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DE SISTEMAS AUXILIARES
MARÍTIMO
Sumário
3 Lubrificação ...................................................................................................... 46
3.1 Conceito de atrito e lubrificação .......................................................................... 46
3.2 Principais características dos óleos lubrificantes ................................................ 47
3.2.1 Viscosidade......................................................................................................... 47
3.2.2 Densidade ........................................................................................................... 49
3.2.3 Ponto de fluidez .................................................................................................. 50
3.2.4 Ponto de fulgor ................................................................................................... 51
3.3 Tipos de lubrificantes utilizados a bordo ............................................................. 51
3.4 Principais métodos de lubrificação ...................................................................... 52
3.5 Cuidados especiais no armazenamento e manuseio de lubrificantes ................. 58
3.5.1 Armazenamento dos lubrificantes ....................................................................... 59
3.5.2 Emulsão .............................................................................................................. 60
4 Compressores de ar .........................................................................................61
4.1 Conceito e definição ........................................................................................... 61
4.2 Classificação dos compressores ......................................................................... 61
4.2.1 Quanto à pressão de descarga ........................................................................... 61
4.2.2 Quanto à posição dos cilindros (compressores alternativos) .............................. 61
4.2.3 Quanto ao tipo de cilindro ................................................................................... 62 3
4.2.4 Quanto ao número de estágios ........................................................................... 62
4.2.5 Quanto ao tipo de funcionamento ....................................................................... 63
4.3 Princípio de funcionamento dos compressores de deslocamento ...................... 64
4.3.1 Compressores alternativos ................................................................................. 64
4.3.2 Compressores rotativos ......................................................................................65
4.4 Métodos de controle de capacidade dos compressores .....................................68
4.5 Cuidados na operação dos compressores .......................................................... 72
4.5.1 Causas do mau funcionamento dos compressores e procedimentos para correção 73
5 Tanques .............................................................................................................74
5.1 Utilidade dos tanques a bordo ............................................................................74
5.2 Tanques estruturais e não estruturais .................................................................74
5.3 Identificação dos tanques no plano ..................................................................... 74
5.4 Como sondar um tanque.....................................................................................76
6 Bombas..............................................................................................................78
6.1 Definição e classificação .....................................................................................78
6.2 Emprego das bombas a bordo ............................................................................78
6.3 Princípio de funcionamento das bombas ............................................................ 79
6.3.1 Bombas alternativas ........................................................................................... 79
6.3.2 Bombas centrífugas ............................................................................................ 82
6.3.3 Bombas rotativas ................................................................................................ 85
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MSA
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Introdução
Vamos então começar a nos familiarizar com os termos técnicos usados a bordo.
A água que usamos para lavar o rosto quando acordamos pela manhã vem de
um reservatório. Dali até a torneira só há uma maneira dela chegar sem que se perca pelo
caminho: é através de uma tubulação. A mesma coisa acontece com o gás de cozinha
que usamos para acender o fogo. Do botijão até o queimador do fogão ele passa por uma
tubulação. Assim, é fácil entender a importância dos tubos para a distribuição de qualquer
fluido.
1.1 Tubos
Mas eles não são todos do mesmo feitio e confeccionados do mesmo material.
Alguns tubos são mais ou menos compridos do que outros, de maior ou menor diâmetro,
materiais diferentes, etc.
Além dessas, há muitas outras variantes que devem ser estudadas pelo engenheiro
responsável por um projeto da embarcação.
1.3 Redes
Mas, o que são as redes ou sistemas de que tanto falamos a bordo dos navios?
Para o nordestino, rede é aquela “cama” feita de tecido ou linha que se pendura no
“alpendre” e que serve para o descanso após um dia de trabalho. No futebol a rede é o
alvo que a bola deve atingir quando chutada pelo nosso time e a ser defendido quando
chutada pelo time adversário. Os amigos que usam computador definem “rede” como a
pesquisa de dados feitas por usuários de computador ao mesmo tempo. Se quisermos,
podemos definir rede de muitas maneiras. Mas o que nos interessa, nesse momento, é a
definição técnica de rede para uma embarcação. Então vejamos:
No caso em questão, acessórios são as partes que se juntam aos tubos na formação
de um sistema ou rede. Os mais importantes, e sempre presentes, são as válvulas, flanges,
ralos, filtros, etc.
Como vimos acima, os fluidos são transportados em tubos que, junto com os
acessórios, formam um sistema ou rede, e podemos dizer que os sistemas mais importantes
de uma embarcação são os de água de resfriamento dos motores (principal e auxiliares);
de água de circulação dos trocadores de calor como os resfriadores e condensadores
(água do mar); de óleo combustível (para os motores e caldeira, quando existente); de
óleo lubrificante dos motores; de ar comprimido e os sistemas de vapor.
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3
Nas juntas de encaixe, uma peça encaixa na outra e ambas são soldadas por fora.
Estas conexões têm um rebaixo interno no qual o tubo é encaixado para a aplicação da
solda. É importante observar que a profundidade do encaixe garante a maior perfeição da
conexão, o que elimina a necessidade de rigorosa exatidão no corte do tubo.
Junta soldada
Joelho de 45 topo a topo
Junta em T
Tubo em corte
Anel de apoio
Solda Solda
Luva soldada Junta de encaixe
com solda
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Tipos de conexões soldadas
• conexão flangeada – é normalmente usada em redes de diâmetros superiores
a 2” e para todo o tipo de serviço. Ela é muito empregada a bordo em grandes sistemas
(redes), porque é resistente a pressões elevadas e é também indicada para sistemas que
trabalhem sob vácuo. Os flanges são adaptados aos tubos por meio de solda ou, em
alguns casos, para tubos de baixa pressão, por meio de rosca. Os tipos mais comuns de
tubos que usam flanges como processo de união são apresentados na figura abaixo. As
conexões flangeadas têm seus flanges apertados de encontro a um material que faz a
vedação e que conhecemos como “junta”.
Você já sabe que uma rede é composta de tubos e acessórios; mas, quais os
principais acessórios formadores de um sistema ou rede? Também isto já foi dito
anteriormente e iremos relembrar agora. Os principais são: juntas e curvas de expansão,
válvulas, pianos de válvulas, ralos e filtros. Vejamos cada um deles:
1.4.1 Juntas
São peças instaladas para evitar vazamentos entre os flanges das redes, o corpo
das válvulas e o corpo das bombas. Para que se faça uma junta é importante saber duas
coisas: qual o fluido que ela tem que vedar e a temperatura deste fluido. Normalmente,
quando necessitamos utilizar um material para confecção de junta, consultamos um
catálogo; mas na prática, quase sempre, sabemos o material a ser empregado. Para uma
vedação perfeita, outro fator importante na confecção da junta, além do material correto a
ser empregado, é a espessura deste material.
Para a tubulação que conduz vapor com alta pressão é necessário o uso do que
chamamos de “juntas metálicas” ou “semimetálicas”. São conhecidos três tipos:
Face simples
Dupla face ou
de expansão
Junta serrilhada
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• junta flexitálica – é feita com fiadas alternadas: fitas de metal e espirais de
amianto. Estas fiadas são enroladas e dobradas, dobra sobre dobra, até que o diâmetro
desejado seja obtido.
Junta flexitálica
Atualmente, este tipo de junta de expansão está sendo relegado a segundo plano
e substituído com vantagem por curvas de expansão e juntas corrugadas, principalmente
em redes de vapor de alta pressão.
Fole de chapa fina
Flange
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Junta de expansão corrugada e de foles
MSA
• curvas de expansão
Um sistema de vapor, por exemplo, que não possua juntas de expansão (ou curva
de expansão) tende a ter os tubos constantemente avariados. É que a dilatação do material,
que ocorre pelo efeito do calor, faz com que o tubo ao se deslocar choque-se com uma
superfície rígida (uma antepara, por exemplo), tendendo a romper-se.
Por esse motivo veremos quase sempre em sistemas de vapor, a utilização dos
acessórios chamados de “juntas de expansão” ou “curvas de expansão”.
1.4.2 Gachetas
Como nas juntas, devemos escolher o material apropriado para vedar o fluido que
está circulando. Os materiais mais empregados para a confecção das gachetas são:
• amianto com lubrificação de grafite, para alta pressão;
• linho trançado;
• cobre trançado;
• algodão prensado;
• amianto com interseção metálica;
• teflon; e
• carvão.
1.4.3 Válvulas
1-Corpo;
2-Castelo;
3-Haste;
4-Volante;
5-Sobreposta;
6-Sede; e 7 6
7-Contra-sede.
Existem diversos tipos de válvulas porque também existem vários tipos de fluidos
circulando por tubulações a bordo. Lembrem-se de que já estudamos os diversos sistemas
(água de resfriamento dos motores, lubrificação, combustíveis, etc) existentes nas
embarcações. Assim sendo, vamos apresentar os tipos mais comuns de válvulas que
iremos encontrar a bordo de qualquer embarcação em que possamos trabalhar.
b) válvulas de regulagem:
• globo;
• borboleta; e
• diafragma.
d) válvulas de controle:
• segurança e alívio; e
• reguladoras de pressão.
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MSA
Válvulas de interceptação
Neste tipo de válvula, quem fecha a passagem do fluido pode ser um disco ou uma
cunha (a gaveta) que move-se para dentro ou para fora da sede, em virtude do movimento
de uma haste. Estas válvulas podem ser do tipo “gaveta”, “macho” ou “esfera”. Para melhor
entender seu funcionamento, observe as figuras .
• Válvula de gaveta
Este tipo, que apresentamos na figura abaixo, é usado quando se deseja que o
fluido passe em linha reta. Quando a gaveta está totalmente aberta, a resistência à
passagem do fluxo é pequena e, assim a pressão dentro da rede não cai muito. Este tipo
de válvula não é bom para trabalhar semi-aberta.
O acionamento das válvulas gaveta, como aliás das outras válvulas que veremos a
seguir, pode ser por comando manual (o próprio homem abre e fecha a válvula, com as
mãos) ou por acionamento elétrico, pneumático ou hidráulico.
Elas também são usadas em tubos acima de 8” (oito polegadas) para redes de
vapor e em diâmetros acima de 2” (duas polegadas) para redes de ar comprimido.
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• Válvula de Macho
• Válvula de Esfera
O macho nessas válvulas é uma esfera que gira sobre um diâmetro, deslizando
entre anéis de material resiliente (borracha, neopreme, teflon, etc.), tornando perfeita a
vedação.
Seu uso geral é no fechamento rápido, muito usada para ar comprimido, sistemas
que exijam vácuo, vapor, gases e líquidos, sempre em pequenos diâmetros e baixas
pressões.
As vantagens dessa
válvula são o menor
tamanho, menor custo,
melhor vedação e maior
facilidade de operação. Na
figura ao lado podemos
observar um tipo de válvula
de esfera.
