A aquisição da linguagem não é a mera reprodução fonológica ou um ato
mecânico de aprendizagem, mas sim, um processo construído ao longo da história
com seus símbolos e significados introjetados no individuo, pelas relações culturais que o cerca de modo complexo e criativo. Através dessa síntese do pensamento de Vigotsky, é possível fazer algumas considerações no que diz respeito ao texto a “pré- história da linguagem escrita”, cujo teor primordial é investigar a gênese de como as crianças adquire a linguagem escrita, dessa forma analisando a construção histórica da mesma. É importante salientar, que o período histórico em que Vigotsky, desenvolve sua tese, acontece também nos Estados Unidos, uma grande propulsão das ideias behavioristas. Sendo Vigotsky um interacionista e crítico do modelo mecânico do ensino da linguagem, que via apenas a “produção de letras” e sons ensinados aos indivíduos. Além disso, outra ponderação feita por Vigotsky no que se refere a fala egocêntrica das crianças discutidas por Piaget, não atribui à linguagem como um meio organizador do comportamento da criança, como também ele não destaca suas funções de comunicações Vigotski (2007). Baseado nisso Vigotsky, vai elaborar seus argumentos fundamentados na dialética histórica, para que a pedagogia prática possa desenvolver uma proposta eficaz no ensino da linguem escrita. Vale destacar, que nesse período o ensino da linguagem era imposta ao aluno é o que vigotsky vai chamar de “treinamento artificial”, como exemplo disso; pode-se citar o aprendizado de instrumentos, e atividade que requer um nível de repetição continua e sistemática, para referir-se ao ensino nas escolas. Ante isso, a escrita operacionalizada por psicólogos do século XIX, era vista como um meio para atingir determinado fim, e não um fim em si mesmo, segundo Vigotsky a escrita era tida como apenas uma habilidade motora de alta complexidade natural, esquecendo que ela opera de modo dinâmico através de símbolos e significados, recebidos da cultura e transmitidos pelas crianças ao meio, com significados únicos. Então, a pergunta básica que deve ser respondida é: como a linguagem é construída? Para responder essa pergunta faz-se necessário discutir como Piaget e Vigotsky entendiam a linguagem e o pensamento da criança, ressaltando diferenças das duas abordagens. Piaget, não considera a linguagem como uma forma estruturante do pensamento, mas antes como um meio em que ocorre a representação do mundo externo. As ações e operações mentais, e os pensamento são derivados da ação e não da fala, embora a linguagem não crie estruturas, ela facilita o seu surgimento, um exemplo claro disso é a fase egocêntrica da criança, neste estágio, o infante é incapaz de ter um pensamento altruísta com relação ao outro. De acordo com David (1996), a ação de reciprocidade só ocorre aos sete anos de idade, onde surgem as primeiras tentativas de compreender o lugar de outro indivíduo, isso é possível, porque ocorre o desenvolvimento das operações concretas, vê-se, portanto, durante a “conversa” de crianças na mesma idade “monólogos coletivos”. A teoria de Vigotsky, partilha alguns aspectos semelhantes com a de Piaget, todavia, são diametralmente opostas quando se trata da linguagem e pensamento. Vigotsky concordava com Piaget, quando o assunto envolve a diferença do pensamento da criança com relação ao adulto. A fala infantil, porém, não é coisa pessoal e egocêntrica, mas o oposto: é social e comunicativa quanto à origem e à intenção David (1996). Para vigotsky os “monólogos coletivos” encontrados em crianças pequenas, é um instrumento do pensamento, no qual ocorre não apenas a codificação das representações do mundo, mas também a auto-regulação e manipulação externa, dado que as ações físicas que servem para controlar o meio, são internalizadas para tornar-se pensamento. Já a linguagem escrita é considerada um elo intermediário, que consiste em um sistema de símbolos e significados de segunda ordem, que ao longo do tempo torna-se um simbolismo direto. A linguagem escrita sofre uma transformação e converte-se em um sistema complexo de signos, fica claro, que uma teoria mecanicista não é suficiente para explicar os atos internos que ocorre no processo de leitura e escrita; em última análise, Vigotsky propõe uma solução para psicologia da escrita ,que é o estudo da história dos signos na criança, todavia haja limitações no método proposto, pois as várias teorias não compõe uma unidade , mas sim, um caos teórico a exemplo disso; temos uma abordagem do desenvolvimento humano puramente evolutivo que encara a psicologia do desenvolvimento como acúmulos de saberes. Para que haja um entendimento real do desenvolvimento infantil, sobretudo na escrita, Vigotsky deu uma grande importância para investigação da pré-história da linguagem escrita; tendo o inicio da sua explicação com o aparecimento de gestos como um signo visual para a criança.