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Principais Doenças do

Coelho Bravo
Autor: Diogo Fontes
Co-Autor: Diogo Fontes, Carla Azevedo - Médicos Veterinários
04-09-2006 11:00:00

Este artigo tem como objectivo apresentar as principais doenças do


coelho bravo (Oryctolagus cuniculus), nomeadamente a Mixomatose
e a Doença Hemorrágica Vírica (DHV), doenças que têm contribuído
fortemente para uma dramática diminuição do coelho bravo em
Portugal e na vizinha Espanha.
Originário da Península Ibérica, o coelho bravo, outrora com densidades populacionais
elevadas (até 40 coelhos por hectare), tem sofrido nos últimos anos grandes reduções quer em
número quer em distribuição, estimando-se actualmente que exista somente 5 a 10% da
população que existia há 50 anos atrás!

Em Portugal e Espanha, o coelho bravo é uma das espécies cinegéticas de maior interesse (se
não mesmo a mais popular), mas é também um elemento chave dos ecossistemas
mediterrâneos pois é presa de pelo menos 27 aves de rapina, 11 espécies de carnívoros e 2
espécies de serpentes, onde se destacam as espécies emblemáticas do lince ibérico (Linx
pardinus) e a águia imperial (Aquila adalberti), ambas em vias de extinção, em parte devido à
diminuição da sua presa principal, o coelho.

Este declínio foi o resultado de um conjunto de factores tais como: perda de habitat e sua
fragmentação devido a práticas desajustadas na pecuária, agricultura e silvicultura,
desertificação do mundo rural, incêndios florestais, caça excessiva e principalmente, surtos de
doença (Mixomatose e DHV).

Este artigo pretende ser um alerta, nomeadamente a todos os caçadores e gestores de zonas
cinegéticas para o conhecimento de algumas das principais doenças que afectam o coelho
bravo no sentido de evitar o desaparecimento desta espécie cinegética dos nossos campos,
não dispensando a consulta de bibliografia mais detalhada.

MIXOMATOSE
Trata-se de uma doença vírica altamente contagiosa causada por um vírus originário do
continente americano (família Poxviridae) em que o coelho selvagem americano (género
sylvilagus) e a lebre são resistentes à doença mas portadores do vírus. Contudo, quando
infectados, o coelho bravo e as raças domésticas que dele derivam, desenvolvem uma doença
quase sempre fatal num prazo de 6 a 15 dias.

Os prejuízos económico-ambientais desta doença têm sido extremamente elevados,


estimando-se que actualmente existam apenas 5 a 10% dos efectivos existentes antes do surto
de doença nos anos 50 (Torres, 2005).

O vírus é transmitido por via directa através do contacto com coelhos doentes, ou por via
indirecta através de vectores artrópodes como mosquitos, pulgas, carraças ou piolhos, em
cujos aparelhos bucais o vírus se aloja sem no entanto se replicar. A transmissão pode
também ocorrer através de vectores mecânicos como jaulas, agulhas, comedouros, alimentos
contaminados por excreções e exsudados naso-lacrimais.
A Mixomatose está sujeita a surtos epidémicos anuais, dependendo do clima, da região, da
quantidade e tipo de insecto vector presente, logo os meses mais quentes e húmidos
(Primavera, Verão e Outono) são os períodos de maior risco.

As taxas de mortalidade registadas inicialmente chegaram a ser de 99%, tendo a virulência do


agente diminuído progressivamente devido ao desenvolvimento de resistência genética em
algumas populações de coelhos e sobretudo pelo aparecimento espontâneo de estirpes de
vírus atenuadas, reduzindo a taxa de mortalidade para 50-75% e prolongando a duração da
doença (6 para 30 dias).

Algumas destas estirpes pouco virulentas desempenham um papel fundamental, pois


funcionam como vacinas naturais, uma vez que os coelhos que sobrevivem à infecção
desenvolvem uma forte resposta imunitária à infecção por estirpes mais virulentas.

Apesar da diminuição da incidência da Mixomatose, é de realçar que esta doença é ainda


responsável, directa ou indirectamente (uma vez que facilita a predação) pela morte de cerca
de 35% dos coelhos mais jovens todos os anos!