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MSA
Válvula de regulagem
• Válvula globo
Na figura abaixo vemos a maneira pela qual a sede é fixada ao corpo da válvula. As
válvulas globo são utilizadas, principalmente, em redes de água, óleos e líquidos em geral
e para bloqueio e regulagem em linhas de vapor e de gases. Para todos estes serviços
• Válvula borboleta
• Válvula de diafragma
São válvulas que não precisam de gaxeta para a vedação da haste. Muito usadas
para fluidos corrosivos, tóxicos, inflamáveis ou perigosos de um modo geral.
Haste
Volante
Tampão
Posição fechada
Este tipo tem por finalidade permitir que o fluido circule somente em uma única
direção. Elas são instaladas no sistema a fim de evitar que o fluido circule de uma
maneira inadequada (em sentido contrário) para a produção do trabalho. Os principais 21
tipos são: MSA
• Válvula de retenção de portinhola
Conforme mostrado na figura, elas fecham por meio de uma portinhola (espécie de
janela) presa em um eixo. De um lado do corpo da válvula existe um batente que impede
a portinhola de girar na outra direção. A portinhola pode abrir livremente. Assim, quando o
fluido tenta passar, jogando a portinhola para o lado onde existe o batente, ela não passa,
evitando o fluxo do líquido naquela direção. O mesmo não acontece na direção oposta.
Haste
roscada
Haste do
tampão
Guia Tampão
Entrada Saída
Porca de
Válvulas de controle ajustagem
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MSA
Todas essas válvulas são denominadas de “segurança” quando destinadas a
trabalhar com vapor, gás ou ar comprimido. Se instalarmos uma destas como acessório
numa rede que conduza líquidos, chamamos de “válvula de alívio”.
Estas válvulas são muito importantes, por exemplo, quando utilizamos uma turbina
a vapor. Sabemos que, para manter a rotação constante de uma turbina é necessário que
a pressão de vapor seja sempre a mesma. Para que isso aconteça, usamos este acessório
que permitirá maior passagem de vapor quando a tendência da pressão for de queda e
fechará a passagem de vapor quando a tendência for de aumento da pressão.
Válvulas especiais
• Válvula “agulha”
Consta de uma peça afilada, no formato de uma agulha, cônica, que atua como
disco, fechando a sede da válvula. Quando a agulha vai sendo introduzida na sede, o
fluxo vai sendo estrangulado pela diminuição de sua passagem pela sede da válvula, até
o fechamento total. São válvulas muito utilizadas quando se deseja regular, com precisão,
o fluxo na rede.
• Piano de válvulas
A fim de facilitar a manobra das válvulas existentes nas redes, principalmente quando
se trata de transferência de fluidos entre tanques, por meio de bombas, é costume fundir,
numa só peça, os corpos de várias válvulas. Esses conjuntos são os chamados “pianos
de válvulas”.
Tanque nº 1
Flange de descarga Tanque nº 2
da bomba
Tanque nº 3
Flange de aspiração
Tanque nº 4
da bomba
Para que se faça a transferência do tanque 1 para o tanque 4, por exemplo, abre-
se a última válvula de aspiração (aspiração do tanque 1) e a primeira válvula de descarga
(descarga para o tanque 4), deixando as demais válvulas fechadas. O fluido que vem do
tanque 1 entrará na rede de aspiração, passará através da bomba e será descarregado,
através da rede de descarga e da válvula, para o tanque 4.
Ralo de placas
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Mas, qual a diferença existente entre um ralo e um filtro? Alguns colegas chamam
o filtro de ralo e o ralo de filtro; assim sendo, vamos entender o seguinte: ralo e filtro são
acessórios colocados no sistema a fim de evitar a passagem de impurezas sólidas ou
pastosas. O elemento filtrante do ralo é feito de malha com orifícios maiores do que os dos
filtros. Os filtros têm um elemento que permite interceptar impurezas muito pequenas,
com uma malha muito fina. Assim sendo, o ralo só impede a passagem de impurezas
grandes e os filtros não deixam passar as pequeníssimas impurezas que possam estar
misturadas com o fluido.
Você poderá ver a bordo algumas redes revestidas com um tipo qualquer de material
que denominamos de isolamento térmico. São as que conduzem o fluido aquecido. Dentre
elas podemos citar as redes de vapor, a dos óleo combustíveis dos motores e caldeira, as
redes de água quente, etc. Além de evitar que alguém possa se queimar quando tocar em
alguma delas, é importante sabermos que o isolamento térmico também ajuda a manter a
temperatura do fluido que passa no interior do tubo.
É fácil descobrir a rede que transporta a água para os camarotes ou a que leva a
água salgada para os resfriadores. É só olhar para os tubos ou para os volantes das
válvulas e verificar a cor com que eles foram pintados. Não há erro!
27
MSA
1.7 Como utilizar juntas nas seções de união de redes
Como estudamos no item 1.4, os tubos podem ser unidos de várias maneiras. Para
tubos com diâmetros superiores a 2” (duas polegadas), recomenda-se o uso de conexão
por flanges. Como os flanges são feitos de um material metálico que, mesmo sendo muito
apertados entre si, deixam vazar o fluido circulante, é importante evitarmos que tal ocorra.
Para isso utilizamos um material qualquer que, ao ser comprimido, faça uma perfeita
vedação da rede. É o que chamamos de junta.
O material de confecção das juntas deve ser escolhido de acordo com o tipo de
fluido que circula na rede, sua pressão e temperatura. Assim sendo, não devemos esquecer,
antes de iniciar um trabalho de substituição de junta em um flange, que é importante saber
se possuímos em estoque o material adequado para o serviço.
Mas, como fazer para trocar uma junta de um flange? Não é difícil; é só seguir as
seguintes instruções:
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Sequência de aperto dos parafusos dos flanges
1.8 Utilização de gaxetas para vedação de hastes de válvulas
Para que o engachetamento da haste de uma válvula possa ser executado com
técnica, devemos proceder como se segue:
• Fechar a válvula, impedindo que o fluido seja pressionado de encontro ao
engachetamento;
• Se necessário, limpar os fios de rosca da sobreposta a fim de permitir que as
porcas possam ser desapertadas livremente;
• Lubrificar os fios de rosca com um lubrificante líquido;
• Com a chave apropriada, afrouxar as porcas da sobreposta, verificando sempre
se a quantidade de fluido que vaza pela haste não aumenta. Se aumentar, vede
melhor a válvula;
• Caso persista o vazamento, retirar a sobreposta e, com ferramenta apropriada
(saca-gaxeta) retirar uma ou mais voltas de gaxetas, substituindo-as por novas;
• Caso não haja vazamento acentuado, retirar todas as voltas de gaxetas, limpar
a caixa de gaxetas e substituí-las por novas gaxetas, apertando a sobreposta a 29
cada volta de gaxeta inserida; e MSA
• O último procedimento, após ter sido colocada a última volta de gaxeta, é apertar
a sobreposta, observando que ela não deve ficar “enjambrada”, isto é, com um
lado mais apertado que o outro. Verificar se a válvula abre e fecha suavemente,
sem necessitar muita força para movimentá-la. Execute 10 a 20 ciclos de abertura
e fechamento da válvula e reaperte a sobreposta. Havendo vazamento, reaperte
a sobreposta.
Não esqueça que as gaxetas são instaladas na caixa de gaxetas da válvula cortadas
em formato de anéis. Assim sendo, as emendas dos anéis devem ficar a uma distância de
90º umas das outras.
É importante saber que algumas gaxetas devem ser lubrificadas antes de serem
colocadas nas hastes das válvulas e outras não. No catálogo do fabricante são
especificados os procedimentos a serem seguidos antes de efetuar o serviço.
30
2 Instrumentação de controle
C = 5 (F-32)/9
Isto quer dizer que devemos diminuir 32 da informação que lemos no termômetro,
cuja unidade é “ºF” e multiplicarmos o resultado por 5 e, posteriormente, dividirmos por 9.
176ºF – 32 = 144
144 x 5 = 720
720 ÷ 9 = 80°C
31
MSA
Agora, vamos inverter o raciocínio. Temos um termômetro indicando a temperatura
em “ºC” e a embarcação, por ser de propriedade de ingleses, necessita que registremos
os dados de temperatura na unidade inglesa. Assim é necessário converter a temperatura
de “ºC” para “ºF”. Não é tão difícil! Usamos para isso a seguinte fórmula:
ºF = 9/5 x ºC + 32 ou
ºF = 1,8 x ºC + 32
ºF = 9/5 x ºC + 32
ºF = 9/5 x 100 + 32
2.1.1 Termômetros
• Sistema físico
O calor faz com que os corpos se dilatem e se contraiam. Para melhor compreensão,
daremos o exemplo dos trilhos dos trens, em uma ferrovia; os trilhos são separados em
partes, com um pequeno espaço entre elas.
Se observarmos bem, nos dias de verão, esse espaço entre as partes, tende a
diminuir; o calor, como dizemos, é muito grande e dilata os trilhos.
Seja pela dilatação de uma barra metálica, seja pelo aumento de volume de um
líquido dentro de um recipiente, temos várias formas de medição de temperatura.
Portanto, não existem somente os termômetros tradicionais, que usamos para medir
a temperatura quando estamos doentes.
O calor faz com que o líquido se dilate e penetre nesse capilar, cuja altura é calibrada
em escala de temperatura. Como o mercúrio congela a -38 ºC (menos trinta e oito graus
Celsius), a faixa de trabalho desse tipo de termômetro é de -38 ºC até 350 ºC, normalmente.
Como sabemos, pressão é a relação entre uma força e a superfície sobre a qual
ela atua. Por exemplo: a pressão atmosférica é a pressão devida ao peso do ar sobre uma
unidade de área ao nível do mar.
Ela não é fixa. Varia conforme o local, pois o peso do ar atmosférico depende da
altitude e das condições meteorológicas do local. Toda pressão menor do que a pressão
atmosférica é chamada de vácuo.
Nem sempre os manômetros instalados no navio têm o seu mostrador com a mesma
unidade de medida. Vocês encontrarão a maioria indicando “kg/cm2”, mas em algumas
embarcações, os instrumentos podem estar indicando a pressão em “bar” ou “psi”. Há
instrumentos que indicam pressão por meio de uma coluna de água ou de mercúrio. Tudo
parece meio complicado, mas uma unidade pode ser convertida em outra unidade.
As medidas de pressão vão desde valores muito baixos, que são considerados
vácuo, até milhares de toneladas e podem ser expressas, com segurança, em quaisquer
34 das seguintes escalas:
Coluna de água a Coluna de mercúrio
Kg/cm2 p.s.i Atmosfera
15ºC em metros a 0ºC em mm
1 14,22 10,01 735,5 0,9678
0,07031 1 0,7037 51,71 0,06804
0,09991 1,421 1 73,49 0,0967
1,3596 19,34 13,61 100 1,316
1,0332 14,696 10,34 760 1
Pela tabela acima, que representa as escalas mais encontradas nos manômetros
existentes a bordo, podemos medir as pressões dos equipamentos e tubulações em todas
as partes da embarcação.
