Aristóteles de Estagira, filósofo grego, um dos maiores
pensadores de todos os tempos e considerado o criador do pensamento lógico. Suas reflexões filosóficas — por um lado originais e, por outro, reformuladoras da tradição grega — acabaram por configurar um modo de pensar que se estenderia por séculos. Prestou inigualáveis contribuições para o pensamento humano, destacando- se: ética, política, física, metafísica, lógica, psicologia, poesia, retórica, zoologia, biologia, história natural e outras áreas de conhecimento humano. É considerado por muitos o filósofo que mais influenciou o pensamento ocidental. Por ter estudado uma variada gama de assuntos, e também por ter sido um discípulo que em muitos sentidos ultrapassou seu mestre, Platão, é conhecido também como o Filósofo. Aristóteles nasceu em Estagira, na Calcídia, região dependente da Macedônia. Após a morte de seu pai Nicômaco, médico do rei Amintas, Aristóteles fixou-se em Atenas, onde ouviu durante vinte anos as lições de Platão. Com a morte de seu mestre (348), foi para Atarnéia, na Mísia, onde casou com uma parenta de Hérmias. Em 343, tornou-se preceptor de Alexandre, o Grande. De volta a Atenas (335), fundou o Liceu, denominado também escola peripatética, porque o mestre dava suas lições passeando com os alunos. Depois da morte de Alexandre (323), Aristóteles, malvisto pelos atenienses, foi condenado à morte pelo Areópago, após o refúgio na ilha de Eubéia. Os tratados de Aristóteles provêm de notas tomadas por seus ouvintes; não são redigidos por ele; constituem um vasto conjunto enciclopédico, dividido posteriormente em quatro grupos de obras. As obras de lógica, reunidas sob o nome de Organon, fundam a lógica formal, a teoria dos juízos e dos raciocínios; a conclusão é uma teoria do conhecimento: o primeiro momento do conhecimento é a percepção. É pela memória que passamos da percepção à experiência, a partir de lembranças repetidas; a experiência fixa leis universais. Em nível mais elevado, encontramos a arte e, enfim, a ciência. A passagem do particular ao universal faz-se por um processo de indução fundado em leis da razão. A teoria do conhecimento, empírica em sua gênese, racional em seu fundamento, caracteriza o que se chamou depois conceitualismo ou conceptualismo. As obras de filosofia natural aliam, como todo o sistema de Aristóteles, uma mistura de observações empíricas e de exigências racionalistas. A obra Das Partes dos Animais pode ser considerada como o primeiro tratado de anatomia e fisiologia comparadas. Deixou descrição de mais de 400 espécies animais. Foi o primeiro a definir a espécie e a classificar os animais em dois grandes grupos: os vertebrados, que denominava "sangüíneos", e invertebrados, "exangues". O tratado Do Céu inaugura a cosmografia. Todas essas descrições se inscrevem num sistema de Física profundamente vitalista: todos os seres são animados. O movimento não se explica de fora, pelo choque mecânico, mas de dentro, pela força interna ou "forma substancial" dos corpos. Tal é o dinamismo aristotélico. Essa sistematização dos fenômenos alicerça-se numa metafísica que explica o dinamismo a partir de uma relação da forma e da matéria, do ato e da potência. A Metafísica funda a física numa teologia, numa teoria de Deus como motor do universo, como ato puro. Aristóteles parece hesitar entre a teoria de um Deus transcendente, "pensamento do pensamento", e a de um Deus imanente, "vivente eterno perfeito". As obras, Ética a Nicômaco e Política aliam de maneira às vezes curiosa os preconceitos das cidades gregas de então e as considerações inovadoras e modernas (importância da prática em moral, papel do meio geográfico, econômico e social; idéia de uma ciência política baseada na experiência). Aristóteles também escreveu uma Retórica e uma Poética. Aristóteles incluiu em seus estudos filosóficos tanto a poesia como a retórica, ampliou o âmbito da retórica com sua teoria das emoções, com sua tipologia dos caracteres e sua elaborada teoria do estilo. Seu objetivo era provar que a retórica tinha tanta razão de ser quanto a dialética, a qual, segundo Platão, era a ciência suprema.
QUINTILIANUS
Marcus Fabius Quintilianus (35 - 95) foi professor de
Retórica na Roma Antiga. Nasceu em Caagurris (Calahorra, atual Espanha) e viveu de 30 a 95 DC, escritor e retórico latino. Estudou em Roma, onde primeiro exerceu como advogado. Tornou-se conhecido por ter sido professor de retórica. Um de seus alunos foi o orador romano Plinio, o jovem. Depois de exercer por vinte anos como advogado e professor, retirou-se para escrever. Ficou famoso pelo Institutio Oratoria (c. 95 d.C.), grande obra redigida em 12 volumes. Nos dois primeiros livros Quintiliano trata a educação fundamental e como se organizava a vida na Roma de seu tempo. Recomendava que se ensinassem simultaneamente os nomes das letras e as suas forma. É contrário aos castigos físicos. Recomenda a emulação como incentivo para o estudo e sugere que o tempo escolar seja periodicamente interrompido por recreios, já que o descanso é, na sua opinião, favorável à aprendizagem. O Livro X é o mais conhecido, nele Quintiliano aconselha a leitura como elemento fundamental na formação de um orador e também contém uma pesquisa sobre as pessoas que escreveram grego e latim. No último livro apresenta o conjunto de qualidades que deve reunir quem se dedicar à Oratória, tanto no que se refere à conduta quanto ao caráter. Sua obra exerceu grande influência sobre a teoria pedagógica que sustenta o humanismo e o renascimento. Para Quintiliano, o homem ideal só pode ser o orador. A oratória estaria acima da astronomia, da matemática e de outras ciências. Sua obra é um tratado, escrito de maneira agradável, sobre a educação do homem.