As principais manifestações clínicas e lesionais da Mixomatose podem surgir sob duas formas
clínicas:

 Forma clássica ou nodular: após período de incubação o coelho apresenta edemas e


nódulos (mixomas) na cabeça (blefaroconjuntivite) e na zona ano-genital, estendendo-
se depois a todo o corpo, ocorrendo a morte após 10 a 15 dias após infecção;

 Forma atípica ou respiratória: nestes casos a Mixomatose surge associada a sintomas


respiratórios e oculares, sem o aparecimento dos característicos mixomas, originado
lesões inflamatórias nas pálpebras, conjuntivas, nariz, hemorragias pulmunares e
pneumonias bacterianas.
DOENÇA HEMORRÁGICA VIRAL DO COELHO (DHV)

Também designada por septicemia vírica ou peste chinesa, foi detectada pela primeira vez na
China em 1984, disseminando-se rapidamente na Europa a partir de 1988. Actualmente a DHV
é considerada a principal responsável pela elevada mortalidade do coelho bravo na Península
Ibérica, contribuindo para o desequilíbrio do ecossistema mediterrâneo, nomeadamente sobre
as espécies predadoras do coelho bravo.

É uma doença altamente contagiosa provocada por um vírus do género Calicivirus, com taxas
de mortalidade de 50 a 100 %, afectando o coelho bravo europeu e os coelhos domésticos que
dele derivam. A lebre europeia (Lepus sp.) e outras espécies de coelho não padecem desta
doença.

A transmissão ocorre mediante contacto directo com coelhos infectados (via oral, conjuntival e
respiratória) e também por transmissão indirecta, onde insectos, aves e mamíferos podem
actuar como vectores importantes. O homem pode também desempenhar um papel
involuntário importante na disseminação da doença, nomeadamente na realização de
repovoamentos com animais infectados.

É no Outono e Inverno que ocorrem os maiores surtos de DHV.

O sinal clínico mais evidente é a morte súbita e rápida (período de incubação de 24-48 horas)
dos coelhos adultos e jovens adultos, não afectando coelhos com idade inferior a 2-3 meses.
Alguns animais podem apresentar sangue espumoso no nariz, edema, hemorragia e congestão
da traqueia e pulmão, fígado, baço, coração e tecido linfático.

Hemorragia nasal Hemorragias Traqueia e Focos necrose hepática


esófago

É um vírus muito resistente no meio ambiente, podendo permanecer na matéria orgânica dos
campos 105 a 225 dias, resistindo à congelação, a temperaturas elevadas (uma hora a 50°c) e
a pH baixo.

O vírus é sensível a hidróxido de sódio 10% (soda caustica), formol 1,4 % e hipoclorito de sódio
10% (lixívia).
VACINAÇÃO ACTUAL

Existe na actualidade várias vacinas comerciais para a Mixomatose e a DHV, onde apenas são
permitidas em países com elevadas taxas de prevalência destas doenças, como é o caso de
Portugal e Espanha. Estas vacinas são usadas nomeadamente nas cuniculturas (onde se inclui
a criação de coelho bravo em cativeiro) e nos coelhos domésticos, possibilitando uma
protecção imunitária na ordem dos 100% nestes coelhos.

Existem dois tipos de vacina para a Mixomatose: as vacinas homólogas, preparadas a partir de
estirpes atenuadas vivas deste vírus ou as vacinas heterólogas, ou seja a partir do vírus do
Fibroma de Shope (vírus semelhante ao vírus da Mixomatose, mas que apenas afecta a lebre e
não o coelho, mas induz uma excelente resposta imunitária). Esta última vacina feita a partir do
vírus do Fibroma de Shope é em termos de biosegurança a mais indicada para os coelhos
bravos de cativeiro, pois a outra vacina feita a partir de estirpes atenuadas (mas vivas) do
mixovírus, está completamente contra-indicada a sua utilização em meios infectados!

As vacinas disponíveis para a DHV, são obtidas a partir de triturado de fígado de animais
infectados experimentalmente, purificada, onde depois o vírus é inactivado.