Por exemplo: temos que saber a pressão no sistema de vapor que vai para uma
bomba. Digamos que o manômetro instalado nos informe a pressão na unidade inglesa
(psi). Como nós trabalhamos com o sistema métrico, devemos transformar a informação
do manômetro para esse sistema. Assim, digamos que o ponteiro do manômetro indique
100 psi. Pela tabela acima, 1 psi corresponde a 0,07031 kg/cm2; então, 100 psi eqüivalem
a 100 x 0,07031, o que é igual a 7,031 kg/cm2.
Destes, o de tubo Bourdon e os de coluna líquida são os mais utilizados. Por este
motivo iremos somente mostrar o funcionamento destes tipos.
Os manômetros de tubo Bourdon podem medir altas pressões, mas também são
utilizados quando as pressões são muito baixas e até negativas (vácuo). Na prática, esses
instrumentos ficam fixados no local cuja pressão deve ser medida.
35
MSA
Manômetro Bourdon de pressão Manômetro Bourdon composto
Pela aplicação da pressão na parte interna, o tubo Bourdon tende a tomar a forma
de um tubo de seção circular e então acontece uma distensão no sentido longitudinal,
como mostra a figura e o ponteiro se move por intermédio da alavanca dentada, indicando
no mostrador o valor da pressão.
Uma tubulação, quase sempre flexível, é fixada num determinado local que se
36 deseja medir a pressão (por exemplo, no tubulão de ar de superalimentação do motor
diesel ou, como chamam alguns, no tubulão de ar de lavagem) sendo a outra parte do
tubo U aberta para a atmosfera. Vamos encontrar o que designamos por pressão efetiva,
relativa ou pressão manométrica, que pode ser positiva ou negativa. Quando negativa,
chamamos de vácuo.
Os tubos que formam este tipo de manômetro podem ser de vidro, de plástico ou
borracha, mas sempre transparentes a fim de que possamos visualizar o líquido existente
no seu interior.
Para que possamos fazer uma leitura correta do instrumento que estamos
observando, é importante conhecermos muito bem as unidades de medidas acima
apresentadas.
Outra coisa importante é distinguir a escala do instrumento. O que quer dizer isto?
Veja bem, entre um número e outro existem pequenas divisões, que são os valores
intermediários entre os dois números. Como exemplo, vejamos:
38 1m
Fatores de conversão de volume
• km3 = m3 x 10-9
• hm3 = m3 x 10-6
• mm3 = m3 x 10-3
• dm3 = m3 x 103
• cm3 = m3 x 106
• mm3 = m3 x 109
(*)Multiplicar 1 unidade de
P or Para obter
1.000,028 cm3
1 dm3
0,001000028 m3
0,100 dal
0,010 hl
Litro
0,2641794 galão líquido (EUA)
0,2199755 galão líquido (Inglês)
0,008386 barril (EUA)
0,03531566 pé cúbico
Um tanque possui 353,1566 pés cúbicos de produto. Quantos litros e quantos metros
cúbicos de produto temos no interior do tanque?
Servem para indicar o nível do líquido no interior do tanques. Eles podem ser de
vários tipos e são classificados como de medição direta e de medição indireta. Para o
nosso estudo, mostraremos somente os de medição direta, pois são os que encontraremos
no nosso dia-a-dia nas praças de máquinas das embarcações que iremos trabalhar e que
são:
• visores de nível; e
• bóias.
Existem também os de contatos elétrodos, que não iremos estudar nesta fase.
• Visores de nível
Existem muitas variedades de visores de nível de vidro que podem ser usados sob
várias condições de trabalho. A dificuldade comum dos visores de nível é o escurecimento
do visor com o tempo de uso; mas, de qualquer maneira, é o tipo mais simples e adequado
para a indicação local de nível. Eles podem ser usados em tanques abertos ou em tanques
fechados, mas não devem ser empregados em tanques com produtos corrosivos, oxidantes
ou muito viscosos.
Visor de vidro
visor de vidro
40
• Bóias
escala
corrente contra-peso
ou fita
bóia
líquido
As bóias podem ter qualquer forma: redonda, cilíndrica ou uma combinação das
duas. Também podem ser de vários tamanhos, dependendo do volume do tanque no qual
elas são usadas. Elas devem ser construídas de tal forma que flutuem no líquido em que
estarão atuando.
Na maioria dos indicadores de correntes, estas são engatadas em uma roda dentada
que gira o eixo. Nos indicadores de fita (ou cabo) esta é enrolada em um tambor que faz
girar o eixo. Deve-se usar um contrapeso que mantenha tensa a corrente ou fita à medida
que a bóia sobe e desce com o nível do produto.
41
MSA
2.3.2 Leitura de medidores de nível
Para que possamos fazer a conversão das medidas encontradas nos indicadores
de nível, é necessário conhecer a seguinte tabela de equivalência entre o sistema inglês
e o sistema métrico. Assim:
1 cm = 0,3937” (polegadas)
1 cm = 0,0328 ft (pés)
Como você sabe também que 1” = 2,54 cm, então, 120” = 120 x 2,54= 304,8 cm.
Assim, o tanque tem 304,8 cm de óleo no seu interior.
Se o indicador nos mostra que o tanque está com 250 cm de óleo e quisermos
saber quanto de óleo temos dentro do tanque na unidade inglesa (polegadas), fazemos o
seguinte cálculo:
1 cm = 0,3937”
250 cm = 250 x 0,3937 = 98,425”
42
2.4 Unidades de medida de vazão e conversões de unidades
Estes conceitos referem-se somente a fluidos líquidos. Para vapores e gases será
necessário aprofundar o estudo, o que não faremos neste manual.
A medição de vazão é a única que deve ser feita com o fluido em movimento, ao
passo que todas as outras medições podem ser efetuadas em fluidos no estado estático.
Mas, quais são as unidades de vazão mais empregadas a bordo? A tabela abaixo,
além de indicá-las, nos dará condições de efetuar as conversões necessárias quando de
nosso trabalho.
999,972 L/min
219,9694 Galão(Ing)/min
227,124 L/m
Galão (EUA)/ minuto
0,2271 m3/h
272,7648 L/m
Galão (Ingl)/ minuto
72,057 Galão (EUA) hora
Se você fosse obrigado a enviar este consumo para o armador em galão (EUA) x
hora, o que faria? É só consultar a tabela e verificar que:
Como o motor gastou 319991,04 l/min, teremos então um consumo em galão (EUA)
x hora de:
Assim, com o auxílio da tabela mostrada ou de outras tabelas com maior número
de unidades, você terá condições de calcular as quantidades de fluido que passam pelos
medidores de fluxo existentes em seu navio.
Sabemos que nos navios, o transporte dos fluidos (água potável, do mar, óleo
combustível, lubrificante, etc.) faz-se através de tubulações. Em alguns casos, como no
do óleo combustível que alimenta os motores diesel e as caldeiras, bem como a água
produzida pelo grupo destilatório, é importante sabermos a quantidade correta destes
fluidos que passam pelas redes em um determinado tempo, para calcularmos o consumo
de óleo combustível e verificarmos se ele está sendo bem aproveitado ou, no caso do
grupo destilatório, se ele está produzindo a quantidade de água para o qual foi projetado.
Assim sendo, são instalados nos sistemas de óleo combustível, da água produzida
pelo grupo destilatório e em qualquer outro sistema de fluidos, o que se denominou de
medidores de vazão.
Existem três tipos diferentes de medidores de vazão, que são: diretos, indiretos e
especiais.
Como estamos direcionando nosso estudo para os sistemas de bordo dos nossos
44 navios, vamos estudar os hidrômetros e oleômetros, que fazem parte do grupo de medidores
de sistema direto, volumétricos e do tipo de disco nutante.
Nesse tipo de medidor, certo volume de líquido é deslocado (por bomba ou por
gravidade) continuamente. Tal líquido passa através de um disco, cujo centro é uma esfera,
como mostra a próxima figura abaixo.
Assim, para sabermos a quantidade de fluido que passou naquela seção de rede
em um determinado tempo (vazão), é importante que anotemos a indicação do mostrador
do aparelho e, após determinado tempo, anotarmos novamente. A diferença entre as
duas medições será o volume de líquido que passou naquele aparelho durante o intervalo
de tempo considerado.
Então o grupo destilatório produziu 8 m3 /30 min. A vazão foi 8 m3 /30 min. Se
quisermos, podemos dizer que ela foi aproximadamente de 0,27 m3/min e também que
podemos projetar uma vazão de 16 m3/h.
Pegue duas pedras e faça movimentos rápidos uma sob a outra. Em pouco tempo
as duas pedras ficarão mais quentes e, se os movimentos continuarem e você encostar
nelas um pedaço de papel, ele irá pegar fogo. Este processo de combustão já era
empregado pelos índios na Idade Média.
Mas, por que a temperatura aumenta e como chamamos a reação existente entre
as duas partes? É fácil responder! A temperatura aumenta porque está havendo uma
vibração maior das moléculas que formam as partes que se tocam. A reação que ocorre é
o que chamamos de atrito.
Então, atrito é o encontro das superfícies de dois corpos e que provoca um aumento
de temperatura neles.
Em uma máquina, várias peças são móveis e trabalham juntas uma das outras ou
juntas a peças fixas. Imagine o que ocorreria se elas trabalhassem se atritando. É fácil
responder: essa máquina, em pouco tempo, iria ter seu trabalho interrompido porque as
partes iriam se fundir, pelo aumento de temperatura que estariam provocando.
Assim, o atrito entre dois corpos pode ser benéfico, mas na maioria dos casos, e
especialmente nos equipamentos, ele é muito prejudicial.
Conceito de atrito
Esses lubrificantes formam uma película entre as partes que tendem a se atritar,
impedem o contato direto entre elas, provocam a redução do calor gerado e,
46 consequentemente, diminuem o desgaste do material das peças. Isso é o que chamamos
de lubrificação.
Então, recapitulando, temos o atrito quando dois corpos, sólidos, líquidos ou gasosos,
em movimento, se tocam entre si. O atrito provoca um aumento de temperatura nos corpos
e este aumento pode ser prejudicial. Para evitar que haja atrito, temos que colocar alguma
substância fluida entre as partes que se atritam e estas substâncias são chamadas de
lubrificantes.
Qualquer tipo de atrito produz calor que, entre outros inconvenientes, representa
uma perda direta de energia. Assim, os mancais dos motores e todas as outras partes
móveis deles, inclusive engrenagens e transmissões, geram igualmente quantidades
apreciáveis de calor. As temperaturas de todos esses componentes têm de ser mantidas
em níveis aceitáveis e seguros. O lubrificante serve não só como agente lubrificador mas
como dissipador de calor.
Para que usemos óleos lubrificantes corretos nos equipamentos é importante saber
da existência de uma carta de lubrificantes, que é a relação dos agentes de lubrificação
(óleos ou graxas) para todos os equipamentos instalados a bordo do navio.
3.2.1 Viscosidade
48
3.2.2 Densidade
49
MSA
Apresentamos, a seguir, tabela com a equivalência entre graus API e densidades.
