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CURSO
PARA ENFERMEIROS
Volume 2
SÉRIE GUIA DE VENTILAÇÃO MECÂNICA PARA PROFISSIONAIS DA SAÚDE
Fernando Sabia Tallo | Hélio Penna Guimarães
CURSO
PARA ENFERMEIROS
Volume 2
Editores
P
Produção Editorial: Equipe Atheneu
V
Agradecimentos
VII
Sobre os Autores
Norma ???????
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IX
Colaboradores
Gisele Torrente
Enfermeira, graduação-UNIFESP e especialista em Nefrologia-UNIFESP,
Mestre em Patologia Tropical. Professora do Curso de Enfermagem da
Universidade do Estado do Amazonas, cadeira de Cuidados de Enfermagem
em Doenças Transmissíveis. Enfermeira do núcleo de capacitação do SAMU
Manaus. Membro da COOPENURE (Cooperativa e Enfermeiros em Urgência e
Emergência do Amazonas).
XI
XII
Série Guia de Ventilação Mecânica para Profissionais da Saúde – Volume 2 – Curso para Enfermeiros
Os Editores
XIII
Sumário
Seção 1
Fisiologia Respiratória Básica na Ventilação Mecânica
Seção 2
Aspectos Básicos da Ventilação Mecânica
XV
XVI
Série Guia de Ventilação Mecânica para Profissionais da Saúde – Volume 2 – Curso para Enfermeiros
capítulo
da Mecânica
Respiratória Normal
Roberto de Moraes Júnior Fernando Sabia Tallo
Introdução
As finalidades fundamentais do processo respiratório envolvem o fornecimento
de oxigênio (O2) necessário às células do organismo e a retirada do excesso de
dióxido de carbono (CO2) resultante das reações celulares; ocorrendo através
de mecanismos variáveis conforme o grau de evolução do animal.
Dessa forma, evolui de uma simples difusão de gases nos protozoários para
um sistema respiratório complexo nos animais superiores, que engloba um
sistema condutor (fossas nasais, boca, faringe, laringe, traqueia, brônquios e
bronquíolos) que leva o ar atmosférico para outro sistema onde ocorre a difusão
gasosa (alvéolos pulmonares). A renovação desse ar é possível graças à ação
conjunta da musculatura respiratória e da caixa torácica. O sangue venoso,
impulsionado pelo ventrículo direito, atinge os capilares pulmonares, onde
é renovado seu suprimento de O2 enquanto perde o excesso de CO2, em
seguida, retorna ao lado esquerdo do coração e à circulação sistêmica. Todo esse
processo é controlado com extrema precisão pelo sistema nervoso.
O foco deste capítulo é a mecânica ventilatória, onde será detalhado o me-
canismo de entrada e saída de ar dos pulmões, estabelecendo fluxos inspiratório
e expiratório.
3
4
Série Guia de Ventilação Mecânica para Profissionais da Saúde – Volume 2 – Curso para Enfermeiros
Volume de Reserva Inspiratório (VRI) 3.100 Capacidade Residual Funcional (VR + VRE) 2.400
Volume de Reserva Expiratório (VRE) 1.200 Capacidade Vital (VC + VRI + VRE) 4.800
Volume Residual (VR) 1.200 Capacidade Pulmonar Total (VC + VRI + VRE + VR) 6.000
Volume: variação de volume (p. ex., VC); ção dos tecidos elásticos pulmonares com
Complacência: distensibilidade dos liberação da energia armazenada após a
pulmões e tórax; distensão destes mesmos tecidos durante
Resistência: resistência do fluxo aé- o processo da inspiração. Entretanto, se
reo e dos tecidos; houver necessidade de uma expiração for-
Fluxo: variação de volume por uni- çada, entram em ação os músculos expira-
dade de tempo. tórios, representados principalmente pelos
músculos abdominais (oblíquo esterno,
A complacência e a resistência dos pul-
retoabdominal, transversoabdominal) e os
mões e do tórax constituem a carga contra a
intercostais internos posteriores.
qual os músculos respiratórios devem traba- As forças geradas pela contração mus-
lhar para ventilar os pulmões. Em pulmões cular ativa devem ser capazes de vencer as
saudáveis, esse trabalho é mínimo e execu- forças que resistem à ventilação, repre-
tado durante a fase inspiratória. A expiração sentadas pela retração elástica dos pulmões
normalmente é uma manobra passiva. e do tórax, pela resistência ao atrito causa-
do pela deformação dos tecidos torácicos
Mecânica da inspiração e e pulmonares e pela resistência ao atrito
expiração devido ao fluxo aéreo. Dessa forma, seguin-
do uma relação pressão x volume, quanto
As forças que geram o processo da respi- maior a pressão aplicada maior a distensão
ração são essencialmente representadas pulmonar e, portanto, seu volume.
pela contração muscular. Na inspiração, A variação do volume pulmonar por
os músculos respiratórios produzem o au- unidade de variação da pressão é conhe-
mento do volume da caixa torácica, o que cida como complacência ou capacitância
acarreta diminuição da pressão intrapul- pulmonar, que é o inverso da elastância
monar com consequente influxo de ar nos pulmonar e serão discutidas mais adiante.
pulmões. O inverso ocorre na expiração.
Dessa forma, a inspiração é um processo Diferenças de pressão
ativo, já que requer gasto de energia.
O volume do tórax pode aumentar nos
durante a respiração
sentidos vertical, lateral e anteroposterior, O mecanismo da ventilação ocorre em virtu-
através da musculatura inspiratória, repre- de dos gradientes de pressão originados pela
sentada pelo diafragma (principal músculo expansão e contração do tórax (Figura 1.2).
respiratório), intercostais externos e inter- As pressões respiratórias são frequentemen-
costais internos anteriores. Além desses, te expressas em relação à pressão atmosféri-
existem os chamados músculos acessórios, ca e normalmente medidas em centímetros
que não participam da ventilação basal e de água (cmH2O). Nesse esquema, uma
atuam somente nos casos que necessitam de pressão respiratória igual a zero equivale
ventilação vigorosa. Os mais importantes, a 1 atmosfera (i. e., 1034 cmH2O ou 760
nesse caso, são o escaleno, o trapézio e o mmHg). A pressão positiva é aquela maior
esternocleidomastoideo. do que a pressão atmosférica e o termo pres-
Por outro lado, a expiração normal- são negativa é por vezes usado para descre-
mente é passiva, pois ocorre por retra- ver uma pressão subatmosférica.
7
Noções Básicas da Mecânica Respiratória Normal
dos alvéolos em direção à abertura das vias lidade de deslizamento de uma pleura sobre
aéreas. Quando a pressão alveolar cai de a outra, em virtude das capacidades elásti-
volta ao nível da pressão atmosférica, o flu- cas de ambas as estruturas, origina-se uma
xo cessa e o ciclo de inspiração-expiração pressão negativa (menor que a atmosférica),
torna-se completo. atingindo valor de –5 cmH2O e permane-
cendo negativa por todo o ciclo respiratório;
a pressão intrapleural (Pip) ou pressão
Características da pleura
intratorácica (Pit). (Figura 1.2)
A superfície da caixa torácica é recoberta
internamente pela pleura parietal, en-
quanto que a pleura visceral recobre a Oposição à insuflação
superfície pulmonar. pulmonar: forças elásticas
Apesar do contato muito íntimo, existe e resistivas
um espaço virtual entre as folhas pleurais,
o espaço intrapleural, que contém uma Os pulmões devem ser distendidos para
pequena camada de líquido pleural, cujo que sejam gerados os gradientes de pressão
volume não ultrapassa 1 ml nos dois hemi- analisados anteriormente. Essa distensão
tórax juntos. Isso facilita o deslizamento exige que várias forças sejam superadas
de uma pleura sobre a outra, tornando in- para que a inspiração ocorra. As forças de
dependentes os movimentos torácicos dos oposição à insuflação pulmonar podem ser
movimentos pulmonares. Assim, pela faci- agrupadas em duas categorias:
A1 0
artéria pulmonar esquerda A3
veias pulmonares direitas lobo superior –1
veias pulmonares A2
lobo superior
esquerdas –2
brônquios Pressão B3
interlobares e B1
extralobares intrapleural –3
–4
–5
lobo inferior
–6
B2
750
lobo inferior
Volume
Diafragma 500
CAVIDADE
C2
CAVIDADE
PULMONAR DIREITA PULMONAR ESQUERDA
250
C1 C3
0 1 2 3 4
Figura 1.2 Variações de parâmetros pressóricos e de volume fundamentais durante o ciclo respiratório.
9
Noções Básicas da Mecânica Respiratória Normal
assim, a complacência pulmonar pode ser dem a colabar a um volume menor que a
expressa como segue: CRF e o tórax se expande para um volume
maior que a CRF.
CL = V (litros) / P (cmH2O)
A complacência da parede torácica nor-
Onde: mal é inferior à dos pulmões (0,1 l/ cmH2O).
V = volume inspirado a uma pressão Obesidade, cifoescoliose, espondilite anqui-
de insuflação conhecida losante e outras anomalias podem reduzir a
P = pressão de insuflação, obtida pela complacência da parede torácica e o volume
diferença entre as pressões alveo- pulmonar.
lar e pleural
A complacência de um pulmão adulto Oposição resistiva
saudável varia 0,2 l/cmH2O. (não elástica) à ventilação
Um gráfico de variação do volume pul-
A oposição resistiva difere das proprieda-
monar versus a variação da pressão intra-
des elásticas dos pulmões e tórax, ocorre
pleural é a curva de complacência pul-
somente quando o sistema está em movi-
monar (normalmente medida como uma
mento e possui dois componentes a saber:
curva de desinsuflação).
resistência viscosa tecidual e resistência
Compara uma curva de complacência
da via aérea.
normal àquela que pode ser observada em
pacientes com enfisema ou fibrose pulmonar.
Resistência viscosa tecidual
Complacência da parede A resistência viscosa tecidual é a impedân-
torácica cia do movimento causado pelo desloca-
mento dos tecidos durante a ventilação,
A insuflação e desinsuflação do pulmão que incluem os pulmões, gradil costal, dia-
ocorrem com mudanças nas dimensões da fragma e órgãos abdominais.
parede torácica. No tórax intacto, os pul- A resistência dos tecidos contribui para
mões e a parede torácica recuam um contra somente cerca de 20% da resistência total à
o outro. O ponto onde essas duas forças insuflação pulmonar e pode ser aumentada
opostas se equilibram determina o volume por obesidade, fibrose e ascite.
de repouso dos pulmões, ou a capacidade
residual funcional (CRF).
Esse também é o ponto onde a pressão
Resistência da via aérea
pulmonar se iguala à pressão atmosférica. O fluxo de gás pela via aérea também causa
O sistema pulmão-parede torácica pode ser resistência friccional.
comparado a duas molas que se empurram A impedância à ventilação pelo movi-
uma contra a outra e se equilibram no re- mento de gás através da via aérea é cha-
pouso. A mola parede torácica tende a se mada de resistência da via aérea (Raw)
expandir enquanto a mola pulmão tende a e corresponde a 80% da resistência à ven-
se contrair. tilação.
Se a relação normal de pulmão-parede Em outras palavras, é a taxa de pressão
torácica é interrompida, os pulmões ten- propulsora responsável pelo movimento
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Noções Básicas da Mecânica Respiratória Normal
gasoso sobre o fluxo aéreo (V°), calculado ferentes tipos: laminar (vias aéreas de menor
a seguir: calibre), turbilhonar (grandes vias aéreas,
como traqueia e brônquios) e transicional
Raw = P / V°
(em princípio, laminar que se transforma em
ou
turbilhonar quando atinge uma deformação,
Raw = (Palv – Pao) / V°
estreitamento ou bifurcação).
A resistência da via aérea (Raw) é geral- A lei de Poseuille define fluxo laminar
mente medida em um laboratório de fun- através de um tubo reto, não ramificado,
ção pulmonar, em que o fluxo é medido de dimensões fixas (comprimento e raio).
com um pneumotacógrafo (Figura 1.3a) A pressão requerida para ocasionar um flu-
e as pressões alveolares são determinadas xo específico de gás através de um tubo é
em um pletismógrafo (Figura 1.3b). Ao calculada a seguir:
obstruir momentaneamente a via aérea do
P = 81V° / r4
paciente e medir a pressão na boca, a pres-
são alveolar pode ser estimada (Palv = Pao Onde: P = pressão propulsora (dina/cm²)
na ausência de fluxo). Ao se relacionar o = coeficiente de viscosidade gasosa
fluxo e a pressão alveolar às variações na 1 = comprimento do tubo (cm)
pressão do pletismógrafo, a resistência da V° = fluxo de gás (ml/s)
via aérea pode ser calculada. r = raio do tubo (cm)
e 8 = constantes
Fatores que afetam a Se eliminarmos os fatores que perma-
resistência da via aérea necem constantes, tais como viscosidade,
comprimento e constantes conhecidas, a
O fluxo de ar através das vias aéreas depende equação pode ser reformulada para se de-
da relação entre a pressão transaérea dividida terminar a pressão ou o fluxo:
pelo raio da estrutura anatômica relacionada.