No entanto estas vacinas são ineficazes para o controle destas doenças nas populações
cinegéticas por razões óbvias que aqui vamos enumerar:

1. Requerem uma administração individualizada para cada animal e para cada doença;
2. Não existe qualquer transmissão horizontal coelho-coelho;
3. Não existe qualquer transmissão vertical de imunidade coelha-láparos;
4. Necessitam de revacinações mínimas de 6 em 6 meses;
5. Necessitam que os coelhos a vacinar estejam em boas condições higiénicas, livres de
parasitas e de qualquer doença, e que não sejam submetidos a qualquer tipo de stress,
a fim de assegurar uma boa resposta imunitária.

Como se compreende, este tipo de vacinas é inviável para vacinação da população silvestre,
mas extremamente útil para os coelhos de repovoamentos.

PERSPECTIVAS DE NOVAS VACINAS

Do exposto anteriormente, torna-se necessário uma aposta no desenvolvimento de novos tipos


de vacinas capazes de imunizar as nossas populações cinegéticas. Nesse sentido, em 1996,
um convénio entre a Real Federação Espanhola de Caça e o INIA, permitiu iniciar um projecto
de investigação no Centro de Investigação de Sanidade Animal (instituto do Ministério do
Ambiente Espanhol) coordenado pelo director do centro Dr. José Manuel Sánchez Vizcaíno. O
objectivo desta investigação está na criação de uma vacina que seja capaz de transmitir-se
entre a população silvestre.

Os resultados deste projecto permitiram seleccionar uma estirpe (estirpe 6918) do mixovírus “in
vivo” (dos campos cinegéticos infectados), com baixa mortalidade e morbilidade, mas com uma
boa capacidade de transmissão coelho-coelho. Após seleccionada esta estirpe, através de
engenharia genética, foi inserido nesta estirpe de mixovírus a sequência genética que codifica
uma proteína estrutural do vírus DHV (proteína VP60). Esta proteína viral, revelou-se ser
altamente imunogénica, sendo capaz de produzir imunidade total frente a doses letais do vírus
DHV.

Concluindo, construiu-se uma vacina com um vírus recombinante denominado Mixoima 6918-
VP60, capaz de proteger os coelhos vacinados frente à Mixomatose e a DHV, transmitindo-se
também de forma eficaz de coelho recém-vacinado para coelhos sãos.

No entanto este tipo de vacina tem de obedecer a uma série de requisitos relacionados com a
biosegurança. Assim, com a autorização da Comissão de Biosegurança e da Agência do
Medicamento Espanhol, foi levado a cabo uma série de ensaios desta vacina recombinante em
condições naturais, nomeadamente no que respeita:

 Disseminação e transmissão da vacina na fauna silvestre;


 Impacto ambiental e seus possíveis efeitos colaterais no meio ambiente;
 Risco de sobredosagem da vacina em coelhos já inoculados;
 Efeitos da vacina em coelhas gestantes e animais imunodeprimidos (doentes,
parasitados, subnutridos);
 Estabilidade genética do vírus recombinante vacinal e possibilidade de reversão em
estirpes virulentas;

Assim foi autorizada a utilização experimental desta vacina na ilha de Aire em Menorca, onde
estavam recenseados uma população de 300 coelhos, tendo sido vacinados cerca de 75
destes. Concluiu-se que todos os coelhos vacinados adquiriram uma boa imunidade frente a
estas doenças e que 45% dos coelhos desta colónia possuíam anticorpos vacinais. Inclusive,
durante esta experiência, surgiu um surto de mixomatose, onde sobreviveram cerca de 75% da
colónia.

Nestes ensaios mostrou-se que a transmissão da vacina 6918-VP60 dá-se por contacto directo
entre os coelhos mas também através das pulgas e outros insectos, mas apenas durante os
primeiros oito dias após a vacinação, transmitindo-se a cerca de 50% dos coelhos próximos
aos coelhos inoculados e destes 50%, apenas transmitiram o vírus vacinal a 10% dos coelhos
que contactaram. Ou seja, o vírus vacinal é auto-limitante, pois a capacidade de transmissão
vai-se perdendo de coelho para coelho, o que torna a vacina ainda mais segura.