API Densidade API Densidade API Desidade
10 1,000 27 0,893 45 0,806
11 0,993 28 0,887 46 0,802
12 0,986 29 0,882 47 0,797
13 0,979 30 0,876 48 0,793
14 0,972 31 0,871 49 0,788
15 0,966 32 0,865 50 0,784
16 0,959 33 0,860 51 0,780
17 0,953 34 0,855 52 0,775
18 0,947 35 0,850 53 0,771
19 0,940 37 0,845 54 0,767
20 0,934 38 0,840 55 0,763
21 0,928 39 0,835 56 0,759
22 0,922 40 0,830 57 0,755
23 0,916 41 0,825 58 0,751
24 0,910 42 0,820 59 0,747
25 0,904 43 0,816 60 0,743
26 0,898 44 0,811 61 0,739
Como sabemos que o ponto de fluidez dos óleos lubrificantes fica muito abaixo de
0ºC, não devemos nos preocupar muito com os óleos lubrificantes armazenados nas praças
de máquinas de navios. O mais importante é durante a estocagem dos lubrificantes fora
50 da praça de máquinas, quer em tambores, baldes, latas ou tanque externos, quando o
navio navegar em regiões cuja temperatura do ar esteja muito abaixo de 0ºC.
Outra grande importância de sabermos o ponto de fluidez de um óleo lubrificante é
quando de sua utilização nos sistemas frigoríficos.
Assim não será muito difícil fazer uma troca de óleo lubrificante de determinado
equipamento ou escolher a graxa que devemos usar para o cabo de aço, por exemplo, de
um equipamento do convés.
É norma seguir sempre o produto indicado na carta de lubrificação; mas, como são
escolhidos os tipos de lubrificantes para os equipamentos? Vejamos.
51
MSA
As principais propriedades para a escolha do tipo de lubrificante para mancais são:
a viscosidade (ou a consistência), a transferência de calor, a vedação e a capacidade de
ser bombeado. Portanto, devemos ter em mente que:
a) o óleo tem uma mobilidade maior que a graxa e, portanto, transfere calor muito
mais facilmente. As graxas são limitadas normalmente a situações em que o
calor gerado pelo atrito em mancais é relativamente baixo, como nos casos de
mancais planos de baixa rotação e de mancais de rolamento até média velocidade,
ou seja, onde o calor não tem de ser necessariamente retirado do equipamento.
c) o uso de graxas em ambiente de muita poeira é vantajoso, pois ela age como
vedante nas extremidades do mancal. Em mancais de rolamento, é absolutamente
necessário que não haja contaminação por poeira.
• Lubrificação manual
almotolia
mancal
eixo
Nesse método de lubrificação, há uma agulha ou vareta metálica que passa por um
orifício situado na base do copo.
Esta agulha ou vareta repousa copo com
sobre o eixo que, quando em óleo vareta
rotação, imprime um movimento mancal
alternativo, fazendo com que eixo
uma quantidade de óleo
orifício
lubrificante desça entre o furo e
a agulha ou vareta. Assim,
sempre que o eixo se
movimentar, haverá óleo
lubrificando no moente. Este
dispositivo, devido à pequena
folga entre a agulha e o furo do
copo, só pode ser empregado
para óleos de baixa viscosidade;
53
MSA
• Lubrificação por meio de copo com torcida ou mecha
copo
óleo
mecha
Neste sistema o lubrificante fica depositado num copo situado na parte superior do
mancal. O fluxo de óleo é regulado pela posição de uma haste colocada dentro do copo.
copo
óleo
conta-gotas
anel
óleo
reservatório
Este método é muito parecido com o anterior (por anel). O óleo transportado pelo
colar, em virtude da rotação do eixo, vai até o mancal através de tubulações. Este sistema
é empregado para mancais com eixos de maior rotação ou quando se exigem óleos tão
viscosos que não permitem o livre movimento de um anel.
colar
óleo
eixo
manivela
mancal de rolamento
cárter
óleo
56
Após efetuar seu trabalho, o óleo cai em um espaço que podemos chamar de
poceto e daí retorna para o tanque que normalmente chamamos de tanque de gravidade,
pela ação de uma bomba.
entrada de óleo
depósito
de óleo
capa do
mancal
eixo
bomba
de óleo saída de óleo
• Lubrificação a graxa
mola
êmbolo
parafuso graxa
graxa
pinos lubrificadores
Bomba de pressão
Os lubrificantes, quer sejam eles líquidos (óleos) ou graxas, devem ser mantidos
sem qualquer impureza. A armazenagem dos produtos deve ser bem feita a fim de que
não haja contaminação deles com elementos estranhos, o que poderia torná-los impróprios
para o uso. Por isso, citaremos algumas técnicas de armazenagem dos lubrificantes e,
58 quando eles forem utilizados num sistema fechado de lubrificação, a técnica de purificação
e clarificação do óleo lubrificante.
3.5.1 Armazenamento dos lubrificantes
O agente lubrificante pode ser líquido, graxa ou até mesmo sólido. Como a bordo
de nossas embarcações usamos quase que totalmente os lubrificantes líquidos e graxas,
explicaremos o processo de armazenagem destes dois tipos.
Quer seja numa embarcação pequena, quer seja num grande navio, os cuidados
com os lubrificantes são os mesmos.
Sabemos que os lubrificantes têm alguns inimigos e, entre eles, os mais importantes
são a água e as impurezas vindas pelo ar. Assim, quando o recebermos, seja ele líquido
ou graxa, devemos observar técnicas corretas de armazenagem.
Quanto ao óleo em tambores, estes devem ser verificados e devolvidos, caso estejam
oxidados (enferrujados) ou furados. Após o recebimento, devemos posicioná-los em um
local fechado a fim de evitar que sejam molhados pela chuva ou afetados pela maresia.
Caso isto não seja possível, transferir o óleo, assim que possível, para os tanques
próprios para aquele tipo de óleo, existentes na praça de máquinas. Nunca esquecer que
em grandes navios temos muitos tipos de óleo lubrificante e, assim sendo, vários tanques
de armazenagem. Nunca se deve misturar óleos de diferentes tipos.
Estando os óleos armazenados nos tanques, é necessário cuidado para que não
haja penetração de água pelas tomadas de recebimento, pelas redes ou por qualquer
outra parte do tanque de armazenagem. Assim feito o óleo armazenado estará em condições 59
normais de uso. MSA
As graxas vêm para bordo em baldes com capacidade, quase sempre, de 20 quilos.
Devem ser estocadas em locais não muito quentes, evitando-se o espaço existente na
praça de caldeiras, perto dos tanques de óleo aquecidos ou na praça de purificadores. A
alta temperatura é inimiga da graxa, quando armazenada.
Devemos, também, ter o cuidado de vedar muito bem o balde do qual foi retirada
pequena quantidade de graxa para uso. Se o balde ficar aberto, estaremos permitindo a
entrada de impurezas em seu interior, o que prejudicará a qualidade do produto.
Devemos ter ainda especial cuidado em não misturar dois tipos de graxa. Cada
uma tem seu próprio uso. As vezes elas se parecem fisicamente, mas têm propriedades
diferentes. Na carta de lubrificação poderemos encontrar todos os tipos de graxa que
devem ser usados na nossa embarcação.
3.5.2 Emulsão
Para evitar que um óleo fique emulsionado quando voltar ao tanque para ser
novamente utilizado depois do trabalho de lubrificação, deve-se enviá-lo para tanques de
sedimentação ou passá-lo através purificadores a fim de ser retirada toda a água existente
no seu interior.
Nunca devemos manter um óleo lubrificante que está trabalhando em circuito fechado
(lubrifica o motor e volta para o poceto para ser utilizado) sem passar por uma centrífuga
onde será purificado, isto é, toda a água que ele adquiriu será retirada. Só assim é que
poderemos evitar que o óleo se emulsifique.
60
4 Compressores de ar
Antes de mais nada, é importante que você saiba que o ar comprimido é uma forma
de energia de enorme utilidade e com inúmeras aplicações. Em muitos campos de utilização
compete com a energia elétrica e em outros é um complemento necessário dela. Mas,
como conseguir o ar comprimido para sua utilização no nosso dia-a-dia? Através de
compressores.
compressores
dinâmicos deslocamento
turbo-compressores
rotativos alternativos
Compressores alternativos
• de êmbolo com haste;
• de cruzeta;
• de labirinto e, 63
• de diafragma. MSA
Tipos de compressores alternativos
Compressores rotativos
• de palhetas;
• de anel líquido; e
• de parafusos ou de lóbulos.
Todos eles podem ser encontrados, dependendo do serviço a ser prestado; iremos
considerar apenas os de palhetas e de lóbulos por serem os mais usados e ensinar como
se efetua o processo de compressão dos gases no seu interior. Os compressores do tipo
de parafusos funcionam no mesmo processo dos de lóbulos. Como eles não são muito
utilizados a bordo, vamos resumir seu funcionamento.
Você sabe como o ar pode ter sua pressão elevada através do deslocamento por
meios mecânicos? Então veja.
Assim sendo, o êmbolo (ou pistão) deve se deslocar para cima e para baixo no
interior do cilindro a fim de realizar a compressão do ar. Por esse motivo é que chamamos
64 a este tipo de “compressor alternativo”.
Os compressores alternativos operam especificamente sob o princípio da diferença
de pressão como forma de acionamento das suas válvulas (admissão e descarga).
No passeio de ponto morto superior (PMS) para ponto morto inferior (PMI), as
válvulas de sucção (admissão) se abrem porque a pressão exterior se torna maior do que
a pressão interna do cilindro. Uma determinada diferença de pressão gerada durante
esse movimento é suficiente para agir nas superfícies das palhetas das válvulas, vencendo
a tensão das molas que ficam instaladas nas superfícies opostas destas palhetas ou
contra-sedes de válvulas.
Durante o passeio oposto, isto é, do ponto morto inferior (PMI) para o ponto morto
superior (PMS), alternam-se os movimentos das válvulas. A válvula de admissão se fecha,
porque a pressão interna vai assumindo valores cada vez maiores do que o exterior
(atmosfera). Em contrapartida, a válvula de descarga começa a abrir, baseada também
no mesmo princípio, que é a diferença de pressão.
É importante frisar que o aumento da pressão de qualquer gás tem um limite, que é
alcançado quando este gás (o ar também é um gás) alcança 1910 C. Assim sendo, para
que você alcance maiores pressões é necessário utilizar compressores de mais de um
estágio de compressão, resfriando o ar (ou qualquer outro gás) após ele passar do primeiro
estágio para o segundo e do segundo para o terceiro, etc.
66
O sistema que recebe o ar comprimido sempre inclui dispositivos para separar
continuamente o óleo e fazê-lo retornar para o compressor, não sem antes diminuir sua
temperatura através de um resfriador. A figura abaixo nos mostra um circuito básico do
fluxo de ar e óleo para um compressor de palhetas de dois estágios.
Estes compressores que têm adição de óleo lubrificante são também chamados de
compressores de anel líquido. Na lei da Física, tudo que é comprimido (aumenta a
pressão) tem a sua temperatura elevada.