Assim, o fluxo aéreo pode se apresentar de di- P = V°/r4
V° = P r4
Pneumotacógrafo
Fluxo
mi ms’ ou I s’ Pneumotacografia
Transdutor
Diferencial
com membrana
Pneumotacograma
Tubo
respiratório
Tempo
O trabalho mecânico da respiração não cia de outro fator que aumente o consumo
pode ser medido facilmente durante a res- de oxigênio, a captação adicional de O2 é
piração espontânea, porque os músculos resultante do metabolismo dos músculos
respiratórios contribuem para a resistên- respiratórios. O consumo respiratório de
cia oferecida pela parede torácica. Logo, oxigênio em indivíduos saudáveis varia de
o trabalho mecânico total pode ser medi- 0,5 a 1,0 ml de O2 por litro de ventilação
do durante a ventilação artificial, com os aumentada, representando menos que 5%
músculos respiratórios completamente em do consumo corporal de O2; aumentando
repouso, correspondendo à soma do traba- acentuadamente em níveis elevados de
lho que supera ambas as forças elásticas e ventilação (mais altos que 120 l/min).
resistivas opostas à insuflação.
Em adultos sadios, aproximadamente
Conceito de indíce tensão
dois terços do trabalho respiratório po-
dem ser atribuídos às forças elásticas de tempo (ITT)
oposição à ventilação e o terço restante é o ITT = Ti/Ttot x Pi/Pimáx (duração) x
resultado da resistência friccional ao gás e (intensidade)
movimento tecidual.
Nos indivíduos saudáveis, o trabalho Onde: T = tempo de contração muscular
mecânico da respiração depende do padrão inspiratória
ventilatório, onde grandes volumes cor- Ttot = tempo total do ciclo respiratório
rentes aumentam o componente elástico Pi = pressão gerada pela contração
do trabalho e altas frequências respirató- muscular inspiratória
rias (e, portanto, fluxos altos) aumentam Pimáx = Pressão máxima capaz de ser
o trabalho resistivo. A mudança de venti- gerada pelo músculo na inspi-
lação tranquila para ventilação de exercício ração
promove um ajuste nos volumes correntes Aceita-se que índices superiores a 0,15
e nas frequências respiratórias desses indi- associam-se à fadiga muscular respiratória
víduos, com o intuito de minimizar o tra- em cerca de 60 minutos.
balho respiratório. Quando a intensidade (Pi/Pimáx) da
contração é muito alta (80%), o fluxo san-
Metabólico guíneo cai com o aumento do tempo ins-
piratório.
Os músculos respiratórios consomem oxi- Esse índice, mais especificamente quan-
gênio para realizar trabalho. A taxa de con- do são caldulados Pdi (pressão transdiafrag-
sumo de oxigênio (VO2) pelos músculos mática na ventilação) e Pdimáx (pressão
respiratórios reflete suas necessidades ener- transdiafragmática máxima) avalia a ENDU-
géticas e fornece uma medida indireta do RÂNCIA, capacidade de resistência à fadiga.
trabalho respiratório.
O consumo respiratório de O2 é avalia-
do pela mensuração da VO2 em repouso e
Eficiência da ventilação
em níveis aumentados de ventilação e está Mesmo em pulmões saudáveis, a ventilação
intimamente relacionado às pressões inspi- não é completamente eficiente. Um volume
ratórias geradas pelo diafragma. Na ausên- considerável de gás inspirado é desperdiça-
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Série Guia de Ventilação Mecânica para Profissionais da Saúde – Volume 2 – Curso para Enfermeiros
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Alterações da 2
Mecânica Respiratória
capítulo
Normal e Influência
das Vias Artificiais na
Ventilação Mecânica
Fernando Sabia Tallo
Introdução
Depois de uma atenta leitura do primeiro capítulo, o leitor já possui noções
básicas da mecânica respiratória normal, necessárias para o bom entendimento
das alterações da mecânica respiratória que, normalmente, estão associadas a
doenças de pacientes que necessitam de ventilação mecânica.
Pacientes com doenças respiratórias crônicas frequentemente necessitam
de ventilação mecânica, particularmente os pacientes com doença pulmonar
obstrutiva crônica (DPOC). Por isso, a mecânica respiratória desses doentes foi
estudada por muitos investigadores.1 No entanto, outros grupos de pacientes
com alterações potenciais na mecânica respiratória possuem poucos estudos, o
obeso é um exemplo, um tipo de paciente cada vez mais presente nas unidades
de terapia intensiva (UTI) sob ventilação mecânica.
O presente capítulo tem o objetivo de proporcionar ao leitor conhecimentos
dos aspectos particulares da mecânica respiratória de grupos específicos de pa-
cientes para facilitar o entendimento da abordagem em sua ventilação mecânica.
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Série Guia de Ventilação Mecânica para Profissionais da Saúde – Volume 2 – Curso para Enfermeiros
Figura 2.1 Curva representativa do fluxo expiratório. Tratado de fisiologia Médica, Cyton.
10 5 DPOC
Paciente normal
8 4
Capacidade kcal (I)
Fluxo respiratório (kg)
Capacidade Vital
6 3
4 2
2 1
0 0
4 3 2 1 0 3 6 9 12
Capacidade vital (I) Tempo (s)
Figura 2.2 Comparação entre a curva fluxo x volume e volume x tempo em um paciente normal e outro
com obstrução da via aérea.
serva-se que a representação das forças nas (Observar o tempo necessário para o
pequenas vias aéreas indicando à tendência paciente desinsuflar o pulmão “DPOC” tra-
a compressão das vias aéreas proximais aos cejado curva volume x tempo.)
alvéolos no paciente normal. Em indivíduos normais ao repouso a
Na Figura 2.3, pacientes com obstrução reserva de fluxo expiratório (diferença en-
das vias aéreas, como é o caso de pacientes tre o pico de fluxo expiratório máximo e o
DPOC, possuem diminuição importante do fluxo expiratório normal) é muito grande.
fluxo expiratório máximo. (linha tracejada) (Figura 2.4)
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Série Guia de Ventilação Mecânica para Profissionais da Saúde – Volume 2 – Curso para Enfermeiros
Paciente
Broncoespasmo, limitação ao Resistência do sistema
fluxo expiratório, secreção
respiratório (rever capítulo de
Altos volumes correntes, mecânica respiratória normal)
Ventilador
tempos expiratórios curtos
Nas doenças obstrutivas como no DPOC
Aumento da resistência ao há aumento importante das resistências
Circuito tuboendotraqueal, válvula das vias aéreas com todas as consequên-
expiratória
cias expostas acima (hiperinsuflação di-
nâmica, auto-PEEP, limitação do fluxo
Durante a ventilação mecânica a auto- expiratório).
-PEEP pode ser visibilizada no gráfico de A resistência do sistema respiratório
fluxo no tempo, disponibilizado na maioria pode ser dividida em resistência mínima
dos ventiladores modernos. Com a HD o do sistema respiratório, que reflete a resis-
fluxo não retorna a zero no final da expira- tência das vias aéreas e a resistência adicio-
ção (Figura 2.4). nal que é essencialmente determinada pela
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Alterações da Mecânica Respiratória Normal e Influência das Vias Artificiais na Ventilação Mecânica
TABELA 2.2 Resistência em cmH2O. s.L–1 à passagem de diferentes fluxos de gases (L.s–1) pelas câ-
nulas de comprimento padrão.
Fluxo (L.s–1)
Cânulas (mm) 0,07 0,1 0,2 0,3 0,5 1
7 2,61 2,5 3,43 4,19 5,44 8,58
7,5 1,89 1,86 1,9 3,28 4 6,49
8 1,35 1,8 2,06 2,78 3,29 5,34
8,5 2,4 1,68 1,52 2,08 2,51 4,23
9 1,35 1,18 1,23 1,57 1,90 3,21
9,5 0,90 0,96 0,92 1,53 1,68 2,59
Revista Brasileira de Anestesiologia, 2004; 54: 2: 212-217.
22
Série Guia de Ventilação Mecânica para Profissionais da Saúde – Volume 2 – Curso para Enfermeiros
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SEÇÃO
Aspectos Básicos da
Ventilação Mecânica
Monitorização 3
Respiratória Básica,
capítulo
Oximetria de Pulso e
Capnometria
Fernando Sabia Tallo Paulo Marcelo Falci de Mello
Renato Delascio Lopes
Oximetria de pulso
Oximetria de pulso oferece uma monitorização não invasiva contínua da sa-
turação arterial de oxigênio (SpO2) através de sensores posicionados em ex-
tremidades como dedos (quirodáctilos ou pododáctilos), orelha, bochecha e
eventualmente nariz.
O oxímetro compreende um diodo emissor de luz que mede a absorção de
um comprimento de onda específico que difere entre a hemoglobina oxigenada
e desoxigenada, a luz com o comprimento de onda de 660 nm (vermelha) é
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Série Guia de Ventilação Mecânica para Profissionais da Saúde – Volume 2 – Curso para Enfermeiros
100
Extrapolações
80
% Hb Saturatção (SaO2)
90 60 40
80 50 20
70 40
0
0 20 40 60 80 100 120
Tensão de oxigênio (PaO2)
Figura 3.2 Capnogramas normal e anormal – A) Capnograma normal, à direita do traçado, a velocidade
do papel foi aumentada. O segmento EF corresponde à inspiração, o segmento FG reflete o início da expi-
ração com a exalação do gás do espaço morto, o segmento GH é o platô alveolar, os valores da expiração
final (end tidal) no ponto H, HI corresponde ao início da inspiração. Nos capnogramas anormais, em B o
platô é distorcido e o ponto da expiração final (end tidal) não pode ser claramente definido devido a osci-
lações cardíacas, em C verifica-se respiração errática e, em D, diminuição ou ausência da fase de platô
pode ser por doença obstrutiva ou excesso de secreções, tubo obstruído ou mau funcionamento da válvula
de exalação. (modificado de Stock MC. Noninvasive carbon dioxide monitoring. Crit Care Clin. 1988;4:511.)
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Monitorização Respiratória Básica, Oximetria de Pulso e Capnometria
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Desequilíbrio 4
capítulo
Ácido-básico
nos Distúrbios
Respiratórios
Renato Delascio Lopes Fernando Sabia Tallo
Acidose respiratória
As acidoses respiratórias resultam da hipoventilação pulmonar, com a retenção
de gás carbônico (CO2). Quando isso ocorre há uma reação com a H2O, forman-
do H2CO2 e, posteriormente, com sua dissociação a formação do ácido (H+).
Na verdade, há uma incapacidade de eliminar o CO2, por um desequilíbrio
entre o volume minuto (frequência respiratória x volume corrente) e a produção
do CO2.
AGUDA CRÔNICA
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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interna. 17ª ed. Rio de Janeiro: McGraw-Hill Interamericana; 2009.
Interamericana; 2009.
Abordagem da 5
capítulo
Insuficiência
Respiratória Aguda
Fernando Sabia Tallo Paulo Marcelo Falci de Mello
Renato Delascio Lopes
Todo profissional de saúde deve atuar TABELA 5.2 Componentes essenciais do sis-
imediatamente, pois trata-se de uma urgên- tema respiratório associados à insuficiência
cia/emergência médica. respiratória.
Parede torácica (incluindo pleura e diafragma)
A O2
Alvéolo CO2
Vaso sanguíneo
Causas de hipoxemia
O2
CO2 Altitude
elevada
Hipoventilação
alveolar
Difusão alterada
Figura 5.2 Esquema ilustrativo para compreender o que ocorre nas outras causas de hipoxemia.
Como o paciente tem uma PaO2 = 51, diminuição do volume corrente (fa-
seu gradiente de pressão é igual a 27 mmHg. diga muscular, fraqueza, efeitos de
drogas) (Tabela 5.4) (Figura 5.3).
Resposta 1. O paciente está com insufi-
ciência respiratória. E seu gradiente alveo- A hipercarbia estimula o centro respi-
loarterial de oxigênio é elevado. ratório a realizar hiperventilação e, assim,
“lavar” o CO2 alveolar, fazendo a pCO2 vol-
Resposta 2. Com a informação de que o
tar a valores normais, porém a pCO2 em
paciente possuía uma PaCO2 normal, ape-
valores muito elevados deprime o sistema
sar de sua doença de base (DPOC), há um
componente de hipercapnia em sua insu-
ficiência respiratória. Portanto, trata-se de TABELA 5.4 Aumentos do espaço morto.
(IRA) mista. Hipovolemias
Baixos débitos cardíacos
Embolias pulmonares
IRA tipo II ou hipercápnica: Pressões elevadas das vias aéreas
Acompanhar o texto a seguir para justifi- Manejo por curto período da hiper-
car a necessidade de intubação orotraqueal e tensão intracraniada com elevação
ventilação mecânica do paciente (Tabela 5.7). aguda.