A conclusão global destes ensaios preliminares mostra que esta vacina 6918-VP60 é segura e
respeita os principais requisitos de biosegurança. Assim com base nestes resultados
promissores e cientificamente validados na comunidade científica, levou a que o INIA-Ministério
Ciência e Tecnologia de Espanha apresentasse uma patente nacional e internacional, onde foi
solicitado à Agência Europeia do Medicamento (EMEA), organismo onde a nova vacina irá ser
avaliada e autorizada a sua comercialização e uso nos programas de recuperação do coelho
bravo, já que se trata de uma vacina geneticamente modificada a partir de um organismo vivo.
Até agora apenas existe uma vacina deste género autorizada pela EMEA, para a doença de
Aujeszky nos suínos. Também existem algumas pressões internacionais contra a
comercialização da vacina, nomeadamente da Austrália, que introduziu propositadamente a
Mixomatose para controlo da proliferação dos coelhos, onde estes são considerados uma
praga.

Gostaríamos de acrescentar que a utilização desta nova vacina, apesar de ser uma ferramenta
essencial na luta para a recuperação do coelho bravo, não será a solução milagrosa de todos
os problemas do coelho. Será necessário a contribuição de todos os agentes ligados à caça
(cientistas, técnicos especializados, instituições, gestores cinegéticos, caçadores,
ambientalistas, etc) de modo a criar uma correcta política de recuperação do nosso coelho
bravo.

ACÇÕES PREVENTIVAS CONTRA MIXOMATOSE E A DHV

Como já foi referido anteriormente, ainda não está disponível uma vacina que proteja os
coelhos silvestres, no entanto existe uma série de medidas que podemos e devemos realizar
na gestão cinegética do coelho de modo a minimizar os efeitos nefastos destas doenças.
Assim recomendamos as seguintes medidas:

 Recolha activa e destruição de todos os coelhos mortos ou moribundos, encontrados


ou abatidos que sejam suspeitos destas doenças. Por mais repugnante que possa
parecer um coelho capturado com Mixomatose, o caçador nunca deve abandonar no
campo estes coelhos, até porque estas doenças não se transmitem ao homem, nem
dar de comer aos cães;
 Evitar locais de águas estagnadas e drenagem de terrenos húmidos, pois favorecem a
proliferação de mosquitos e outros insectos. Promover criação de bebedouros artificiais
ou naturais de águas renovadas tratadas, ordenadamente dispersos na zona de caça;
 Como é obvio, exitir na zona de caça uma boa disponibilidade de alimento e locais de
abrigo e refúgio, de modo a termos uma população mais saudável;
 Construção de tocas em locais secos e destruição de tocas contaminadas;
 Criar parques de reprodução, recorrendo à instalação de marouços artificiais pré-
fabricados ou improvisados, onde a recente invenção dos “Majanos Mayoral®” são
um excelente exemplo, pois além de funcionarem como uma excelente maternidade
e abrigo, permite capturar os coelhos para proceder à sua vacinação com as
actuais vacinas disponíveis e à sua desparasitação com um produto veterinário
adequado existente no mercado. Pode-se acrescentar até, que esta técnica
segundo vários especialistas, tem demonstrado resultados espectaculares na
recuperação do coelho bravo e é actualmente a grande salvação do coelho bravo
até à chegada das novas vacinas.
 Controlo de pulgas, mosquitos e moscas com fumigações nas entradas das tocas com
insecticidas ambientais e desinfecção das tocas com desinfectantes anti-víricos
eficazes (ex soda caustica 10%, lixívia a 10%, formol 1,5%);
 Não existir um excessivo controle de predadores, pois estes capturam
preferencialmente os coelhos doentes;
 Nos repovoamentos, reforços populacionais ou introdução de novos efectivos,
devemos respeitar um conjunto de regras de modo a introduzir coelhos em bom estado
higieno-sanitário, ou seja:
 Todos os coelhos devem estar vacinados contra a Mixomatose e a DHV com as
vacinas actualmente disponíveis, com um mínimo de 8 dias, pois deste modo
garantimos uma protecção por um período mínimo de 6 meses;
 Sabendo que estas doenças estão bem distribuídas por toda a península ibérica,
nunca devemos introduzir coelhos capturados noutras zonas de caça ou de
criadores pouco escrupulosos, sem respeitar uma quarentena mínima de 30 dias
em parques próprios e isolados. No final da quarentena devem ser vacinados e
desparasitados e aguardar até 8 dias para a sua solta;
 Ter muita atenção à contaminação indirecta dos vírus pelas ferramentas, jaulas,
pessoal, forragens e alimentos provenientes de zonas infectadas.

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