• Compressores de lóbulos
Para o tipo macho-fêmea, o rotor macho possui lóbulos convexos que correspondem
aos pistões. Tendo uma seção transversal em forma de um arco circular, esses lóbulos
formam hélices ao longo do comprimento do rotor como os cumes de uma rosca. O rotor
fêmea correspondente possui sulcos côncavos equivalentes aos cilindros e que possuem
67
a mesma seção transversal em forma de arco circular, que aceita o lóbulo do rotor macho.
MSA
Quando giram, os rotores produzem um ciclo de três fases. Na primeira fase (de
aspiração) os espaços do “cilindro” passam pela abertura de entrada numa das
extremidades da carcaça e são enchidos com ar ou gás. Quando o espaço entre lóbulos
está completamente cheio, a rotação dos cilindros faz com que o espaço passe além da
abertura de entrada, aprisionando o ar entre o rotor e a carcaça.
A fase final (de descarga) ocorre quando o espaço entre lóbulos, cheio de ar
comprimido, chega à janela de saída.
Como os rotores desse tipo possuem diversos lóbulos, quando um espaço entre
lóbulos está completamente descarregado, o espaço entre lóbulos seguinte começa a
descarregar. Um fluxo suave e contínuo de ar comprimido pode ser obtido com um rotor
macho de quatro lóbulos e um rotor fêmea de seis lóbulos girando em alta velocidade.
Compressor de lóbulos
Imagine se a cada vez que um carro, ao parar no sinal luminoso, tivesse seu motor
desligado. Quando o sinal abrisse novamente você faria o motor funcionar através da
chave de ignição. Numa cidade grande, quando você fosse de um bairro distante para o
centro da cidade, tal ação seria efetuada dezenas de vezes. O que ocorreria com o motor
e com o sistema de partida dele? Logo você faria uma visita a um mecânico e
conseqüentemente iria desembolsar um bom dinheiro. É por esse motivo que a técnica
aperfeiçoou uma maneira de manter o motor do carro funcionando, mesmo quando não
queremos transmitir o movimento do seu eixo para o eixo das rodas.
68
Nos compressores de ar ou de outro qualquer gás acontece a mesma coisa. A
demanda pelo ar comprimido (o uso do ar) pode não ser constante e geralmente não é.
Este sistema possui um pequeno êmbolo no cabeçote do motor (ou em outra parte
qualquer do bloco do compressor), cuja haste atua diretamente na válvula de aspiração.
Esse êmbolo recebe na sua parte superior a pressão do ar comprimido que é liberado
através de uma válvula solenóide. Esta válvula abre quando a pressão regulada atinge
seu limite máximo e fecha quando o limite mínimo é alcançado através de mola.
Este processo acontece pela adição de volumes ao espaço morto normal do cilindro
no primeiro estágio de compressão. Desse modo, diminui-se a quantidade de ar
descarregado por esse estágio e pelo compressor. Esses espaços podem ser
acrescentados manualmente ou automaticamente. Cada espaço tem usualmente um
volume fixo.
A figura abaixo mostra as variações de carga que se podem obter com as aberturas
dos espaços nos dois lados do cilindro.
A B C
D E
Podemos observar que cada lado do cilindro tem dois espaços mortos controlados
por aberturas. Do lado esquerdo vemos os espaços (1) e (2); do lado direito os espaços
(3) e (4). Abrindo-se ou fechando-se esses espaços, controla-se a carga com que o cilindro
irá trabalhar, isto é, o volume de ar que o cilindro irá comprimir.
71
MSA
4.5 Cuidados na operação dos compressores
Com base nesta realidade, os principais cuidados que você precisa ter com os
sistemas de resfriamento e lubrificação desses compressores são monitorar e corrigir,
quando aplicáveis, os seguintes parâmetros:
• a pressão de água que circula o bloco e resfriador(es) intermediário(s): entrada,
saída e diferencial;
• a temperaturas e vazões de água de resfriamento;
• os vazamentos de água de resfriamento (retentor e o selo da bomba, flanges,
redes, resfriador intermediário, interno para o cárter etc.);
• todas as manobras hidráulicas (entrada e saída de água no equipamento,
descarga para costado, entrada e saída de água no resfriador intermediário,
etc.);
• a qualidade, pressão e nível do óleo lubrificante;
• possível contaminação no óleo lubrificante, normalmente provocada por
vazamentos internos de água; e
• alguma redução na seção transversal ou no diâmetro da rede de descarga do ar
do compressor (curvas acentuadas com ângulos muito agudos ou ângulos retos
72 em forma de cotovelos).
4.5.1 Causas do mau funcionamento dos compressores e procedimentos para
correção
Todo profissional de máquinas, qualquer que seja seu nível funcional a bordo, deve
sempre estudar o manual de instruções dos equipamentos instalados. Deve também
procurar conhecimentos práticos por meio dos profissionais mais antigos, no que diz respeito
ao funcionamento dos compressores instalados naquela embarcação.
Você nunca deve esquecer que todo o problema deve ser analisado através dos
conhecimentos que possamos adquirir estudando o manual de instruções do equipamento,
verificando a parte correspondente a defeitos, causas e procedimentos para correção que
o fabricante apresenta.
73
MSA
5 Tanques
Mesmo que você não entenda nada de navios ou de qualquer outra embarcação,
se pensar que na sua casa a água que é usada na pia da cozinha ou no banheiro vem de
um recipiente que chamamos de caixa-d’água, fica fácil definir o que seja “tanque” de
uma embarcação.
Como nos navios temos vários tipos de combustíveis, lubrificantes e até mesmo a
carga do navio pode ser líquida (petróleo e seus derivados), é necessária a utilização de
vários tanques para que esses líquidos possam ser armazenados.
Sabemos que os tanques devem ser estanques, isto é, não devem permitir a
passagem do fluido do seu interior para o exterior.
Os tanques não estruturais maiores têm suas chapas soldadas nos suportes, já
dentro do navio.
75
MSA
Nomenclatura:
Quanto aos tanques não-estruturais, a capacidade varia de 100 toneladas até 100
litros, ou menos.
É importante citar que todos os tanques devem possuir um suspiro a fim de que os
gases formados no seu interior possam ser expulsos para a atmosfera, diminuindo a pressão
no interior do tanque.
Resumido: o que você não pode deixar de saber é que os tanques que armazenam
grandes quatidades de líquidos são os chamados duplos-fundos. Podem carregar a carga
a ser transportada, o óleo para uso próprio navio ou o lastro. Existem também os tanques
laterais (asas) que podem fazer o mesmo tipo de serviço. Quanto aos tanques não-
estruturais, eles servem para armazenar combustível, a água ou óleo lubrificante consumido
no dia-a-dia do navio.
Todo o tanque, seja de armazenagem, seja para uso diário, deve ser sondado
periodicamente. Assim, em todos eles é fixado um tubo conhecido tecnicamente como
tubo sonda onde podemos inserir uma fita metálica graduada (trena) para saber a altura
do líquido no interior do tanque. A partir da verificação da altura do líquido no tanque
podemos, observando uma tabela própria do tanque, saber o volume do líquido armazenado
naquele tanque.
Sabemos que a informática já uma realidade a bordo e nos permite rápida verificação
dos valores dos níveis dos tanques de armazenamento que queremos encontrar.
77
MSA
6 Bombas
• Bombas alternativas
Elas podem ser acionadas pelos mais diversos tipos de máquinas que conhecemos:
motores elétricos, motores a combustão, máquinas a vapor, etc.
• Bombas centrífugas
• Bomba rotativa
Uma bomba é rotativa quando suas partes móveis efetuam um movimento de rotação
e diferencia-se de uma bomba centrífuga (cujas partes móveis também fazem este
movimento) porque tem condição de aspirar o líquido sem que haja necessidade de se
encher seu corpo; já as bombas centrífugas necessitam que seu corpo já esteja cheio do
líquido (escorvado) para iniciar a aspiração, quando o nível dele está abaixo do corpo da
bomba.
Como mostrado no item 6.1, elas podem ser acionadas por um motor elétrico, por
um motor de combustão interna e, as mais usadas antigamente, por uma máquina a
vapor.
flange de
descarga
válvula de
descarga
êmbolo válvula de
admissão
cilindro da bomba
Principais partes de uma bomba alternativa movida por uma máquina alternativa a
vapor.
Classificação
Quanto ao efeito
Quanto ao débito
81
MSA
6.3.2 Bombas centrífugas
Existem três tipos de bombas centrífugas, que são: voluta, turbina e mista (voluta-
turbina).
As bombas centrífugas tipo voluta são fáceis de ser reconhecidas, porque o formato
externo do seu corpo lembra um caracol.
impelidor
descarga
aspiração
voluta
pá do impelidor
impelidor
rotor
difusor
As bombas centrífugas tipo mistas são aquelas que possuem seu corpo na forma
de caracol (voluta) e têm no seu interior um difusor. O aumento de pressão, neste tipo de
bomba, ocorre tanto no difusor quanto na voluta.
palheta
difusora
palheta
impelidora
voluta
Classificação
aspiração
tanque
de óleo
84
Os impelidores das bombas centrífugas podem ser do tipo aberto ou fechado; os
do tipo fechado podem aspirar por um ou pelos dois lados (aspiração simples ou dupla).
Anel de desgaste
Tipos de impelidores
Classificação
Tendo em vista que as bombas tipo engrenagem e parafuso (ou lóbulos) são as
mais utilizadas na indústria naval, iremos dar ênfase ao estudo desses dois tipos.
Há bombas de engrenagens internas e externas, cujo estudo não será objeto nesse
módulo.
Bomba de engrenagem
86
Princípio de funcionamento de uma bomba de engrenagem
O segundo tipo é o de três rotores, dos quais dois são “loucos”. Eles são apoiados
por buchas e a vedação dos eixos é feita por selo mecânico ou gaxetas.
O terceiro tipo também possui três rotores, cujo alojamento é formado por duas
buchas. A admissão do líquido acontece pelas duas extremidades dos eixos e a descarga
pelo centro. Como nos outros tipos, não há mancais, apenas um engaxetamento.
descarga
aspiração
87
Bomba tipo parafuso MSA
7 Separadores centrífugos
7.1 Conceitos
Você sabe realmente a função de uma separadora centrífuga? Quase sempre elas
são chamadas de “purificadores”, mas após estes estudos, você poderá corrigir seus
colegas quando eles mudarem o nome desse equipamento.
Densidade –relação entre seu peso e o peso de um igual volume de água nas
condições normais. Pode também ser expressa como a relação entre sua massa ou peso
específico e os da água.
Sedimento –tudo aquilo que possui peso específico superior ao do líquido que
desejamos purificar ou clarificar. Nos tanques ele vai se depositar no fundo e nas
separadoras centrífugas, nas paredes do tambor.