Indicações de intubação e
ventilação mecânica
O observação
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Acesso Invasivo 6
capítulo
Não Cirúrgico
às Vias Aéreas
Fernando Sabia Tallo Patricia Helena da Rocha Leal
Maria Paula Martini Ferro
Intubação traqueal
1. Conceito: É a introdução de um tubo na luz da traqueia, feita através da
boca, das narinas ou de uma abertura na parede da traqueia.
2. Indicações:
Necessidade de suporte ventilatório invasivo
Proteção da via aérea
Necessidade de anestesia para procedimentos ou exames
Assegurar “permeabilidade” das vias aéreas
Aspiração das vias aéreas
3. Materiais e equipamentos: Laringoscópios com lâminas retas e curvas; tubos
traqueais de vários tamanhos; lidocaína spray; cânulas naso e orofaríngeas; sis-
tema balão-máscara e válvula unidirecional com reservatório; máscara facial de
dimensão adequada; material de cricotireostomia para emergência; trocador
de tubo traqueal; sonda gástrica e de aspiração; pinça de Maguill; aspirador;
esparadrapo ou adesivo; seringa; tampão faríngeo; fonte de oxigênio; estetos-
cópio; oxímetro de pulso; capnógrafo; cardioscópio.
4. Avaliação clínica da via aérea (Tabela 6.1)
O observação
Caso seja reconhecida uma possível via aérea difícil (“achados indesejados”) (Figura 6.1) durante a avaliação clínica,
a conduta passa a ser intubação enquanto o paciente encontra-se acordado, e é recomendável que se chame um
especialista que domine a técnica para realizar os procedimentos no paciente. Caso haja quadro de via aérea difícil
não reconhecida, vide Figura 6.1.
Situação emergencial
“não ventilo, não intubo”
Técnicas não invasivas Caso a ventilação se
de intubação (c) torne inadequada Chamar ajuda!
com MF ou ML
Técnicas de emergência
Sucesso Falha após não invasivas (e)
na intubação* várias tentativas Combitube
VJTT
Broncoscópio rígido
O observação
TABELA 6.3 Drogas que podem ser utilizadas para a intubação traqueal.
Reynolds; SF, Reffner, J. Airway Management of the critically ill Patient.CHEST, 2005 127(4) 1397-1412.
Epiglote
Úvula
Entrada da
laringe Fossa
Piriforme Faringe
Fenda inter-
aritenóides Espiglote Hipofaringe
Esfincter Laringe
Tiroide esofagiano Traqueia
superior
Esôfago
Esôfago
Figura 6.5 Máscara laríngea.
Pressione a máscara com o dedo A mão livre deve segurar o tubo. Re-
indicador contra o palato duro do tire o dedo indicador
paciente Introduza ainda mais a máscara até
Empurre a máscara para baixo, de sentir resistência elástica. Esse deve
preferência em movimento único e o ser o posicionamento correto
mais profundamente possível Deixe a máscara totalmente livre e
insufle o manguito
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7
Ventilação
capítulo
Não Invasiva
Roberto de Moraes Junior Irene Raimundo Santos Silva
Introdução
Entende-se por ventilação não invasiva (VNI) a utilização de qualquer forma de
suporte ventilatório sem a necessidade de uma via aérea artificial, como tubo
endotraqueal, máscara laríngea, combitubo ou traqueostomia.
Na ventilação não invasiva com pressão positiva, a liberação de gás do gera-
dor de fluxo ou do ventilador mecânico para o paciente é realizada por meio de
máscara (nasal, facial ou facial total), de prong nasal ou, mais recentemente, por
meio de um capacete (helmet).
São consideradas modalidades de suporte ventilatório com pressão positi-
va: CPAP (continuous positive airway pressure), que pode estar ou não associada
à pressão de suporte; BIPAP (bilevel positive airway pressure), PAV (proportional
assist ventilation) ou, ainda, as modalidades ventilatórias cicladas à pressão ou
volume, comumente utilizadas na ventilação mecânica invasiva.
Desde sua introdução na década de 1980, vem aumentando sua aceitação
como modalidade ventilatória de primeira linha, e grande esforço investigativo
vem sendo empreendido no sentido de estender suas aplicações clínicas (desma-
me, obesidade, pós-operatório, pós-extubação, na população geriátrica, na po-
pulação pediátrica, departamento de emergência e fora do ambiente de UTI).1-7
Objetivos
A VNI tem como foco principal fornecer assistência ventilatória para melhorar
a oxigenação e/ou reduzir a retenção de CO2, otimizar o trabalho respiratório e
diminuir o metabolismo anaeróbio, sem a necessidade de métodos ventilatórios
invasivos.
Essas respostas fisiológicas devem-se aos efeitos hemodinâmicos e respirató-
rios decorrentes do uso dessa técnica.
Os efeitos hemodinâmicos são secundários ao aumento da pressão intra-
torácica decorrente da pressão positiva, levando a uma redução da pós-carga
do VE, por uma diminuição da pressão transmural deste e também redução
53
54
Série Guia de Ventilação Mecânica para Profissionais da Saúde – Volume 2 – Curso para Enfermeiros
CONTRAINDICAÇÕES DA VNI
Absolutas Relativas
BIPAP
Figuras 7.1 e 7.2 Geradores de fluxo e ventilador específico para aplicação de VNI, respectivamente.
Aplicações da VNI
Figura 7.2e Capacete (helmet). em situações clínicas
Apesar da inequívoca contribuição da VNI
Inalantes (aerossóis) para evitar a intubação orotraqueal em
muitos casos de insuficiência respiratória
As evidências disponíveis mostram que a aguda, a seleção adequada dos pacientes
aplicação da inalação de broncodilatadores que serão submetidos ao método é de fun-
durante a VNI é bastante eficaz. O local damental importância para o sucesso do
ideal para se acoplar a inalação no sistema procedimento.8
é entre a máscara e a válvula exalatória,
através de um tubo T.
Doença pulmonar obstrutiva
crônica9
Heliox e ventilação
não invasiva Geralmente, os pacientes portadores de
DPOC desenvolvem insuficiência respi-
Vários estudos têm avaliado a utilização de ratória por exacerbação da doença, tam-
heliox – mistura de gás hélio (80%) e oxi- bém denominada IRp crônica agudizada.
gênio (20%) – como um aliado à VNI em Esses pacientes cursam com retenção de
pacientes portadores de DPOC. Os resulta- CO2, levando à acidose respiratória e fa-
dos sugerem os seguintes efeitos benéficos, diga dos músculos respiratórios com a
quando essa combinação de gases foi com- progressão do quadro. Em alguns casos
parada à combinação de ar comprimido ocorre também hipoxemia. A modalidade
e O2: melhora na troca gasosa, traduzida ventilatória mais utilizada nesses casos é
na queda da PaCO2 em até 7 mmHg; re- a associação de uma pressão positiva ins-
dução do trabalho respiratório e melhora piratória a uma pressão expiratória (EPAP
da sensação de dispneia, segundo a escala ou CPAP).
de Borg. A VNI pode evitar a intubação em até
Entretanto, os autores dessas pes- 70% dos pacientes com DPOC que apre-
quisas indicaram a necessidade de mais sentam IRpA hipercápnica.
60
Série Guia de Ventilação Mecânica para Profissionais da Saúde – Volume 2 – Curso para Enfermeiros
paciente for submetido ao procedimento, vi- fase mais tardia (após 48 horas do início
sando o controle da saturação de O2 transcu- da abordagem). Logo, é de fundamental
tânea. Já a avaliação das trocas gasosas deve importância o reconhecimento precoce
ser obtida por meio da gasometria arterial, desses pacientes, uma vez que a aplicação
que deve ser mensurada logo no início e prolongada de VNI pode causar atrasos
após a primeira e a quarta hora de suporte na instituição da ventilação mecânica in-
ventilatório. Vale ressaltar que essa avaliação vasiva e contribuir para a piora clínica do
após a primeira hora de VNI é de especial paciente.
importância, pois permite determinar se o Alguns indicadores podem auxiliar a
procedimento está atingindo seus objetivos. predizer se a instituição da VNI na IRpA
será mal sucedida. A presença de quaisquer
Avaliação ventilatória das seguintes condições estão relacionadas
ao insucesso da VNI:
Tanto os ventiladores convencionais quan-
a) Maior severidade da doença de base e
to os mais modernos (específicos para VNI)
presença de comorbidades.
permitem a análise das curvas de volume,
b) Níveis de consciência mais baixos
pressão e fluxo, além do volume corrente e
(Glasgow < 12).
volume minuto. Tais dados ajudam a ava-
c) Maiores alterações nas trocas gasosas
liação e os possíveis ajustes nos parâmetros
(< pH, > PaCO2, < relação PaO2/FiO2).
e nas modalidades ventilatórias.
d) Piora dos parâmetros gasométricos e
Em resumo, deve-se monitorizar a res-
sinais clínicos já no início da VNI.
posta adequada à VNI através dos seguin-
e) Maior dificuldade de adaptação à más-
tes critérios:
cara.
1. Melhora do padrão respiratório (dimi- f) Presença de pneumonia.
nuição da utilização da musculatura g) Maior gravidade do fator desencadean-
acessória respiratória e da frequência te da IRpA.
respiratória). h) Necessidade de maior tempo para a
2. Manter uma SatO2 > 92% pela oxime- reversão do quadro desde o início da
tria de pulso. terapia medicamentosa.
3. Nível de consciência satisfatório (Glas-
gow > 12) e sincronia paciente/ventila- Critérios de falência da VNI
dor adequada.
4. Coletar amostra de gasometria arterial no Necessidade de FiO2 > 60%.
início e após 1-4 horas de VNI, em que Diminuição do pH e/ou aumento da
se espera uma diminuição da PaCO2, au- PaCO2 na gasometria.
mento da PaO2 e melhora do pH. Frequência respiratória > 35 rpm.
Rebaixamento do nível de consciên-
cia ou agitação psicomotora (por pro-
Preditores de insucesso vável hipoxemia PaO2 < 60 mmHg).
da VNI Isquemia miocárdica e aparecimento
de novas arritmias (em particular as
Cerca de 25% dos pacientes submetidos
de maior complexidade).
a VNI necessitam de intubação numa
Distensão abdominal.
63
Ventilação Não Invasiva
Aspectos Básicos da
Montagem da Ventilação
Não Invasiva
Montagem da Ventilação Não Invasiva (VNI):
Independentemente do método de VNI
escolhido devemos utilizar uma interface de Fixação frontal (Aranha);
acordo com o paciente, seja ela uma másca-
ra nasal, facial, facial total ou até mesmo um
capacete, o último ainda pouco usado e com
diversas controvérsias, uma presilha para
fixar a contenção cefálica (conhecida como
cabresto), caso a máscara não tenha encaixe
lateral utiliza-se uma fixação frontal, conhe-
cida como aranha. É necessária a utilização
de uma válvula exalatória, caso não esteja
presente no circuito deve-se acoplar o tubo T.
Válvula exalatória.
Máscaras faciais;
64
Série Guia de Ventilação Mecânica para Profissionais da Saúde – Volume 2 – Curso para Enfermeiros
Gerador de fluxo
É um equipamento de Pressão Inspirató-
ria Final Positiva (PEEP) apenas, também
denominado CPAP. É de fácil aplicabili-
dade, porém o ruído é desagradável. Para
trabalharmos com tal equipamento é ne-
cessário dispor de uma rede de oxigênio
(O2), um circuito unidirecional, um filtro
umidificador, uma válvula de PEEP, uma
aranha, uma presilha e uma máscara bi-
direcional.
Figura 7.3 Gerador de fluxo com máscara e
válvula de PEEP acoplada na máscara
CPAP
Para utilização de tal equipamento, ele deve
estar conectado ao circuito unidirecional e
66
Série Guia de Ventilação Mecânica para Profissionais da Saúde – Volume 2 – Curso para Enfermeiros
Para utilizar tal equipamento será ne- O Binível oferece duas pressões, a ins-
cessário um circuito unidirecional, uma piratória ou suporte (Pinsp, PS ou IPAP)
máscara unidirecional, que pode ter ori- e a expiratória (PEEP ou EPAP), as quais
fício para conectar O2, uma válvula exa- devem ser ajustadas de acordo com a ne-
latória com porta para oxigênio ou não, cessidade do paciente.
dependendo da máscara utilizada, uma Alguns aparelhos permitem também o
aranha, uma presilha, também dependen- ajuste de Fração inspirada de O2 (FiO2), fre-
do da máscara, um cabresto, um umidifi- qüência respiratória (FR) de back up, tempo
cador, um fluxômetro, uma sonda n° 14, a inpiratório (Tinsp) e rampa de subida.
rede de O2 e a rede elétrica. Após conectar Paramêtros inicias: Os parâmetros de-
o Binível à rede elétrica e a rede de O2, de- penderão da condição clínica do paciente, e
vemos conectar o circuito no equipamento do objetivo do tratamento. De forma geral:
e do outro lado do circuito à válvula exa-
Pinsp, PS ou IPAP 10 cmH2O,
latória. Pode-se utilizar a sonda n°14 para
desde que de acordo com o volume
oferecer suporte de O2.
corrente adequado ao paciente (6 a
8ml/Kg do paciente);
PEEP ou EPAP 8 cmH2O;
Rampa de subida: 5 à 10 segundos;
FiO2: de acordo com SpO2
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8
Ventilador Artificial
capítulo
e os Conceitos
Fundamentais
Fernando Sabia Tallo Hélio Penna Guimarães
Ventiladores artificiais
Os ventiladores artificiais são capazes de bombear os gazes para dentro dos
pulmões, vencendo as forças de oposição ao movimento de forma periódica,
permitindo intervalos para a exalação passiva do volume inspirado.² O capítulo
abordará apenas a forma de ventilação com pressão positiva.
