribuem mais do que recebem em 
fundos. Portugal, contribui com cerca de 30% em relação a pouco mais de 60% de ajudas que recebe, 
tendo, por isso, claramente um saldo positivo. Desde 1989 que Portugal recebe ajudas da Comunidade., 
que foram, até 2006, 3 fases de Quadros Comunitários de Apoio, entre 2007 e 2013 esteve em vigor o 
QREN  (Quadro  de  Referência  Estratégico  Nacional)  e,  a  partir  de  2014,  encontra‐se  em  prática  o 
Portugal 2020. 
 
  Há  uns  tempos,  poderíamos  perceber  o  desenvolvimento  na  União  Europeia  e  os  seus 
contrastes territoriais por um famoso modelo, chamado de modelo do pentágono ou da “banana azul” 
(figura 12 da página 215). Este modelo divide a Europa em regiões de desenvolvimento semelhante, tais 
elas: 
● A “banana azul”, que é uma faixa que se estende de Londres a Milão, é considerada o 
centro  da  Europa.  Trata‐se  de  uma  região  muito  extensa  que  apresenta  serviços  altamente 
especializados,  uma  boa  rede  de  infraestruturas  de  transportes  e  telecomunicações  e 
importantíssimas concentrações industriais. 
● Regiões periféricas, nomeadamente algumas das regiões mais periféricas do Norte, o 
Sul e o Leste europeu. 
   
  No entanto, atualmente, existe um modelo mais atual, desenvolvido pela ESPON, que espelha 
melhor os contrastes de desenvolvimento na Europa. Este modelo defende que deve existir uma efetiva 
cooperação  entre  todas  áreas  metropolitanas,  de  modo  a  criar  uma  integração  global  mais 
desenvolvida.  
 
  Na  página  216  e  217  do  nosso  manual,  podemos  observar  um  mapa  que  espelha  o  índice 
regional  para  a  Estratégia  Europa  2020,  por  NUT  II.  Esta  estratégia  foi  criada  pela  União  Europeia  de 
modo a promover o crescimento e o emprego. É um conjunto de objetivos que, para além de quererem 
retirar a UE da crise, querem também atenuar as deficiências do modelo de crescimento europeu e criar 
condições para um novo crescimento mais inteligente e sustentável. Basicamente, esta estratégia quer 
assegurar a coesão social e territorial.  
  No mapa, podemos então observar a que distância cada região da UE se encontrava, em 2010, 
de cumprir esses objetivos. Se uma região, neste índice, obtivesse 100 pontos, queria dizer que já tinha 
cumprido todos os objetivos. Abaixo disso, mostra o quão perto ou longe está de os cumprir. Bem, ao 
analisar o mapa, é curioso de observar que as regiões do centro da Europa são as que mais perto estão 
de  cumprir  a  estratégia,  enquanto  que  as  que  se  encontram  nas  regiões  periféricas  são  as  que  mais 
longe se encontram de tal meta. Outro facto importante a apontar é que vários países, como Espanha e 
Itália, têm NUTs II mais perto da “meta” e outras não tão perto, mostrando uma disparidade regional 
enorme.  Isto  pode  ser  explicado  devido  ao  facto  de  as  metrópoles  de  cada  país  serem  mais  alvo  de 
investimentos no setor do emprego e da tecnologia, logo têm um índice mais elevado, enquanto que as 
regiões mais “esquecidas” de cada território não sejam alvo de tanta tentativa de inovação, ficando um 
pouco  para  trás  e,  obviamente,  com  um  índice  menor.  Indo  um  pouco  mais  a  fundo,  ao  nos 
debruçarmos sob Portugal, reparamos que o seu índice ronda por volta dos 60‐70, à exceção de Lisboa, 
que apresenta um índice nos 70‐80. Não podemos dizer que Portugal se encontra muito longe de atingir 
as  metas  da  Europa  2020,  no  entanto  ainda  há  um  longo  caminho  a  percorrer.  Portugal  “falha” 
essencialmente no investimento em I&D, que deverá estar entre 2,7% e 3,3% em 2020 e em 2011 era de 
apenas  1,5%,  e  na  formação  da  população,  já  que  apenas  27%  da  população  entre  os  30  e  34  anos 
completou  o  ensino  superior,  e  a  Europa  2020  requere  que  sejam  40%.  Acreditamos  que  se  Portugal 
investir  nestes  campos,  facilmente  estaremos  mais  perto  de  atingir  todos  os  objetivos  da  Estratégia 
Europa 2020. 
   
  Os  contrastes  a  nível  do  desenvolvimento  regional  são  maioritariamente  norte‐sul  e  litoral‐
interior.  A  densidade  populacional  é  o  um  dos  indicadores  que  mais  ilustra  as  terríveis  disparidades 
regionais.  Basicamente,  há  uma  enorme  concentração  no  litoral,  mais  propriamente  nas  áreas 
metropolitanas,  devido  ao  facto  do  emprego  e  das  atividades  económicas  se  concentrarem  lá.  No 
entanto este indicador não é o único que reflete o nível de desenvolvimento de cada região. O poder de 
compra é um excelente ilustrador, e, sem fugir à regra, existe em maior força nas áreas metropolitanas, 
principalmente na região de Lisboa. Sem grandes surpresas, o interior e o sul é quem menor poder de 
compra tem, mostrando assim o significante atraso no desenvolvimento em relação a outras áreas do 
país.  
 

S-ar putea să vă placă și