Você ainda se lembra do que seja força centrífuga? Se não, vamos relembrar. Para
isso, visualize aquele brinquedo existente nos parques de diversões onde existem várias
cadeiras presas a um eixo central. Quando o eixo começa a girar, as cadeiras são
arremessadas para fora. Isto ocorre porque uma força atua contra as cadeiras, afastando-
as do centro, ou melhor, do eixo que gira. Elas só não voam porque estão presas ao eixo
central através de correntes.
Força centrífuga pode ser compreendida como a força que atua em um corpo fazendo
com que ele “fuja” do centro onde essa força está atuando, ou seja, “centrífuga”.
88
Separador centrífugo
Assim sendo, os corpos mais pesados são os que mais se afastam do centro do
eixo de atuação da força.
7.2.1Purificação
Os sólidos encontrados e com pesos específicos superiores aos dos líquidos podem
ser separados simultaneamente.
7.2.2 Clarificação
É a separação dos sólidos existentes nos líquidos (A + B), ou seja, separa somente
a fase sólida e os líquidos continuam juntos, isto é, um contaminando o outro.
Para os óleos combustíveis atualmente usados na queima nos motores diesel dos
navios, sabendo que eles contêm grande quantidade de contaminantes sólidos (borra),
utilizamos dois separadores centrífugos em série, dos quais o primeiro trabalha no processo
de purificação, (e conseqüentemente separando a água e outros líquidos mais pesados
do óleo) e o outro (que recebe o óleo já purificado, ou melhor, sem água) como clarificador, 89
fazendo com que toda a parte sólida seja separada do óleo. MSA
O processo de clarificação é fundamental na limpeza dos óleos combustíveis
atualmente empregados para a queima a bordo dos navios, tendo em vista que tais óleos
contêm quantidade muito grande de borra e outros contaminantes sólidos.
No final do século passado, por volta de 1894, o sueco Gustaf Delaval criou um
engenho com o nome de Spin Flower, que consta basicamente de três tubos de plástico
rígido, dispostos a 120o um do outro, se vistos de cima, e a 45o com relação ao plano
horizontal, fixados num eixo acoplado a uma máquina rotativa, com controle de velocidade.
Dentro desse tubos foi colocado um fluido líquido qualquer (como, por exemplo, a
água), uma partícula A (de menor densidade que água) e uma partícula B (de maior
densidade que a água); ou seja, a partícula “A” é mais leve que a água e a partícula “B” é
mais pesada do que a água.
No intuito de dar ênfase a este item escolhemos como exemplo uma separadora do
tipo MAPX 313 da Alfa Laval, muito encontrado a bordo de navios nacionais.
a) Rotor
Ele é composto de várias partes móveis (como você verá abaixo) que diferem de
acordo com o processo de trabalho e o tipo de separadora.
90
O corpo inferior poderá ser fechado (rotor fechado) ou ter aberturas laterais, onde
é descarregada a borra (descarga automática). Estes dois tipos de rotor são diferentes:
num (rotor fechado) a limpeza interna só pode ser efetuada de maneira mecânica. Temos
que desmontá-lo para limpar suas partes internas.
Rotor clarificador
O líquido a ser tratado entra no distribuidor (pelo centro) para os espaços entre os
discos. As partículas pesadas são arremessadas, através da força centrífuga, em direção
à periferia do rotor, em cujas paredes internas acabam se depositando.
91
MSA
Rotor purificador
O líquido a ser tratado (óleo combustível ou qualquer outro óleo) entra pelo
distribuidor (parte central do rotor), descendo para a parte inferior do rotor e ocupando os
espaços entre os discos.
Pela força da gravidade, as fases líquidas são separadas uma das outras, ou seja,
a fase pesada (líquida ou sólida) move-se através da face inferior dos discos em direção
à periferia do rotor, em cuja parede interna os sólidos se depositam.
A fase pesada (líquido) segue por cima do disco superior em direção a saída
(chamada de gargalo do rotor) e é descarregada através do disco de gravidade (saída
externa na cor azul na figura).
A fase leve (produto limpo, já purificado) move-se ao longo da face superior dos
discos de separação em direção ao centro do rotor e é descarregada através do furo de
gargalo do disco superior. Isto pode ser visualizado na figura abaixo, na cor amarela e
nomeada como D1.
Partes do Rotor
Dependendo do tipo de separador centrífugo utilizado você verá rotores com partes
diferentes.
Como não é possível, neste trabalho, citar os rotores de todos os fabricantes,
tomamos como base o rotor de um separador da Alfa Laval tipo MAPX, que é o mais
encontrado a bordo dos navios mercantes.
92
Partes do rotor
b) Motor Elétrico
Para que a separadora centrífuga funcione, é necessário que uma força motriz
faça girar seu eixo. Normalmente essa força motriz é fornecida por um motor elétrico, que
é um dos componentes fundamentais na separadora centrífuga.
Caso seja necessária a substituição do motor por outro, deverão ser verificados os
seguintes parâmetros:
• tensão;
• freqüência;
• tipo de acoplamento;
• grau de proteção;
• classe de isolamento;
93
• temperatura do ambiente de trabalho; e
• potência. MSA
Observar que sempre são recomendados para o uso naval motores totalmente
fechados, com ventilação externa.
Outro detalhe importante: quando o motor for religado, após haver sido retirado por
qualquer motivo, deve-se verificar sempre o sentido de rotação correto, conforme a flecha
indicativa na carcaça do motor original ou desenho na separadora com essa identificação.
c) Acionamento Horizontal
O eixo horizontal da separadora é acionado pelo motor elétrico. Ele contém uma
coroa que irá transmitir o movimento de rotação ao eixo vertical.
Fazendo uma analogia, podemos dizer que óleo lubrificante em excesso danifica
qualquer máquina, da mesma forma que “água demais mata a planta”. O eixo horizontal
ainda aciona a bomba de alimentação.
94
d) Acionamento Vertical
96
Sistema de admissão e recalque
1. Admissão de óleo a ser tratado na bomba da separadora
2. Descarga de óleo a ser tratado, da bomba para o aquecedor
3. Entrada de óleo a ser tratado na separadora
4. Saída de óleo limpo da separadora
5. Saída de água separada
6. Conexão para saída de água e dreno
7. Saída de borra do rotor
9. Suprimento de água de lavagem e selo
10. Entrada de água de fechamento do rotor
11. Entrada de água de abertura do rotor
A. Válvula de fechamento na entrada da bomba de admissão
B. Filtro na entrada da bomba de admissão
C. Bomba de admissão
D. Rotor
E. Eixo vertical
F. Pinhão
G. Coroa
H. Acoplamento de fricção
J. Contador de rotações
K. Freio
L. Visor de óleo do cárter
M. Bujão de óleo (admissão no cárter)
N. Indicador de fluxo
O. Termômetro
f) Bomba de Alimentação
A bomba tem uma válvula de alívio montada no seu próprio corpo, como é de
praxe em todas as bombas de deslocamento positivo.
97
MSA
g) Acessórios
São elementos que devem ser instalados para se ter uma condição ideal de
centrifugação. Temos os seguintes acessórios (equipamentos e ou sistemas) periféricos:
Sistema de pré-aquecimento
98
Nas separadoras Alfa Laval, podemos encontrar dois sistemas de descarga
automática para separadoras de óleo mineral para uso naval:
• sistema convencional, denominado de descarga do tipo total, ou seja, todo o
conteúdo do rotor é descarregado. Por esse motivo haverá necessidade de se
cortar a alimentação de óleo à separadora durante o ciclo de descarga; e
• sistema de descarga controlada, cuja característica principal é permitir descargas
controladas com volume menor, sem haver perda de óleo e sem a necessidade
de interrupção da alimentação de óleo sujo quando ocorrer a descarga.
Outros sistemas que iremos encontrar nas modernas separadoras são o sistema
de alarme para a quebra de selo hidráulico, cuja função é alarmar quando houver a quebra
de selo hidráulico do rotor; o sistema de controle automático, cuja função básica é monitorar
as descargas nas separadoras automáticas; e o controle de interface, utilizado em alguns
tipos de separadoras e importante para controlar a linha de separação (dentro do rotor)
através da contrapressão na saída do óleo limpo.
7.4.1Limpeza do Rotor
É difícil recomendar a freqüência com que o anel de fechamento deve ser lubrificado,
pois isto depende do lubrificante em uso e dos cuidados exercidos na lubrificação. 99
MSA
No começo a ponta do eixo vertical deverá ser lubrificada pelo menos uma vez por
mês, para impedir o engrimpamento do corpo do rotor ao eixo. Com o tempo, o intervalo
entre as lubrificações poderá ser aumentado de acordo com a necessidade.
Se o líquido processado contiver água salgada ou a borra for corrosiva (pela presença
de ácidos ou sais), o rotor deverá ser perfeitamente limpo com o líquido de lavagem e
mediante repetidas descargas imediatamente após o término da operação, e no mínimo a
cada vinte e quatro horas. Isto é de particular importância quando se processam óleo
lubrificante e óleo combustível pesado.
Limpe as peças de comando da descarga sempre que o rotor for retirado do eixo.
Limpe todos os canais e boquilhas do corpo do rotor, o anel de manobra, o disco impulsor
e o registro do comando. O tipo da água (dureza) determinará a freqüência dessa limpeza.
O conjunto rotor é composto por várias peças metálicas e de vedações entre si;
nas peças de grande porte (anel de fechamento grande, capa do rotor, distribuidor, disco
superior, cone distribuidor e corpo do rotor), em geral existem marcas de balanceamento
dinâmico acompanhadas do número de série da máquina.
Num rotor novo, as marcas de fechamento (-O-) devem coincidir exatamente. Com
o desgaste das roscas, as marcas se ultrapassam e quando a marca do anel ultrapassar
de 25 a 30o a marca da tampa, você deverá consultar um técnico especializado do fabricante
para examinar as peças.
Esta verificação deverá ser feita pelo menos uma vez por ano da seguinte forma:
• desatarraxe o anel de fechamento grande, remova a capa do rotor e o distribuidor
com o jogo de discos;
• retire o anel de vedação externo da capa do rotor, coloque a capa e atarraxe o
anel de fechamento para esquerda até o fim;
• se o anel de fechamento puder ser apertado com a chave circular sem resistência
até que a capa fique bem presa ao corpo do rotor, a pressão no jogo de discos
deverá ser aumentada acrescentando-se um disco extra (incluído no jogo de
peças sobressalentes) no topo da pilha de discos;
• certifique-se de que o anel de vedação esteja colocado na ranhura da capa do
rotor; quando trocar o anel de vedação, retire-o por meio do pino, o qual deve ser
inserido alternadamente nos orifícios providos para esse fim;
• encaixe o anel na ranhura utilizando uma tábua aplainada medindo 1”x5”, colocada
em cima do anel;
• bata com cuidado na tábua, bem em cima do anel. Primeiro num lado, depois no
outro; e
• vire a tábua pouco a pouco, acompanhando a circunferência do anel e encaixando-
o por igual.
Eixo Vertical
Quando examinar o eixo vertical, verifique com especial atenção a sua ponta cônica,
o furo correspondente (central) do fundo do rotor e a altura do eixo.