Este capítulo pretende apresentar ao leitor as noções básicas do funciona-
mento de um ventilador artificial e os conceitos fundamentais da ventilação
mecânica.
O ventilador
De forma simplificada, o ventilador moderno é constituído de válvulas regulado-
ras, válvulas de controle de fluxo, válvula de exalação, transdutores de pressão e
fluxo, microprocessadores, monitor e painel de controle.
Habitualmente o fornecimento de gases em hospitais é feito por uma
rede de gases de pressão nominal de trabalho. Os gases dessa rede deverão
ter sistema de manometria de trabalho regulável entre 3,5 e 4,5 kgf cm–2
(343-441 Kpa).
O oxigênio e o ar comprimido entram no ventilador através de conexões
rosqueadas, conforme norma NBR12188/2003 em uma pressão de alimentação
que varia em diferentes ventiladores (pressão de trabalho do ventilador).
Os gases, oxigênio e ar comprimido, passam então pelas chamadas válvulas
reguladoras para a redução das pressões de alimentação.
Depois, cada gás seguirá para o misturador de ar e oxigênio associado às
válvulas de fluxo, o aparelho fornecerá para o paciente a quantidade de cada gás,
a cada instante, conforme desejo do operador em relação à mistura pretendida.
(fração inspirada de Oxigênio 21%-100%)
Os transdutores de pressão e fluxo transformam os sinais pneumáticos em
sinais elétricos. As medidas de volume são obtidas através dos sinais de fluxo.
Calculando a integral do fluxo em relação ao tempo.
69
70
Série Guia de Ventilação Mecânica para Profissionais da Saúde – Volume 2 – Curso para Enfermeiros
O ventilador
Regulador
de Pressão
Válvula de
Nebulização
Sensor de Fluxo Válvula de Segurança
Nebulizador
Válvula Proporcional
Regulador
de Pressão
Paciente
Válvula de
Válvula Ativa Expiração
Fluxo de ar na inspiração
Fluxo de ar na expiração
Válvula de
Sensor de Fluxo Membrana
Expiratório
Classificação dos
ventiladores mecânicos¹ O
observação
Fluxo = 0
4
4
3
Tempo
Ventilação espontânea
Fluxo = 0
Tempo
Fluxo = 0
Tempo
0 1s
Figura 8.3 Curvas de fluxo x tempo.
Ventilação espontânea
Pressão = 0
Tempo
Fase expiratória
Volume zero
Tempo
1s
Curva de volume/tempo
cmH2O
25
20
Ppico
15
10
–5
PEEP = 2 cmH2O
a soma da resistência da caixa torácica, aos 1. Não esqueça que fluxos diferentes estarão relaciona-
dos a pressões em cada ponto diferente e logo para
tecidos pulmonares e ao fluxo aéreo do gás
resistências diferentes. Portanto, cada fluxo tem sua
insuflado (80% da resistência total). resistência. Mudou o fluxo do ventilador? Logo esta-
De maneira genérica podemos entender mos diante de outra resistência.
que é necessária uma pressão para alterar o 2. No caso de fluxos ofertados pelos ventiladores, não
volume pulmonar (pressão elástica) e outra constantes, por exemplo, decrescentes, a resistência
para gerar o fluxo (pressão resistiva). varia durante a fase inspiratória.
A resistência exercida sobre um gás que 3. Esse aumento da resistência com a elevação do
passa dentro de um tubo relaciona a dife- fluxo é explicado pelo estabelecimento de um fluxo
rença de pressão entre dois pontos distintos turbulento que se relaciona com a densidade do gás
e o atrito com as paredes do tubo (tubo + via aérea)
desse tubo e o fluxo do gás.
Resistência
ATMOSFERA
PA PB = ZERO
MANÔMETRO
4 4
RVA
Resistência das vias aéreas (cmH2O/L/s)
3 3
Conduvância (L/s/cmH2O)
2 Conduvância 2
1 1
0 2 4 6 8
Volume pulmonar (L)
Figura 8.9 Relação entre volumes pulmonares e variações na resistência e condutância das vias aéreas.
78
Série Guia de Ventilação Mecânica para Profissionais da Saúde – Volume 2 – Curso para Enfermeiros
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
capítulo
no Paciente sob
Ventilação Mecânica
Giane Zupellari dos Santos Melo Gisele Torrente
Sibila Lillian Osí Denise Colosso Rangel
Introdução
Ao abordar as orientações práticas para a enfermagem na ventilação mecânica
(VM) invasiva e não invasiva, não podemos, nem tão pouco devemos, fazê-lo
sem lembrar o aparato legal que se aplica a esta profissão associados à parte téc-
nica como: indicações de VM, sistematização da assistência de enfermagem nos
diferentes momentos da VM, complicações, ações para o controle de infecção e
cuidados com o aparelho.
Comumente, a VM é aplicada em pacientes graves internados em unida-
de de terapia intensiva (UTI), mas também é utilizada durante o transporte
pré-hospitalar e serviços de home care. É uma forma de suporte ventilatório,
caracterizada pela administração de pressão positiva intermitente ao sistema res-
piratório usando, na VM invasiva, próteses (tubo orotraqueal ou nasotraqueal e
traqueostomia), promovendo a ventilação e a oxigenação ao portador de insufi-
ciência respiratória de qualquer etiologia, pelo tempo que for necessário para a
reversão do quadro1.
A Ventilação Mecânica não Invasiva por Pressão Positiva (VNIPP) é muito
difundida e benéfica para portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica e
casos de insuficiência respiratória aguda por edema pulmonar cardiogênico, por
não necessitar de prótese invasiva, diminuindo assim a mortalidade e custos de
internação2.
A enfermagem moderna acredita ser obrigação de cada profissional de sua
equipe contribuir para o crescimento e a renovação dos conhecimentos de sua
área. Durante seu atendimento, tem de observar e criticar a eficiência dos méto-
dos e técnicas que utiliza como estratégia para a aplicabilidade de uma assistên-
cia de enfermagem, a partir do conhecimento científico3.
A partir deste pensamento, na década de 1980, o planejamento da assistên-
cia torna-se uma imposição legal por meio da lei do Exercício Profissional n.
7.498, art. 11º: “O enfermeiro exerce todas as atividades de enfermagem, caben-
do-lhe privativamente: c) planejamento, organização, coordenação, execução e
avaliação dos serviços da assistência de enfermagem”4-5.
Reforçando a importância e necessidade de se planejar a assistência de en-
fermagem, a Resolução COFEN n. 272/2002, art. 2º afirma que: “A implemen-
81
82
Série Guia de Ventilação Mecânica para Profissionais da Saúde – Volume 2 – Curso para Enfermeiros
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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1986, dispõe sobre a regulamentação do magem: percepção dos enfermeiros de um
exercício da Enfermagem e dá outras provi- hospital filantrópico, Acta Sci. Health Sci.
dências. Brasília, Governo Federal, 1986. 2005;27 (1):25-29.
Próteses, Material 10
capítulo
e Equipamentos
na Ventilação
Mecânica (VM)
Sibila Lillian Osí
Próteses
Próteses utilizadas para instalação da ventilação mecânica não
invasiva por pressão positiva (VNIPP)
É definida como uma técnica de VM com pressão positiva sem utilizar prótese
invasiva (tubo orotraqueal, nasotraqueal ou traqueostomia) utilizada em pa-
cientes com insuficiência respiratória aguda (IRpA) ou crônica agudizada pelos
mesmos aparelhos de VM invasiva ou de aparelhos próprios para a VNIPP1, 2, 3.
Tem como objetivo diminuir o trabalho muscular, melhorar a troca gasosa
por recrutamento de alvéolos hipoventilados, manter as barreiras de defesa natu-
ral, diminuir a necessidade de sedação, reduzir o período de VM e, ainda, pode
evitar a intubação orotraqueal e suas complicações4.
O sucesso da aplicação da VNIPP está baseado em avaliação criteriosa dos
pacientes, sendo contraindicado nas seguintes situações:
TABELA 10.1 Contraindicações para o uso da ventilação não invasiva com pressão
positiva1.
Facial total Menor incidência de lesões de pele Espaço morto de aproximadamente 250ml
Menor vazamento Pode causar sensação de desconforto
Possibilita uso de maiores pressões inspiratórias Não permite ingesta alimentar
Capacete Não causam lesões de pele Grande espaço morto e parede complacente
Fácil adaptação do paciente levam, à reinalação de CO2
Difícil avaliar volume corrente oferecido
Necessidade de maiores pressões
inspiratórias para garantir a correção das
trocas gasosas
Ruído interno pode ser um limitante para
o seu uso
85
Próteses, Material e Equipamentos na Ventilação Mecânica (VM)
de de manter a via aérea pérvia e eficiente polivinila, silicone ou metal, inserida entre
para manutenção da assistência ventilatória o terceiro e quarto anel traqueal.
adequada. As numerações mais comuns utiliza-
Os dispositivos para o procedimento das nos adultos são: 6,5 a 9,0mm e com
evoluíram nos últimos anos, no início eram exceção da prótese metálica, as outras pos-
confeccionados de borracha e, atualmente, suem válvula (ABS) por onde se insufla
de cloreto de polivinila ou silicone reforça- o cuff, que assim como no TOT, tem por
do com arame, podendo ser de um ou dois finalidade impedir a entrada de saliva,
lumens em casos específicos. Apresentam secreções gástricas e/ou sangue das vias
uma fita lateral que facilita sua identifica- aéreas superiores para o pulmão.
ção radiológica, uma escala em centímet- As indicações da TQT dependem de
ros que inicia na ponta distal na traqueia alguns fatores como o tempo provável de
e a indicação do seu diâmetro próximo a VM (7 a 14 dias), nível de consciência, tipo
ponta proximal. A numeração do diâmetro de trauma e doenças crônicas, podendo
varia de 6,5 a 9,5mm, sendo utilizados em ser eletiva, emergencial ou profilática. Tais
mulheres adultas na numeração de 7,0 condutas contribuem para a diminuição da
a 8,5mm e para homens adultos de 8,0 a mortalidade, tempo de internação em UTI
9,5mm. e de uso da VM9, 11, 12.
A escolha do tipo de dispositivo (mais
conhecido como “tubo”) e da via de acesso
Materiais e equipamento
depende do paciente, patologia (clínica
ou trauma), procedimento cirúrgico e dis- utilizados na VNIPP
ponibilidade na unidade. São indicados os Após a seleção do paciente, a equipe deve
que contêm na ponta distal um cuff que discutir sobre qual a melhor forma de ofe-
impede a entrada de saliva e/ou conteúdo recer a VNIPP e qual o aparelho que será
gástrico no pulmão bem como escape de utilizado para este fim, dentro das opções
ar, este balão pode ser controlado por uma disponíveis na unidade. De acordo com es-
válvula (ABS) em sua ponta proximal7, 8. tas informações, devem-se providenciar os
A indicação de intubação traqueal deve materiais da Tabela 10.3.
ser avaliada seguindo rigorosos critérios e
sua colocação por técnica asséptica, pois
a quebra da barreira de proteção e acesso TABELA 10.3 Materias necessários para ins-
direto ao sistema pulmonar causa suscepti- talação de VNIPP2, 5, 6.
bilidade a infecções e complicações adicio-
nais ao paciente9, 10. Máscara para VNIPP de tamanho adequado a face
do paciente
Fio guia com botão TABELA 10.5 Materiais necessários para rea-
lização de TQT à beira do leito.