Acoplamento e Freio
Limpe bem a polia de fricção e as sapatas. Raspe as lonas com uma lima grossa
para deixá-las ásperas. Quando trocar lonas de fricção, troque sempre todas ao mesmo
tempo, ainda que apenas uma esteja gasta.
Eixo Horizontal
Cárter
101
MSA
8 Combate a poluição
Nos Estados Unidos e na Europa seu uso é bastante restrito, usando-se somente
em locais onde a possibilidade de incêndio possa causar grandes prejuízos ou para impedir
que as manchas sujem as praias ainda não atingidas.
102
Utilização de produto absorvente em uma poluição marinha
a) Quanto à utilização
• pesadas, para mar aberto;
• leves, para águas tranqüilas; e
• permanentes, para locais de freqüentes vazamentos.
b) Quanto ao material
• flexíveis, tomam forma sem resistência;
• semiflexíveis, oferecem alguma resistência; e
• rígidas, mantêm a forma original.
104
Separação pelo efeito da gravidade (sistema LOT)
Sistema de lavagem de tanques com óleo cru (COW) – A sigla COW significa
Crude Oil Washing, que quer dizer lavagem por óleo cru e é a limpeza dos tanques de
carga dos navios petroleiros com jatos de óleo da carga efetuada sob alta pressão durante
a operação de descarga do navio e por bombas próprias, instaladas no interior dos tanques.
O óleo da carga é bombeado através de um sistema próprio, independente do sistema de
carga ou de lastro.
Principais desvantagens
• o COW não elimina a necessidade de lavagem com água para o carregamento
de lastro limpo ou entrada em estaleiros, além de não surtir qualquer efeito no
que se refere à limpeza das linhas e a desgaseificação;
• o fato de que os navios têm que ser providos de sistemas de gás inerte e máquinas
de lavagem fixas, apropriados, pressupõe elevados gastos e limitam muitos navios
antigos que, sem procederem grandes modificações, não podem realizar tal
operação;
• esta operação só pode ser realizada durante a descarga, o que causa um aumento
significativo do tempo de operação;
• maior carga de trabalho para o pessoal envolvido e,
• crescentes riscos de segurança no porto.
Lembramos que as operações de COW não são opcionais, mas sim obrigatórias,
de acordo com as regras internacionais contra poluição para navios petroleiros que possuam
certificado de COW. No Certficado Internacional de Prevenção Contra Poluíção por Óleo
(IOPP) é previsto se o navio está ou não equipado com um sistema COW. A não realização
das operações de lavagem com óleo cru, quando necessárias, constituem desrespeito às
regras internacionais e podem levar a multas e detenção do navio infrator.
Para melhor conhecimento deste sistema você deverá estudar o manual do navio.
Sistema de gás inerte –sistema que permite a substituição dos gases inflamáveis
existentes no espaço livre interior dos tanques de carga por gases de baixo teor de oxigênio
e, portanto, não combustíveis. Freqüentemente, os gases de descarga das caldeiras do
navio, que são inertes, passam por um sistema de limpeza e são bombeados para os
tanques de carga.
Uma outra fonte poluidora da água do mar e de outro qualquer local onde esteja
uma embarcação é a água proveniente das dalas da praça de máquinas. Sabemos que,
em virtude de vazamentos de óleo combustível e lubrificante dos equipamentos instalados,
bem como de água de diferentes sistemas da praça de máquinas, tal mistura, que irá ser
coletada na dala (parte inferior da praça de máquinas), deverá ser removida.
Como sabemos, não podemos esgotá-la diretamente para o mar. Isto causará
poluição. Por este motivo é que são instalados nas praças de máquinas diversos tipos de
um equipamento denominado separador de água e óleo.
O separador de água e óleo, seja de que tipo for, tem a finalidade de separar a
maior parte do óleo existente na mistura oleosa da dala da praça de máquinas, ou seja,
permitir que a água seja descarregada para o mar, através do separador, com uma
quantidade mínima de óleo.
Como o mais comum em naviosé o do tipo Turboil Senco, vamos mostrar seu
funcionamento, sempre lembrando que, para melhor operar qualquer sistema é necessário
estudar meticulosamente o manual de instruções do fabricante.
106
Separador de água e óleo Turbois Senco – Além da boa capacidade de separação,
este separador possui algumas características exclusivas, como sejam: ocupa pouco espaço,
baixo peso, baixo custo de aquisição e é de fácil manutenção. O seu comando operacional
pode ser manual ou completamente automatizado. A capacidade destes equipamentos varia
de 10 a 250 ton/h de água a ser processada (água contaminada por óleo).
1
2
3 19
4
5 18
17
6
16
7
15
14
13
12
11
10
9
A mistura de água e óleo é aspirada da dala da praça de máquinas por uma bomba
chamada “bomba de esgoto de porão”, quase sempre do tipo alternativa e descarregada
em um tanque próprio, denominado “tanque de esgoto”.
Após esse período uma bomba de fuso aspira a água deste tanque e descarrega-
a para o separador através de uma válvula de retenção.
A água, agora isenta do óleo, sai pela parte central dos discos, sendo então drenada
pela parte inferior do separador.
Quando a mistura é admitida no separador por meio de bomba, ela vem com uma
certa quantidade de ar que fica acumulado na parte superior do mesmo formando um
colchão elástico. Este serve para compensar o fluxo descontínuo na entrada da mistura.
O ar excedente é automaticamente eliminado através de uma válvula de suspiro tipo bóia
(3).
Uma célula fotoelétrica envia um sinal elétrico e, quando a intensidade do sinal faz
com que o monitor calcule um valor igual ou superior a 15 ppm, todo o sistema automático
é ativado para que a válvula do costado seja fechada e a água retorne para o separador,
parando a aspiração da mistura oleosa do tanque.
108
Para que os 15 ppm (ou menos) de óleo seja alcançado, é adaptado ao separador
um sistema de filtros adicional.
Como não há encomendas dos estaleiros nacionais para tal equipamento, vamos
deixar para outra oportunidade o estudo do mesmo.
borra do tanque
de esgoto
aquecedor
tanque de
tratamento 5
de borra
3
1
4
saída de óleo
separador 2
saída de borra Alfa Laval
109
MSA
Os efluentes com material fecal são admitidos no tanque de arejamento, onde são
digeridos por bactérias. Este compartimento contém oxigênio e microrganismos que são
desenvolvidos no próprio efluente pela adição do oxigênio.
Partes do sistema
111
Vista em corte de um sistema de tratamento fecal MSA
1 entrada para esgoto (material fecal) 9 descarga de emergência
2 tubo visor de lama ativada 10 difusores de ar
3 filtro em tela 11 tanque de aeração (primário)
4 suspiro de gases 12 tanque de sedimentação
5 coletor de superfície de detritos flutuantes 13 bomba de descarga de água tratada
6 painel de controle 14 conexão de enchimento
7 tubos de cloro em pastilha 15 compressores aeradores
8 entrada de águas servidas (embornais) 16 indicador de nível
É importante observar que na entrada dos efluentes existe uma tela que impede a
passagem de material sólido no tanque de aeração. A limpeza periódica dos tanques é de
fundamental importância para o bom funcionamento do sistema.
112
9 Comunicações interiores e sistemas de alarme
Não devemos desprezar o apito como um meio de comunicação interior. Nas fainas
de emergência, ele irá alertar a todos os tripulantes de acordo com os sinais já conhecidos
e que serão emitidos a partir do passadiço.
VHF Portátil
Nas pequenas embarcações, os alarmes são atendidos pelo timoneiro, que informa
ao operador da máquina a irregularidade existente. Nas embarcações de médio porte,
com praça de máquinas guarnecida, existe um painel de alarmes que indica o equipamento
e a irregularidade no seu funcionamento.
Console da CCM
Como dito acima, os alarmes são importantes para ajudar na condução dos
equipamentos, mas que cuidados devemos ter com as máquinas que estamos operando?
Vejamos:
Quando alguma pressão ou temperatura não estiver dentro dos valores determinados
para permitir o perfeito funcionamento do equipamento, o sistema de alarme irá atuar,
alertando o operador para a anormalidade. O mesmo procedimento se dará para os níveis
dos tanques e a salinidade da água do destilador.
Os sistemas de alarmes modernos são do tipo luminosos e sonoros; isto quer dizer
que, quando houver uma anormalidade, acenderá uma luz e soará uma buzina ou sirene.
Quando a luz acender e a buzina ou sirene tocar, você deve apertar o botão de
cancelamento da buzina (ou sirene) e ela deixará de soar. Ver, então, no painel qual a luz
que está piscando e, só então, pressionar o botão que está piscando. Ele ficará aceso até
que a condição de alarme seja resolvida, ou seja, se a pressão está baixa, ela deverá
voltar ao normal para que a luz se apague automaticamente; se a temperatura estiver
alta, ela deve voltar ao valor desejado, etc.
Nunca atenda a um alarme sem verificar, no local em que ele indica a anormalidade,
o que está acontecendo; acredite sempre que mais vale uma vistoria local do equipamento
116 do que sua intuição que, às vezes, não é muito correta!
10. Trocadores de calor
O calor pode deslocar-se de uma região de um corpo para outra; além disso, o
calor pode passar de um corpo para outro, estando estes corpos em contato ou não. Esse
fenômeno recebe o nome de transmissão do calor.
O calor sempre flui da região ou corpo de temperatura mais alta para a região
ou corpo de temperatura mais baixa.
Condução do calor
Convecção do calor
Processo de transmissão do calor nos líquidos ou nos gases, por efeito das camadas
aquecidas que se chamam correntes de convecção.
Na convecção não ocorre passagem de energia de um corpo para outro, mas 117
movimento de partículas, levando consigo a energia de uma posição para outra. MSA
Portanto, a convecção não pode ocorrer no vácuo. Os ventos são correntes de
convecção atmosférica.
Irradiação do calor
Num dia frio, podemos sentir calor se estivermos sob a ação direta dos raios solares;
porém, se nos colocarmos à sombra, sentiremos frio. Entre o Sol e a Terra, quase não há
matéria; portanto, o calor não chega à Terra nem por condução, nem por convecção,
recebemos seu calor por irradiação.
Ebulição
Considere um vaso transparente com água e coloque-o sobre uma chama. Após
certo tempo você vai observar que começam a se formar bolhas no interior do líquido, e a
vaporização processa-se de maneira rápida e turbulenta.
p (mm/Hg) t (0C)
6,5 5
9,2 10
92,6 50
760 100
11 650 200
132 700 350
Onde:
p = pressão em milímetros de mercúrio; e
t = temperatura em graus Celsius.
A diminuição da pressão sobre o líquido, por meio de uma bomba de vácuo, facilita
a formação de bolhas, fazendo com que o líquido entre em ebulição em temperaturas
abaixo de 100°C. Dizemos, então, que o líquido ferve a 10°C, 20°C, 30°C, ...
Sob pressão de 218 atmosferas (atm), a água pode ser mantida líquida até a
temperatura de 374°C, denominada “temperatura crítica”.