Laringoscópio previamente testado
01 mesa de Mayo
Equipamento de proteção individual para toda a
equipe: gorro, máscara, avental descartável e óculos 01 mesa auxiliar
de proteção
01 pacote cirúrgico (contendo mínimo campo cirúrgico
Sonda de aspiração de tamanho adequado e aventais estéreis)
Fios de sutura de nylon e cat-gut de diversas
Seringa de 20ml numerações
Seringas de 10ml para medicação e água destilada Cânulas de TQT de diversas numerações
para diluição
Antisséptico conforme protocolo da unidade
Luva estéril e de procedimento
Pacotes de gaze estéril
Medicações para analgesia, sedação e curarização Material cirúrgico de pequena cirurgia
conforme protocolo da unidade e/ou prescrição médica
EPIs: avental descartável, óculos de proteção, máscara
Dispositivo para fixar o tubo traqueal descartável e luva de procedimento (as luvas devem
ser utilizadas por toda equipe)
Aspirador montado e testado
Luvas estéreis de diversos tamanhos
Coxim para auxiliar no posicionamento corporal do
Lâminas de bisturi de numerações diversas
paciente
Fixador para cânula de TQT
Dispositivo bolsa-valva-máscara com reservatório e
conectado a fonte de oxigênio Espaço morto de 20cm
EPIs: avental descartável, óculos de proteção, máscara descartável e luva de procedimento (as luvas devem ser utilizadas
por toda equipe)
01 seringa de 10ml
01 lâmina de bisturi
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Intervenções de 11
capítulo
Enfermagem para
Pacientes sob
Ventilação Mecânica
Denise Colosso Rangel
89
90
Série Guia de Ventilação Mecânica para Profissionais da Saúde – Volume 2 – Curso para Enfermeiros
Lavar as mãos e colocar o equipamento de A utilização da técnica de lavagem das mãos pre-
1. proteção individual venirá processos infecciosos e os EPIs e possíveis
acidentes ocupacionais à equipe de saúde
Retirar adornos e próteses dentárias Adornos e próteses dentárias podem dificultar o ato
3. da intubação orotraqueal (p. ex., obstruir passagem
do tubo ou a visualização da cavidade)
Realizar punção venosa e manter o acesso pérvio O acesso venoso é a via de acesso emergencial
4.
para administração de drogas e sedativos
Testar previamente com ar (sem contaminar) o cuff Evitar repetir o procedimento desnecessariamente
do tubo traqueal que será utilizado em razão da falta de verificação do material a ser
6.
utilizado
Detectar falhas no cuff
Colocar o fio guia dentro do lúmen do tubo, sem O material do fio guia torna o tubo moldável,
7. contaminar, e fixar mantendo a ponta 2cm acima da facilitando o posicionamento
ponta distal do tubo
Posicionar o paciente em decúbito dorsal, com a Este decúbito facilita o posicionamento do profissio-
8. cabeça próxima a cabeceira do leito, que deve ser nal executante para o acesso a via aérea inferior
retirada antes do procedimento
Posicionar com uso de coxins e realizar hiperexten- Técnica sugerida para melhor visualização do canal
11.
são da cabeça (se não houver contraindicação) das vias aéreas do paciente
Retirar o fio guia após a intubação (enquanto outro É necessária a retirada do mesmo, pois sua
14. profissional mantém o TOT fixo) permanência torna inviável a conexão com o
aparelho de VM
(Continua)
91
Intervenções de Enfermagem para Pacientes sob Ventilação Mecânica
Conferir a altura da posição do tubo na marcação Manter o tubo no nível traqueal e evitar a intubação
15. de 22cm (tendo como base os dentes incisivos seletiva
centrais)
Insuflar o cuff com aproximadamente 10ml de ar O cuff tem como objetivo impedir a entrada de
16. saliva, sangue e/ou conteúdo gástrico no pulmão
bem como escape de ar
Conectar a bolsa-valva-máscara ligada ao O2 ao A ventilação do paciente, neste momento, é neces-
tubo e ventilar o paciente em uma frequência de sária para manter o nível de O2 viável, manter as
17.
aproximadamente 14irpm funções vitais e deverá ser realizada até o momento
da instalação do aparelho de VM
Realizar ausculta na seguinte sequência: região Confirmar posicionamento TOT
18. epigástrica, base pulmonar esquerda, base pulmo-
nar direita, ápice direito e ápice esquerdo
Realizar fixação do TOT Evitar o deslocamento do tubo ou até mesmo
19.
extubação acidental
Conectar o paciente ao VM (previamente testado e Iniciar a terapia ventilatória no paciente após
20.
com parâmetros iniciais previamente definidos) garantir uma via de acesso segura e permeável
Realizar nova ausculta pulmonar completa Detectar se houve mobilização do TOT durante
21.
a fixação
Instalar dispositivo detector de gás carbônico (se Assegurar posicionamento correto do TOT
22.
disponível na unidade)
Conferir pressão do cuff mantendo com o máximo O cuffometro garantirá que a pressão exercida
23. de 25mmHg. sobre os anéis traqueais não cause iatrogênias
(como a isquemia)
Avaliar radiografia de tórax realizada após o Confirmar o posicionamento adequado do tubo
24. procedimento de intubação (ponta distal deve estar de 2 a 3cm acima da carina
da traqueia)
Dar o destino adequado ao material utilizado Manter o ambiente organizado, deslocar o material
25.
contaminado para o expurgo e ou lixo
Lavar as mãos. A utilização da técnica de lavagem das mãos irá
26.
prevenir processos infecciosos.
Verificar pressão arterial de 15 em 15 minutos na Avaliar repercussão hemodinâmica causada pela
primeira hora e de 30 em 30 minutos nas duas pressão positiva exercida pelo VM
27.
horas seguintes (após este período utilizar a rotina
ou conforme a gravidade do paciente)
Registrar no prontuário o procedimento realizado A documentação/registro dos dados fornece
(como, por exemplo, parâmetros do ventilador, informações para avaliações diárias da equipe de
28. medicação, posição do TOT, pressão do cuff enfermagem e proporciona dados que poderão ser
entre outros) estudados para aperfeiçoamentos dos cuidados de
enfermagem
92
Série Guia de Ventilação Mecânica para Profissionais da Saúde – Volume 2 – Curso para Enfermeiros
TABELA 11.2 Intervenções de enfermagem para instalação da VNIPP11, 12, 13, 14.
Lavar as mãos e colocar o equipamento de A utilização da técnica de lavagem das mãos pre-
1. proteção individual venirá processos infecciosos e os EPIs e possíveis
acidentes ocupacionais a equipe de saúde
Avaliar nível de consciência utilizando Escala de Obter parâmetros para posterior comparação
4.
Coma de Glasgow
Avaliar pele da face e região sacral antes e após Risco de desenvolver úlceras por pressão por
5. o procedimento causa da máscara de VNIPP e da limitação de
movimentos
(Continua)
93
Intervenções de Enfermagem para Pacientes sob Ventilação Mecânica
TABELA 11.2 Intervenções de enfermagem para instalação da VNIPP11, 12, 13, 14. (Continuação)
Manter monitorização cardíaca e oxímetro durante Avaliar eficácia do procedimento por meio dos
8.
todo o procedimento parâmetros clínicos
Proteger a pele da face em local de contato Minimizar formação de úlceras por compressão
10. da máscara oronasal (base do nariz, porção do
zigomático e queixo) com placas de hidrocoloide
Proteger a região superior da implantação da Local de contato do dispositivo de fixação que pode
11.
orelha durante o uso de máscaras oronasal causar lesão na pele
Fixar a máscara após o paciente ficar em total Manter posicionamento correto e evitar perda
16.
sincronia com o aparelho de pressão
Avaliar pontos de escape de ar na máscara Evitar perda de pressão que influencie no volume
17.
corrente
Atentar para escape de ar na região orbital Evitar lesão de córnea causada por ressecamento
18.
Nos pacientes com agitação, acompanhar a ad- Manter paciente confortável e sincrônico com o
20. ministração de sedação leve, conforme prescritos aparelho para manter uma boa ventilação
pelo médico
94
Série Guia de Ventilação Mecânica para Profissionais da Saúde – Volume 2 – Curso para Enfermeiros
1. Verificar sinais vitais conforme rotina da unidade Avaliar parâmetros clínicos identificando evolução
ou piora do quadro
6. Orientar quanto à movimentação restrita no leito Movimentação excessiva pode deslocar o posicio-
namento da máscara causando escape de ar
TABELA 11.4 Intervenções de enfermagem no uso da VM1, 3, 4, 16, 17, 18, 19.
2. Utilizar luvas de procedimento sempre que neces- Evitar infecção cruzada e contaminação
sitar realizar troca de qualquer parte do circuito do
aparelho de VM
3. Manter elevação da cabeceira em 30º a 45°, salvo Reduz risco de aspiração pulmonar (conteúdo
na existência de contraindicação gastrintestinal ou orofaríngeos e de secreção
nasofaríngea) diminuindo incidência PAV. Melhora
dos parâmetros ventilatórios como volume corrente,
redução do esforço muscular e taxa de atelectasia
4. Ausculta pulmonar pelo menos a cada quatro horas, Detectar alterações pulmonares e necessidade de
em caso de: aspiração traqueal
a. alteração de padrão respiratório;
b. alteração de sinais vitais;
c. ou alarmes do ventilador disparando.
6. Avaliar sinais vitais conforme rotina Detectar alterações hemodinâmicas, pois o uso
do VM altera pressões intratorácicas e difusão
dos gases
8. Realizar aspiração traqueal na presença de: A desconexão causa perda de pressão intrapulmo-
a. ausculta pulmonar alterada; nar, além de ser um procedimento invasivo, irritante
b. visualização de secreção na prótese ventilatória; e desconfortável para o paciente
c. queda de saturação;
d. alarmes do ventilador disparando;
e. alteração ou desconforto respiratório (taquipneia,
dispneia, uso de musculatura acessória)
9. Avaliar e anotar resultados de gasometria arterial A gasometria arterial fornece dados importantes
acerca da permanência, retirada ou reajuste do VM
10. Manter monitorização cardíaca, oximetria de pulso Acompanhar quadro clínico do paciente com o
e capnografia contínua com alarmes ativados e objetivo de detectar alterações precocemente
ajustados conforme a gravidade do paciente
(Continua)
96
Série Guia de Ventilação Mecânica para Profissionais da Saúde – Volume 2 – Curso para Enfermeiros
TABELA 11.4 Intervenções de enfermagem no uso da VM1, 3, 4, 16, 17, 18, 19. (Continuação)
11. Avaliar a cada plantão o circuito do ventilador, Manter boa ventilação ao paciente
checando pontos de conexão e escape de ar
a. avaliar a temperatura do aquecimento que deve Temperaturas elevadas podem causar lesão aos
ser mantida entre 30 ºC e 32 ºC; alvéolos
b. avaliar circuito quanto à presença de condensa- Acúmulo de condensação pode ser drenado para as
ção indicando temperatura elevada; vias aéreas do paciente, predispondo a ocorrência de
pneumonia associada a VM
II. Sistema de filtro microbiológico trocador de calor Evitar perda do efeito e riscos ao paciente
e umidade (Heat and Moisture Exchangers- HME-
ou nariz artificial):
a. Trocar conforme rotina da unidade e orientação Evita refluxo de água condensada e secreções.
do fabricante; Estes diminuem a vida útil do filtro e podem causar
obstruções
13. Manter as traqueias do circuito preso ao braço de Evitar tração ou do circuito e do tubo orotraqueal/
segurança do ventilador traqueostomia, evitando lesão por atrito da prótese
com a mucosa da traqueia
14. Trocar as traqueias e peças do circuito de VM Acúmulo de secreção e água são fontes de micro-
sempre que apresentarem sujidade organismos
15. Atentar para os parâmetros dos alarmes e manter Alarmes nunca devem ser ignorados ou desligados,
sempre ativados pois advertem sobre o desenvolvimento de
problemas
Tabela 11.6 Intervenções de enfermagem para o paciente em uso de TOT1, 20, 21, 22.
1. Avaliar a cada plantão e sempre que necessário o Verificar a posição que foi estabelecida inicialmente,
posicionamento do tubo na altura fixada inicialmente pois em caso de introdução excessiva pode causar
ventilação seletiva levando a uma hipóxia e atelectasia.
3. Aspirar TOT somente após prévia avaliação que A aspiração é um procedimento invasivo, irritante e
deve incluir anamnese, sinais vitais, e parâmetros desconfortável e pode promover complicações
ventilatórios.
4. Trocar a fixação do tubo sempre que necessário Uma fixação inadequada do TOT pode levar ao
(sujidade e instabilidade na fixação) deslocamento, extubação acidental e ainda fixações
de pano podem favorecer o surgimento de infecções
5. Realizar higiene oral (no mínimo a cada 12 horas ou Diminuir a quantidade de sujidades a fim de diminuir
de acordo com o protocolo da unidade) com soluções infecções orais, assim como diminuir a incidência
bucais a base de clorexidina de pneumonia
6. Manter equipamento de emergência da via aérea e Prover e prever material são funções do enfermeiro e
a bolsa-valva-máscara prontamente disponíveis e no caso de pacientes graves, estes materiais devem
conferidos a cada plantão ser checados diariamente
7. Manter tubo em posição neutra e com fixação segura Evitar trações e posições que possam causar lesão em
traqueia, deslocamento do tubo ou extubação acidental
98
Série Guia de Ventilação Mecânica para Profissionais da Saúde – Volume 2 – Curso para Enfermeiros
TABELA 11.7 Intervenções de enfermagem para o paciente em uso de TQT1, 8, 9, 10, 23, 24.
3. Manter a prótese da traqueostomia fixada com Evitar lesão, deslocamento e decanulação acidental
colar
4. Avaliar a cada plantão o colar quanto à fixação, Pode causar lesões de pele, dermatite de contato,
umidade e sujidade infecções locais e estar apertada, o que pode causar
lesões e alterações circulatórias
5. Trocar colar de fixação sempre que apresentar A umidade pode causar dermatite de contato e risco
umidade ou sujidade de infecção
6. Avaliar a cada plantão a região cervical para Detectar precocemente dermatite de contato e sinais
avaliar a pele e o óstio da traqueostomia de infecção
7. Realizar higiene no óstio da traqueostomia com Evitar ambiente propício para desenvolvimento de
soro fisiológico sempre que apresentar sujidade bactérias
8. Manter protegido com duas gazes dobradas de Absorver sangue, secreção e saliva que podem
cada lado do óstio, entre a cânula e a pele drenar pelo óstio
Trocar sempre que estiverem encharcadas Evitar dermatite de contato e infecção
9. Manter a traqueostomia na posição da linha média Evitar pressão sobre o tecido circunvizinho causando
lesões
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Aspectos do 12
Desmame
capítulo
Ventilatório para a
Enfermagem
Giane Zupellari dos Santos Melo Gisele Torrente
Estratégia:
1. Estabilidade hemodinâmica
2. Ausência de sedação
3. Troca gasosa: PaO2 > 60 mmHg/Fi O2 > 0,4/PEEP > 5 cmH2O
4. Reversibilidade de causa que motivou a VM
5. Autonomia de Vias Aéreas: Tosse adequada
6. Tobin: F/VC < 150
7. Equilíbrio hidroeletrolítico
8. Escala de Coma de Glasgow: 9
Sim Não
PSV* de 7 cmH2O
ou TT* por 30’ ou 120’
Descanso em PSV ou outro
modo ventilatório
O Paciente Tolerou? *
Identificar e tratar as
Sim Não
causas
À critério do serviço:
1. Verificar perda aérea com
balonete desinsuflado;
2. Tosse presente.
Fluxograma de desmame
Adaptado: Goldwasser, Rosane S; David, Cid Marcos. Desmame da Ventilação Mecânica: Promova uma Estratégia. Revista Brasileira de Terapia Intensiva,
Vol. 19 Nº 1, Janeiro – Março, 2007.
103
Aspectos do Desmame Ventilatório para a Enfermagem
TABELA 12.2 Intervenções de enfermagem durante o desmame ventilatório com peça “T”1, 5, 6.
1. Instalar a peça em “T” com suporte de O2 Garantir uma oferta de oxigênio mínima
2. Monitorar rigorosamente a frequência cardíaca e Risco de não tolerar o desmame e evoluir com hipóxia
respiratória, padrão respiratório, oximetria de pulso e e parada cardiorrespiratória
pressão arterial sistêmica
3. Anotar a hora e oferta de O2 oferecida na peça em “T” Acompanhar tempo de duração e tolerância ao
desmame
4. Preparar material para coleta de gasometria arterial Acompanhar resposta ao processo de desmame
ventilatório
6. Realizar avaliação do nível de consciência (p. e., Escala Verificar grau da consciência do paciente
de Coma de Glasgow)
104
Série Guia de Ventilação Mecânica para Profissionais da Saúde – Volume 2 – Curso para Enfermeiros
4. Monitorar rigorosamente a frequência cardíaca e Risco de não tolerar o desmame e evoluir com hipóxia
respiratória, padrão respiratório, oximetria de pulso e parada cardiorrespiratória
e pressão arterial
12. Remover rapidamente o tubo enquanto solicita que Expectorar secreções que escoam ao desinsuflar o cuff
o paciente tussa
14. Instalar a máscara com O2 conforme protocolo e Ofertar O2 suplementar até a restauração do padrão
disponibilidade da unidade respiratório basal
17. Monitorar rigorosamente a frequência cardíaca e Risco de não tolerar o desmame e evoluir com
respiratória, padrão respiratório, oximetria de pulso insuficiência respiratória, hipóxia e parada cardior-
e pressão arterial respiratória
Lembrar que a extubação somente de- sional qualificado disponível para reintubar
verá ser realizada na presença de um profis- o paciente em caráter de emergência.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Procedimentos 13
capítulo
de Enfermagem
no Paciente sob
Ventilação Mecânica
Denise Colosso Rangel Sibila Lillian Osí
Aspiração
Aspiração traqueal
A aspiração traqueal é um procedimento frequente e essencial aos pacientes em
uso de VM. Seu objetivo é a retirada de secreções que podem ocluir a prótese
ventilatória (tubo traqueal ou traqueostomia), mantendo a via aérea pérvia e
garantindo boa ventilação e oxigenação1, 2, 3.
A aspiração traqueal pode se dar com sistema fechado ou aberto, neste úl-
timo caso por meio de cateter de uso único e rigorosa técnica estéril para evitar
contaminação. Descuidos com a desconexão do suporte ventilatório podem le-
var a desrecrutamento de áreas pulmonares, complicações hemodinâmicas e
ventilatórias e ainda estímulo do reflexo vagal causado pela introdução excessiva
da sonda1, 4, 5.
No sistema fechado, o cateter é de múltiplo uso protegido por uma bainha
plástica e conectado entre o tubo traqueal e o circuito ventilatório, dispensando
a desconexão do suporte ventilatório. Este sistema proporciona menor queda
de saturação além de maior proteção da equipe, porém pode ocorrer alteração
no volume expirado, aumento da auto-PEEP e pressão inspiratória, aumento da
resistência ao fluxo inspiratório1, 2, 6.
Para a escolha da técnica deve-se levar em consideração a gravidade do pa-
ciente, parâmetros ventilatórios, aspecto e quantidade de secreções e disponibi-
lidade do material na unidade7.
As indicações da necessidade de aspiração incluem: desconforto respiratório,
ausculta pulmonar alterada, tosse, visualização de secreção na prótese, queda de
saturação, alarme de aparelho de VM disparando7.
Por ser uma técnica estéril delicada e incômoda ao paciente, recomenda-
-se realizar a aspiração com sistema aberto sempre em duas pessoas para
evitar a contaminação do sistema, e somente realizar com prévia anamnese
e avaliação3.
Nas Tabelas 13.1 a 13.3 estão descritos os materiais necessários para aspira-
ção traqueal com sistema aberto e fechado e a técnica para tais procedimentos.
107
108
Série Guia de Ventilação Mecânica para Profissionais da Saúde – Volume 2 – Curso para Enfermeiros
TABELA 13.1 Material necessário para realização de aspiração traqueal com sistema aberto.
1 pacote de gaze;
TABELA 13.2 Técnica para aspiração traqueal com sistema aberto2, 3, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 12.
1. Lavar as mãos e colocar o equipamento de proteção A utilização da técnica de lavagem das mãos previne
individual. (Figura 13.1) processos infecciosos e a utilização de EPIs, possí-
veis acidentes ocupacionais na equipe de saúde.
10. Com a mão dominante, pegar a sonda de aspiração Maior habilidade e menor chance de contaminação
oferecida pelo profissional auxiliar.
(Continua)
109
Procedimentos de Enfermagem no Paciente sob Ventilação Mecânica
TABELA 13.2 Técnica para aspiração traqueal com sistema aberto2, 3, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 12. (Continuação)
11. Com a mão não dominante, pegar a ponta da Manter uma mão livre para auxiliar no procedi-
extensão do aspirador. mento.
12 Conectar a sonda de aspiração na ponta da borra- Fornecer pressão negativa necessária para realizar o
cha sem contaminar a mão dominante. (Figura 13.4) procedimento. Evitar contaminação do sistema.
13. Colocar o invólucro da luva estéril aberto sob o Manter uma área estéril de apoio.
tórax do paciente.
14. Conferir o valor da saturação no oxímetro de pulso. A saturação deve estar acima de 96%, com exceção
dos casos em que a secreção está prejudicando a
ventilação, e se não houver sua retirada não haverá
melhora.
15. Solicitar que o colega desconecte o aparelho/cone- Evitar que o executante contamine o sistema de
xão do O2 do tubo/traqueostomia. aspiração.
16. Pinçar a sonda de aspiração e introduzir no tubo/ Introduzir em excesso a sonda pode causar reflexo
traqueostomia. (Figura 13.5) vagal e lesão de mucosa.
Traqueostomia: introduzir aproximadamente 10 cm.
Tubo traqueal: introduzir por volta de 25 cm.
17. Tracionar 1 a 2 cm a sonda de aspiração caso o Indicar que a sonda tocou na parede da traqueia e
paciente apresente tosse e soltar a pinça liberar a pressão negativa.
18. Retirar a sonda realizando movimento de rotação Garantir retirada do máximo de secreção possível
com indicador e polegar. (Figura 13.6) sem causar lesão na traqueia.
19. Realizar aspiração com tempo máximo de descone- Evitar hipóxia por tempo prolongado de desconexão.
xão de 15 segundos.
22. Avaliar saturação e frequência cardíaca. Avaliar efeitos da supressão do suporte ventilatório.
23. Realizar o procedimento quantas vezes necessário. Garantir retirada de secreções da prótese a via
aérea pérvia.
24. Lavar a extensão aspirando SF 0,9%. Limpar a conexão para evitar colonização.
(Continua)
110
Série Guia de Ventilação Mecânica para Profissionais da Saúde – Volume 2 – Curso para Enfermeiros
TABELA 13.2 Técnica para aspiração traqueal com sistema aberto2, 3, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 12. (Continuação)
29. Anotar em prontuário hora do procedimento e aspec- Registro legal do procedimento realizado.
to, quantidade e coloração da secreção aspirada.
Figura 13.5 Preparação para a aspiração da Figura 13.6 Realizando a aspiração da prótese
prótese ventilatória. ventilatória.
TABELA 13.3 Material necessário para realizar a aspiração com sistema fechado.
TABELA 13.4 Técnica de aspiração traqueal com sistema fechado2, 3, 5, 6, 7, 8, 9, 11, 12.
13. Avaliar saturação e frequência cardíaca. Avaliar efeitos da aspiração sobre a ventilação e
efeitos hemodinâmicos.
14. Realizar o procedimento quantas vezes necessário. Garantir retirada de toda secreção da prótese e via
aérea pérvia.
15. Ao término da aspiração, lavar a sonda com Evitar colonização da sonda.
soro fisiológico 0,9% conectando a seringa ao
dispositivo proximal.
16. Fechar a válvula de aspiração, desconectar a Manutenção de adequada evitar contaminação
extensão do aspirador e ocluir a ponta da sonda e do sistema.
da extensão.
17. Desprezar as luvas e recolher o material utilizado. Manter ambiente organizado.
19. Anotar em prontuário hora do procedimento, aspec- Registro legal do procedimento realizado.
to, quantidade e coloração da secreção aspirada.
113
Procedimentos de Enfermagem no Paciente sob Ventilação Mecânica
TABELA 13.5 Técnica para troca de traqueostomia com fio guia4, 8, 11, 16, 17, 18, 19, 20.
3. Colocar paramentação completa. (Figura 13.1 ) Proteção individual pelo risco de contaminação por
gotículas.
(Continua)
114
Série Guia de Ventilação Mecânica para Profissionais da Saúde – Volume 2 – Curso para Enfermeiros
TABELA 13.5 Técnica para troca de traqueostomia com fio guia4, 8, 11, 16, 17, 18, 19, 20. (Continuação)
10. Calçar luvas estéreis e cortar a ponta do conector da Facilitar passagem dentro da cânula de traqueos-
sonda gástrica com a lâmina de bisturi. (Figura 13.8) tomia.
11. Testar o cuff da cânula com 15 ml de ar e esvaziar Averiguar se não há vazamentos ou deformidades.
completamente. Reserve. (Figura 13.9)
12. Lubrificar a cânula e a sonda gástrica com lidocaína Anestesia local. Auxilia no deslizamento da cânula.
gel.
13. O profissional que auxiliará no procedimento deve Evitar contaminação do material estéril.
retirar o colar da cânula que será trocada e desco-
nectar o ventilador mecânico.
14. Inserir a sonda gástrica aproximadamente 15 cm Posicionar fio guia dentro da árvore brônquica.
dentro da cânula. (Figura 13.10)
15. O profissional que auxiliará no procedimento deve es- Evitar contaminação do executante.
vaziar o cuff da cânula e deslizar a prótese para fora
da traqueia enquanto o executor mantém a sonda
gástrica como fio guia. (Figura 13.11)
16. Inserir a nova cânula utilizando a sonda gástrica Direcionar a nova prótese para dentro da traqueia
como fio guia e retirá-lo após o posicionamento da evitando falso trajeto.
nova cânula. (Figura 13.12)
21. Realizar limpeza com soro fisiológico 0,9% da região Evitar infecção e complicações em ostoma.
cervical anterior e o óstio da traqueostomia.
22. Fixar com novo colar. Reduzir movimento da prótese e lesão por atrito em
parede traqueal.
23. Proteger com duas gazes de cada lado entre a cânula Absorver secreção e líquido que podem drenar por
e a pele. (Figura 13.14) óstio.