Condensação ou liquefação
10.3 A caldeira
Por irradiação, porque emitem ondas de calor radiante, que são projetadas em
todas as direções e absorvidas por toda a superfície a elas exposta.
Por convecção, porque após terem transmitido parte do seu calor à superfície de
aquecimento (direta ou indiretamente) por irradiação, os gases sobem, por convecção,
pelas partes superiores da caldeira, trocando calor através dessa corrente gasosa
ascendente.
Por condução, porque os tubos, feitos por material metálico, recebem aquecimento
direto dos gases da combustão e suas moléculas vibram mais intensamente, aumentando
sua temperatura e, conseqüentemente, a da água que passa no seu interior.
Nas do tipo aquatubular acontece o inverso; a água fica por dentro dos tubos e os
gases fluem por fora deles.
Estas são as partes básicas de uma caldeira, do tipo aquatubular, instalada a bordo
de navios mercantes nacionais:
• Fornalha – local em que o combustível é queimado, e do qual o calor é transmitido
aos tubos onde circula água a ser vaporizada;
• Tubulão de água – reservatório onde fica armazenada a água que circula nos
tubos para ser evaporada, produzindo vapor. Podem ser dois ou somente um
tubulão;
• Tubulão de vapor – também conhecido como tubulão superior, onde o vapor e
parte da água ficam depositados. O vapor produzido é retirado da caldeira através
do tubulão superior;
• Feixe tubular – conjunto de tubos, de diversos diâmetros e diversas finalidades,
onde circula a água ou o vapor;
• Queimadores – também conhecidos como maçaricos, que são os responsáveis
por admitir óleo combustível pulverizado para a queima;
• Sistema de alimentação de ar – sem o ar é impossível efetuar-se a queima do
combustível. O sistema de admissão de ar na fornalha é composto de um
ventilador, dutos e difusores que permitem que o ar penetre na fornalha de uma
forma turbulenta;
• Sistema de ramonagem – Constituído de uma lança (instalada no interior da
caldeira e entre tubos), sistema de alimentação de vapor e sistema de
movimentação da lança. É instalado para a limpeza externa dos tubos geradores
de vapor;
• Superaquecedor – Conjunto de tubos, partindo do tubulão de vapor (superior)
que devolve o vapor produzido à fornalha para aumentar sua temperatura e retirar
qualquer líquido ainda existente no vapor;
• Desuperaquecedor - o vapor superaquecido pode não ser necessário e assim
ele retorna para um sistema de tubos que passa pelo tubulão superior, diminuindo 121
sua temperatura; MSA
• Válvulas, redes e demais equipamentos auxiliares; e
• Sistemas de controle e proteção – constituídos de manômetros, indicadores
de nível, termômetros e toda a parte de automação.
Válvula de segurança
No nosso estudo vamos identificar somente os três tipos mais comuns a bordo,
quais sejam, os condensadores, aquecedores e os resfriadores.
Condensadores
São os trocadores de calor, como dito acima, instalados para transformar o vapor,
após haver efetuado um trabalho, em água.
Eles podem ser do tipo atmosférico e a vácuo. O primeiro tem sua pressão interna
acima ou igual à pressão atmosférica. São os chamados condensadores auxiliares e estão
no sistema de vapor auxiliar.
Os condensadores podem ser de contato indireto (a água não está em contato com
o vapor) ou de contato direto, os chamados tanques de cascata ou de observação. Nestes,
o vapor é admitido em um tanque onde se condensa ao entrar em contato com a água já
existente em seu interior.
Sabemos que todo navio mais moderno, ou melhor, construído após a década de
70, só consome óleo combustível do tipo “bunker”, que é pouco viscoso e sua fluidez, na
temperatura ambiente, muito baixa; por isso é necessário que procedamos a seu
aquecimento. O trocador de calor instalado para tal finalidade é o aquecedor.
A fonte quente que cede calor ao combustível pode ser o vapor ou qualquer outra.
Hoje em dia está sendo muito usado o chamado óleo térmico. Ele é um tipo especial de
óleo lubrificante que, após ser bem aquecido, serve como fonte quente que circula pelos
outros aquecedores. Nestes trocadores de calor, do tipo feixe tubular, o óleo a ser aquecido,
passa por fora dos tubos e a fonte quente por dentro.
Nos navios petroleiros existe um tipo de aquecedor de água para lavagem de tanques
de carga denominado “aquecedor de butterworth”. Nele é sempre o vapor a fonte quente
e a água do mar, a fonte fria.
Resfriadores
125
MSA
Os resfriadores de água de resfriamento dos motores admitem a água a ser resfriada
e que vem dos motores, pela parte superior da carcaça. O fluido após ser resfriado sai em
uma tubulação na parte inferior do resfriador. São os do tipo “fluxos cruzados”. A água fria
(do mar ou de circulação) entra por uma das tampas do resfriador, pela parte de baixo,
saindo pela tubulação fixada na tampa, pelo lado de cima.
126
11 Sistemas de governo
Era preciso encontrar um meio de fazer com que o rumo correto fosse conseguido,
com pequeno esforço físico. E pela inteligência do homem, os sistemas de governo foram
sendo desenvolvidos. Inicialmente, com o marinheiro operando manualmente um leme na
popa da embarcação. E se mantém até os dias de hoje, quando o uso da eletricidade e
eletrônica, com o desenvolvimento de materiais mais leves e resistentes, fizeram surgir
novos sistemas de governo que proporcionam o direcionamento de grandes embarcações
oceânicas com grande confiabilidade.
Características principais
Vemos navios de grande porte, como os VLCCs, com máquinas do leme pequenas,
para o porte da embarcação, funcionando sem qualquer avaria de material durante toda a
sua vida útil. Isto representa um grande avanço na construção naval, em relação a trinta
anos atrás, quando as máquinas do leme eram muito maiores para navios de porte menor.
Nas décadas de 40 e 50, eram muito utilizadas em navios com propulsão à máquina
alternativa a vapor. Naquele tempo, todas as máquinas principais dos navios (bombas,
128 propulsores, máquinas geradoras de corrente elétrica) eram movimentadas pela admissão
de vapor.
A máquina do leme não poderia ser diferente. Consistia em dois cilindros de vapor
que, por meio de engrenagens, faziam girar uma roda dentada acoplada à madre do leme.
Para a época foi muito eficiente, mas, como você pode imaginar, tinha um baixo
rendimento térmico, grande peso e necessitava de um tempo longo para aquecer. Outra
dificuldade era a instalação de um sistema de vapor e, conseqüentemente, os problemas
que ele traz.
cana do leme
129
MSA
Assim, este parafuso movimenta dois blocos de aço (chamados dados) em sentidos
opostos e, por meio das conectoras, a madre do leme é girada. As luvas que deslizam ao
longo das barras impedem que os dados girem.
Os mancais de parafuso ficam nos jazentes onde são apoiadas as barras guias e o
parafuso sem fim.
O sistema possui ainda um freio mecânico, que é acionado por uma alavanca e que
serve para manter o leme a meio quando da necessidade de manutenção.
Mas você sabe quais os tipos de bomba utilizados para gerar uma força hidráulica
que faz com que o leme se movimente? Então, aprenda que as bombas podem ser de
êmbolos radiais, axiais ou de palhetas. No estudo das bombas você já as conheceu.
Existem dois grandes tipos de sistemas hidráulicos para acionar a madre do leme.
Vejamos como funcionam os dois tipos desta máquina.
É o tipo mais comum em grandes navios; possui duas bombas hidráulicas acionadas
por motores elétricos, cada uma delas capaz de manter o sistema sob pressão.
130
Máquina de leme hidráulica
A madre do leme é movimentada por dois ou quatro cilindros hidráulicos. A pressão
hidráulica é comunicada a um dos lados dos cilindros e aliviada do outro através da operação
de válvulas comandadas eletricamente (solenóides).
Essas válvulas são abertas e fechadas por um painel elétrico que “lê” a ordem
recebida do passadiço pelo receptor sincro. Conforme o bordo que se deseja mover o
leme, válvulas solenóides diferentes são operadas.Quando é alcançado o ângulo do leme
desejado, as válvulas são fechadas e o leme fica em posição.
Para cada bordo desejado existe um conjunto de palhetas fixas e móveis para
onde o óleo é enviado, quando o sistema de válvulas direcionais (solenóides) atua.
131
MSA
1 Anel de pressão 11 Canal inferior
2 Junta de pressão automática 12 Régua de estanqueidade
3 Junta labial 13 Palheta
4 Junta de borracha redonda 14 Cubo
5 Canal circular superior 15 Corpo
6 Anel-guia 16 Amortecedor de borracha
7 Perno cilíndrico 17 Peno da chumaceira
8 Batente 18 Casquilho de aperto
9 Haste de válvula 19 Suporte
10 Flange de válvula
Nos navios mais modernos, o timão tem sido substituído por comandos pequenos,
como o “joystick”. É a modernização dos equipamentos de bordo.
Sigamos, então, a cadeia de atividades que irá fazer com que a embarcação tenha
seu rumo correto, como desejado:
• o homem aciona o timão ou um comando que o substitui;
• a ordem é transmitida para a máquina do leme ou servomotor;
• a máquina do leme faz movimentar mecanismos que transmitem força para girar
o leme; e
• o leme se move no ângulo desejado acusado no indicador do ângulo do leme.
Mas você deve estar pensando na maneira pela qual o timão dá a ordem para a
máquina do leme! Como ainda não estudamos bem este processo, tudo parece muito
complicado; mas vejamos:
Vamos estudar, então, os três principais sistemas, dentro das nossas condições de
132 aprendizado, sabendo de antemão que os dois primeiros estão em desuso ou são usados
apenas nas pequenas embarcações, o que não é o caso de navios mercantes.
Sistema de transmissão mecânica ou por gualdropes
O timão está fixado ao eixo de um tambor no qual fica enrolado o cabo de aço ou
correntes.
Os chicotes, que são as partes extremas dos cabos ou correntes, saem um por
cada bordo e são fixados na cana do leme. Deste modo, girando-se o timão, gira-se
também o tambor, e o gualdrope de um bordo vai-se enrolando e o do outro desenrolando,
o que faz com que a cana do leme se desloque para um lado ou para outro e,
conseqüentemente, a madre e o leme.
tambor
madre do leme
quadrante do leme
rodete
Transmissão hidráulica
Este sistema está restrito a pequenas embarcações. Podemos instalar esse sistema
de transmissão em outras partes do navio e não só no passadiço. Alguns navios antigos
possuíam um timão instalado no redondo de popa.
Este sistema é o único usado nos navios modernos, principalmente os que navegam
em alto-mar. Consiste em transmissores com motores sincro, localizados nas estações de
manobra (passadiço ou qualquer outro local onde possamos enviar um sinal para o receptor
da máquina do leme) e que são controlados pelo movimento do timão ou de outro comando
elétrico instalado.
135
MSA
Bibliografia
ALFA LAVAL. Manual do operador – Separadora de óleo mineral MOPX 205 TGT. São
Paulo, 1984.
136