24. Ajustar pressão no cuff entre 20 e 25 mmHg utilizan- Evitar lesão por isquemia.
do manômetro de cuff.
25. Aferir sinais vitais e conferir oximetria de pulso. Avaliar possibilidade de instabilidade hemodinâmica
relacionada ao procedimento.
27. Anotar em prontuário data, hora, profissional que Registro legal do procedimento.
realizou a troca, motivo da troca e intercorrências,
se houveram.
115
Procedimentos de Enfermagem no Paciente sob Ventilação Mecânica
Figura 13.8 Preparação da SNG para ser usa- Figura 13.10 Introdução da SNG para servir de
da como fio-guia na troca de TQT. guia na troca da traqueostomia.
Figura 13.9 Teste do “cuff” da taqueostomia. Figura 13.11 Retirada da traqueostomia man-
tendo o fio-guia.
116
Série Guia de Ventilação Mecânica para Profissionais da Saúde – Volume 2 – Curso para Enfermeiros
Figura 13.12 Inserção da nova traqueostomia Figura 13.14 Fixação da traqueostomia e pro-
utilizando o fio-guia. teção do ostoma.
Figura 13.13 Insuflação do “cuff” da nova tra- Figura 13.15 Técnica de troca de traqueosto-
queostomia. mia com fio guia.
117
Procedimentos de Enfermagem no Paciente sob Ventilação Mecânica
à porção oral, deixando os dedos na for- próteses traqueais, que em sua porção
ma da letra “C”, os demais dedos, na forma distal contém um cuff que protege a via
da letra “E”, posicionam-se sobre a borda aérea de secreções, resíduos gástricos e
da mandíbula, a fim de puxá-la levemente do escape do ar para vias aéreas supe-
para a frente, criando assim uma vedação riores. As complicações mais comuns
hermética e elevando o queixo (mantendo causadas por este dispositivos são as es-
a via aérea aberta). Em seguida, a bolsa é tenoses e fístulas de traqueia, que ocorre
comprimida lentamente, por um segundo, em razão de altas pressões provocando
pelo outro profissional. Ambos devem ob- processos inflamatórios, úlceras, infec-
servar a elevação do tórax4, 21, 23. ção, isquemia e necrose. A pressão do
A frequência das compressões deve ser cuff não deve exceder 25 mmHg sobre a
por volta de 14 a 20 por minuto para evitar parede da traqueia12, 17, 24.
causar distensão abdominal12, 21, 22. Para avaliar a quantidade de ar que
O volume de oferta durante a compres- deve ser utilizado na insuflação do cuff
são da bolsa deve ser calculado com base para que não cause danos à traqueia,
no peso do paciente, aproximadamente 8 pode-se usar o método denominado vo-
ml por quilo. Porém, não é incomum ser lume mínimo de oclusão, onde injeta-se
ofertado um volume elevado por causa do uma quantidade de ar lentamente no cuff
tamanho das bolsas. Para evitar essas situa- (enquanto se realiza a ausculta na tra-
ções, é recomendado comprimir as bolsas queia), que deve ser inflado pouco além
de tamanho grande somente até a metade do ponto onde não se escuta um vaza-
para ofertar um volume adequado23. mento de ar4, 12.
Ao introduzir uma prótese invasiva A melhor prática para medir a pres-
pode ser utilizada a bolsa-valva-máscara, são do cuff é utilizando um manômetro,
retirando a máscara do dispositivo e conec- conhecido comumente como cuffômetro.
tando direto na prótese. A frequência das Os materiais e técnica para medir a pres-
compressões deve ser a mesma de quando são estão demonstrados nas Tabelas 13.6
utilizada com a máscara4, 22. e 13.7.
Toda equipe de enfermagem deve ser
treinada para aplicação correta de ventila-
ções com bolsa-valva-máscara e conhecer os
TABELA 13.6 Materiais para medir a pressão
modelos disponíveis em sua unidade, suas do cuff
peças, sequência de montagem do dispositi-
vo e formas de desinfecção e esterilização23. Luva de procedimento
1. Posicionar o paciente em decúbito dorsal com a Evitar refluxo gástrico e risco de broncoaspiração.
cabeceira em 30 graus.
4. Avaliar no manômetro o valor da pressão: Manter pressão de cuff entre 20 e 25 mmHg para
Menor que 20 mmHg: insuflar com a bomba evitar lesão de traqueia ou escape de ar.
de calibração até alcançar o nível desejado.
Entre 20 e 25 mmHg: nível desejado.
Maior que 25 mmHg: desinsuflar utilizando o
botão de alívio de pressão.
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O Enfermeiro 14
capítulo
e as Complicações
da Ventilação
Mecânica
Gisele Torrente
Relacionados à pressão ou ao fluxo Fluxo aéreo liberado pelo Instilar na mucosa ocular e nasal SF0,9%
Obstrução nasal ventilador Orientar que o paciente respire pelo nariz
Dor no ouvido ou sinusal Nas dores é indicado ajustar melhor a
Ressecamento oronasal máscara e reduzir a pressão inspiratória
Irritação ocular excessiva
Distensão gástrica Na distensão gástrica está indicado uso de
medicamento associado a diminuição da
pressão inspiratória abaixo de 20 cm H20
Acumulo de secreção Mecanismo de tosse ineficaz Aspirar cavidade oral, nasal quando inevitável
Sistema respiratório
Migração do TOT (intubação Falha na técnica de intubação e/ou Exame físico direcionado ao aparelho
seletiva) propedêutica respiratória respiratório
Pneumotórax Ausência de volume de ar nos alvéolos Atentar para níveis de saturação
evolui para colabamento da estrutura. Preparar material para drenagem de
Atelectasia tórax
Preparar material para reposicionamento
do TOT
Manter material de intubação preparado
Exteriorização do TOT É a movimentação do TOT sem sua Avaliar escape de ar ao redor da cânula
completa saída. Normalmente acontece Checar a posição do TOT após
por força externa, tosse do paciente ou procedimentos com o paciente: banho,
cuff perfurado fisioterapia, mudança de decúbito,
troca de fixação, curativos, realização
de diagnóstico por imagem e demais
procedimentos
Obstrução do TOT O paciente pode “morder” o TOT Avaliar nível responsividade, nível
Mordedura quando não está bem sedado de consciência, checando infusão da
sedação
Secreção Acúmulo de secreção e falta de Aspirar cavidade oral e/ou TOT sempre
aspiração das secreções oro traqueais que necessário conforme
podem ocluir o lúmen do TOT
Acotovelamento Má conexão, peso das traqueias do
ventilador podem promover a dobra
do TOT
(Continua)
124
Série Guia de Ventilação Mecânica para Profissionais da Saúde – Volume 2 – Curso para Enfermeiros
Hipersecretividade Mecanismo de tosse ineficaz Aspirar VAS, TOT e cavidade oral sempre
que necessário
Sistema Neurológico
Aumento da compressão Aumento da compressão torácica causa Manter cabeceira elevada a 30°
intracraniana (PIC) diminuição do retorno venoso cerebral Avaliar parâmetros ventilatórios
Atentar para parâmetros ventilatórios
elevados
Avaliar monitorização invasiva (PIC, Pres-
são de Perfusão Cerebral (PPC) e Pressão
Arterial Média (PAM)) se disponíveis
Monitorar parâmetros de sinais vitais
Avaliação neurológica pontual
(Continua)
125
O Enfermeiro e as Complicações da Ventilação Mecânica
Sistema renal
Retenção de água e sódio Alterações na hemodinâmica renal. Monitorar valores de ureia, creatinina,
Aumento da concentração de hormônio bicarbonato, eletrólitos
antidiurético (ADH) Realizar balanço hídrico diário
Alteração na atividade da renina- Monitorizar estado de hidratação em
angiotensina-aldosterona. relação ao exame clínico (ausculta
Diminuição da secreção do fator pulmonar e viscosidade de secreções
natriurético atrial pulmonares)
Avaliar o peso do paciente diariamente
Acompanhar valores de Pressão Venosa
Central (PVC)
Sistema hepático
Alteração de função hepática Alterações na perfusão hepática e Monitorar valores das enzimas hepáticas
dificuldade da drenagem venosa e biliar (TGO, TGP, bilirrubinas)
pela utilização da PEEP elevada levam
a hiperbilirrubinemia e elevação de
enzimas hepáticas
Sistema tegumentar
Úlceras por pressão sacral Manutenção do decúbito dorsal por Realizar mudança de decúbito e
longos períodos causam pressões hidratação da pele
maiores que 35 mmHg nos capilares da Utilizar colchão antiescara
região, diminuindo perfusão tecidual, Realizar inspeção diária da pele
causando isquemia e necrose. Aplicar placa (curativos) de proteção se
necessário
(Continua)
126
Série Guia de Ventilação Mecânica para Profissionais da Saúde – Volume 2 – Curso para Enfermeiros
Úlceras por pressão auricular Atrito excessivo da fixação com o Usar dispositivos adequados para
pavilhão auricular fixação do TOT
Avaliar diariamente pontos de contato
Aplicar placa (curativos) de proteção se
necessário
Úlceras por pressão occipital Não movimentação da cabeça manten- Realizar inspeção diária da região
do-a por muito tempo acompanhando o Realizar mudança da cabeça concomi-
decúbito dorsal tante a mudança de decúbito
Sistema cardiovascular
Sistema cardiovascular
(Continua)
127
O Enfermeiro e as Complicações da Ventilação Mecânica
Sistema imunológico
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Cuidados de 15
capítulo
Enfermagem na
Prevenção das PAV
Giane Zupellari dos Santos Melo
Contaminação
Doenças Uso de Procedimentos Contaminação
Cirurgias de materiais e
pré-existentes antimicrobianos invasivos cruzada
equipamentos
Esterilização e
desinfecção
inadequada de
artigos
Aerossóis
contaminados
Colonização Colonização Contaminação
orofaríngea gástrica de águas
e soluções
Aspiração Inalação
Baixa das
Bacteremia defesas Translocação
pulmonares
Pneumonia
Hospitalar
cuidados no processamento dos materiais das PAV é indicada pelo CDC como catego-
de assistência ventilatória3, 7, 8. ria IA, pela ATS como Nível I e citada pela
Consideraremos as principais reco- ANVISA como uma das principais medidas
mendações de interesse para prevenção e gerais de prevenção da PAV, devendo o trei-
controle das PAV pela enfermagem, citadas namento da equipe de saúde ser continuo
pelos dois órgãos internacionais, conside- e contemplar todas as categorias de acordo
rando suas categorias e níveis, conforme com seu nível de responsabilidade na cadeia
classificações da Tabela 15.1. Serão de- epidemiológica de prevenção das PAV3, 7, 8.
stacadas também as recomendações citadas Um assunto que não pode ser esqueci-
pela ANVISA. do e deve ser considerado como primordial
na capacitação da equipe é a higienização
das mãos. Apesar de o ato de lavar as mãos
Principais recomendações
ser comprovadamente um aliado impor-
para controle das PAV a tante no combate às infecções, desde as
serem aplicadas pela equipe primeiras pesquisas na área, realizadas por
de enfermagem pioneiros, como Semmelweis e Holmes,
nos anos 40 do século XVIII9 até os dias
Capacitação da equipe de saúde atuais, estudos comprovam que esta prática
para prevenção das PAV não é adotada rotineiramente pela maioria
dos componentes da equipe de saúde,
A recomendação de capacitação da equipe
quando se refere a cuidados com o paci-
de saúde e seu envolvimento na prevenção
ente em VM10, 11.
TABELA 15.1 Sistema Classificatório das Recomendações para Prevenção das Pneumonias Associa-
das aos Serviços de Saúde, segundo CDC e ATS7, 8.
rilização bem sucedida, bem como para cificam que não existe consenso sobre o
manutenção de materiais após desinfecção. tempo máximo de uso15, 16.
No caso da desinfecção, deve-se ainda to- c) A ATS (nível II) e o CDC (categoria IB)
mar cuidados adicionais no momento de recomendam que, periodicamente, se
embalar, para não contaminar o material descarte o acúmulo de líquido con-
já processado (recomendação IA – CDC)7. densado no circuito do ventilador. Este
Na Tabela 15.2, demonstramos a classi- procedimento deve ser realizado com o
ficação dos materiais e equipamentos con- máximo de cuidado, não permitindo que
forme nível de contaminação e conduta de o condensado retorne para o paciente7, 8.
processamento. d) Segundo o CDC, ATS e ANVISA, não
Listamos a seguir algumas recomenda- existe consenso definido sobre o uso
ções consideradas como cuidados com ma- de filtros trocadores de calor e umida-
teriais e equipamentos que, no entanto, não de – HME (umidificador passivo) e a
estão diretamente ligadas ao processamento sua influência na diminuição das PAV,
dos mesmos. sendo assim, a vantagem no uso do
dispositivo se deve principalmente pela
a) Não promover desinfecção e esteriliza-
facilidade de manuseio do sistema. Esta
ção rotineira dos maquinários internos
recomendação permanece como ques-
dos ventiladores (categoria II)7.
tão não resolvida para o CDC, porém
b) Não trocar sistematicamente o circui-
é recomendada como Nível I para o
to do ventilador, fazê-lo somente na
ATS3, 7, 8. O CDC recomenda que, no
presença de sujidades e mau funciona-
caso de serem utilizados, as trocas do
mento do equipamento. Esta medida é
HME devem ser realizadas quando ocor-
recomendada pela ANVISA e entra na
rer falhas mecânicas no dispositivo ou
categoria IA do CDC3, 7. Outros estudos
na presença de sujidades (categoria II)7.
corroboram com esta afirmativa e espe-
Critico Utilizados em procedimentos invasivos com Esterilização por vapor saturado sob pressão
penetração em pele ou mucosas do paciente (eg. (termorresistentes) ou óxido de etileno,
Tubo endotraqueal e traqueostomias) plasma de peróxido de hidrogênio ou o
vapor de baixa temperatura e formaldeído
(termosensiveis)
Utilização de material descartável
Semi-critico Entram em contato com a pele não íntegra e mu- No mínimo desinfecção de alto nível ou
cosa íntegra (eg. Circuitos respiratórios, inaladores esterilização. Quando o material for termor-
e umidificadores) resistente, recomenda-se a esterilização
por vapor, com o intuito de diminuir custo e
facilitar o armazenamento
Não críticos Entram em contato com pele íntegra do paciente Processo de limpeza ou desinfecção,
ou aqueles que não entram em contado em ele (eg. dependendo do uso a que se destina ou do
oxímetros de pulso) último uso realizado
134
Série Guia de Ventilação Mecânica para Profissionais da Saúde – Volume 2 – Curso para Enfermeiros
e) O uso de água estéril como fluido do IA, que se realize troca das luvas e lavagem
umidificador aquecido é uma reco- das mãos entre procedimentos em pacien-
mendação de categoria II do CDC, o tes diferentes; entre contato com objetos e
que sugere que deve ser uma medida superfícies contaminadas com secreções de
implantada como rotina da unidade. um paciente e o procedimento em outro
f) Umidificadores de oxigênio, incluindo paciente; e entre procedimentos diferentes
máscara e tubo T, devem ser trocados em parte diferentes do trato respiratório no
quando apresentarem falha no sistema mesmo paciente7.
ou contaminação visível (categoria II).
g) No uso de inaladores, é recomendada a Procedimentos
realização de desinfecção de alto nível
entre procedimentos em um mesmo Os procedimentos invasivos são os que
paciente (categoria IB), utilização de promovem maior risco de contaminação
líquido estéril para inalação (categoria do paciente. Diante deste fato, tanto a AN-
IA), se possível utilizar medicamentos VISA, quanto a CDC (categoria II) e a ATS
aerossóis em dose única (categoria IB). (nível I), recomendam, sempre que possí-
h) Dispositivos utilizados para a fisiotera- vel, que a ventilação mecânica não invasiva
pia respiratória devem ser submetidos à deve ser preferida à invasiva. Os três órgãos
desinfecção de alto nível (categoria IB)7. recomendam ainda (ANVISA; ATS – nível
lI; CDC – Categoria IB) que, assim que as
Pessoas condições clínicas do paciente permitam a
intubação, bem como outros procedimen-
A contaminação de paciente através de pes- tos invasivos devem ser removidos3, 7, 8.
soas está vinculada principalmente a mãos A reintubação deve ser evitada, pois au-
de profissionais de saúde, sendo assim, a menta o risco de aspiração de microrganis-
lavagem correta das mãos é uma medida mos da orofaringe para vias aéreas baixas e,
imprescindível para a prevenção das PAV. consequentemente, as PAV (ANVISA; ATS
A ANVISA recomenda a utilização do seu – nível I; CDC – Categoria II)3, 7, 8.
guia para higienização das mãos, disponí- Quanto ao tipo de intubação, os três
vel em: www.anvisa.gov.br. Esta recomen- documentos indicam que ocorre aumento
dação é considerada como categoria IA no risco de sinusites na nasotraqueal, sen-
pelo CDC3, 7. do recomendada, portanto, a intubação
Devem ser adotadas precauções, como orotraqueal (CDC – categoria II; ATS – nível
de contato e padrão, principalmente o uso de II)3, 7, 8. A ATS utiliza este mesmo princípio
EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), para recomendar que, em pacientes em VM,
como forma de minimizar a transmissão de o posicionamento da sondagem enteral para
microrganismos de pessoa a pessoa. Em se alimentação ou eliminação de débito gástri-
tratando do uso de EPIs, o CDC traz como co seja oral e não nasal (nível II). O mesmo
recomendação, de categoria IA, que se deve órgão recomenda também que se de prefer-
fazer uso de luvas no manuseio de secreções ência à sondagem em posição pilórica para
respiratórias ou ao manusear materiais con- prevenção de broncoaspiração de refluxo
taminados com secreções respiratórias. O gastroesofágico e possível translocação bac-
CDC recomenda também, como categoria teriana (nível I)8.
135
Cuidados de Enfermagem na Prevenção das Pav
Ainda sobre a sonda enteral, tanto sunto ser considerado como não resolvido,
ANVISA, quanto o CDC (categoria II) e a percebe-se que a utilização de luvas esté-
ATS (nível I), recomendam que, ao receber reis para a aspiração de tubo orotraqueal
alimentação e não houver contraindicação, e cânula de traqueostomia faz parte de
a cabeceira do leito deve ser elevada a um protocolos e manuais de procedimentos
ângulo de 30º a 45º3, 7, 8. O CDC reco- em grande parte das unidades de terapia
menda ainda que se verifique diariamente intensiva.
o posicionamento da sonda (categoria IB) A aspiração de secreção subglótica con-
e indica como questões não resolvidas para tínua ou intermitente também é recomen-
prevenção de PAV: a utilização de sonda de dada pela ANVISA, pela ATS como nível
pequeno diâmetro e a discussão do uso de I e pelo CDC como categoria II3, 7, 8. Esta
dieta enteral continua ou intermitente7. conduta tem por objetivo prevenir que o
Outro fator importante citado pelo acúmulo de secreção acima da região do
CDC é que as traqueostomias devem ser re- “cuff” de tubos endotraqueais (região sub-
alizadas em condições assépticas (categoria glótica) seja aspirado com a diminuição
II) e, na troca da cânula, é essencial o uso da pressão do “cuff”. É importante lembrar
de EPIs, técnica asséptica e cânula estéril que, antes de desinsuflar o “cuff” para re-
ou submetida à desinfecção de alto nível moção ou para movimentação do tubo,
(categoria IB)7. Ainda sobre este traqueo- a secreção subglótica deve ser removida
stomia, o manual da ANVISA declara não (CDC – categoria II)7.
existir diferença na incidência de PAV en- A higienização oral com antissépticos
tre traqueostomia precoce e tardia, sendo é uma recomendação tanto da ANVISA,
assim, a traqueostomia precoce não é uma quanto da ATS (nível I) e do CDC (catego-
recomendação para prevenção de PAV3. ria II), recomenda-se que para essa lim-
A utilização de sistema fechado de as- peza se faça uso da clorexidina de 0,12%
piração não é relacionada à diminuição dos a 0,2%3, 7, 8.
casos de PAV, assim esta técnica não deve
ser empregada com esta finalidade. Se- Outras recomendações de
gundo a ANVISA, este sistema pode ser útil importância na prevenção da PAV
para pacientes com microrganismos mul-
tirresistentes. Também não existe definição 1. O tempo de permanência da intubação
quanto à rotina de troca do circuito do pode ser reduzido através de protoco-
sistema fechado de aspiração (ANVISA; los de sedação e aceleração do desma-
CDC – Questão não resolvida)3, 7, 8. me (ANVISA; ATS – nível II)3, 8.
Em relação ao sistema aberto de aspi- 2. Sempre que possível, deve ser utilizada
ração, é imprescindível o uso de líquido como parte do desmame a ventilação
estéril para remoção de sujidades do ca- mecânica não invasiva (CDC – cate-
teter, bem como o uso de cateter de aspi- goria II). É indicado também que se
ração de uso único (CDC – Categoria II). monitore a frequência de extubações
Quanto à utilização de luvas estéreis ou de acidentais (extubações/100 dias de
procedimentos, não existe consenso sobre tubo endotraqueal). Segundo estudos,
esse assunto, sendo considerada questão a frequência de extubação acidental é
não resolvida pelo CDC7. Apesar de este as- reconhecida como advento adverso do
136
Série Guia de Ventilação Mecânica para Profissionais da Saúde – Volume 2 – Curso para Enfermeiros
cuidado, que varia de 3% a 14% e está mmHg3. Esta prática deve ser realiza-
relacionada principalmente a procedi- da três vezes ao dia, com o intuito de
mentos como transporte, mudança de se evitar lesões na mucosa de traqueia
decúbito e banho no leito16. quando a pressão for excessiva ou
3. A ANVISA recomenda que se mantenha quando a aspiração da secreção subgló-
a pressão do “cuff’ entre 15 mmHg e 25 tica for insuficiente3, 18.
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Cuidados de Enfermagem na Prevenção das Pav
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16
Perguntas da
capítulo
Enfermagem
Giane Zupellari dos Santos Melo Sibila Lillian Osís
Gisele Torrente Denise Colosso Rangel
Resposta D
Resposta B
139
140
Série Guia de Ventilação Mecânica para Profissionais da Saúde – Volume 2 – Curso para Enfermeiros
II. O sistema fechado de aspiração evita perda de pressão positiva durante o procedi-
mento, causando danos à terapêutica ventilatória em andamento.
III. A aspiração traqueal aberta é um procedimento invasivo que pode ser realizado a
cada duas horas para evitar acúmulo de secreções e obstrução da prótese.
IV. Utilizar a bolsa-válvula-máscara para aumentar a oferta de oxigênio antes da aspira-
ção é a melhor conduta para evitar hipóxia.
V. Durante a aspiração traqueal, o tempo máximo de desconexão do aparelho de venti-
lação mecânica é de 15 segundos.
a) Todas as afirmativas estão corretas.
b) As afirmativas I, II e V estão incorretas.
c) Todas as alternativas estão incorretas.
d) Somente a afirmativa III está correta.
Resposta C
Resposta A
Resposta A
141
Perguntas da Enfermagem
Resposta D
Resposta C
Resposta D
142
Série Guia de Ventilação Mecânica para Profissionais da Saúde – Volume 2 – Curso para Enfermeiros
Resposta A
Resposta C
11. A capacitação da equipe de saúde na prevenção das PAV é indicada pelo CDC como
categoria IA, pela ATS como Nível I e citada pela ANVISA como uma das principais me-
didas gerais de prevenção da PAV. Qual assunto deve ser debatido de forma enfática neste
processo, por ser comprovadamente um fator importante na diminuição das infecções
relacionadas aos serviços de saúde.
a) Cuidados com pacientes em extremos de idade em VM.
b) Higienização das mãos.
c) Processamento de materiais.
d) Todas as respostas acima.
Resposta B
12. A vigilância epidemiológica das PAV é realizada com o intuito de se manter monitori-
zação contínua do perfil epidemiológico das infecções da unidade e detectar antecipa-
damente possíveis surtos de infecções. Diante do objetivo da vigilância epidemiológica
143
Perguntas da Enfermagem
das PAV, qual destas seguintes ações é importante para associar vigilância e prevenção e
controle das PAV?
a) Levantar dados e PAV de forma sistemática e contínua.
b) Levar ao conhecimento das gerências da unidade os índices levantados.
c) Manter os índices levantados fora do conhecimento da comunidade e órgãos contro-
ladores.
d) Criar medidas de prevenção de PAV com base nas taxas da doença.
Resposta D
13. O cuidado com materiais e equipamentos é uma das medidas de maior importância para
a prevenção da PAV. Em se tratando da troca do circuito do ventilador, qual é a recomen-
dação?
a) Troca sistemática conforme a rotina do serviço.
b) Troca a cada sete dias e sempre que julgar necessário.
c) Troca na presença de sujidades ou mau funcionamento de equipamento.
d) Troca a cada 21 dias de uso.
Resposta C
Resposta D
b) Quando em uso, o sistema fechado se torna mais oneroso para o serviço, pois se
recomenda a sua troca diária.
c) O sistema aberto é mais barato, porém é responsável pelo aumento significativo dos
índices de PAV na unidade.
d) O sistema fechado comprovadamente diminui os índices de PAV.
Resposta A
Resposta C
17. O paciente submetido à terapia com VNIPP pode desenvolver complicações referentes à
máscara de pressão e fluxo do oxigênio. Sendo respectivamente:
a) Claustrofobia e ulceração da pele.
b) Eritema facial e obstrução nasal.
c) Irritação gástrica e desconforto abdominal.
d) Pneumonia e barotrauma.
Resposta B
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Perguntas da Enfermagem
Resposta D
Resposta C
Resposta D